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COMUNICAÇÃO

DE DADOS
Modulação baseada
em múltiplas
portadoras
Fernanda Rosa da Silva

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Introduzir as técnicas de acesso por múltiplas portadoras.


>> Explicar o CDMA.
>> Distinguir OFDM e OFDMA.

Introdução
O surgimento dos sistemas celulares e sua utilização no acesso à internet causou
uma revolução no campo das comunicações. Igualmente importante é o apare-
cimento simultâneo das redes sem fio denominadas WLAN (Wireless Local Area
Network). WLANS facilitam o acesso à internet por meio de dispositivos (grupos
definidos por dispositivos móveis) chamados PDAs (personal digital assistants);
por isso, atualmente, o acesso realizado aos recursos oferecidos na rede mundial
é em grande parte realizado a partir de dispositivos móveis.
Ambas as tecnologias, pela mobilidade que proporcionam, desempenham um
papel decisivo no modelo de informação ubíqua que a internet procura (ou seja,
qualquer informação disponível a qualquer hora e em qualquer lugar).
Para garantir que os sistemas de comunicação sejam capazes de permitir
o uso em simultâneo de um dado meio de comunicação comum por parte de
vários utilizadores, usam-se várias técnicas de acesso múltiplo. Por isso, neste
capítulo, você vai analisar técnicas utilizadas e analisar as diferenças entre elas,
2 Modulação baseada em múltiplas portadoras

vendo como o que caracteriza o CDMA (Code Division Multiple Access), o OFDM
(Ortogonal Frequency Division Multiplex) e o OFDMA (Ortogonal Frequency Division
Multiple Access).

Técnicas de acesso por múltiplas portadoras


Para o uso de sistemas móveis e redes sem fios, o uso de dados é extrema-
mente valioso, porém, em alguns momentos, é de certa forma escasso. Por
esse motivo, existe uma enorme necessidade de se racionalizar o uso dos
recursos, de modo a maximizar a capacidade do sistema em termos do número
de utilizadores permitidos para cada meio de comunicação e transmissão de
dados. Para isso, as técnicas de acesso por múltiplas portadoras são utilizadas.
De acordo com Rochol (2012), existem duas tecnologias de acesso com
múltiplas portadoras que passaram a ser mais utilizadas: o CDMA (Code
Division Multiple Access) e o OFDMA (Ortogonal Frequency Division Multiple
Access). Elas compartilham diversas semelhanças entre si, utilizando como
base para sua funcionalidade os conceitos que definem multiportadoras.
No entanto, o autor também aponta que existem diferenças visíveis entre
as duas técnicas, como (ROCHOL, 2012):

„„ o CDMA usa um conjunto de portadoras digitais ortogonais (códigos


pseudoaleatórios) no domínio do tempo;
„„ o OFDMA usa um conjunto de portadoras ortogonais no domínio da
frequência;
„„ ambas as técnicas possuem esquemas de acesso múltiplo, o que as
torna adequadas para aplicações em sistemas sem fio com acesso
múltiplo.

É importante considerar que as duas tecnologias apresentam variantes e


podem ser aplicadas em sistemas modernos de transmissão como as redes
sem fio. A Figura 1, a seguir, ilustra as duas técnicas:
Modulação baseada em múltiplas portadoras 3

Figura 1. Técnicas de múltiplas portadoras. (a) Técnica CDMA — Múltiplas portadoras digitais.
(b) Técnica OFDMA — Múltiplas portadoras analógicas.
Fonte: Adaptada de Rochol (2012).

No CDMA — múltiplas portadoras digitais —, os códigos representam um


conjunto de portadoras digitais ortogonais representados em um mesmo
domínio de tempo. Dessa forma, cada código de portadora múltipla é um sinal
gerado por modulação linear por meio de uma sequência pseudoaleatória
de banda larga.
Como resultado, os sinais usados ​​pelo CDMA são muito mais longos do
que aqueles usados por
​​ outras tecnologias, reduzindo, assim, a interferência
e permitindo a reutilização da frequência em cada célula. Não há divisão de
tempo: todos os usuários sempre usam toda a largura de banda da opera-
dora. Na próxima seção, vamos analisar com detalhes as características que
definem a funcionalidade da técnica de modulação CDMA.

