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Centro de Tecnológico Paula Pasquali

Fertilidade do Solo

DIAGNOSE FOLIAR E VISUAL


POMARES DE FIGUEIRAS

José Carlos Costa Medeiro


Canápolis - MG, 12 de Novembro de 2021
Introdução
A figueira, originária da Ásia Menor e da Síria, na região mediterrânea, foi, pela
primeira vez, cultivada e selecionada pelos árabes e judeus, numa região situada no sudoeste
da Ásia. É uma das mais antigas plantas cultivadas no mundo, desde os tempos pré-históricos,
sendo considerada pelos povos antigos como símbolo da honra e fertilidade. Segundo os
botânicos da Universidade americana de Harvard, as figueiras do Oriente Médio foram o
primeiro cultivo realizado pelo ser humano, há 11.400 anos. Os pesquisadores encontraram
restos de figos pequenos e sementes secas, enterradas num povoado no vale do Rio Jordão, ao
norte de Jericó. Os frutos estavam bem conservados, o que demonstrou evidências de que
eram secos para o consumo humano.

O figo foi um dos alimentos mais populares que sustentaram a humanidade desde o
começo da sua história. Os frutos foram utilizados como alimento dos atletas olímpicos
adiantados e oferecidos aos vencedores, como a primeira medalha olímpica. A planta foi
descrita em muitas passagens bíblicas, como árvore sagrada e respeitada pelos homens.

Durante o período dos grandes descobrimentos, o figo foi difundido para as Américas.
No Brasil, acredita-se que a figueira tenha sido introduzida pela primeira expedição
colonizadora, em 1532, no Estado de São Paulo.

A figueira é chamada botanicamente de Ficus carica, L. e pertence à família das


Moráceas. A planta de figueira chega a atingir de 3 a 7 metros de altura. No Brasil, devido às
técnicas culturais utilizadas, especialmente as podas anuais de frutificação, seguidas de
desbrotas, que condicionam o desenvolvimento de um número determinado de ramos por ano,
a planta adquire um porte arbustivo.

A figueira é planta de folhas caducas. As gemas frutíferas e vegetativas aparecem nos


ramos, junto às axilas das folhas, durante a estação de crescimento. A espécie F. carica é
ginodióica, havendo duas distintas formas de plantas: o caprifigo, que é monóico, e o figo,
que é dióico.

O fruto verdadeiro do figo, denominado aquênio, é proveniente da polinização e


singamia. A figueira cultivada no Brasil, caracteriza-se por apresentar flores no interior de um
receptáculo suculento, denominado sicônio, que nada mais é do que o próprio figo,
desenvolvido partenocarpicamente.

Tipos de Figueiras Externas

Ficus religiosa

A Ficus Religiosa é uma árvore muito bonita e nativa do continente asiático, mais
especificamente da Índia. Com folhas em forma de coração e longas pontas de gotejamento,
esta bela espécie de Ficus irradia vibrações de sabedoria.

Conhecida como árvore "Peepal" nas línguas locais, esta espécie de folha caduca semi-perene
possui grande significado histórico e religioso. É a mesma árvore sob a qual se acredita que o
Buda atingiu a iluminação, por isso também conhecida pelos nomes figueira sagrada ou
árvore Bodhi.

A figueira sagrada é fácil de cuidar e uma ótima planta para novatos. Cultive-a dentro de casa
ou ao ar livre. As folhas de aspecto único e os seus padrões magníficos irão certamente
adicionar uma vibração espiritual ao seu espaço.
Ficus deltoidea

Ficus deltoidea é usada como planta ornamental que precisa de proteção de vidro
durante os meses de inverno, em zonas onde a temperatura cai abaixo de 8 graus. Essa planta
precisa de sol. Entretanto, elas são utilizadas como planta de interior porque são plantas
tropicais que não resistem ao frio intenso.

