Você está na página 1de 10

Equações de 3o e 4o graus: uma história de disputas, traição e

descobertas revolucionárias
Marta de Oliveira

Um pouco da história

Quando eu estava descobrindo a beleza da matemática, sua história se mostrou um chamariz


sedutor. Nunca esquecerei das tardes em que, sem pensar em nada mais da vida, me deliciava com a
história daqueles homens e suas incríveis descobertas. Sem dúvida a mais interessante e marcante
de todas é a incrível história das equações de terceiro e quarto graus e seu vínculo com os Números
Complexos. Quando me deparei a fórmula resolutiva da equação de segundo grau achei, como a
maioria dos alunos, que estes se tornarão usados pela necessidade de expressar a raiz quadrada de
números negativos. Ora, para minha surpresa esta não é a explicação para aceitação desses números
“nada reais”. A fórmula resolutiva de terceiro grau é a verdadeira responsável por esse progresso
matemático revolucionário.

O verdadeiro descobridor do método para resolução para essas equações foi Scipione Del Ferro
(1465- 1562 aprox.), um matemático não tão conhecido e que não publicou nada. Vale lembrar que
a notação algébrica daquela época não era desenvolvida como hoje e o que se expressa para nós em
forma de fórmulas antigamente era expresso por meio de “receitas”. Antes de morrer , del Ferro
repassou seu método somente para seus alunos Annibale della Nave e António Maria Fior.

Em 1535 Fior teve a infeliz ideia de desafiar Niccolò Fontana (1500-1557 aprox.), mais
conhecido como Tartaglia (gago, em italiano). No século XVI era comum que houvessem disputas
científicas em público que eram, por sua vez, tão prestigiadas como os desafios dos poetas e jogos
de atletas na antiguidade. Na maioria das situações, um matemático desafiava um professor de uma
universidade e, caso vencesse, ficaria com seu cargo. O desafio intelectual entre Fior e Tartaglia,
porém, só valia trinta banquetes, não aceitos pelo ganhador.

Para fazer jus aos trinta banquetes cada disputante propôs trinta problemas ao adversário. Os
problemas de Tartaglia foram sobre tópicos variados, enquanto Fior , confiante na unicidade da
descoberta de seu mestre, propôs problemas que implicavam em equações do tipo x 3+ ax=b .
Infelizmente para Fior e felizmente para matemática no dia anterior à disputa Tartaglia deduziu o
método para resolução de tais equações e, na hora do confronto, Tartaglia tinha resolvido todas as
questões propostas por Fior e este não resolveu a maioria das questões submetidas por Tartaglia.

O progresso de Tartaglia chegou aos ouvidos de Girolamo Cardano (1501-1576), um homem


que dominava e amava muitas áreas, entre elas medicina e matemática. Cardano convidou Tartaglia
à sua casa e com muita insistência conseguiu arranca-lhe, sob hipótese de segredo, o método para a
resolução de alguns casos de equações cúbicas. O comportamento de Tartaglia a respeito disso deve
ser justificado pelas tão famosas competições matemáticas, já citadas nesse texto. Abaixo, em
português, estão os versos escritos a Cardano:

Quando o cubo com a coisa em apreço


Se igualam a qualquer número discreto
Acha dois outros diferentes nisso

Depois terás isto por consenso


Que seu produto seja sempre igual
Ao cubo do terço da coisa certo

1
Depois, o resíduo geral
Das raízes cúbicas subtraídas
Será tua coisa principal

Na segunda destas operações,


Quando o cubo estiver sozinho
Observarás estas outras reduções

Do número farás dois, de tal forma


Que um e outro produzam exatamente
O cubo da terça parte da coisa

Depois, por um preceito comum


Toma o lado dos cubos juntos
E tal soma será teu conceito
Depois, a terceira destas nossas contas
Se resolve como a segunda, se observas bem
Que suas naturezas são quase idênticas

Isto eu achei, e não com passo tardo


No mil quinhentos e trinta e quatro
Com fundamentos bem firmes e rigorosos
Na cidade cingida pelo mar

(RPM-OBMEP 2009, páginas 138 e 139)

Acima temos a receita para equações de terceiro grau de três tipos:

x 3+ ax=b , x 3=ax +b e x 3+ b=ax

onde a e b são reais positivos. Isto se deve por naquela época não se aceitar a existência de
números negativos.
Cardano, guiado pelos versos de Niccolò Tartaglia, conseguiu uma demonstração para os
métodos acima descritos e, mais tarde, incentivou seu aluno, Ludovico Ferrari (1522-1565), a
deduzir o método resolutivo para equações de quarto grau.
Como vocês já devem desconfiar nesse ponto da história o segredo não foi mantido. Em uma
viagem à Florença em 1544, Cardano se encontrou com Aniballe della Nave, que confessou que Del
Ferro já havia descoberto um método resolutivo para equações cúbicas. Felizmente para o bem da
matemática, Cardano se sentiu desobrigado de cumprir sua promessa e publicou, em 1545, em Ars
Magna as fórmulas resolutivas de terceiro e quarto grau.

