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SÃO PAULO
2020
Marcos Aurélio Gomes
SÃO PAULO
2020
Especialmente, dedico a minha querida mãe
Rosmary Hnilica pelo exemplo de amor e
dedicação aos estudos.
O presente estudo tem por objetivo analisar a má prática médica inserida no contexto
da Responsabilidade Civil, além de promover enfoque sobre as complicações
relacionadas as cirurgias videolaparoscópicas, à luz da jurisprudência brasileira. A
pesquisa fundamenta-se no método monográfico, descritivo e bibliográfico. Para o
desenvolvimento desta pesquisa, tornou-se, imprescindível, portanto a análise dos
institutos jurídicos relacionados a Responsabilidade Civil, bem como a forma com que
o Poder Judiciário vem se posicionando ao apreciar problemáticas dessa natureza,
considerando-se, o aspecto subjetivo e as peculiaridades de cada caso, no intuito de
elucidar a problemática em comento.
This study aims to analyze the bad medical practice inserted in the context of Civil
Liability, in addition to promoting a focus on complications related to laparoscopic
surgeries in the light of Brazilian jurisprudence. The research is based on the
monographic, descriptive and bibliographic method. For the development of this
research, therefore, the analysis of the legal institutions related to Civil Liability has
become essential, as well as the way in which the Judiciary has been positioning itself
when considering problems of this nature, considering, the subjective aspect and
peculiarities of each case, in order to elucidate the problem in question
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8
2 PRECEITOS HISTÓRICOS .................................................................................. 9
2.1 A vingança positivada .................................................................................. 10
3 RES IN IPSA LOQUITUR ................................................................................... 11
3.1 Res in ipsa loquitur na jurisprudência brasileira ........................................... 13
4 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ........................................ 14
4.1 A culpa na responsabilidade civil ................................................................. 15
4.2 A teoria do risco na responsabilidade civil ................................................... 16
4.3 Responsabilidade contratual x responsabilidade extracontratual. ................ 18
5 FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL .................................................... 19
5.1 Funções relativas aos danos patrimoniais ................................................... 21
5.2 Funções atinentes aos danos extrapatrimoniais .......................................... 22
5.3 Caráter punitivo da responsabilidade civil .................................................... 24
5.4 Doutrina dos Punitive Damages ................................................................... 24
6 RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO ....................................................... 26
6.1 Aspectos contratuais .................................................................................... 29
6.2 Termo de consentimento informado ............................................................. 30
7 CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E A RESPONSABILIDADE
MÉDICA. ................................................................................................................... 35
8 RESPONSABILIDADE MÉDICA À LUZ DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO .. 37
8.1 TRANSGRESSÕES PENAIS MEDICAS ...................................................... 39
9 CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA E OS DEVERES DO PROFISSIONAL ............... 40
9.1 A função médica........................................................................................... 42
10 RESPONSABLIDADE ESTATAL ...................................................................... 44
11 COMPLICAÇÕES RELACIONADAS A CIRURGIA VIDEOLAPAROSCOPICA
.............................................................................................................................48
11.1 Eletrocirugia: sistemas mono e bipolar em cirurgia videolaparoscopica. ..... 54
12 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 56
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 59
8
1 INTRODUÇÃO
Antes os médicos atendiam todos os membros de uma família por longos anos,
os atendimentos se davam diretamente no lar do paciente, o que desencadeava status
de respeito e autoridade para o médico.
2 PRECEITOS HISTÓRICOS
1
LIMA, Alvino. Responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 56
10
De conseguinte é exemplo a lei de talião, olho por olho, dente por dente, era
utilizada para causar sofrimento ao indivíduo gerador da conduta danosa. Partindo-se
de um prisma histórico leciona a doutrina jurídica que o Código de Manu proveniente
da cultura Hindu demonstra sofisticação jurídica se comparado ao código de
Hamurabi, pois existia a previsão de retribuição pecuniária a favor da vítima do dano.
2
7DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2011,
11
De início saliente-se que a Res in Ipsa Loquitur – a coisa fala por si - possui
aplicação prática em alguns estados nos Estados Unidos da América e no Canada.
12
“its have been argued thet res in psa loquitur reeversing the burden of proof and and efecctively
creating strict liability in cases when it applyes because it is almoost for the defendant to provide an
explanation as to exactly happened” (HARPWOOD, 2005, p. 153).
