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A necessidade por informação rápida e móvel guia a tendência das


comunicações contemporâneas. A recente popularização dos celulares e o desenvolvimento
das redes sem fio são dois grandes exemplos de como a mobilidade se tornou importante na
vida moderna. A questão que fica então é por que estamos vendo as grandes capitais, cada
vez mais cabeando com fibra óptica as suas estruturas? A resposta é muito simples. Basta
olharmos todas as características destes dois meios físicos e não somente suas vantagens e
contrapormos com as necessidades. Ambos os meios tem características muito diferentes
contudo coexistem dividindo-se em dois meios vitais, o meio wireline (o sinal é confinado
numa estrutura de propagação, seja óptica ou metálico) e o meio wireless (o sinal se
propaga no espaço livre dentro ou fora da atmosfera terrestre).
O sistema VSAT (Very Small Aperture Terminal) surgiu na década de 90 e
consolidou o espaço como mais um meio físico para o uso das comunicações. Sua principal
característica é a necessidade de uma menor ocupação de banda nos transponders dos
satélites, utilização de antenas menores e, em conseqüência, a utilização de maior potência
no uplink e downlink.
São utilizados freqüentemente em regiões remotas, onde a infra-estrutura
local (cabos metálicos, enlaces de microondas ou fibra ótica) é pouco desenvolvida. Um
bom exemplo para estes casos são os telefones rurais e telefones/fax para o ramo marítimo.
Apesar disto, observa-se um aspecto importante em sua utilização. Os EUA possuem a
metade de todos os terminais VSAT existentes em todo o mundo relativamente bem
distribuído pelo seu território apesar de possuírem uma das mais avançadas redes de
comunicação terrestre. Atribui-se ao fato a uma recente tarefa desta tecnologia, a de
transpassar redes terrestres com tráfego saturado que muitas vezes limitam redes de maior
velocidade.

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Os serviços de multi-acesso e broadcast de satélites foram reconhecidos
historicamente mas com grande dificuldade em implementar todo seu potencial devido as
limitações tecnológicas. O advento do sistema VSAT, quer seja no sistema simplex de
broadcasting ou no sistema interativo duplex, representa a congruência dos recentes
avanços em várias áreas tecnológicas incluindo maior ganho e maior potência nos
satélites, diminuição nos custos dos componentes de microondas e RF, modems digitais, e
protocolos de processamento. Dessa forma, a constante evolução nos satélites e terminais
de terra vem fazendo com que o sistema VSAT seja cada vez mais utilizado na
arquiteturas de telecomunicações quer seja de uma grande multinacional de um país
desenvolvido ou um backbone de comunicação de um país com menos recursos
tecnológicos. Estes sistemas foram desenvolvidos, principalmente, para suportar
distribuição de dados e comunicações interativas duplex onde a reconfigurabilidade,
rápida expansão, atualização e desenvolvimento são importantes.
A rede de comunicações VSAT (Very Small Aperture Terminal) foi
idealizada no final da década de 80, do século passado. O objetivo inicial foi de integrar
unidades separadas por longas distâncias mas a popularização fez com que as aplicações
sejam as mais diversas possíveis atendendo praticamente qualquer tipo de serviço onde há
necessidade premente de comunicação de voz, dados e vídeo.
Uma interpretação mais liberal do termo VSAT pode incluir um pequeno
sistema terminal, indiferente de qualquer que seja, por exemplo; uma parte de um sistema
dedicado de rede de dados de empresas, ou uma rede de dados de distribuição de sinal de
TV ou até uma aplicação militar ou civil.

