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A genética molecular na
análise forense e no estudo da
biologia das espécies
Termos
Análise de distribuição das A genética molecular contribui para a conservação ajudando na
diferenças, árvores gênicas, detecção da caça ilegal e na resolução de importantes aspectos
biparental, clado, coalescência, da biologia das espécies. As análises de coalescência e as árvores
endocruzamento, filogeografia, gênicas são ferramentas importantes para o entendimento de
forense, haplótipos, redes de muitos desses fatores.
haplótipos, teoria da neutralidade,
teste de atribuição, varredura
seletiva
norte
O marsupial criticamente em sul
alelos
para fins “científicos”, e a carne estaria sendo vendida para consumo humano. A
suspeita surgiu quando espécies protegidas estavam sendo comercializadas como se
fossem as espécies que poderiam ser caçadas legalmente. A pedido do Earthtrust,
Baker & Palumbi desenvolveram um sistema para monitorar o comércio utilizando
seqüências de DNAmt e PCR. Seus protocolos distinguiram com confiança uma
variedade de espécies de baleias umas das outras e de golfinhos.
Amostras de produtos de derivados de baleias foram posteriormente
compradas em mercados varejistas no Japão e na Coréia. Para evitar a possibilidade
de violar as leis que controlam o transporte de espécies ameaçadas, Baker &
Palumbi estabeleceram, no quarto de hotel, um laboratório portátil para realização
de PCR e amplificaram o DNAmt das amostras. Os DNAs amplificados foram
levados de volta para serem seqüenciados em seus laboratórios na Nova Zelândia
e nos EUA.
Os resultados das primeiras 16 amostras são mostrados na figura abaixo. Eles
foram incluídos numa árvore filogenética de DNAmt com amostras conhecidas de
baleias e golfinhos. Nove amostras próximas do topo da árvore são indistinguíveis
em relação às amostras conhecidas de baleias minke, representando carne
adquirida legalmente para fins “científicos”. Entretanto, a amostra 19b era de
jubarte e as amostras 41, 3, 11 e WS4 eram de baleias fin, ambas protegidas por
lei. Os consumidores estavam sendo enganados, dado que as amostras 16, 13 e 28
eram de botos e golfinhos.
Baleia Minke
Minke
Amostra #19a
Amostra WS3
Amostra #9
Amostra #15
Amostra #29
Amostra #30
Amostra #36
Amostra #6
Minke
Amostra #18
Amostra #19b
Jubarte
Jubarte
Cinza
Cinza
Azul
Azul
Amostra #41
Amostra #3
Amostra #11
Amostra WS4
Fin
Fin
Sei
Sei
Baleia de Bryde
Bowhead
Bowhead
Right
Right anã
Sperm
Baleia Sperm anã
Amostra #16
Boto-do-porto
Amostra #13
Amostra #28
Golfinho de Hector
Golfinho de Commerson
Baleia assassina
ENTENDER A BIOLOGIA DE UMA ESPÉCIE É FUNDAMENTAL PARA SUA CONSERVAÇÃO 175
Por volta de 1999, 954 amostras de “carne de baleia” foram compradas no Japão
e na Coréia e analisadas por grupos científicos. Destas, 773 eram de baleias, sendo
aproximadamente 9% de baleias azuis, jubartes, fin e baleias de Bryde, todas
protegidas. As amostras que não eram de baleias incluíram golfinhos, botos, ovelhas
e cavalos. A possibilidade de que a carne de espécies protegidas tenha sido originada
de estoques congelados coletados antes da proibição da caça não pode ser excluída,
mas isto não se aplica à carne fresca. Isto levou a um controle mais restritivo sobre
a distribuição da carne de baleia coletada para fins científicos e demonstrou a
necessidade de que as baleias capturadas legalmente e a carne estocada sejam
geneticamente identificadas para que a distribuição seja monitorada.
