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MINISTÉRIO DA
MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS SAÚDE
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MINISTÉRIO DA
MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS SAÚDE
Copyright © 2020 Fundação Demócrito Rocha

MINISTÉRIO DA SAÚDE Projeto Gráfico


COORDENAÇÃO GERAL Amaurício Cortez
Ministro da Saúde Edição de Design
Eduardo Pazuello Andrea Araujo e Kamilla Damasceno
Secretária da Secretaria de Gestão do Trabalho Design e Diagramação
e da Educação na Saúde Karla Saraiva
Mayra Isabel Correia Pinheiro Arte finalização
Diretor do Departamento de Gestão da Educação Miqueias Mesquita
na Saúde Ilustração
Vinícius Nunes Azevedo Rafael Limaverde
Coordenadora-Geral de Ações Estratégicas, Coordenação de Produção
Inovações e Avaliação da Educação em Saúde Gilvana Marques
Musa Denaise de Sousa Morais de Melo Produção
Equipe Técnica Rebeca Saboia e Beth Lopes
Adriana Fortaleza Rocha da Silva, Bethânia Ramos Marketing e Estratégia
Meireles, Cidália Luna Alencar Feitosa de Oliveira, Wanessa Lugoe
Daniele Alencar Neves Bremgartner, Janaínna
Nogueira da Silva, Juliana Ferreira Lima Costa, Performance Digital
Priscila Neves Dalcin, Rosanna Rocha Amazonas e Natércia Melo, Fernando Diego e Isadora Colares
Rosany Ferreira Rios Fonseca Assessoria de Comunicação
Joelma Leal
OPAS/OMS Estratégia e Relacionamento
Coordenação Geral Alexandre Medina, Adryana Joca e Juliana
Mónica Padilla Menezes
Equipe técnica
Maria Alice B. Fortunato, Cristiane Gosch Scolari FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR)
e Catarina Magalhães Dahl Presidência
João Dummar Neto
PROJETO “AÇÕES INTEGRADAS DE
EDUCOMUNICAÇÃO PARA PREVENÇÃO AO SUICÍDIO Direção Administrativo-Financeira
E DA AUTOMUTILAÇÃO” André Avelino de Azevedo
Concepção e Coordenação Geral Gerência Geral
Cliff Villar Marcos Tardin
Coordenação Executiva Gerência Editorial e de Projetos
Ana Cristina Barros Raymundo Netto
Coordenação Adjunta Análise de Projetos
Patrícia Alencar Aurelino Freitas, Fabrícia Gois e Emanuela
Fernandes
Coordenação de Conteúdo
Renata Nayara da Silva Figueiredo UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE)
Coordenação Pedagógica Gerência Pedagógica
Patrícia Brun Viviane Pereira
Coordenação Geral de Mobilização Coordenação de Cursos
Darlan Aragão Marisa Ferreira
Consultoria Técnica de Psicologia Designer Educacional
Carlos Henrique de Aragão Neto Joel Bruno
e Andrea Amaro Quesada
Editorial e Revisão
Thaís Brito Mendonça
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD
Q54c Quesada, Andrea Amaro
Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio | 15 a 18 anos /
Andrea Amaro Quesada, Carlos Guilherme da Silva Figueiredo, Carlos Henrique de
Aragão Neto, Karine da Silva Figueiredo e Marina Saraiva Garcia; ilustrações: Rafael
Limaverde. – Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2020.
95 p. : il. color.

