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I

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO


AUDITORIA INTERNA
SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO

PARECER SEORI/AUDIN–MPU Nº 891/2014

Referência : Ofício nº 211/2014/MPF/PR-TO/CHEFIA. Protocolo PR-TO nº 978/2014.


Assunto : Pessoal. Condução de veículo oficial por servidores não ocupantes do cargo de
Técnico do MPU/Apoio Técnico-Administrativo/Segurança Institucional e
Transporte.
Interessado : Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Tocantins.

Por intermédio do Ofício nº 211/2014/MPF/PR-TO/CHEFIA, de 21 de janeiro de


2014, o Excelentíssimo Senhor Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Tocantins
solicita orientação, desta Auditoria Interna, a respeito da possibilidade de ser autorizada a condução
de veículo oficial por servidor não ocupante do cargo de Técnico do MPU/Apoio Técnico -
Administrativo/Segurança Institucional e Transporte, no caso específico de existência de servidor
do referido cargo na Unidade, haja vista a regulamentação estabelecida pela Portaria PGR/MPU nº
513/2003.

2. Informa o i. Consulente que o funcionamento das Procuradorias da República nos


Municípios de Araguaína e Gurupi, no estado do Tocantins, dependem, cada uma, de equipe de
cinco servidores, responsáveis pela manutenção e atividade dos serviços das respectivas PRMs,
sendo, dentre eles, apenas um servidor ocupante do cargo efetivo de Técnico do MPU/Apoio
Técnico - Administrativo/Segurança Institucional e Transporte.

3. Ademais, argumenta o i. Procurador-Chefe que nos deslocamentos para o


desempenho das funções institucionais do Ministério Público Federal, além do transporte, os
membros lotados nas PRMs de Araguaína e Gurupi necessitam de acompanhamento de servidores
aptos a prestar assessoramento técnico ou administrativo para a realização de diligências. Ocorre
que os servidores ocupantes do cargo de Técnico do MPU/Apoio Técnico -
Administrativo/Segurança Institucional e Transporte efetuam, apenas, a função de motorista durante
toda a viagem. Ao contrário, se os servidores designados para prestar assessoramento puderem
conduzir o veículo oficial, além do transporte, proporcionariam a assistência necessária nas
diligências, assegurando maior economicidade ao órgão e menor prejuízo ao funcionamento das
PRMs, que não seriam desfalcadas de quase metade da sua força de trabalho em praticamente todos
os deslocamentos a serviço.

4. Em exame, cabe registrar, preliminarmente, que a condução de veículos oficiais,


como atividade de apoio necessária para o desempenho das funções a cargo do Ministério Público
da União, tem sido, ao longo do tempo, objeto de diversas dificuldades vivenciadas e noticiadas
pelas Unidades Gestoras, a exemplo dos relatos apresentados pelo i. Consulente. Em princípio, o
desempenho dessas atribuições está reservada aos servidores ocupantes do cargo de Técnico do
MPU/Apoio Técnico-Administrativo/Segurança Institucional e Transporte, conforme previsão
expressa do art. 8º da Portaria PGR/MPU nº 513/2003, que versa sobre o assunto em debate, in
verbis:
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PORTARIA PGR/MPU Nº 513/2003
Art. 8º - A condução dos veículos oficiais somente poderá ser realizada por
motorista profissional (carteira de habilitação D), devidamente credenciado e
que detenha a obrigação respectiva em razão do cargo ou da função que
exerça, salvo quando presentes as exceções previstas na Lei n.º 9.327, de 09
de dezembro de 1996. (Destacamos)

5. Porém, é possível observar no dispositivo supra a presença de regra de exceção


quanto aos servidores legitimados à condução dos veículos oficiais. É que o art. 8º da Portaria
PGR/MPU nº 513/2013, in fine, se reporta às disposições constantes da Lei nº 9.327, de 9 de
dezembro de 1996, a qual assim dispõe:

LEI Nº 9.327/1996
Art. 1º Os servidores públicos federais, dos órgãos e entidades integrantes da
Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, no interesse
do serviço e no exercício de suas próprias atribuições, quando houver
insuficiência de servidores ocupantes do cargo de Motorista Oficial, poderão
dirigir veículos oficiais, de transporte individual de passageiros, desde que
possuidores da Carteira Nacional de Habilitação e devidamente autorizados
pelo dirigente máximo do órgão ou entidade a que pertençam. (O grifo é
nosso)

6. Verifica-se que, mesmo com a ressalva introduzida pela Lei nº 9.327/1996, a


condução dos veículos oficiais deve ser atribuída, via de regra, a servidores do quadro do MPU
ocupantes do cargo efetivo de Técnico do MPU/Apoio Técnico-Administrativo/Segurança
Institucional e Transporte, cujas atribuições estão abaixo reproduzidas, nos termos da Portaria
PGR/MPU nº 766/2013:

