JOGOS CLÁSSICOS, DIVERSÃO ETERNA

E MUI
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TRÔ!
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HAL L N FREEMA
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ZODIA ORY
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ROCK
N’ ROLL
RACING
TUDO SOBRE O DESENVOLVIMENTO
DE UM CLÁSSICO DOS PRIMÓRDIOS
DA BLIZZARD, COM PILOTOS ROQUEIROS
E PISTAS INTERPLANETÁRIAS RADICAIS
 SUMÁRIO
ROCKem
Entre ‘N nosso
ROLL RACING
Canal no04
Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
SHADOWMAN 14
GORDON FREEMAN 28
HAL LABORATORY 38
ZODIAC 44
MARCO ROSSI 50

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS OLD!Gamer : Livro #10: Rock ‘n Roll Racing

PARA EDITORA EUROPA
Rua Alvarenga, 1416. CEP 05509-003. São Paulo/SP.
São Paulo (11) 3038-5050
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Diretor executivo: Luiz Siqueira
Diretor editorial: Roberto Araújo
Editor: Humberto Martinez
Editor de arte: Alexandre Dias (Nani)
Textos: Paulo Ferreira Revisão: Jhonata Almeida
São Paulo: Editora Europa, 2021
ISBN: 978-65-5884-342-9.
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Atendimento ao leitor:
Fabiana Lopes (fabiana@europanet.com.br)
Comercial: Paula Hanne (paula@europanet.com.br)
Promoção: Aida Lima (aida@europanet.com.br)
Impressão e Acabamento: Bueno Gráfica

2
 AO LEITOR

ROCK NAS
PISTAS
A
graça de viajar no tempo para revisitar
clássicos vai além de alimentar o saudosis-
mo: é muito legal analisar o começo de cer-
tos movimentos ou as atitudes que pare-
cem improváveis para grandes empresas
como as que conhecemos hoje. Quem só acompa-
nha a atual Blizzard, dona de RPGs complexos como
Entre em WorldCanal
nosso of Warcraft e Starcraft, pode
no Telegram: se surpreender
t.me/BRASILREVISTAS
em descobrir que o jogo de corrida caricato que es-
tampa a capa desta edição foi um dos primeiros ga-
mes do estúdio. Rock n’ Roll Racing parece super
simples se comparado com essas franquias atuais,
mas já tinha a vontade de inovar de forma divertida
que guiou a Blizzard por décadas.
Inovação e personalidade tam-
bém estão na essência de outras
atrações que você vai curtir aqui,
como o inteligente Shadowman,
o ousado portátil Zodiac e o sem-
pre genial estúdio HAL Laboratory.
Aprender com os gênios do pas-
sado é sempre uma diversão.

Humberto Martinez
humberto@europanet.com.br
 DOSSIe

ROCK
N’ ROLL
RACING
Entre em nosso Canal no
EXPLOSÕES, Telegram:
MÚSICA t.me/BRASILREVISTAS
E SUPERVELOCIDADE
COMBINADAS EM UM TORNEIO INTERPLANETÁRIO
DE CORRIDAS TOTALMENTE DESTRUIDORAS
DESENVOLVIMENTO SILICON & SYNAPSE DISTRIBUIÇÃO INTERPLAY GÊNERO CORRIDA
LANÇAMENTO SUPER NINTENDO (1993), MEGA DRIVE (1994), GBA (2003),
PLAYSTATION 4, PC, NINTENDO SWITCH E XBOX ONE (2021)

O
lendário Rock N’ Roll Racing se destacou por
replicar o estilo de corrida popularizado pelo
clássico da Rare, R.C. Pro-Am (NES, 1988), com
visão isométrica, combate veícular e sistema
de progressão para desafiar os competidores.
Aqui ainda há a vantagem de até dois jogadores po-
derem disputar as corridas, acumulando pontuação
entre diversos trajetos para prosseguir para a próxi-
ma etapa, cada uma delas em um planeta com novos
perigos nas pistas. Criado pela Blizzard Entertainment
em seus primeiros anos como estúdio, o projeto co-
meçou como uma continuação do primeiro jogo da
empresa, RPM Racing (SNES, 1991), e logo evoluiu para
algo mais particular e com muita personalidade.

4
 A arte da capa e das
propagandas reforçam
a proximidade do jogo
com álbuns de rock

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5
 ROCK N’ ROLL RACING DOSSIe

A tela inicial apresenta alguns dos personagens intergaláticos, os pilotos das violentas corridas,
em uma formação de banda de rock, o que revela e representa muito bem a essência do jogo

Entre em nosso Canal no Telegram:

Antes de ser conhecida como Blizzard Enter-
t.me/BRASILREVISTAS
tilo artístico, com pilotos que parecem ter saído
tainment, a desenvolvedora de games era um
pequeno estúdio chamado Silicon & Synapse,
composto por apenas dez pessoas. Em 1992, a
empresa já havia se estabelecido com bons jo-
gos para Super Nintendo, como a corrida com
visão isométrica RPM Racing e a aventura de
plataforma The Lost Vikings. Para o projeto se-
guinte, a equipe havia decidido criar uma con-
tinuação para RPM Racing. No entanto, outra
ideia veio de cima, da distribuidora Interplay:
um dos fundadores da empresa, Brian Fargo,
acreditava que licenciar sucessos do rock ia
potencializar as corridas do jogo. Allen Adham,
cofundador da Silicon, sugeriu contratar a ban-
da ZZ Top, que estava em seu auge. O jogo até
se chamaria “ZZ Top’s Racing”, para focar nos
maiores hits da banda. No entanto, todo esse
sucesso fez com que o custo de licenciamento
ficasse muito alto, o que levou a Silicon a procu-
rar por uma opção mais em conta.
Em vez de focar em uma banda, a nova estra-
tégia foi diversificar a playlist, com clássicos como
‘Bad to the Bone’, de George Thorogood and the
Destroyers, e ‘Born to be Wild’, de Steppenwolf.
O gênero musical tornou-se a marca registrada
do jogo, indo parar no título e influenciando o es-
da capa de um álbum de metal.
Ao começar o jogo, o jogador deve esco-
lher um dos três níveis de dificuldade, o piloto
e comprar um dos três veículos – com o orça-
mento inicial, só é possível escolher entre os dois
últimos carros. Após essas definições iniciais, é
possível acessar o menu pré-corrida, que per-
mite comprar melhorias para o veículo ou sim-
plesmente seguir para a disputa inicial.
Ao iniciar a corrida, pode demorar um pou-
quinho para se acostumar com a perspectiva
incomum da câmera, vista de cima e na dia-
gonal. Depois disso, é preciso aprender a fazer
drifts precisos nas curvas e evitar raspar nas
barras de proteção nas laterais da pista para
não perder velocidade. Não parece uma tare-
fa tão difícil, até que os adversários comecem
a derrubar minas explosivas na pista, bater e
atirar em seu veículo tentando destruí-lo ou ti-
rá-lo a força do trajeto. O bom é que você pode
devolver essa agressividade na mesma moeda.
Mais importante do que dirigir bem é saber
quando tirar seus adversários da pista. Quan-
do eles estão na frente, alinhar seu carro para
disparar para a frente é a forma ideal de dimi-
nuir sua desvantagem e, quem sabe, alcançar

6
 As pistas vão do asfalto tradicional com mais tração para garantir a estabilidade dos veículos até
planetas congelados que farão os competidores deslizar muito se não escolherem o carro certo

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Após escolher a dificuldade, é possível definir um piloto com duas habilidades principais e comprar
seu primeiro veículo. Os prós e contras do motorista e carro devem ser equilibrados nessas decisões

a concorrência para bater e detoná-la de uma
vez. Se os retardatários estiverem na sua cola,
o melhor é derrubar minas terrestres para fa-
zê-los girar e perder velocidade. Executar essas
ações em conjunto com uma direção precisa é
o segredo para vencer as corridas.
O principal defeito do jogo de corrida an-
terior da Silicon & Synapse, RPM Racing, era
a falta de sensação de velocidade. A equipe
gastou muito tempo para corrigir isso em Rock
N’ Roll Racing. “Isso significou sentar com os
programadores para ajudá-los a criar
a física. Queríamos que os carros
pudessem deslizar nas cur-
vas e curtir a sensação
incrível disso”, explicou
Alan Pavlish, designer e
produtor do projeto em entrevista para a revista
britânica Retro Gamer. Centenas de horas foram
gastas para deixar o mais natural possível cada
impacto entre corredores e nas paredes, pulos
exagerados e giros causados por armadilhas.
EVOLUÇÃO
As habilidades de direção podem ser impor-
tantes, mas o jogo também traz opções para
os estrategistas. Além de poder comprar no-
vos carros com habilidades especiais, o jogo
também traz um sistema completo de melho-
ria dos veículos. A ideia era que a progressão
funcionasse como em um RPG, e para isso era
necessário que a evolução fosse divertida para
qualquer nível de habilidade. A solução? Os
desenvolvedores resolveram aperfeiçoar as

É FUNDAMENTAL SABER O MOMENTO CERTO

DE ATACAR E DE FAZER MANOBRAS DEFENSIVAS
7
 ROCK N’ ROLL RACING DOSSIe

regras jogando Rock N’ Roll Racing no papel,
como em um RPG de mesa. “Tínhamos diversas
regras e cinco ou seis de nós em volta de uma
mesa. Cada um escolhia um carro e jogávamos
dados para decidir quem venceria a corrida
aleatoriamente. Dessa forma, decidíamos o que
ganharíamos. Literalmente meia hora depois já
dava para saber se a progressão estava fun-
cionando ou não”, revelou Alan Pavlish.
O resultado foi um amplo sistema em esti-
lo RPG, com personagens, veículos e melho-
rias trazendo atributos diferentes para o jogo.
Cada um dos pilotos tem duas habilidades
que influenciam na forma com que os carros
são controlados. O piloto Snake Sanders, por
exemplo, adiciona aceleração e velocidade
máxima ao veículo – o que é excelente para
jogadores mais experientes, mas dificulta para
manter o carro na pista. Já Katarina Lyons é
especialista em curvas precisas e tem menos
perda de controle na aterrissagem de saltos,
mas isso não ajuda a recuperar posições rapi-
damente caso o carro exploda ou bata. Outra
boa opção é Tarquinn, que oferece tanto velo-
cidade máxima quanto precisão nas curvas, o
que pode ser a opção perfeita para jogadores
que cometam poucos erros nos percursos.
Mesmo que as habilidades dos pilotos in-
fluenciem a forma como os veículos respondem,
a parte mecânica continua sendo tão impor-
tante quanto. Existem três escolhas de carros
iniciais, porém, tecnicamente, o jogador só pode
escolher entre os dois mais baratos: o Dirt Devil (1)
e o Marauder (2). Ambos possuem as mesmas
armas: rifles de plasma para disparos dianteiros,
minas de derrapagem para derrubar da trasei-

OS DESENVOLVEDORES TESTARAM O SISTEMA DE

MELHORIAS COMO UM RPG DE PAPEL E CANETA

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As publicidades de Rock N’ Roll Racing que saíram nas revistas na época do lançamento do título
evocavam a irreverência e o espírito roqueiro que se tornaram os trunfos de venda do jogo

8
 A tela de melhorias permite modificar vários atributos do seu veículo, incluindo áreas básicas
como motor, pneus e suspensão, assim como quantidade de munição das armas e cargas de nitro
ra e jatos de pulo. Enquanto o Dirt Devil é mais
lento e tem um controle maior, o Marauder tem
as estatísticas inversas. Dessa forma, o segundo
veículo costuma ser a melhor opção – principal-
mente em combinação com personagens que
têm a habilidade de fazer curvas facilmente.
Após terminar bem posicionado nas cor-
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ridas, o dinheiro acumulado pode ser usado
para comprar melhorias para os seus veículos.
Ao usar personagens com pouca habilida-
de de curvas, é interessante comprar pneus
melhores para aumentar a tração do veícu-
lo. Amortecedores melhores podem ajudar a
manter o controle após sair de uma rampa.
Há também melhorias de carroceria, que au-
mentam a resistência do veículo a danos –
mas os inimigos também ficam mais fortes ao
comprar uma blindagem melhor. Os aprimo-
ramentos mais valiosos, com certeza, são os
motores, que ampliam a velocidade máxima e
aceleração – que custam até $110 mil, as par-
tes mecânicas mais caras do jogo.
Enquanto o investimento em melhorias é útil
para conseguir vencer as corridas e continuar no
campeonato, muitas vezes pode ser uma ideia
melhor economizar para comprar um veículo
de maior qualidade. Um Air Blade (3), por exem-
plo, custa $70 mil e é muito melhor do que um
1 2
Marauder totalmente melhorado. Além disso, ele
oferece um equipamento superior aos dos dois
carros mais baratos: os rifles de plasma são subs-
tituídos por mísseis que podem destruir a maior
parte dos adversários com dois disparos, minas
Garra de Urso que diminuem a velocidade dos
outros corredores e o Nitro Relâmpago, que aju-
da a acelerar seu carro rapidamente para fazer
ultrapassagens ou se manter na dianteira. Mais
dois outros veículos podem ser desbloqueados
e comprados: o Battle Trak (4), que usa esteiras
no lugar de pneus e oferece um controle excep-
cional nas derrapagens, excelente para pistas
mais enlameadas, e o flutuante Havac (5), que
não usa pneus e não precisa de suspensão para
absorver quedas – os dois veículos custam $110
mil e $130 mil, respectivamente.
E tudo isso apenas explora algumas pos-
sibilidades do jogo. Alterar o piloto, veículo e
melhorias mudam completamente a forma de
encarar a corrida, e o lucro obtidos nas corridas
pode ser investido da melhor forma pelo joga-
dor, o que pode ser a diferença entre terminar
em primeiro ou em quarto lugar nas disputas.
O SOM AO REDOR
Mesmo com um gameplay sólido, o primoro-
so áudio de Rock N’ Roll Racing é o que pro-
3 4
5
9
 ROCK N’ ROLL RACING DOSSIe

PILOTOS E ADVERSÁRIOS
1 2 3 4 5 6

Snake Sanders (1) é o competidor enviado pela Terra; Ciberhawk (2) é um ciborgue de Serpentis
criado para ser o melhor piloto da galáxia; Ivanzypher (3) é um herói em seu planeta, o primeiro
piloto de Fleagull a conseguir entrar nas corridas; Katarina Lions (4) é a princesa de Panteros V,
determinada a provar que as mulheres tem seu lugar nas pistas; Jake Badlands (5) era o líder
de uma das principais gangues em Xeno Prime e trocou o crime pela corridas ; Shred (6) é um
dos principais concorrentes, substituído como o quarto piloto no modo para dois jogadores.