Tabela 9.1 |
Aplicabilidade dos métodos disponíveis para a caracterização genética de indivíduos e
populações. Técnicas com + podem ser utilizadas para o propósito especificado, vários + indicam que a
técnica tem grande utilidade, ? são casos em que a técnica é valiosa apenas ocasionalmente, enquanto –
indica que a técnica não é usual no referido contexto
Tema Morfologia Cromossomos DNAmt RAPD fingerprint Microssatélites
de DNA
Amostragem não-invasiva – – – +++ ++ – +++
Análise forense – – + +++ ++ +++ +++
Tamanho populacional + – – +++* + ? ++
Estimativa de Ne – – ++ ++* – ? +++
Histórico demográfico – – – ++* – ? +
Detecção e datação de – – ++ ++* ++ ? +++
gargalos
Detecção de seleção + + + +++ + ++ +++
Migração e fluxo gênico ? – ++ +* ++ ++ +++
Identificação e + – – ++ + – +++
rastreamento de
indivíduos
Estruturação populacional ? – ++ +? ++ ++ +++
Filogeografia – – – +++ – – +++
Populações fonte para +? – ++ + ++ +++ +++
a recuperação de
espécies ameaçadas
Introgressão + + ++ +* ++ ++ +++
Contato secundário – – – +++ – + +++
Status taxonômico + +++ ++ ++ +++ +++ +++
Locais para reintrodução – – – + + – +++
Populações para +? – ++ + ++ +++ +++
reintrodução
Sistemas reprodutivos – – ++ – + ? +++
Paternidade – – + – + +++ +++
Parentesco entre os – – ? – +++ +++ ++
fundadores
Fonte de novos +? – ++ + ++ +++ +++
fundadores para
populações ameaçadas
Sexagem de animais ? +++ – – – ? +
Detecção de doenças – – – ++? ++ ++ +
Dieta – – – +++ ++ ++ ++
* Pode detectar apenas a contribuição das fêmeas.
Coalescência é a análise de
(Capítulos 2 e 4). Os métodos de coalescência trabalham voltando no distribuição e diferenças entre
tempo e permitem que dimensões de tempo (gerações) sejam adicio- seqüências de DNA alélicas e os
nadas às análises. Conseqüentemente, elas são mais poderosas que as eventos e intervalo de tempo
análises convencionais que usam apenas distribuições atuais e padrões envolvidos no desenvolvimento
dessas seqüências
de diferenças de seqüências de DNA.
178 A GENÉTICA MOLECULAR NA ANÁLISE FORENSE E NO ESTUDO DA BIOLOGIA DAS ESPÉCIES
A1 A1 A1 A1 A1 A1 A1 A2 A2 A2 A2 A2 A2 A2
Tempo
Fig. 9.1 Árvores gênicas e coalescência: uma possível história de descendência das
seqüências de DNA de uma população que teve início no tempo 0 (topo da figura) com
14 cópias que representam dois alelos. Algumas seqüências deixam uma ou mais cópias
na geração subseqüente, enquanto outras se tornam extintas. As seqüências presentes
na parte inferior da figura são todas descendentes (coalescem em) de uma única cópia
ancestral do alelo A1 (esta linhagem é representada pelas linhas mais escuras da figura). Se
a falha das seqüências ancestrais para gerar descendentes for ao acaso, as seqüências da
parte inferior poderiam ter se originado de qualquer outra cópia ancestral da geração 0
com igual probabilidade (Futuyma 1998).
ÁRVORES GÊNICAS E COALESCÊNCIA 179
4 Ne
Tk = gerações (9.1)
k(k – 1)
T4 E(T4) = 2Ne/6
Presente
T5 E(T5) = 2Ne/10
1 2 3 4 5
Alelos amostrados
(a) Neutralidade (b) Seleção (c) Seleção Fig. 9.3 Árvores gênicas
balanceadora direcional mostrando os padrões de
coalescência para (a) neutralidade,
(b) seleção balanceadora, (c)
seleção direcional (varredura
seletiva), (d) gargalos populacionais,
(e) isolamento geográfico, e (f )
migração.
Populações A B A B
Histórico demográfico
A distribuição das diferenças A distribuição do número de diferenças dos pares de seqüências dos
entre as seqüências dos pares alelos (análise de distribuição das diferenças = mismatch analysis) apre-
de alelos pode ser utilizada senta formas características para populações com diferentes históricos
para identificar populações que demográficos (Fig. 9.4). Populações estáveis produzem distribuições ge-
apresentam tamanho estável, ométricas (Fig. 9.4a), enquanto espera-se que o crescimento exponen-
populações em expansão e cial gere uma suave distribuição unimodal (Fig. 9.4b). Gargalos podem
populações que tenham passado produzir uma distribuição próxima de zero ou uma distribuição bimo-
por gargalos dal, dependendo se o gargalo apenas reduziu a diversidade genética
ou a eliminou totalmente (de maneira que a diversidade represente
mutações a partir daquele ponto) (Fig. 9.4c). O contato secundário de
populações a partir de um longo período de isolamento produz uma
distribuição bimodal (Fig. 9.4d). Humanos exibem uma distribuição
unimodal característica de crescimento exponencial, o que está de
acordo com a história conhecida do homem.