Ademais, a formula da teoria Res in Ipsa Loquitur é tão antiga quanto Cícero 3,
bem como tem sido igualmente familiar ao direito moderno. O princípio foi declarado
pela primeira vez pelo Chefe de Justiça Erle, em Scott v. London Dock Co:
Desta feita, infere-se que deve existir evidência razoável da negligência por
parte do profissional da área médica, sendo certo que o instituto fornece presunção
de que o acidente surge por falta do dever de cuidado.
3
Marcus Tullius Cicero, em grego clássico: Κικέρων; transl.: Kikerōn; 106 – 43 a.C.) foi um advogado, político,
escritor, orador e filósofo da gens Túlia da República Romana eleito cônsul em 63 a.C
13
No que tange a culpa, a luz do art. 186 do Código Civil, temos que o agente
que atua por ação ou omissão voluntariamente, com negligência ou imprudência,
cometendo violação de direito e ocasionando dano a outra pessoa, mesmo que
estritamente moral, incorre em ato ilícito. Portanto, extrai-se do citado dispositivo legal
o ato ilícito propriamente dito.
A gradação de culpa, das fontes romanas, culpa grave, leve e levíssima, com
influência dos glosadores, não foi adotada por nossa legislação com
inteligência. Em algumas passagens do Código, há menção de culpa grave,
mas como a culpa civil abrange o dolo, a distinção, como regra geral, é
irrelevante. O exame da existência de culpa, ou não, caberá ao juiz no caso
concreto. E, fatalmente, o juiz chegará à conclusão de que se somente o
homem diligentíssimo poderia evitar o dano no caso concreto (o caso da
culpa levíssima), não haverá culpa. O padrão a ser examinado pelo julgador
é do homem médio no caso em exame. O que poderá ser culpa para um
técnico num contrato de equipamento de seu mister, certamente não será
culpa para um leigo (VENOSA, Silvio, p. 348, 2016)
4
“o direito civil francês foi o feliz resultado da combinação do droit écrit do sul da França, de origem romanista,
com o droit coutumier no norte francês, baseado nos costumes germânicos”. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/50/198/ril_v50_n198_p59.pdf> .
5
“Código instituído pela Lei n° 3.071, de 1º de janeiro de 1916, também conhecido como Código Beviláqua.
Entrou em vigor em janeiro de 1917 e permaneceu vigente no país até janeiro de 2002”. Disponível em: <
https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-
republica/C%C3%93DIGO%20CIVIL%20DE%201916.pdf > . Acesso em: 10 de outubro de 2020.
6
“Usamos essa expressão para nos referirmos a todas as mudanças no trabalho industrial, que se deram a
partir dos meados do século XVIII. A mais importante dessas alterações, ocorridas em primeiro lugar na Grã-
Bretanha, foi a invenção de máquinas que produziam muito mais que o trabalho manual. As primeiras foram as
máquinas de fiação e tecelagem. Homens, mulheres e até mesmo crianças trabalhavam nas novas fábricas,
onde grande parte das máquinas funcionavam, a princípio, pela força hidráulica, passando depois a ser movida
a vapor”. Disponível em: < https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
71672006000400015 >. Acesso em: 10 de outubro de 2020.
16
tal atividade laboral gere riscos aos prepostos. A evolução da inversão do ônus da
prova fazendo presunção de culpa contra o empregador foi de precípua importância
no ordenamento jurídico brasileiro.
7
Por Dano patrimonial compreende-se aquele que atinge os bens que compõem o patrimônio de uma pessoa,
passíveis de quantificação pecuniária.
22
8
CARVALHO, Luis. As funções da responsabilidade civil. As indenizações pecuniárias e adoção de outros meios
reparatórios. São Paulo: 2013.
9
BRASIL, Código civil (2002), Capítulo III – Das Perdas e Danos, Art.402. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em 16 de outubro de 2020.
23
Outrossim, o artigo 927 do Código Civil pátrio faz alusão aos dispositivos
legais 186 e 187 do mesmo diploma, demonstrando, por via de consequência que,
aquele que deu casa o ato ilícito fica obrigado a repará-lo.
10
FARIAS, Cristiano et al, Curso de direito civil: responsabilidade civil. 4. ed. Salvador. Ed 2011.
Juspodvm.2017.
11
todo e qualquer feito, de um homem, que causa dano a outrem, o obriga, através da culpa que lhe é
atribuída a repará-lo, Farias et al, 2011, p. 64, tradução nossa.
12
A norma ética constitui um “imperativo categórico” kantiano. Trata-se do dever de toda pessoa agir de
acordo com os princípios que ela quer que todo ser humano siga, no caso em tela, concerne ao dever de
reparação a que um indivíduo causa a outro. A previsão legal acerca da reparação de danos personifica o
sentimento de justiça dos seres humanos que subsiste desde as civilizações antigas.