Em Barcelona (Espanha) podem ser vistos em potes na entrada de lojas e hotéis. Quanto a luz
do sol, elas precisam de uma exposição à luz evitando a luz solar direta nas horas mais
quentes do dia. O solo pode ser uma mistura, em partes iguais, de turfa, cobertura morta de
folhas e areia grossa. Transplante a cada 2 anos na primavera.
Ficus microcarpa

O Ficus microcarpa também é conhecido como a planta Ficus Nana, com suas folhas
brilhantes é diferente e conhecido por seu tamanho menor e sistema radicular que se enraíza
facilmente. Ficus microcarpa é relativamente fácil de cultivar ao ar livre em regiões quentes e
úmidas como o norte do país, mas requer um pouco mais de paciência em áreas mais frias.

Em suas regiões nativas, a Ficus microcarpa pode atingir mais de seis metros de altura com
um dossel maciço. A planta é normalmente cultivada como uma sebe baixa ou como
cobertura do solo. A forma dela pode ser administrada através de uma boa poda para manter o
Ficus na altura desejada.
Ficus carica

Ficus carica, mais conhecida como figueira comum, é a espécie arbórea que produz os
famosos figos verdes, pretos ou roxos. As árvores são o único membro europeu nativo do
gênero e são consideradas símbolos do Mediterrâneo e da Provença em particular, junto com
as oliveiras.

Os figos são produzidos por um longo período de tempo e a produtividade pode chegar a 100
kg do fruto para uma única árvore. A figueira também é uma árvore frutífera muito apelativa,
famosa pelo sabor delicado e consistente dos seus frutos, associados a inúmeros benefícios
para a saúde.

São árvores bonitas, resistentes e versáteis, pois se adaptam à maioria dos tipos de solo. Ela é
resistente a temperaturas negativas e às vezes até mais frio se houver rajadas de frio no local.
Tipos de Figueiras Internas

Ficus benghalensis

Ficus benghalensis é uma árvore do tipo dossel, nativa da Índia e do Paquistão. É a


árvore nacional da Índia, onde é comumente chamada de figueira-da-índia. Essas plantas
desenvolvem raízes aéreas que, quando ancoradas no solo, crescem em troncos lenhosos que
fornecem suporte adicional para a planta e permitem que ela se espalhe e forme um grande
dossel.

Os espécimes da Índia são algumas das maiores árvores do mundo com base no tamanho do
dossel. Na Índia, esta planta é considerada sagrada, com templos sendo frequentemente
construídos sob ela.
Ficus lyrata

Ficus lyrata é uma espécie de planta perfeita para ambientes internos. A planta
apresenta folhas muito grandes, fortemente nervuradas e em forma de violino que crescem na
vertical em uma planta alta.

Essas plantas são nativas dos trópicos, onde se desenvolvem em condições quentes e úmidas.
Isso as torna um pouco mais desafiadores para o jardineiro leigo duplicar essas condições em
casa.

Além disso, essas plantas são robustas e podem resistir a condições menos que perfeitas por
um tempo razoavelmente longo. Por causa de suas folhas grandes, essas não são plantas
naturais para serem aparadas em um tamanho administrável, embora possam ter uma poda
modesta para moldar.
Ficus benjamina

A figueira benjamina, também conhecida como figueira-chorona, cresce como uma


grande árvore perene de folha larga em climas tropicais e subtropicais, mas é mais
frequentemente cultivada como planta de casa em residências, escritórios e destaque no
paisagismo comercial de interiores. Esta planta é elegante de ramos delgados que se arqueam
graciosamente de um tronco cinza claro.

Quando cultivada dentro de casa, as plantas são normalmente podadas para mantê-las com
cerca de 1 a 2 metros de altura, e seus troncos às vezes são trançados para fins decorativos. É
uma planta de crescimento rápido e pode precisar ser replantado até uma vez por ano, mas
faça isso no início da primavera para obter melhores resultados.

