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Educação inclusiva: O que podem os professores de crianças com TEA (transtorno de

espectro autista) na educação infantil em Pelotas?

O título é a pergunta inicial da resenha. Por que esse assunto? A lei federal 12.764
de 2012 institui a política nacional de proteção aos direitos da pessoa com transtorno de
espectro autista. Nessa lei o autista incluído nas classes comuns do ensino regular, tem
direito a acompanhante especializado caso comprovada necessidade. Fui professor em
Santa Catarina antes de vir para Pelotas. As crianças autistas ou com outras necessidades
especiais tinham um acompanhante especializado. A pessoa trabalhava com aquela criança
especificamente. Me chocou o fato de isso não existir em Pelotas e das pessoas, ao menos
na escola que trabalho e na educação infantil, acharem muito estranho esse acompanhante.
De ter que explicar para todos que se trata de uma lei nacional, de um direito da criança
autista que é negligenciado. Trabalho na maior escola de ensino infantil do estado. É uma
escola municipal. Temos mais de 50 crianças com laudo e tantas outras com suspeita. Não
temos nenhum acompanhante especializado. As crianças tem sim acompanhamento no
atendimento educacional especial (AEE). Mas a lei é clara: acompanhante. A secretaria de
educação (SMED) já deu diversas explicações. Uma delas é que os auxiliares de educação
infantil fazem essa função. Outra é que não tem pessoal no mercado, porém sequer abre
chamada ou concurso para contratação de pessoal.
Fiz um questionamento para a prefeitura de Pelotas via lei de acesso à informação.
Com as seguintes perguntas: Quantas crianças com laudo de TEA (transtorno de espectro
autista) têm na educação infantil na rede municipal de Pelotas? Quantas crianças com TEA
(transtorno de espectro autista) na educação infantil da rede municipal de Pelotas tem
acompanhante especializado nos termos da lei federal 12.764/2012 (art. 3 inc IV)? Quantas
crianças com laudo de TEA (transtorno de espectro autista) tem no ensino fundamental na
rede municipal de Pelotas? Quantas crianças com TEA (transtorno de espectro autista) no
ensino fundamental da rede municipal de Pelotas tem acompanhante especializado nos
termos da lei federal 12.764/2012 (art. 3 inc IV)?.
A prefeitura de Pelotas ainda está no prazo para responder os questionamentos.
O ponto que quero chegar com essa reflexão é a possível sobrecarga do professor
da turma com a expectativa de que este resolva a inclusão destas crianças, sendo que o
sistema educacional como um todo falha na garantia do direito a inclusão destes. O que
pode e o que se espera do professor de crianças autistas na educação infantil? O que pode
esse professor? Há de fato inclusão?

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