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Enquanto a maioria dos sistemas disponíveis comercialmente foram projetados
para levar dados, o tráfego subjacente como voz, fax, vídeo podem ser transmitidos no sistema.
O termo VSAT é geralmente assumido para se referenciar aos sistemas de
instalação fixa; enquanto os móveis também têm uma antena de abertura pequena e são baseados
nas tecnologias relacionadas, muitos aspectos estão fora do escopo deste material.
O VSAT, ou micro terminal, como é chamado comumente na Europa, é
geralmente tomado como sendo o terminal remoto numa rede dedicada de dados baseada na
configuração estrela. A estação mestra, ou HUB, se caracteriza por possuir antenas com diâmetro
maior ou igual a 6 metros e equipamentos para processamento e roteamento dos pacotes
recebidos via satélite das VSATs e dos canais terrestres locais. Já as VSATs possuem antenas
com diâmetro entre 0,45 a 2,4 metros e equipamentos de dimensões bastante reduzidas.
O canal de comunicação da HUB para as VSATs é chamado de outbound. Em
geral, um outbound atende diversas VSATs, pois carrega diversos pacotes multiplexados
estatisticamente, endereçados às VSATs de destino. Normalmente a difusão de dados
(broadcasting) também é possível no outbound.
O canal de comunicação das VSATs para a HUB chama-se inbound. Em geral a
técnica de múltiplo acesso empregada no inbound é a principal especificação do sistema, sendo
comum utilizar-se a designação de uma rede de VSATs como CDMA, TDMA ou SCPC, onde a
tecnologia de múltiplo acesso no canal inbound está associada à grande economia do segmento
espacial resultante do emprego de um protocolo de acesso adequado ao perfil de tráfego das
microestações. O CDMA por exemplo, é adequado ao caso de muitas estações com baixo tráfego
individual. Já o TDMA com quadro fixo (fixed frame) se adequa melhor ás situações onde o
tráfego por microestações é superior. Além disso, a tecnologia TDMA tem se sobressaído como
técnica de múltiplo acesso para o inbound, em função de sua maior flexibilidade no manuseio de
perfis de tráfego variáveis no tempo ou variáveis de microestação para microestação. Assim, é
comum, nos sistemas mais recentes, a utilização de mais de uma alternativa de acesso TDMA,
como quadro fixo ou acesso aleatório, além de procedimentos para reserva, no caso de se
necessitar escoar uma maior quantidade de informações.
No Brasil forma instaladas redes de VSATs utilizando diversas técnicas de
múltiplo acesso par o inbound, tais como: FDMA/SCPC na rede do HSBC, CDMA na rede do
Bradesco e TDMA na rede da Embratel. Em geral, o maior tráfego de uma rede de VSATs é entre
cada estação VSAT e a HUB, porém se necessário, duas VSATs podem se comunicar através da
HUB.
Outra característica de uma rede VSAT é o tratamento do protocolo do usuário,
também denominado “protocol spoofing”, tendo em vista o mesmo não ser, na maioria dos casos,
adequado ao retardo envolvido na transmissão por satélite. Com isso o protocolo do usuário é
convertido para um protocolo interno ao sistema que segue, em geral, o padrão HDLC. Desta
forma, pode-se ter diversos usuários utilizando os mais variados protocolos, conectados a uma
mesma rede VSAT ou até a uma mesma VSAT. Há também o gerenciamento sofisticado do
sistema como um todo e as facilidades para controle do fluxo de dados na rede. Em geral, as
estações mestras dispõem de equipamentos de processamento de dados sofisticados, muitas
vezes interconectados por uma ou mais redes locais.

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As bandas de freqüência para todas as formas de rádio comunicação são
alocadas pelo ITU (International Communications Union) com a primeira alocação para
comunicações via satélite sendo feita em 1959. Estes foram revisados e estendidos ao
subseqüente World Administrative Radio Conferences (WARCs) em 1963, 71, 77, 79 e 87.
O mundo foi dividido em 3 regiões:
•Região 1: Europa, África e meio leste da antiga URSS.
• Região 2: Américas.
• Região 3: Ásia e Oceania, exceto meio leste da antiga URSS.
Em geral, fixos, sistemas comerciais VSAT usam transponders em satélites
operando na banda C (up-link 6GHz, down-link 4GHz) ou na banda Ku (up-link 14GHz,
down-link 11 ou 12GHz) dentro do FSS (Fixed Satellite Service). Mais recentemente, o
BSS (Broadcast Satellite Service) na banda Ku vem sendo usado. Também há uma alocação
para serviços fixos na banda Ka (up 30GHz, down 20GHz). A banda L (up 1,6GHz, down
1,5GHz) é usada amplamente pela Inmarsat para prover serviços móveis via satélite.

