Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Conjuntos numéricos
Fabio Santiago
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Neste capítulo, você aprenderá sobre a teoria dos conjuntos, bem como sobre
as operações que estão definidas entre eles. O estudo dos conjuntos numéricos
inicia-se pelo conjunto dos números naturais, prosseguindo até o conjunto
dos números reais, o qual é de suma importância para a matemática e para
inúmeras outras ciências por incorporar todas as operações fundamentais da
matemática.
Em um primeiro momento, são apresentados os diferentes conjuntos nu-
méricos, bem como as operações binárias que estão definidas em cada um
deles. Em um segundo momento, você identificará as diferentes formas de
representação de um subconjunto dos números reais: intervalar, geometria,
intervalos finitos e infinitos, que compreendem uma poderosa ferramenta
utilizada para solucionar diferentes problemas da matemática. Por fim,
as operações com o conjunto dos números reais serão estudadas com o auxílio
de ferramentas matemáticas que serão úteis ao longo de toda a sua trajetória,
seja em uma carreira totalmente ligada à área de exatas ou não.
A ∪ B = {x|x ∈ A ou x ∈ B}
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Exemplo 3:
1. A ∪ A = A (idempotente)
2. A ∪ ∅ = A (elemento neutro)
3. A ∪ B = B ∪ A (comutativa)
4. (A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C) (associativa)
A ∩ B = {x|x ∈ A e x ∈ B}
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Exemplo 3:
1. A ∩ A = A (idempotente)
2. A ∩ U = A (elemento neutro)
3. A ∩ B = B ∩ A (comutativa)
4. (A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C) (associativa)
1. A ∪ (A ∩ B) = A
2. A ∩ (A ∪ B) = A
3. A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C)
4. A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C)
Além das operações entre conjuntos vistas até aqui, tem-se ainda a ope-
ração de diferença entre os conjuntos e de complementar, as quais serão
vistas nessa ordem.
A fim de compreender a diferença entre conjuntos, considere, inicialmente,
o conjunto A e o conjunto B quaisquer. A diferença entre o conjunto A e o
conjunto B consiste em todos os elementos do conjunto A que não pertencem
a B, sendo matematicamente denotada por:
A – B = {x|x ∈ A ou x ∉ B}
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Exemplo 3:
Por fim, a última operação entre conjuntos estudada neste tópico será a
operação de complementaridade. Considere dois conjuntos A e B. O comple-
mentar do conjunto B, contido no conjunto A, consiste no conjunto formado
pelos elementos pertencentes A e que não pertencem a B. Nesse caso, é
importante observar que o conjunto B está contido em A. Matematicamente,
essa operação é denotada por:
C AB = A – B
Exemplo 1:
Exemplo 2:
A
B
a c
d
e
Exemplo 1:
Tem-se:
Devido à densidade da reta real, como apresentado por Lima (1977) e Caraça
(1989), deve-se usar uma adequada representação para um subconjunto dos
números reais. A seguir, serão exemplificadas as seguintes formas:
intervalar;
gráfica;
conjunto.
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Exemplo 3:
Exemplo 4:
(Continuação)
Propriedade Descrição
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Exemplo 3:
Exemplo 4:
Referências
CARAÇA, B. J. Conceitos fundamentais da matemática. Lisboa: Tip. Matemática, 1989.
GALVÃO, C. Conjuntos numéricos. Jandaia do Sul: UFPR, 2017. Notas de aula das disci-
plinas Pré-Cálculo e Matemática I, do curso de Computação, da Universidade Federal
do Paraná. Disponível em: https://docs.ufpr.br/~cegalvao/ensino/2017_1/JLC048/Con-
juntos_Numericos.pdf. Acesso em: 6 nov. 2020.
IEZZI, G.; MURAKAMI, C. Conjunto-elemento-persistência. In: IEZZI, G.; MURAKAMI, C.
Fundamentos de matemática elementar: volume 1: conjuntos e funções. 7. ed. São
Paulo: Atual, 2013. p. 18-19. Disponível em: https://www.doraci.com.br/downloads/
matematica/fund-mat-elem_01.pdf. Acesso em: 6 nov. 2020.
LIMA, E. L. Análise real. Rio de Janeiro: Instituto de Matemática Pura e Aplicada, 1977. v. 1
Leituras recomendadas
BISPO, C. A. F.; CASTANHEIRA, L. B.; SOUZA FILHO, O. M. Introdução à lógica matemática.
São Paulo: Cengage Learning, 2011.
CONJUNTOS NUMÉRICOS e a Reta Numérica – Professora Angela. [S. l.: s. n.]. 2017. 1 vídeo
(21 min). Publicado pelo canal Professora Angela Matemática. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=VdWrKjdUu98&ab_channel=ProfessoraAngelaMatem%C
3%A1tica. Acesso em: 6 nov. 2020.
NÚMEROS NATURAIS, inteiros, racionais, irracionais e reais. [S. l.: s. n.]. 2020. 1 vídeo
(9 min). Publicado pelo canal Professora Angela Matemática. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=1nXjvLXDH4k&ab_channel=ProfessoraAngelaMatem%C3
%A1tica. Acesso em: 6 nov. 2020.
O CONJUNTOS DOS NÚMEROS INTEIROS (Z). [S. l.: s. n.]. 2016. 1 vídeo (8 min). Publicado
pelo canal Professora Angela Matemática. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=fmiw3ksXOmk&ab_channel=ProfessoraAngelaMatem%C3%A1tica. Acesso
em: 6 nov. 2020.
O CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS. [S. l.: s. n.]. 2016. 1 vídeo (5 min). Publicado
pelo canal Professora Angela Matemática. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=1JT_0FyzPzA&ab_channel=ProfessoraAngelaMatem%C3%A1tica. Acesso em:
6 nov. 2020.
RETA REAL – Aula 6 – Curso de Conjuntos – Professora Angela. [S. l.: s. n.]. 2020. 1 vídeo
(12 min). Publicado pelo canal Professora Angela Matemática. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=wwqH-srELA4&ab_channel=ProfessoraAngelaMatem%C
3%A1tica. Acesso em: 6 nov. 2020.
Introdução
Neste capítulo, você aprenderá sobre o conjunto dos números reais
e verificará que ele é uma reunião de vários subconjuntos numéricos.
Dessa maneira, é possível utilizar as notações da teoria de conjuntos
para relacionar o conjunto dos números reais com os demais conjuntos.
Dentro dos números reais, podemos estabelecer relações de igual-
dade ou desigualdade entre seus elementos, facilitando o entendimento
da representação no eixo real. Os conjuntos numéricos podem ser re-
presentados em notação de conjuntos utilizando chaves e colchetes, ou
sobre a reta ordenada, em que os números ficam dispostos em ordem
crescente.
ℕ = {0, 1, 2, 3, 4, 5, ...}
2 Operações com números reais e intervalos numéricos
O conjunto dos números racionais (ℚ) é composto por números que tam-
bém podem assumir valores positivos e negativos. Porém, nesse conjunto, as
frações numéricas são incorporadas. Esses números podem estar representados
na forma de fração ou decimal. No conjunto dos números racionais, estão
também presentes as dízimas periódicas simples e compostas, sendo esses
originados de uma fração possível de ser reescrita na forma a/b, em que a e
b são números inteiros, e b ≠ 0.
15
ℚ = {..., –2, ..., –1,25, ..., –1, ... –0,33, ... 0, ...1, ... , ..., 2, ...}
13
Por fim, vem o conjunto dos números irracionais (𝕀), que são os decimais
que não podem ser representados em forma de uma fração. Por exemplo, o
número π, √p , sendo p um número positivo, sem raiz quadrada exata, etc.
ℝ=𝕀∪ℚ
ℤ ℚ
ℕ
Para o conjunto dos números reais, também são válidas todas as notações
da teoria de conjuntos. Você pode verificar, de acordo com a Figura 1, que o
conjunto Q está contido no conjunto R, ou simplesmente:
ℚ⊂ℝ
𝕀 ∪ ℚ = ℝ
a) ℕ⊂𝕀
b) ℝ ∪ ℚ=ℝ
c) (–7) ∉ ℝ
d) ℝ ∩ 𝕀 = 𝕀
As alternativas (b) e (d) estão corretas. Em (b), a união entre o conjunto dos números
reais com o conjunto dos números racionais é o próprio conjunto dos números reais.
Já em (d), a interseção, ou o que há de comum, entre o conjunto dos números reais
e o conjunto dos números irracionais é o próprio conjunto dos números irracionais.
Do exercício anterior, reescreva as relações que você julgou como falsas de forma
a torná-las verdadeiras.
Transformando as opções (a) e (c) em afirmações verdadeiras:
ℕ⊂ℚ
(–7) ∈ ℝ
a
0 = ∄, ∀ a ∈ ℝ
–4
=∄
0
0
= 0, ∀ a ∈ ℝ
a
0 0
=0 ; =0
7 –10
a0 = 1, ∀ a ∈ ℝ
50 = 1 ; (–9)0 = 1
n
√b, ∀ b ∈ ℝ+
am × an = am+n
27 ÷ 24 = 27–4 = 23 = 8
(am)n = am×n
( ab ) = ( ba ) , A a, b ≠ 0
–m
( –39 ) = ( –39 )
–2 2
= (–3)2 = 9
6 Operações com números reais e intervalos numéricos
m
√an = an/m
4
√(–6)2 = |–6|2/4 ≈ 2,4495
5
√–7.776 = –6
+4 +7 = +11
–9 –2 = –11
Operações com números reais e intervalos numéricos 7
+7 –2 = +5
–11 + 4 = –7
–2,35 + 8 = +5,65
(–50) ÷ (–2,5) = 20
Em operações com números reais (R), a prioridade continua sendo da expressão que
está entre parênteses; após, a que está entre colchetes; por fim, aquela expressão que
se encontra dentro das chaves. Segue, também, a ordem prioritária de operações, que
é primeiro a multiplicação e divisão e, depois, a adição e subtração.