2Figura 3: Girolamo Cardano Figura 1: Niccolò Figura 2: Ludovico


Tartaglia Ferrari
No ano seguinte Tartaglia publicou Quesiti e Inventione Diverse, onde além de expor muita
matemática, critica Cardano pela quebra do juramento solene de segredo. Em resposta , Ferrari
publicou um panfleto em defesa de seu mestre, o que produziu outro panfleto de Tartaglia. Após
mais de um ano de polêmica foram gerados 12 panfletos(6 de cada autor) e Tartaglia finalmente
aceitou o desafio para um debate matemático com Ferrari. Este de posse do método para a resolução
de quarto grau venceu Tartaglia, que acabou sendo demitido da universidade onde trabalhava.

A equação de terceiro grau

Apresento a seguir dois métodos para se chegar à fórmula resolutiva de terceiro grau. A
primeira pode ser encontrada no livro Meu Professor de Matemática e outras histórias, de Elon
Lages Lima e a segunda é uma dedução devida a Carlos Gustavo Moreira.

Tomemos a fórmula geral da equação de terceiro grau, ax 3 +bx 2+ cx+ d=0 (*). Ora, como a
é não nulo, então podemos dividir (*) por a de modo que todas elas se resumam à equações do tipo
2
bx cx d
x 3+ + + =0 (1)
a a a

Outra forma de facilitar o cálculo de, pelo menos, uma raiz de uma equação cúbica é “anulando”
o termo de segundo grau da expressão geral. Tomando a equação x 3+ ax2 +bx +c=0 e
a
x= y− , temos que
3

( y−a/3)2 +a ( y−a /3)2 +b ( y−a /3)+c=0 (2),

isto é,
3 3
a 2 a ab
y 3+(b− ) y+ − +c=0 (3)
3 27 3

Veja que (3) é uma equação de terceiro grau desprovida do termo do segundo grau. Basta, agora,
encontrarmos uma fórmula para equações do tipo x 3+ px +q=0 (4).

Tomemos x=u+v e substituindo em (4) chegamos à expressão


3 3 2v 2
u +v +3 u +3 uv + p+q=0 (5),

ou seja,

u3 +v 3 +( 3uv + p)(u+ v)+q=0 (6)

Uma solução para (6) se dá com u3 +v 3=−q e u⋅v=−p /3 , que é análogo ao sistema

3
3 3 p3 3 3
u +v =−q e u ⋅v = (7)
27

Se acharmos u e v que obedeça (7), então finalmente teremos x=u+v.

Ora, veja que u3 e v


3
são raízes de uma equação de segundo grau de variável w, tal que
3
2 p
w +qw− =0 (8).
27

Lembre-se que podemos representar uma equação quadrática como x 2−Sx + P=0 (**), onde
S=x 1 + x 2 e P=x 1 x 2 , onde x 1 e x 2 são raízes de (**).

Resolvendo (8) pela Fórmula de Baskhara, temos que

u3=
−q
2
+

q 2 p3
+
4 27
3
e v=
−q
2


q2 p3
+
4 27
(9)

Logo,

x=u+v =
√ √
3 −q
2
+
q2 p 3
+
4 27
+
√ √
3 −q
2

q2 p3
+
4 27
(10).

Não confundam as variáveis. Abaixo eis a dedução de Carlos Gustavo Moreira da fórmula
resolutiva de terceiro grau, quando tinha apenas 14 anos. A segunda dedução, em si, é muito
parecida com a primeira, por isso omitirei alguns passos. Na verdade, mostro esse tipo de dedução
para, mais tarde, nos guiarmos por ela na busca pela fórmula resolutiva de quarto grau.

