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A cada dia a necessidade por serviços de banda larga cresce cada vez mais. Segundo Ericsson:
Dos estimados 3,4 bilhões de pessoas que terão banda larga até 2014, cerca de 80 por cento serão
assinantes de banda larga móvel – e a maioria serão servidos por High Speed Packet Access
(HSPA) eLong Term Evolution (LTE). (ERICSSON, 2009, tradução nossa).
Alguns serviços que há poucos anos eram praticamente inacessíveis à maioria da população e das
empresas, hoje são considerados essenciais e se tornaram amplamente difundidos. Serviços como
videoconferência, download de vídeos, jogos interativos e Voz sobre IP, que já são considerados
por muitos como necessários, devem aumentar cada vez mais a demanda por largura de banda. É
com foco neste cenário que o grupo que padroniza o desenvolvimento dos sistemas celulares, o
3rd Generation Partnership Project (3GPP), vem trabalhando para desenvolver padrões que
atendam às necessidades das pessoas.
Os principais motivos que têm demandado esforço ao comitê são o aumento da velocidade para
transferência de dados (chamado throughput), eficiência espectral dos sistemas, e a redução da
latência da rede. O 3GPP vem concentrando esforços para desenvolver as redes 3G atuais e
alcançar o nível esperado para as redes 4G do futuro próximo.
Uma recente padronização do 3GPP é o Long Term Evolution (LTE). Segundo a Qualcomm
(2009) esta é uma solução móvel para fornecer altas taxas de dados e para aprimorar a
experiência do usuário quanto à utilização de serviços móveis. O LTE é uma evolução paralela
que dá continuidade ao histórico 3G de mobilidade e alta eficiência espectral. Concebido para ser
uma camada sobreposta às redes 3G existentes, o LTE aumentará efetivamente a capacidade de
dados nas densas áreas urbanas com alta demanda.
Inicialmente projetada para prover serviços de dados, espera-se que esta rede melhore
substancialmente o throughput final do usuário, a capacidade do setor e reduza a latência do
plano do usuário, trazendo uma nova experiência com total mobilidade. Esta tecnologia está
programada para fornecer suporte ao tráfego baseado em IP com QoS fim-a-fim e conta com o
apoio de outras tecnologias como o Orthogonal Frequency-Division Multiple Access
(OFDMA) e Multiple-Input Multiple-Output (MIMO) para alcançar os objetivos propostos pelo
3GPP.
Ao contrário do High Speed Packet Access (HSPA), que foi acomodado dentro da
arquitetura Universal Mobile Telecommunication System (UMTS) Release 99, o 3GPP está
especificando um novo núcleo baseado em comutação por pacotes, o Evolved Packet Core
(EPC), para apoiar as outras camadas de rede através de uma redução no número de elementos
de rede, simplificando a sua arquitetura.
Os principais objetivos desta tecnologia são o esforço para minimizar a complexidade do sistema
e dos equipamentos dos usuários, permitir a distribuição flexível do espectro através de novas
frequências ou das faixas já utilizadas e permitir a coexistência desta rede com outras redes já
implantadas como o Global System for Mobile Communications (GSM) e o Wide-Band Code-
Division Multiple Access (WCDMA) além de oferecer altas taxas de downlink e uplink
LTE: Evolução das Redes Móveis
A real história do telefone móvel, também conhecido como celular, começou em 1973, quando
foi efetuada a primeira chamada de um telefone móvel para um telefone fixo. Foi a partir de
Abril de 1973 que todas as teorias comprovaram que o celular funcionava perfeitamente, e que a
rede de telefonia celular sugerida em 1947 foi projetada de maneira correta. Este foi um
momento não muito conhecido, mas certamente foi um fato marcado para sempre e que mudou
totalmente a história do mundo.