8 10 11 12
7 9

Tarquin (7) é famoso em Aurora, onde nasceu pobre e se tornou Capitão Estelar; Olaf (8) é um dos
três protagonistas de The Lost Vikings, um clássico da Blizzard e piloto secreto aqui; O Rato (9) é
o vendedor de veículos; Capitão Braddock (10) é o único que pode levá-lo de um planeta a outro
durante a competição; Este simpático alien sem nome (11) faz todas as melhorias do seu veículo;
Rip (12) é outro corredor frequente e aparece em todas as corridas.

15 16
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13 14
18
17
Doze vezes campeão, J.B. Slash (13) é o favorito da competição; Com fluido de transmissão correndo
nas veias, o robô Grinder X19 (14) é um oponente violento; Roadkill Kelly (15) está cumprindo 14
penas perpétuas em New Mojave e prometeu que nenhum piloto sairá vivo de lá; Ragewortt (16) é
o príncipe dos Saurions e se tornou o herdeiro do trono por vencer corridas; Butcher Icebone (17) é
um dos seres vivos mais inteligentes que existem e usa essa sabedoria nas corridas; Viper Mackay
(18) é um piloto de caça expulso das forças armadas que agora se dedica à velocidade nas pistas.

vavelmente traz mais nostalgia. O jogo relega
o tedioso som de motor em favor da trilha so-
nora sempre presente. “Quando você está de-
senvolvendo um jogo e produz demos, se não
há áudio neles, você perde metade do game.
Isso direciona o impacto emocional do próprio
jogo”, comentou Alan Pavlish.
O processo de escolher as músicas para a
trilha sonora não foi tão fácil. A ideia era adquirir
apenas a licença para regravar as músicas, sem
a performance original ou canção. Pavlish fez
uma lista com mais de 100 músicas seguindo
uma regra simples: fazer o jogador querer cor-
rer mais rápido. “Sem a internet era uma tarefa
difícil, mas acabei entrando em contato com
uma companhia em Nova York especializada
em licenciar músicas. Eu dei a lista para um cara
de lá, e ele devolveu com o que possivelmente
conseguiríamos”. Assim foram decididas as cinco
músicas presentes no jogo – seis, contando com
a faixa adicional da versão para Mega Drive.
Após escolher as músicas, a equipe de áu-
dio da Silicon & Synapse teve que regravá-las
de forma que elas mantivessem um certo nível
de qualidade mesmo ao serem tocadas com os
chips de áudio do SNES e do Mega Drive. Com
um trabalho excepcional dessa equipe, todas
as músicas não só ficaram facilmente reconhe-
cíveis, como também perfeitas para fazer um
headbang enquanto você explode os inimigos

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As corridas até começam organizadas na linha de partida, mas ficam caóticas a partir da primeira
curva e ficam deliciosamente bagunçadas com o uso das armas e da direção agressiva dos pilotos

na pista. Isso fez com que muitos jogadores que

ouviram a trilha sonora na época tentassem
encontrar a origem das músicas reais, conver-
sando com os amigos e trocando informações.
Enquanto o rock toca alto, os efeitos sonoros
de derrapadas, batidas e explosões ampliam a
sensação de caos. Para completar, o comen-
tarista esportivo Larry Huffman está sempre
atualizando o jogador da situação da disputa,
anunciando quais corredores bateram ou estão
próximos de explodir, além de fazer piada com
os erros dos pilotos, incluindo as falhas do joga-
dor. Após o lançamento de Rock N’ Roll Racing, o
jogo se tornou um sucesso tão grande que até
mesmo Huffman ficou impressionado com os fãs
que vieram falar com ele. “Ele sempre me ligava FAZENDO BOM USO DO
para me contar que alguém descobriu que ele
estava no jogo e que eram muito fãs dele. Larry CHIP DE ÁUDIO DO SNES,
ficou muito feliz com isso”, contou Pavlish.
Assim como Alan Pavlish afirmou, grande O JOGO TEM MÚSICA,
parte do espírito de irreverência e de veloci-
dade vem da música do jogo. Mas a qualidade
EFEITOS E NARRAÇÃO
de toda a produção de som em Rock N’ Roll
Racing é um expoente entre os títulos lançados
MUITO BEM MIXADOS
11
 ROCK N’ ROLL RACING DOSSIe

OS MUNDOS Inferno é o desafio máximo

O planeta carcerário de
New Mojave está quase
abandonado, com exceção
das colônias presidiárias e
das perigosas pistas.
Bogmire é repleta de
rampas que fazem os carros
decolarem, sempre com
o risco de errar a pista e
afundar no oceano.
de Rock N’ Roll Racing. Há
setas nas pistas que jogam
seu carro para trás, o que
pode causar uma derrota
bem nos momentos finais.

Chem IV é o planeta inicial das

corridas. Com um solo de grande
aderência e demarcações que
ajudam a se manter na pista,
esse é o local ideal para começar
a sua carreira de piloto.
A Terra é o planeta de origem
das corridas, que evoluíram
e foram adotadas por vários
planetas da galáxia.

Com uma arquitetura que lembra os trabalhos O planeta congelado de Nho

do artista H. R. Giger (da franquia Alien), as desafia até os mais habilidosos
pistas de Drakonis costumam ter gosmas que nas curvas, o que significa que
fazem os carros girarem e algumas armadilhas é bom trazer seus pneus de
posicionadas no caminho. neve para a competição.

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na época. Entre todos os efeitos de áudio, mú-
sica e narração, a qualidade está sempre em
alto nível, e a mixagem permite que tudo possa
ser ouvido com clareza em todos os momentos.
NEVASCA DE APRECIAÇÃO
Enquanto a repetição de pistas até o jogador
poder passar para o próximo planeta pode ser
um pouco enfadonha, as análises da época
enxergaram a versão de SNES de Rock N’ Roll
Racing positivamente. Já a versão de Mega
Drive, que chegou em 1994, recebeu algumas
críticas negativas por conta da qualidade
mais baixa de áudio ao ser comparada
ao jogo lançado no console da Ninten-
do. Por isso, a versão de SNES costuma
ser vista como a definitiva – a revista
Eletronic Gaming Monthly premiou o
título como o melhor jogo de corrida
de 1993. Retroativamente, os sites IGN e Com-
plex homenagearam Rock N’ Roll Racing em
suas listas dos 100 melhores jogos de SNES.
Durante a produção do título, a Silicon & Sy-
napse trocou de nome para Blizzard Entertain-
ment, como o estúdio viria a ser conhecido até
os dias atuais. Esse foi o último jogo de corrida
feito pela produtora, que nos anos seguintes
trabalhou em jogos de plataforma e pan-
cadaria antes de ganhar enorme reconhe-
cimento nos RPGs Warcraft e Diablo. Mesmo
assim, o estilo bem humorado de Rock N’ Roll
Racing ainda pode ser visto em Heartstone, o
jogo de cartas baseado na franquia World of
Warcraft, e o estilo de arte alienígena mi-
grou para a série Starcraft.
Com a Blizzard trilhando outros ca-
minhos, a Interplay tentou criar uma
continuação para o jogo de corrida.

OS TIPOS DE PISTA TAMBÉM INFLUENCIAM NO

COMPORTAMENTO DOS VEÍCULOS E PODEM
AUMENTAR A DIFICULDADE DE FAZER CURVAS
12
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Ao vencer todo o campeonato, o jogador é apresentado em um programa de televisão intergalático

– e o jogo pede para que ele termine-o novamente em um nível de dificuldade mais elevado

Lançado em janeiro de 1998 para o PlayStation
original, Red Asphalt é uma sequência direta
que se passa em um futuro pós-apocalíptico.
Enquanto o número de pilotos foi diminuído
para seis, a quantidade de pistas aumentou
para 24, com seis veículos personalizáveis.
Quantidade não garante qualidade, e o jogo
recebeu muitas críticas negativas por conta
do sistema de melhoria quebrado, gráficos
medianos e estilo genérico, semelhante a jo-
gos como Wipeout. Além de tudo isso, a baixa
qualidade do áudio ainda removeu uma das
principais atrações do jogo original.
Durante a BlizzCon de 2021, a Blizzard
anunciou e lançou no mesmo dia, em 19 de fe-
vereiro, o Blizzard Arcade Collection, uma co-
letânea com uma trinca clássica da empresa:
The Lost Vikings, Blacktorne e Rock N’ Roll Ra-
cing. Essa versão especial suporta partidas em
tela dividida para quatro pessoas, salvamento
do progresso e opções de emulação, como re-
troceder o tempo para desfazer erros e filtros
gráficos. Além disso, o narrador Larry Huffman
retornou para contribuir com novas falas. Com
a Blizzard interessada em seus projetos mais
contemporâneos das franquias Diablo e Over-
watch, seria difícil ver um novo Rock N’ Roll Ra-
cing. Mas, com a aquisição da empresa pela
Microsoft, o cenário pode mudar – afinal, ain-
da existe uma grande quantidade de fãs que
sentem saudades de explodir carros ao som
de ‘Paranoid’, de Black Sabbath.

13
 ESPECIAL

SHADOW
MAN ASSASSINOS, DEMÔNIOS,
VODU E AÇÃO SE ENCONTRAM
EM UMA AVENTURA SOMBRIA
BASEADA EM QUADRINHOS
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DESENVOLVIMENTO ACCLAIM STUDIOS TEESIDE DISTRIBUIÇÃO ACCLAIM GÊNERO AÇÃO
LANÇAMENTO NINTENDO 64, PLAYSTATION, PC E DREAMCAST (1999);
PLAYSTATION 4, NINTENDO SWITCH E XBOX ONE (REMAKE, 2022)

U
ma gigante no ramo de distribuição e desen-
volvimento de jogos no final da década de
1980 e por toda a década de 1990, a Acclaim
uniu sob suas asas uma grande quantidade
de estúdios, lojas de brinquedos e franquias
de revistas em quadrinhos. Isso permitiu criar um am-
biente de trocas entre suas próprias empresas, como
na criação do clássico FPS Turok para Nintendo 64,
inspirado na HQ da Valiant Comics, editora adquirida
pela distribuidora em 1994. Do acervo da Valiant (que
tornou-se Acclaim Comics) também veio Shadow Man,
um game complexo e interessante que surpreendeu
por seu tom macabro e, de certa forma, elegante e
maduro. Além disso, foi um dos primeiros games de con-
sole lançado com legendas em português.

