A resistência de plantas em relação ao princípio ativo dos herbicidas é caracterizada
como um processo evolutivo aonde plantas de uma população fisiologicamente resistentes são selecionadas em uma área e que por sua vez compartilham seus respectivos genes de resistência à sua prole. A utilização em grande escala de herbicidas, bem como outros agroquímicos tóxicos, seja por motivos socioeconômicos ou a facilidade do uso, é uma perturbação para organismos indesejados, nesse caso, às plantas daninhas, tornando-se um fator de pressão seletiva que elimina os indivíduos susceptíveis, ou seja, aqueles que sofrem danos suficientes para afetar seu desenvolvimento, mas não afeta os indivíduos tolerantes. Essa pressão seletiva aumenta a frequência dos indivíduos resistentes na população quando o mesmo mecanismo de ação é aplicado. Dessa forma entende-se que o princípio ativo do herbicida é um fator que seleciona os indivíduos que espontaneamente adquiriram genes resistentes, o que conduz a um rápido desenvolvimento de biótipos resistentes dentro da população. Segundo Kissmann (1996), “todas as populações de plantas daninhas, independente da aplicação de qualquer produto, provavelmente contem biótipos que são resistentes a herbicidas”. O primeiro caso relatado de resistência ocorreu em 1957 aonde plantas de Commelina difusa apresentaram resistência a herbicidas mimetizadores de auxina (Kissman, 996). Dentro deste contexto, existem pelo menos 352 biótipos de plantas daninhas resistentes em 400 mil locais do mundo, distribuídos entre 196 espécies; 107 espécies resistentes aos inibidores da acetolactado sintase, 39 reistentes aos inibidores da acetil coenzima-A e 21 reistentes aos inibidores da enol-piruvil-shiquimato-fosfato sintase (Heap, 2011). Segundo Maxwell & Mortimer (1994), o surgimento da resistência a herbicidas pode ser identificado a campo, geralmente, quando pelo menos 30% das plantas mostram-se resistentes. Tendo em vista os mecanismos que podem explicar o surgimento de organismos resistentes pode-se citar três, são estes alteração do local de ação, aumento na capacidade de metabolização do herbicida e Compartimentalização. O estabelecimento da resistência está ligado com a alta densidade de infestação das plantas daninhas, frequência do alelo resistente e a taxa de cruzamento entre biótipos resistentes e susceptíveis, portanto, quanto maior esses índices, maior é a probabilidade de desenvolvimento de descendentes resistentes. Apesar da seleção de biótipos resistentes ocorrer em todas as classes de herbicidas, os mais específicos como os inibidores da ALS, ACCase e do grupo das triazinas apresentam um número de relatos de seleção de populações resistentes muito maior que os inibidores da PROTOX. Isso de dá pela menor pressão seletiva pois possuem uma ação menos específica, selecionando indivíduos resistentes num ritmo mais retardado se comparados aos herbicidas de ação mais específica. As características que oportunizam maior pressão de seleção vêm de herbicidas com maior ação residual, isto é, o tempo em que um produto químico ou biológico mantém seu princípio ativo como protetor ou defensivo no ambiente, aplicados repetitivamente em elevadas doses e com alta eficiência (Christoffoleti & López-Ovejero, 2004). Esse comportamento tende a controlar a maior parte ou toda a população susceptível, fazendo com que apenas as plantas resistentes se multipliquem. Dessa forma, é possível retardar o aparecimento de biótipos resistes com a manutenção de um banco de sementes diversificado no solo (Christoffoleti et al., 2000).