Inicialmente, os sistemas móveis tinham como objetivo alcançar uma grande área de cobertura
através de um único transmissor de alta potência, e utilizavam a técnica de acesso conhecida
como Frequency Division Multiple Access (FDMA), onde cada usuário era alocado em uma
frequência distinta. Embora essa abordagem gerasse uma cobertura muito boa, o número de
usuários era limitado. Como exemplo da baixa capacidade, pode-se citar o sistema móvel da Bell
em Nova Iorque, em 1970: o sistema suportava um máximo de apenas doze chamadas
simultâneas em uma área de mais de dois mil quinhentos e oitenta quilômetros quadrados. Dado
o fato de que as agências de regulamentação dos governos não poderiam realizar alocações de
espectro na mesma proporção do aumento da demanda de serviços móveis, ficou óbvia a
necessidade de reestruturação do sistema de telefonia por rádio para que se obtivesse maior
capacidade com as limitações de espectro disponível e, ao mesmo tempo, provendo grandes
áreas de cobertura. (AL-SHAHRANI, Abdurrhman; AL-OLYANI, Hammod, 2009).
O conceito celular foi uma grande descoberta na solução do problema de congestionamento
espectral e limitação de capacidade de usuários que havia em sistemas de comunicações móveis
até então. O Federal Communication Commission (FCC) – órgão americano regulamentador de
telecomunicações, em uma regulamentação de 22 de Junho de 1981 definiu o sistema celular
como:
Um sistema móvel terrestre de alta capacidade no qual o espectro disponível é dividido em
canais que são reservados, em grupos, a células que cobrem determinada área geográfica de
serviço. Os canais podem ser reusados em células diferentes na área de serviço. (RODRIGUES,
2000).
As tecnologias de telefonia celular são classificadas em gerações e sua evolução é apresentada na
figura 1 a seguir.
Figura 1: Evolução da tecnologia celular
Fonte: SILVA, 2010
Primeira Geração
Com a invenção dos microprocessadores e a concepção da comunicação celular nas décadas de
70 e 80, a primeira geração das comunicações móveis nascia. Estes sistemas eram
essencialmente analógicos e utilizavam o FDMA para se comunicar e foi projetado para trafegar
somente voz. Os primeiros sistemas desenvolvidos foram o Nordic Mobile Telecomunications
(NMT), Advanced Mobile Phone Service (AMPS), Total Access Comunications System
(TACS), Extended Total Access Comunications System (ETACS), C450 e o Radicom 2000. (AL-
SHAHRANI, Abdurrhman; AL-OLYANI, Hammod, 2009).
De acordo com AL-SHAHRANI e AL-OLYANI (2009) o NMT foi o primeiro sistema celular
analógico que começou a ser operado na Escandinávia em 1979. Inicialmente utilizava a banda
de 450 MHz e um pouco mais tarde foi nomeado NMT450. Devido a necessidade de mais
capacidade, o sistema adotou a banda de 900 MHz e ficou conhecido como NMT900. O AMPS
foi introduzido nos EUA em 1978 pelos laboratórios Bell e começou efetivamente a ser operado
em 1983 em Chicago. O TACS teve inicio em UK em 1982. Os sistemas celulares conhecidos
como C-450 (operava na banda de 450 MHz) e o Radicom 2000 (operava na banda de 200 MHz)
foram introduzidos na Alemanha e na França respectivamente em 1985.