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Satélites usados para telecomunicações são quase que exclusivamente de
órbita geo-estacionária, localizados num arco em volta do equador de aproximadamente
36.000Km.
Várias organizações possuem satélites disponíveis para aplicações
comerciais de VSAT. Inicialmente, essas organizações eram internacionais, mas à medida
que as demandas por serviços via satélite aumentaram, sistemas regionais e domésticos
apareceram. Em adição a essas organizações internacionais, um considerável número de
companhias, principalmente nos USA, possuem satélites que são usados para levar seu
próprio tráfego. Na maioria dos casos, os satélites de uso militar dedicado operam em
bandas diferentes às dos civis.
Atualmente encontra-se satélites com transponders operando na banda FSS
tipicamente extendida de 36 para 72MHz de BW com EIRP na faixa de 30 a 52dBW. EIRP
é a potência irradiada na saída do satélite; é a multiplicação entre o ganho da antena e a
potência entregue à mesma. Na maioria dos sistemas VSAT, a potência é o fator limitante
nos transponders, pois estes podem ser levados a trabalhar na região não linear, ou região
de saturação, provocando sérios problemas causados por intermodulação.
O reuso de freqüências é necessário, usando mutuamente polarização circular esquerda e
direita (RHC e LHC) na banda C, e polarização ortogonal na banda Ku.
No projeto de uma rede VSAT é importante selecionar um satélite que garanta que as
características dos transponders seja adequada a demanda de operação com terminais
VSAT. A Intelnet, serviço oferecido pela Intelsat e os SMS (Satellites Multiservices) da
Eutelsat são particularmente apropriados para aplicações de VSAT entre outros.

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A topologia de rede VSAT mais utilizada é a rede em estrela. Essa rede
contém um número de VSATs remotos que se comunicam com e/ou através da estação
HUB por meio de links inbound (VSAT-to-HUB) e outbound (HUB-to-VSAT). No modo
de único salto os VSATs remotos se comunicam com a estação HUB e não com os outros
terminais. Este modo mais simples de comunicação é amplamente utilizado pelo mundo
do negócios: a estação HUB está localizada no escritório central da companhia e os
VSATs remotos estão situados nas filiais ou postos avançados. Nesta aplicação não existe
a necessidade das filiais se comunicarem entre si. No modo de duplo salto o VSAT
remoto acessa um outro VSAT através da estação HUB. Todos os sinais dos VSATs
remotos são recebidos pela estação HUB, que realiza as funções de decodificação de
dados, demultiplexagem, codificação e comutação de portadoras. A estação HUB então
retransmite os dados para o VSAT de destino através dos links outbound. Uma rede em
estrela totalmente desenvolvida pode operar em ambos os modos, único salto e duplo
salto.
Inicialmente essa configuração foi bastante utilizada devido as limitações
na performance dos componentes e sistemas disponíveis. É digno de nota que essa rede
requer um terminal HUB relativamente caro. Porém, a rede tem a vantagem de que a
HUB pode manter um controle efetivo, quer seja instalada na ponta da rede da empresa a
ser servida com o sistema ou no varejo.