14
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MICHAEL LEROI PASSOU

DE UM ESTUDANTE DE
LITERATURA INGLESA
PARA UM CAMINHANTE
ENTRE O MUNDO DOS
VIVOS E O DOS MORTOS

15
 ESPECIAL SHADOW MAN

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O MUNDO É DIVIDIDO
ENTRE A TERRA DOS
VIVOS (LIVESIDE) E A DOS
MORTOS (DEADSIDE)
16
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17
 ESPECIAL
É preciso explorar a bizarra Deadside para encontrar as Dark Souls e fortalecer Shadow Man
O caminho para a criação de Shadow Man
foi um pouco mais complexo do que parece. Em
1989, o antigo editor-chefe da Marvel, Jim Shooter,
saiu da empresa para criar seu próprio selo de
quadrinhos, a Valiant Comics. Com vários títulos de
sucesso nos anos seguintes, a editora conseguiu
conquistar 5% do mercado de HQs – um número
gigante, considerando o monopólio da Marvel
e da DC no mercado. Shooter, no entanto saiu
da Valiant em 1992 por conta de diferenças com
seu sócio. Dois anos depois, a Acclaim adquiriu
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
a editora, já imaginando possíveis usos para os
personagens dos quadrinhos. Um deles foi Turok,
que se tornou um famoso jogo de tiro em primeira
pessoa em 1997 com várias sequências. O exem-
plo principal aqui, no entanto, é Shadowman, um
quadrinho criado em 1992 por Jim Shooter, Steve
Englehart e David Lapham.
Enquanto tudo isso acontecia, outra história
era criada do outro lado do planeta. Na Ingla-
terra, um pequeno estúdio foi fundado em 1988
por dois irmãos, sob o nome Optimus Software.
Darren e Jason Falcus trabalhavam com uma
pequena equipe em jogos para a distribuidora
britânica Codemasters. Em 1993, eles foram ad-
quiridos pela desenvolvedora texana Iguana
Entertainment, se tornando o estúdio Iguana
UK. Dois anos depois, a Iguana foi comprada
pela Acclaim e tornou-se Acclaim Studios Salt
Lake City – e a Iguana UK foi rebatizada como
Acclaim Studios Teeside, por estar localizado na
cidade inglesa de Stockton-on-Tees.
Assim que acabou o trabalho no jogo de bas-
quete College Slam, o estúdio em Teeside come-
O OBJETIVO DA ACCLAIM ERA CRIAR UM JOGO DE
TERROR COM CENÁRIOS RENDERIZADOS EM TEMPO REAL
18
SHADOW MAN
çou a procurar novas ideias para criar um título
original e entregou várias propostas para a sede
da Acclaim. Todas foram negadas, e os escritórios
centrais em Nova York pediram que Teeside crias-
se algum um jogo de ação e horror em 3D no esti-
lo de Resident Evil (o sucesso do momento), só que
com os cenários totalmente renderizados.
Uma pequena equipe do estúdio começou a
trabalhar em um personagem original: Thomas
Deacon, um ex-policial de Nova York que virou
caçador de demônios. A ideia foi vista com bons
olhos pela Acclaim, mas, ainda assim, também foi
descartada. Nova York pediu então que o estúdio
de Teeside fizesse uma proposta baseada em al-
guma das HQs da Valiant: Ninjak, Bloodshot, Trinity
Angels, Magnus: Robot Fighter ou Shadowman.
INSPIRAÇÃO E CRIAÇÃO
Shadowman tinha apenas cinco volumes lança-
dos na época em que a propriedade intelectual
foi oferecida para o estúdio Teeside. O quadrinho
conta a história de Mike LeRoi, um estudante co-
legial que se torna o escravo de uma sacerdotisa
de vodu: com uma Máscara das Sombras irrom-
pendo de seu peito, ele se torna Shadowman, um
assassino zumbi que tem o poder de viajar entre o
mundo dos vivos e o mundo dos mortos. Os desen-
volvedores imediatamente viram a oportunidade
de trabalhar em algo semelhante ao que tinham
pensado para a aventura de Thomas Deacon, e
escolheram esse quadrinho como base.
O diretor de design e projeto, Simon Phipps,
teve a ideia de explorar a premissa principal da
HQ: “Se não há céu e inferno, o que aconteceria
 O marketing exaltava as legendas em português e o fato de ser um game para maiores de 17 anos
se as pessoas ruins decidissem se unir para voltar
do mundo dos mortos?” O resultado: uma história
que começa com o suicídio de Jack, o Estripador
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
em 1888 e que continua em tempos modernos, em
que Shadow Man (o nome é separado no game e
escrito tudo junto nas HQs) é enviado pela feiticei-
ra Nettie para investigar uma comoção suspeita
em Deadside, o mundo dos mortos, e assassinatos
ritualísticos em nosso plano terreno, o Liveside.
O desenvolvimento do jogo foi particularmen-
te desafiador para Teeside. A pequena equipe de
15 pessoas sofreu com dois tipos de adaptação:
a primeira era desenvolver habilidades e tecno-
logia para programar jogos em três dimensões,
enquanto a segunda foi lidar com a expansão do
estúdio, que chegou a ter 70 funcionários durante
o pico de desenvolvimento do jogo.
Enquanto a história foi algo mais fácil de ser
criada, montar as fases foi um desafio maior. A
ideia era que fosse possível para o jogador re-
visitá-las ao adquirir novos poderes e descobrir
outros segredos nos cenários. O processo demo-
rou um pouco para tomar forma, como explicou
o designer Simon Phipps: “Tendo experimentado
várias formas de mapear o jogo em pacotes 3D,
descobrimos que o jeito mais fácil e rápido era
desenhar a fase em um papel como o plano de
um arquiteto e passá-lo para os modeladores de
mundo para construí-lo, então só depois disso tex-
turizar e iluminar”.
Um dos grandes desafios foi criar o mundo pa-
ralelo de Deadside, para onde todos vão após a
morte. Como a versão das HQs era pouco deta-
lhada, coube à equipe de arte desenvolver uma
identidade visual única para o reino dos mortos.
“Os caras produziram milhares de esboços, a
maior parte feita no tempo livre (…). Essa quanti-
dade de ideias deixou a tarefa de criar os mapas
muito mais fácil”, revelou Phipps em seu blog. Foi
assim que nasceu a identidade visual de Deadside
no jogo: um lugar feito de carne, ossos e engrena-
gens.... É orgânico, estranho e assustador.
Mas o jogo não se resume apenas aos cená-
rios bizarros de Deadside, pois também é possível
visitar alguns locais no plano terreno, o Liveside,
como um prédio de Nova York, uma penitenciária
no Texas e uma estação de metrô abandonada
em Londres. Todos esses lugares incluíram uma in-
tensa pesquisa da equipe por referências, incluin-
do a visitação de uma estação londrina cujo últi-
mo uso havia ocorrido durante a Segunda Guerra
Mundial. “Ficar parado no escuro profundo de
uma plataforma deserta e não usada por 50
anos enquanto um trem de passageiros inocentes
passa rapidamente por você é uma experiência
única, para dizer o mínimo”, contou Phipps.
LUZ E SOMBRAS
A história do jogo também sofreu algumas mu-
danças criativas. Enquanto o protagonista do
19
 ESPECIAL SHADOW MAN

MONSTROS E ALIADOS

MILTON PIKE MARCO CRUZ JACK, O ESTRIPADOR

Conhecido pela polícia Assassino conhecido Serial killer inglês, Jack

como “Video Nasty pela polícia como “Repo se suicidou para entrar
Killer”, esse ex-militar Man”, pois fingia ser um em Deadside e criar
lutou na Guerra do Vietnã agente de recuperação o Asylum, local que
e, entre 1995 e 1996, de bens para entrar na serviria de base para
matou nove mulheres e casa de suas vítimas. Legion criar seu exército
enviou as fitas com os Ele adora música disco para a invasão do mundo
assassinatos brutais para e já foi DJ. Ele também dos vivos e como refúgio
a polícia. Ele é um dos é integrante do infame para criminosos. Ele é o
membros d’Os Cinco. grupo d’Os Cinco. mais famoso d’Os Cinco.

JAUNTY

A serpente esquelética
é a guardiã de Marrow
Gates. Jaunty já foi um
homem normal, até a
Entre em nosso Canal no Telegram:AVERY
VICTOR BETRACHIAN t.me/BRASILREVISTAS
MARX noite em que estava
retornando para casa
O líder d’Os Cinco é o Membro d’Os Cinco, após uma visita a um
assassino serial “Lizard o “Home Improvement pub em Dublin, Irlanda,
King”. Ele foi psiquiatra Killer” matava e usava e foi sequestrado por
na Europa e matava suas as peles das vítimas estudantes que faziam
pacientes idosas após para fazer móveis. Ele experimentos com o
convencê-las a deixar usa pistolas de pregos oculto. O resultado foi
fortunas para ele. Victor como arma e óculos de seu sacrifício em ritual
fugiu para os EUA, onde visão noturna para e uma aparência bizarra
foi preso e condenado perseguir vítimas para sua estadia
por seus crimes. no escuro. em Deadside.

LEGIÃO IRMÃS DE SANGUE GANCHOMENS

O vilão máximo é um Protetoras dos Templos Os carcereiros de Asylum podem aparecer em diversos
demônio formado por de Gad em Deadside, sabores para atormentar Shadow Man: os mais simples
almas atormentadas são capazes de levitar e tentam cortar e cutucar Mike com seus ganchos; os
e, portanto, sempre disparar energia. Há três Atiradores, que disparam para acertar o protagonista
referido no plural. Ele variantes: Acólitas são de longe, são facilmente enganáveis de perto; e, por
quer usar o Shadow Man as mais fracas; Adeptas fim, os Moedores de Órgãos usam motosserras para
para recuperar todas as voam mais e têm mais atacar de forma sangrenta e poderosa enquanto
Dark Souls e, com elas, precisão; Matriarcas contam com escudos para se defender dos disparos
começar a invasão total flutuam caoticamente do protagonista. Esses malditos garantem que a
ao mundo dos vivos. e são as mais fortes. passagem por Asylum seja sempre um tormento.

20
 BICEFALÓPODE DEADSIDER DEADWING

Um torso com duas Numerosos e principais Criaturas aladas de Deadside que disparam ácido em
cabeças e nenhuma moradores de Deadside, pleno voo enquanto gritam de forma aterrorizante.
perna, cospe ácido em esses seres sofrem nas Voam sempre em grupos e podem ser só ignorados.
Shadow Man e pode mãos de outros monstros
tentar mordê-lo de forma presentes nesse mundo CROCODILOS
traiçoeira. Normalmente de trevas. Ao passar
encontrados em grupos, por eles, é possível que Animais territoriais,
o que pode dificultar eles tentem roubar um eles atacam qualquer um
se esquivar de seus pouco da energia vital que se aventure pelos
projéteis verdes. de Shadow Man. pântanos da Lousiana.

Entre em
ZUMBInosso Canal no Telegram:CACHORRO
CACHORROMENS t.me/BRASILREVISTAS
ZUMBI

Não os confunda com os Esses seres bizarros Em contraste aos dóceis

Deadsiders: esses seres são experimentos que rottweilers presentes em
estão aqui para rasgar podem ser encontrados Liveside, os caninos de
o protagonista com pelos corredores do Deadside são muito mais
suas próprias garras. Asylum ganindo e latindo perigosos. Normalmente
Se Shadow Man estiver como cachorros. São encontrados em bandos,
muito longe, eles também extremamente fracos e eles podem rasgar
vão cuspir ácido. Pode facilmente despacháveis rapidamente qualquer
ser difícil de derrotá-los com apenas um tiro invasor que entre em
no início da jornada. carregado e certeiro. seu território.

MAMA NETTIE

Uma poderosa feiticeira

vodu com séculos de
idade e que habita o
corpo de uma mulher
TRUEFORM CACHORROS LUKE MATTHEW LEROI com pouco mais de
20 anos. Ela criou a
Alguns dos inimigos mais Esses rottweilers são O irmão mais novo de Máscara das Sombras
poderosos do jogo, esses extremamente dóceis Mike morreu aos 10 anos que dá poder a Michael
soldados foram criados com Mike, guardando em um atentado contra e teve a visão que leva
para a invasão ao mundo a capela de Mama sua família. Ele precisava aos acontecimentos
de Lifeside. Eles foram Nettie de possíveis de uma cirurgia no do jogo. Ela precisa
criados pelos cirurgiões intrusos. Ele podem cérebro para sobreviver, manter relações sexuais
do Asylum e imbuídos seguir o protagonista e um dos motivos pelos com o Shadow Man
com uma Dark Soul para não atacam sem serem quais seu irmão resolveu regularmente se
serem combatentes provocados. Valem ficar com o dinheiro quiser preservar sua
formidáveis e mortais. mais pela companhia. que causou sua morte. juventude anormal.

21
 ESPECIAL
quadrinho era Maxim St. James, um apostador do
distrito da luz vermelha em Nova Orleans, o per-
sonagem principal do jogo é Michael LeRoi, um
ex-estudante de literatura inglesa que se tornou o
Shadow Man após a feiticeira vodu Nettie atrelar
a Máscara das Sombras ao seu peito. Nettie tem
um sonho profético de que a entidade demo-
níaca Legião está se preparando para causar o
apocalipse usando as Dark Souls – não, não são
as que você está pensando. Usando essas almas
imortais provindas de guerreiros, Legião criará
um exército para invadir o nosso plano.
As Dark Souls estão no poder de cinco serial
killers no mundo dos vivos. Os poderes de Mi-
chael, no entanto, não funcionam durante o dia
no mundo dos vivos. Para conseguir recuperar as
almas, o protagonista precisa viajar para Deadsi-
de e encontrar uma forma de reverter a situação.
Michael então vai visitar Nettie em uma capela no
meio dos pântanos da Lousiana e usa o ursinho
de pelúcia de seu falecido irmão para criar uma
conexão e viajar ao mundo dos mortos.
A primeira visita de Shadow Man a Deadside
funciona como um tutorial, em que o jogador
aprende os controles e mecânicas de navega-
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
ção dos cenários e referentes ao combate. En-
quanto os seres perdidos do mundo dos mortos
não atacam logo de início, o clima da fase em
geral ainda é cheio de tensão, com gemidos dos
A lâmina L’Eclipser é usada em um sacrifício para que as sombras caiam sobre o mundo dos vivos
22
SHADOW MAN
mortos ecoando pelo ambiente. Nessa primeira
visita, Michael se encontra com Jaunty, uma ser-
pente esquelética com cabeça humana e um so-
taque irlandês que também trabalha para a fei-
ticeira Nettie, e permite a passagem de Shadow
Man pelos Portões da Medula, a entrada para
Deadside. Lá, o protagonista começa sua busca
pelas Dark Souls, que devem ampliar cada vez
mais os seus poderes e prepará-lo para enfrentar
Legião e seus capangas.
O caminho por Deadside demonstra que a
maior dificuldade do jogo não está no comba-
te, mas sim nas muitas seções de plataforma.
Enquanto a precisão dos pulos não precisa ser
perfeita, muitos dos saltos exigem ir em direção
diagonal na tela – mas pressionar o botão de
pulo colocando o personagem em direção per-
pendicular pode fazê-lo pular apenas lateral-
mente, indo em uma direção totalmente oposta à
desejada, muitas vezes causando a morte. O jogo
não é muito punitivo quanto a isso, devolvendo o
personagem ao começo do cenário em que está
e nunca muito longe – o que pode ser mitigado
ainda mais com o salvamento manual a qualquer
momento da versão para PC.
Enquanto a maior parte do cenário pode
ser transposta pulando e se pendurando em
bordas e em cordas, outras partes exigem que
Shadow Man tenha a quantidade de poder
 Muitas partes desafiam o jogador a atravessar incólume seções de exploração e plataforma
suficiente para seguir em frente. Portões espe-
ciais bloqueiam algumas áreas e só podem ser
abertos quando Michael adquirir Dark Souls
suficientes, o que garante que os jogadores só
acessem as áreas no nível de poder adequado.
Outros lugares são lacrados apenas por falta
da habilidade correta. Várias áreas no começo,
por exemplo, têm lava no chão, e encostar nes-
sas partes é morte instantânea – o que exige
voltar mais tarde, após adquirir a habilidade de
caminhar nas chamas.
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTASdisparo pode ser carregado para causar mais
DEMÔNIOS EXTERNOS
Dentro de Deadside, um dos primeiros locais di-
ferentes visitados é o Asylum, um prédio gigan-
tesco projetado por Jack, o Estripador para que
Legião forme seu exército de mortos. O lugar
parece uma prisão, feito quase que completa-
mente de metal e com sangue cobrindo as pa-
redes e o chão. A área tem locais de adoração
voltadas para Os Cinco: Marco Cruz, Milton Pike,
Avery Marx, Victor Batrachian e o próprio Jack, o
Estripador, que estão no mundo dos vivos carre-
gando uma Dark Soul cada. Em cada uma des-
sas capelas há um torso pendurado por corren-
tes na área central. Shadow Man pode adquirir
retratores para afastar as costelas desses restos
mortais e abrir um portal para os esconderijos de
cada um dos Cinco no mundo dos vivos.
No combate contra os seres das trevas, a me-
lhor estratégia é ficar sempre em movimento. En-
quanto alguns monstros apenas sugam força vital
a distância, outros preferem se aproximar para
cortá-lo em pedacinhos de uma forma mais pes-
O FOCO DO JOGO ESTÁ NA EXPLORAÇÃO; AINDA ASSIM,
HÁ MUITO COMBATES CONTRA OS SERES DAS TREVAS
soal. Alguns também podem usar armas de fogo
a distância, mas manter-se em movimento é o
suficiente para escapar dos projéteis – rolar pode
ajudar a esquivar também.
Michael tem um arsenal variado para der-
rotar seus adversários. A principal arma é a Sha-
dow Gun, que canaliza o poder da Máscara das
Sombras no peito do protagonista para disparar
espectros que rasgam a carne do alvo e deixam
apenas a alma para trás – que pode ser usada
pelo protagonista para recuperar sua energia. O
dano e coletar Dark Souls aumenta consideravel-
mente a efetividade da arma.
Além dessa arma inicial, várias outras podem
ser encontradas durante a jornada. Uma delas é
o Asson, um chocalho feito de um crânio e colu-
na que, ao ser sacudido, dispara bolas de fogo.
Diferente da Shadow Gun, é preciso adquirir
crânios nas fases para recarregá-la. Outra arma
no mesmo estilo é o Baton, uma espécie de lan-
ça que pode ser usada para perfurar inimigos,
disparar chamas a distância ou, ainda melhor,
ser fincada em certos altares para que seu per-
sonagem seja teleportado para outra área.
Uma das melhores mecânicas de combate é
a possibilidade de equipar quaisquer armas em
cada uma das mãos de Michael – a Shadow Gun
na mão direita e o Asson na esquerda, por exem-
plo, é uma combinação matadora – o que signi-
fica uma ampla variedade de opções táticas no
combate, como enfraquecer inimigos com armas
mais fortes e usar a Shadow Gun apenas para fi-
nalizar os inimigos, coletando sua força vital logo
23
 ESPECIAL SHADOW MAN
A sacerdotisa
Mama Nettie criou
a fonte dos poderes