Estes sistemas possuíam inúmeros problemas como limitação de capacidade, terminais de
usuários grandes e pesados, incompatibilidade entre os sistemas, as interfaces não eram
padronizadas, baixa qualidade nas ligações e não havia nenhum tipo de segurança na transmissão
das informações. Os principais sistemas desenvolvidos na 1ª geração são comparados na tabela 1
a seguir:
Tabela 1: Sistemas móveis de 1ª geração
TACS C450
AMP
PARÂMETR (REIN NMT (ALEMANH
S NTT
OS DO O (ESCAND A,
(EUA (JAPÃO)
SISTEMA UNID I-NÁVIA) OCIDENTA
)
O) L)
Frequência de
870– 935–
transmissão
890 960 463-467,5 461,3-465,74 870-885
(MHz)
825– 890– 453-457,5 451,3-455,74 925-940
- base
845 915
- móvel
Espaçamento
entre banda de
transmissão e 45 45 10 10 55
recepção
(MHz)
Largura de
30 25 25 20 25
canal (kHz)
666
Número de (NES)
1000 180 222 600
canais / 832
(ES)
Sinal de áudio
- modulação FM FM FM FM FM
- Δf máximo ±12 ±9,5 ±5 ±4 ±5
(kHz)
Sinais de
controle FSK FSK FSK FSK FSK
- modulação ±8 ±6,4 ±3,5 ±2,5 ±4,5
- Δf (kHz)
Taxa de
transmissão de 10 8 1,2 5,28 0,3
dados (kbps)
CT-3,
PARÂMETR IS-54 GSM CT-2 DECT
IS-95 DCT-900
OS DO IS-136 (EUROP (EUROP (EUROP
(EUA) (SUÉCI
SISTEMA (EUA) A) A, ÁSIA) A)
A)
Técnica de
TDMA TDMA CDMA FDMA TDMA TDMA
acesso
celular /
Uso principal celular celular celular cordless cordless
cordless
Frequência de
869– 935–960
transmissão
894 890–915 869–894
(MHz) 864–868 862–866 1800-1900
824– 1710–1785 824–849
- base
849 1805–1880
- móvel
Técnica de
FDD FDD FDD TDD TDD TDD
duplexação
Largura de
30 200 1250 100 1000 1728
canal (kHz)
Π/4
BPSK /
Modulação DQPS GMSK BFSK GMSK GMSK
QPSK
K
Potência
600 /
máxima / média 2000 / 125 600 10 / 5 80 / 5 250 / 10
200
(mW)
Controle de
potência sim sim sim não não não
- base sim sim sim não não não
- móvel
Codificação de VSEL
RPE-LTP QCELP ADPCM ADPCM ADPCM
voz P
Taxa de 8
codificação de 7,95 13 (variável 32 32 32
voz (kbps) )
Nº de canais de
voz por 3 8 - 1 8 12
portadora
Taxa de
transmissão do 48,6 207,833 - 72 640 1152
canal (kbps)
Tamanho do
40 4,615 20 2 16 19
quadro (ms)
Multiple Input – Multiple Output (MIMO)
Nos últimos anos, a tecnologia MIMO surgiu como uma das abordagens mais promissoras para
alcançar maiores taxas de dados em sistemas celulares. Um sistema MIMO corresponde a um
conjunto de antenas na transmissão e na recepção, caracterizando um sistema que utiliza
diversidade espacial (3G Americas, 2009).
Esta técnica associada a outras, como modulação de alta ordem, antenas adaptativas e poderosos
DSPs (Digital Signal Processor) garantem as altas taxas exigidas pelo padrão LTE. Este conceito
vem sendo padronizado pelo 3GPP, e agora vem se tornando um fator determinante para as
novas tecnologias móveis devido as altas taxas de downlink e uplink exigidas. A figura 2
apresenta um típico sistema MIMO utilizando a configuração 2x2.
Figura 7: Diagrama de bloco do DFT-s-OFDM
Fonte: Rohde & Schwarz, 2009.
Inicialmente o fluxo de dados é convertido de serial para paralelo. Cada bit é modulado e
transformado do domínio do tempo para o domínio da frequência através da Transformada
Rápida de Fourier (FFT) e o resultado é mapeado nas subportadoras disponíveis. Após o sinal ser
submetido a Transformada Inversa de Fourier (IFFT) é adicionado o prefixo cíclico, que é
utilizado como um tempo de guarda entre os símbolos. Ao final do processo o sinal é convertido
novamente de paralelo para serial. (Rohde & Schwarz, 2009).
O DFT-s-OFDMA é a diferença fundamental entre a geração de sinal do SC-FDMA e do
OFDMA. Em um sinal SC-FDMA, cada subportadora utilizada para transmissão contém
informação de todos os símbolos modulados transmitidos. Em contrapartida, cada subportadora
com um sinal OFDM carrega informações relacionadas a um símbolo específico.
O LTE é a nova geração das redes móveis que foi padronizada pelo 3GPP. Inicialmente
projetada para prover serviços de dados, espera-se que esta rede melhore substancialmente
o throughput do usuário, a capacidade do setor e reduza a latência do plano do usuário trazendo
uma nova experiência com total mobilidade. Esta tecnologia está programada para fornecer
suporte ao tráfego baseado em IP com QoS fim-a-fim.