Técnica CDMA
O CDMA, ou técnica de espalhamento espectral por códigos, surgiu em 1992 e
é a técnica de modulação mais antiga. Teve início em redes móveis e sistemas
celulares, sendo criada pela Qualcom, dos Estados Unidos, e tendo como
principal característica a alta eficiência ligada ao seu espectro, que superou
os sistemas criados anteriormente.
Sobre o CDMA, é importante afirmar que a tecnologia surgiu para substituir
sua antecessora, o TDMA (Time Division Multiple Access), em redes celulares,
oferecendo maior mobilidade e superando os sistemas tradicionais oferecido
no mercado de tecnologias celulares anteriormente.
4 Modulação baseada em múltiplas portadoras

Atualmente, a tecnologia CDMA é muito utilizada em tecnologias da ter-


ceira geração, sendo também conhecida como CDMA-2000. Nessa técnica,
a expansão ou espalhamento do espectro é uma etapa realizada antes da
transmissão.

Espalhamento espectral é uma técnica de modulação na qual a


largura de banda é muito maior do que a largura de banda mínima
necessária para transmitir as informações necessárias. Dessa forma, a energia
do sinal transmitido passa a ocupar uma banda de frequência muito maior do
que a informação (ABRANTES, 2003).

O espalhamento do espectro pode ser feito de várias maneiras. Um método


simples é modular uma portadora digital cuja taxa de bits é muito maior do
que a taxa de informação. Esses bits da portadora digital, que não devem ser
confundidos com os bits de informação, são chamados de chips. Portanto,
dizemos que, para espalhamento do espectro, a taxa de chips deve ser muito
maior do que a taxa de bits de informação.
Apesar de a tecnologia CDMA ainda ser uma tecnologia utilizada, pos-
teriormente ao seu surgimento, a tecnologia OFDM (Ortogonal Frequency
Division Multiplex) também passou a ser utilizada em redes sem fio (WLANS).
Na mesma época, essas redes foram aprimoradas e o padrão IEEE 802.11ª
foi criado, sendo fortemente influenciado pela transmissão e modulação
conhecida como OFDM.
Quando se considera a modulação aplicada à essa técnica, Rochol (2012)
aponta o uso de dois sinais digitais, que tornam esse processo totalmente
digital, e que pode ser realizado, em princípio, por qualquer porta lógica com
duas entradas — por exemplo, utilizando portas lógicas exclusivas.
Já Kopp (c2005 apud ROCHOL, 2012) descreve o CDMA como uma técnica
de espalhamento do espectro da informação através de um código pseu-
doaleatório de taxa bem mais elevada do que a informação necessita para
ser transmitida. Dessa forma, os códigos pseudoaleatórios funcionam como
portadoras digitais no domínio tempo, com taxa de bits bem mais elevada
que o fluxo de informação que modulará essa portadora.
Então, na tecnologia CDMA, o sinal digital resultante é transmitido por uma
única portadora analógica no domínio do tempo. Para distinguir o espectro
de frequência de cada usuário no recebimento, o receptor associa o código
pseudoaleatório do usuário ao sinal recebido, recuperando, assim, o espectro
do sinal enviado pelo usuário.
Modulação baseada em múltiplas portadoras 5

O CDMA, portanto, pode ser considerado um sistema de múltiplas por-


tadoras digitais ortogonais e algumas técnicas baseadas em espelhamento
espectral. Existem três classes básicas de técnicas de espalhamento espectral
que utilizam códigos pseudoaleatórios ou códigos PN (Pseudo Noise): DS-SS
(Direct Sequence-Spread Spectrum), FH-SS (Frequency Hopping-Spread Spec-
trum) e TH-SS (Time Hopping-Spread Spectrum), conforme ilustrado na Figura 2.

Figura 2. Técnicas de espelhamento espectral.


Fonte: Rochol (2012, p. 217).

A seguir, essas técnicas são descritas.