MICHAEL LEROI, de Shadow Man,

a Máscara das

O SHADOW MAN
Sombras, com a
ajuda dos Deuses
do Novo Mundo

Desenvolvido pelo lendário Garth Ennis (criador

de Preacher, The Boys, The Darkness e outros
quadrinhos e personagens icônicos) e Ashley
Wood (artista que trabalhou em inúmeras obras
da Marvel e DC), Michael LeRoi é um estudante
de literatura inglesa que abandonou os estudos
para tentar uma vida fácil com apostas. Após
perder tudo, ele foi obrigado a trabalhar como
taxista em Chicago. Um de seus passageiros foi
assassinado e deixou US$ 20 mil em uma maleta
em seu táxi. Mike pegou o dinheiro para pagar uma
cirurgia para seu irmão mais novo, Luke. No entanto,
a gangue a quem pertencia o dinheiro descobriu seu
paradeiro e fuzilou o carro em que ele e sua família
estavam. Todos morreram, exceto LeRoi, que ficou
em coma. Após ser cooptado pela sacerdotisa Mama
Nettie para ser o Shadow Man, o novo representante
de uma linhagem de guerreiros vodu africanos que
protegem o plano terreno, Mike recupera sua memória
e passa a ser consumido pela culpa enquanto torna-se
um anti-herói que combate assassinos e demônios.

Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS

A tatuagem das costas é conhecida como Gad e

permite que o Shadow Man caminhe em Chamas
Elementais e até nade nelas, o que concede passagem
a áreas antes inacessíveis. Já a Toucher Gad (arte
no braço) permite encostar em Chamas Elementais
e em paredes escaldantes para remover bloqueios.

Mike pode caminhar

entre o mundo dos vivos
e o mundo dos mortos.
No entanto, seus poderes
funcionam do lado de cá
apenas ao cair da noite.

24
 em seguida. A única desvantagem de estar com
duas armas é a impossibilidade de se pendurar
em beiradas, então é preciso guardá-las para en-
carar as seções de plataforma.

PISTOLA MP909 CAMINHOS E ESCOLHAS

Ir e vir no jogo oferece uma sensação de liberdade
A Desert Eagle jamais Submetralhadora enorme. Como o jogo não tem nenhuma indica-
fica sem munição, mas silenciada que comporta
ção do caminho a ser tomado, cabe ao jogador
não tem poder contra até 400 munições e pode
as forças das trevas. No ser usada tanto por Mike explorar e descobrir novas áreas no seu ritmo. Mui-
entanto, imbuída com o quanto por seu alter ego tas vezes é necessário voltar um pouco para seguir
poder do Shadow Man, Shadow Man. Encontrada por direções diferentes ou passar por portões de
ela se torna a Shadow na Prisão de Gardelle. almas, mas isso pode ser feito facilmente aces-
Gun e dispara espectros sando o inventário e usando o ursinho do falecido
que dilaceram a vítima
irmão de Michael para se transportar ao início de
até sobrar só sua alma.
cada uma das áreas já visitadas. Mesmo assim, a
exploração pode ser confusa, já que os cenários
são labirínticos e não há um mapa dentro do jogo
- somente uma versão impressa como brinde.
SMG Não existe uma ordem correta para enfrentar
Encontrada na Prisão de os desafios. Toda a área de Deadside vai sendo
Gardelle, utiliza a mesma aberta conforme o jogador encontra Dark Souls
BATON
munição que a MP909 espalhadas pelos mapas, e esse plano também
Quando usada como e só pode ser usada no esconde templos com as várias habilidades que
arma, dispara chamas mundo dos vivos. permitem ao protagonista passar por áreas em
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
a distância e pode ser chamas, seja pisando nelas, pendurando em bei-
usada para esfaquear
radas com fogo ou empurrando paredes quen-
inimigos próximos. No
entanto, ela também tes – cada uma delas adiciona uma tatuagem ao
pode ser encaixada protagonista. Há também um par de garras que
nos altares Éter para permite escalar paredes específicas, mas é bom
teleportar Mike para tomar cuidado para não ser derrubado por pro-
outras localizações. MARTEAU jéteis inimigos – por sorte, o jogo não é tão punitivo
Este pedaço do maxilar e não há dano de queda. Ao adquirir os retratores
de algum animal grande em Deadside, fica a critério do jogador decidir
pode lançar três bolas a ordem em que vai enfrentar Os Cinco – basta
de fogo que perseguem escolher a capela de um dos adversários, usar o
inimigos mais próximos. retrator e viajar para a área do mundo dos vivos.
As áreas de Liveside são muito mais lineares do
que as de Deadside. Essas áreas são quase que
exclusivamente um caminho direto para cada um
dos alvos de Michael LeRoi, com alguns puzzles e
plataformas no caminho, além de alguns inimigos
diferentes. Um deles é Avery Marx , um assassino
FLAMBEAU conhecido por cortar a energia da casa de suas
Tocha mágica usada para vítimas e se esgueirar no escuro usando óculos de
ASSON
iluminar áreas escuras e visão noturna. Escondido em um hotel abandona-
Chocalho vodu feito de queimar tapeçarias para do em Nova York, Marx usa duas pistolas de prego
crânio e espinha dorsal revelar novos caminhos. como armas e vive se referindo a sua mãe que,
que dispara bolas de Ela drena o poder mágico
baseado em suas falas, abusava sexualmente
fogo nos inimigos, do Shadow Man enquanto
incendiando-os. Por estiver equipada e pode dele quando era jovem. Após explorar o prédio in-
ser um item mágico, só lançar bolas de chamas teiro e restaurar a energia, Michael pode finalmen-
funciona em Deadside. nos inimigos. te enfrentar Marx e tomar sua Dark Soul.

25
 ESPECIAL
Dark Souls podem ser encontradas dentro de inimigos como esses ou até nos chefes finais
Outro membro dos Cinco é Milton Pike, um ex-
-militar da guerra do Vietnã que caçou e assassi-
nou nove mulheres, gravou suas mortes e enviou
as fitas para a polícia. Ele foi preso pelo FBI após
um tiroteio e enviado para a prisão de Gardelle
County. Por lá também está Marco Cruz, um as-
sassino de casais e DJ. Shadow Man chega em
meio a uma rebelião, em que vários carcereiros e
detentos estão decapitados – isso não os impede
de se levantarem e tentarem esfaquear e atirar
no protagonista. Até um helicóptero policial tenta
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
abater o herói com rajadas. Nessa área também
pode ser encontrado o líder dos Cinco, Victor Ba-
trachian, um psiquiatra que assassinava pacientes
idosas. Já Jack o Estripador está escondido nas es-
tações abandonadas do metrô de Londres, apa-
recendo de vez em quando pendurado no teto,
procurando uma oportunidade para degolar
LeRoi. Essa também é a tática usada por ele du-
rante sua batalha de chefe, que ocorre ao som de
‘Moonlight Sonata’, de Beethoven.
Além de desafiar a coletar todas as 120 Dark
Souls, o jogo oferece uma coleção com exata-
mente 666 cadeaux para serem descobertas. Es-
ses pequenos potes ritualísticos estão espalhados
por todos os cenários e, embora não apresen-
tem nenhuma função óbvia no início, é possível
oferecê-los em altares escondidos em uma das
áreas subterrâneas de Deadside, protegida por
um enorme homem-lesma. Ao passar pelo chefe,
cada 100 cadeaux coletados podem ser troca-
dos por uma barra de vida extra para Michael, o
que permite dobrar a quantidade de saúde do
personagem até o final do jogo.
A ÓTIMA VERSÃO REMASTERIZADA DE SHADOW MAN
RESGATOU ATÉ FASES EXCLUÍDAS DO JOGO ORIGINAL
26
SHADOW MAN
A batalha final ocorre em Deadside, contra
Legião. O vilão revela ter usado a imagem do fa-
lecido irmão caçula de Michael para manipulá-lo,
usando a profecia passada a Nettie por sonho
para fazê-lo recuperar todas as Dark Souls – fa-
zendo assim o serviço sujo para ele. No entanto, o
que Legião não havia planejado era que Shadow
Man poderia usar todo o poder das almas que
acumulou para derrotá-lo. Usando esse poder, o
protagonista derrota a forma monstruosa do vi-
lão, causando a completa destruição de Asylum.
LEGADO
Lançado em agosto de 1999, Shadow Man foi bem
recebido pela crítica – com exceção da versão de
PlayStation, menos polida por falta de tempo da
produtora. Houve muitos elogios pelo tamanho
expansivo do jogo, complexidade, jogabilidade
criativa e boa história. As vendas também com-
pensaram, o que significou que Teeside recebeu
luz verde para uma continuação do jogo. Shadow
Man: 2econd Coming foi lançado em fevereiro de
2002, no PlayStation 2. Michael LeRoi ainda é um
dos protagonistas, mas outro personagem apare-
ceu na história: Thomas Deacon, o personagem
criado pela Teeside antes do projeto de Shadow
Man. Com um lançamento e críticas modestos, o
jogo nunca ganhou continuação, principalmente
por conta da falência da Acclaim em 2004.
Em 2021, o estúdio Nightdive lançou uma ver-
são remasterizada do jogo para PC (em 2022
para PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch),
incluindo suporte para resoluções até 4K e diver-
sas melhorias gráficas. Além disso, a versão inclui
 Na batalha final, Legião assume sua verdadeira forma demoníaca para encarar Shadow Man

conteúdos que haviam sido cortados do lan-
çamento original, incluindo as áreas de dois dos
chefes: o esconderijo de Milton Pike em um acam-
pamento de verão na Flórida e um ferro-velho no
deserto do Mojave, onde Marco Cruz pode ser
encontrado. Além disso, mais uma área foi adicio-
nada ao Asylum em Deadside. As artes e modelos
também foram atualizados para remover censu-
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
ras da época e melhorar a qualidade dos ícones.
Inimigos cortados do jogo original também foram
restaurados, incluindo melhorias de inteligência
artificial para todos os personagens. Para comple-
tar, a aparência do jogo e a fidelidade ao material
original foram mantidas de forma perfeita, o que
comprova o talento da Nightdive em remasteri-
zações que preservam a essência das obras ori-
ginais (eles fizeram grandes trabalhos de resgate
de jogos como Powerslave, Turok 1 e 2 e Doom 64) .
Atualmente, as aventuras do Shadow Man
ainda são publicadas pela Valiant (que recuperou
seu nome após a falência da Acclaim). O persona-
gem dos quadrinhos continua sendo Jack Bonifa-
ce, o grande defensor do plano terreno frente às
invasões do Deadside.