0
Figura 2. Reta numérica, com a representação da origem e orientação.
–5 –4 –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 +4 +5
Figura 3. Eixo real.
Fonte: Adami, Dornelles Filho e Lorandil (2015, p. 3).
Operações com números reais e intervalos numéricos 9
Ainda sobre essa reta, caso seja necessário, é possível representar os demais
números racionais e irracionais, complementando o conjunto dos números
reais (R), conforme a Figura 4.
–5 –π –1,5 0 2/3 √5 3
l
–5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4
Figura 4. Eixo real.
Fonte: Safier (2012, p. 3).
Desse modo, para qualquer a pertencente a R+*, dizemos que a é maior que zero:
a > 0, ∀ a ∈ ℝ+*
a < 0, ∀ a ∈ ℝ –*
A partir daí, você já consegue definir o conjunto dos números reais maiores
que zero (positivos) sobre a reta real.
10 Operações com números reais e intervalos numéricos
–5 –4 –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 +4 +5
Figura 5. Números reais positivos.
Fonte: Adaptada de Adami, Dornelles Filho e Lorandil (2015).
Na Figura 5, um círculo aberto sobre o zero indica que o mesmo não está
dentro do intervalo numérico representado. O mesmo pode ser observado
na Figura 6, a seguir, com a representação dos números reais negativos, ou
menores que zero.
–5 –4 –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 +4 +5
Figura 6. Números reais negativos.
Fonte: Adaptada de Adami, Dornelles Filho e Lorandil (2015).
]0, ∞[
]–∞, 0[
ou:
(–∞, 0)
[2 ,4]
ou:
{x ∈ ℝ│2 ≤ x ≤ 4}
–5 –4 –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 +4 +5
Figura 7. Intervalo [2,4] representado no eixo real.
Fonte: Adaptada de Adami, Dornelles Filho e Lorandil (2015).
]–3, 2]
O colchete aberto em –3 indica que esse número não pertence ao intervalo
que iremos representaremos. Por outro lado, o número 2 ainda está dentro
desse conjunto. Assim, queremos representar na reta real o conjunto de todos
os x, maiores que –3 e menores ou iguais a 2 (Figura 8), ou pela expressão:
{x ∈ ℝ│–3 < x ≤ 2}
–5 –4 –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 +4 +5
Figura 8. Intervalo ]-3,2] representado no eixo real.
Fonte: Adaptada de Adami, Dornelles Filho e Lorandil (2015).
]–1, +3[
12 Operações com números reais e intervalos numéricos
Temos um intervalo entre -1 e +3, em que esses dois números não pertencem
ao intervalo:
–5 –4 –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 +4 +5
Figura 9. Intervalo ]-1,+3[ representado no eixo real.
Fonte: Adaptada de Adami, Dornelles Filho e Lorandil (2015).
c<b
c<b<a
c<a
Operações com números reais e intervalos numéricos 13
2 > –3
–7 < –3
– 7< –3 < 2
e ainda:
–7 < 2
Além dos operadores "maior que" (>) e "menor que" (<), podemos utilizar o operador
diferente (≠). Por exemplo, os números 3 e 7 são diferentes, ou 3≠7.
Leituras recomendadas
CHAMBERS, P. Ensinando matemática para adolescente. Porto Alegre: Penso, 2015.
SMOLE, K. S.; DINIZ, M. I.; MILANI, E. Cadernos de mathema – ensino fundamental: jogos
de matemática de 6º ao 9º ano. Porto Alegre: Artmed, 2006. v. 2.
SMOLE, K. S.; MUNIZ, C. A. A matemática em sala de aula. Porto Alegre: Penso, 2013.
FUNDAMENTOS
DE MATEMÁTICA
Introdução
Os conjuntos são bastante importantes em matemática. Talvez os mais
famosos sejam os conjuntos numéricos, como os reais, os inteiros e os
naturais. Embora eles tenham muitas aplicações puramente matemáticas,
muitas áreas se beneficiam de suas teorias, como quando temos que di-
vidir grupos que tenham características similares ou não, ou parcialmente
similares, e problemas de reconhecimento de padrões.
Neste capítulo, você aprenderá a definição de conjuntos, como
representá-los e suas propriedades.
1. Conjuntos numéricos
Um conjunto pode ser definido como uma coleção de entidades, as quais são
seus elementos. Ou seja, é uma coleção de elementos que estão relacionados
segundo alguma regra. Por exemplo, os elementos poderiam ser números,
frutas, pessoas, carros, etc. Já a regra à qual os elementos obedecem deve
ser bem-definida — por exemplo, poderíamos ter um conjunto de palavras
pertencentes à língua portuguesa.
Geralmente, são utilizadas letras maiúsculas para se especificar os conjun-
tos, como A, B, W, …, e letras minúsculas para os elementos de um conjunto,
como a, b, c ,z,... Por exemplo:
g, h ∈ A,
2 Conjuntos numéricos
Notação
Para se descrever os elementos de um conjunto, geralmente são utilizadas
chaves {} e vírgulas para separar os elementos. Por exemplo:
A = {x|x2 – 3x + 2 = 0},
B = {1, 2},
C = {2, 1, 2, 2, 1}.
1.1 Subconjuntos
Suponha que tenhamos dois conjuntos, A e B. Se a ∈ A, implica que a ∈ B.
Podemos dizer que A é um subconjunto de B e, alternativamente, que A está
contido ou é igual a B, A ⊆ B, ou que B contém ou é igual a A, B ⊇ A. Por
exemplo, se P = {2, 4, 6} e S = {"inteiros pares"}, então, temos que P ⊆ S.
Se dois conjuntos são iguais, cada conjunto está contido no outro, Assim,
A = B "se, e somente se” A ⊆ B e B ⊆ A.
Para os subconjuntos, temos o seguinte teorema: sejam A, B e C conjuntos
quaisquer, então:
1. A ⊆ A;
2. Se A ⊆ B e B ⊆ A, então A - B;
3. Se A ⊆ B e B ⊆ C, então A ⊆ C.
Nota: para o símbolo ⊆ lê-se “subconjunto contido ou igual à”, ou ainda o símbolo
⊇ , com a leitura de “subconjunto contém ou igual à”. Outro símbolo muito utilizado,
é o ⊂ que lê-se “subconjunto contido em”, ou ainda ⊃ , com a seguinte leitura
“subconjunto contém”.
(a, b) = (c, d) ↔ a = c e b = d
(a, b) + (c, d) = (a + c, b + d)
(a, b) ∙ (c, d) = (ac – bd, ad + bc)
i2 = (0,1) ∙ (0,1) = (0 ∙ 0 ‒ 1 ∙ 1, 0 ∙ 1 + 1 ∙ 0) = ( ‒ 1, 0) = ‒ 1
(‒2, 3) = ‒2 + 3i
(0, ‒1) = 0 ‒ 1i = –i
z = 2 + 3i → z = 2 – 3i
z = 5 – 2i → z = 5 + 2i
Como cada número complexo está associado a um par (𝑎,𝑏), que por sua vez
está associado a um único ponto no plano, podemos representá-los como um
ponto P no sistema de coordenadas cartesianas. O ângulo θ formado pelo
segmento Oz e o eixo x é chamado de argumento, e ρ é o módulo de z, que
definimos na Figura 1.
Vejamos um exemplo:
x2 – 2x + 10 = 0
∆ = b2 – 4ac = 4 – 4 ∙ 1 ∙ 10 = –36 → não possui raiz real
x = ±i
A = {1, 4, 5},
B = {5, 6, 8, 10} e
C = {10, 14}.
Sim podemos, pois neste caso estamos afirmando que o conjunto dos naturais
está contido no conjunto dos inteiros, que por sua vez está contido dentro do
conjunto dos racionais e por fim, o conjunto dos racionais está contido no
conjunto dos inteiros. A seguir quando aprendermos o conceito diagrama de
Venn e observarmos a Figura 3, este conceito fica bem claro.
9 Conjuntos numéricos
2. Diagramas de Venn
Uma maneira de representar conjuntos é usando os diagramas de Venn. Nesses
diagramas, os conjuntos são representados por áreas delimitadas no
espaço, geralmente círculos e elipses. Assim, o conjunto universo U é
representado por um retângulo, em que estão os outros conjuntos. A Figura
2 mostra três exemplos de diagramas de Venn. Em (a), há um exemplo em
que o conjunto A está contido no conjunto B; em (b), os conjuntos A e B são
disjuntos; em (c), os conjuntos A e B sobrepõem-se parcialmente.
R=Q∪I
N I
Números
Números Naturais
Irracionais
Z
Números Inteiros
Q
Números Racionais
C
Números Complexos
O conjunto universo U foi dividido em quatro regiões chamadas de i, ii, iii e iv. O
que pode ser dito sobre os conjuntos A e B:
a) se a região ii for vazia?
b) se a região iii for vazia?
Se a região ii for vazia, então A não contém elementos que não estão em B. Assim,
A é um subconjunto de B, e o diagrama deveria ser redesenhado como na Figura 2a.
Agora, se a região iii for vazia, então A e B não têm elementos em comum, sendo
disjuntos. Assim, o diagrama deveria ser redesenhado como na Figura 2b.
Para desenhar um diagrama de Venn, pode-se usar uma técnica que contém
dois passos, descrita a seguir. Primeiramente, supomos os seguintes conjuntos:
U = {1, 2, 3, …, 12}
A = {2, 3, 7, 8, 9}
B = {2,8}
C = {4, 6, 7, 10}
Figura 4. Passos para desenhar um diagrama de Venn. (a) Diagrama genérico. (b) Diagrama
genérico preenchido. (c) Diagrama redesenhado, eliminando os espaços vazios.