DS-SS (Direct Sequence)


A transmissão de espectro de difusão de sequência direta (DS-SS) usa código
de chip para “espalhar” a transmissão em uma banda de frequência mais
ampla do que o normal e representa uma forma de CDMA. De acordo com
Dubrawsky (2010), em vez da sequência binária pseudo-aleatória (PRBS),
um código de Barker de 11 bits é usado como sequência de propagação. No
entanto, os mesmos princípios se aplicam:

„„ o padrão de bits redundante na sequência de espalhamento aumenta


a resistência dos sinais à interferência e também distribui a potência
por um canal de 22 MHz, que se parece essencialmente com ruído de
banda larga de baixa potência;
„„ uma característica importante da modulação DSSS é que ela é rejeitada
por receptores convencionais de banda estreita que podem estar
compartilhando a mesma banda ISM (Industrial Sientific and Medical);
„„ a banda de frequência ISM de 2,4 GHz é dividida em três bandas de
frequência não sobrepostas ou seis sobrepostas, ocupando a banda
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de frequência de 22 MHz. Somente canais não sobrepostos podem


garantir que não haja interferência entre si.

Por exemplo, duas estações sem fio operando nos canais 1 e 3 não se as-
sociariam, mas o sensor de portadora pode impedi-las de transmitir pacotes
simultaneamente.
A Figura 3 ilustra melhor como essa técnica funciona.

Figura 3. Técnica DS-SS.


Fonte: Rochol (2012, p. 218).

Na Figura 3, observa-se que a expansão do espectro pode ser realizada


de várias maneiras. Nesse caso, o espectro do sinal de informação NRZ (não
retorna a zero) consiste em manter o nível do sinal alto (1) ou baixo (0) dentro
de um determinado período de tempo, ou seja, representa o fluxo de bits. Na
técnica de transmissão DS-SS, cada tempo de bit é dividido em uma série de
subintervalos denominados chips e executados em um tempo determinado
(tempo de um chip).
Um método simples é modular uma portadora digital cuja taxa de bits é
muito maior do que a taxa de informação, isso porque a modulação de dois
sinais digitais é um processo totalmente digital e, em princípio, pode ser
realizada por qualquer porta lógica com duas entradas.
Esses bits da portadora digital que não podem ser confundidos com os
bits de informação são chamados de chips. Portanto, dizemos que, para
espalhamento do espectro, a taxa de chips deve ser muito maior do que a
taxa de bits da informação.
Para definir melhor como a técnica funciona, Rochol (2012) cita as principais
características para justificar os fins de sua utilização:
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„„ a banda de frequência estendida (espelhamento) pode ser ocupada por


vários usuários ao mesmo tempo, com interferência mínima entre eles;
„„ a intensidade do sinal de cada usuário pode ser muito menor do que
a potência do ruído ou a interferência mútua observada na banda de
frequência do canal;
„„ os sinais de espectro de propagação são muito robustos contra inter-
ferências de banda estreita. O processo de recuperação do sinal de
informação pode filtrar sinais de interferência que são confundidos
com ruído de fundo.

FH-SS (Frequency Hopping SS)


FH-SS pode ser definido como uma técnica ou método de transmissão de
sinais de rádio que envolve a mudança contínua da portadora por meio de
vários canais, usando uma sequência pseudoaleatória conhecida tanto pelo
lado do transmissor como pelo do receptor.
Rochol (2012) relatou que o FS-SS inclui basicamente a comutação rá-
pida e pseudoaleatória da frequência portadora, utilizando um conjunto de
frequências definidas previamente na banda de frequência de espelhamento.
Assim, a cada salto em relação à frequência, a portadora modulada ocupa
uma banda de frequência diferente em um canal que depende da taxa de
informação.
Esse método de transmissão possui alta capacidade de evitar interferência
nos canais de transmissão, apesar da dificuldade de interceptar os sinais.
Além disso, compartilha a largura de banda entre múltiplos transmissores.