A remasterização do estúdio Nightdive é um serviço de preservação histórica que até conseguiu

resgatar cenários inéditos de dois dos assassinos, como este estágio de Milton Pike na Flórida

27
PERSONAGEM

Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS

O rosto de
Freeman só é
visto em imagens
promocionais
e nas capas

GORDON
FREEMAN
DE CIENTISTA A SALVADOR DA TERRA, UM
DOS PERSONAGENS MAIS SILENCIOSOS DOS
GAMES TEM MUITA HISTÓRIA PARA CONTAR
28
D
urante a criação de seu jogo seminal
de tiro em primeira pessoa, a Valve
passou um bom tempo desenvolvendo
os pilares do roteiro e aprendendo
a contar uma história sem segurar a
mão do jogador para mostrar acontecimentos
importantes. Um dos pilares desse estilo de
narrativa foi criar um protagonista que pudesse
funcionar como uma folha em branco para que
o jogador pudesse imprimir sua personalidade.
Até certo ponto, Half-Life conseguiu fazer isso,
incluindo até finais alternativos para o personagem.
Já com as sequências, o protagonista Gordon
Freeman formou sua personalidade por conta
da direção do roteiro – tornando-se um ícone
em seu universo e no nosso.
A história de Freeman começa em algum
momento da primeira década do século
21. Ele é um dos funcionários da Black Mesa
Research Facility, empresa privada que presta
diversos serviços para o governo dos Estados
Unidos. Formado no Instituto de Tecnologia
de Massachusetts, ele tem um doutorado em
física teórica e foi chamado para trabalhar na
instalação por Isaac Kleiner, seu antigo mentor
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
na universidade, que está encarregado de uma
pesquisa com estranhos materiais de origem
desconhecida, providos à instalação por um
terceiro misterioso. O jogo começa no fatídico dia
do teste de uma dessas amostras. Gordon chega
atrasado para o trabalho, correndo para vestir
seu traje de proteção para ambientes perigosos
(a HEV Suit) e ir até a câmara subterrânea do
1 3
2 também sofreu alterações desde
Encontrada no laboratório do Kleiner em Half-
Life 2, esta foto mostra alguns dos cientistas
que trabalhavam em Black Mesa, incluindo Eli
Vance (1), o própiro Kleiner (2) e Freeman (3)
Espectrômetro Anti-Massa. No entanto, ao
inserir a amostra no aparelho, um evento de
Ressonância em Cascata ocorre, criando várias
fendas interdimensionais que permitem a
passagem de seres desconhecidos para a nossa
realidade – o que faz Freeman ir e voltar entre
as dimensões várias vezes antes de desmaiar.
Ao acordar, ele se depara com um estado
de caos, com grande parte dos funcionários
mortos e seres interdimensionais teleportando
para dentro das instalações destruídas. Em
busca de uma forma de sobreviver e retornar
à superfície, Freeman se arma com a única
coisa que encontra: um pé de cabra. Enquanto
Black Mesa parece se desmanchar na sua
frente, seres conhecidos como headcrabs
atacam os sobreviventes e copulam com suas
cabeças, criando uma espécie de zumbis dessa
nojenta simbiose. Como o jogador está sempre
no controle, Freeman pode tanto cooperar
com os seguranças e cientistas de Black Mesa
para escapar e ajudá-los a sobreviver ou
simplesmente deixá-los morrer – até mesmo
acelerando esse processo em alguns casos. Com
o sistema de transporte interno da instalação
destruído, a única opção é atravessar as
instalações até encontrar uma forma de escapar.
Inicialmente, Freeman tinha uma aparência
bem diferente. Um pouco mais gordo, com
um corte reto militar e uma enorme barba,
o protagonista foi apelidado de “Ivan, o
Motoqueiro Espacial” ao ser criado pelo
designer Chuck Jones. No entanto, durante os
testes, as pessoas apontavam que ele tinha
a aparência de um morador de rua. Jones se
uniu ao designer Dhabib Eng para criar um
segundo modelo, com uma aparência
mais esguia. A barba foi trocada por um
cavanhaque e o personagem ganhou
um rabo de cavalo e óculos, dando um
ar mais nerd a Freeman. Seu nome
sua concepção. O roteirista Marc
Laidlaw queria evocar grandes
cientistas e escolheu dois
de seus heróis na área:
o físico Freeman Dyson e
o matemático Jules Henri
Poincaré, o que rendeu o nome
“Dyson Poincaré”. O fundador da Valve,
Gabe Newell, odiou e sugeriu um nome
mais simples: Gordon Freeman.
29
PERSONAGEM

Graças ao seu traje de proteção e seu confiável pé de cabra, Freeman sobrevive a vários
tipos de monstros, incluindo grande parte da equipe de cientistas transformada em zumbis

nosso Canal no Telegram:para

Em sua tentativa de fugir de Black Mesa,
EntreFreeman
em descobre que uma equipe militar
derrotar monstros e soldados,
t.me/BRASILREVISTAS
improvisando armadilhas quando apenas
chegou à instalação para tentar conter balas e granadas não resolvem – Freeman
a invasão interdimensional. No entanto, usa a ignição de um foguete para matar os
essa equipe, conhecida como Unidade Tentáculos e um curto em transformadores
de Combate em Ambientes Perigosos para fritar o Gargantua.
(ou HECU), não está em Black Mesa para Quanto mais o protagonista sobrevive,
salvar os sobreviventes, mas sim para mais irritada fica sua oposição. O HECU
matá-los a fim de que o incidente não se monta barricadas e usar armamento
torne público. Resgatando seus colegas dos pesado contra os seres interdimensionais
militares ou apenas sobrevivendo sozinho, e Gordon quando ele chega à superfície.
Freeman precisa enfrentar grandes Sua sobrevivência é tão irritante para os
desafios: uma criatura conhecida militares que, ao capturarem o cientista, eles
apenas como “Tentáculos” e decidem espancá-lo e jogá-lo desarmado
guiada pelo som que tomou dentro de um compactador de lixo. Depois
um dos silos de lançamento de escapar por muito pouco da armadilha,
de Black Mesa e um monstro Freeman ainda precisa fugir pela instalação
que é uma espécie de tanque de processamento de resíduos. Ele acaba
biológico, o Gargantua. dentro de uma instalação secreta de Black
Mesmo assim, o cientista não Mesa, onde descobre que a empresa já
desiste e continua seguindo estava fazendo experimentos com os seres
em frente, usando as armas interdimensionais bem antes do incidente
que encontra no caminho com a amostra.

O TRAJE HEV É UMA MARCA REGISTRADA

QUE PROTEGE CONTRA RISCOS AMBIENTAIS
30
 A arte que vem dentro da caixa do primeiro game mostra os perigos que o jogador enfrentará no jogo.
Essa versão foi autografada por diversos integrantes do time da Valve e certamente vale uma grana

Fazer de Freeman uma ficha em branco
Entre em nosso
para o jogador significa Canal no Telegram:
que o personagem
gravidade desse novo mundo e sobreviver à
jamais reage a algo que acontece com ele.
Por mais que ele esteja na cena, é como se
os personagens ao seu redor estivessem
conversando com o jogador. O roteiro é
desenvolvido de uma forma que nunca
fique estranho que todos discutam assuntos
importantes sem uma resposta do interlocutor.
Mesmo que o jogador não se importe com os
acontecimentos e motivações mais complexas
da história, o básico sempre é entregue
para que ele saiba seu próximo objetivo. As
habilidades com armas de Freeman se devem
ao pequeno treinamento concedido em Black
Mesa aos seus funcionários, que também age
como um tutorial para o jogador. Dessa forma,
a versão de Gordon em Half-Life acaba sendo
uma simbiose entre o cientista e o jogador.
Quando o HECU percebe que é impossível
conter a invasão interdimensional, os militares
recuam e decidem bombardear Black Mesa.
Freeman busca proteção na instalação do
Núcleo Lambda, onde descobre um dispositivo
de teleporte desenvolvido para que cientistas
visitassem a dimensão dos invasores, conhecida
como Xen. Gordon viaja para esse mundo e
tenta impedir a invasão de uma vez por todas.
Em Xen, Freeman precisa lidar com a baixa
t.me/BRASILREVISTAS
fauna e flora agressivas do local, incluindo um
enorme monstro – uma espécie de aranha
com um saco que gera pequenas proles
idênticas a ela, conhecida como Gonarch.
Ele também deve explorar uma instalação
de clonagem e descobre que uma das raças
dos seres interdimensionais, os Vortigaunts,
estão sendo escravizados para trabalhar para
forças maiores. Quando Freeman finalmente
chega ao ponto em que o portal para nossa
dimensão está sendo mantido, encontra
Nihilanth segurando o caminho aberto. Sem
outra escolha, o cientista decide matar essa
espécie de deus alienígena para salvar a Terra
de uma vez por todas. Quando ele é finalmente
derrotado, o protagonista desmaia.
Ao acordar, Gordon se encontra frente a
frente com G-Man, um misterioso burocrata
interdimensional que agradece pelos serviços
prestados por Freeman, explicando que seus
“empregadores” permitiram que ele contratasse
o cientista. G-Man concede duas escolhas:
aceitar a proposta ou ser enviado para morrer
em Xen. O jogador pode decidir pela morte
do personagem, mas a escolha correta leva
aos acontecimentos do próximo jogo.

31
PERSONAGEM

Para o lançamento do celebrado Half-Life 2, Gordon Freeman ganhou um rosto

atualizado e uma nova parceira, Alyx Vance, que o ajuda em algumas partes do jogo

UM HOMEM “LIVRE”
EntreApós
emo incidente
nossodeCanal no Telegram:prisão.
Black Mesa, Gordon
Por sorte, seu antigo colega de
t.me/BRASILREVISTAS
trabalho, o ex-segurança de Black Mesa
Freeman desapareceu. Dado como morto,
ele na verdade foi colocado em animação
suspensa pelo misterioso G-Man. Enquanto
estava em sono profundo, a abertura dos
portais entre a Terra e Xen chamaram
a atenção de um perigoso império
interdimensional, conhecido como
Combine. Essa união de diversas
espécies aproveita o caos do
incidente para invadir o planeta,
tomando a humanidade em um conflito
que ficou conhecido como Guerra das
Sete Horas – o tempo que demorou para
a Terra ser subjugada pelo Combine.
Os eventos de Half-Life 2 ocorrem
quase 20 anos após o desaparecimento
do cientista. G-Man acorda Freeman,
reinserindo-o sem explicação em sua
dimensão natal, mas do outro lado do
planeta – em City 17, cidade do leste europeu
controlada pelo Combine. Freeman é jogado
só com a roupa do corpo em um trem quer
está chegando à cidade. Sem tempo para
se adaptar, ele é jogado de situação em
situação – sendo apreendido pela Proteção
Civil, quase torturado e enviado para uma
Barney Calhoun, está infiltrado na polícia
da Combine e ajuda Gordon a escapar.
Após uma fuga falha e uma nova
captura, Freeman é salvo do Combine por
Alyx Vance, filha de um dos cientistas que
trabalhavam com Gordon em Black Mesa,
levando-o em segurança ao laboratório
do Dr. Kleiner, outro dos cientistas. Lá, ele
descobre sobre a Resistência humana
contra o governo fascista do Combine, e
deve usar o teleporte construído por Kleiner
para viajar rapidamente para as instalações
de Black Mesa East, uma das principais
bases da resistência – onde Freeman
poderá voltar a trabalhar no laboratório.
De volta ao seu traje HEV, o cientista ajuda
na ativação do teleporte – Alyx consegue
fazer a viagem tranquilamente, mas um
incidente com o headcrab de estimação
de Kleiner faz o protagonista sair de curso.
Escapando da transmissão antes que seja
tarde, Freeman deve fugir dos soldados do
Combine e viajar até Black Mesa East – e a
maneira mais direta de fazer isso é usando
um hovercraft para passar pelas águas
tóxicas dos antigos canais.

32

G-Man é o contratante de Freeman após os
acontecimentos do primeiro jogo. O homem
misterioso aparece quando menos se espera,
interferindo apenas quando é do interesse
de seus “empregadores”
Com quase seis anos entre o jogo original e
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
sua continuação, Gordon precisou passar por
uma atualização. Diferente de Half-Life, não existe
um modelo dele no jogo, mas o rosto de Freeman
aparece em publicidades e na capa. O rosto do
personagem foi atualizado para ganhar traços
mais realistas. O designer Dhabih Eng retrabalhou
a aparência do personagem, modelando o rosto
com base em seus colegas de trabalho.
Outra mudança foi a personalidade de
Freeman, dessa vez gerada pelo roteiro de
Half-Life 2. No primeiro jogo, o personagem
teria começado a trabalhar em Black Mesa
no dia anterior ao incidente, enquanto todos
os personagens da continuação parecem
conhecer Gordon há muito mais tempo do que
GORDON FREEMAN
isso, tratando-o como um velho amigo. Uma
das indicações a isso ocorre em um diálogo de
Half-Life: Episode One, em que Alyx comenta
ter ouvido histórias de que Gordon e Barney
disputavam para ver quem chegava primeiro
na sala do Dr. Kleiner pelos dutos de ventilação
quando ele se trancava do lado de fora.
Após causar caos com sua fuga de City 17,
Gordon consegue derrubar um helicóptero
Hunter-Chopper do Combine usando uma
metralhadora de pulso montada em seu
hovercraft. Freeman finalmente chega a uma
represa abandonada, onde estão localizadas
as instalações de Black Mesa East. Por lá ele se
reúne a outro colega de seu antigo trabalho, Dr.
Eli Vance, pai de Alyx. Lá ele entra em contato
pela primeira vez com a Zero Point Energy
Field Manipulator, a icônica arma que pode ser
usada para atrair objetos a longas distâncias
anulando a gravidade deles. Freeman treina
com a nova arma jogando caixas com Dog, o
robô companheiro de Alyx, até que o Combine
descobre a localização da instalação e manda
um ataque poderoso à base da Resistência.
Armado com a Gravity Gun e separado de
Alyx por um desmoronamento, a única opção de
Gordon é fugir do ataque pela cidade-fantasma
de Ravenholm – destruída por uma barragem
de mísseis com headcrabs que deixaram o
local infestado por zumbis. O único sobrevivente
humano, o Pastor Grigori, auxilia Freeman com
armadilhas que deixou pelo local e guia-o até
a saída da cidade, pelo cemitério.
Fora de Ravenholm, Gordon alcança um
posto da Resistência e descobre que Eli Vance
O rosto de Freeman foi baseado na mistura dos
traços de funcionários da Valve. Da esquerda
para a direita: o artista conceitual Eric Kirchner,
o designer de produto Greg Coomer, o programador
David Speyrer e o compositor Kelly Bailey
33
PERSONAGEM
foi capturado e levado para a prisão de
Nova Prospekt. Ele então deve enfrentar uma
jornada pela Estrada 17 para chegar até a
instalação, usando um buggie para tentar
evitar as infestações de antlions e bloqueios
do Combine pelo caminho. No caminho,
Gordon usa até um guindaste para elevar
seu veículo para uma pista mais alta –
mostrando que o cientista também têm uma
grande habilidade com maquinários fora do
laboratório. Ele precisa enfrentar um perigoso
Guarda Antlion – ao conseguir derrotá-lo, um
vortigaunt remove os Pheropods do cadáver,
entregando-os para que Freeman possa
controlar os antlions e usá-los em combate
durante a invasão de Nova Prospekt.
Após se reencontrar com Alyx e muita luta
contra os soldados do Combine, Freeman
e sua parceira conseguem reencontrar
Eli, mas o resgate dá errado quando a
Um dos vitrais da igreja na demo Lost
Dr. Judith Mossman trai a Resistência e leva Coast é uma representação de Freeman,
o cientista para a Citadel, uma enorme o que reflete a visão messiânica a
torre que funciona como uma central do resistência tem com o cientista
domínio do Combine na Terra e um portal