A ∪ B = {x|x ∈ A ou x ∈ B}
A ∩ B = {x|x ∈ A e x ∈ B}
Suponha os conjuntos:
A = {1, 2, 3},
B = {3, 4, 5} e
C = {6, 7}.
Temos que:
A ∪ B = {1, 2, 3, 4, 5}
A ∩ B = {3}
B ∪ C = {3, 4, 5, 6, 7}
B∩C=∅
A ∪ C = {1, 2, 3, 6, 7}
A∩C=∅
13 Conjuntos numéricos
A ⊕ B = {(A ∪ B) - (A ∩ B)}
A ⊕ B = {(A - B) ∪ (B - A)}
a) A∪B
b) B - A
c) C∪A
d) A - (C∪B)
e) (A-B)∩C
Vamos resolver cada um desses casos, mas antes vamos deixar claro que o
conjunto A={-3,-2,-1,0,1,2,3,4,5,6,7,8,9,10}, o conjunto B={2,5,6,8,9} e por fim, o
conjunto C={-4,-3,-,2,-1,0,1,2,3,4,5} assim:
Em um restaurante que serve prato feito você tem as seguintes opções de carne:
• Carne de gado;
• Peixe;
• Peixe e carne de gado.
Em determinado dia, ao fazer o fechamento das refeições do almoço, verificou-se
que foram servidos 54 pratos feitos todos com carne. Sendo que haviam 23
pedidos de pratos com peixe e 38 com carne de gado, quantos pedidos tinham
as duas opções junto?
Para facilitar a solução podemos pensar no diagrama de Venn
15 Conjuntos numéricos
23 - x + x + 38 - x = 54
23 + 38 - x = 54
61- x = 54
61- 54 = x
7=x
Com isso, concluímos que 7 pratos foram servidos com peixe e carne de gado.
Com isso, também seria possível concluir que pratos apenas com peixe são 23 – 7
= 16 e pratos apenas com carne de gado são 38 – 7 = 31 refeições.
Cristiane da Silva
Números reais, funções e
gráficos (linear, quadrática
e trigonométrica)
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você recordará os conhecimentos adquiridos sobre o
conjunto dos números reais, suas representações por meio de exem-
plos numéricos e ilustrações, bem como receberá dicas de leitura para
aprofundar seus estudos. Ainda que algumas vezes não percebamos, os
conjuntos numéricos estão presentes em nossa vida diária: o conjunto
dos números inteiros, por exemplo, com seus valores negativos que
podem representar as temperaturas negativas que experimentamos
no inverno, ou ainda os saldos bancários negativos. O conjunto dos
números racionais, que contém as frações, costuma ter aplicação em
receitas culinárias, em estudos envolvendo proporções, etc. E o conjunto
dos números reais, que contém os naturais, os inteiros, os racionais e os
irracionais, é bastante abrangente e pode contemplar diversos exemplos,
além dos já mencionados.
Outro aspecto interessante é que as funções podem ser percebidas
em situações bem-próximas a nós, como na conta de energia elétrica
que recebemos mensalmente para pagar. O valor pago depende da
quantidade de kW/h consumida em um mês. Ou seja, nesse exemplo, há
uma relação entre duas variáveis. Podemos, ainda, pensar na cobrança que
os estacionamentos de veículos fazem: em geral, cobra-se um valor fixo e
um variável que dependerá de quanto tempo o veículo permanecerá no
2 Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica)
π = 3,141592653589793…
Vejamos agora alguns conjuntos que estão contidos no conjunto dos nú-
meros reais: elemento “pertence” a um conjunto. Subconjunto “está contido”
em um conjunto.
Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica) 3
Segundo Rogawski (2008), podemos dizer que um número é ou não racional a partir
de sua expansão decimal. Ou seja, números racionais têm expansões decimais finitas
ou periódicas, e números irracionais têm expansão infinitas que não são periódicas.
A reta numérica nos permite visualizar os números reais como pontos sobre
ela. A Figura 1, a seguir, mostra o conjunto dos números reais representado
como uma reta.
|3, 1| = 3, 1
|–10| = 10
|4| = |–4| = 4
|5 ∙ 3| = |5| ∙ |3| = 15
Rogawski (2008) destaca que, dados os números reais a < b, teremos quatro
intervalos com extremidades a e b. O intervalo fechado [a, b] é o conjunto de
todos os números reais x, tais que a ≤ x ≤ b. Note que a e b fazem parte e estão
contidos no intervalo. Algebricamente, podemos representar da seguinte forma:
[a, b] = {x ∈ R: a ≤ x ≤ b}
Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica) 5
O intervalo infinito (–∞, ∞) é toda reta real R. Um intervalo semi-infinito pode ser
aberto ou fechado e contém sua extremidade finita, conforme Figura 5:
Função
Em nosso cotidiano, as funções estão presentes nas mais variadas situações.
No entanto, nem sempre nos damos conta disso. De acordo com Hoffmann et
al. (2018), a palavra função é utilizada para designar a ação de exercer uma
influência, ou seja, certa grandeza ou característica depende de outra. Sendo
assim, função pode ser definida como “uma regra que associa a cada objeto
de um conjunto A e apenas um objeto de um conjunto B. O conjunto A é
chamado de domínio da função, e o conjunto B é chamado de contradomínio”
(HOFFMANN et al., 2018, p. 2).
6 Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica)
B Entrada f Saída
A Máquina f(x)
x
Exemplo 1
Exemplo 2
Exemplo 3
6 + 0,05 t2 = 6,8
0,05t2 = 0,8
Gráficos de funções
Nesta seção, você estudará a representação gráfica de algumas funções. De
acordo com Braga (2012), os gráficos são uma excelente forma de visualizar-
mos funções em que as entradas e saídas são números reais. Além disso, o
autor destaca que é possível aplicar o teste da reta vertical para verificar se
um gráfico representa uma função, já que qualquer reta vertical no plano só
poderá interceptar o gráfico de uma função, no máximo, em um único ponto,
não podendo cortar o gráfico duas vezes. Se assim fosse, teríamos dois pontos
diferentes (x, y1) e (x, y2) pertencentes a f, em que y1 ≠ y2, contradizendo a
definição de função. Observe, a seguir, alguns exemplos:
Exemplo 4
Exemplo 5
Exemplo 6
Figura 9. Gráfico de x2 + y2 = 9.
Fonte: Braga (2012, p. 9).
Exemplo 7
Exemplo 8
Seja f(x) = |x|. Quando x ≥ 0, sabemos que f(x) = x. Quando x < 0, f(x) = –x. O
gráfico de |x| pode ser visto na Figura 11 (FLEMMING; GONÇALVES, 2006).
Exemplo 9
Polinômios
Para qualquer número real m, a função f(x) = xm é denominada função potência
de expoente m. Um polinômio é a soma de múltiplas funções potência de
expoentes naturais em que o domínio são os reais (Figura 13):
f(x) = x5 – 5x3 + 4x
Racionais
Conforme Rogawski (2008), uma função racional é o quociente de dois po-
linômios (Figura 14):
D( f ) = {x ∈ R:x ≠ –2 e x ≠ 1}
Algébricas
De acordo com Rogawski (2008), uma função algébrica envolve soma, produto
e quociente de raízes de polinômios e funções racionais (Figura 15):
D( f ) = {x ∈ R: –1,81753 ≤ x ≤ 1,81735}
Im( f ) = {f ∈ R: 0 ≤ f ≤ 1,80278}
Exponenciais
Rogawski (2008) define função exponencial como a função f(x) = bx, onde
b > 0, em que b é a base:
16 Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica)
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Quando podemos contar os números pertencentes a um conjunto, ou seja, eles
podem ser colocados na forma de lista, temos o chamado conjunto enumerável.
Já o conjunto não enumerável é aquele cujos números não aceitam ser colocados
em lista.
Conjuntos numéricos infinitos são os conjuntos que têm uma quantidade de
números tão grande que não se pode definir qual seu fim, ou seja, não se pode
definir qual é o último elemento desse conjunto; no entanto, esses conjuntos
infinitos podem ser colocados na forma de lista, sendo, então, chamados de
conjuntos infinitos enumeráveis.
É importante destacar desde o início que, ao aprendermos sobre os conceitos
de números enumeráveis e não enumeráveis, vamos delimitar que os racionais
seriam um exemplo do primeiro; e os reais, um exemplo do segundo.
Neste capítulo, você vai estudar sobre conjuntos, seus conceitos, suas defini-
ções e suas aplicações em áreas diversas.
2 Propriedades algébricas dos números reais
Conjuntos e operações
Pode-se definir um conjunto como qualquer agrupamento (reunião) de obje-
tos, ilustrados ou definidos pela enumeração ou por uma característica que
apresentem. Cada um desses objetos é considerado elemento do conjunto e
é bem definido, diferente dos demais, atendendo às condições do conjunto.
Por exemplo, podemos enumerar o conjunto dos estados do Brasil, o
conjunto dos móveis em uma sala de aula, ou o conjunto das consoantes do
alfabeto. Normalmente, nomeamos um conjunto com uma letra maiúscula
qualquer e seus elementos com letras minúsculas quaisquer separadas por
vírgulas e colocadas entre chaves.
Como exemplo de nomenclaturas, podemos citar o conjunto dos estados
do Brasil, como E = {Goiás, Brasília, Tocantins, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais, ...}, lê-se: conjunto E cujos elementos são os estados do Brasil.