Fig. 9.4 Distribuição das (c) Gargalo populacional (d) Contrato secundário
diferenças dos pares de seqüências
de alelos em populações com
diferentes históricos (Avise 2000).
(a) População com tamanho
estável, (b) população com
crescimento exponencial, (c)
população sujeita a gargalo recente
e (d) contato secundário e fusão. Distribuição das diferenças
TAMANHO POPULACIONAL E HISTÓRICO DEMOGRÁFICO 183
SP
MT
GC
IL
ML
WNSSW
CB
NC
SP
MT
SZ
SG
GC BR
WNSSW NC SR
IL
KI
FI
ML
PI
CB
KI
BR TB
SR SZ
PI FI SG
0,1
0
0 0,4 0,8 1,2
Divergência do DNAmt (%)
(a) Búfalo
27 0 20 16 19
4 0 16 26 0 28 0 1
3
2 9 14 0 13 10 0 16 0 15
12 0 5 21 6 7 0
17 18 25 0 0 0 0 11
0
22 0 0 0 0 0 0 0 0 23 0 0 24
(b) Impala
16
14 13 15 12 21 0 21
11 0 5 10 0 0
8 1 6 0 0 4 3 2 0 0 25 17 18 23 0 19
9 7 20 24
Haplótipo encontrado
somente em Chobe
Fig. 9.7 Redes de haplótipos de DNAmt para o búfalo e para o impala (Templeton
1998). Cada linha da rede representa uma única mudança mutacional. 0 indica um
nó na rede que foi ausente na amostragem. Esses nós são inferidos como sendo os
intermediários entre os dois haplótipos visinhos mais próximos que diferem por duas
ou mais mutações. Os números dos haplótipos são aqueles apresentados na referência
original. Os haplótipos de Chobe, a população mais isolada e localizada mais ao sul, são
altamente agrupados para os impala, mas dispersos na rede dos búfalos.
FLUXO GÊNICO E ESTRUTURAÇÃO POPULACIONAL 187
Colônias
Praias de desova
BBBBBBBBBBBBB
BBBBBBBBBBCCC Área de alimentação
AABBBBBBBBBBB
BBBBBBBCCCCCC
Praias de desova
AAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAA
REINTRODUÇÃO E TRANSLOCAÇÃO 189
A detecção de imigrantes
A dispersão dos indivíduos pode ser identificada através de seus ge- Indivíduos imigrantes podem
nótipos de múltiplos locos de microssatélites (teste de atribuição). ser identificados a partir de seus
Baseado em seu genótipo, um indivíduo é atribuído à população com genótipos multiloco através dos
a qual ele tem maior similaridade. Se ele é atribuído a uma população testes de atribuição
que não seja aquela onde foi coletado, presume-se que seja um imi-
grante. Por exemplo, se todos os indivíduos nas áreas geográficas A e B
apresentam os genótipos A1A1B1B1C1C1D1D1 e A2A2B2B2C2C2D2D2, respec-
tivamente, um indivíduo na região B com o primeiro genótipo deve ser
um migrante. Um princípio idêntico se aplica quando as populações
diferem em vários locos quanto às freqüências alélicas ou genotípicas.
No entanto, os cálculos computacionais são mais complexos. Os testes
de atribuição também podem ser utilizados para detectar hibridações
e relações taxonômicas, como tem sido feito com os lobos vermelhos e
os lobos Algonquin.