1. Transtornos mentais e emocionais. 2. Suicídio. 3. Prevenção ao suicídio. 4.


Violência autoprovocada. 5. Automutilação. I. Figueiredo, Carlos Guilherme da Silva.
II. Aragão Neto, Carlos Henrique de. III. Figueiredo, Karine da Silva. IV. Garcia, Marina
Saraiva. V. Limaverde, Rafael. VI. Título.
CDD 616.858445
Elaborado por Francisco Edvander Pires Santos - CRB-3/1212

Esta cartilha é parte do projeto “Ações Integradas


de Educomunicação para Prevenção ao Suicídio e da
Automutilação”, ação desenvolvida pelo Ministério
da Saúde por meio da Secretaria de Gestão do Tra-
Todos os direitos desta edição reservados à:
balho e da Educação em Saúde, em parceria com
Fundação Demócrito Rocha
a Organização Pan-Americana de Saúde/Organi-
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora
zação Mundial de Saúde, executado pela Fundação
CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará
Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 Demócrito Rocha, por intermédio da Carta Acordo
fdr.org.br nº SCON2020-00088.
fundacao@fdr.org.br
Sumário Introdução 08
1. Entenda o que é violência autoprovocada 14
1.1. Você sabe o que é o suicídio e a automutilação? 16
e a diferença entre eles?
1.2. Mitos e verdades sobre suicídio e automutilação 19
1.3. Filmes, séries e livros sobre o assunto 30
1.4. O suicídio de famosos 39
2. Sinais de alerta e prevenção 40
2.1. Como identificar os sinais em você ou em seu amigo 41
2.2. Fatores que aumentam o risco de suicídio e de automutilação em 49
adolescentes
2.3. O que pode ser feito para evitar o suicídio e a automutilação 53
2.4. Prevenção do suicídio e da automutilação na internet 55
3. Medidas de proteção 58
3.1. Como reagir a uma possível situação de risco 59
3.2. Como pedir ajuda e conseguir tratamento 71
3.3 O que fazer diante de uma crise suicida? 73
4. O que fazer se ocorrer o suicídio 78
4.1. Sentimentos e elaboração do luto 81
4.2. Não se culpe e não busque culpados 85
Referências bibliográficas 92
INTRODUÇÃO

8 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 9
adolescência
é o período de
transição en-
tre a infância e autoconhecimento. É marcada por
a vida adulta. conflitos internos e externos. É um
De acordo com momento de inúmeras transforma-
a Organização ções; novas mudanças acontecem
Mundial da Saú- antes mesmo da adaptação às mu-
de (OMS), a adolescência vai dos danças já ocorridas.
10 aos 19 anos. Já para o Estatuto É caracterizada também por mo-
da Criança e do Adolescente (Lei dificações na percepção de si e do
n. 8.069, de 1990), vai dos 12 aos 18 mundo, dando origem a muitas dú-
anos (BRASIL, 1990). Contudo, as ca- vidas e preocupações. As funções
racterísticas próprias dessa fase po- cognitivas estão em transformação.
dem iniciar e/ou terminar antes ou Aliás, é um período de significativa
mesmo depois desse período. plasticidade cerebral, propriedade
A adolescência é caracteriza- vitalícia que o cérebro tem de se or-
da por diversas mudanças bio- ganizar a partir das experiências.
lógicas, psicológicas e sociais. Dessa forma, as experiências po-
Há aceleração do crescimento, de- dem ter efeitos duradouros no de-
senvolvimento das características senvolvimento biopsicossocial, po-
sexuais secundárias, surgimento de dendo ser positivos ou negativos.
pelos, alteração da voz, mudanças Outras características dos ado-
cerebrais e aumento da produção lescentes são: impulsividade, bai-
hormonal, entre outras. Trata-se de xa avaliação de riscos das ações,
uma fase de busca de autonomia e dificuldades para planejar, tomar

10 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


SAIBA MAIS
LOBO FRONTAL
É uma das divisões do cére-
bro humano. Cumpre funções
importantes para processar
informações, executar ações e
decisões e controlar as emoções. tomar decisões (KANDEL et al.,
Afinal, o lobo frontal, responsável 2014).
pelas funções mencionadas, ainda
está em desenvolvimento (KANDEL
et al., 2014). Tais características, por
sua vez, podem colocar os adoles-
centes em situações de perigo, in-
clusive com risco de morte. Algumas
situações potencialmente perigosas,
mas que podem ser prevenidas, são
a automutilação e o comportamento
suicida.