Dizemos que esses elementos fazem parte desse conjunto e pertencem ao
conjunto que determinam. Disso tiramos que Goiás pertence ao conjunto dos
estados do Brasil, assim como a letra B pertence ao conjunto das consoantes
do alfabeto, mas uma cama não pertence ao conjunto dos móveis de uma
sala de aula, o que escrevemos da seguinte forma:
Goiás ∈ E (lê-se: Goiás pertence ao conjunto E). Se a cama não for elemento
do conjunto C das consoantes do alfabeto, escrevemos: a cama ∉ C (lê-se: a
elemento cama não pertence ao conjunto C).
Segundo Ávila (2006), um conjunto pode ser determinado de três maneiras
distintas: por enumeração, por extensão ou por compreensão.
A enumeração é quando conhecemos e conseguimos falar todos os ele-
mentos de um determinado conjunto, por exemplo, podemos falar o conjunto
das letras vogais V = {a, e, i, o, u}.
A extensão é quando não é possível falar ou enumerar todos os elementos
de um conjunto, mas podemos falar ou enumerar alguns, ou seja, uma parte
deles, usando reticências para demostrar os outros, e falamos, ou não, o último
elemento para simbolizar o final desse conjunto. Por exemplo, o conjunto
das letras consoantes C = {b, c, d, f,..., z}.
A compreensão é quando falamos ou utilizamos uma característica que
todos os elementos desse conjunto possuem — e somente eles possuem tal
característica. Esse tipo de definição tem uma forma própria de se descrever.
Se o conjunto B dos elementos x tem uma característica C, vamos defini-lo
da seguinte forma: B = {x / x é C}, e falamos da seguinte forma: o conjunto B
é definido pelos elementos “x” tal que “x” atende à característica “C”. Assim,
Propriedades algébricas dos números reais 3
Conjuntos racionais
De maneira simples e sem alardes, podemos definir os racionais como a união
entre os números inteiros e os números advindos de frações com divisões
não exatas, a qual resulta em números decimais ou em dízimas periódicas.
4 Propriedades algébricas dos números reais
Cardinalidade
De maneira bem simplificada, dizemos que a cardinalidade de um conjunto
nada mais é do que o número de elementos que pertencem a esse conjunto.
Podemos usar como um exemplo de aplicação dizer que a cardinalidade do
conjunto formado pelos números naturais e menores que cinco é o valor 5,
pois o conjunto seria formado pelos números 0, 1, 2, 3 e 4, ou seja, tem cinco
elementos.
Segundo Anton, Bivens e Davis (2014), dois conjuntos A e B têm a mesma
cardinalidade, se e somente se, existir uma bijeção (uma função ƒ:A→B bi-
jetora é aquela ao mesmo tempo sobrejetora e injetora) entre A e B. Como
exemplo, dizemos que se A e B são conjuntos finitos (com um número finito
de elementos), então A e B têm a mesma cardinalidade se, e somente se, eles
tiverem o mesmo número de elementos.
Propriedades algébricas dos números reais 5
Grandezas comensuráveis e
incomensuráveis
Podemos diferenciar as grandezas comensuráveis e incomensuráveis usando
a linguagem coloquial de várias pessoas em seu dia a dia, como por exemplo:
O carinho que sinto por você é incomensurável.
Essa expressão quer dizer que o carinho não pode ser medido; sendo
assim, uma grandeza incomensurável seria uma grandeza que não se pode
medir e a grandeza comensurável seria aquela que pode ser medida e que
tem a mesma unidade de medida de referência.
Podemos citar como exemplos de grandeza comensurável o perímetro de
um retângulo e a medida da diagonal desse mesmo retângulo.
Segundo Lima (2017), a existência de segmentos incomensuráveis implica
a insuficiência dos sistemas numéricos até então conhecidos — os números
naturais e os números racionais; esses números já não bastavam para efetuar
8 Propriedades algébricas dos números reais
entre a diagonal e o lado, existem inteiros m e n tais que d/1 = m/n. Podemos
supor, sem perda de generalidade, que m e n não têm divisor comum maior
que 1. Assim, 2 = d2 = m2/n2. Segue que m2 = 2n2 e, portanto, m2 é par, o que
implica que m também é. Logo, existe um inteiro p tal que m = 2p. Temos
então 2n2 = m2 = 4p2 e, portanto, n2 = 2p2. Daí concluímos que n2 é par e, logo,
n também é. Provamos que tanto m quanto n são pares, contradizendo o fato
de que eles não possuem divisor comum maior que 1. Isso mostra que 1 e d
são incomensuráveis.
A comensurabilidade entre dois segmentos quaisquer é equivalente ao fato
de que todo número é racional! A incomensurabilidade entre 1 e d significa
que não é racional. Isto mostrou aos pitagóricos que, ao contrário do
que eles preconizavam, os números (inteiros) e suas razões não eram capazes
de explicar tudo. Acredita-se que esse resultado foi descoberto e revelado
por Hippasus de Metapontum que, por esse motivo, foi expulso da confraria
(pior, segundo a lenda, ele foi jogado ao mar).
É importante, ainda, saber que todo conjunto não vazio de números reais
limitado superiormente possui um supremo e, para seu cálculo, usamos o
limite à direita da função em estudo; também devemos saber que todo con-
junto não vazio de números reais limitado inferiormente possui um ínfimo
que é calculado pelo limite à esquerda da função em estudo.
ligados, esses conceitos são bem diferentes e é importante que sejam estu-
dados e aplicados de maneira correta e clara.
Esses conceitos adquirem relevância desde o início dos estudos dos nú-
meros reais e estão ligados diretamente à ideia de limite usada nos conceitos
dos fundamentos do cálculo e que são a base de estudos básicos e avançados
da derivada e da integral; sem o entendimento do limite, realmente seria
impossível compreender esses novos conceitos, que são base a todas as
áreas das ciências exatas e da natureza.
Antes de finalizarmos essa seção, é importante colocar aqui o axioma
do supremo:
Se A ⊆ R é um subconjunto não vazio e limitado superiormente, então ∃
S ∈ R t.q. S = sup A.
A razão de se mencionar que A ≠ ∅ no axioma do supremo é que o con-
junto vazio é limitado superiormente, mas qualquer número real é uma cota
superior para ele, não existindo então a menor de todas.
Dizemos que um corpo ordenado K satisfaz o axioma do supremo se para
cada subconjunto C ⊂ K não vazio e limitado superiormente existe sup C em K.
Tomamos, ainda, como base o teorema que diz: existe um corpo ordenado
que tem a propriedade do supremo. Além disso, esse corpo contém Q como
subcorpo.
12 Propriedades algébricas dos números reais
Referências
ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. L. Cálculo. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. 1 v.
ÁVILA, G. Análise matemática para licenciatura. 3. ed. São Paulo: Blucher, 2006.
DE MAIO, W. (coord.). Fundamentos de matemática: cálculo e análise. Rio de Janeiro:
LTC, 2007.
LIMA, E. L. Análise real. 12. ed. Rio de Janeiro: IMPA, 2017. v 1.
NERI, C.; CABRAL, M. Curso de análise real. Rio de Janeiro: Autores, 2006.
Leituras recomendadas
AYRES JR., F.; MENDELSON, E. Cálculo. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. (E-book).
HUGHES-HALLETT, D. et al. Cálculo: a uma e a várias variáveis. 5. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2011. v. 1.
LIMA, E. L. Curso de análise. 14. ed. Rio de Janeiro: IMPA, 2017. v. 1.
LIPSCHUTZ, S.; LIPSON, M. Matemática discreta. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
(Coleção Schaum).
ANÁLISE REAL
Continuidade
de funções
Cristiane da Silva
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Informalmente, quando pensamos em função contínua, podemos associá-la
àquela cujo gráfico pode ser desenhado sem tirar o lápis do papel, ou seja, de
maneira interrupta (sem quebras ou saltos). No entanto, é importante evidenciar
que o estudo da continuidade de uma função está vinculado ao estudo de limite.
Isso implica, formalmente, que uma função f(x) será contínua em x = a quando
algumas condições forem satisfeitas. Podemos reconhecer as funções contínuas
em conjuntos conexos, aqueles em que não há qualquer maneira de dividir seus
elementos em dois conjuntos dicotômicos e bem separados, e em conjuntos
compactos, aqueles em que “[...] para um dado espaço métrico (K, dK) e para toda
f:K → contínua existir um x* ∈ K tal que f(x*) = infx∈Kf(x). Se K X, dizemos que
K é compacto se K é compacto com a métrica induzida por X” (OLIVEIRA, 2014).
Neste capítulo, vamos definir função contínua de forma mais intuitiva e pela
ideia de limites. Também ensinaremos o leitor a reconhecer funções contínuas
em conjuntos conexos e compactos e, por fim, explicaremos os três tipos básicos
de descontinuidade de uma função.
2 Continuidade de funções
Função contínua
Para compreendermos o significado de função contínua, vamos pensar em
uma bola que é arremessada. Ela seguirá uma trajetória como uma curva
sem interrupções, ou seja, uma trajetória contínua, como vemos na Figura 1.
Podemos definir uma função contínua por seu gráfico ou sua definição.
O gráfico é um recurso visual que auxilia no entendimento da definição. No
caso da função contínua, é como se você utilizasse um lápis para desenhar
uma curva sem tirá-lo do papel (Figura 2).
Anton, Bivens e Davis (2014) explicam que uma função terá uma quebra
ou buraco em um ponto x = c, como mostra a Figura 3, nos seguintes casos:
Saber quais funções são contínuas nos permite calcular mais rapidamente
alguns limites.
Calcule
Solução:
Uma vez que arcsen é uma função contínua:
Se f ∈ C([a,b]) e f(a) < k < f(b), então existe c ∈ (a,b) tal que
f(c) = k. A mesma conclusão vale quando f(a) > k > f(b).