24
O nosso sistema não comporta os punitive damages, prática esta que tem
sido objeto de questionamento, inclusive nos Estados Unidos, onde somas
vultosas são impostas em casos de danos físicos. A Superior Court Judge
Charles W. McCoy Jr., em 2001, condenou o fabricante de cigarros Philip
Morris ao pagamento de cem milhões de dólares a Richard Boeken, de 56
anos, em razão de um câncer no pulmão, diagnosticado após fumar durante
quarenta anos. À luz da dialética hegeliana, o sistema norte-americano atua
como antítese do ordenamento pátrio e vice-versa. Como a antítese tende a
fundir na tese, gerando uma nova realidade – a síntese –, pensamos que o
nosso sistema de responsabilidade civil pode assimilar em parte as punitive
damages e, de igual modo, aquele ordenamento pode ser revisto de acordo
com a nossa experiência, que é também a da família romano-germânica,
evitando-se as exorbitâncias que a atual orientação permite (NADER,
Paulo, 2015, p. 87)
26
"Art. 215. Se um médico trata alguém de uma grave ferida com a lanceta de
bronze e o cura ou se ele abre a alguém uma incisão com a lanceta de bronze
e o olho é salvo, deverá receber dez siclos".
"Art. 218. Se um médico trata alguém de uma grave ferida com a lanceta de
bronze e o mata, ou lhe abre uma incisão com a lanceta de bronze e o olho
fica perdido, dever-se-lhe-á cortar as mãos".
"Art. 219. Se o médico trata o escravo de um liberto de uma ferida grave com
a lanceta de bronze e o mata, deverá dar escravo por escravo.”
13
STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil - doutrina e jurisprudência. 9 ed. t. I e II, São Paulo: RT, 2013.
p. 783
14
Hipócrates é considerado o “pai da medicina”. Exercia o oficio de médico e filosofo. STOCO, Rui. Tratado de
responsabilidade civil - doutrina e jurisprudência. 9 ed. t. I e II, São Paulo: RT, 2013. p.787
27
"Eu juro por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacea, e tomo por
testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu
poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus
pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário
for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos;
ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem
remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das
lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os
discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e
entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei
por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza à perda.
Do mesmo modo, não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.
Conservarei imaculada minha vida e minha arte. Não praticarei a talha,
mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos
que disso cuidam. Em toda casa, aí entrarei para o bem dos doentes,
mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução, sobretudo
dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou
escravizados. Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no
convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar,
eu conservarei inteiramente secreto. Se eu cumprir este juramento com
fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão,
honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o
contrário aconteça".
A medicina passou a ter uma ampliação de seu sentido ético com o corpus
hippocraticum, consiste em sessenta e seis tratados de medicina com conteúdo
relacionado ao corpo humano. Já o juramento de Hipócrates (Nómus), se trata de um
livro de leis para aqueles que se iniciavam nas ciências médicas. Acerca dos tratados
hipocráticos elucida Carlos Garcia Gual16 expert no tema:
15
STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil - doutrina e jurisprudência. 9 ed. t. I e II, São Paulo: RT, 2013. p.
787
16
Gual et al. 1983, p. 10 apud Cairus, 2005, p. 25. Disponível em: < http://books.scielo.org/id/9n2wg/pdf/cairus-
9788575413753-04.pdf>. Acesso em: 20 de outubro.
28
obras nos decênios finais do séc. V a.C e nos primeiros do séc. IV a.c. Ou
seja, de médicos contemporâneos a Hipócrates, senão do próprio Hipócrates
e de seus discípulos mais próximos, da geração imediata.
Com a ruptura do ideal do médico de família, aquele que tratava seus pacientes,
acompanhando-os durante toda a vida, passa-se ao período onde o paciente começa
a figurar como cliente.
17
Disponível em: http://www.ruyrosado.com.br/upload/site_producaointelectual/23.pdf. Acesso em: 20 de
outubro de 2020.
18
BAUMAN, Zugmunt. A cultura no mundo líquido moderno. Ed. Rio de janeiro: Zahar.2013.
29
no mundo hodierno. Hoje tais relações limitam-se a breves encontros do paciente num
consultório médico
O parágrafo único do artigo 927 do Código civil de 2002 diz que: “haverá
obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.
O bem jurídico violado no particular oficio dos médicos recai sobre a vida
humana, à integridade física e psíquica do paciente.
Com relação a classificação do dano, este pode ser de origem moral, material
ou estético.
19
Trata-se de um médico perito na área médica objeto da ação.