Moreira decidiu estudar a solução de y=√3 x 1+ √3 x 2 , onde ele considerou como em (**) que
x 1 e x 2 são soluções de x 2−Sx + P=0 . Ora,

y=√3 x 1+ √3 x 2 ⇒ y 3=x 1+ x 2 +3 √3 x1 x2 ( √3 x 1+ √3 x 2 )⇒ y 3 =S + √3 P y

Análogo ao que mostramos na primeira demonstração, caímos na equação de terceiro grau do


3 −p3
tipo y 3+ py +q=0 , onde p=−3 √ P e q=−S , ou seja, P= e S=−q .
27

Vale lembrar que se x1 e x 2 são raízes de 2


x −Sx + P=0 , então √3 x 1 + √3 x 2 satisfaz
3
y + py +q=0 .

Repetindo praticamente o que foi feito chegamos ao mesmo resultado de (10).

OBS: Moreira ressalta que:


−p
“Cada raiz cúbica pode assumir três valores complexos, mas a equação √3 P= diz que o
3
−p
produto das duas raízes deve ser . Essa fórmula dá as três raízes de y 3+ py +q=0 , que
3

4
−a 3 2 2
somadas a nos dão as três raízes de x + ax +bx +cx +d=0 .”
3

A equação de quarto grau

Abaixo o método de Ferrari para a equação quártica do tipo x 4 + px2 +qx +r =0 , apresentado
por Cardano no famoso Ars Magna. É bom saber que Cardano sabia como eliminar o termo cúbico
somando ou subtraindo das raízes um quarto do coeficiente do termo cúbico. Então, com um
pouquinho de esforços a mais, temos um método para equações quárticas gerais.
A descrição refere-se à equação x 4 +6 x 2+36=60 x e pode ser encontrada no livro História da
Matemática de Boyer, página 196 de sua versão brasileira.

1)Primeiro somar suficientes quadrados e números a ambos os lados para que o primeiro membro
fique um quadrado perfeito, nesse caso, x 4 +12 x 2 +36 ou ( x 2+ 6)2 .

2) Agora somar a ambos os membros da equação termos envolvendo uma incógnita y de modo que
o primeiro membro permaneça um quadrado perfeito, como (x 2+ 6+ y)2 . A equação agora fica

2 2 2 2 2 2 2
(x + 6+ y) =6 x +60 x+ y +12 y +2 yx =(2 y +6)x +60 x+( y + 12 y )

3) O passo crucial seguinte consiste em escolher y de modo que o trinômio no segundo membro
fique um quadrado. Isso se faz, é claro igualando a zero o discriminante- uma regra antiga e
conhecida.

4) Do passo 3 resulta uma equação cúbica em y - y 3+ 15 y 2 +36 y=450 - hoje chamada de a


“cúbica resolvente” da equação quártica dada. Essa agora é resolvida em relação a y pelas regras
previamente dadas para a resolução de equações cúbicas, sendo o resultado

y=
√ √ 3 28
2
+
80449
4
+
√ √
3 287
2

80994
4
−5

5) Substituir o valor de y obtido em 4 na equação para x do passo 2 e extrair a raiz quadrada de


ambos os membros.

6) O resultado do passo 5 é uma equação quadrática, que deve agora ser resolvida afim de achar o
valor de x desejado.

De forma semelhante à dedução da fórmula resolutiva da equação cúbica, apresento a fórmula


resolutiva da equação de 4o grau, também deduzida por Moreira. O autor faz questão de ressaltar
que folheando o livro Elements of Algebra de Euler, que o próprio Euler tinha desenvolvido o
mesmo método que o seu para resolver equações de 4o grau.

Seja a equação de 3o grau x 3−Sx 2 + Sd x−P=0 de raízes x1 , x2 e x 3 . Elas satisfazem,


então,
x 1+ x 2 + x 3=S , x 1 x 2+ x 1 x3 + x 2 x 3=S d e x 1 x 2 x 3=P .

5
Considerando y=√ x 1+ √ x 2+ √ x 3 , temos:

2 y 2−S 2
y =x 1+ x2 + x 3 +2( √ x1 x 2+ √ x 1 x 3 + √ x2 x3 )⇒( ) =S d +2 √ P y ou
2

y 4−2 Sy 2−8 √ P y+ S 2−4 S d =0 (11)

Dada uma equação da forma x 4 +ax 3 +bx 2+cx+ d=0 , podemos anular o termo cúbico
a
tomando x= y− , obtendo uma equação da forma y 4 +k 1 y 2 +k 2 y+ k 3=0 .
4

Comparando com (11), tomamos S, P e S d tais que , −8 √ P=k 2 e S 2−4 S d =k 3 , ou seja,


2 2 2
−k 1 k2 S −k 3 k 1−4 k 3
S= , P=( ) e S d = = .
2 8 4 16

Assim, resolvendo a equação

k 1 2 k 21−4 k 3 k 2
x 3+ x +( ) x−( 2 ) =0 (12),
2 16 8

chegamos às raízes x 1 , x2 e x 3 , onde y=√ x 1+ √ x 2+ √ x 3 satisfaz


4 2
y +k 1 y +k 2 y+ k 3=0 .

