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LTE: Introdução

 
A cada dia a necessidade por serviços de banda larga cresce cada vez mais. Segundo Ericsson:
 
Dos estimados 3,4 bilhões de pessoas que terão banda larga até 2014, cerca de 80 por cento serão
assinantes de banda larga móvel – e a maioria serão servidos por High Speed Packet Access
(HSPA) eLong Term Evolution (LTE). (ERICSSON, 2009, tradução nossa).
Alguns serviços que há poucos anos eram praticamente inacessíveis à maioria da população e das
empresas, hoje são considerados essenciais e se tornaram amplamente difundidos. Serviços como
videoconferência, download de vídeos, jogos interativos e Voz sobre IP, que já são considerados
por muitos como necessários, devem aumentar cada vez mais a demanda por largura de banda. É
com foco neste cenário que o grupo que padroniza o desenvolvimento dos sistemas celulares, o
3rd Generation Partnership Project (3GPP), vem trabalhando para desenvolver padrões que
atendam às necessidades das pessoas.
 
Os principais motivos que têm demandado esforço ao comitê são o aumento da velocidade para
transferência de dados (chamado throughput), eficiência espectral dos sistemas, e a redução da
latência da rede. O 3GPP vem concentrando esforços para desenvolver as redes 3G atuais e
alcançar o nível esperado para as redes 4G do futuro próximo.
 
Uma recente padronização do 3GPP é o Long Term Evolution (LTE). Segundo a Qualcomm
(2009) esta é uma solução móvel para fornecer altas taxas de dados e para aprimorar a
experiência do usuário quanto à utilização de serviços móveis. O LTE é uma evolução paralela
que dá continuidade ao histórico 3G de mobilidade e alta eficiência espectral. Concebido para ser
uma camada sobreposta às redes 3G existentes, o LTE aumentará efetivamente a capacidade de
dados nas densas áreas urbanas com alta demanda.
 
Inicialmente projetada para prover serviços de dados, espera-se que esta rede melhore
substancialmente o throughput final do usuário, a capacidade do setor e reduza a latência do
plano do usuário, trazendo uma nova experiência com total mobilidade. Esta tecnologia está
programada para fornecer suporte ao tráfego baseado em IP com QoS fim-a-fim e conta com o
apoio de outras tecnologias como o Orthogonal Frequency-Division Multiple Access
(OFDMA) e Multiple-Input Multiple-Output (MIMO) para alcançar os objetivos propostos pelo
3GPP.
 
Ao contrário do High Speed Packet Access (HSPA), que foi acomodado dentro da
arquitetura Universal Mobile Telecommunication System (UMTS) Release 99, o 3GPP está
especificando um novo núcleo baseado em comutação por pacotes, o Evolved Packet Core
(EPC), para apoiar as outras camadas de rede através de uma redução no número de elementos
de rede, simplificando a sua arquitetura.
 
Os principais objetivos desta tecnologia são o esforço para minimizar a complexidade do sistema
e dos equipamentos dos usuários, permitir a distribuição flexível do espectro através de novas
frequências ou das faixas já utilizadas e permitir a coexistência desta rede com outras redes já
implantadas como o Global System for Mobile Communications (GSM) e o Wide-Band Code-
Division Multiple Access (WCDMA) além de oferecer altas taxas de downlink e uplink
LTE: Evolução das Redes Móveis

 
A real história do telefone móvel, também conhecido como celular, começou em 1973, quando
foi efetuada a primeira chamada de um telefone móvel para um telefone fixo. Foi a partir de
Abril de 1973 que todas as teorias comprovaram que o celular funcionava perfeitamente, e que a
rede de telefonia celular sugerida em 1947 foi projetada de maneira correta. Este foi um
momento não muito conhecido, mas certamente foi um fato marcado para sempre e que mudou
totalmente a história do mundo.
 
Inicialmente, os sistemas móveis tinham como objetivo alcançar uma grande área de cobertura
através de um único transmissor de alta potência, e utilizavam a técnica de acesso conhecida
como Frequency Division Multiple Access (FDMA), onde cada usuário era alocado em uma
frequência distinta. Embora essa abordagem gerasse uma cobertura muito boa, o número de
usuários era limitado. Como exemplo da baixa capacidade, pode-se citar o sistema móvel da Bell
em Nova Iorque, em 1970: o sistema suportava um máximo de apenas doze chamadas
simultâneas em uma área de mais de dois mil quinhentos e oitenta quilômetros quadrados. Dado
o fato de que as agências de regulamentação dos governos não poderiam realizar alocações de
espectro na mesma proporção do aumento da demanda de serviços móveis, ficou óbvia a
necessidade de reestruturação do sistema de telefonia por rádio para que se obtivesse maior
capacidade com as limitações de espectro disponível e, ao mesmo tempo, provendo grandes
áreas de cobertura. (AL-SHAHRANI, Abdurrhman; AL-OLYANI, Hammod, 2009).
 
O conceito celular foi uma grande descoberta na solução do problema de congestionamento
espectral e limitação de capacidade de usuários que havia em sistemas de comunicações móveis
até então. O Federal Communication Commission (FCC) – órgão americano regulamentador de
telecomunicações, em uma regulamentação de 22 de Junho de 1981 definiu o sistema celular
como:
 
Um sistema móvel terrestre de alta capacidade no qual o espectro disponível é dividido em
canais que são reservados, em grupos, a células que cobrem determinada área geográfica de
serviço. Os canais podem ser reusados em células diferentes na área de serviço. (RODRIGUES,
2000).
 
As tecnologias de telefonia celular são classificadas em gerações e sua evolução é apresentada na
figura 1 a seguir.
 

 
Figura 1: Evolução da tecnologia celular
Fonte: SILVA, 2010
 
Primeira Geração
 
Com a invenção dos microprocessadores e a concepção da comunicação celular nas décadas de
70 e 80, a primeira geração das comunicações móveis nascia. Estes sistemas eram
essencialmente analógicos e utilizavam o FDMA para se comunicar e foi projetado para trafegar
somente voz. Os primeiros sistemas desenvolvidos foram o Nordic Mobile Telecomunications
(NMT), Advanced Mobile Phone Service (AMPS), Total Access Comunications System
(TACS), Extended Total Access Comunications System (ETACS), C450 e o Radicom 2000. (AL-
SHAHRANI, Abdurrhman; AL-OLYANI, Hammod, 2009).
 