Assim, podemos seguir para o próximo teorema, que diz que a imagem
de conexo é conexo:
onde g(x) = x²– 2. Essa função tem, como ponto fixo, o valor x = 2, pois:
Tipos de descontinuidade
Conforme discutimos nas seções anteriores, quando uma função é contínua,
espera-se que ela esteja definida para todos os valores de seu domínio.
Quando isso não ocorre, há uma descontinuidade, que pode ser classificada
em três tipos básicos:
1. removível;
2. de salto (ou de primeira espécie);
3. infinita (ou de segunda espécie).
que representa uma reta. Lembrando que a função não está definida em x = 2,
pois torna o denominador nulo. Nos outros pontos, a função é contínua e possui
limite em todo o domínio, mas também temos o ponto de descontinuidade em
x = 2, que é removível. Observe a Figura 6.
ponto, mas eles não coincidem, havendo saltos no valor da função. Nesse
caso, a descontinuidade é mais evidente do que a removível. Vejamos um
exemplo envolvendo descontinuidade de salto de uma função.
Nesse caso, temos que, embora a função seja definida no ponto 2, não existe
pois e Observe a Figura 7.
Note que, nesse caso, como os limites laterais existem, são finitos, mas
diferentes, não importa qual seja o valor de f(2): a função sempre apresentará
uma descontinuidade nesse ponto. Por esse motivo, dizemos que a função f
apresenta, nesse ponto, uma descontinuidade essencial de salto.
Observe a Figura 8.
Referências
ANTON, H.; BIVENS, I. C.; DAVIS, S. L. Cálculo: volume 1. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
ÁVILA, G. Análise matemática para licenciatura. 3. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2006.
DESCONTINUIDADE REMOVÍVEL DE UMA FUNÇÃO. Dicas de Cálculo, 2017. Disponível em:
https://www.dicasdecalculo.com.br/descontinuidade-removivel-de-uma-funcao/.
Acesso em: 14 abr. 2021.
NERI, C.; CABRAL, M. Curso de análise real. 2. ed. Rio de Janeiro: Instituto de Matemática,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: https://www.labma.ufrj.
br/~mcabral/livros/livro-analise/curso-analise-real-a4.pdf. Acesso em: 14 abr. 2021.
OLIVEIRA, R. I. Topologia e espaços métricos. Rio de Janeiro: IMPA, 2014. Disponível em:
http://w3.impa.br/~rimfo/reta_v14/topologia.pdf. Acesso em: 14 abr. 2021.
SANTOS, A. R.; BIANCHINI, W. Continuidade. In: SANTOS, A. R.; BIANCHINI, W. Aprendendo
cálculo com o Maple: cálculo I. Rio de Janeiro: UFRJ, [2020]. Cap. 8. Disponível em: http://
www.im.ufrj.br/waldecir/calculo1/calculo1html/cap1_8.html. Acesso em: 14 abr. 2021.
STEWART, J. Cálculo: volume I. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
CDU 51-3
___________________________________________________________
Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10/Prov-021/08
CAPÍTULO 2 Limites 63
y
DEFINIÇÃO Continuidade num ponto Suponha que f (x) esteja definida num intervalo
aberto contendo x = c. Então f é contínua em x = c se
y = g(x)
g(c)
Se o limite não existir, ou se existir mas for diferente de f (c), dizemos que f tem uma
x descontinuidade (ou que é descontínua) em x = c.
c
FIGURA 2 g(x) tem uma descontinuidade
Uma função f (x) pode ser contínua em alguns pontos e descontínua em outros. Se f
em x = c.
(x) for contínua em todos os pontos do intervalo I, então dizemos que f (x) é contínua em
I. Aqui, se I for um intervalo [a, b] ou [a, b) que inclua a como extremidade esquerda,
exigimos que . Analogamente, exigimos que se
I incluir b como extremidade direita. Se f (x) for contínua em todos os pontos de seu
y domínio, dizemos simplesmente que f (x) é contínua.
O limite existe e é igual ao valor da função, portanto f (x) é contínua em x = c para todo
y c (Figura 3).
(b) Como g(x) = x para qualquer x,
Novamente, o limite existe e é igual ao valor da função, portanto g(x) é contínua em c para
x todo c (Figura 4). ■
c
y y
10 10
5 5
y y
x x
2 2
Na Figura 6, a função em (A) é contínua à esquerda mas a função em (B) não é con-
tínua nem à esquerda nem a direita. O exemplo seguinte explora a continuidade lateral
usando uma função definida por partes, ou seja, uma função definida por fórmulas dife-
rentes em intervalos diferentes.
■ EXEMPLO 2 Função definida por partes Discuta a continuidade da função F(x) defi-
nida por
y muda (Figura 7). Observamos que F(x) tem uma descontinuidade de salto em x = 1, já
5 que os limites laterais existem mas não coincidem:
4
2 Além disso, o limite pela direita é igual ao valor funcional F(1) = 3, portanto F(x) é con-
1 tínua à direita em x = 1. Em x = 3,
x
1 2 3 4 5
FIGURA 7 A função F(x) definida por
partes do Exemplo 2.
Ambos limites laterais existem e são iguais a F(3), portanto F(x) é contínua em x = 3. ■
y y y
x x x
2 2 2
Deveríamos mencionar que algumas funções podem ter tipos mais “graves” de des-
Na Seção 2.3 observamos que as leis de limites para somas e produtos eram vá-
lidas para as somas e produtos de um número qualquer de funções. O mesmo vale
para a continuidade, a saber, se forem contínuas, então também são
contínuas as funções
LEMBRETE Uma “função racional” Demonstração Utilizamos as leis de continuidade junto com o resultado do Exemplo 1,
é um quociente de polinômios . de acordo com o qual as funções constantes e a função f (x) = x são contínuas. Para
qualquer número natural m ≥ 1, a função potência pode ser escrita como um produto
(de m fatores). Como cada fator é contínuo, a própria é contínua.
Agora considere um polinômio
LEMBRETE O domínio de
é a reta real se n for ímpar e a semi-
TEOREMA 3 Continuidade de algumas funções básicas
reta [0, ∞) se n for par.
• y = sen x e y = cos x são contínuas na reta real.
• Para b > 0, é contínua na reta real.
• Se n é um número natural, então é contínua em seu domínio.
68 CÁLCULO
y
y y y
2
8
y = x 1/2
2 y = 2x
1 y = sen x
y = x 1/3
x x x x
π 4 −8 8 −3 3
2
−2
Essas funções têm descontinuidades infinitas nos pontos em que seus denominadores se
anulam. Por exemplo, tg x tem descontinuidades infinitas nos pontos (Figura 11)
x
π π 3π
−
2 2 2
Muitas funções que nos interessam são funções compostas, de modo que é importante
saber que a composta de funções contínuas é de novo contínua. O teorema seguinte está
FIGURA 11 O gráfico de y = tg x. provado no Apêndice D.
TEOREMA 4 Continuidade de funções compostas Seja F(x) = f (g(x)) uma função com-
posta. Se g for contínua em x = c e f for contínua em x = g(c), então F(x) é contínua
em x = c.
Solução (a) Como f (x) = sen x é contínua, podemos calcular o limite por substituição:
Termosfera
Troposfera
200 6.000
Mesosfera
Temperatura (˚C)
100
Milhões
4.000
0
2.000
−100
0
10 50 100 150 1700 1750 1800 1850 1900 1950 2000
Altitude (km) População mundial 1750–2000
FIGURA 13 A temperatura atmosférica e a população mundial são representadas por gráficos contínuos.
70 CÁLCULO
A população é uma outra quantidade que muitas vezes é tratada como uma
função contínua do tempo. O tamanho P(t) de uma população no instante t é um
número natural que varia por ±1 quando um individuo nasce ou morre, portanto,
falando estritamente, P(t) não é contínua. Se a população for grande, o efeito de um
nascimento ou morte individual é pequeno e é razoável tratar P(t) como uma função
contínua do tempo.
2.4 RESUMO
• Por definição, f (x) é contínua em x = c se .
• Se esse limite não existe, ou existe mas não é igual a f (c), então f é descontínua em
x = c.
• Se f (x) é contínua em todos os pontos de seu domínio, dizemos simplesmente que f é
contínua.
• f (x) é contínua pela direita em x = c se e contínua pela esquerda em
x = c se .
• Existem três tipos comuns de descontinuidades: a descontinuidade removível [
existe mas não é igual a f (c)], descontinuidade de salto (ambos limites laterais existem
mas não são iguais) e descontinuidades infinitas (o limite é infinito quando x tende a c
por um ou ambos lados).
• As leis de continuidade afirmam que somas, produtos, múltiplos e compostas de fun-
ções contínuas são, de novo, contínuas. O mesmo vale para o quociente nos pontos
em que .
• Polinômios e funções racionais, trigonométricas e exponenciais são contínuas, exceto
nos pontos que envolvem divisão por zero.
• Método de substituição: se for sabido que f (x) é contínua em x = c, então o valor do
limite é f (c).
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
CÁLCULO: LIMITES
DE FUNÇÕES DE
UMA VARIÁVEL E
DERIVADAS
Cristiane da Silva
Continuidade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A definição de continuidade por limites será subsequente à compreensão
de funções descontínuas – aquelas em que há uma interrupção, repre-
sentada, em alguns casos, por uma bolinha aberta na curva do gráfico.
Veremos que uma função pode ser contínua em alguns pontos e descon-
tínua em outros. Além disso, observaremos a aplicação de continuidade
e descontinuidade em exemplos práticos.
Ao longo do capítulo, serão apresentadas interpretações gráficas e
exemplos de resolução de situações matemáticas por meio de limites.
Assim, para justificar a continuidade de uma função, como das funções
polinomiais, das funções racionais, de composições de funções, de fun-
ções trigonométricas e inversas, conheceremos algumas propriedades
de continuidade discutidas por meio de teoremas e exemplificações.