TH-SS (Time Hopping SS)


Abrantes (2003, p. 4) apontou que, com esta técnica, os “[...] blocos de bits são
transmitidos intermitentemente” em um quadro com um ou mais intervalos
de tempo (“intervalos de tempo”) em um grande número de intervalos. A
escolha do intervalo de tempo usado em cada quadro é pseudoaleatória.
Essas três categorias compartilham as mesmas características de acesso
múltiplos e usam um certo tipo de código pseudoaleatório para alcançar a
expansão do espectro e a personalização dos direitos de acesso.
Como as três categorias usam algum tipo de código pseudoaleatório, elas
podem ser consideradas tecnologias do tipo CDMA. Além dessas três classes
básicas, cada classe possui diversas variantes, não muito utilizadas.
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Por fim, podemos destacar que, pelo fato de o sinal espalhado no espectro
ser muito robusto contra interferências, o processo de restauração do sinal
de informação é executado por um correlacionador que rejeita o sinal caso
interferências ocorram. Assim, para transmitir informações por meio dos
canais estabelecidos por essa técnica, é necessário entender que os sinais
emitidos são mais fracos que o próprio ruído reproduzido no canal.

Suponha que o modulador no transmissor é formado por uma porta


lógica do tipo XOR (duas portas de entrada emitem nível lógico 1
quando suas entradas têm valores diferentes e nível lógico de saída zero quando
as entradas são iguais). Nas palavras de Rochol (2012), o fluxo de informações
NRZ é aplicado a uma das entradas, enquanto a portadora digital ou sequência
PN (pseudo-ruído) é aplicada à outra. A saída da porta corresponde ao sinal de
informação espalhado. O sinal é enviado e recebido no receptor. O sinal recebido
é aplicado à porta XOR (se todas as entradas são iguais, a saída é 0; se todas
as entradas não são iguais e pelo menos uma delas é diferente, a saída é 1) e a
sequência PN que constitui o correlacionador. Na saída da porta, recuperamos
as informações transmitidas.

Tanto para o processo de espalhamento que ocorre no transmissor como


para o processo em que o receptor recupera as informações recebidas, di-
versas etapas são estabelecidas para o sucesso da operação.
Para que haja espalhamento dentro de uma região espectral, é necessário
que a taxa Rb [bit/s] de informação seja associada a uma alta taxa de chips
Rs [ch/s] da portadora digital. O ganho do processamento, de acordo com
Rochol (2012), pode ser definido da seguinte forma:

G – Rs / Rb [ch/bit]

Nesse caso, G tem o valor superior a 1 e o processamento pode atingir


uma taxa entre 100 e 1000 vezes da taxa de informação.

Para obter códigos ortogonais entre si, é possível usar a matriz de


Hadamard/Walsh.
Os sinais binários 0 e 1 (NRZ) podem ser substituídos pelos sinais bipolares +1
e -1, respectivamente. Portanto, o tempo de operação é igual à soma do módulo 2.
A matriz Hadamard pode ser definida como uma matriz L x L, onde L = 2n (n
= 1,2,3, ...), ou seja, L é uma potência inteira de 2. Os elementos da matriz são
binários — podem ser números binários 0 e 1 ou símbolos polares NRZ +1 e -1.
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Nos limitamos aos elementos +1 e -1 (mais conveniente) para demonstrar


as propriedades de uma matriz. De acordo com Rochol (2012), esse tipo de
matriz de Hadamard possui as seguintes propriedades:

„„ uma coluna (exceto a primeira coluna) sempre tem o mesmo número


de zeros (+1) e um (-1);
„„ a primeira coluna tem apenas zero (+1);
„„ o produto de quaisquer duas colunas da matriz HL gerará um novo
código com os mesmos atributos anteriores;
„„ a soma algébrica dos produtos da coluna de qualquer outra coluna
está sempre vazia — portanto, as matrizes são ortogonais.

A Figura 4 mostra como gerar a matriz Hadamard de ordem L.

Figura 4. Matriz Hadamard.


Fonte: Rochol (2012, p. 221).

Hoje, a principal aplicação do TH-SS é no sistema tipo PAN (rede de área


pessoal) e rede de sensores do padrão IEEE 802.15.3. Uma implementação
bem conhecida da rede PAN é o Bluetooth, que fornece interconexão sem fio
entre dispositivos periféricos de computador.
Existem outras técnicas de modulação bastante utilizadas, como OFDM
e OFDMA, sua sucessora, que recebeu algumas melhorias com o passar do
tempo. Vamos analisar cada uma delas na próxima seção.