De acordo com AL-SHAHRANI e AL-OLYANI (2009) o NMT foi o primeiro sistema celular
analógico que começou a ser operado na Escandinávia em 1979. Inicialmente utilizava a banda
de 450 MHz e um pouco mais tarde foi nomeado NMT450. Devido a necessidade de mais
capacidade, o sistema adotou a banda de 900 MHz e ficou conhecido como NMT900. O AMPS
foi introduzido nos EUA em 1978 pelos laboratórios Bell e começou efetivamente a ser operado
em 1983 em Chicago. O TACS teve inicio em UK em 1982. Os sistemas celulares conhecidos
como C-450 (operava na banda de 450 MHz) e o Radicom 2000 (operava na banda de 200 MHz)
foram introduzidos na Alemanha e na França respectivamente em 1985.
 
Estes sistemas possuíam inúmeros problemas como limitação de capacidade, terminais de
usuários grandes e pesados, incompatibilidade entre os sistemas, as interfaces não eram
padronizadas, baixa qualidade nas ligações e não havia nenhum tipo de segurança na transmissão
das informações. Os principais sistemas desenvolvidos na 1ª geração são comparados na tabela 1
a seguir:
 
 
Tabela 1: Sistemas móveis de 1ª geração

TACS C450
AMP
PARÂMETR (REIN NMT (ALEMANH
S NTT
OS DO O (ESCAND A,
(EUA (JAPÃO)
SISTEMA UNID I-NÁVIA) OCIDENTA
)
O) L)

Frequência de
870– 935–
transmissão
890 960 463-467,5 461,3-465,74 870-885
(MHz)
825– 890– 453-457,5 451,3-455,74 925-940
- base
845 915
- móvel

Espaçamento
entre banda de
transmissão e 45 45 10 10 55
recepção
(MHz)

Largura de
30 25 25 20 25
canal (kHz)

666
Número de (NES)
1000 180 222 600
canais / 832
(ES)

Raio de 2 - 25 2 – 20 1,8 – 40 5 – 30 5 (urbano)


Cobertura da 10
Base (km) (suburban
o)

Sinal de áudio
- modulação FM FM FM FM FM
- Δf máximo ±12 ±9,5 ±5 ±4 ±5
(kHz)

Sinais de
controle FSK FSK FSK FSK FSK
- modulação ±8 ±6,4 ±3,5 ±2,5 ±4,5
- Δf (kHz)

Taxa de
transmissão de 10 8 1,2 5,28 0,3
dados (kbps)

Fonte: SILVA, 2010


 
Segunda geração
 
Devido a necessidade de padronização para o sistema celular Europeu e a crescente demanda
pelo serviço móvel, foi necessário dar início ao desenvolvimento de sistemas digitais. Os
sistemas de 2ª geração começaram a ser efetivamente utilizados no início de 1990 e foi
impulsionado pelo avanço da tecnologia dos circuitos integrados que permitiram a efetiva
utilização da transmissão digital.
 
Estes sistemas, além de possibilitar uma maior capacidade, ofereciam as seguintes vantagens
sobre os analógicos:
 Técnicas de codificação digital de voz mais poderosas
 Maior eficiência espectral
 Melhor qualidade nas ligações
 Tráfego de dados na rede
 Criptografia da informação transmitida
 
Como resultados deste esforço surgiram os sistemas conhecidos como GSM, CT-2 e DECT na
Europa, o Time Division Multiple Acess (TDMA, também conhecido como IS-54 e IS-136),
o Code Division Multiple Access (CDMA IS-95) nos EUA e o Personal Digital Cellular (PDC)
no Japão. (CASTRO, 2009).
 
A tabela 2 apresenta as principais características de cada tecnologia:
 
Tabela 2: Sistemas móveis de 2ª geração

CT-3,
PARÂMETR IS-54 GSM CT-2 DECT
IS-95 DCT-900
OS DO IS-136 (EUROP (EUROP (EUROP
(EUA) (SUÉCI
SISTEMA (EUA) A) A, ÁSIA) A)
A)

Técnica de
TDMA TDMA CDMA FDMA TDMA TDMA
acesso

celular /
Uso principal celular celular celular cordless cordless
cordless

Frequência de
869– 935–960
transmissão
894 890–915 869–894
(MHz) 864–868 862–866 1800-1900
824– 1710–1785 824–849
- base
849 1805–1880
- móvel

Técnica de
FDD FDD FDD TDD TDD TDD
duplexação

Largura de
30 200 1250 100 1000 1728
canal (kHz)

Π/4
BPSK /
Modulação DQPS GMSK BFSK GMSK GMSK
QPSK
K

Potência
600 /
máxima / média 2000 / 125 600 10 / 5 80 / 5 250 / 10
200
(mW)
Controle de
potência sim sim sim não não não
- base sim sim sim não não não
- móvel

Codificação de VSEL
RPE-LTP QCELP ADPCM ADPCM ADPCM
voz P

Taxa de 8
codificação de 7,95 13 (variável 32 32 32
voz (kbps) )

Nº de canais de
voz por 3 8 - 1 8 12
portadora

Taxa de
transmissão do 48,6 207,833 - 72 640 1152
canal (kbps)

Tamanho do
40 4,615 20 2 16 19
quadro (ms)

Fonte: SILVA, 2010


 
Geração 2.5
 
A principal característica destes sistemas foi a possibilidade de solucionar os problemas de
capacidade enfrentados pelos sistemas anteriores. Várias tecnologias foram desenvolvidas para
este fim como oHigh Speed Circuit Switched Data (HSCSD), Enhanced Data Rates for Global
Evolution (EDGE) e oGeneral Purpose Radio Services (GPRS).
 
Segundo AL-SHAHRANI e AL-OLYANI (2009) o GPRS permite taxa de dados de 115 Kbps e
a utilização de códigos para correção de erros. Esta tecnologia é baseada na comutação por
pacotes, o que torna o uso eficiente da largura de banda disponível com taxas de bits variável. É
apropriado para serviços que utilizam transmissão por rajadas, devido a sua capacidade de alocar
dinamicamente os recursos.
 
O EDGE representa uma fácil evolução do padrão GSM / GPRS rumo à terceira geração,
possibilitando maiores taxas de dados, usando a mesma portadora de 200KHz. As alterações na
rede são mínimas, com foco nas características de modulação e na implementação de nova
codificação e decodificação do sinal, associadas com adaptações do sinal e envio de redundância
de informação que aumentam a eficiência da utilização do espectro. Uma das principais
características do EDGE esta no seu baixo custo de implantação, pois sua implementação é feita
através da atualização de software das base transceiver station (BTS).
 