2 Continuidade
Por outro lado, uma quebra nessa curva é denominada uma descontinuidade,
como mostra a Figura 2.
Continuidade 3
Se f(x) for contínua em todos os pontos do intervalo I, então dizemos que f(x) é contínua
em I. Supondo I um intervalo [a, b] ou [a, b) que inclua a como extremidade esquerda,
exigimos que . Analogamente, postulamos que se
I incluir b como extremidade direita. Se f(x) for contínua em todos os pontos do seu
domínio, dizemos apenas que f(x) é contínua.
Exemplo:
Mostre que as seguintes funções são contínuas.
4 Continuidade
O limite existe e é igual ao valor da função, portanto g(x) é contínua em c para todo
c. Observe a Figura 4.
A Figura 5a traz um gráfico da voltagem versus o tempo para um cabo subterrâneo que
é acidentalmente cortado por uma equipe de trabalho no instante t = t0. A voltagem
caiu para zero quando a linha foi cortada. A Figura 5b mostra o gráfico de unidades
em estoque versus tempo para uma companhia que reabastece o estoque com y1
unidades quando o estoque cai para y0 unidades. As descontinuidades ocorrem nos
momentos em que acontece o reabastecimento.
Uma conexão malfeita num cabo de transmissão pode causar uma descontinuidade
no sinal elétrico transmitido.
Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014, p. 111).
Exemplo 1
Solução: como o domínio natural dessa função é o intervalo fechado [–3, 3],
precisamos investigar a continuidade de f no intervalo aberto (–3, 3) e nas
duas extremidades. Se c for um ponto qualquer do intervalo (–3, 3), então
(ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014):
Figura 7. .
Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014, p. 112).
Exemplo 2
Exemplo 3
a)
b)
c)
Continuidade 9
Solução:
Vimos que |x| é contínua em toda parte, assim, se g(x) for contínua no
ponto c, a função |g(x)| deverá ser contínua no ponto c. Sendo assim, podemos
dizer que o valor absoluto de uma função contínua é uma função contínua
(ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014).
Veremos que as funções sen x e cos x são contínuas. Para tanto, vamos
considerar c um ângulo fixo e x um ângulo variável, medidos em radianos.
Como mostra a Figura 12, quando o ângulo x tende ao ângulo c, o ponto P(cos x,
sem x) move-se no círculo unitário em direção ao ponto Q(cos c, sen c), e as
coordenadas de P tendem às correspondentes coordenadas de Q (ANTON;
BIVENS; DAVIS, 2014).
e
14 Continuidade
Anton, Bivens e Davis (2014) mostram, portanto, que: sen x e cos x são
contínuos em um ponto arbitrário c, e essas funções são contínuas em toda
parte. Além disso, as seis funções trigonométricas básicas são contínuas em
seus domínios, como pode ser visto no teorema a seguir: se c for qualquer
número no domínio natural da função trigonométrica enunciada, então:
Continuidade 15
no intervalo , isso implica que arc sen x é contínua no intervalo [–1, 1].
Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014).
16 Continuidade
ANTON, H.; BRIVES, I.; DAVIS, S. Cálculo. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
HOFFMANN, L. D. et al. Cálculo: um curso moderno e suas aplicações. 11. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2018.
ROGAWSKI, J. Cálculo. Porto Alegre: Bookman, 2008. v. 1.
VARIÁVEIS
COMPLEXAS
Limite e
continuidade de
funções complexas
Fabio Santiago
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar alguns dos temas fundamentais das funções de
variáveis complexas: os conceitos de limite e continuidade. Inicialmente, você
vai conhecer a definição de limite, suas propriedades e algumas demonstrações.
Em um segundo momento, você vai ver como operacionalizar o cálculo
de limites envolvendo o infinito. A fim de determinar tais limites, você pode
empregar muitas das estratégias conhecidas para funções de variáveis reais.
Por fim, você vai estudar a continuidade de funções complexas. Você vai
verificar quando uma função de variável complexa é contínua e como o conceito
de continuidade está conectado ao cálculo de limite dessa função.
2 Limite e continuidade de funções complexas
então para cada 𝜀 > 0 existe 𝛿 > 0 tal que |f(z) – L| < 𝜖 sempre que:
Limite e continuidade de funções complexas 5
e:
sempre que .
Assim, tem-se:
6 Limite e continuidade de funções complexas
1. c ∙ f1(z) = c ∙ w1, c ∈ ℂ
4. se w1 ≠ 0
5. Se w1 ≠ 0, então:
Se:
considerando a definição de limite, tem-se 𝛿1 > 0 tal que |f1(z) – w1| sempre
que 0 < |z – z0| < 𝛿1. Segue-se que |11(z)| ≤ |f1(z) – w1| < 1 + |l|, sempre que
0 < |z – z0| < 𝛿1. Considerando novamente a definição de limite, existe 𝛿2 > 0
tal que:
sempre que 0 < |z – z0| < 𝛿2. Além disso, existe 𝛿3 > 0 tal que:
sempre que 0 < |z – z0| < 𝛿2. Considere 𝛿 = min{𝛿1, 𝛿2, 𝛿3}. Se 0 < |z – z0| < 𝛿, então:
Calcule o limite:
Veja a solução:
Denota-se por:
Então:
Agora calcule:
Então:
Limites no infinito
Agora você vai ver como calcular limites em que z ⟶ ∞ e:
E denota-se por:
Inicialmente, considere:
Para a última igualdade, foi pressuposto que |z| > 1/3, o que será adotado
daqui em diante. Observe:
Considere:
Calcule:
Agora calcule:
12 Limite e continuidade de funções complexas
E denota-se por:
Calcule:
Veja a solução:
Calcule:
Limite e continuidade de funções complexas 13
Veja a solução:
Considere a função:
A partir do que foi explanado por Zani ([2011]), tem-se que as partes real e
imaginária das funções exponenciais, seno e cosseno, são contínuas. Assim,
tem-se:
Considere que g(z) é contínua. Além disso, assume que 𝛾0 = f(z1). Você vai ver
que g ∘ f D ⟶ ℂ também é contínua em z0. Para isso, considere 𝜖 > 0. Sendo a
função g continua em z1, então existe 𝛿1, tal que |g(z) – g(𝛾0)| = |g(z) – g(f(z0))| < 𝜖
sempre que |z – 𝛾0| < 𝛿1.
Por outro lado, existe 𝛿 > 0 tal que |f(z) – 𝛾0| = |f(z) – f(z0)| < 𝛿1 sempre
que |z – 𝛾0| < 𝛿. Combinando as desigualdades, tem-se |g(f(z)) – g(f(z0))| < 𝜖
sempre que |z – 𝛾0| < 𝛿.
Para compreender melhor a terceira propriedade, considere as funções f
e g definidas como mostra a Figura 2, a seguir.
Definição Descrição
Referências
BROWN, J. W.; CHURCHILL, R. V. Funções analíticas. In: BROWN, J. W.; CHURCHILL, R. V.
Variáveis complexas: e aplicações. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. p. 37-82.
COELHO, L. Funções complexas. 2000. 69 f. Monografia (Licenciatura em Matemática)
– Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000.
VIEIRA, E. Funções Holomorfas de uma Variável. [S.l.: s.n.], 2011. Disponível em: http://
emis.impa.br/EMIS/journals/em/docs/coloquios/NE-1.09.pdf. Acesso em: 5 dez. 2020.
ZANI, S. L. Funções de uma variável complexa. [S.l.: s.n., 2011]. Disponível em: https://
sites.icmc.usp.br/szani/complexa.pdf. Acesso em: 5 dez. 2020.
Limite e continuidade de funções complexas 17
Leituras recomendadas
MATEMÁTICA: aula 27: números complexos e transformações de plano. Aula da disciplina
Matemática. Curso de Engenharia da Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Pro-
fessor ministrante: Walter Spinelli. São Paulo: [S. n.], 2014. 1 vídeo (21 min). Publicado pelo
canal UNIVESP. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_7et7XESOXU&ab_
channel=UNIVESP. Acesso em: 5 dez. 2020.
MATEMÁTICA: aula 28: números complexos e transformações de plano. Aula da dis-
ciplina Matemática. Curso de Engenharia da Universidade Virtual do Estado de São
Paulo. Professor ministrante: Walter Spinelli. São Paulo: [S. n.], 2014. 1 vídeo (18 min).
Publicado pelo canal UNIVESP. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=l
GU1qgkOpCU&list=TLPQMjIxMTIwMjCRyBH889_JNA&index=2&ab_channel=UNIVESP.
Acesso em: 5 dez. 2020.
NÚMEROS complexos. Aula da disciplina Matemática MMB001. Curso de Engenharia
- Turma 2016 - Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Professor ministrante:
Pedro L. Fagundes São Paulo: [S. n.], 2017. 1 vídeo (23 min). Publicado pelo canal UNIVESP.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZKP8evESWcM&list=RDCMUCBL2t
frwhEhX52Dze_aO3zA&start_radio=1&ab_channel=UNIVESP. Acesso em: 5 dez. 2020.
PEREIRA, G. G. Uma proposta didática para o ensino de funções de variável complexa
no ensino médio usando planilha eletrônica. 2017. 95 f. Monografia (Mestrado profis-
sional) – Instituto de Matemática, Estatística e Física, Universidade Federal do Rio
Grande, Rio Grande, 2017.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Intuitivamente, uma sequência numérica pode ser admitida como um conjunto de
números reais organizados em certa ordem e denotado como (x1, x2, x3, …, xn). Uma
sequência corresponde a um tipo especial de função, cujo domínio é o conjunto
dos números naturais, o contradomínio é o conjunto dos números reais e a imagem
é um subconjunto dos números reais. Nesse contexto, a primeira seção deste
capítulo tratará da definição de convergência de uma sequência de função e da
distinção entre convergência simples e uniforme. Em seguida, apresentaremos
os teoremas associados à continuidade, à derivada e à integral de sequências de
funções, conteúdo que muito agrega ao desenvolvimento da matemática e que
será embasado em suas respectivas propriedades e demonstrações.