Diferenças entre OFDM e OFDMA


As técnicas de modulação foram surgindo à medida que outras tecnologias
exigiam novas taxas de transmissão e outros recursos que deveriam funcionar
de acordo com a capacidade dos canais que transmitem os dados. Quando as
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redes sem fio, também denominadas WLANS (padrão IEEE 802.11ª), surgiram,
em 1999, foi idealizada uma nova técnica de transmissão e modulação, o
OFDM (ROCHOL, 2012). Essa nova tecnologia causou um grande impacto no
desenvolvimento de redes sem fio móveis e na forma como elas operam e,
depois, deu origem ao OFDMA. A seguir, analisaremos as características para
cada uma das técnicas.

Características da técnica OFDM


A multiplexação por divisão de frequência ortogonal ou OFDM é uma tecnologia
de modulação de dados que é adequada para a tecnologia de rádio cognitiva
devido às suas múltiplas características.
Assim, o OFDM é uma tecnologia de transmissão de dados que usa bandas
de frequência divididas em várias portadoras ortogonais, também deno-
minadas subportadoras — esse nome se deve ao fato de não existir uma
sobreposição de frequência e, portanto, as bandas não interferem entre si.
O princípio básico do OFDM é converter um fluxo de dados seriais com uma
alta taxa de transmissão em vários substreams paralelos com uma taxa de
transmissão menor do que a original. Por exemplo, um conjunto de símbolos
seriais é convertido em símbolos OFDM para representar dados em paralelo.
Após a conversão serial para paralelo, cada fluxo de dados é modulado em
subportadoras (ROCHOL, 2012).
A sigla OFDM é atribuída para a técnica pelo fato de que um sistema FDM
(Frequency Division Multiplex) é utilizado como base, e múltiplas portadoras
mantêm entre si uma propriedade ortogonal.
Nessa técnica, Rochol (2012) aponta que duas funções senoidais são de-
finidas como:

„„ f1(t) = sen(ωnt);
„„ f2(t) = sen(ωnt).

São consideradas ortogonais se atenderem as seguintes condições:

para qualquer m n inteiro,


Modulação baseada em múltiplas portadoras 11

Além de:

Dessa forma, a multiplexação FDM de portadora múltipla é realizada no


domínio da frequência de alta eficiência.
Suponha que temos um conjunto de n subportadoras ortogonais e que cada
subportadora é modulada por um fluxo de informação com um espectro de
frequência específico. Neste caso, o sistema OFDM no domínio da frequência
pode ser analisado na Figura 5.

Figura 5. A operação equivalente da soma do módulo 2 e do número binário e a multiplica-


ção do símbolo polar NRZ. (a) Espectro de uma subportadora modulada. (b) Conjunto de n
subportadoras OFDM moduladas.
Fonte: Adaptada de Rochol (2012).

No espectro de frequência das subportadoras, elas se cancelam, maximi-


zando, assim, a transmissão em cada subportadora. A partir do sistema de
multiplexação OFDM mostrado na Figura 5, o sistema de transmissão de dados
pode ser construído conforme sugerido no exemplo a seguir — na verdade,
o sistema de transmissão OFDM converte um fluxo de bits serial em quatro
fluxos de bits paralelos.

Assumindo que a taxa de bits da entrada é R e a taxa de bits de cada


subportadora é Rb, a razão Rb = R/4 deve ser observada.
Também assumimos que a taxa de bits de entrada é de 1 kbit/s e a modulação
BPSK é usada em cada subportadora, ou seja, um bit por símbolo.

O exemplo citado pode ser visualizado na Figura 6, em que o domínio tempo


resulta da soma das quatro subportadoras cujas amplitudes são iguais. O
sinal OFDM no domínio tempo é dado pela soma das quatro subportadoras,
cujas amplitudes são iguais.
12 Modulação baseada em múltiplas portadoras

Figura 6. Processo de conversão serial para paralelo.