Característica da Planta

A figueira cultivada (Ficus carica L.) é uma espécie caducifólia pertencente à família
das Moráceas. Possui folhas grandes e lobadas, e caracteres como tamanho, textura, cor e
forma foliar são usados para diferenciação varietal (Figura 1). O sistema radicular é fibroso,
pouco profundo, mas podendo apresentar grande crescimento lateral quando encontra
condições favoráveis no solo. As gemas frutíferas e vegetativas localizam-se nas axilas das
folhas dos ramos (PEREIRA, 1981). 8 9 Figura 1.

A polinização da figueira, chamada de caprificação, não ocorre no Brasil pela ausência


do polinizador natural, a vespa Blastophaga psenes L. (Família Agaonidae). Nas cultivares do
tipo comum (Ficus carica hortensis) não há necessidade de polinização para o
desenvolvimento dos frutos, pois estes desenvolvem-se por partenocarpia, apresentando
sementes estéreis. As flores encontram-se no interior do figo, pomologicamente denominado
sicônio. O figo, na verdade, é uma infrutescência. Fazem parte deste grupo cultivares como a
‘Pingo de Mel’ e a ‘Roxo de Valinhos’.

No hemisfério Norte pode ser visto figueiras formando plantas de médio a grande
porte, quando em crescimento natural. No Brasil é conduzida sob sistema de poda drástica,
que condiciona a planta a um porte arbustivo, permitindo seu plantio em espaçamento
reduzido. Nos pomares do Estado de São Paulo, o período de exploração econômica da
cultura é de cerca de 30 anos
Cultivação
Figo Roxo de Valinhos:
A cultivar de figo Roxo de Valinhos também conhecida como Brown Turkey, San
Piero ou Negro Largo, é a mais plantada no Brasil, dominando quase a totalidade dos pomares
comerciais. Caracteriza-se pela rusticidade, alto vigor e elevada produtividade. Adapta-se
muito bem ao sistema de poda drástica usado pelos produtores brasileiros, e quando assim
podada conserva um porte arbustivo, frutificando somente em ramos do ano. As suas folhas
apresentam pecíolo longo e sete lóbulos (lobos).

Os figos maduros possuem coloração roxo-violácea escura, alcançam cerca de 7,5 cm


de comprimento e pesam normalmente entre 60 e 90 g. São piriformes, alongados, pedúnculo
curto, apresentando coloração da polpa na cavidade central rosa violácea. Os frutos maduros
são tenros e saborosos. Como característica negativa, apresentam ostíolo aberto e sujeito a
rachaduras, favorecendo a incidência de pragas e doenças (PEREIRA; NACHTIGAL, 1999).
Os figos verdes para produção de doces e outros produtos devem ser colhidos com a cavidade
central ainda de cor branca, quando pesam de 15 a 20 g. Esta cultivar tanto é apropriada para
a produção de frutos para mesa como para industrialização.
A cultivar Pingo de Mel é vigorosa e produtiva, os frutos são de tamanho pequeno a
médio, piriformes, com pedúnculo médio, ostíolo de tamanho médio e fechado, coloração
amarelo-esverdeada, polpa de coloração âmbar e sem cavidade, e o sabor é doce. As suas
folhas apresentam cinco lóbulos (lobos). Tem menor importância econômica no Brasil.

Figo-da-Índia:

A figueira-da-índia (Opuntia ficus-indica L.) é uma planta que tem um potencial de


aproveitamento quase integral. A nível mundial, existe um historial de consumo dos cladódios
– as palmas - para alimentação humana como um legume, em pó como suplemento alimentar
ou como farinha e para cura de problemas de tosse. Tradicionalmente, em Portugal, era
produzido um xarope a partir do gel que escorre dos cladódios, para combater a tosse
convulsa. As palmas são também já largamente utilizadas para a alimentação do gado,
principalmente em regiões em que há grandes períodos de seca. Também são utilizadas para a
produção de sumos, compotas, picles, conservas, entre outros.

