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Universidade Federal de Santa Catarina | UFSC

Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras Curso de Secretariado Executivo


Disciplina: História Sócio-Econômica, Política e Cultural da América Latina
Professor: Tiago Kramer de Oliveira
Aluna: Karen Geovana Reis

RELATÓRIO DE LEITURA

1. INTRODUÇÃO

Este relatório reúne as leituras realizadas na unidade América Latina no Século XIX
da disciplina de História Sócio-Econômica, Política e Cultural da América Latina. A primeira
leitura foi o capítulo O significado economico das reformas liberais da obra História
economica da América Latina, seguido pelo artigo Capitalismo agrário nos pampas da
Argentina, a terceira leitura foi do capítulo Escravidão Mundial e capitalismo caribenho do
livro Pelo prisma da escravidão.
O objetivo do relatório é transferir, de forma objetiva, uma percepção das leituras
realizadas. A elaboração do relatório será dividida em 03 partes e se seguirá a ordem em que
as leituras ocorreram na unidade.

2. LEITURAS

2.1 O SIGNIFICADO ECONÔMICO DAS REFORMAS LIBERAIS.

O capítulo começa apresentando o estudo do processo político de reforma liberal que


caracteriza a fase de consolidação dos Estados Nacionais, sendo a hipótese dos autores que
por meio desse processo é que se opera o capitalismo independente das nações
latino-americanas. A constituição de um mercado de terras é colocado como uma mudança
presente na transição econômica da América Latina, visto que, após a reforma, os grandes
espaços de terras que antes eram usados para cultivos, teriam um papel econômico lucrativo.
A instauração de um mercado de propriedade privada foi um processo que afetou
tanto a Igreja, a comunidade indígena e também os chamados ejidos, que reagiram a essas
mudanças. Nas comunidades internas, essa mudança levou à transformação das organizações
de trabalho e, mais amplamente, à consolidação de uma economia exportadora.
Segundo os autores, o mercado de terras teve um papel fundamental no crescimento
econômico dos estados, que usavam dessa remuneração para investimentos urbanos ou a
própria manutenção das atividades de exportação. Além disso, destaca-se também as
consequências econômicas da reforma liberal, que coloca México, El Salvador, Colômbia,
Venezuela e Chile como países que não consolidaram sua economia exportadora, enquanto
Equador, Peru, Bolívia e Guatemala conseguiram expandir essa economia de forma
consolidada.

2.1 CAPITALISMO AGRÁRIO NOS PAMPAS DA ARGENTINA

O texto aborda o desenvolvimento agrário nos pampas da Argentina, que emergiu de


um processo interno de crescimento comercial e agregou recursos que ainda não existiam
antes. No geral, o que dá certa coerência e engenhosidade ao processo de Buenos Aires e
Pampas, é a existência de uma fronteira em expansão que permite o acesso a terras férteis e
baratas, e promove o desenvolvimento de atividades que exigem investimentos relativamente
baixos, além de serem viáveis nessas terras e precisarem de poucos recursos humanos.
Todo esse processo de crescimento agrário permitiu também a atividade agrícola
familiar e favoreceu a mudança social da classe trabalhadora rural, como colocado no texto:

A su vez la disponibilidad de tierra y los niveles salariales, favorecieron procesos


de movilídad social entre los pobres rurales que podían, a lo largo de su ciclo de vida y
luego de pasar por diversos estadios (peones mensuales, jornaleros, aparceros o
arrendatarios) convertirse en propietarios o en todo caso en productores independientes,
aunque no dispusieran de tierra propia. (GARAVAGLIA; GELMAN, 2003, p.119).

Na oferta de terras, o Estado favoreceu a apropriação e usufruto da terra na forma de


latifúndios, e a posterior apropriação de terras pela Província de Buenos Aires favoreceu o
acesso às terras públicas para os grandes capitalistas, que se beneficiam delas por meio de
aluguel ou vendas. Ainda assim, isso não parou a produção familiar e as atividades
camponesas nos Pampas e o constante crescimento econômico da Argentina.

2.3 ESCRAVIDÃO MUNDIAL E CAPITALISMO CARIBENHO

O capítulo descreve a relação entre a economia capitalista mundial e a escravidão, e


refere-se ao desenvolvimento capitalista de Cuba que ocorreu por meio do complexo
açucareiro cubano e da escravidão cubana. Nos 100 anos que se passaram entre 1760 e 1860,
muitas mudanças que ocorreram na economia mundial tiveram grande impacto no
crescimento da indústria açucareira cubana, que foi do consumo doméstico a um dos maiores
mercados açucareiros do mundo.
A transformação do mercado mundial coloca a Grã-Bretanha como uma
grande influenciadora nas mudanças que ocorreram no processo de escravidão mundial, pois
sua forma de comercio permitia a diversidade da mão de obra, enquanto os produtores rivais
ainda dependiam da produção escrava, principalmente por ser mais barata. Esse cenário
levou à expansão do comércio escravista em diversos lugares do mundo, como Brasil,
Estados Unidos e Cuba, e se extinguiam no Império Britânico.
Foi essa transformação que estruturou o trabalho escravo em Cuba, e a plantation
açucareira foi estimulada pela Revolução Haitiana, que havia desencadeado uma crise
açucareira no comércio mundial. Com a expansão industrial do açúcar em Cuba,
consequentemente, se expandiu também a importação de escravos para os engenhos, e
rapidamente, a produção açucareira tornou-se o setor dominante da economia cubana.
O autor destaca que com o crescimento do comércio açucareiro, tornou-se necessário
mecanizar a produção de açúcar nos engenhos, e apresenta argumentos que afirmam que os
escravos se habituaram a manusear as maquinas de produção e que, ao contrário do que foi
apontado por outro autor, os elementos da modernidade estão diretamente ligados ao trabalho
escravo, e assim como a trajetória da escravidão em Cuba é reflexo do capitalismo global, a
escravidão cubana também desempenhou um papel na consolidação de uma nova divisão de
trabalho no cenário mundial.

5. CONCLUSÃO

Um estudo acerca da América Latina no século XIX e as transformações que


aconteceram na economia interna e externas dos países que compõem essa região é
fundamental para compreender as transformações que aconteceram naquela época e os
impactos que refletiram na economia mundial.
Em todas as leituras, nota-se que a economia dos países latino-americanos foi se
expandindo devido à concentração de terras e ao aumento do investimento dos países em
exportações para o mercado externo. Uma mudança na estrutura do trabalho também é
perceptível nas primeiras leituras, embora o trabalho escravo ainda predomine na estruturação
do capitalismo caribenho.
Além disso, é possível observar que com a expansão do mercado interno, foi possível
alcançar uma economia mais independente dos países latino-americanos em relação ao
continente europeu e, com isso, diversas mudanças econômicas, políticas e sociais.
5. REFERÊNCIAS

CARDOSO, Ciro F. e BRIGNOLI, Héctor P. História Econômica da América Latina. Rio de


Janeiro: Graal, 1983, p. 160-191

GARAVAGLIA, Juan Carlos e GELMAN, Jorge, "Capitalismo agrario en la frontera. Buenos


Aires y la región pampeana en el siglo XIX," Historia Agraria. Revista de Agricultura e
Historia Rural, Sociedad Española de Historia Agraria, issue 29, p.105-121, 2003.

TOMICH, Dale. “Escravidão Mundial e Capitalismo Caribenho” In TOMICH, Dale. Pelo


prisma da escravidão: trabalho, capital e economia mundial. São Paulo: Edusp, 2011, p.
101-122.

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