OBS: Moreira ressalta que:


−k 2
“Cada raiz quadrada pode assumir dois valores, mas a equação √ P= diz que
8
−k 2
√ x 1 √ x 2 √ x 3=
8
. Assim para cada valor de √ x 1 e √ x 2 há um único valor de √ x3 .
Dessa forma obtemos todas as quatro raízes da equação original.”

Exemplos de soluções de equações de terceiro e quarto graus


2 3
q p
Para simplificar na notação tomemos D= + .
4 27

22 3 3
1) Seja x 3+3 x +2=0 . Veja que + =1+1=2 .
D=
4 27
Então, uma das raízes de nossa equação é:
3 3
x 1=√−1+ √ 2+ √−1−√2

As outras duas raízes são complexas e são descobertas resolvendo a equação de 2o grau obtida pela
divisão (x 3+3 x +2):( x−x 1)=0 .

6
2)Seja x 3−3 x−2=0 . Veja que:

(−2)2 (−3)2
D= + 3 =1−1=0 .
2 3

Então uma das raízes de nossa equação é


x 1= 3
2
+

−(−2) 3 −(−2)
2
=2

As outras duas raízes são obtidas resolvendo a equação quadrática tal que
3 2 2
(x −3 x−2):( x−2)=0 , ou seja, x +2 x +1=(x +1) =0 , onde chegamos que x 2=x3 =−1 .

3
3) Seja y=cos 20 o . Sabe-se que cos 3 x=4 cos x−3 cos x , portanto
o 3 o o
cos 60 =4 cos 20 −3 cos 20

1 3 1
4 y3−3 y= ⇒ y 3− y− =0.
2 4 8

−3 −1 1 1
Veja que p=
e q= , então D= − <0 , o que implica que cos 20 o é
4 8 256 64
expresso através de números complexos.
Enfim:

y=
√ √
3 1
16
+
1 1 3 1
− +
256 64 √ √
16

1

1
256 64
ou
2 2√
1 31
2
3 31
2 √
y= ( +i √ + −i √ )
2
3

Segundo Moreira é possível provar que qualquer expressão por radicais de cos 20 o tem que
envolver números complexos.

4 2
4) Tomemos a equação y −12 y −16 y−4=0 .

Segundo o método apresentado por Moreira temos que k 1=−12 , k 2=−16 e k 3=−4 .

Para encontramos as raízes desejadas precisamos, antes, resolver a equação cúbica


3 2
x −6 x +10 x−4=0 (***).
Como vimos (***) é resolvida tomando x=z+2 e reduzindo-a a um caso semelhante aos
anteriores.
Ora, as raízes de (***) são x 1=2 , x 2=2+ √2 e x 3=2−√ 2 .
Por fim, as raízes de y 4−12 y 2−16 y−4=0 são:

√ 2+ √2+ √ 2+√ 2−√ 2 , √ 2−√ 2+ √2+ √2−√2 , −√2+ √ 2+ √2+ √2−√2 e


−√2−√ 2+ √ 2+ √ 2−√ 2

7
4 3 2
5) Tomemos a equação de 4o grau geral x +4 x +8 x −8 x +4=0 . Fazendo x=y-1 chegamos a
4 2
y +2 y −16 y +17=0 .

Assim, k 1=2 , k 2=−16 e k 3=17 .


Nossa equação de 4o grau transforma-se em x 3+ x 2−4 x−4=0 , que podemos resolver
1
considerando x=z− . Suas raízes são -1, -2 e 2.
3
Portanto as raízes de y 4 +2 y 2−16 y +17=0 são

i+i √ 2+ √2 , i−i √ 2+ √ 2 , −i−i √ 2+ √2 e −i−i √ 2+ √2 .

Como x=y-1, então as raízes de x 4 +4 x 3 +8 x 2−8 x +4=0 são

−1+ √ 2+i(1+ √2) , −1−√2+i(1−√ 2) , −1−√2+i( √ 2−1) e −1+ √ 2+i(−1−√ 2) .