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Satélites de alto ganho juntamente com melhorias significativas no
amplificador de baixo ruído usado na recepção dos sianis (LNA – Low Noise Amplifier)
e no SSPA (Solid State Power Amplifier) usados nos transmissores, oferecem novas
perspectivas de comunicação VSAT para VSAT com arquitetura em malha. Isso oferece a
possibilidade em reduzir o atraso na propagação (tipicamente 0,25s comparado com 0,5s
para topologia em estrela) o que é especialmente vantajoso quando o link carrega tráfego
de voz.
Uma comunicação de único salto entre VSATs remotos pode também ser
estabelecida por meio de uma configuração full-mesh ou malha. Uma estação principal
de controle realiza conectividade entre os VSATs remotos. A vantagem da rede full-mesh
sobre o modo duplo salto da rede em estrela é o menor atraso, conforme dito, embora
essa vantagem possa ser compensada, no modo duplo salto da rede em estrela, pela maior
qualidade do link e menor custo dos equipamentos. Se a estação principal de controle é
também uma estação HUB, a rede de único salto desfrutaria de todas as vantagens das
configurações estrela e full-mesh.
Num futuro próximo, uma rede em malha sem um terminal máster se
tornará realidade através de protocolos de controle com técnicas adequadas.

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Ao se iniciar o projeto de uma rede VSAT é inevitável o seguinte
questionamento: qual arquitetura ou topologia é mais apropriada para atender minha
necessidade? A resposta depende basicamente de três fatores:
• a estrutura do tráfego que será transmitido pela rede;
• os requisitos de qualidade e capacidade ( largura de faixa);
• o atraso da transmissão.

A estrutura do tráfego que que será transmitido pela rede


Redes VSAT são projetadas para suportar diferentes aplicações, e para cada
aplicação há uma configuração de rede mais eficiente.
Broadcasting: o site central (HUB) distribui alta densidade de tráfego para as estações
remotas (VSAT), ou seja, alta densidade de informação no outbound mas não há
transmissão no sentido inverso, ou inbound. Conseqüentemente, observa-se que a rede em
estrela com único salto atende essa necessidade com custo mais baixo.
Rede corporativa: muitas companhias possuem um estrutura centralizada com a área
administrativa e gerenciamento em um site central e as fábricas ou setor de vendas
espalhados numa área geográfica, até mesmo em vários países. Nesse caso, há necessidade
de que os sites remotos (VSATs) enviem informações atualizadas para o centro
administrativo (HUB) para tomada de decisões e estabelecimento de novas estratégias que
serão distribuídas para as diversas unidades remotas da empresa. A tecnologia VSAT
permite que inicialmente a companhia possa estabelecer uma rede corporativa em estrela
simplex (somente a HUB envia informações para as estações VSAT), diminuindo o custo
inicial do projeto, e mais tarde implemente interatividade

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nas estações VSAT remotas, fazendo com que a rede passe a operar na topologia estrela
com transmissão duplex. Isso implicará no uso de estações VSAT que recebem e
transmitem simultaneamente, aumentando gradativamente o investimento.
Interatividade entre sites distribuídos ao longo da rede: algumas companhias ou
organizações possuem uma estrutura totalmente descentralizada onde a tomada de decisões
pode ocorrer em qualquer local, depende da competência de cada área, fazendo com que
muitas estações interagem entre si e troquem informações pertinentes a cada tomada de
decisão. Nesse caso , a topologia em malha, onde cada estação VSAT comunica-se
diretamente com outra estação VSAT, é mais eficiente. Também é possível trabalhar com
uma topologia em estrela com duplo salto, ou seja, as estações VSAT comunicam-se entre si
através da HUB, contudo percebe-se que inevitavelmente o atraso da transmissão será
maior.

Qualidade e capacidade
Quando analisamos o desempenho de uma comunicação digital, o fator que
determina a qualidade da transmissão é a Taxa de Erro de Bit – TEB, ou no inglês Bit Error
Rate – BER. Esta depende da relação Eb/N0 (relação energia do bit pela densidade espectral
de potência do ruído) que por sua vez depende da potência com que o sinal é transmitido
(EIRP) e o fator de mérito da estação de recepção G/T (relação entre o ganho da antena de
recepção e a temperatura equivalente de ruído). Observa-se através do gráfico acima que
numa configuração em estrela com duplo salto (uma estação VSAT comunica-se com outra
VSAT através da HUB é possível trabalhar com capacidades de transmissão mais altas, sem
modificação o tamanho da estação VSAT.