PORTARIA PGR/MPU Nº 766/2013


Executar tarefas preventivas e reativas referentes à segurança institucional;
realizar diligências externas; localizar pessoas e levantar dados, imagens e
informações diversas, com a elaboração de relatório do que for colhido em
campo; entregar notificações e intimações; fiscalizar, inspecionar, coordenar e
controlar a execução das atividades de segurança terceirizada; fiscalizar o
cumprimento das normas de segurança institucional; promover a adequada
segurança pessoal dos membros, outras autoridades, servidores, familiares e
demais pessoas no âmbito interno e externo do MPU; conduzir veículos
automotores, realizando ou acompanhando o transporte de membros,
servidores, testemunhas e colaboradores; vistoriar veículo para certificar-se de
suas condições de tráfego; zelar pela manutenção do veículo oficial que estiver
sob sua guarda, informando ao setor competente problemas detectados;
registrar a movimentação e o recolhimento dos veículos, tendo em vista o
controle de sua utilização e localização; transportar a outros órgãos materiais
e processos administrativos, judiciais e extrajudiciais com a respectiva entrega
e protocolização, quando assim for necessário e especificamente determinado
pela autoridade competente de modo a garantir a segurança da pessoa ou do
objeto transportado; fiscalizar a circulação de pessoas nas diversas
dependências do MPU; zelar pela guarda dos equipamentos ou materiais
utilizados em rotina e nos plantões; vistoriar as instalações internas e externas
do MPU; realizar serviço de ronda no perímetro externo das unidades
administrativas do MPU; verificar a permanência dos vigilantes nos postos de
serviço, prestando o apoio necessário; fiscalizar a saída de materiais,
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equipamentos e volumes das dependências do MPU; executar ações de
prevenção e combate a incêndio e outros sinistros; operar equipamentos
específicos de supervisão e controle de acesso nas dependências do MPU;
providenciar o credenciamento dos visitantes e encaminhá-los aos setores
desejados; atender ao público interno e externo dentro de sua área de atuação;
operar equipamentos de informática relacionados aos sistemas de segurança;
executar atividades relacionadas à segurança da informação e das
comunicações; manter o sigilo de informações obtidas em razão do cargo;
auxiliar no acompanhamento e na avaliação de planos, programas e projetos
relativos à área de segurança; realizar estudos e pesquisas visando ao
aperfeiçoamento da sua atividade e ao constante incremento da segurança
institucional; auxiliar outros setores quando necessário e determinado pela
autoridade competente; e executar outras tarefas relacionadas à segurança
orgânica e à segurança ativa. (Grifamos)

7. Portanto, somente em caráter excepcional, outro servidor não ocupante do cargo


de motorista oficial poderá dirigir os veículos oficiais e desde que sejam atendidos os seguintes
requisitos legais:
- seja no interesse do serviço;
- seja no exercício de atribuições próprias do cargo do servidor;
- haja insuficiência de motoristas oficiais;
- o servidor possua carteira nacional de habilitação; e
- haja autorização da autoridade competente.

8. Assim, verifica-se que esse tipo de situação, consoante disposto na permissão da


citada Lei, deve ser uma excepcionalidade e não deve trazer prejuízo ao desempenho das
atribuições do servidor. Isso porque a finalidade não é que o servidor substitua o motorista, mas que
em situações de insuficiência de motorista para dirigir o veículo, outro servidor possa fazê-lo, no
interesse do serviço e para o desempenho de suas próprias atribuições. O servidor não passa a
exercer as atribuições do motorista, apenas estará autorizado a dirigir o veículo para o desempenho
de atribuições próprias do seu cargo. O legislador, sabiamente, a fim de afastar qualquer alegação de
desvio de função incluiu expressamente a exigência de que o uso dessa autorização legal seja
apenas para o exercício de atribuições próprias do cargo do servidor.

9. Quanto ao quesito insuficiência, pode-se entender que é representada, em sentido


amplo, pelas situações de ausência do número suficiente de servidores ocupantes do cargo de
Técnico do MPU/Apoio Técnico - Administrativo/Segurança Institucional e Transporte para atender
às demandas de serviço. Todavia, convém esclarecer que a insuficiência deverá ser justificada e
demonstrada em cada caso, levando-se em conta o número de motoristas oficiais, as circunstâncias
de execução das atividades, o volume de serviço, a quantidade de veículos, a localização da
repartição, o número de membros e servidores, e outras peculiaridades que possam caracterizar, de
forma inequívoca, a necessidade de autorização para que outros servidores dirijam veículos oficiais
no exercício de suas próprias atribuições.

10. Logo, considerando que cabe, ordinariamente, aos motoristas oficiais a direção
dos veículos oficiais, ainda que seja utilizada a faculdade legal em debate, pensamos que, noutra
via, a Administração deve adotar as providências cabíveis no sentido de prover os cargos
específicos, para suprir as demandas da Unidade e afastar a deficiência de pessoal nessa área, além
de avaliar eventual necessidade de aperfeiçoar a gestão da frota.

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11. Ademais, o servidor deverá estar habilitado para a condução do veículo que irá
dirigir e será imprescindível que haja autorização formal da autoridade competente.

12. Em face do exposto, somos de parecer que as Unidades do Ministério Público da


União que não possuírem número suficiente de servidores ocupantes do cargo de Técnico do
MPU/Apoio Técnico-Administrativo/Segurança Institucional e Transporte poderão autorizar para
conduzir veículos oficiais servidores ocupantes de outros cargos e especialidades, nos termos da Lei
nº 9.327/1996.

É o parecer que submetemos à consideração superior.

Brasília, de março de 2014.

GLEDSON DA CRUZ MOURÃO MICHEL ÂNGELO VIEIRA OCKÉ


Chefe da DIPE Coordenador da COGESP

De acordo. Aprovo.
À consideração do Senhor Auditor-Chefe. Encaminhe-se ao Excelentíssimo Senhor
Procurador-Chefe da PR/TO e à SEAUD.
Em / 3 / 2014

MARA SANDRA DE OLIVEIRA SEBASTIÃO GONÇALVES DE AMORIM


Secretária de Orientação e Avaliação Auditor-Chefe

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