Padrões filogeográficos
Em um número surpreendente de espécies, os padrões de divergência
Eventos climáticos ou geológicos
das seqüências de DNA são concordantes com as regiões geográficas passados devem afetar diversas
(filogeografia). Por exemplo, o peixe Centropristis striata, a ave Ammo- espécies de maneira similar
dramus maritimus, o caranguejo ferradura Limmulus polyphemus, a ostra
americana e os besouros tigre que se encontram ao longo da costa
atlântica dos EUA apresentam haplótipos de DNAmt diferentes daque-
les encontrados nas mesmas espécies no Golfo do México, áreas estas
que são separadas pela península da Flórida. Estas distribuições não
eram reconhecidas anteriormente, e não foram causadas pela geogra-
fia atual. Estes padrões aparentemente refletem a separação das po-
pulações por eventos geológicos maiores, eventos climáticos passados
ou alterações nos habitats causadas por mudanças climáticas. Muitos
outros casos de padrões filogeográficos concordantes em táxons distin-
tos têm sido encontrados nos EUA, incluindo peixes de água doce em
rios que correm para o leste vs. oeste, na região sudeste. Similarmente,
quatro espécies de aves e uma de réptil apresentam grandes diferenças
genéticas entre as regiões de florestas chuvosas do norte e do sul de
Cairns, no noroeste da Austrália. Embora esta região tenha atualmente
habitats contínuos de floresta chuvosa, presume-se que a diferenciação
reflita contrações e expansões passadas da floresta que levaram a lon-
gos períodos de isolamento entre as duas áreas. Padrões concordantes
entre espécies pouco relacionadas reforçam as inferências, as quais
teriam pouco suporte com dados de espécies individuais.
Sistemas reprodutivos
As plantas apresentam diversos tipos de sistemas reprodutivos, que
Sistemas reprodutivos e
padrões de acasalamento vão desde a fecundação biparental até a autofecundação e a reprodu-
podem ser identificados através ção clonal. Algumas pequenas populações de plantas podem mudar
da genotipagem de múltiplos de fecundação biparental para autofecundação. Além disso, algumas
locos das mães e dos seus espécies de peixes, lagartos e insetos são partenogenéticas ou autofe-
descendentes cundantes. Dado que espécies com diferentes sistemas reprodutivos
geralmente requerem diferentes estratégias de manejo, é crucial que o
sistema reprodutivo de cada espécie ameaçada seja definido.
Os sistemas reprodutivos podem ser determinados através da
genotipagem das mães e de seus descendentes (Tabela 9.2). Se todos
os descendentes contêm o mesmo genótipo da mãe a reprodução é
assexuada (incluindo a partenogênese ameiótica). Por outro lado, se
a prole contém apenas alelos presentes na mãe, mas existe uma di-
versidade de genótipos, eles são resultantes de autofecundação. Proles
SISTEMAS REPRODUTIVOS, TESTES DE PATERNIDADE, ANÁLISES DE PARENTESCO DOS FUNDADORES E SEXAGEM 191
Fig. 9.10 Reprodução clonal no arbusto em perigo Malacothamnus fasciculatus (Fritsch &
Rieseberg 1996). Análises de RAPD de 18 plantas diferentes da população NS(II) (linhas
2-19) e um indivíduo da população NS(I) (seta). Linha I é um marcador de tamanho de
DNA (M). Todos os arbustos da população NS(II) são idênticos (clones) e diferem da planta da
população NS(I).
Paternidade
As informações sobre as paternidades são essenciais para o estudo do
Múltiplos marcadores de DNA
impacto do endocruzamento, para a verificação das genealogias utili-
podem ser utilizados para
zadas no manejo genético de espécies ameaçadas e para a determina- se identificar paternidades e
ção o tamanho efetivo das populações (Capítulo 4). Apenas raramente a maternidades
paternidade pode ser determinada por observações comportamentais
diretas. Por exemplo, as fêmeas de chimpanzés copulam com muitos
machos durante seus períodos férteis. As informações de marcadores
genéticos da mãe, filhote e potenciais pais podem ser utilizadas para
resolver essas incertezas.
Se um alelo derivado paternalmente na prole não está presente
no pai suspeito, este macho pode ser excluído como potencial pai (a
menos que uma nova mutação tenha ocorrido). Se muitos locos são
utilizados, as atribuições positivas da paternidade podem ser feitas
com altas probabilidades. Fingerprints de DNA e análises de múltiplos
locos microssatélites são os marcadores mais adequados. A Fig. 9.11
ilustra a determinação da paternidade em gansos da neve, baseadas
em 14 locos nucleares de RFLP. Em vários locos, o genótipo do filhote 4
não pode ser derivado do genótipo dos potenciais (candidatos) pais por
herança mendeliana. A presença do alelo 3 no loco A excluiu um ou
outro potencial parental, dado que ambos são homozigotos (22) para o
alelo 2. Similarmente, o filhote 4 possui o alelo 2 no loco G, e este alelo
é ausente em ambos os potenciais parentais. Os locos M e N excluíram
o potencial pai, dado que ele não tem o alelo 1. C exclui ambos os pa-
rentais, uma vez que o filhote 4 carrega alelos não presentes em ambos
os potenciais parentais.