 
Terceira Geração
 
O início dos estudos sobre os sistemas de terceira geração foi marcado por uma indecisão
mantida por duas correntes: uma defendia a criação de um único padrão mundial enquanto a
outra defendia a evolução das redes e sistemas atuais de forma a atender aos requisitos definidos
a partir da visão 3G. Apesar de ambas as alternativas possibilitarem a economia de escala de
fabricação para os componentes do sistema, a segunda teve maior força, pois também permitia
que os maciços investimentos já realizados pelas operadoras na implantação das redes e pelos
fabricantes em processo de fabricação e etapas de desenvolvimento de produtos em todo o
mundo fossem de certa forma protegidos.
 
Os sistemas 3G provêm diversas vantagens em comparação a seus antecessores, pois além de
oferecer serviços de telefonia e comunicação de dados com altas taxas de troughput, possui
maior imunidade a interferências. Os principais padrões desenvolvidos são:
 UMTS: termo adotado para designar o padrão de 3ª Geração estabelecido como evolução
para operadoras de GSM e que utiliza como interface rádio o WCDMA ou o EDGE. Esta
tecnologia foi desenvolvida para prover serviços com altos níveis de consumo de banda,
como streaming, transferência de grandes arquivos e videoconferências para uma grande
variedade de aparelhos como telefones celulares, PDAs e laptops. Possui taxas de
transmissão que variam de 144 Kbps a 2Mbps, que dependem diretamente do ambiente e
da mobilidade do usuário.
 Evolution Data-Optimized (CDMA 1xEV-DO): O CDMA 1xEV-DO é a evolução do
CDMA (IS-95), e possui alta performance para transmissão de dados com picos de até
2,4 Mbps. Portadoras distintas são necessárias para dados e voz neste sistema.
O uplink permanece praticamente inalterado em comparação com o CDMA2000, mas
no downlink esta tecnologia utiliza a técnica TDMA. Opera em 800 e 1900MHz.
 HSPA: é o resultado da utilização de dois protocolos de telefonia móvel, o High Speed
Downlink Packet Access (HSDPA) e do High Speed Uplink Packet Access (HSUPA). Ele
amplia e melhora o desempenho dos protocolos WCDMA existentes com taxa de dados
que podem chegar até 14 Mbps no downlink e 5.8 Mbps no uplink.

LTE: Conceitos de Transmissão e Recepção

 
Multiple Input – Multiple Output (MIMO)
 
Nos últimos anos, a tecnologia MIMO surgiu como uma das abordagens mais promissoras para
alcançar maiores taxas de dados em sistemas celulares. Um sistema MIMO corresponde a um
conjunto de antenas na transmissão e na recepção, caracterizando um sistema que utiliza
diversidade espacial (3G Americas, 2009).
 
Esta técnica associada a outras, como modulação de alta ordem, antenas adaptativas e poderosos
DSPs (Digital Signal Processor) garantem as altas taxas exigidas pelo padrão LTE. Este conceito
vem sendo padronizado pelo 3GPP, e agora vem se tornando um fator determinante para as
novas tecnologias móveis devido as altas taxas de downlink e uplink exigidas. A figura 2
apresenta um típico sistema MIMO utilizando a configuração 2x2.
 
 

Figura 2: Sistema MIMO 2x2


Fonte: 3G Americas, 2009
 
O 3GPP padroniza as técnicas de transmissão para o LTE utilizando a tecnologia MIMO
apresentadas a seguir.
 
Codificação espaço-tempo
 
Neste caso o sistema MIMO fornece ganho de diversidade para combater o desvanecimento do
sinal causado por multi-percurso. Neste sistema, é feito uma cópia do sinal, porém eles são
codificados de formas diferentes e são enviados simultaneamente por diferentes antenas. O fato
de enviar a mesma quantidade de dados por diferentes fontes ao mesmo tempo aumenta a força
total do sinal enviado. A figura 3 apresenta um sistema MIMO utilizando a codificação espaço-
tempo.
 

Figura 3: Codificação espaço-tempo


Fonte: 3G Americas, 2009
 
O LTE ainda utiliza outra técnica similar a codificação espaço-tempo conhecida como Space
Frequency Block Coded (SFBC). Este sistema também proporciona ganho de diversidade, porém
necessita apenas de uma antena na recepção. Isto ocorre, pois além de realizar a cópia do sinal e
codifica-los de forma diferente, eles são transmitidos em frequências distintas. (3G Americas,
2009)
 
Multiplexação espacial
 
Os sinais são enviados em vários feixes, que exploram o ambiente para alcançar o destino. Esse
recurso é utilizado considerando as mudanças de direção do sinal quando este colide e desvia nos
vários obstáculos que podem existir no caminho entre o emissor e o receptor conforme
apresentado na figura 4. As mudanças de percurso podem gerar atrasos em partes do sinal, que
são compensados por algoritmos sofisticados utilizados nas antenas receptoras, que fazem os
cálculos baseando-se na reflexão sofrida pelo sinal ao longo do seu percurso. O receptor possui
filtros que são capazes de recuperar o sinal original após a chegada através do tratamento de
todos os feixes enviados pela fonte.
 
 
Figura 4: Multiplexação espacial
Fonte: 3G Americas, 2009
 
O MIMO ainda pode ser classificado como Multi-User MIMO (MU-MIMO) ou Single
User MIMO (SU-MIMO). A principal diferença entre eles é que no SU-MIMO um único usuário
transmite os dados para o receptor enquanto no MU-MIMO vários usuários transmitem os dados
para o receptor simultaneamente. Estes recursos estão disponíveis tanto no downlink quanto para
o uplink. Apesar de ser suportado, o SU-MIMO não é indicado para uso no uplink devido a
complexidade e aumento do custo no equipamento do usuário.
 
Modulação OFDMA
 
O OFDM tem se tornado uma das principais técnicas utilizadas por tecnologias sem fio devido as
suas propriedades como tolerância contra interferência inter-simbólica e boa eficiência espectral.
Esta técnica tem sido desenvolvida desde os anos 60, e uma de suas principais características é o
baixo custo de implantação.
 