No que respeita aos frutos – figos da índia – a sua utilização mais difundida é como
fruto fresco, no entanto, há também, a nível mundial, a tradição de consumo em sumo/polpa,
estando em estudo as suas potencialidades de utilização como corante alimentar natural. São
ainda utilizados para a produção de compotas, geleias, xaropes, produtos desidratados, licores
e mesmo vinagre. Da semente, extrai-se um óleo muito utilizado na cosmética devido às suas
propriedades de regeneração da pele.

O processo de extração do óleo dá origem a um subproduto que pode ser utilizado para
a alimentação animal. A flor é utilizada depois de seca para produção de uma infusão com
propriedades de combate a problemas da próstata. A planta pode ainda ter uma utilização para
a produção de carmim quando cultivada para servir de hospedeira à cochonilha do carmim
(Dactylopius coccus Costa).
Do ponto de vista ecológico, a figueira-da-índia complementa-se na perfeição com o
seu meio ambiente, fornecendo alimento e proteção à fauna, não esquecendo a importância
que pode representar para as abelhas, o néctar que elas extraem das flores do figo, na
primavera e no outono. É também de referir a grande importância para as zonas de caça
(espécies cinegéticas) que encontram nas tenras palmas (nopalitos) e figos, uma importante
fonte de alimentação, além da proteção que a própria planta proporciona, principalmente na
pré e pós criação, às espécies venatórias, constituindo um elemento de defesa contra os seus
predadores: raposas, javalis, águias, etc.

As características deste cato, considerando a sua grande resistência aos climas mais
agrestes, representam sem qualquer dúvida, um importante aliado do ecossistema e
biodiversidade, protegendo-os e fornecendo-lhes os elementos essenciais que necessitam para
a sua alimentação e sobrevivência.

Também os terrenos são grandemente beneficiados pela presença desta planta que, em
plantações ordenadas, constitui uma mais-valia contra a erosão dos terrenos e na proteção dos
incêndios.

Clima
A figueira, apesar da origem de clima temperado, não é exigente em frio para a quebra
de dormência das gemas. A dormência das gemas na figueira é denominada de ecodormência,
e uma vez cessadas as condições ambientais que induziram a paralisação do crescimento
vegetativo, frio e/ou déficit hídrico, a planta volta a crescer e frutificar rapidamente. Em
temperaturas inferiores a 15°C , o crescimento vegetativo é retardado.

No Estado do Espírito Santo pode ser cultivada em regiões de temperaturas médias


mais baixas, como as regiões Serrana e do Caparaó, cuja temperatura média no inverno pode
chegar a 10°C, bem como nas regiões quentes, onde as temperaturas médias podem superar
30°C no verão. Nestas últimas, porém, a produção de figos maduros na época do verão é
prejudicada pela redução do tamanho e da qualidade dos frutos. 12 13 Temperaturas acima de
40°C antecipam a maturação dos frutos, alterando também a consistência da casca, que fica
dura e coriácea.

Mudas
A figueira no Brasil é propagada assexuadamente. São indicadas as mudas produzidas
através do enraizamento das estacas dos ramos. O uso de rebentões ou filhotes deve ser
evitado, pois são brotações que têm origem de gemas de raízes e têm contato com o solo,
podendo ser portadoras de nematoides.
São coletadas estacas lenhosas com 1,5 a 3,0 cm de diâmetro, provenientes da poda
anual de produção da figueira. As estacas são preparadas com cinco gemas (aproximadamente
30 cm de comprimento), com corte reto logo abaixo de uma gema na parte basal e corte em
bisel acima da última gema no ápice da estaca. O corte em bisel evita o acúmulo de água no
corte e assim o apodrecimento da estaca.

Figura 3. Preparo da estaca do ramo da figueira para enraizamento.