Entre em nosso Canal no Telegram:éinvade

capturada. Sem mais opções, Freeman
de passagem entre a dimensão deles e a
t.me/BRASILREVISTAS
a Citadel pelos esgotos, indo ao
nossa. Alyx e Gordon decidem usar o mesmo
teleporte para seguir Eli e Mossman, mas a
transmissão falha e eles ficam presos em um
loop por uma semana antes de chegarem
ao teleporte no laboratório do Dr. Kleiner.
A transmissão do teleporte destruiu Nova
Prospekt, o que foi visto como um símbolo
para a Resistência começar uma insurreição
contra o Combine. Durante a semana que
Freeman esteve desaparecido, o povo tomou
as ruas da City 17 para enfrentar os invasores
interdimensionais. O protagonista sai para
ajudar na revolta, reunindo diversos grupos
de cidadãos para lutar pelas ruas da cidade,
reencontrando Barney no caminho, mas Alyx
O PÉ DE CABRA É A
ARMA ICÔNICA DO
PRIMEIRO JOGO
E A GRAVITY GUN
REPRESENTA AS
MECÂNICAS DE HL2
resgate de Alyx e seu pai.
Visto como o primeiro membro da
Resistência, já que ele foi o primeiro
a lutar contra todas as adversidades
em Black Mesa para tentar salvar
o planeta, Freeman foi aos poucos
ganhando fama. Lendas surgiram sobre
seus feitos, como ele ter conseguido
sobreviver ao incidente usando
apenas um pé de cabra – e seu
desaparecimento aumentou esse ar de
mistério, tornando-o uma figura quase
messiânica. Quando Gordon reapareceu
em City 17, seus feitos começaram a
incentivar a insurreição dos cidadãos na
mesma intensidade em que provocava
a ira do Combine, até que ele se tornou
o “Anticidadão Um”. Suas ações falavam e
não existe um só membro da resistência
que não o seguiria em ação.
Dentro da Citadel, Gordon tem todas
as suas armas removidas pelo portão de
segurança, que acaba sobrecarregando
a Gravity Gun para permitir que ela possa
ser usada em seres orgânicos. Armado
apenas com a ferramenta, Freeman

34
 O Episode Two foi a maior expansão na história de Gordon Freeman, assim como sua última
aparição cronológica. O jogo também trouxe evoluções retroativas para a engine Source

destrói seu caminho torre acima, mas JORNADA EPISÓDICA

Entre em nosso Canal no Telegram:
acaba se entregando para conseguir
t.me/BRASILREVISTAS
Após o final de Half-Life 2, a Valve tentou
acessar o escritório do administrador.
Lá Gordon, Alyx e Eli confrontam
Judith Mossman e Wallace Breen,
o antigo administrador de Black
Mesa e agora líder do planeta
– mas ainda um capacho
do Combine. Mossman se
arrepende de ter ajudado
Breen, ajudando os três heróis
a escaparem enquanto Breen
foge para tentar entrar no
portal do Combine.
Antes que a transmissão
ocorra, Alyx e Freeman
conseguem perseguir Breen.
Gordon usa a Gravity Gun para
destruir o reator da Citadel, matando
o administrador e causando uma
poderosa reação em cadeia.
Quando o topo da torre explode,
o tempo congela e o G-Man
aparece para resgatá-lo mais
uma vez, cumprimentando-o por
seus serviços e levando-o de volta
à animação suspensa, deixando
Alyx para morrer na explosão.
continuar a jornada de Gordon Freeman
com hiatos menores entre os jogos.
Daí surgiu a ideia de um formato
episódico, com o lançamento de
três jogos que completariam o
arco narrativo da continuação.
O primeiro foi Half-Life 2: Episode
One, lançado em 2006,
continuava a história do mesmo
ponto em que ela havia parado
no segundo jogo. No momento
que Freeman é recuperado pelo
G-Man, os Vortigaunts entram
em ação para resgatar Alyx da
explosão na Citadel, assim como
ajudar Gordon Freeman a escapar do
controle de G-Man.
Após a detonação, Alyx e Gordon
acordam sob os escombros no pé da
Citadel. Em uma conversa com Eli Vance,
eles descobrem que o reator da torre
pode explodir a qualquer momento – e
levar toda a City 17 junto. A dupla então
decide voltar para dentro da Citadel e
estabilizar o reator para ganhar tempo
para a evacuação da população da

35
PERSONAGEM
Quando o campo de contenção do Combine entra em contato com a Gravity Gun, uma reação
adversa a torna uma das armas mais fortes do jogo, com o poder de manipular até corpos
cidade. Após uma intervenção direta no
núcleo e o download de um pacote de
dados suspeito, Gordon e Alyx fogem da
Citadel por meio de um trem subterrâneo,
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
que descarrilha e força a dupla a cruzar
a cidade a pé até uma estação de trem,
onde está sendo feita a extração dos civis.
Após eliminar um Strider, Freeman e sua
parceira embarcam no trem, que é pego
pela onda de explosão da Citadel.
Já em Half-Life 2: Episode Two, lançado
em 2007, a história continua exatamente
de onde o episódio anterior parou. Gordon
e Alyx acordam nos escombros do trem
em que estavam quando a Citadel
explodiu. Mesmo sem a torre, é possível ver
o portal do Combine a distância, agora
sem controle e causando tempestades
energéticas. A dupla de protagonistas
entra em contato com a Resistência, que
planeja lançar um satélite para acabar
com o portal e, por consequência, impedir
que novas tropas do Combine cheguem
ao planeta. O império interdimensional, no
entanto, está na cola da dupla por conta
dos dados que eles roubaram na Citadel.
INFORMAÇÕES NO EPISODE TWO CONECTAM
O UNIVERSO DE HALF-LIFE COM O DE PORTAL
36
Antes mesmo que eles consigam iniciar
a jornada até a base em White Forest,
Alyx é atacada por um Hunter e ferida
gravemente. Um Vortigaunt aparece para
levar a mulher até uma área segura dentro
das minas, onde podem curá-la usando
extrato larval das Antlions. Para isso, no
entanto, Freeman e o Vortigaunt precisam
entrar no ninho dos insetos e evitar o
Guardião Antlion que defende o local.
Enquanto os Vortigaunts usam o extrato
para salvar Alyx, sua concentração no
tempo atual é deixada, o que permite
que G-Man entre em contato com Gordon
pela primeira vez desde a explosão
na Citadel. Ele revela que Alyx é parte
importante de seus planos e deixa uma
mensagem para a moça desacordada
entregar a seu pai: “Prepare-se para
consequências inesperadas”.
Curada de seus ferimentos, Alyx não se
lembra do que G-Man falou. Ela e Freeman
continuam sua jornada até White Forest,
passando por um vilarejo e arranjando
um veículo para atravessar o caminho
em menos tempo. No trajeto, eles tentam

entrar em contato com White Forest, mas são
emboscados por Hunters. Dessa vez, Gordon
e Alyx estão preparados e os derrotam. Na
estrada, eles também encontram a nave
de um Advisor caída – lesmas espaciais que
parecem ser os líderes do Combine na Terra.
Finalmente chegando à White Forest,
Freeman e Alyx se reúnem com Eli e Dr. Kleiner
para descobrir o conteúdo do pacote de
dados roubado da Citadel. Ele contém uma
mensagem de Judith Mossman revelando
a localização dos Borealis, um navio de
transporte da Aperture Science que pode
conter tecnologia para derrotar o Combine na
Terra definitivamente. Enquanto Kleiner quer
usar a tecnologia, Eli prefere destruir o navio
para evitar outro Incidente de Black Mesa.
Sem uma decisão concreta, Alyx entrega
sem perceber a mensagem de G-Man para
seu pai. A sós com Gordon, Eli demonstra seu
arrependimento de não ter parado os testes
em Black Mesa no fatídico dia do incidente
e seu medo sobre a influência do misterioso
homem sobre sua filha.
Não há tempo para conversar mais: outro
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
cientista de Black Mesa, o Dr. Magnusson, está
trabalhando no lançamento do satélite que
vai parar a transmissão de portal do Combine,
e Freeman é escolhido para auxiliar – ele
impede uma invasão no silo de lançamento
e, logo depois, é enviado para impedir
um ataque em grande escala de Striders
escoltados por Hunter. Na maior batalha
enfrentada por Gordon desde que ele
derrotou o Nihilant em Xen, o cientista precisa
usar bombas magnéticas para explodir os
inimigos gigantes e navegar a área de carro
para transitar entre as batalhas rapidamente.
Mais uma vez se provando um recurso valioso
da Resistência, Freeman mantêm a ofensiva
do Combine longe do foguete de lançamento.
Com o satélite em órbita, a transmissão
do portal é interrompida. Infelizmente, não há
tempo para festejar, já que o Combine restante
no planeta certamente tentará recorrer ao
que está contido no Borealis para não serem
completamente derrotados. Antes que Gordon
e Alyx consigam embarcar em um helicóptero
para ir em direção ao Ártico, eles e Eli Vance
são atacados por dois Advisors. Enquanto um
prende os dois heróis telecineticamente, o
outro acaba assassinando Eli, provavelmente
GORDON FREEMAN
ZONA DE SPOILER
E m Half-Life: Alyx, o jogador passa
grande parte do tempo achando que
está a caminho de resgatar Gordon
Freeman das mãos do Combine. No
entanto, é revelado no final que a pessoa
contida no Cofre é, na verdade, o G-Man.
Aproveitando o resgate, ele oferece
um acordo nos moldes do que fez com
Freeman no final do primeiro jogo, mas
prometendo entregar a Alyx algo que ela
não sabia que queria: a vida de seu pai,
que seria morto no futuro pelos Advisors.
Alyx salva seu pai no futuro mas, em
troca, acaba sendo presa pelo G-Man
no vazio onde ele está, provavelmente
para ser posta em animação suspensa
depois. Nesse momento, o jogo avança
para o final de Half-Life 2: Episode Two,
colocando o jogador no controle de Gordon
novamente. No entanto, Eli está vivo e Alyx
desapareceu, mudando completamente o
final do jogo. De acordo com os roteiristas,
esse final é canônico para a série e pode
mudar completamente a direção que a
história tomará nos próximos jogos.
sugando as informações sobre a Resistência e
o Borealis em seu cérebro. Quando os Advisors
se preparam para repetir o processo em
Gordon e Alyx, Dog aparece para salvá-los.
Não resta nada para Alyx fazer a não ser
chorar pelo pai enquanto a tela escurece aos
poucos e os créditos rolam.
Após o final desse episódio, nenhuma
outra continuação direta foi feita à série, com
exceção da prequel lançado para realidade
virtual, Half-Life: Alyx. A protagonista é a
parceira de Gordon, em uma aventura que
se passa cinco anos antes de Half-Life 2. O
prometido Episode Three perdeu a janela de
lançamento e acabou sendo cancelado pela
Valve, com um provável Half-Life 3 nunca
anunciado – o que significa que, mesmo após
o gancho em Episode Two, a jornada de
Gordon Freeman já está em pausa por mais
de 15 anos, sem um final à vista. Tudo que resta
é aguardar e, se você tiver sorte, ser colocado
em animação suspensa por G-Man até o
lançamento do próximo jogo.
37
 O HAL Laboratory sempre
tentou ser diferente, como
quando criou Mother seguindo
por caminhos diferentes dos
titânicos Final Fantasy
e Dragon Quest

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HAL
LABORATORY O ESTÚDIO QUE FOI SALVO PELA NINTENDO
E QUE DEVOLVEU O FAVOR CRIANDO SUCESSOS
COMO KIRBY, EARTHBOUND E SUPER SMASH BROS