SAIBA QUE ESTES COMPOR-


TAMENTOS DEVEM SER LE-
VADOS A SÉRIO!

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 11


A automutilação e o compor- termos nem sabe a diferença entre
tamento suicida são considerados eles, convidamos você a conhecê-los
graves problemas de saúde pública. nesta cartilha. Assim, será possível re-
Para se ter uma ideia, no período conhecer quando alguém — inclusive
entre 2011 e 2018, foram notificados você — necessita ser ajudado.
no Brasil mais de 300 mil casos de Perceba como é importante tirar
violência autoprovocada. Quase me- todas as dúvidas sobre a saúde mental.
tade desses casos ocorreu na faixa
etária de 15 a 29 anos, sendo 67,3% E COMO FAZER ISSO?
nas mulheres e 32,7% nos homens • Busque informação e conhe-
(BRASIL, 2016). cimento sobre esses temas.
Por outro lado, ainda que esses
• Compartilhe mensagens de
números sejam preocupantes, di-
esperança!
versas medidas de prevenção vêm
sendo tomadas. E ainda há muito • Promova e incentive campa-
a ser feito para a redução das taxas nhas de conscientização so-
de automutilação e suicídio. A cons- cial.
cientização sobre o problema é uma • Participe de oficinas de capa-
estratégia importante para prevenir citação e treinamento.
comportamentos autolesivos e pro-
mover saúde mental. Ainda existem
• Escute com atenção.
muitos estigmas, ou seja, muitas • Sempre que perceber que
crenças falsas sobre esses comporta- alguém está em risco, sugira
mentos e que precisam ser vencidos. que essa pessoa procure tra-
Automutilação? Suicídio? Se você tamento.
ainda não compreende bem esses

12 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


ACESSE
Confira o vídeo da ABP TV
sobre os temas do suicídio e da
automutilação. A produção foi
transmitida no Youtube da As-
sociação Brasileira de Psiquatria
(ABP) como parte da campanha
do Setembro Amarelo. Você
pode acessar pelo QR Code.


 


  
  

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 13


1.
ENTENDA O QUE É

VIOLÊNCIA
AUTOPROVOCADA

14 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 15
1.1. VOCÊ SABE O QUE
É O SUICÍDIO E A AU- esses comportamentos podem ser
TOMUTILAÇÃO? E A evitados, pois a intenção dessas pes-
DIFERENÇA ENTRE soas não é causar o sofrimento ou a
ELES? própria morte, mas pedir ajuda a al-
anto o suicídio quanto guém. Geralmente, quem tem esses
a automutilação são comportamentos está em profundo
formas de violência sofrimento e necessita de ajuda. Es-
autoprovocada. Mas sas situações podem ser superadas
o que é uma violência quando a pessoa tem o tratamento
autoprovocada? devido.
Conhecemos a
violência como qual- VAMOS ENTENDER PRIMEI-
quer ação que uma pessoa pratique RO O QUE É SUICÍDIO?
sobre outra com a intenção de cau- O suicídio é qualquer ato prati-
sar prejuízo a ela. Contudo, suponha cado por alguém com a intenção
que o autor e a vítima dessa violên- de tirar a própria vida. Ele pode se
cia sejam a mesma pessoa. A esse apresentar em sua forma tentada ou
tipo de violência damos o nome de consumada. Entende-se como tenta-
violência autoprovocada. tiva de suicídio quando a pessoa usa
A violência autoprovocada abrange alguma forma, que acredita ser letal,
comportamentos como se ferir (auto- para tirar a própria vida, mas que,
mutilação), tentar tirar a própria vida por algum motivo, não consegue.
(tentativa de suicídio) ou até mesmo se Por outro lado, diz-se que o suicídio
matar (suicídio) (WHITLOCK et al., 2013; assume a forma consumada quando
BAHIA et al., 2017). Em todos os casos, essa pessoa dá fim à sua vida.