O OFDM é uma técnica baseada na Modulação por Multi Portadoras (MCM – Multi Carrier
Modulation) e na Multiplexação por Divisão de Frequência (FDM – Frequency Division
Multiplex) e pode ser considerada como um método de modulação ou de multiplexação.
Basicamente a modulação por multi-portadoras divide a banda do sinal em portadoras paralelas
que são chamadas subportadoras. Diferentemente dos sistemas tradicionais MCM, que utilizam
subportadoras não sobrepostas, o OFDM utiliza subportadoras que são matematicamente
ortogonais entre si, isto permite que cada informação possa ser enviada por subportadoras
sobrepostas, onde cada uma delas pode ser extraída individualmente (AL-SHAHRANI,
Abdurrhman; AL-OLYANI, Hammod, 2009). Essa propriedade ajuda a reduzir interferências
causadas por portadoras vizinhas e faz com que sistemas que utilizam o OFDMA possuam
melhor eficiência espectral com relação a outros sistemas, conforme apresentado na figura 5:
 
Figura 5: Espectro de frequência do FDM tradicional e do OFDM
Fonte: AL-SHAHRANI e AL-OLYANI, 2009
 
Para o LTE, o OFDM divide a banda de frequência da portadora em pequenas subportadoras
espaçadas de 15kHz, e modula cada uma individualmente usando QPSK, 16QAM ou 64 QAM.
Há uma pequena diferença entre o OFDM e o OFDMA, pois no primeiro caso a banda de
frequência é destinada a um único usuário enquanto no segundo caso vários usuários
compartilham a banda ao mesmo tempo conforme mostrado na figura 6. A divisão dos canais em
pequenos subcanais ajuda o OFDM a combater o efeito de desvanecimento seletivo.
 

Figura 6: Diferença entre OFDM e OFDMA


Fonte: ANRITSU, 2010.
 
 
Modulação SC-FDMA
 
Várias alternativas continuam a ser estudas pelos órgãos responsáveis pela padronização do LTE
para utilizar o melhor esquema de transmissão para o uplink. Apesar de o OFDMA atender aos
requisitos dedownlink, suas propriedades são menos favoráveis para o uplink, principalmente
devido ao desvanecimento do parâmetro chamado Peak to Average Power Ratio
(PAPR) no uplink.
 
Assim, o esquema de transmissão para uplink LTE em FDD e TDD é o modo baseado em SC-
FDMA (Single Carrier Frequency Division Multiple Access) com prefixo cíclico. A utilização
deste método tem como objetivos melhorar o desempenho em comparação a sinais OFDMA e a
redução de custos nos projetos dos amplificadores utilizados pelo UE.
 
Há diferentes formas para se gerar um sinal SC-FDMA. O modo conhecido como Discret
Fourier Transform - spread - OFDM (DTF-s-ODFM) foi escolhido para a Evolved Universal
Terrestrial Radio Access Network (E-UTRAN). Seu princípio de funcionamento é ilustrado na
figura 7.
 
 

 
Figura 7: Diagrama de bloco do DFT-s-OFDM
Fonte: Rohde & Schwarz, 2009.
 
Inicialmente o fluxo de dados é convertido de serial para paralelo. Cada bit é modulado e
transformado do domínio do tempo para o domínio da frequência através da Transformada
Rápida de Fourier (FFT) e o resultado é mapeado nas subportadoras disponíveis. Após o sinal ser
submetido a Transformada Inversa de Fourier (IFFT) é adicionado o prefixo cíclico, que é
utilizado como um tempo de guarda entre os símbolos. Ao final do processo o sinal é convertido
novamente de paralelo para serial. (Rohde & Schwarz, 2009).
 
O DFT-s-OFDMA é a diferença fundamental entre a geração de sinal do SC-FDMA e do
OFDMA. Em um sinal SC-FDMA, cada subportadora utilizada para transmissão contém
informação de todos os símbolos modulados transmitidos. Em contrapartida, cada subportadora
com um sinal OFDM carrega informações relacionadas a um símbolo específico.

LTE: Conceitos de Rede

 
O LTE é a nova geração das redes móveis que foi padronizada pelo 3GPP. Inicialmente
projetada para prover serviços de dados, espera-se que esta rede melhore substancialmente
o throughput do usuário, a capacidade do setor e reduza a latência do plano do usuário trazendo
uma nova experiência com total mobilidade. Esta tecnologia está programada para fornecer
suporte ao tráfego baseado em IP com QoS fim-a-fim.
 
Ao contrário do HSPA, que foi acomodado dentro da arquitetura UMTS Release 99, o 3GPP está
especificando um novo núcleo baseado em comutação por pacotes, o EPC, para apoiar a E-
UTRAN através de uma redução no número de elementos de rede, melhorar a redundância e
permitir conexões com outros serviços.
 
Os principais objetivos desta tecnologia são o esforço para minimizar a complexidade do sistema
e dos equipamentos dos usuários, permitir a distribuição flexível do espectro através de novas
frequências ou das faixas já utilizadas e permitir a coexistência desta rede com outras redes já
implantadas como o GSM e o WCDMA além de oferecer altas taxas de downlink e uplink.
 
O LTE apresenta requisitos de desempenho agressivos, que dependem de outras tecnologias
como o OFDMA e MIMO para alcançar os seus objetivos. A tabela 3 apresenta um resumo sobre
as principais características desta rede:
 
 
Tabela 3: Principais características do LTE

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS LTE

DL: 100 Mbps UL:50 Mbps (para o espectro de


Pico da taxa de dados
20 MHz)
A eficiência máxima encontra-se nas baixas
Suporte a Mobilidade velocidades 0-15 Km/h, mas pode chegar até a
500 Km/h.

Latência para o Plano de


Controle < 100 ms (do modo idle para ativo)

Latência para o Plano de


Usuário < 5 ms

Capacidade do Plano de > 200 usuários por célula (para o espectro de 5


Controle MHz)

Cobertura (tamanho das 5 -100Km com pequena degradação após os 30


células) Km

Espectro 1.25, 2.5, 5, 10, 15 e 20 MHz.

Fonte: 3GPP, 2010


 
A seguir serão descritos os principais elementos da rede, protocolos e funcionalidades que
compõem o LTE.
 
Topologia
 
A figura 8 apresenta a topologia de rede utilizada pelo LTE:
 