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Isso em comparação com a rede em malha onde cada estação VSAT pode
comunicar-se com outra VSAT diretamente, ou seja, através de único salto. Essa
diferença ocorre pois quando a transmissão entre VSAT é realizada via HUB, esta última,
trabalha com valores de EIRP (potência efetivamente irradiada referenciado à antena
isotrópica) maiores do que nas VSAT e também por possuir antenas bem maiores (na
ordem de 4 a 12 metros) o que resulta em valores de G/T maiores do que os praticados
nas estações VSAT que possuem antenas bem menores (até 2 metros aproximadamente).
Contudo, o preço pago pela maior capacidade de transmissão é o maior
atraso de comunicação devido ocorrer duplo salto.
Atraso do transmissão
Numa configuração em malha com único salto, ou seja, a comunicação
ocorre diretamente de VSAT para VSAT, o tempo de propagação é de aproximadamente
0,25 segundos. Com duplo salto, que é o que ocorre na configuração estrela, ou seja, a
comunicação entre as VSATs ocorrem através da estação HUB, o tempo de propagação é
de aproximadamente 0,5 segundos. O dobro do caso anterior.
Maior tempo de propagação resulta em problemas para comunicação de
voz contudo não constitui um severo problema para comunicação de dados e vídeo. Em
resumo, o projetista da rede deve decidir, para um dado valor de EIRP e G/T de um
VSAT, entre maior atraso de propagação com maior capacidade de transmissão ou menor
atraso com menor capacidade. Como vimos, isso dependerá da característica de
aplicação de cada rede individualmente.

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A estação remota (VSAT) é formada por um subsistema interno (IDU –
Indoor Unit) e uma unidade externa (ODU – Outdoor Unit). O equipamento externo é
formado por uma antena com refletor parabólico e o equipamento de RF associado, além
de um regulador de tensão. Não há controles para operação e uma vez instalado e testado
não é necessário acessa-lo em condições normais de operação.
A unidade interna (IDU) contém a maioria dos equipamentos digitais e de
FI e realiza as seguintes funções:
A) Multiplexação e controle dos terminais de dados: permite que mais de um terminal de
usuário compartilhe das facilidades da estação VSAT e se ajuste ao terminal de protocolo
particular utilizado.
B) Terminal de protocolo: é utilizado como interface entre os protocolos de dados
utilizados pelo usuário e o protocolo de transmissão via satélite.
C) Processamento da rede: permite ao usuário requisitar uma conexão lógica à qualquer
outro usuário ou HOST dentro da rede de dados.
D) Empacotamento de dados e controle: fornece um canal livre (circuito virtual)
quebrando o fluxo de dados em vários pacotes. Estes diversos pacotes podem ser
retransmitidos em caso de erro ou perda na recepção.
E) Controle do canal satélite: determina quando a VSAT pode transmitir no canal satélite
compartilhado e se uma mensagem recebida foi endereçada para o receptor em questão.
F) Processamento do sinal: realiza as funções do modem satélite e FEC (código corretor de
erros).