As estacas podem ser enraizadas diretamente nas sacolas em substrato artificial ou


enraizadas em leito de areia e depois transplantadas para os recipientes. A estaca não deve
tocar o fundo do recipiente ou do leito de enraizamento e deve ser posicionada de forma que
duas gemas fiquem acima do nível superior do substrato. As sacolas plásticas devem ter
dimensões não inferiores a 12 cm de diâmetro por 25 cm de comprimento para permitir o bom
desenvolvimento do sistema radicular.

É fundamental a instalação de um sistema de irrigação, microaspersão ou nebulização,


com o propósito de manter as estacas e o leito de enraizamento com umidade adequada à
formação das raízes e da parte aérea. A cobertura do local de enraizamento das estacas com
tela de sombreamento 50% também deve ser providenciada.

O uso de hormônios para estimular o enraizamento das estacas é normalmente


dispensável.

O plantio no campo de estacas com raízes nuas pode ser realizado em condições
especiais em que o viveiro de enraizamento localiza- se próximo ao local de plantio, em áreas
providas de irrigação e em épocas do ano com temperaturas mais amenas. O plantio de
estacas não enraizadas diretamente no campo pode ser utilizado, mas o pegamento é
normalmente baixo.
A muda ideal para plantio no campo deve apresentar haste única, bom
desenvolvimento vegetativo e 30 a 40 cm de altura.

Principais Pragas e Doenças da Figueira

BROCA DA FIGUEIRA (Azochis gripusalis Walk., 1859; Lepdoptera: Pyralidae)

O adulto é uma mariposa, cuja fêmea faz a postura dos ovos sobre os ramos ou na base
do pecíolo das folhas. As lagartas, à medida que se desenvolvem, broqueiam a parte lenhosa
dos ramos da planta. As folhas e os frutos situados acima do ponto onde se encontra a broca
murcham e secam (GALLO, 1988). O controle cultural é feito com a poda e a queima dos
ramos atacados e a destruição das larvas no interior das galerias com um pedaço de arame. O
uso de armadilhas luminosas com lâmpadas florescentes também é utilizado. O uso de
inseticidas pode ser feito em caso de ataques severos da praga.
PULGA DA FIGUEIRA (Epitrix spp.; Coleoptera: Chrysomelidae)

O adulto é um pequeno besouro de coloração marrom-escura, que mede de 1,5 a 2,0


mm de comprimento e possui um par de pernas do tipo saltatória, o que o faz saltar com
facilidade quando perturbado. Daí o nome pulga (PAPA; STEIN, 1999). Na figueira o
prejuízo da praga deve-se ao ataque às brotações das gemas no viveiro de produção de mudas
ou aos brotos surgidos após as podas. Os brotos atacados secam, podendo prejudicar a
formação de mudas ou de novos ramos produtivos. O controle deve ser feito quando do
surgimento da praga com aplicação de inseticida a cada sete dias.

FERRUGEM DA FIGUEIRA (Cerotelium fici (Cast) Arth)

É a principal doença da figueira. As folhas atacadas amarelecem e caem


prematuramente, enfraquecendo a planta. Como consequência ocorre redução do tamanho dos
frutos e da produção (Figura 10). O controle da ferrugem pode ser realizado de modo
preventivo com fungicidas cúpricos, calda bordalesa e mancozeb. Uma vez instalada a
doença, faz-se necessário o uso de produtos sistêmicos, como tebuconazole e azoxistrobina.
A aplicação do fungicida tebuconazole deve ser feita com bastante atenção
respeitando-se o número máximo de aplicações, intervalo entre aplicações e dosagem, pois o
uso inadequado do produto pode causar fitotoxidez a figueira. Os sintomas iniciais de
fitotoxidez são manchas cloróticas nas folhas (Figura 11), podendo resultar em enfezamento
das plantas, que paralisam o desenvolvimento e não mais se recuperam.