Por fim, outro conceito a ser trabalhado será o de série de funções, que, de
maneira intuitiva, pode ser entendida como uma soma dos infinitos termos de uma
sequência. A ideia dessa soma se baseia na construção de uma nova sequência,
adicionando um termo de cada vez para, assim, verificar se esta converge ou
não. Portanto, teoremas relacionados a séries de funções serão abordados ao
final do capítulo.
2 Sequências e séries de funções
Conceitos fundamentais
Genericamente, sequências podem ser entendidas como uma coleção de
elementos. No entanto, as sequências de funções correspondem a um conjunto
de funções definidas perante um subconjunto preestabelecido.
Matematicamente, define-se como sequência de números reais uma regra
que a cada número inteiro positivo n associa um número real denotado por an.
De modo semelhante, podemos, a cada inteiro positivo k, associar uma função
real definida em intervalo [a, b], denotada por fn(n). A sucessão de funções:
Note que os gráficos não aproximam o eixo das abscissas de modo uniforme
em x. No entanto, delimitando o domínio as funções fn a um intervalo do tipo
|x| ≤ x, onde c é qualquer número positivo, é possível determinar um índice N
válido para os valores x desse intervalo. Com efeito, |x/n|≤ c/n, de forma que
basta fazer c/n < Ɛ para termos |x/n|< Ɛ. Portanto:
Note que, em todo x ∈ [a, b], f k (x) é contínua em [a, b]. Logo, para qualquer
x0 ∈ [a, b] e todo Ɛ > 0, existe algum δ > 0 tal que:
Teorema 3. Seja (fn)n∈ ⊂ C 1[a, b]. Se existe x0 ∈ [a, b], tal que
(fn (x0))n∈ converge e se (f’n)n∈ converge uniformemente para g:|a, b| → ℝ,
então (fn)n∈ converge uniformemente para uma primitiva de g.
Obtemos, então:
Critério de Cauchy
Uma condição necessária e suficiente para que uma série em que os
termos fn são funções com o mesmo domínio D, convirja uniformemente é
que, dado qualquer Ɛ > 0, exista N tal que:
Teste M de Weierstrass
O teorema seguinte, conhecido como teste M de Weierstrass, é um critério
muito útil para verificar se uma dada série de funções converge uniforme-
mente (ÁVILA, 2006).
É notável que a série de funções converge para certa função f(x) e converge
absolutamente devido à dominação |fn(x)| ≤ Mn e pelo fato de ser convergente
à série . A convergência dessa série garante que, dado qualquer Ɛ > 0,
existe N tal que:
Referências
ÁVILA, G. Análise matemática para licenciatura. São Paulo: Blucher, 2006.
NERI, C.; CABRAL, M. Curso de análise real. 2. ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 2011.
ANÁLISE REAL
Funções e limites
Cristiane da Silva
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Um dos conceitos muito estudados pela matemática é o de função, visto que
todos os seus tipos (afim, quadrática, trigonométrica, logarítmica, etc.) têm vasta
aplicação prática. Por exemplo, podemos ter interesse em analisar, considerando
a relação entre espaço e tempo, o desempenho de um atleta da natação que treina
para uma competição e cujo treinador o observa e faz anotações sobre o tempo
(em minutos) e a distância percorrida (em metros). Nesse caso, cada instante
corresponde a uma única distância. Dizemos, então, que a distância percorrida
pelo atleta é uma função do tempo gasto em seu treinamento.
O conhecimento de funções nos permite avançar para o estudo de limite,
cujo objetivo é determinar o comportamento de uma função à medida que ela
se aproxima de alguns valores. Os limites são usados no cálculo diferencial e na
análise matemática para definir derivadas e a continuidade de funções.
Neste capítulo, apresentaremos o conceito formal de função, retomando a
noção de conjuntos e lançando mão de exemplos de aplicação desses concei-
tos. Além disso, você poderá compreender os três tipos de função (sobrejetora,
injetora e bijetora), bem como a relação entre continuidade e limite, que será
definido formalmente a partir de uma análise intuitiva. Por fim, descreveremos
as propriedades e os tipos de limite.
2 Funções e limites
Introdução a funções
Para compreendermos o que é uma função, antes devemos entender o que é
um conjunto, conceito relativamente simples que é fundamental na matemá-
tica. Um conjunto, de acordo com Neri e Cabral (2011, p. 1) “[...] é constituído
de objetos chamados elementos. Usamos a notação (lê-se x pertence
a A) para dizer que x é um elemento do conjunto A. Se x não é um elemento
de A, então escrevemos (lê-se x não pertence a A)”.
Em outras palavras, um conjunto é uma coleção qualquer de objetos,
como, por exemplo:
Figura 1. Representação de
Figura 2. Diagrama.
12
10
8
Preço
0
0 100 200 300 400 500
Quantidade de gramas
Função sobrejetora
Uma função será sobrejetora quando o conjunto imagem for igual ao con-
tradomínio. Em outras palavras, ela será sobrejetora quando não sobrarem
elementos no conjunto C sem receber flechas (Figura 4).
Função injetora
Uma função será injetora quando elementos distintos do domínio (D) tiverem
imagens (C) distintas, isto é, quando dois elementos não tiverem a mesma
imagem. Sendo assim, não pode haver nenhum elemento do conjunto C que
receba duas flechas (Figura 5).
6 Funções e limites
Função bijetora
Uma função será bijetora quando for, ao mesmo tempo, sobrejetora e injetora.
Ou seja, ela será bijetora quando os elementos de C forem flechados uma só
vez (o que a caracterizaria como injetora) e não houver elementos sobrando
em C sem receber flechas, o que a caracterizaria como sobrejetora (Figura 6).
Continuidade e limite
Iniciaremos o estudo de limite com uma noção intuitiva, de modo a tornar
mais evidente o que ele representa. Neri e Cabral (2011) explicam que muitas
das funções encontradas em Análise são contínuas e que a noção de “estar
Funções e limites 7
Em palavras, isso pode ser enunciado como “o limite de f(x), quando x tende
a p, é f(p)”. A representação gráfica de limite pode ser observada na Figura 8.
Isso nos permite dizer que, quando a função f(x) tende a 2, tanto pela di-
reita quanto pela esquerda, o seu limite no ponto indicado x = 2 é igual a 6.
Matematicamente:
ou seja:
Seja f(x) definida em todo x de algum intervalo aberto que contenha o número a,
com a possível exceção de que f(x) não precisa estar definida em a. Escrevemos
se, dado qualquer número , pudermos encontrar um número
tal que se .
1) Propriedade da soma:
2) Propriedade da diferença:
12 Funções e limites
4) Propriedade do produto:
5) Propriedade do quociente:
6) Propriedade da potência:
7) Propriedade da constante:
8) Propriedade do limite de x:
(Continua)
14 Funções e limites
(Continuação)
Referências
ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. v. 1.
FRIEDRICH, M. A.; MANZINI, N. Matemática aplicada: administração e ciências contábeis.
2 ed. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2015.
GOMES, F. M. Pré-cálculo: operações, equações, funções e sequências. São Paulo:
Cengage Learning, 2018.
GUIDORIZZI, H. L. Matemática para administração. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
NERI, C.; CABRAL, M. Curso de análise real. 2. ed. Rio de Janeiro: Universidade Federal
do Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: https://www.labma.ufrj.br/~mcabral/livros/
livro-analise/curso-analise-real-a4.pdf. Acesso em: 11 abr. 2021.
STEWART, J. Cálculo. São Paulo: Cengage Learning, 2016. v. 1.
Introdução
Neste capítulo, você estudará a teoria de limites e continuidade para
funções de várias variáveis, estabelecendo formas de descrever esses
conceitos e desenvolver técnicas para calcular limites.
A ideia que envolve o cálculo de limite de várias variáveis é análoga à
do cálculo de limite de funções de uma variável, mas, ao adicionarmos a
uma função mais de uma variável, aumentamos a complexidade do limite
— assim, devemos prestar atenção em algumas diferenças importantes,
dando origem a novas definições.
Concentraremos o estudo de limite e continuidade para função de
duas variáveis, mas o resultado pode ser estendido analogamente para
função de três ou mais variáveis.
Observe que, se (x0, y0) está no domínio de f, temos que (x, y) pode se
aproximar de (x0, y0) a partir de qualquer direção. Assim, para o limite exis-
tir, o valor obtido deve ser sempre o mesmo, independentemente da direção
escolhida para se aproximar de (x0, y0).
se, para todo número ϵ > 0, existe δ > 0 tal que, para todo (x, y) no domínio
D de f,
|f(x, y) – L| < ε
sempre que
Figura 2. |f(x, y) – L| < ε para todo valor de (x, y) no disco de raio δ no plano xy, independente
do caminho.
Fonte: Adaptada de Rogawski e Adams (2018).
A definição se aplica tanto para pontos (x0, y0) interiores quanto para pontos de fronteira
do domínio D, ainda que um ponto de fronteira não faça parte do domínio. Os pontos
(x, y) que se aproximam de (x0, y0) estão sempre no domínio D.
Exemplo 1
Vamos mostrar que
4 Limites e continuidade em várias variáveis
|f(x, y) – L| = |x – a| < ε
|f(x, y) – L| = |x – a| < δ = ε
e também que
Que tal treinar o que aprendeu até o momento e demonstrar os dois limites citados?
Utilize o exemplo anterior como roteiro fazendo as alterações necessárias para cada
limite a ser resolvido.
