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Portfólio - Março

David Uchoa Cavalcante

III
A terapia gênica é uma estratégia que usa técnicas de engenharia genética para tratar doenças. A
primeira delas foi o desenvolvimento da tecnologia de DNA recombinante na década de 60, em
seguida, outras vieram, como os vetores virais. Mais de 1900 estudos clínicos foram conduzidos
desde a década de 90. O DNA é inserido ao acaso no genoma do hospedeiro usando técnicas
convencionais. Há novas tecnologias que induzem modi cação do genoma em um sítio alvo
especí co como Zinc- nger nucleases (ZFN), Transcription activator-like e ector nucleases
(TALEN) e clustered regularly interspaced palindromic repeats (CRISPR/Cas9)

Na década de 1960, já houve a tentativa de terapia gênica através da infecção deliberada com
vírus que acreditavam conter um gene para a arginase e que poderiam transferir esse material
para células humanas de pacientes com de ciência de arginase, porém o experimento foi um
fracasso e levantou preocupações éticas importantes.

Na década de 80 ocorriam tentativas envolvendo métodos não virais, como microinjeções e


precipitação por cálcio-fosfato, porém eram métodos que levavam a baixos níveis de expressão
gênica. Ocorreram também casos em que houve aprovação do FDA, como em uma paciente com
de ciência de adenosina deaminase em que o gene responsável pela enzima foi colocado em um
vetor retroviral e inserido então nos leucócitos de uma paciente que teve melhora temporária de
sua condição.

Houve um caso em 1999 em que em um teste clínico para terapia de de ciência de ornitina
transcarbamilase (OTC) testou-se um vetor adenoviral recombinante para inserir o gene no
paciente. Porém, isso induziu uma desregulação de citoquinas e levou à morte do paciente.
Ocorreram casos de leucemia de células T em pacientes que receberam terapia para
imunode ciência combinada grave em que houve ativação de oncogenes a partir da inserção dos
vetores virais.

Um dos mecanismos mais comuns de terapias gênicas envolve o uso de vetores virais de
adenovirus, como em terapias que se mostraram e cazes para amaurose congênita de leber e
para de ciência de lipoproteína lipase. Já foram aprovados tratamentos nos EUA e na Europa
para ambas as doenças e são realizados testes clínicos para muitas outras.

Os retrovirus são importantes vetores na terapia gênica. O efeito deles depende bastante da fase
do ciclo celular em que a célula alvo se encontra. É interessante pensar também que pode-se
tentar desenhar vetores mais especí cos a partir da manipulação da proteína da superfície dos
vírus. Os lentivirus são uma classe especí ca que inclui o HIV que consegue infectar células que
não estão se replicando. Já conseguiu-se utilizá-los no tratamento da adrenoleucodistro a ligada
ao X sem ativação de oncogenes.

Há também muitos estudos visando o tratamento de tumores malignos. O diferencial está


também na lógica por trás dos genes inseridos nas células tumorais — São genes que devem
levar à morte celular de linhagens tumorais. Já se utilizou estratégias assim para o tratamento de
gliomas malignos através de injeção intratumoral guiada por estereotaxia de broblastos de ratos
produzindo um retrovirus não replicante com um gene que promovia apoptose. Já foram
utilizadas estratégias diferentes para tratar gliomas, incluindo genes que promovem apoptose,
outros que regulam citocinas e ainda alguns que reprogramam oncogenes (P53 e PTEN)

Outra forma de administrar a terapia gênica envolve o uso de células tronco, como células tronco
neuronais em conjunto com vetores retrovirais para melhorar a capacidade de atingir o tecido
alvo.

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Novas tecnologias para alterar o material genético em sítios alvos estão surgindo, como as
nucleases (“tesouras moleculares”), que reconhecem DNA alvo e são capazes de promover a
edição desse material de diversas formas

Os ZFNs são uma fusão do domínio de clivagem de DNA não especí co da endonuclease de
restrição FOK1 com as proteínas zinc- nger que levam a quebras de dupla ta. É difícil, porém,
desenhar essas proteínas de maneira especí ca

Os TALENs são fusão do mesmo domínio de clivagem FOK1 com domínios ligantes a DNA
derivados de proteínas TALE. Estas possuem múltiplas repetições de 33 a 35 aminoácidos que
reconhecem um par de base, levando à ruptura de dupla ta

O sistema CRISPR/Ca9 consiste na nuclease Cas9 e dois RNAs (CRISPR RNA e trans-activating
CRISPR RNA) o complexo de RNAs induzem a Cas9 a clivar o DNA upstream de uma sequência
“protospacer-adjacent motif”

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Com todas essas ferramentas há preocupação que elas possam atuar em sítios diferentes dos
originalmente pensados, assim, faz-se importante desenhar sítios de atuação únicos, sem
sequências homólogas ou aproximadamente homólogas. Foram desenvolvidas outras variantes
do CRISPR/Cas9 para ter como alvo regiões mais especí cas.

As estratégias para usar as terapias gênicas podem ser tanto in vivo quanto ex vivo. As primeiras
envolvem vetores contendo os genes terapêuticos, para que a modi cação genica possa ocorrer
in situ. No caso ex vivo, as células alvo são extraídas e então editadas in vitro, para então serem
reinseridas por transplante autólogo ou alogênico após avaliar efeitos fora do alvo.

Com a edição gênica estão sendo produzidas melhoras na imunoterapia para o câncer, por
exemplo com a edição genética de células T com receptores sintéticos que expressam epítopos
especí cos para as células tumorais.

Os avanços também envolvem as tecnologias para servirem de vetores paras os genes. Além de
vírus, também nanopartículas (o que lembra as nanopartículas da tecnologia de RNA mensageiro
utilizada nas vacinas para COVID) e também ribossomos.

Referências

Tamura R, Toda M. Historic Overview of Genetic Engineering Technologies for Human Gene
Therapy. Neurol Med Chir (Tokyo). 2020;60(10):483-491. doi:10.2176/nmc.ra.2020-0049

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