Figura 8: Topologia LTE
Fonte: D’ÁVILA, 2009
 
De acordo com D’avila (2009), as principais diferenças na arquitetura LTE em comparação com
as releases anteriores estão na supressão do RNC e no sistema baseado em IP. A rede possui 4
grandes domínios que estão divididos em:
 User Equipament (UE): dispositivo de acesso do usuário.
 E-UTRAN: é composta de uma rede mesh de eNodeBs que se comunicam através da
interface X2. A eNodeB contêm as camadas física (PHY), Medium Accesss Control
(MAC), Radio Link Control (RLC) e o protocolo de controle de pacotes de dados. Ainda
inclui a funcionalidade de compressão de cabeçalho, criptografia, gestão de recursos do
rádio, controle de admissão, negociação de QoS no uplink e broadcast contendo
informações da célula.
 EPC: nele estão contidos os principais elementos da rede. Eles desempenham as
principais funções do sistema e são definidos como:
o MME (Mobility Management Entity): é o principal elemento de controle no EPC.
Entre as suas funções estão autenticação, segurança, gerenciamento de
mobilidade, gerenciamento de perfil do usuário, conexão e autorização de
serviços.
o S-GW (Serving Gateway): este elemento faz o roteamento dos pacotes de dados
dos usuários entre a rede LTE e outras tecnologias como o 2G / 3G utilizando a
interface S4. Gerencia e armazena informações do UE como parâmetros de
serviços IP suportados e informações sobre o roteamento interno dos pacotes na
rede.
o P-GW (Packet Data Network Gateway): é o roteador de borda entre o EPC e redes
de pacotes externas. Realiza a filtragem e controle de pacotes requeridos para os
serviços em questão. Tipicamente, o P-GW aloca endereços IP para os
equipamentos dos usuários para que eles possam se comunicar com outros
dispositivos localizados em redes externas.
o PCRF (Policy and Charging Resource Function): elemento de rede responsável
pelo PCC – Política e Controle de Carga. Provê o QoS adequado para que os
serviços solicitados possam utilizar os recursos apropriados.
o HSS (Home Subscriber Server): banco de dados de registro do usuário. Executa
de fato, funções equivalentes às do HLR, AuC e EIR definidos nas releases
anteriores.
 Serviços: provê a interligação do LTE com outras redes.
Esta arquitetura permite uma drástica redução de custos referentes a operação e aquisição de
equipamentos, uma vez que o E-UTRAN pode ser compartilhado por várias operadoras enquanto
no EPC cada uma possui equipamentos próprios e define a sua própria topologia e os seus
elementos de núcleo da rede com MME, S-GW e P-GW.
 
Pilha de Protocolos LTE
 
Nesta seção serão apresentadas as funções dos diferentes protocolos e sua localização na
arquitetura LTE. Eles estão dispostos de acordo com a figura 9.
 
 

Figura 9: Diagrama da rede LTE


Fonte: ANRITSU, 2010
 
No plano de controle, o protocolo Non-Access Stratum (NAS), que funciona entre o MME e a
UE, é utilizado para fins de controle, tais como conexão de rede, autenticação e gestão de
mobilidade. Todas as mensagens NAS são cifradas e sua integridade é garantida pelo MME e
UE.
 
A camada Radio Resource Control (RRC) na eNodeB toma decisões de handover com base em
medições do nível de sinal das células vizinhas que são enviadas pelo UE. Além desta função
esta camada ainda envia mensagens de broadcast contendo informações do sistema e controla as
medições dos parâmetros do UE como a periodicidade do Channel Quality Information (CQI).
 
No plano de usuário, a camada Packet Data Control Protocol (PDCP) é responsável pela
compressão / descompressão dos cabeçalhos dos pacotes IP dos usuários através do Robust
Header Compression (ROHC). Este artifício permite uma eficiente utilização da largura de
banda na interface aérea. Esta camada realiza também a criptografia dos dados tanto no plano do
usuário quanto no plano de controle.
 
A camada RLC é utilizada para formatar e transportar os dados entre a UE e a eNodeB. Esta
camada oferece três modos diferentes de confiabilidade para o transporte de dados, o Modo
Reconhecido (AM - Acknowledged Mode), Modo Não Reconhecido (UM - Unacknowledged
Mode) ou Modo Transparente (TM – Transparent Mode). O modo UM é adequado para o
transporte de serviços em tempo real, pois eles são susceptíveis ao atraso e não permitem
retransmissões. O modo AM por outro lado, é adequado para serviços que não são transmitidos
em tempo real, como arquivos para download. O modo TM é utilizado quando o tamanho dos
quadros já são previamente conhecidos, como a mensagem de broadcast contendo informações
do sistema. A RLC também oferece a entrega sequencial das Service Data Units (SDUs) para as
camadas superiores eliminando as informações duplicadas. De acordo com as condições do canal
rádio, esta camada pode segmentar as SDUs.
 
Existem dois níveis de re-transmissões para fornecer confiabilidade, Hybrid Automatic Repeat
reQuest (HARQ) na camada MAC e ARQ externa na camada RLC, que funciona como um
complemento para tratar os erros residuais que não são corrigidos pelo HARQ. Vários processos
do tipo “stop-and-wait” são empregados pelo HARQ para garantir uma retransmissão assíncrona
nodownlink e uma retransmissão síncrona no uplink. Retransmissões síncronas significam que os
blocos HARQ ocorrem em um intervalo de tempo periódico pré-definido, desta forma nenhuma
sinalização é necessária para indicar ao receptor a retransmissão dos dados. Já o HARQ
assíncrono oferece a possibilidade de programar a retransmissão dos dados baseado nas
condições da interface aérea. As figuras 10 e 11 mostram a estrutura da camada 2
para uplink e downlink respectivamente. As camadas PDCP, RLC e MAC constituem a camada
2.
 
 

 
Figura 10: Estrutura da camada 2 para downlink
Fonte: MOTOROLA, 2009.
 
 

 
Figura 11: Estrutura da camada 2 para uplink
Fonte: MOTOROLA, 2009
 
Canais e Sinalizações do LTE
 
Canais Físicos
 
Segundo Anritsu (2010) o E-UTRAN foi desenvolvido com o conceito de rede baseada
totalmente em IP. Uma das principais consequências desta mudança é a substituição dos
elementos que utilizam a comutação por circuito por elementos baseados na comutação por
pacote. No entanto o uso de canais compartilhados e canais de broadcast que já foram
introduzidos pelo 3GPP nas releases anteriores (ex: HSDPA, HSUPA e MBMS) são reutilizados
no LTE. Esta tecnologia não faz uso dos canais dedicados, cuja função é transportar os dados de
um usuário específico. Isto incrementa eficiência na interface aérea, pois a rede pode controlar a
utilização dos recursos em tempo real de acordo com a demanda, e não há mais necessidade de
se definir níveis fixos de recursos para cada usuário.
 
Os canais de rádio do LTE estão separados em dois tipos, os canais físicos e os sinais físicos. Os
canais físicos correspondem a um conjunto de elementos que transportam as informações
provenientes das camadas mais altas (NAS). Os sinais físicos são utilizados somente pela
camada física (PHY) e não carregam nenhum tipo de informação das camadas mais altas.
(Anritsu, 2010).
 