Limites e continuidade em várias variáveis 5
Continuidade
Uma função f de duas variáveis é contínua em (a, b) se
Exemplo 2
A função
significa que, para todo número real ε > 0, existe um número real δ > 0,
tal que
tais que
1. Propriedade da soma
3. Propriedade do produto
4. Propriedade do quociente
5. Propriedade da potência
6. Propriedade da radiciação
Exemplo 3
Calcule
Sabendo que
Exemplo 5
Encontre
Exemplo 6
Encontre
Limites e continuidade em várias variáveis 9
Exemplo 7
Considere as funções f (x, y) = 3x2+4y2 e . Encontre
Exemplo 8
Encontre
Exemplo 9
Vamos analisar
y
–1 –0,5 –0,3 –0,1 0 0,1 0,3 0,5 1
–1 0,000 0,600 0,835 0,980 1,000 0,980 0,835 0,600 0,000
–0,5 –0,600 0,000 0,471 0,923 1,000 0,923 0,471 0,000 –0,600
–0,3 –0,835 –0,471 0,000 0,800 1,000 0,800 0,000 –0,471 –0,835
–0,1 –0,980 –0,923 –0,800 0,000 1,000 0,000 –0,800 –0,923 –0,980
x
0 –1,000 –1,000 –1,000 –1,000 –1,000 –1,000 –1,000 –1,000
0,1 –0,980 –0,923 –0,800 0,000 1,000 0,000 –0,800 –0,923 –0,980
0,3 –0,835 –0,471 0,000 0,800 1,000 0,800 0,000 –0,471 –0,835
0,5 –0,600 0,000 0,471 0,923 1,000 0,923 0,471 0,000 –0,600
1 0,000 0,600 0,835 0,980 1,000 0,980 0,835 0,600 0,000
Limites e continuidade em várias variáveis 11
Observe que à medida (x, y) se aproxima de (0, 0), a função não se aproxima
de valor algum. Os valores que a função assume variam. Por exemplo:
f(0,1; 0) = 1
f(0,1; 0,1) = 0
f(0; 0,1) = –1
Exemplo 10
Vamos mostrar que o limite não existe.
Exemplo 11
Determine
Referência
ROGAWSKI, J.; ADAMS, C. Cálculo, volume 2. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2018. 608 p.
Leituras recomendadas
ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo, volume II. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
688 p.
AYRES JUNIOR, F.; MENDELSON, E. Cálculo: mais de 1000 problemas resolvidos. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2013. 544 p. (Coleção Schaum).
STEWART, J. Cálculo, volume 2. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2014. 1154 p.
THOMAS, G. B.; WEIR, M. D.; HASS, J. Cálculo, volume 2. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2012.
548 p.
CÁLCULO II
Cristiane da Silva
Sequências e séries infinitas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Um ramo importante do cálculo é a teoria das séries infinitas. Elas forne-
cem uma nova perspectiva das funções e de muitos números — como
exemplos, podemos mencionar a série de Gregory-Leibniz e a série
infinita da função exponencial. A primeira revela que o número irracional
π está relacionado com os recíprocos dos inteiros ímpares de maneira
inesperada, enquanto a segunda mostra que a função f(x) = ex pode ser
expressa como um polinômio infinito.
Séries como essas são bastante utilizadas em aplicações, tanto na
parte computacional quanto na análise de funções. Se você pensar no
termo “sequência” em uma linguagem mais informal, verá que significa
uma sucessão de coisas em uma ordem determinada, por exemplo, a
ordem cronológica, a ordem de tamanho ou a lógica.
Neste capítulo, você conhecerá o conceito de sequência e conver-
gência, e verá como reconhecer a convergência de uma sequência.
Para isso, são retomados conceitos envolvendo sequências e séries
que são necessários para o entendimento do assunto em estudo. Você
encontrará neste capítulo diversas ilustrações que procuram elucidar
adequadamente o foco do estudo. Além disso, verá exemplos resolvidos
para facilitar a compreensão, bem como informações importantes para
ampliar o conhecimento.
2 Sequências e séries infinitas
1 Sequências
Rogawski (2009) destaca que as sequências de números podem ser percebidas
em situações diversas. Para compreendê-las, pense em uma situação bem
simples. Imagine, por exemplo, que precisa dividir uma pizza pela metade, que
você mais uma vez divide pela metade, e continua dividindo indefinidamente
pela metade, como mostra a Figura 1. Assim, a fração de pizza deixada em
cada estágio forma a sequência Isso é a sequência de valores de
, para n = 0, 1, 2, ...
Entende-se uma sequência como uma função f(n) cujo domínio é um sub-
conjunto dos inteiros, onde os valores an = f(n) são denominados termos da
sequência e n é o índice. Informalmente, pensamos na sequência como uma
coleção de valores {an} ou uma lista de termos: a1, a2, a3, a4, ... Quando an
for dado por uma fórmula, costumamos dizer que an é o termo geral (RO-
GAWSKI, 2009).
Sequências e séries infinitas 3
Solução:
4 Sequências e séries infinitas
–
Essa sequência é reconhecida como a sequência de aproximações de √2 ≈ 1,4142136,
produzida pelo método de Newton com valor inicial a1 = 1: quando n tende ao infinito,
–
an tende a √2 (ROGAWSKI, 2009).
Fonte: Rogawski (2009, p. 536).
a)
b)
c)
d) 1, 3, 5, 7, …
Solução:
a) Na Figura 3, os quatro termos conhecidos foram colocados abaixo do seu número
de posição. Veja que o numerador é igual ao número de posição, e o denominador
é o número de posição mais 1. Isso sugere que o enésimo termo tem o numerador n
e o denominador é n + 1, conforme indicado na figura. Assim, a sequência pode ser
expressa como
Sequências e séries infinitas 5
c) Essa sequência é idêntica à mostrada em (a), exceto pelos sinais alterados. Assim,
o enésimo termo da sequência pode ser obtido multiplicando-se o enésimo termo da
parte (a) por (–1)n+1. Esse fator produz corretamente os sinais alterados, uma vez que os
seus valores sucessivos, começando com n = 1, são 1, –1, 1, –1, … Assim, a sequência
pode ser escrita como
Quando o termo geral de uma sequência a1, a2, a3, …, an, … for conhecido, não há
necessidade de escrever os termos iniciais. Nesse caso, é comum escrever somente
o termo geral envolvido por chaves, ou seja, ou . A letra n é chamada
de índice da sequência, e não é essencial usar n como índice; qualquer letra que não
estiver reservada para outros propósitos pode ser usada.
Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014, p. 597–598).
Solução:
A definição exige que encontremos, para cada ϵ > 0, um número M tal que |an – 1| < ϵ.
Para todo n > M, temos:
Segue que |an – 1| < ϵ é válido com . Por exemplo, se ϵ = 0,01, então
podemos tomar . Assim, |an – 1| < 0,01 para n = 300, 301, 302, …
Fonte: Rogawski (2009, p. 536).
Sequências e séries infinitas 7
Figura 7. A sequência an = .
Fonte: Rogawski (2009, p. 537).
8 Sequências e séries infinitas
Sabendo que as sequências são funções, pode-se pensar nos seus limites.
No entanto, como a sequência {an} está definida somente para valores inteiros
de n, o único limite que faz sentido é o de an quando n → + ∞. A Figura 10
mostra os gráficos de quatro sequências, cada uma se comportando de maneira
diferente quando n → + ∞ (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014).
Prove que:
Solução:
Aplicamos à função exponencial f(x) = rx. Se 0 < r < 1, então
Analogamente, se r > 1, então f(x) tende a ∞ quando x → ∞, de modo que {rn} também
diverge a ∞. Se r = 1, então rn = 1 para todo n, e o limite é 1.
Fonte: Rogawski (2009, p. 538).
3 Teorema do confronto
O teorema do confronto para sequências diz o seguinte: sejam {an}, {bn},
{cn} sequências tais que, para algum número M, bn ≤ an ≤ cn para n > M e
. Então (ROGAWSKI, 2009). Veja a seguir
alguns exemplos de aplicação do teorema do confronto.
Sequências e séries infinitas 11
Exemplo 1
Mostre que, se , então .
Solução:
Temos:
–|an| ≤ an ≤ |an|
Como |an| tende a zero, –|an| também tende a zero, e o teorema do confronto decorre
de .
Exemplo 2
Na aplicação do teorema do confronto deste exemplo, vamos provar que, dado
qualquer R, realmente tende a zero. Prove que para todo R.
Solução:
Podemos supor que R > 0. Então existe um único inteiro M ≥ 0, tal que M ≤ R < M + 1.
Para n > M, escrevemos como um produto de n fatores:
Anton, Bivens e Davis (2014) usam uma representação gráfica para explicar
o teorema do confronto, como você pode observar na Figura 11.
De acordo com Anton, Bivens e Davis (2014), esse teorema é útil para
encontrar limites de sequências que não podem ser obtidos diretamente. Veja
os exemplos do uso do teorema do confronto propostos pelos autores.
Exemplo 1
Use uma evidência numérica para fazer uma conjectura sobre o limite da sequência:
Solução:
O quadro a seguir, obtido com um recurso computacional, sugere que o limite da
sequência possa ser zero.
Sequências e séries infinitas 13
1 1,0000000000
2 0,5000000000
3 0,2222222222
4 0,0937500000
5 0,0384000000
6 0,0154320988
7 0,0061198990
8 0,0024032593
9 0,0009366567
10 0,0003628800
11 0,0001399059
12 0,0000537232
Exemplo 2
Considere a sequência Se tomarmos o valor absoluto
ANTON, H.; BIVENS, I. C.; DAVIS, S. L. Cálculo. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. v. 2.
ROGAWSKI, J. Cálculo. Porto Alegre: Bookman, 2009. 2 v.