16 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Saber o conceito não é o mesmo AGORA VAMOS FALAR SO-
que entender o suicídio. Entender BRE AUTOMUTILAÇÃO!
os aspectos envolvidos em uma in- A automutilação, também cha-
tenção suicida pode ser uma missão mada de autoagressão ou autolesão,
complicada, mas vamos lá! refere-se ao dano a uma parte do
O fenômeno é complexo e geral- corpo do próprio indivíduo, realiza-
mente está associado a uma grande do de forma consciente (não aciden-
quantidade de causas que intera- tal) e sem intenção de morrer, com
gem entre si. Tais causas são tam- métodos que não são aceitos social-
bém chamadas de fatores de risco, mente. Tatuagens, piercing, brincos
pois aumentam a probabilidade de ou outras formas de marcar o corpo
que a tentativa de suicídio ocorra. para rituais tribais ou para exibição
Esses fatores se sobrepõem ao longo pública não são considerados auto-
da história do indivíduo e são os res- mutilação (WALSH, 2016).
ponsáveis por desencadear os pen- O objetivo mais comum na auto-
samentos e as ideias suicidas. mutilação é aliviar uma dor emo-
Na adolescência, alguns fatores cional intensa. O que a pessoa de-
de risco para o suicídio são: seja é reduzir a angústia, mesmo que
• Isolamento social. por um curto período.
• Uso ou abuso de álcool e outras
drogas. ENTRETANTO, VOCÊ DEVE
ESTAR SE PERGUNTANDO:
• Ser vítima de bullying. POR QUE A AUTOMUTILA-
ÇÃO PROPORCIONA ALÍVIO
• Crescer em uma família disfuncional. PARA A PESSOA QUE ESTÁ
• Ter depressão e/ou outros trans- SOFRENDO?
tornos mentais.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 17


Há razões fisiológicas do próprio
sistema de defesa do corpo. Ao se
machucar, a pessoa que se automu-
tila percebe a dor emocional sendo
ofuscada pela dor física, dando uma
impressão de alívio momentâneo.
Além disso, é preciso considerar a
liberação de endorfinas, analgésico A pessoa se machuca por vários
natural produzido pelo organismo motivos, desde a regulação das
em resposta a uma lesão. emoções (tentando reduzir afetos
Contudo, mesmo que haja uma negativos ou produzir afetos positi-
sensação momentânea de alívio da vos), a autopunição, a comunicação
dor emocional, essa angústia retor- do sofrimento, a punição de outras
na logo em seguida, muitas vezes de pessoas e, até mesmo, a influência
forma mais intensa, levando inclusi- do meio em que vive.
ve à sensação de culpa. O fato de o indivíduo buscar um
alívio ao se automutilar não impede
DIFERENÇAS ENTRE SUICÍ- que ele desenvolva ideias suicidas.
DIO E AUTOMUTILAÇÃO É possível que esses comportamen-
Basicamente, a diferença entre tos ocorram de forma simultânea.
esses comportamentos é percebida Foi demonstrado que há um risco de
na intencionalidade do ato. Na ten- suicídio maior em pessoas que pro-
tativa de suicídio, há a intenção de curam atendimentos em um pronto-
morte. Por outro lado, a intenção na -socorro com episódios de automu-
automutilação é principalmente o tilação, sendo um importante fator
alívio da angústia, porém sem a in- de risco para o suicídio (WHITLOCK
tenção de morrer. et al., 2013).

18 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


ESTIGMA
No contexto social, o estigma acon-
tece quando uma situação leva al-
guém a ser desqualificado ou des-
valorizado pelas outras pessoas.