Os canais físicos podem ser classificados como canais de downlink ou uplink e estão dispostos
conforme apresentado abaixo:
 
 

Figura 12: Disposição dos canais físicos


 
 
Downlink
 
Os canais físicos do downlink são apresentados a seguir:
 Physical Broadcast Channel (PBCH): A cada 40 ms o canal PBCH envia informações
sobre o sistema para que o UE possa se conectar a rede.
 Physical Control Format Indicator Channel (PCFICH): Informa para o UE o número
de símbolos OFDM utilizados para transmitir o canal de controle PDCCH. Este canal é
transmitido em todos os frames e utiliza modulação QPSK.
 Physical Downlink Control Channel (PDCCH): Os UEs obtêm os recursos de alocação
para ouplink e downlink através deste canal.
 Physical Downlink Shared Channel (PDSCH): É mapeado no canal de transporte DL-
SCH e contêm os dados dos usuários.
 Physical Multicast Channel (PMCH): Carrega informações de multicast que são
enviadas a múltiplos UEs simultaneamente. Assim como o PDSCH, este canal possui
várias opções de modulação incluindo QPSK, 16-QAM ou 64-QAM.
Sinais Físicos
 
Os sinais físicos do downlink são apresentados a seguir:
 Reference Signal (RS): Os UEs utilizam o RS para estimar o canal de downlink. O RS é
o produto de uma sequência ortogonal e uma sequência pseudo-aleatória. A especificação
do 3GPP identifica 504 possibilidades de sequência para este sinal.
 Synchronization Signal (P-SS e S-SS): Os UEs utilizam o Primary Synchronization
Signal (P-SS)e o Secondary Synchronization Signal (S-SS) para sincronizar os frames e
para requisitar informações como frequência e ID da célula.
Uplink
 
Os canais físicos do uplink são apresentados a seguir:
 Physical Uplink Control Channel (PUCCH): Este canal transporta informações de
controle como o CQI, ACK/NACK em resposta as transmissões de downlink e
agendamentos de pedidos deuplink.
 Physical Uplink Shared Channel (PUSCH): É mapeado no canal de transporte UL-SCH
e contêm os dados dos usuários.
 Physical Hybrid ARQ Indicator Channel (PHICH): Carrega as informações
ACK/NACK em resposta as transmissões de uplink.
 Physical Random Access Channel (PRACH): Este canal é utilizado para funções de
acesso aleatório.
Sinais Físicos
 
Os sinais físicos do uplink são:
 Demodulation Reference Signal;
 Sounding Reference Signal.
Canais de Transporte
 
Há um esforço significativo por parte dos órgãos reguladores do LTE para simplificar o
mapeamento dos canais de transportes e canais lógicos. Os canais de transporte se distinguem
pelas características com o qual os dados são transmitidos através da interface rádio. A camada
MAC é responsável por mapear os canais de transporte nos canais lógicos e seleciona o formato
de transporte mais adequado (Motorola, 2009).
 
Assim como os canais físicos os canais de transporte podem ser classificados como canais
de downlink ou uplink conforme apresentados a seguir:
 

Figura 13: Disposição dos canais de transporte


 
Downlink
 
Os canais de transporte do downlink são apresentados a seguir:
 Broadcast Channel (BCH): É caracterizado pelo formato pré-definido de transporte. Este
canal carrega as informações de broadcast em uma área definida pela cobertura de uma
célula.
 Downlink Shared Channel (DL-SCH): Provê suporte para o HARQ e para o link
adaptativo dinâmico, este parâmetro possibilita a variação da modulação, da codificação
e da potência transmitida. Pode ser utilizado como canal de broadcast no interior da
célula.
 Paging Channel (PCH): Provê suporte para a recepção descontínua, isso permite uma
economia no consumo de energia da bateria do UE. Pode ser utilizado tanto como um
canal de trafego quanto para controle.
 Multicast Channel (MCH): Utilizado para enviar informações multicast para os UEs.
Estas mensagens podem ser enviadas simultaneamente para vários dispositivos.
 
Uplink
 
Os canais de transporte do downlink são apresentados a seguir:
 Uplink Shared Channel (UL-SCH): Provê suporte para o HARQ e para o link adaptativo
dinâmico, este parâmetro possibilita a variação da modulação, da codificação e da
potência transmitida.
 Random Access Channel (RACH): Canal utilizado para efetuar o acesso ao sistema.
Apenas permite o envio de uma identificação provisória e a razão do acesso.
Canais Lógicos
 
Estes canais proveem as funcionalidades requeridas pelas camadas de níveis superiores para
entrega de aplicativos e serviços. Na camada 3 o protocolo NAS é utilizado para interligar os
canais lógicos. Eles são mapeados dentro dos canais de transporte na camada 2, através do
elemento RRC. O gerenciamento dos dados do usuário é feito pelo PDCP na camada 2, o
controle e as conexões da camada física é feito pelos elementos RLC, MAC e PHY na camada 1
(Motorola, 2009).
 
Figura 14: Disposição dos canais lógicos
 
Na pilha de protocolos do LTE os canais de transporte são encapsulados pelos canais lógicos.
Estes canais proveem as funcionalidades para as camadas mais altas e são especificados em
termos dos serviços ao qual eles suportam. Cada canal lógico é definido pelo tipo de informação
transferida, geralmente estes canais são divididos em 2 grupos, os canais de controle (utilizado
para transferência de informação no plano de controle) e os canais de tráfego (utilizado para
transferência de informação no plano do usuário), conforme apresentado no esquema a seguir:
 
Canais de Controle
 
Os canais de controle são apresentados a seguir:
 Broadcast Control Channel (BCCH): Canal utilizado no downlink para fazer o broadcast
das informações de controle do sistema.
 Paging Control Channel (PCCH): Canal de downlink responsável pela transferência das
informações de paging. É utilizado pelo sistema para que a rede possa localizar em qual
célula está o UE.
 Common Control Channel (CCCH): Este canal é utilizado para obter informações de
acesso aleatório.
 Multicast Control Channel (MCCH): Canal de downlink ponto-a-ponto utilizado para
transmitir informações de controle MBMS da rede para o UE. Este canal é utilizado
somente por dispositivos que suportam o MBMS.
 Dedicated Control Channel (DCCH): Canal bi-direcional ponto-a-ponto que transmite
informações de controle dedicadas entre o UE e a rede. Utilizados pelos dispositivos
quando eles fazem uma conexão RRC.
 
Canais de Tráfego
 
Os canais de tráfego são apresentados a seguir:
 Dedicated Traffic Channel (DTCH): É um canal ponto-a-ponto dedicado para um UE. É
utilizado para transferir as informações do usuário tanto no downlink quanto no uplink.
 Multicast Traffic Channel (MTCH): É um canal de downlink ponto-a-ponto responsável
pela transmissão do tráfego de dados da rede para o UE. Este canal e utilizado somente
por dispositivos que suportam o MBMS.
 