As determinações da paternidade utilizando-se locos de microssa-
télites em chimpanzés de cativeiro revelaram que o macho dominante
da colônia foi responsável pela produção da maioria, mas não de todos
os filhotes. Conseqüentemente, a necessidade de se trocar animais en-
tre zoológicos para minimizar o endocruzamento e a perda de diver-
sidade genética é maior do que em situações em que muitos machos
contribuem com a paternidade, mas é menor do que em situações em
que um único macho dominante é o pai de todos os filhotes. Dado
que as tartarugas se acasalam no mar e indivíduos nadando são mui-
to difíceis de serem identificados, seus padrões de acasalamento são
impossíveis de serem observados diretamente. Análises de aloenzimas
e de microssatélites das ninhadas da tartaruga Caretta caretta demons-
traram que as fêmeas se acasalaram com vários machos.
Mesmo nas espécies em que extensas observações comportamentais
foram feitas, as análises de marcadores genéticos têm freqüentemente
revelado padrões inesperados de acasalamento. Por exemplo, acredi-
tava-se que a ave Malurus splendens, do oeste da Austrália, apresentava
194 A GENÉTICA MOLECULAR NA ANÁLISE FORENSE E NO ESTUDO DA BIOLOGIA DAS ESPÉCIES
Loco de RFLP
A B C D E F G H I J K L M N
Pai potencial 22 22 23 12 11 11 14 22 12 12 12 12 22 22
Mãe potencial 22 22 22 11 11 11 13 12 22 11 11 12 12 12
Filhote 1 22 22 22 12 11 11 11 12 12 11 12 11 12 12
Filhote 2 22 22 22 11 11 11 34 22 22 12 12 12 22 22
Filhote 3 22 22 22 12 11 11 13 22 12 11 11 22 22 22
Filhote 4 23 22 11 11 11 11 12 12 12 11 11 11 11 11
Sexagem de animais
Machos e fêmeas de muitas espécies de aves e répteis são morfologica-
Aves e mamíferos podem
mente indistinguíveis. Estes devem ser sexados antes do pareamento, ser sexados utilizando-
dado que vários casos de casais de aves inférteis presentes em zoológi- se marcadores genéticos
cos revelaram ser aves do mesmo sexo. dos cromossomos sexuais
heterogaméticos
cão
1,0
Coiotes Lobos mexicanos
Dimensão 1
N. Quebec
Denali
Alberta Lobos cinza
–1,0
–2 –1 0 1 2
Dimensão 2 lobo
Fig. 9.12 As populações não certificadas são lobos mexicanos puros? Uma escala
multidimensional dos dados de freqüência de alelos de 20 locos de microssatélites
genotipados em populações de lobos mexicanos, coiotes, cães domésticos e lobos
cinzentos (Hedrick et al. 1997). A população certificada é uma população de lobos
mexicanos previamente reconhecida como sendo pura, enquanto as populações de
Aragon e Ghost Ranch apresentam status questionável. Diferentes populações de coiotes
e de lobos cinzentos são indicadas por estado ou província. As populações de Aragon e
de Ghost Ranch se agruparam com a certificada compondo um grupo distinto em relação
aos outros canídeos, indicando que são lobos mexicanos puros.
196 A GENÉTICA MOLECULAR NA ANÁLISE FORENSE E NO ESTUDO DA BIOLOGIA DAS ESPÉCIES
Uma vez que as fêmeas dos mamíferos tipicamente apresentam Os mamíferos podem ser
os cromossomos XX e os machos XY, o sexo pode ser determinado sexados utilizando-se os
utilizando-se métodos moleculares que detectam locos específicos do marcadores genéticos do
cromossomo Y. Por exemplo, os ursos pardos dos Pirineus livres foram cromossomo Y
sexados a partir de amostras de fezes e pêlos encontradas no campo,
utilizando-se da amplificação por PCR de um loco Y-específico. De ma-
neira similar, métodos moleculares têm sido desenvolvidos para sexar
cetáceos a partir de amostras de biópsia de pele.