Fonte: Rochol (2012, p. 227).

Esse processo, basicamente, exerce a função de converter um único fluxo


de bits serial em quatro fluxos de bits paralelos que funcionam de forma
independente. Para entender melhor, é preciso considerar que a entrada
considera uma taxa de bits única denominada Rb ou R/4, onde 4 representa
o número de portadoras.
Já na Figura 7 podemos analisar as quatro subportadoras moduladas
dentro do espaço amplitude, tempo e frequência.

Figura 7. Subportadoras moduladas no sistema OFDM.


Fonte: Rochol (2012, p. 228).
Modulação baseada em múltiplas portadoras 13

O resultado da soma das quatro subportadoras moduladas (c1, c2, c3, c4)
denotado por c(t) corresponde ao sinal OFDM, conforme mostrado na Figura
7, e os seguintes parâmetros devem ser considerados:

„„ o parâmetro N é o número total de subportadoras e n é um número


específico de subportadoras;
„„ o coeficiente de amplitude de modulação mn(t) corresponde a cada
subportadora;
„„ o peso de cada curva seno é dado pelo coeficiente mn(t);
„„ basicamente, esse processo tem uma operação linear correspondente
a IFFT — Inverse Fast Fourier Transform, também chamada de trans-
formada inversa de Fourier, utilizada para converter sinais de espaço
ou tempo em sinais de domínio de frequência.

A soma resultando do sinal em um sistema OFDM, considerando as carac-


terísticas descritas anteriormente, pode ser analisada na Figura 8.

Figura 8. Soma das subportadoras em um sinal OFDM.


Fonte: Rochol (2012, p. 229).

Características da técnica OFDMA


Como sucessor do OFDM, surgiu o OFDMA, que, de forma simples, é descrito
como uma versão multiusuário do esquema de modulação digital de multiple-
xação por divisão de frequência ortogonal (OFDM). Por meio do acesso múltiplo
obtido pela técnica OFDMA, é possível atribuir subconjuntos de subportado-
ras a usuários individuais, tendo como resultado a transmissão simultânea
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de baixa taxa de dados para vários usuários simultaneamente, sendo essa


a principal diferença entre as duas técnicas. A Figura 9 demonstra a forma
como o acesso simultâneo funciona na técnica mais recente em contraste
com o acesso monousuário realizado pelo seu antecessor OFDM.
No entanto, o OFDMA é uma variante multiusuário do esquema OFDM, no
qual o acesso múltiplo é obtido alocando um subconjunto de recursos de
tempo-frequência para diferentes usuários, permitindo, assim, que os dados
sejam transmitidos de vários usuários ao mesmo tempo.
De acordo com Ahmadi (2019, documento on-line, tradução nossa):

Em OFDMA, os recursos de rádio são regiões 2D (números inteiros de símbolos


OFDM) e regiões 2D de frequência (o número de subportadoras contínuas ou
descontínuas) que mudam ao longo do tempo. Portanto, semelhante ao OFDM,
OFDMA usa vários Subportadoras com intervalos muito próximos são divididas em
grupos de subportadoras, e cada grupo é chamado de bloco de recursos e esse
agrupamento é denominado subcanalização.

Comparação OFDM e OFDMA


Quando se compara as duas técnicas, é importante saber que a subcanalização
define subcanais que podem ser alocados a estações móveis com base nas
condições do canal e nos requisitos de serviço. Usando subcanais no mesmo
intervalo de tempo (ou seja, um número inteiro de símbolos OFDM), o sistema
OFDMA pode alocar mais potência de transmissão para o equipamento do
usuário quando comparado com o OFDM.
As subportadoras que formam o bloco de recursos não precisam ser fisica-
mente adjacentes. No downlink, os blocos de recursos podem ser alocados para
diferentes usuários. No uplink, um usuário pode ser alocado para um ou mais
blocos de recursos. A alocação dos canais para ambos pode ser vista na Figura 9.

Figura 9. Diferença entre OFDM e OFDMA.