Mapeamento dos Canais
 
O mapeamento dos canais entre as camadas física, de transporte e lógica são representados nas
figuras 12 e 13.
 

Figura 15: Mapeamento dos canais de downlink


Fonte: ANRITSU, 2010
 
Figura 16: Mapeamento dos canais de uplink
Fonte: ARITSU, 2010
 
 
Estrutura de Frame
 
Para que o sistema seja capaz de sincronizar e gerir os diferentes tipos de informações que
trafegam entre a eNodeB e o UE, o 3GPP padronizou a estrutura de frame utilizada pelo LTE.
Esta estrutura difere entre os modos Time Division Duplex (TDD) e o Frequency Division
Duplex (FDD).
 
De acordo com Anritsu (2009), cada frame é definido em função da variável Ts, que é a unidade
básica de tempo utilizada pelo LTE e pode ser descrita como, Ts = 1/(15000 x 2048) = 32,6 nano
segundos. Tanto as transmissões de downlink quanto de uplink são organizadas em frames com
duração igual a Tf = 307200 x Ts, que equivalem a aproximadamente a 10 ms. Cada frame
possui 10 subframes de 1ms e cada subframe é dividido em slots com duração de 0,5 ms.
 
Dois tipos de estrutura de frames são definidos para o LTE:
 Tipo 1: utiliza FDD
 Tipo 2: utiliza TDD
Para a estrutura de frame tipo 1, os frames são divididos em 20 slots de 0,5 ms. Um subframe
consiste de dois slots consecutivos, assim um frame de rádio contém dez subframes conforme
apresentado na figura 17.
 
 

Figura 17: Estrutura de frame tipo1


Fonte: ANRITSU, 2010
 
Ainda de acordo com Aritsu (2009), para a estrutura de frame tipo 2, cada frame de rádio de
10ms é constituído de dois semi-frames de 5 ms de comprimento onde cada um é dividido em 5
subframes de 1ms cada, conforme apresentado na figura 18. Existem 3 subframes considerados
especiais que são reservados para o downlink e uplink respectivamente. Estes subframes
especiais consistem em 3 campos: Downlink Pilot Timeslot (DwPTS), Guard Period (GP),
e Uplink Pilot Timeslot (UpPTS). Todos os subframes que não são considerados especiais são
definidos como dois slots de duração de 0,5 ms em cada subframe.
 
 

 
Figura 18: Estrutura de frame tipo 2
Fonte: ANRITSU, 2010.
 
A figura 18 representa uma transmissão de 5 ms e os campos especiais são apresentados nos
subframes 1 e 6. Para a transmissão de 10ms, os campos especiais no subframe 6 não são
utilizados. Os subframes 0, 5 e o campo DwPTS são sempre reservados para o downlink, já o
campo UpPTS e o subframe que imediatamente procede este campo são reservados para
o uplink.
 
Para o transporte das informações do usuário, o LTE utiliza 12 subportadoras espaçadas de 15
kHz. Cada bloco possui o mesmo tamanho para todas as larguras de bandas definidas para o
LTE. Os dados são alocados para o UE através dos blocos de recursos. Cada UE pode ser
alocado em vários blocos de recursos no domínio da frequência, onde cada bloco não precisa ser
necessariamente ser adjacente um com o outro conforme apresentado na figura 19. No domínio
do tempo, a decisão de agendamento é feita pela eNodeB. O algoritmo de agendamento deve
levar em conta a situação do link de rádio de diferentes usuários, a situação global de
interferências, exigências de QoS, prioridades de serviços, etc. (Rohde & Schawrz, 2009).
 

 
Figura 19: Alocação dos blocos de recursos para os usuários
Fonte: Silva, 2010
 
O número de símbolos OFDM utilizados depende da configuração do sistema. Para cada símbolo
OFDM, um prefixo cíclico (CP) é utilizado como banda de guarda. Um slot de downlink é
constituído de 6 ou 7 símbolos, essa variação se deve ao fato do sistema utilizar a configuração
de prefixo cíclico estendido ou prefixo cíclico normal respectivamente. O prefixo Cíclico
Estendido é habilitado para células com grande área de cobertura e com alto atraso de
propagação no canal de rádio (Anritsu, 2010).
 
A figura 20 apresenta o esquema de transmissão dos frames tanto para o TDD quanto para o
FDD.
 
Figura 20: Esquema de transmissão FDD e TDD
Fonte: ANRITSU, 2010
 
O quadro abaixo apresenta o número máximo de Blocos de Recurso utilizados pelo LTE para as
diferentes larguras de banda utilizadas por este padrão:
 

Quadro 1: Dimensionamento dos Blocos de Recursos


Fonte: ANRITSU, 2010
 
É possível estimar a taxa de dados trafegados em 1 bloco de recursos. Para isso será considerado
que o sistema possui as seguintes características:
 14 símbolos OFDM por subframe de 1 ms;
 Modulação de 64 QAM com 6 bits por símbolo;
Então:
 x 14 = 84 bits por subframe de 1ms;
 84 bits/ 1ms = 84kbps por subportadora;
 12 subportadoras x 84kbps = 1.008 Mbps por bloco de recurso;
 Utilizado a banda de 20 MHz temos 100 blocos de recurso disponíveis, desta forma:
 100 x 1.008 Mbps = 100.8 Mbps por antena;
Utilizando antena MIMO com configuração 4x4 é possível alcançar taxas de 403.2 Mbps. Na
prática a taxa máxima alcançada chega a 320 Mbps

LTE: Voz sobre LTE

 
Quando se trata de uma nova geração de serviços móveis, os assinantes provavelmente esperam
que os seus dispositivos possam trabalhar tão bem, ou melhor, do que os seus dispositivos atuais
2G/3G. Esta experiência vale tanto para voz quanto para dados e cria no usuário a expectativa de
novos serviços gerados por esta nova tecnologia.
 
Segundo o 3G Americas (2010), a percepção do assinante, o valor global do serviço prestado é
referido como Quality of Experience (QoE). O QoE leva em consideração todos os fatores que
contribuem para a percepção geral do usuário como velocidade, largura de banda, conjunto de
recursos, área de cobertura, mobilidade, custo, personalização e escolha.
 