Produtividade

A produção de frutos inicia-se no primeiro ano de plantio. Em plantas com três ramos
produtivos a expectativa de produção é em torno de

1.200 a 1.300 kg/ha e aumenta proporcionalmente ao número de ramos conduzidos


pelas podas de formação, atingindo o seu máximo no terceiro ou quarto ano, quando as
plantas já estarão com a formação da copa completada. A produtividade das lavouras pode
alcançar 10 t/ha de figos verdes ou 20 t/ha de figos maduros.
Para a produção de figos verdes, no espaçamento 3,0 x 2,0 m, o aumento do número
de ramos produtivos até 24 aumenta a produção de frutos sem reduzir o seu peso médio. Para
a produção de figos de mesa (maduros), esta formação da planta reduz o peso dos frutos.
Diagnose Foliar das Figueiras

Nitrogênio

Figura 1. Folha da planta amarelada por deficiência de Nitrogênio.

O nitrogênio é um elemento crítico para a vida vegetal, uma vez que é encontrado em
muitos compostos importantes, incluindo aminoácidos, proteínas, enzimas, ácidos nucleicos
(componente do DNA) e clorofila. Por fazer parte da molécula de clorofila, o sintoma que
melhor caracteriza a falta de N é o amarelecimento das folhas. Em razão da grande
mobilidade do nitrogênio na planta, o que faz que ele se transloque das folhas mais velhas
para as mais novas, os primeiros sinais de carência são notados nas folhas mais velhas,
localizadas mais próximas à base dos ramos. Nesse estádio, o sintoma corresponde a um
amarelecimento das folhas basais. Se as limitações no suprimento persistirem, a coloração
amarela aumenta gradativamente, progredindo para as folhas da extremidade dos ramos,
enquanto as nervuras e o pecíolo tingem-se de pigmentos vermelhos. Se a deficiência
persistir, os ramos apresentar-se-ão curtos e rijos, com casca vermelho-parda. Finalmente,
ocorre uma gradual abscisão das folhas da base para a extremidade dos ramos. Os frutos são
pequenos, mais coloridos e maturam mais cedo.
Controle e Manejo

Para evitar a deficiência de nitrogênio, anualmente devem ser realizadas adubações


para repor ao solo as quantidades de nutrientes exportadas do solo pelo pessegueiro,
acrescidas das perdas que naturalmente ocorrem, principalmente por lixiviação. As aplicações
devem ser feitas preferencialmente durante o período de maior desenvolvimento e
necessidade das plantas, bem como após a colheita. A dose de N deve ser parcelada em 3
vezes, sendo aplicado 50% da dose no início da floração, 25% após o raleio dos frutos e 25%
após a colheita. Após a adubação da fase de raleio, devem-se adotar práticas para o
arejamento interno da copa, principalmente via poda verde, permitindo o controle mais
eficiente de doenças como as podridões de fruto. Em anos de baixa produção ou em plantas
com vigor excessivo, não há necessidade de aplicação de N após a colheita.

Fósforo

Figura 2. Folha da planta com deficiencia de fóforo.


As folhas com deficiência apresentam coloração verde-escura e bordas avermelhadas.
A cor avermelhada é decorrente do acúmulo de antocianinas em excesso, uma vez que os
carboidratos não utilizados no metabolismo do fósforo podem ser empregados na produção
destes pigmentos. Com aumento na intensidade da deficiência de fósforo, ocorre a redução de
emissão de novas folhas. Os sintomas iniciam nas folhas mais velhas e progridem para as
mais novas, pelo fato do fósforo ser um elemento móvel na planta.

Controle

A análise de tecido foliar e adubação fosfatada pré-plantio no caso de cultivo no solo é


a principal forma de suprimento da necessidade de fósforo. Para os sistemas de cultivo fora do
solo, hidropônico e em substratos, é necessário realizar o balanço da solução nutritiva de
acordo com a fonte de fósforo desejada, desde que os limites de H2PO4- estejam entre 1,0 e
1,5 mmol por litro.

Potassio

Figura 3. Deficiencia de Potássio.