Doenças
A presença de infecções nos animais é algo crítico para a identificação Os métodos moleculares
de causas de declínio populacional e para a escolha de candidatos para oferecem maneiras para se
translocação ou reintrodução. Métodos baseados em PCR propiciam detectar e investigar a biologia
uma maneira rápida, confiável e altamente sensível para a detecção de organismos patogênicos
de agentes infecciosos. Por exemplo, o PCR tem sido usado no estudo e delinear as fontes de novas
da Malária nas aves do Havaí, uma das duas doenças que acredita-se doenças
ser o principal fator que contribui com o declínio das aves havaia-
nas. Habitats de grandes altitudes, considerados livres dos mosquitos
transmissores de Malária, têm sido preservados para a conservação de
espécies em perigo de aves florestais. No entanto, a Malária tem sido
identificada no sangue de aves de habitats de grandes elevações em
Maui e Hawaii, indicando que estas áreas não são tão seguras quanto
se acreditava ser. Reservatórios da doença também foram encontrados
em espécies de aves introduzidas em habitats de baixa elevação.
Árvores gênicas baseadas em seqüências de DNA têm sido aplicadas
na determinação da fonte de novas doenças. Foi verificado que o HIV-1,
um dos vírus que causam AIDS nos humanos, é o vírus mais proxi-
mamente aparentado do vírus SIV, dos chimpanzés, enquanto o HIV-2
se originou de um vírus presente nos macacos Cercocebus atys. Simi-
larmente, verificou-se que um vírus que causou uma epidemia e alta
mortalidade nos leões africanos do Serengueti em 1994 era a cinomose
canina, que provavelmente saltou dos cães locais para o novo hospe-
deiro. A recomendação feita foi a vacinação dos cães locais contra a
cinomose para minimizar os riscos da epidemia se repetir nos leões e,
especialmente, em outros carnívoros raros. Análises de genética mole-
cular também têm sido usadas na identificação da fonte de doenças de
plantas introduzidas na Austrália e em outras localidades.
Dieta
É difícil se determinar a dieta de espécies noturnas ou arredias através
de observação direta. Itens alimentares podem ser identificados nas
fezes através do uso de PCR com primers específicos de itens alimenta-
res potenciais. Isso foi aplicado em ursos, quando a planta Photinia foi
identificada como um item alimentar.
O papel dos predadores no declínio de espécies ameaçadas também
tem sido avaliado através de amplificações baseadas em PCR e genoti-
pagem. A genotipagem de microssatélites de conteúdos estomacais da Urso
198 A GENÉTICA MOLECULAR NA ANÁLISE FORENSE E NO ESTUDO DA BIOLOGIA DAS ESPÉCIES
Reações de PCR com primers gaivota Larus hyperboreus, no Alasca, revelaram que elas estavam pre-
específicos de potenciais dando os gansos imperadores, Chen canagica, mas não o pato ameaçado
itens alimentares podem ser Somateria fischeri.
utilizados para se determinar
a dieta a partir de conteúdos LEITURAS SUGERIDAS
estomacais ou de fezes Frankham, R., J. D. Ballou & D. A. Briscoe. 2002. Introduction to Conservation
Genetics. Cambridge University Press, Cambridge, UK. Capítulo 19
oferece um tratamento um pouco mais extenso sobre estes tópicos,
mais referências.
Avise, J. C. 1994. Molecular Markers, Natural History and Evolution. Chapman
& Hall, New York. Trata do uso de técnicas de genética molecular para
o entendimento da biologia das espécies.
Avise, J. C. 2000. Phylogeography: The History and Formation of Species.
Harvard University Press, Cambridge, MA. É um excelente livro
texto sobre coalescência e filogeografia, do fundador desta linha de
pesquisa.
Avise, J. C. & J. L. Hamrick. (eds.) 1996. Conservation Genetics: Case Histories
from Nature. Chapman & Hall, New York. Revisões científicas contendo
exemplos do uso de marcadores genéticos para o entendimento da
biologia das espécies.
Hoelzel, A. R. (ed.) 1998. Molecular Genetic Analysis: A Practical Approach,
2nd edn. Oxford University Press, Oxford, UK. Um livro editado
com detalhes técnicos e estudos de caso sobre o uso dos métodos de
genética molecular para esclarecer aspectos da biologia das espécies.
Smith, T. B. & R. K. Wayne. (eds.) 1996. Molecular Genetic Approaches in
Conservation. Oxford University Press, New York. Este livro contém
muitos detalhes técnicos e muitos exemplos do uso de análises de
genética molecular no entendimento da biologia das espécies.
Sunnucks, P. 2000. Efficient markers for population biology. Trends in
Ecology and Evolution 15, 199-203. Uma revisão recente sobre o uso
de métodos de genética molecular na biologia de populações e na
conservação.