Equações de terceiro grau e números complexos

Não vou comentar toda a história sobre Números Complexos, mas explicarei sua relação com as
equações de terceiro grau. Aos interessados sugiro que leiam a RPM-OBMEP 2009, páginas 142 a
152. Para os matemáticos até então estava muito claro que não podia existir raiz de um número
negativo, já que os próprios nem mesmo aceitavam a existência destes. O surpreendente disso é
notar que a incorporação dos diferentes conjuntos de número não ocorreu do modo como eles nos
são expostos no ensino básico.
Em 1572, Raphael Bombelli (1526-1573) publicou l’Algebra, em três volumes. No capítulo II
dessa obra, exatamente na página 294, Bombelli considerou a equação x 3=15 x + 4 e decidiu
aplicar a fórmula de Cardano para o cálculo de uma raiz. Ele obteve:

3 3
x=√ 2+ √−121+ √ 2−√ −121 .

Diante desse resultado, Bombelli chamou esta equação de sofística, mas também observou que
x=4 é uma solução dessa equação.
Tal observação foi revolucionária na história da matemática, já que os matemáticos tiveram que
repensar sobre a existência de “números diferentes”.

A fórmula de Cardano além das cúbicas

Na Eureka 15, José Cloves Verde Saraiva expõe uma forma de achar as raízes de equações
5 3 1 2
quínticas da forma x − px + p x−r=0 . Saraiva reforça que essas equações já foram estudadas
5
por De Moivre .

Abaixo está a solução de Saraiva para este problema, que pode ser encontrada nas páginas 24, 25
e 26 da revista citada acima.

8
1
Vamos provar que a equação x 5− px3 + p2 x−r=0 tem uma de suas raízes dada pela fórmula
5

x=u+v=
√ √
5 r
2
+
r2
+
p2
4 3125
+
√ √
5 r
2

r2
+
p5
4 3125

Demonstração:
5 3
Considere x − px −qx−r =0 . Calculemos os polinômios só binômio:
5 5 4 3 2 2 3 4 5
(u+ v) =u +5 u v+10 u v +10 u v +5 uv +v

pondo em evidência obtemos

(u+ v)5=5 uv (u3 +v 3 )+10u 2 v 2(u+ v )+(u5 + v5 )

Ora, de
(u+v)5=3 uv (u+ v)(u3 +v 3) ,

obtemos que:

(u3 +v 3 )=( u3+ v 3)−3 uv( u+v )

para substituir no desenvolvimento donde obtemos questões


5 3 2 2 2 2 5 5
(u+ v) =5 uv (u+ v) −15 u v (u+ v)+10 u v (u+ v)+(u + v ) ,

isto é,

(u+v)5=5 uv (u+v)3−5 u2 v 2 (u+v)+(u5+v 5 ) ,

o que permite obter as igualdades p=5 uv , q=−5 u2 v 2 e r=u 5+ v 5 . Estabelecemos


2
−p
p2=25 u2 v 2 , logo temos que q= faz com que a equação seja da forma
5
1
x 5− px3 + p2 x−r=0 , se x=u+ v for uma raiz.
5

p 2
Verificar as relações r=u 5+ v 5 e ( ) =u5 v 5 , da mesma forma as raízes são:
5

r
2
fórmula:
r p2
4 5 √ r
u5 = + − 5 e v 5 = −
2
r 2 p5

4 55 √
, de onde concluímos que a raiz x=u+v é dada pela

9
x=
√ √
5 r
2
+
r2
+
p2
4 3125
+
√ √
5 r
2

r2
+
p5
4 3125

OBS: Paolo Ruffini (1765-1822) publicou em Bolonha (1799) um livro demonstrando que a
equação geral de grau superior ao quarto não pode ser resolvida por meio de radicais, porém sua
demonstração não era satisfatória. Em 1821 o jovem matemático norueguês Niels Henrik Abel
(1802-1829) pensou que tinha descoberto uma fórmula resolutiva para equações de quinto grau,
porém verificou um erro em seu raciocínio e três anos mais tarde publicou, independentemente de
Ruffini, uma demonstração que equações gerais de grau superior ao quarto não são solúveis através
de fórmulas.

A autora:

Eu sou uma aprendiz de matemática de 17 anos e curso o 2o período desta área na Universidade
Federal de Alagoas. É um prazer imenso escrever este artigo e misturar as minhas duas grandes
paixões: a escrita e a matemática. Meu sonho é ver as mulheres aparecendo cada vez mais no
cenário matemático e quem sabe contribuir um dia para isso.

10

Você também pode gostar