Ao contrário do HSPA, que foi acomodado dentro da arquitetura UMTS Release 99, o 3GPP está
especificando um novo núcleo baseado em comutação por pacotes, o EPC, para apoiar a E-
UTRAN através de uma redução no número de elementos de rede, melhorar a redundância e
permitir conexões com outros serviços.
Os principais objetivos desta tecnologia são o esforço para minimizar a complexidade do sistema
e dos equipamentos dos usuários, permitir a distribuição flexível do espectro através de novas
frequências ou das faixas já utilizadas e permitir a coexistência desta rede com outras redes já
implantadas como o GSM e o WCDMA além de oferecer altas taxas de downlink e uplink.
O LTE apresenta requisitos de desempenho agressivos, que dependem de outras tecnologias
como o OFDMA e MIMO para alcançar os seus objetivos. A tabela 3 apresenta um resumo sobre
as principais características desta rede:
Tabela 3: Principais características do LTE
Figura 10: Estrutura da camada 2 para downlink
Fonte: MOTOROLA, 2009.
Figura 11: Estrutura da camada 2 para uplink
Fonte: MOTOROLA, 2009
Canais e Sinalizações do LTE
Canais Físicos
Segundo Anritsu (2010) o E-UTRAN foi desenvolvido com o conceito de rede baseada
totalmente em IP. Uma das principais consequências desta mudança é a substituição dos
elementos que utilizam a comutação por circuito por elementos baseados na comutação por
pacote. No entanto o uso de canais compartilhados e canais de broadcast que já foram
introduzidos pelo 3GPP nas releases anteriores (ex: HSDPA, HSUPA e MBMS) são reutilizados
no LTE. Esta tecnologia não faz uso dos canais dedicados, cuja função é transportar os dados de
um usuário específico. Isto incrementa eficiência na interface aérea, pois a rede pode controlar a
utilização dos recursos em tempo real de acordo com a demanda, e não há mais necessidade de
se definir níveis fixos de recursos para cada usuário.
Os canais de rádio do LTE estão separados em dois tipos, os canais físicos e os sinais físicos. Os
canais físicos correspondem a um conjunto de elementos que transportam as informações
provenientes das camadas mais altas (NAS). Os sinais físicos são utilizados somente pela
camada física (PHY) e não carregam nenhum tipo de informação das camadas mais altas.
(Anritsu, 2010).
Os canais físicos podem ser classificados como canais de downlink ou uplink e estão dispostos
conforme apresentado abaixo:
Figura 18: Estrutura de frame tipo 2
Fonte: ANRITSU, 2010.
A figura 18 representa uma transmissão de 5 ms e os campos especiais são apresentados nos
subframes 1 e 6. Para a transmissão de 10ms, os campos especiais no subframe 6 não são
utilizados. Os subframes 0, 5 e o campo DwPTS são sempre reservados para o downlink, já o
campo UpPTS e o subframe que imediatamente procede este campo são reservados para
o uplink.
Para o transporte das informações do usuário, o LTE utiliza 12 subportadoras espaçadas de 15
kHz. Cada bloco possui o mesmo tamanho para todas as larguras de bandas definidas para o
LTE. Os dados são alocados para o UE através dos blocos de recursos. Cada UE pode ser
alocado em vários blocos de recursos no domínio da frequência, onde cada bloco não precisa ser
necessariamente ser adjacente um com o outro conforme apresentado na figura 19. No domínio
do tempo, a decisão de agendamento é feita pela eNodeB. O algoritmo de agendamento deve
levar em conta a situação do link de rádio de diferentes usuários, a situação global de
interferências, exigências de QoS, prioridades de serviços, etc. (Rohde & Schawrz, 2009).
Figura 19: Alocação dos blocos de recursos para os usuários
Fonte: Silva, 2010
O número de símbolos OFDM utilizados depende da configuração do sistema. Para cada símbolo
OFDM, um prefixo cíclico (CP) é utilizado como banda de guarda. Um slot de downlink é
constituído de 6 ou 7 símbolos, essa variação se deve ao fato do sistema utilizar a configuração
de prefixo cíclico estendido ou prefixo cíclico normal respectivamente. O prefixo Cíclico
Estendido é habilitado para células com grande área de cobertura e com alto atraso de
propagação no canal de rádio (Anritsu, 2010).
