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Constituído de dois quartetos e dois tercetos compostos por decassílabos heroicos, recorrências de
aliteração específica em alguns versos, tônicas nas sextas e décimas sílabas, esquema de rimas abba/ abba/
cde/ cde, obedecendo ao modelo clássico, sua composição permite a ambientação da divisão temática e a
construção de uma unidade sonora rica, a qual, ao passo que atua na familiarização de uma estrofe à outra,
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Busque Amor novas artes, novo engenho/ para matar-me, e novas esquivanças O eu-lírico sugere um
desafio ao amor: novas estratégias e artimanhas. Deseja pagar com desdém, a forma com que o amor o tem
tratado; no entanto, esta atitude aparenta uma segurança, pois está embasada no sofrimento que o amor
lhe trouxe ao longo da vida, como comprovam os adjetivos novas e novo que acompanham artes, engenho e
esquivanças. A determinação em mostrar-se indiferente às rebeldias do amor acarreta uma vontade de
vingança do desamor de que tem sido vítima e, desta forma, do amor que lhe tem sido negado.
Como o amor é determinado em dificultar-lhe a vida, o eu-lírico afirma que nada tem a perder, como
explicam os “que” no início dos versos três e quatro:
que não pode tirar-me as esperanças,/ que mal me tirará o que eu não tenho
Já que não há esperança alguma no eu-lírico, o amor não poderá lhe tirar no presente o que lhe falta, o que
contrariamente ocorre no passado, época de desilusões amorosas que o fizeram calejado no momento atual.
Por meio dos imperativos Olhai e Vede, nos versos um e dois da 2ª quadra, o eu-lírico pede ao leitor para
compartilhar a sua verdade: o que ficou dito antes não deve ser tomado à letra, a intenção de se mostrar
rebelde face ao amor manifesta um desejo de vingança legítimo, mas impossível de acontecer porque não se
pode viver sem aquilo de que se depende – o amor.
Não se trata aqui de uma busca de alienação no êxito de uma relação amorosa, mas de uma luta pessoal
pela sobrevivência na vida encarada como realidade imprevisível que acontece ao sujeito e na qual se torna
urgente criar laços afetivos que deem significado àquilo que, pelo menos aparentemente, não parece tê-lo.
E a primeira quadra dá lugar, no último terceto, à constatação de que o ser humano, antes de qualquer outra
coisa, poderá revoltar-se contra si próprio porque, sabendo-se prisioneiro do que sente, se recrimina por
essa dependência que a inteligência lúcida despreza, mas quando leva a cabo essa luta da razão contra o
sentimento, este último vence porque são os sentimentos que nos ligam ao outro e é assim que nos
sentimos realmente humanos.
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Mas triste quem se sente magoado
Constituído por duas quadras e dois tercetos em verso decassílabo. O texto obedece ao esquema ABBA /
ABBA / CDC / CDC, havendo rima interpolada em A, emparelhada em B e interpolada em CDC.
seres seja feliz: todos aqueles que se queixam que o amor lhes foge, aqueles que têm saudades e todos
aqueles que ainda obedecem ao amor: “Ditoso seja aquele que somente/ Se queixa de amor as
esquivanças,”; “Ditoso seja quem, estando ausente,/ Não sente mais que a pena das lembranças,” e “Ditoso
seja, enfim, qualquer estado/ Onde enganos, desprezos e isenção/ Trazem o coração atormentado.”
Contudo, apesar do sofrimento, todos estes ainda podem ser felizes, pois têm esperanças ou aguardam com
saudades, pois não obtiveram ainda o amor, ou estão distantes, mas podem vir a obtê-lo ou recuperá-lo.
Porém, a última estrofe introduz uma oposição, (mas), é triste aquele que comete erros sem perdão, pois
não terá acesso a esperanças de felicidade: “Mas triste quem se sente magoado/ De erros em que não pode
ATIVIDADE FINAL
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A. equilíbrio entre os transes existenciais do poeta com a disciplina clássica: emoção e razão, expressão
pessoal e imitação são concebidas por meio de uma dicção sóbria, contida, mas nem por isso menos
comovente. No poema também podemos perceber que, embora o homem sempre queira atingir o
ideal e a perfeição, ele sempre encontra em seu caminho a restrição imposta pela própria condição
humana.
B. o assunto principal do poema é o sofrimento amoroso do eu lírico perante uma mulher idealizada e
distante. Há uma ambientação aristocrática da corte e uma forte influência provençal na lírica
camoniana.
e estribilho estão presentes em seus versos: esses elementos tinham como finalidade facilitar a
D. O poema de Camões é marcado por uma linguagem rebuscada, permeada por figuras de linguagem de
difícil compreensão. Seu tema principal é a luta entre classes sociais e as crises religiosas.
REFERÊNCIA
Candido, A., O Estudo Analítico do Poema, São Paulo: FFLCH-USP, 1993.
Massaud, M., A literatura portuguesa através dos textos, 23ª ed., São Paulo: Cultrix, 1994.
15:40.
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