38

F
undado em 21 de fevereiro
de 1980, o HAL Laboratory
foi estabelecido em Chiyoda,
Tóquio, onde seus escritórios
permanecem até hoje. Era
uma empresa de desenvolvimento
e distribuição de games, que lançava
jogos para Commodores VIC-20 e
Max Machine. O nome “HAL” surgiu
da ideia de que a empresa estaria
sempre um passo à frente em seu
campo, então, para representar
isso foram escolhidas as três letras
anteriores na ordem alfabética à sigla
da maior empresa de tecnologia da
época, a IBM.
A primeira década da HAL Laboratory
foi dedicada pela distribuição de jogos
criados por pequenos desenvolvedores,
incluindo uma grande quantidade de
clones de games famosos da época,
como Pac-Man, Space Invaders e Rally X.
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Esse último exemplo foi um dos jogos de
lançamento do Commodore VIC-20
em 1981, licenciado pela Namco. A maior
diferença do clone foi a troca dos veículos
por ratos, o que gerou o título Radar Rat
Race. O jogo funciona de forma idêntica
ao original: a câmera segue o ratinho
controlado pelo jogador em um labirinto,
coletando queijos enquanto outros três
roedores tentam pegá-lo.
Mais de uma década de trabalho
depois, o HAL se encontrava em uma
Metal Slader Glory é um primor gráfico,
mas quase destruiu o HAL Laboratory
HAL LABORATORY
situação econômica precária. Os jogos
produzidos pela empresa não estavam
dando o retorno necessário para que
ela se mantivesse sozinha. A gota d’água
foi o desenvolvimento de Metal Slader
Glory, um custoso adventure criado em
pixel art com estilo próximo aos traços
de animes. O artista Yoshimiru Hoshi foi
contratado para produzir esse título
quando um dos desenvolvedores do
HAL, Satoru Iwata (o lendário e querido
programador que viria a ser presidente
da Nintendo em 2002), ficou muito
impressionado com os gráficos dos
personagens. Esse estilo levou quatro
anos para ser implementado no jogo
e, por conta disso, esse foi o maior título
produzido para Famicom, chegando
a exigir um chip especial no cartucho
para poder ser rodado pelo console.
Porém, a Nintendo só vendeu chips
suficientes para um lote que, mesmo
tendo sido vendido totalmente em 1991,
sequer cobriu os custos de publicidade.
Esse foi o momento perfeito para
a Nintendo intervir. A Big N se ofereceu
para salvar o HAL entregando a ajuda
monetária necessária para salvá-lo
da falência certa. A única condição foi
que Satoru Iwata, um dos principais
funcionários do estúdio, assumisse a
presidência. A partir desse momento,
o HAL deixou de distribuir jogos
para trabalhar lado a lado com a
Nintendo no desenvolvimento de jogos
para suas plataformas. Ainda que
tecnicamente o HAL seja independente
da Nintendo, após o acordo o estúdio
só desenvolveu jogos em parceria com
a gigante japonesa e assim é até hoje.
SUCESSO COR DE ROSA
Na mesma época, o designer Masahiro
Sakurai iniciou o projeto de um jogo de
ação que fosse simples de entender
para quem não estivesse
familiarizado com o
39
 gênero. Trabalhando na programação
do jogo em um Twin Famicom (algo
pouco prático que Sakurai descreveu
como “usar uma marmita para preparar
o almoço”), o desenvolvedor criou um
personagem simples e provisório para o
jogo, uma bolinha com pés e bracinhos.
Seu nome era Popopo, que viria a ser
rebatizado e conhecido mundialmente
como Kirby. Kirby’s Dream Land foi
lançado para Game Boy em maio de
1992 no Japão e em outubro nos EUA,
alcançando um milhão de unidades
vendidas em março do ano seguinte.
Dando sequência ao sucesso do
título original, HAL colocou Masahiro
Sakurai para fazer um port do jogo para
NES. No entanto, o designer apontou que
Kirby’s Dream Land seria muito fácil para
os jogadores menos casuais do console
e decidiu fazer uma continuação. Essa
também foi a primeira vez que Kirby
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apareceu em cores, o que resultou em
um choque para todos que viram o
personagem cor-de-rosa dentro do jogo
– cor que surpreendeu até alguns dos
funcionários do HAL, mas que sempre foi
a ideia inicial de Sakurai. O jogo também
apresentou um dos principais poderes
do herói, a Copy Ability, que permite ao
personagem engolir inimigos e adquirir
suas habilidades. HAL lançou Kirby’s
Adventure para NES em 1993, conquistou
boas críticas e figurou em diversas listas
de melhores jogos do console durante
os anos seguintes. Após sua grande
estreia, Kirby ganhou jogos anualmente
até 1998 e ainda faz parte das franquias
que recebem jogos esporadicamente.
AUMENTANDO O LEGADO
Logo após lançar Mother para Famicom
em 1989, Shigesato Itoi e o estúdio
A NINTENDO INVESTIU NO ESTÚDIO E COLOCOU
IWATA NA LIDERANÇA COMO SUA CONDIÇÃO
40
MARCA REGISTRADA
O
logo do HAL Laboratory tem seu nome
próprio e uma identidade visual única.
Conhecido como Inutamago, a imagem
mostra um cachorro deitado em um ninho
enquanto choca três ovos. A ideia surgiu
em 1998, quando Satoru Iwata pediu que
os funcionários criassem uma marca para a
empresa. A missão foi aceita por Shigesato
Itoi, o criador da série Mother/EarthBound,
cuja ideia principal era o símbolo puro de
um vínculo inesperado, que trouxesse o
nascimento de algo novo. Assim, Itoi propôs
um cachorro protegendo ovos para mantê-
los aquecidos. Iwata não gostou muito do
logo de início, mas ele acabou pegando.
“Sempre quis que o HAL Labs representasse
minuciosamente esse logo e conceito. Espero
que toda a equipe do HAL continue a ser uma
marca que aquece ovos cada vez melhores”,
desejou Itoi em uma entrevista à Famitsu.
Ape Inc. começaram a produzir uma
continuação para o RPG de temática
contemporânea. Com vários problemas
e atrasos na produção, a Nintendo
ameaçou cancelar o desenvolvimento.
A Big N então sugeriu que a Ape unisse
forças com o HAL, com a liderança de
Satoru Iwata sendo colocada à prova
novamente. Enquanto a equipe da Ape
e Itoi continuaram no controle criativo
do projeto, a equipe do HAL liderada
por Iwata trabalhava na programação.
Com encontros das equipes a cada
duas semanas nos escritórios do HAL, a
produção finalmente entrou nos eixos.
Mother 2 foi lançado em 27 de agosto
de 1994 e alcançou meio milhão de
unidades vendidas no mesmo ano. Isso
incentivou a Nintendo a localizar o jogo
para o mercado norte-americano –

EarthBound é reconhecido como um dos maiores RPGs do gênero, mas foram necessários
anos para o público ocidental percebar o brilhantismo que os japoneses notaram de cara
mesmo que o primeiro jogo ainda não
tivesse sido lançado na região. Publicado
como EarthBound em 5 de junho de 1995
nos EUA, o jogo vendeu pouco mais de
150 mil unidades e foi considerado um
fracasso. Foram necessários anos para
que a divulgação boca a boca fizesse
com que o game fosse reconhecido
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
como um RPG lendário graças à sua
excentricidade, originalidade e humor
inteligente, criando uma base dedicada
de fãs que conseguiram fazer o primeiro
jogo ser relançado em inglês.
No mesmo ano do lançamento de
Mother 2, HAL assumiu a tarefa de fazer
uma continuação para o título, com a
ideia de criar um RPG em três dimensões
para Nintendo 64. No entanto, o jogo
superou as especificações do console e
migrou para o acessório de expansão
64DD, que seria lançado em 1999.
No entanto, com a baixa adesão do
mercado ao acessório, o projeto voltou
ao N64. Com problemas na produção,
Shigesato Itoi revelou em agosto de
2000 que o jogo havia sido cancelado.
O projeto foi retomado anos mais tarde
por outra subsidiária da Nintendo, a
Brownie Brown (atual 1-Up Studio) e o
resultado final foi Mother 3, um jogo 2D
semelhante a EarthBound, lançado para
Game Boy Advance em abril de 2006
apenas para o mercado japonês.
HAL LABORATORY
MONSTROS DE BOLSO,
LUTAS DE PLATAFORMA
Após o enorme sucesso do Pokémon
da Game Freak no Game Boy em 1996,
no Japão, o HAL Laboratory começou
a trabalhar em uma versão do jogo
que funcionasse em conjunto com o
Nintendo 64. A ideia era que os bichinhos
de batalha criados pelo jogador no
portátil pudessem ser transportados
para o console e renderizados em 3D
para batalhas em uma nova liga. Satoru
Iwata trabalhou de perto com o projeto
e fez o port do sistema de batalha do
Game Boy para que funcionasse no
Nintendo 64 – ele ficou uma semana
só lendo o código-fonte do portátil.
Planejado para ser um “killer app”
para o acessório 64DD, Pocket Monsters’
Stadium foi lançado em agosto de 1998
para N64 em um cartucho de 32MB,
com só 42 dos 151 Pokémon presentes
na versão de Game Boy. Mesmo assim,
o game vendeu 270 mil cópias no
primeiro mês. O sucesso gerou uma
continuação também feita pelo HAL e
lançada no Ocidente em 2000 como
Pokémon Stadium – embora fosse o
segundo jogo da série, Pocket Monsters’
Stadium 2, no Japão. Dessa vez, todos
os 151 bichinhos estavam presentes.
Entre os projetos da casa, um dos
mais curiosos foi Jack and the Beanstalk,
41
 UM PROJETO SEM DIREÇÃO SOBRE JOÃO E O PÉ
DE FEIJÃO ACABOU VIRANDO POKÉMON SNAP
baseado no conto de fadas João e o
Pé de Feijão. Com ideias como sementes
que cresceriam em tempo real usando
o relógio interno do N64 e com um
gameplay baseado em tirar fotografias,
a motivação para atrair o jogador
era incerta. Com o sucesso mundial
de Pokémon, uma mudança acabou
ocorrendo para que o jogo funcionasse
como uma espécie de safári fotográfico
em que o jogador pudesse colecionar
os monstros de bolso apenas com sua
câmera. “Adotar o mundo Pokémon
esclareceu o que deveríamos fazer e a
direção que precisávamos seguir. Sinto
que isso nos salvou”, explicou o designer
Masanobu Yamamoto. Pokémon Snap
era mais um título que teria suporte ao
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64DD e que acabou focado só no N64.
Na mesma época, o criador de Kirby,
Masahiro Sakurai, estava trabalhando
na ideia de um jogo de luta para quatro
jogadores. Ele iniciou o projeto com uma
apresentação ao colega Satoru Iwata
sob o título provisório de “Dragon King:
The Fighting Game”, que imediatamente
se uniu para ajudar no projeto. Nessa
HAL ama inovar. O estúdio surpreendeu o público com o safári fotográfico de
Pokémon Snap e fez transbordar os cofres da Big N com a franquia Smash Bros.
42
fase, os lutadores ainda eram provisórios,
e Sakurai pensou em incluir personagens
famosos da Nintendo, já que um dos
principais problemas de jogos de luta
da época era a falta de carisma e de
originalidade. O designer sabia que
seria difícil conseguir a permissão da
Nintendo e decidiu criar um protótipo
adicionando Mario, Donkey Kong, Samus
Aran e Fox McCloud como lutadores
jogáveis e apresentá-lo à empresa. A
estratégia deu certo e Sakurai conseguiu
autorização para usar os personagens.
Deixando de lado as barras de vida e
linearidade dos cenários, Super Smash
Bros. foi lançado em 1999 para N64 com
12 lutadores – incluindo Kirby e Ness
(de EarthBound), do próprio HAL.
Em 2001, o estúdio lançou Super
Smash Bros. Melee no GameCube, com
mais do que o dobro de lutadores e uma
jogabilidade mais veloz e ofensiva, o que
fez o jogo se tornar a versão preferida em
competições até hoje. Lançado dois meses
depois da estreia do console no mercado,
Melee veio a se tornar o jogo mais vendido
do GameCube, com mais de sete milhões

de cópias enviadas às lojas.
No mesmo ano, o HAL Laboratory e a
Nintendo criaram a empresa Warpstar
Inc. com o único propósito de gerenciar
a lucrativa propriedade intelectual
de Kirby. Essa decisão foi feita com o
lançamento da animação Kirby: Right
Back at Ya! em mente. Porém, mesmo
após o fim da série, a companhia
permaneceu e continua trabalhando
na supervisão e licenciamento de Kirby
em jogos, produtos e outras mídias.
HAL Laboratory segue na ativa até
hoje e seu game mais recente é Kirby
and the Forgotten Land, para Switch.
Lançado em 25 de março de 2022,
essa é a primeira aventura da bolinha
rosa em três dimensões. O personagem
conserva muitas das habilidades que
ganhou ao longo dos seus 30 anos de
existência, e ganhou melhorias para
o sistema de cópia e o novo Mouthfull
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Mode, que permite engolir e controlar
objetos enormes como escadarias e
carros. O principal objetivo é salvar
os Waddle Dees em um mundo pós-
apocalíptico e semirrealista. O estúdio
conta com quase 200 funcionários e
sua sede fica no prédio em que estão
a Nintendo e empresas associadas,
como a 1-Up Studio e a Game Freak.
Com 30 anos de
carreira nas costas,
Kirby aprendeu até
a engolir carros
HAL LABORATORY
IWATA, A LENDA
E
ntre os grandes nomes que surgiram
do HAL Laboratory, o mais conhecido é o de
Satoru Iwata. Formado em ciência da computação
no Instituto de Tecnologia de Tóquio, Iwata sempre teve
facilidade em escrever códigos e programar. Nessa
época, ele e seus amigos alugaram um apartamento
em Akihabara, onde criaram um clube para criar jogos -
muitos se referiam ao local como “Game Center Iwata”.
Em 1980, ainda durante a faculdade, já Iwata trabalhava
no HAL como programador de meio período, e foi
contratado pela empresa ao se formar em 1982. No
ano seguinte, ele se tornou coordenador de produção
de software, ajudando a empresa a formar uma relação
com a Nintendo para produzir jogos para Famicom.
Com os problemas financeiros do HAL, Iwata foi
promovido a presidente da empresa a pedido do chefão
da Nintendo, Hiroshi Yamauchi. Com a ajuda da Big N,
Iwata reverteu a dívida de 1 bilhão de ienes do estúdio
em menos de seis anos. Durante esse tempo no
estúdio, Iwata ajudou a produzir os jogos da série Kirby,
EarthBound e NES Open Golf Tournament – título em
que criou seu próprio método de compressão de dados
para fazer todos os 18 percursos caberem
em um único cartucho de Nintendinho.
Mesmo enquanto trabalhava no HAL, Iwata ajudou
a Nintendo no desenvolvimento de Pokémon Gold
e Silver ao criar ferramentas de compressão para
os gráficos – o que o levou a trabalhar também em
Pokémon Stadium, portando o sistema de batalha
do jogo original para o N64 em apenas uma semana.
Iwata também foi uma grande influência para levar
Pokémon ao Ocidente, desenvolvendo o
plano de localização de Red e Green. Nessa mesma
época ele ajudou Masahiro Sakurai
no desenvolvimento de Super Smash Bros.
Em 2000, Iwata se uniu oficialmente à Nintendo
como presidente da divisão de planejamento
corporativo, ganhando uma cadeira de diretor na
empresa. Em apenas dois anos, a empresa teve um
crescimento de lucro de 41%. Hiroshi Yamauchi, que
havia colocado Iwata como presidente do HAL, se
aposentou em 2002, deixando a cadeira da presidência
da Nintendo livre para Iwata assumir – a primeira
pessoa fora da família Yamauchi a assumir essa
posição. Satoru Iwata tornou-se uma lenda do mercado
de videogames, um dos nomes mais queridos da
indústria, e deixou este mundo em 2015, aos 55 anos.
43
 Com um case metálico, o Zodiac
trazia toda a confiabilidade dos
Palms da época em uma versão
voltada para os videogames