Para fornecer QoE que atenda as expectativas do assinante, os fatores a seguir serão
considerados críticos para o sistema LTE:
 O dispositivo LTE deve prover altas taxas de troughput com baixa latência.
 O sistema LTE deve prover características e funcionalidades equivalentes ou melhores
que as tecnologias anteriores.
 Chamadas em curso e os recursos utilizados pelo UE devem ser mantidos enquanto o
dispositivo se desloca das zonas cobertas pelo LTE para as áreas de cobertura do 2G/3G.
 A rede deve prover interoperabilidade entre as operadoras e proporcionar capacidade
integral de roaming.
 O sistema deve ser capaz de fazer distinção entre os planos de usuários e prover
diferentes taxas de dados, serviços, QoS, etc.
 
Baseado nestas considerações o LTE não é considerado como a 4ª geração da telefonia móvel,
pois, para simplificar e reduzir os custos de implantação, inicialmente o LTE foi desenvolvido
para oferecer somente serviços de dados. Esta estratégia tem como vantagem a sua rápida
implementação sem que haja a necessidade de se criar uma solução para o serviço de voz. Além
disso, os operadores podem ganhar experiências operacionais e de implantação com LTE, antes
de adicionar a complexidade da voz e de seus extensos requisitos regulamentares.
 
A voz ainda é uma grade geradora de receita para as operadoras de telefonia móvel, porém,
devido a grande demanda de usuários por altas taxas de dados, as operadoras pretendem
implantar uma rede de dados de alta capacidade que seja compatível com as redes 2G e 3G já
implantadas. Com isso os operadores esperam oferecer altas taxas de troughput com o LTE e
caso o assinante necessite realizar chamadas de voz, o mesmo seria comutado para as redes 2G e
3G existentes. Isto é feito através da solução conhecida como CS-Fallback, que é a interface
entre a rede LTE e as redes GSM / UMTS (3G Americas, 2010).
 
O CS-Fallback funciona de duas maneiras:
 Para fazer chamada, o UE migra para a rede 3G e procede com a chamada normalmente.
 Para as chamadas recebidas inicia-se um procedimento de transição entre as redes LTE e
2G / 3G para receber as chamadas. Se houver uma sessão de dados ativa, ela pode ser
migrada para a rede 3G.
 
A figura 21 apresenta a arquitetura de referência utilizada pelo LTE, onde os elementos da rede
são conectados por interfaces padrão. Através desta arquitetura é possível fazer a comutação da
rede LTE para as redes 2G/3G para oferecer os serviços de voz e SMS aos usuários. A interface
SGs que interliga a MSC ao MME é responsável por realizar as funções de paginação. A
interface S3 que interliga o MME ao SGSN facilita a continuação de uma sessão ativa de dados
enquanto o usuário migra do LTE para a rede 3G.
 
 
Figura 21: Arquitetura de referência LTE
Fonte: 3G Americas, 2010
 
A interface SGs também pode ser usada para fornecer suporte de SMS sobre a rede LTE. Um
centro de SMS está conectado a MSC 3G através de uma interface padrão. O MSC servidor pode
entregar as mensagens SMS via interface SGs ao MME. Para o serviço de SMS o sistema não
exige uma MSC completa, é necessária apenas uma versão simplificada do MSC servidor (3G
Americas, 2010).
 
Paralelamente aos estudos para se utilizar as redes sobrepostas, várias alternativas vêm sendo
desenvolvidas para prover serviços de voz e SMS sobre o LTE. Dentre elas destaca-se a Voice
Over LTE via Generic Access (VOLGA), que permite aos operadores implementarem estes
serviços com base em um padrão existente desenvolvido pelo 3GPP conhecido como Generic
Access Network (GAN). O VOLGA ainda exige que um elemento conhecido como VOLGA
Access Network Controller (VANC) seja adicionado ao núcleo das redes GSM / UMTS existentes
(3G Americas, 2010).
 
Esta modificação permite que a rede LTE suporte serviços baseados em comutação por circuito
através da criação de um túnel IP, que permitirá à criação da interface A para fazer a
comunicação com o núcelo da rede GSM-UMTS. Uma preocupação por parte dos operadores e
fabricantes quanto a utilização desta solução, está na dificuldade em se realizar o roaming, pois
sem a padronização das soluções de voz utilizadas pelo LTE, esta se tornaria uma tarefa quase
impossível se ser realizada.

LTE: Considerações Finais

 
O LTE está bem posicionado para atender aos requisitos das redes móveis de próxima geração –
tanto para as operadoras existentes que seguem 3GPP/3GPP2, como para as novas. Com ela,
poderão ser oferecidos serviços de banda larga móvel de elevado desempenho para o mercado de
massa, por meio de uma combinação de elevadas taxas de bit e throughput – tanto
nouplink como no downlink – com baixa latência.
 
Analisando com cuidado as técnicas apresentadas na escala evolutiva do 3GPP, observamos a
preocupação com dois aspectos complementares: de um lado a tentativa de aumentar a eficiência
espectral com a adoção de técnicas de modulação de alta ordem, como o 64QAM e a utilização
de técnicas de acesso como o OFDMA, e de outro a tentativa de melhorar o C/I com a adoção de
técnicas como o MIMO, a diversidade de recepção e o cancelamento sucessivo de interferência.
Com o aumento de ordem da modulação, tende-se a aumentar a vulnerabilidade do receptor no
caso de ocorrência de interferências, porém isto é compensado pelo uso do FDMA. Já o MIMO
tenta minimizar o efeito da interferência percebida, viabilizando o uso mais eficiente do espectro
de frequência.
 
A infra-estrutura LTE é projetada para ser a mais simples possível de implementar e operar, por
meio de tecnologia flexível que pode utilizar várias faixas de frequência. O LTE oferece larguras
de banda escalonáveis, de menos de 5MHz a 20MHz, com suporte a espectros de FDD e TDD. A
arquitetura LTE reduz o número de nós, suporta configurações flexíveis de rede e fornece um
alto nível de disponibilidade de serviço. Além disso, terá interoperabilidade com GSM,
WCDMA/HSPA, TD-SCDMA e CDMA.
 
Apesar de não ser considerada efetivamente como uma tecnologia de 4ª geração, o LTE se
apresenta como uma tecnologia promissora que permitirá ao usuário uma experiência real de
banda larga móvel. O 3GPP continua a realizar os estudos para definir os parâmetros da 4ª
geração das comunicações móveis através da Release-10 conhecida como LTE Advanced. Esta
tecnologia irá reunir dois aspectos fundamentais da telefonia móvel: a utilização de altas taxas de
dados com as facilidades encontradas nas tecnologias que antecedem o LTE como o tráfego de
voz e SMS. O LTE estará disponível não apenas nos telefones móveis de próxima geração, mas
também nos notebooks, câmeras fotográficas, câmeras de vídeo, terminais sem fio fixos e outros
dispositivos que se beneficiam da banda larga móvel.
 
 
Referências
 
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