A figura 20 apresenta o esquema de transmissão dos frames tanto para o TDD quanto para o
FDD.
Figura 20: Esquema de transmissão FDD e TDD
Fonte: ANRITSU, 2010
O quadro abaixo apresenta o número máximo de Blocos de Recurso utilizados pelo LTE para as
diferentes larguras de banda utilizadas por este padrão:
Quando se trata de uma nova geração de serviços móveis, os assinantes provavelmente esperam
que os seus dispositivos possam trabalhar tão bem, ou melhor, do que os seus dispositivos atuais
2G/3G. Esta experiência vale tanto para voz quanto para dados e cria no usuário a expectativa de
novos serviços gerados por esta nova tecnologia.
Segundo o 3G Americas (2010), a percepção do assinante, o valor global do serviço prestado é
referido como Quality of Experience (QoE). O QoE leva em consideração todos os fatores que
contribuem para a percepção geral do usuário como velocidade, largura de banda, conjunto de
recursos, área de cobertura, mobilidade, custo, personalização e escolha.
Para fornecer QoE que atenda as expectativas do assinante, os fatores a seguir serão
considerados críticos para o sistema LTE:
O dispositivo LTE deve prover altas taxas de troughput com baixa latência.
O sistema LTE deve prover características e funcionalidades equivalentes ou melhores
que as tecnologias anteriores.
Chamadas em curso e os recursos utilizados pelo UE devem ser mantidos enquanto o
dispositivo se desloca das zonas cobertas pelo LTE para as áreas de cobertura do 2G/3G.
A rede deve prover interoperabilidade entre as operadoras e proporcionar capacidade
integral de roaming.
O sistema deve ser capaz de fazer distinção entre os planos de usuários e prover
diferentes taxas de dados, serviços, QoS, etc.
Baseado nestas considerações o LTE não é considerado como a 4ª geração da telefonia móvel,
pois, para simplificar e reduzir os custos de implantação, inicialmente o LTE foi desenvolvido
para oferecer somente serviços de dados. Esta estratégia tem como vantagem a sua rápida
implementação sem que haja a necessidade de se criar uma solução para o serviço de voz. Além
disso, os operadores podem ganhar experiências operacionais e de implantação com LTE, antes
de adicionar a complexidade da voz e de seus extensos requisitos regulamentares.
A voz ainda é uma grade geradora de receita para as operadoras de telefonia móvel, porém,
devido a grande demanda de usuários por altas taxas de dados, as operadoras pretendem
implantar uma rede de dados de alta capacidade que seja compatível com as redes 2G e 3G já
implantadas. Com isso os operadores esperam oferecer altas taxas de troughput com o LTE e
caso o assinante necessite realizar chamadas de voz, o mesmo seria comutado para as redes 2G e
3G existentes. Isto é feito através da solução conhecida como CS-Fallback, que é a interface
entre a rede LTE e as redes GSM / UMTS (3G Americas, 2010).
O CS-Fallback funciona de duas maneiras:
Para fazer chamada, o UE migra para a rede 3G e procede com a chamada normalmente.
Para as chamadas recebidas inicia-se um procedimento de transição entre as redes LTE e
2G / 3G para receber as chamadas. Se houver uma sessão de dados ativa, ela pode ser
migrada para a rede 3G.
A figura 21 apresenta a arquitetura de referência utilizada pelo LTE, onde os elementos da rede
são conectados por interfaces padrão. Através desta arquitetura é possível fazer a comutação da
rede LTE para as redes 2G/3G para oferecer os serviços de voz e SMS aos usuários. A interface
SGs que interliga a MSC ao MME é responsável por realizar as funções de paginação. A
interface S3 que interliga o MME ao SGSN facilita a continuação de uma sessão ativa de dados
enquanto o usuário migra do LTE para a rede 3G.