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A unidade externa (ODU) é responsável pela transmissão e recepção via
satélite (banda C ou Ku). Normalmente esta unidade é instalada no pedestal de sustentação
da antena ou no próprio prato da antena através de suportes especiais e realiza a interface
entre a IDU e a antena. Abaixo, descreve-se os sub-sistemas usados numa estação HUB e
terminal de Terra VSAT, com suas funções:
• Antenas
O termo antena inclui o refletor, alimentador e o dispositivo para separar os
sinais transmitido e recebido. Qualquer sistema duplex possue caminhos separados para os
sinais de TX e RX. A combinação é realizada no módulo transdutor ortogonal (OMT) que
encaminha para antena o sinal que será transmitido para o satélite enquanto recebe o sinal
de down-link. O principal objetivo da antena é de garantir alto ganho de transmissão e
recepção, pela sua diretividade, para compensar os baixo níveis de sinais recebidos devido
a grande distância entre a estação e o satélite. A montagem da antena dependerá do tipo de
site e aplicação contudo a construção estrutural desta deve suportar condições climáticas
adversas como ventos, chuvas, neve e etc. As antenas trabalham com polarização linear ou
circular.
• High Power Amplifiers (HPAs)
Traveling Wave Tube Amplifiers (TWTAs) são geralmente usados nas
estações HUB pois trabalham com potências de saída maiores e possui a característica de
serem sintonizados numa banda de frequência individual de up-link. Há vários tipos de
TWTs e TWTAs utilizados para essa aplicação.
Devido a constantes melhorias na construção de semicondutores os Solid
State Power Amplifiers vem provendo potências maiores de aprox. de 20 a 50 W. Esse
níveis de potência atendem bem as estações VSAT.

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• Low Noise Converters (LNCs)
Os LNCs desempenham dupla função, amplificação com baixo ruído e conversão do
sinal em frequência intermediária de RX. Valores típicos de temperatura de ruído ficam em torno de
75 K a 100 K, o que corresponde a uma figura de ruído em torno de 1 a 1,3 dB.
• Up e Downconverters
Upconverters são utilizados para transladar o sinal modulado na frequência
intermediária (tipicamente 70 MHz) para o sinal de microondas ( 6 GHz na banda C e 14 GHz na
banda Ku) onde então será amplificado num HPA ou SSPA para ser transmitido ao satélite. Os
downconverters transladam o sinal de microondas, recebido a partir do satélite, para frequência
intermediária de recepção.

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É a principal estação do sistema VSAT e, basicamente, desempenha as
seguintes funções:
• transmitir, via satélite, os dados recebidos através das suas portas de acesso;
• centralizar os dados recebidos das diversas estações VSATs da rede, distribuindo-os
através de suas portas de acesso;
• retransmitir os dados recebidos de um VSAT para qualquer outra VSAT da rede;
• realizar o controle e gerência da rede.
Os equipamentos de banda básica realizam a interface com o usuário,
processamento digital, empacotamento/desempacotamento, controle de tráfego e
modulação e demodulação. Os equipamentos de RF tratam os sinais depois da modulação
e antes da demodulação para serem transmitidos e recebidos via satélite respectivamente.
Assinalamos que a Estação Mestra (HUB), por ser de maior porte, normalmente opera
com antenas de diâmetro maior ou igual a 6,0 m e com HPAs com potência de saída maior
ou igual a 100 Watts. Dada a sua importância para o sistema VSAT, todos os equipamentos
de banda básica e RF são utilizados em esquema de redundância.
Os equipamentos de controle e gerência da rede são chamados de coração
do sistema VSAT, uma vez que toda a operação, gerenciamento e controle da rede são
processados por eles, além de realizarem monitoração e controle de grande número de
VSATs com possibilidade de telecomando (troca de frequência e de nível, atualização de
parâmetros) e supervisão de alarmes/status. Tipicamente o sistema de controle de gerência
possui menu de telas com a configuração global da rede,