Um dos sintomas mais comuns de deficiência de Potássio é o secamento ou
“queimamento” das margens das folhas, normalmente aparecendo primeiro nas folhas mais
velhas. As plantas deficientes em potássio crescem vagarosamente e desenvolvem pouco o
sistema radicular.

Controle

A adubação potássica desempenha papel fundamental na nutrição das plantas, sua


deficiência pode acarretar danos à cultura e perda de produtividade. É interessante manter os
níveis de potássio sempre dentro das exigências da cultura, suprindo as necessidades da planta
a manutenção da fertilidade do solo. A adubação Potássica deve ser preferencialmente
realizada na semeadura da cultura, facilitando o manejo e prática, deve-se ter atenção para
sintomas de deficiência e acompanhar a fertilidade do solo utilizando de ferramentas como
análise da fertilidade do solo e mapas de colheita.

Cálcio

Figura 4. Necrose interna do fruto ou coração-preto, deficiência de cálcio

Figura 5. Podridão estilar ou fundo-preto, causado por deficiência de cálcio.


O sintoma característico da deficiência de cálcio inicia com a flacidez dos tecidos da
extremidade dos frutos, que evolui para uma necrose deprimida, seca e negra (Figura 5). O
sintoma é conhecido como podridão estilar ou "fundo-preto". Em condições em que ocorrem
períodos curtos de deficiência – principalmente quando ocorrem mudanças bruscas de
condições climáticas –, observam-se tecidos necrosados no interior dos frutos, cujo sintoma é
conhecido como coração preto (Figura 4). Eventualmente verificam-se, em condições de
campo, deformações das folhas novas e morte dos pontos de crescimento.

Controle

Previne-se a deficiência de cálcio com a aplicação adequada de corretivos e com a


adoção de um manejo eficiente de irrigação, evitando que a planta sofra estresse hídrico,
principalmente nas fases de florescimento e crescimento dos frutos. A correção da deficiência
é feita com pulverização foliar de cloreto de cálcio a 0,6%, dirigida às inflorescências.

Magnésio

Figura 6. Deficiencia de Magnésio

A deficiência de magnésio e caracteriza-se por uma descoloração das margens dos


folíolos mais velhos, que progride em direção à área internerval, permanecendo verdes as
nervuras (Figura 6). Quando a deficiência é mais severa, as áreas amarelas vão escurecendo,
tornando-se posteriormente necrosadas. Sintomas causados por infecção de vírus podem ser
confundidos com deficiência de magnésio.

Controle
Solos ácidos, arenosos, com alto índice de lixiviação e altos níveis de cálcio, potássio
e amônio afetam a disponibilidade de magnésio. Previne-se a deficiência com a aplicação
adequada de calcário dolomítico ou de sulfato de magnésio (30 kg/ha) no solo, antes do
plantio. A correção pode ser feita com pulverização foliar de sulfato de magnésio a 1,5%. A
aplicação foliar conjunta de uréia favorece a absorção de magnésio.

Enxofre

Figura 7. Deficiencia de Enxofre

Os sintomas de deficiência de enxofre são semelhantes aos de nitrogênio, ou seja, as


folhas apresentam coloração verde-amarelada. Entretanto, neste caso, as folhas novas são as
primeiras a serem afetadas. As plantas deficientes geralmente apresentam o caule lenhoso,
duro e de pequeno diâmetro.

Controle

As condições que promovem a deficiência de enxofre são as mesmas relatadas para o


nitrogênio, acrescidas de excessivo uso de "adubos concentrados", normalmente sem enxofre.
Não há necessidade de adubação específica para fornecimento de enxofre. Em casos
especiais, a utilização de gesso agrícola, na dosagem de 800 kg/ha, aplicado antes do plantio,
juntamente com a calagem, ou a aplicação de sulfato de potássio ou de magnésio, no plantio,
previnem a deficiência.
Boro

Figura 8. Deficiencia de Boro.

