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O que é?

Para entender o que é CGNAT, é preciso primeiro conhecer o NAT, ou


Network Address Translation, ou em português, Tradutor de Endereço de
Rede. Este é um protocolo que permite a endereços de uma rede interna,
que em teoria são fechados, a se comunicarem com a internet.

Como o NAT funciona

Quando a rede mundial de computadores se tornou popular, ela gerou


um problema de escala para redes corporativas, pois os pontos
(computadores) não poderiam se conectar a ela para trocar informações
com outros terminais externos, porque seus endereços IP são
incompatíveis com os usados pela internet.

As requisições são geradas pelo roteador, que possui um IP global, mas


na hora de retornar os pacotes, era preciso identificar de qual máquina
partiu a requisição. É aqui que o NAT entra: ele mapeia os pontos da rede
e identifica cada um deles através da porta local e do IP. Com esses
dados, ele gera um código de 16 dígitos usando a tabela hash, este sendo
o IP de um terminal na internet.

Uso do NAT em uma rede privada doméstica (Imagem: Francisco Miamoto/Wikimedia Commons)

O NAT é usado também em redes domésticas: seu celular, computador,


videogame, TV e dispositivos inteligentes possuem cada um IP gerado via
hash para se comunicar com a internet, enquanto que o roteador
concentra todas as requisições de dados.

Surge o CGNAT
O CGNAT, de Carrier Grade Network Address Translation, ou Tradutor de
Endereço de Rede de Grande Escala em português, é o protocolo NAT
aplicado não no roteador do usuário ou de uma empresa, mas
diretamente na rede do provedor, sendo uma ferramenta de grande porte
para lidar com um problema crítico: o esgotamento do IPv4.

Como o protocolo usa endereços lógicos de 32 bits, ele permite no


máximo 4,29 bilhões de dispositivos conectados à internet, e atualmente,
não há mais nenhum número disponível para ser alocado; muito em
breve, todas as posições serão ocupadas simultaneamente.

O protocolo IPv6 usa 128 bits, assim, ele suporta até 340 undecilhões de
endereços simultâneos (34 seguido de 36 zeros), mas a migração de
todos os endereços IPv4 para o novo formato levaria muito tempo. Dessa
forma, operadoras começaram a usar o NAT diretamente em suas redes,
que é o CGNAT.
Uso do CGNAT para compartilhar um endereço IPv4 público (Imagem: mro/Wikimedia Commons)

Ele é uma camada intermediária entre o usuário e a internet, que atribui


um mesmo endereço IPv4 público para várias conexões privadas ao
mesmo tempo, direcionando cada ponto (usuário) através de portas
diferentes.

Trata-se na verdade de uma grande gambiarra, que permite às


operadoras administrarem por mais tempo os endereços antigos que
possuem, até a conversão para o IPv6 ser concluída.

Os problemas do CGNAT
Especialistas de rede afirmam que o CGNAT é nocivo à internet, pois fere
um dos princípios básicos da rede, que é a conexão ponto a ponto. Nele,
cada usuário possui um endereço único facilmente identificável, o que
não acontece quando o NAT é aplicado aos usuários, fazendo com que
vários usem um mesmo endereço IPv4.

Como a identificação direta do usuário é mais complexa do que deveria


ser, uma rede CGNAT pode trazer complicações para diversos serviços
que o consumidor usa, como streaming, serviços P2P, jogos online, VoIP e
qualquer outro serviço que dependa de um endereço único.

Switch de rede e cabos (Imagem: Martinelle/Pixabay)

Outro grande problema gerado pelo CGNAT é a conveniência. Embora ele


tenha sido adotado como uma alternativa temporária, até que a migração
para o IPv6 fosse concluída, sua adoção acabou por atrapalhar esse
processo, porque o protocolo meia-boca “funciona”, o que é entendido
pelas companhias como economia de dinheiro em infraestrutura.

Assim, essas companhias vão empurrando o IPv6 com a barriga, se


virando com o CGNAT mantendo o IPv4 no “respirador”, por mais
prejudicial que isso possa vir a ser para a internet como um todo e para
os usuários, apenas porque o NAT aplicado à rede permite isso.

A dificuldade em identificar um usuário pelo IP, algo já levantado como


um problema pela Anatel em 2014, pode levar a usuários mal
intencionados a praticarem crimes digitais, e o CGNAT acaba sendo um
facilitador. Em situações ideais, o protocolo deveria ser apenas um
remendo e não uma solução de longo prazo.

FONTE:

https://tecnoblog.net/responde/o-que-e-cgnat/

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