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Discente: Felipe Gustavo Silva e Gabriel Souza Freitas

Matrícula: M051.122.004; M051.122.006


Disciplina: Percepção ambiental nas práticas para as cidades (TCA10035)

Seminário Interno I

Evidentemente, a forma como o homem submete os recursos naturais e como


subordina os diferentes do padrão que este sugere ser dominante, demonstra a influência
que a exploração advinda do surgimento da ordem econômica da burguesia, deve ser vista
com olhar crítico. Retomando aqui o que foi exposto por Carlos Walter (2006), o poder do
capital tornou a degradação muito mais antropofágica, de certo modo, maior que na Idade
das Trevas, não sendo aqui complacente à Idade Média. O autor aborda a relação entre os
sujeitos (homem-homem) e sujeito e objeto (homem-natureza) citando a técnica e a ciência
como ferramentas do progresso para dominação do seu entorno, tanto da natureza, quanto
do próprio homem. Achamos bastante interessante, dentre outras passagens, o conceito de
tecnocracia ambientalista, que segundo o autor seria a tentativa de resolver a questão
ambiental apenas através da técnica, da razão e da ciência, quando o interesse pela
mesma se deu enquanto questão social e política, justamente pela crescente desconfiança
em relação ao progresso científico. Os avanços tecnológicos são ferramentas cada vez
mais poderosas para a dominação da natureza e do próprio homem. Como usar a ciência
de forma positiva na questão ambiental? Como abordar as diferenças da natureza sem
transformá-las em hierarquias?
No que tange a produção de bens, que na burguesia pôde ser dado inicialmente
pela manufatura e posteriormente pela maquinofatura, na servidão feudal era a produção
agrícola, em que o camponês deveria oferecer como tributo, percentual de sua produção ao
senhorio, todavia essa percentualidade era limitada, pois o consumo pela corte era gerido
até a sua satisfação, não havendo possibilidade de excedentes, devido ao bem ser
perecível. Essa percepção foi a que mais nos tocou de forma mais profunda, haja vista que
o processo de degradação socioambiental, assim como foi abordado no ensaio dois desta
disciplina, está para além das ações propriamente ditas pelos usuários, mas todo o capital
que induz essa produção e consumo, são os maiores responsáveis pela ociosidade
programada, gerando a necessidade de novos produtos e acessórios para suprir
necessidades específicas de cada consumidor.
A questão apresentada no artigo de Silva e Lopes (2014), que retomam o conceito
de Topofilia e Topofobia, conceitos estes elaborados por Tuan (1930-), acabam por si só
apresentando uma abordagem da percepção de forma induzida, romantizada,
problematizando o meio onde vivem os alunos de Paiçandu/PR através apenas da
percepção visual, e o que parece, é deixado de lado o sentido crítico apresentado no livro
anteriormente mencionado, o que torna a percepção mais subjetiva e não aprofunda os
verdadeiros problemas que vão além do sentido pertencimento de lugar, tanto apresentado
no artigo. O artigo em si apresentou de forma subentendida que os problemas que a cidade
apresenta são frutos da população e política local, não comentando, devido ser uma
proposta mais superficial, não relacionando a percepção dos alunos da pesquisa com o
poder econômico que submete aos problemas que a cidade enfrenta. Acreditamos por
consenso também, que quando começa a conhecer melhor alguma coisa, como foi o caso
dos alunos aprendendo sobre sua própria cidade, tem a possibilidade de olhar com outra
percepção e se sentir mais afeiçoado, ou nesse caso, ter um sentido de pertencimento ao
lugar, uma topofilia dando lugar a topofobia.

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