31
20
Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2009-abr-20/paciente-direito-informacao-decidir-melhor-
tratamento#:~:text=O%20direito%20ao%20consentimento%20remonta,de%20uma%20fratura%20mal%20con
solidada>. Acesso em: 22 de outubro de 2020.
21
Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702012000300003>.
Acesso em 22 de outubro de 2020.
32
22
Disponível em: <https://www.conexaoparis.com.br/d-pedro-ii-e-o-instituto-pasteur/>. Acesso em: 23 de
outubro de 2020.
23
Disponível em: <http://www.sopterj.com.br/wp-
content/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/1994/n_01/do-acidente-de-lubeck-ao-advento-do-bdg-
recombinante-com-maior-poder-protetor-e-polivalente.pdf >. Acesso em: 23 de outubro de 2020
24
Disponível em:< https://www.zhb.uni-luebeck.de/epubs/ediss1952.pdf>. Acesso em 23 de outubro de 2020.
33
25
Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-80422016000100037>.
Acesso em: 23 de outubro de 2020
26
Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, comumente conhecido como partido Nazista.
27
Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-80422016000300443#B18.
Acesso em: 23 de outubro de 2020.
34
The decision to take legal action was determined not only by the original injury,
but also by insensitive handling and poor communication after the original
incident28
28
Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(94)93062-7/fulltext.
Consultado em: 28 de outubro de 2020.
35
29
Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
72032002000100009&lng=en&nrm=iso#:~:text=Em%201988%2C%20o%20Conselho%20Nacional,n%C3%A3o%
20em%20participar%2C%20livre%20de. Consultado em: 28 de outubro de 2020.
30
Disponível em: https://portal.cfm.org.br/images/Recomendacoes/1_2016.pdf. Consultado em: 28 de
outubro de 2020.
36
“Convém lembrar que não se exige que a culpa do médico seja grave, para
responsabilizá-lo. Para tanto, basta a culpa levíssima, desde que haja o dano.
Esta severidade é ainda maior no tocante aos médicos
especialistas ‘Ao médico que diz ter conhecimento e habilidade especiais
para o tratamento de um órgão ou doença ou ferimentos específicos, é
exigido desempenhar seu dever para com o paciente,
empregando como tal especialista, não meramente o grau normal de
habilidade e cuidado que os médicos de igual posição, que dedicam especial
estudo e atenção ao tratamento de tal órgão, doença ou ferimento,
normalmente possuem, considerando-se o estagio de conhecimento
cientifico àquele tempo.” (Gonçalves R. Carlos apud Angela R. Holder; apud
Wanderby Lacerda Panasco, A responsabilidade civil, penal e ética dos
médicos, Forense, 1979, p.21).
39
Tanto crimes comuns, quanto os próprios podem ser cometidos por médicos,
os primeiros divergem dos segundos, pois podem ser cometidos por qualquer pessoa,
isto é, inexiste exigência de característica especial do sujeito para o seu cometimento,
desta forma, devido a característica de sua profissão, o médico esta propicio ao
cometimento de alguns crimes comuns, quais sejam, lesão corporal culposa,
epigrafada no artigo 129 § 6º do código penal; o delito de omissão de socorro contida
no artigo 135 e o delito de homicídio culposo do artigo. 121 § 3º todos do mesmo
diploma legal.
O médico, além de poder atuar com culpa em sua conduta, também poderá
atuar de forma dolosa (artigo 18. Inciso I do C.P), explique-se melhor, a forma dolosa
existirá quando o médico quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo, o que
diverge da forma culposa, a saber, quando o médico atua com negligência,
imprudência e imperícia (artigo 18, inciso II do supracitado diploma).
40
O poder legislativo cria as leis com sentidos gerais e abstratos com o objetivo
de elevar seu alcance abarcando todos os casos da mesma espécie.
Art.5º, inciso XXXV da Carta magna: “a lei não excluirá da apreciação do poder
judiciário lesão ou ameaça a direito.”
31
Relativo a deontologia, à ciência dos deveres morais, especialmente os deveres inerentes a certas
profissões: médicos, advogados, jornalistas.
32
BRASIL, Lei Federal nº 3.268, de 30 de setembro de 1957. Dispõe sobre os Conselhos de Medicina, e da outras
providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l3268.htm>. Acesso em: 27 de outubro
de 2020.
41
O artigo 5º, letra “e” do supracitado diploma diz que são atribuições do
Conselho Federal de Medicina, entre outras, votar e alterar o código deontológico
médico, isto é, o Código de Ética Médica, ouvidos os Conselhos Regionais.