Figura 21: Arquitetura de referência LTE
Fonte: 3G Americas, 2010
A interface SGs também pode ser usada para fornecer suporte de SMS sobre a rede LTE. Um
centro de SMS está conectado a MSC 3G através de uma interface padrão. O MSC servidor pode
entregar as mensagens SMS via interface SGs ao MME. Para o serviço de SMS o sistema não
exige uma MSC completa, é necessária apenas uma versão simplificada do MSC servidor (3G
Americas, 2010).
Paralelamente aos estudos para se utilizar as redes sobrepostas, várias alternativas vêm sendo
desenvolvidas para prover serviços de voz e SMS sobre o LTE. Dentre elas destaca-se a Voice
Over LTE via Generic Access (VOLGA), que permite aos operadores implementarem estes
serviços com base em um padrão existente desenvolvido pelo 3GPP conhecido como Generic
Access Network (GAN). O VOLGA ainda exige que um elemento conhecido como VOLGA
Access Network Controller (VANC) seja adicionado ao núcleo das redes GSM / UMTS existentes
(3G Americas, 2010).
Esta modificação permite que a rede LTE suporte serviços baseados em comutação por circuito
através da criação de um túnel IP, que permitirá à criação da interface A para fazer a
comunicação com o núcelo da rede GSM-UMTS. Uma preocupação por parte dos operadores e
fabricantes quanto a utilização desta solução, está na dificuldade em se realizar o roaming, pois
sem a padronização das soluções de voz utilizadas pelo LTE, esta se tornaria uma tarefa quase
impossível se ser realizada.
O LTE está bem posicionado para atender aos requisitos das redes móveis de próxima geração –
tanto para as operadoras existentes que seguem 3GPP/3GPP2, como para as novas. Com ela,
poderão ser oferecidos serviços de banda larga móvel de elevado desempenho para o mercado de
massa, por meio de uma combinação de elevadas taxas de bit e throughput – tanto
nouplink como no downlink – com baixa latência.
Analisando com cuidado as técnicas apresentadas na escala evolutiva do 3GPP, observamos a
preocupação com dois aspectos complementares: de um lado a tentativa de aumentar a eficiência
espectral com a adoção de técnicas de modulação de alta ordem, como o 64QAM e a utilização
de técnicas de acesso como o OFDMA, e de outro a tentativa de melhorar o C/I com a adoção de
técnicas como o MIMO, a diversidade de recepção e o cancelamento sucessivo de interferência.
Com o aumento de ordem da modulação, tende-se a aumentar a vulnerabilidade do receptor no
caso de ocorrência de interferências, porém isto é compensado pelo uso do FDMA. Já o MIMO
tenta minimizar o efeito da interferência percebida, viabilizando o uso mais eficiente do espectro
de frequência.
A infra-estrutura LTE é projetada para ser a mais simples possível de implementar e operar, por
meio de tecnologia flexível que pode utilizar várias faixas de frequência. O LTE oferece larguras
de banda escalonáveis, de menos de 5MHz a 20MHz, com suporte a espectros de FDD e TDD. A
arquitetura LTE reduz o número de nós, suporta configurações flexíveis de rede e fornece um
alto nível de disponibilidade de serviço. Além disso, terá interoperabilidade com GSM,
WCDMA/HSPA, TD-SCDMA e CDMA.
Apesar de não ser considerada efetivamente como uma tecnologia de 4ª geração, o LTE se
apresenta como uma tecnologia promissora que permitirá ao usuário uma experiência real de
banda larga móvel. O 3GPP continua a realizar os estudos para definir os parâmetros da 4ª
geração das comunicações móveis através da Release-10 conhecida como LTE Advanced. Esta
tecnologia irá reunir dois aspectos fundamentais da telefonia móvel: a utilização de altas taxas de
dados com as facilidades encontradas nas tecnologias que antecedem o LTE como o tráfego de
voz e SMS. O LTE estará disponível não apenas nos telefones móveis de próxima geração, mas
também nos notebooks, câmeras fotográficas, câmeras de vídeo, terminais sem fio fixos e outros
dispositivos que se beneficiam da banda larga móvel.
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