Fonte: Adaptada de Almeida (2013).
Modulação baseada em múltiplas portadoras 15

Além disso, podemos comparar algumas vantagens atribuídas para cada


uma das técnicas, que podem ser analisadas no Quadro 1, a seguir.

Quadro 1. Diferenças entre OFDM e OFDMA

OFDM OFDMA

Transmite simultaneamente Maior flexibilidade de


dados de múltiplos usuários implantação em várias
com baixa taxa bandas de frequência sem
Transmissão
a necessidade de muitas
modificações em sua
interface

Menor atraso que ocorre Diversidade de frequência


inconstantemente que espalha as portadoras
Atraso/
por todo o espectro
frequência
utilizado. Desvio de
frequência e ruídos

O acesso múltiplo é baseado Permite cobertura


em contenção para prevenir de frequência única,
Acesso colisão no meio de forma ocasionando alguns
simplificada problemas relacionados a
cobertura

Baixa interferência de banda Média de interferências de


células vizinhas, calculadas
Interferências
usando a alocação com
permutações cíclicas

Fonte: Adaptado de Orthogonal frequency-division multiple access (2020).

Em comparação com a tecnologia que usa uma única portadora, a prin-


cipal vantagem de usar a modulação baseada em várias portadoras é que,
devido ao paralelismo das subportadoras de baixa taxa, pode-se atingir a
mesma taxa de transmissão e há maior resistência a condições adversas,
como alta frequência, interferência entre símbolos, interferência de múltiplos
caminhos — devido à reflexão, é comum em redes sem fio. A ideia básica do
compartilhamento de espectro baseado em técnicas de múltiplas portadoras
é fazer da largura da sub-banda do sistema um sistema inteiro, sendo dividido
para que possa ser usado por cada subportadora do sistema não licenciado.
Para a tecnologia de modulação de múltiplas operadoras de banda larga,
a aplicação da tecnologia PLC tem recebido atenção especial. Para essas
tecnologias, a quantidade de dados transmitidos não precisa estar contida
16 Modulação baseada em múltiplas portadoras

em uma parte contínua do espectro, mas deve estar distribuída em vários


subcanais, podendo haver intervalos entre eles. A modulação de múltiplas
portadoras pode ajustar a possível distribuição desigual do espaçamento
espectral entre os subcanais, tornando-se, assim, adequada para os requisitos
de diversas tecnologias.

Referências
ABRANTES, S. A. Introdução ao espalhamento espectral (“Spread Spectrum”). Porto,
2003. (Apostila de Curso, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto). Disponí-
vel em: https://paginas.fe.up.pt/~sam/CCD/apontamentos_SS/Introdu%E7%E3o.pdf.
Acesso em: 21 jan. 2021.
AHMADI, S. New radio access physical layer aspects (part 1). In: AHMADI, S. 5G NR: archi-
tecture, technology, implementation, and operation of 3GPP new radio standards. San
Diego, CA: Elsevier, 2019. E-book. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/topics/
engineering/orthogonal-frequency-division-multiple-access. Acesso em: 21 jan. 2021.
ALMEIDA, M. A. F. R. Introdução ao LTE - Long Term Evolution: LTE - conceitos de trans-
missão e recepção. Teleco, 2013. Disponível em: https://www.teleco.com.br/tutoriais/
tutorialintlte/pagina_3.asp. Acesso em: 21 jan. 2021.
DUBRAWSKY, I. Wireless networks. In: DUBRAWSKY, I. Eleventh hour security +: exam
SY0-201 study guide. San Diego, CA: Elsevier, 2010.
KOPP, C. An introduction to spread spectrum techniques. Air Power Austrália, c2005.
Disponível em: http://www.ausairpower.net/OSR-0597.html. Acesso em: 21 jan. 2021.
ORTHOGONAL frequency-division multiple access. In: WIKIPEDIA: the free encyclopedia.
[San Francisco, CA: Wikimedia Foundation, 2020]. Disponível em: https://en.wikipedia.
org/wiki/Orthogonal_frequency-division_multiple_access. Acesso em: 21 jan. 2021.
ROCHOL, J. Comunicação de dados. Porto Alegre: Bookman, 2012.

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