33
BRASIL, Lei Federal nº 13.105, DE 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo Civil. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm >. Acesso em 27 de outubro de
2020.
42
A realidade dos serviços médicos dos tempos modernos impõe que o paciente
é um sujeito de opiniões e desejos, a conjectura atual faz oposição direta com o
médico de família dos tempos antigos que era uma figura de autoridade em face do
paciente, que, por sua vez, tendia a ter suas opiniões e desejos mitigados no
transcurso das terapêuticas adotadas.
34
SCAFF, Fernando Campos, Direito à saúde no direito privado. São Paulo: Saraiva, 2010. p.24
43
35
esterilização compulsória de deficientes mentais. A ruptura do paradigma vigente
teve origem com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e
proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (resolução 217, A, III), em 10
de dezembro de 1948.
O mundo de 1933 até o final da segunda guerra mundial em 1945 se viu diante
de eventos cataclísmicos com profundo desrespeito pelos direitos humanos que
ocasionariam atos cruéis que ultrajaram a consciência da humanidade. 36
35
Disponível em:<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-80422016000300443>.
Acesso em 27 de outubro de 2020.
36
Disponível em: < https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos>. Acesso em: 27
de outubro de 2020.
44
Posto isso, verifica-se que a boa prática médica deve respeitar as decisões do
paciente, exceto em caso de iminência de morte, pautando-se em seu Código de ética
médica, sob pena de responsabilização civil, criminal e demais sanções dos
Conselhos de Medicina.
10 RESPONSABLIDADE ESTATAL
37
Constituição da República Federativa do Brasil, art. 37, §6º
38
Teoria que confere proteção ao cidadão hipossuficiente ante o Estado administração soberano e
hipersuficiente.
45
39
BRASIL, Lei nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990, Dispões sobre condições para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
Disponível em: < http://conselho.saude.gov.br/legislacao/lei8080.htm>. Acesso em: 29 de outubro de 2020.
40
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
48
41
Disponível: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-67202008000400001&lang=pt.
Acesso em: 03 de novembro de 2020.
42
Disponível em: <https://www.sobracil.org.br/revista/rv010101/artigo04.htm>. Acesso em 03 de novembro de
2020.
43
Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
67202008000400001&lang=pt>. Acesso em: 03 de novembro de 2020.
49
44
Eletrocirurgia na Videolaparoscopia – Riscos e Aspectos Éticos. Recife, 2005. Disponível em:
<https://www.sobracil.org.br/revista/rv030304/rbvc030304_226.pdf >. Acesso em: 04 de dezembro de 2020.
45
Complicações do Acesso Abdominal e do Pneumoperitônio em Cirurgia Laparoscópica - Causas, Prevenção &
Tratamento. São Paulo, 2003, Disponível em: <https://www.sobracil.org.br/revista/rv010101/artigo04.htm>.
Acesso em: 03 de novembro de 2020.
50
46
CAMPOS FGCM, ROLL S - Complicações do acesso
abdominal e do pneumoperitônio em cirurgia laparoscópica. Causas, prevenção e tratamento. São Paulo, 2003.
Disponível em: https://www.sobracil.org.br/revista/rv010101/artigo04.htm. Consultado em: 04 de novembro de
2020.
47
Ibidem, p.21-28
51
48
CAMPOS FGCM, ROLL S - Complicações do acesso
abdominal e do pneumoperitônio em cirurgia laparoscópica. Causas, prevenção e tratamento. São Paulo,
2003. Disponível em:< https://www.sobracil.org.br/revista/rv010101/artigo04.htm>. Acesso em: 04 de
novembro de 2020.
52
49
CAMPOS FGCM, ROLL S - Complicações do acesso
abdominal e do pneumoperitônio em cirurgia laparoscópica. Causas, prevenção e tratamento. São Paulo,
2003. Disponível em: < https://www.sobracil.org.br/revista/rv010101/artigo04.htm>. Acesso em: 04 de
novembro de 2020.
53
50
Ibidem, p.21-28
51
Abertura cirúrgica do abdômen para fins diagnósticos.
54
52
TRINDADE, Manoel Roberto et al, Eletrocirurgia: sistemas mono e bipolar em cirurgia videolaparoscópica.
São Paulo, 1998. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
86501998000300010>. Acesso em: 05 de novembro de 2020.
56
12 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BRASIL, Código Civil (2002). Brasília, DF: Senado Federal. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 16
de outubro de 2020.
<https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/6241/1/Luis%20Fernando%20de%20Lima%
20Carvalho.pdf >. Acesso em: 24 de outubro de 2020.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 26. ed. São Paulo: Saraiva,
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