Ocorrem tanto em folhas novas como em cachos. Nas folhas, os sintomas se


caracterizam por clorose internerval, onde as nervuras permanecem verde e a parte entre
nervuras adquirem coloração amarelada; Nos frutos, aparecem manchas com coloração
acinzentadas (chocolate), com leve depressão. Em condições muito severas de deficiência,
ocorre o enfezamento das brotações, que se caracteriza pelo aparecimento de várias brotações
com entre-nós curtos e folhas arqueadas para baixo.

Controle

Recomenda-se corrigir o solo com boro, na dosagem de 10 kg/ha. No mesmo ano que
se corrige o solo, recomenda-se fazer duas pulverizações com solução 0,25% de B, sendo a
primeira aplicação realizada antes da floração e a segunda, quando as bagas estiverem com
tamanho chumbinho.
Amostragem de Folhas de Figueiras

QUAGGIO et al. (1997)

Coletar 100 folhas recém-maduras e totalmente expandidas, da porção mediana dos


ramos, três meses após a brotação. Amostrar 25 plantas por talhão;

FAQUIN (2002)

Coletar 40 folhas por hectare, folhas mais nova totalmente expandida, ao sol e em
ramos sem frutos, na primavera (florescimento).

COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO - RS/SC-2004

Coletar 100 folhas completas (limbo e pecíolo) recém-maduras e totalmente


expandidas, localizadas na porção média dos ramos, aproximadamente três meses após inicio
brotação.

Nutrientes Planta Normal Planta com sitomas de Idade da folha


carência

N 33,9 g/kg 24,5 g/kg Madura


P 2,0 g/kg 0,9 g/kg Madura
K 28,3 g/kg 1,8 g/kg Madura
Ca 19,1 g/kg 8,2 g/kg Jovem
MG 6,5 g/kg 1,1 g/kg Madura
S 2,1 g/kg 1,2 g/kg Jovem
B 162 mg/kg 49 mg/kg Jovem
Tabela. Teor de nutrientes na matéria seca de folhas de figueira (Figo ‘Roxo de Valinhos’),
cultivada em solução nutritiva. (1 terceira folha a partir do ápice). Haag et al. (1979).
Faixas de teores adequados de macronutrientes na matéria seca de folhas de
figueira.

Quaggio et al (1997) Faquin (2002)


Nitrogênio 20 – 25 g/kg 22 – 24 g/kg

Fósforo 1 – 3 g/kg 1,2 – 1,6 g/kg

Potássio 10 – 30 g/kg 12 – 17 g/kg

Cálcio 30 – 50 g/kg 26 – 34 g/kg

Magnésio 7,5 – 10 g/kg 6 – 8 g/kg

Enxofre 1,5 – 3 g/kg -

Faixas de teores adequados de micronutrientes na matéria seca de folhas de


figueira.

Quaggio et al (1997) Faquin (2002)


Boro 30 – 75 mg/kg 50 – 80 mg/kg
Cobre 2 – 10 mg/kg 4 – 8 mg/kg
Ferro 100 – 300 mg/kg 800 – 160 mg/kg
Manganês 100 – 350 mg/kg 60 – 100 mg/kg
Zinco 50 – 90 mg/kg 11 – 13 mg/kg
Faixas valores de nutrientes considerados adequados em folhas figueira (CQFS-
RS/SC, 2004)

Faixa
(g/kg)
Na 20 – 25
Pa 1–3

K 10 – 30
Ca 30 – 50
Mg 7,5 – 10

Faixa
(mg/kg)
Bb 30-75
Cu 2 – 10
Fe 100 – 300
Mn 100 – 350
Zn 50 - 90

a – Teores de N e P abaixo de 17 e 7, respectivamente, plantas poderão apresentar


sintomas de deficiência destes nutrientes;
b – Teor foliar de boro maior do que 300 mg/kg é considerado excessivo.

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