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permitindo acesso escalonado a cada estação VSAT e a cada equipamento dentro desta, sendo ainda
responsável pela garantia da sincronização da rede.
Nesse ponto é importante salientarmos que a escolha da tecnologia de múltiplo
acesso deve visar pequeno atraso no tempo de resposta (baixo delay), razoável eficiência na largura
de faixa associada à capacidade de transmissão de dados (throughput) e robustez na operação
juntamente com mínimo de implantação.
Essas metas são análogas aquelas para redes locais do tipo broadcast, tanto que a
evolução tecnológica dos protocolos VSAT pode ser considerada em paralelo com os protocolos
mais maduros de tecnologia LAN (Local Area Network). É claro que os protocolos de acesso LAN,
tais como CSMA/CD (usado na rede Ethernet) e o Token Ring da IBM, não podem ser diretamente
aplicados no cenário VSAT devido a forte dependência da eficiência do protocolo de acesso ao
atraso de propagação do canal (delay), o qual, para satélite é algumas ordens de grandeza maior que
para as redes LAN.

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O serviço de comunicação de dados via satélite usando VSAT apresenta duas
alternativas básicas:

• Rede privativa: nesta alternativa o cliente adquire a estação HUB e as estações VSAT
para uso próprio, sendo, portanto, requerido a presença de operadores da concessionária na
estação HUB. Exemplo: redes bancárias, redes de hotéis, empresas petrolíferas e etc.

• Rede compartilhada: neste caso a estação HUB é comum a várias VSATs , pertencentes
a diversos usuários distintos. A concessionária oferece o serviço de rede compartilhada
através de sua HUB. Exemplo: clientes residenciais, pequenas empresas e etc.

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A comunicação entre estações VSAT de uma rede de comunicação via
satélite se dá através de um sinal modulado (portadora modulada) conforme vimos
anteriormente. Cada portadora modulada ocupa uma largura de faixa fixa do transponder
do satélite. Quando é atribuída uma largura de faixa fixa para cada uma das portadoras o
sistema é chamado de “alocação fixa” ou simétrico (fixed assignment – FA) ou se a
largura de faixa do transponder é compartilhado dependendo da necessidade de
transmissão de cada estação VSAT então o sistema é chamado de “alocação por demanda”
ou assimétrico (demand assignment – DA).
Como exemplo para um tipo de transmissão simétrico, consideramos uma
rede estrela mas os princípios podem se aplicar também a uma rede em malha. Os recursos
do satélite são compartilhados de forma fixa para todas as estações VSAT
independentemente da demanda de tráfego de cada estação. Dessa forma, pode ocorrer
que num dado momento a demanda de transmissão de uma determinada estação VSAT
seja maior do que a banda alocada para essa estação, nesse caso a estação deve armazenar
ou rejeitar o demanda de tráfego excedente ou ainda aumentar o atraso, mesmo que outras
estações VSAT não estejam utilizando totalmente a banda dedicada a estas.
Conclui-se que a comunicação simétrico não permite uma alocação mais
coerente dos recursos do satélite em função da variação da capacidade de transmissão de
cada VSAT, não sendo uma forma de comunicação que prioriza a otimização dos recursos.

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Com a alocação por demanda ou assimétrica, as estações VSAT
compartilham os recursos do satélite. Cada estação utiliza apenas a banda necessária para a
sua transmissão, deixando a capacidade excedente para que outras estações VSAT possam
utiliza-la. Deixa-se claro que o compartilhamento ocorre dentro dos limites da largura de
faixa total do satélite disponibilizada para a rede. Percebe-se então que para que cada
estação VSAT possa transmitir na rede de forma eficiente, deve haver um controle no fluxo
das informações e na forma como cada estação VSAT ocupará o transponder do satélite,
havendo também a necessidade de requisitar o recurso de banda disponível num dado
momento para transmissão das informações. Esse gerenciamento pode ser centralizado ou
distribuído dependendo da topologia de rede adotado, o que implica em técnicas de
múltiplo acesso ao meio, por parte de cada estação VSAT pertencente a rede.
Um gerenciamento centralizado na estação HUB apresenta melhor
performance numa topologia em estrela já que todo fluxo de informações passa através
desta estação. Numa topologia em malha, tanto o gerenciamento centralizado como o
distribuído pode ser implementado.

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