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TAPWAVE
ZODIAC
ESQUECIDO PELO TEMPO,
ESTE INOVADOR PORTÁTIL FOI
BASEADO NOS COMPUTADORES
DE BOLSO DA VIRADA DO SÉCULO
44
 TAPWAVE ZODIAC

A
popularização dos portáteis na
década de 1990 revelou uma área
muito lucrativa a ser explorada.
O Game Boy da Nintendo foi o
grande exemplo a ser seguido
por portáteis como Atari Lynx, Sega Game
Gear e o Wonderswan da Bandai. O avanço
da tecnologia geral e o acesso a componentes
menores e melhores também afetou a área
da computação, que teve sua própria visão
de equipamentos portáteis com a criação
dos Personal Digital Assistants (PDAs), um elo
perdido entre desktops e laptops. Essa área
era dominada pela Palm, e seus executivos
sabiam que havia um espaço não explorado
entre os dois mercados. Por isso criaram
aparelhos multifuncionais que ofereciam
o melhor dos computadores de bolso e dos
consoles portáteis. Assim, logo no começo
do século, Byron Connell e alguns colegas
saíram da Palm para criar o produto perfeito
para aproveitar esse espaço: o Zodiac.
Fundada em maio de 2001, a empresa
Tapwave começou imediatamente a procurar
investidores para conseguir produzir o Zodiac.
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Esse período durou um ano, enquanto a equipe
Um anúncio da época exaltava o design do
da Tapwave desenvolvia o portátil e assinava
portátil e mostrava alguns do grandes títulos
com a Palm para usar o sistema operacional do aparelho, como Doom II e Duke Nukem
dos PDAs como base para o seu sistema
proprietário, o que permitiria que qualquer
aplicação criada para os Palm também Enquanto seria possível comprar os jogos
funcionasse no aparelho. Sempre indo na direto pelo computador e transportá-los
direção de criar um sistema multimídia, o para o armazenamento interno por meio
Zodiac também deveria dar suporte a músicas de um cabo de pareamento, alguns jogos
em MP3, vídeos e fotos em diversos formatos. também seriam vendidos em mídia física – em
Na parte da compatibilidade com games, cartões SD, aceitos pelas portas de expansão
o objetivo da Tapwave era trazer diversos jogos de armazenamento do console.
famosos em versões exclusivas para o Zodiac. O Zodiac foi planejado levando muito em
Entre os principais títulos estavam Doom II, Duke conta a durabilidade, por isso sua carcaça era
Nukem, Tony Hawk’s Pro Skater 4 e Altered Beast. de alumínio – que também incluía um protetor
em um estilo semelhante a couro para evitar
riscos na tela sensível a toque. Enquanto seu
O ZODIAC TENTOU UNIR corpo é realmente forte, o protetor pode riscar
a tela se sujeira se acumular embaixo dela.
O MELHOR DOS MUNDOS: Os botões emborrachados na parte de
cima também não passam em um bom
A MULTIFUNCIONALIDADE teste de durabilidade e desmancham após
certo tempo de uso. O aparelho tem uma
TÍPICA DO PALM COM reentrância na traseira para guardar a caneta
A DIVERSÃO DE UM de toque – que se deteriora facilmente e deixou
muitos usuários na mão. A bateria de lítio de
VIDEOGAME PORTÁTIL 1500 mAh permite o uso do aparelho por três

45
 Comparado com os portáteis da época, o Zodiac tinha uma qualidade gráfica
acima da média, como pode ser visto na versão de Madden '05 para o portátil
Entrehoras
ememnosso Canal no Telegram:PlayStation
uso mais intensivo, e até seis horas
t.me/BRASILREVISTAS
ao usá-lo como um player de áudio. A maior
novidade, no entanto, era a presença de
um analógico – o que tornou o Zodiac o
primeiro console portátil a possuir um.
Duas versões foram criadas para o
lançamento: o Zodiac 1, com 32 MB de
armazenamento interno, e o Zodiac 2,
com 128 MB – com preços sugeridos de
US$ 299 e US$ 399, respectivamente. Com
lançamento em novembro de 2003,
o Zodiac foi vendido inicialmente pela
internet e algumas lojas físicas, com um
acordo entre a Tapwave e a rede de lojas
CompUSA para vendas locais apenas em
junho de 2004. Nessa época, os portáteis
estavam começando a experimentar
diferentes direções, como o N-Gage da
Nokia, um aparelho que unia videogame
com telefone celular lançado um mês
antes do Zodiac. Em 2003, a Sony havia
anunciado na E3 seu próprio portátil, o
OS NOVOS PORTÁTEIS DA NINTENDO E DA SONY
ACABARAM COM AS CHANCES DA TAPWAVE
46
Portable, com lançamento
previsto para o ano seguinte. No entanto,
nenhum deles parecia se equiparar em
funções com o Zodiac, e o aparelho
parecia destinado a lutar pelo mercado
dominado pela Nintendo – o último portátil
da Big N, o Game Boy Advance, não
chegava aos pés das capacidades
que o híbrido da Tapwave tinha. Em uma
entrevista para o site IGN em 2003, Byron
Connell, um dos fundadores da empresa,
explicou não ver a concorrência como
uma verdadeira ameaça. “O Zodiac é
um produto de entretenimento bem
diferente e vemos o GBA, N-Gage e
o futuro PlayStation Portable como
competidores indiretos que buscam
diferentes segmentos de consumidores”.
As análises dos principais veículos
especializados pareciam concordar com
isso, com o Zodiac conquistando o topo da
lista de inovações e gadgets de revistas
 TAPWAVE ZODIAC

Um esquema mostrando entradas, saídas e botões do Zodiac. O analógico era um de seus

principais atrativos, já que nenhum portátil da época tinha esse recurso indispensável

Entre em nosso Canal no Telegram:

como a Wired, PC World e PC Magazine.
t.me/BRASILREVISTAS
do portátil e vendeu todos os seus recursos
Até as mídias mais mainstream falavam
bem do Zodiac, que apareceu no topo da
lista de melhores equipamentos da Time e
foi considerado um dos melhores produtos
de 2003 pela Business Week. Tudo parecia
tranquilo e favorável, até que, no final de
2004, a Nintendo lançou seu novo portátil,
o Nintendo DS.
Assim que o novo portátil chegou ao
mercado, as vendas do Zodiac despencaram.
Sem se dar por vencida, a Tapwave apostou
no mercado internacional, lançando o
aparelho em mercados como Reino Unido,
Singapura e Coreia do Sul. A Tapwave até
lançou um adaptador para conexão WiFi para
ser inserido em uma das entradas SD, incluindo
um gerenciador de e-mail e navegação na
internet, assim como suporte para audiolivros,
mas nada para o lado gamer do aparelho.
No início de 2005, a Tapwave fechou uma
parceria com a loja de música Virgin Digital
para o download de músicas diretamente no
aparelho, mas o lançamento norte-americano
do PlayStation Portable em março deu o golpe
final nos sonhos do Zodiac. Em apenas três
meses, a Tapwave descontinuou a produção
para uma empresa asiática não identificada.
CATÁLOGO INTERROMPIDO
Logo após o lançamento do Zodiac, a Tapwave
anunciou que mais de 1.200 desenvolvedores
haviam se inscrito no programa de criação
de jogos. Não houve tempo suficiente para
que a grande maioria dessas produtoras
mostrassem os resultados das parcerias, mas
o portátil até que teve uma boa quantidade de
jogos em seu catálogo. Feitos exclusivamente
para o sistema personalizado que o Zodiac
rodava, havia uma boa quantidade de títulos
que eram versões adaptadas de jogos para o
Palm, como Geopod XE (um clone de Wipeout),
ou jogos mobile lançados em outras plataformas,
como o shoot’em-up 3D Interestellar Flames.
Mas o carro-chefe do Zodiac com certeza
foram os ports de jogos conhecidos. O principal
deles foi o exclusivo Duke Nukem Mobile, que
usava os recursos de Duke Nukem 3D para criar
21 níveis inéditos. Todos eles são bem curtos, e o
objetivo é eliminar todos os inimigos até que um
deles derrube um cartão de acesso que libera
a saída da fase. Repita essas regras e você terá
uma a ideia de como o jogo era simples. Essa

47
 versão, lançada em maio de 2004, acabou
relançada no ano seguinte para celulares
em versão baseada em Java, com inimigos
poligonais em vez de sprites simples como
nessa versão e no Duke Nukem 3D original.
O jogo obteve críticas medianas na época,
sendo um dos poucos títulos do Zodiac a
serem vendidos em cartões SD.
Outro título que seguiu essa mesma
estratégia foi Spy Hunter: Missile Crisis.
Usando o jogo original de PlayStation 2
como base, esse título funciona como
um spin-off, como sua própria história
e fases. Missile Crisis preserva a visão em
terceira pessoa, com o veículo controlado
pelo jogador ainda trocando entre os
modos de carro, barco e motocicleta para
completar as missões. Além do modo
história, o jogo também conta com um
modo arcade e partidas multiplayer com
conexão sem fio a outros Zodiacs por
meio de Bluetooth – um dos poucos títulos
no console a dar suporte a essa função.
Também houve outro jogo de tiro em
primeira pessoa no Zodiac: Doom II um port
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
quase idêntico à versão de PC, mas com
uma resolução bem reduzida e uma paleta
de cores mais escura. A música do jogo
Duke Nukem Mobile para o Zodiac era um
também parece tocar em uma velocidade
versão simplificada de Duke Nukem 3D
mais acelerada. É possível jogar as 30 fases e um dos poucos títulos a serem lançados
do jogo original sem cortes nessa versão, em versão física para o portátil
também lançada em maio de 2004.
A Sega lançou dois títulos adaptados Outra série famosa também fez uma
para o portátil: Altered Beast e Golden Axe III. aparição única no Zodiac: Tony Hawk’s
Ambos foram ports decentes de suas Pro Skater 4, adaptado da versão do jogo
versões originais, sem muitas mudanças lançada no Game Boy Advance. O game
no Zodiac a não ser um pouco menos de de esporte conta com visão isométrica
resolução para a pequena tela do console e gráficos mais simples do que qualquer
e recursos a menos – como a falta do outra versão, incluindo a lançada para
modo cooperativo em Altered Beast. o PlayStation original. Mesmo assim, o
jogo preserva seu estilo bem-humorado
e uma grande quantidade de manobras
O ZODIAC RECEBEU para serem feitas, assim como um grande
elenco de skatistas famosos para serem
POUCO MAIS DE o avatar do jogador.
Aproveitando a capacidade de passar
40 JOGOS EM SUA jogos do computador para o Zodiac, a EA
lançou uma versão de Madden NFL 2005
CURTA BATALHA para o console usando o CD como mídia.
NO MERCADO DE O jogo também podia ser comprado
diretamente pelo site da Tapwave, mas foi
SISTEMAS PORTÁTEIS um dos poucos a usarem essa estratégia

48
 TAPWAVE ZODIAC

Duke Nukem Mobile funciona de forma semelhante a sua contraparte lançada para PC.
É preciso atirar em alienígenas até conseguir encontrar a saída para a próxima fase

com o portátil. A versão parecia bastante com
a lançada para Game Boy Advance, de forma
semelhante a Tony Hawk’s 4.
Com a descontinuação do console, muitos
outros títulos que seriam lançados ficaram pelo
caminho. O RPG da Bioware Neverwinter Nights
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
foi desenvolvido e uma demo técnica rodando
no console foi descoberta alguns anos depois.
Tomb Raider também deveria ter aparecido no
Zodiac, em duas adaptações dos primeiros jogos
da aventureira Lara Croft. As versões completas
também vazaram após a derrocada do portátil.
Curiosamente, a cena de criação amadora
para o console – conhecida como homebrew –
teve um grande suporte de sua comunidade.
Ports de jogos como Hexen, Doom, Herectic,
Another World e Flashback fora apenas alguns
dos títulos que encontraram o caminho para o
portátil graças aos seus fãs, em alguns casos
também funcionais em outros Palm. Emuladores
de plataformas como ZX Spectrum, NeoGeo e
MAME também foram adaptados para o Zodiac.
Houve até mesmo uma tentativa de emulação
do PlayStation, mas sem muito sucesso.
Mesmo que ele tenha sido quase apagado
da história pelo lançamento do Nintendo DS e
PlayStation Portable, o Tapwave Zodiac foi um
interessante recorte histórico do aparecimento
de uma plataforma multimídia focada em jogos
muito antes da existência dos smartphones.
Talvez o público ainda não estivesse pronto para
essa ideia tão comum atualmente, mas lidar
com duas grandes potências como a Nintendo
e o PlayStation certamente não ajudou.

Spyhunter oferece perseguições em alta velocidade e combate motorizado para a telinha

do Zodiac, além de ser um dos poucos títulos a contarem com multiplayer na plataforma

49
 SPRITES
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MARCO ROSSI
M
arco Rossi é o protagonista
de Metal Slug, o clássico run
and gun da SNK lançado nos
arcades em 1996. Com uma
quantidade impressionante
de detalhes em cada sprite de persona-
gens, veículos e inimigos, é fácil notar o
trabalho empregado para deixar a mo-
vimentação fluida e complexa. Existem frames
para cada uma das variações do protagonis-
ta com as diversas armas do jogo, assim como
versões para o personagem embaixo d’água e
gordinho – o que aumenta seu dano e diminui
a velocidade. Além disso, há animações de
morte divertidas e caricatas para cada uma
das versões de Marco, incluindo uma em que
ele estoura como um balão.

50
Entre em nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
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