REGULAÇÃO DAS EMOÇÕES


Significa saber lidar com o que sen-
timos, aceitando e compreenden-
1.2. MITOS E VERDA- do as nossas emoções. Além disso,
DES SOBRE SUICÍDIO é importante nos atentarmos à sua
E AUTOMUTILAÇÃO intensidade para sermos capazes
preconceito em re- de controlar o que sentimos.
lação ao suicídio e à
automutilação con- COMPORTAMENTOS AUTO-
tribui para reforçar LESIVOS
um estigma em re- Série de ações em que a pessoa
lação à prevenção busca produzir danos físicos a si
dessas práticas. Isto mesma.
resulta de diversas
A informação transmitida de for-
crenças sem nenhum
ma responsável sobre os com-
embasamento teórico, que são cons-
portamentos autolesivos in-
truídas e solidificadas culturalmente
centiva a conscientização das
ao longo do tempo. Por isso, a pes- pessoas, promove a valorização
soa se sente discriminada, excluída e da vida, favorece a procura por
envergonhada, o que dificulta a pro- tratamento e previne situações e
cura pelo tratamento adequado. comportamentos de risco.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 19


VAMOS CONHECER O QUE
É MITO E O QUE É VERDADE 3. O suicídio é uma decisão to- 8. A pessoa que quer se matar
SOBRE OS COMPORTAMEN- mada sob livre arbítrio, de livre e não tem o desejo de viver.
TOS AUTOLESIVOS? espontânea vontade.  
Para isso, apresentamos a seguir  
um conjunto de questões com res- 9. Algumas pessoas apresentam
postas “verdadeiro” ou “falso”, assim 4. O suicídio é um ato de covardia. melhora antes de tentar suicídio,
como em atividades escolares. Após   aparentando estar mais anima-
respondê-las, veja os comentários das e menos melancólicas.
sobre cada questão nas páginas se- 5. O suicídio significa falta de  
guintes. Lembrando: VERDADE é Deus no coração.
quando a afirmação for verdadeira e   10. O suicídio é sempre hereditá-
MITO quando o enunciado for falso. rio, ou seja, se alguém cometer
6. Falar sobre suicídio com a pes- suicídio, certamente outra pessoa
soa que pensa em ou planeja se de sua família já o fez também.
Questionário 1 suicidar incentiva a tentativa de  
MITOS E VERDADES SOBRE suicídio.
SUICÍDIO   11. Após a pessoa tentar suicídio
1. Adolescentes que falam em uma vez, as chances de fazê-lo
suicídio geralmente querem 7. Se alguém já cogitou tirar a pró- novamente são mínimas.
chamar a atenção. pria vida, mas logo apresentou  
  uma melhora e não comentou
mais ssobre o assunto, isso NÃO 12. A maioria dos suicídios acon-
2. O adolescente que quer se quer dizer que não há mais riscos tece repentinamente, sem aviso.
matar não avisa, se mata. de suicídio.  
   

20 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Respostas comentadas
1. Adolescentes que falam em suicídio MITO. Os jovens que falam em suicídio, na maioria das vezes, não querem chamar
geralmente querem chamar a atenção. a atenção de forma banalizada. Eles querem pedir ajuda, mas não sabem como
fazê-lo, pois sentimentos como vergonha, constrangimento e medo impedem uma
manifestação verbal de socorro.

2. O adolescente que quer se matar não MITO. Cerca de 75% das vítimas de suicídio falam ou dão sinais da sua intenção ou
avisa, se mata. da sua dor, o que nem sempre é perceptível. Quem vai se matar geralmente avisa.
Se não faz isso diretamente, pode dar sinais em algumas frases, como “minha
vida não presta” , “eu sou um inútil” ou “se eu morrer agora, ninguém vai notar
a diferença”. Quando isso acontecer, preste atenção, pois pode ser um pedido
indireto de socorro. Por isso, é preciso estar atento aos sinais para ajudar quem
está em risco o quanto antes.
3. O suicídio é uma decisão tomada MITO. A maioria dos suicídios está relacionada a um transtorno mental que altera,
sob livre arbítrio, de livre e espontânea de forma radical, a percepção da realidade e interfere no livre arbítrio do indivíduo.
vontade.
4. O suicídio é um ato de covardia. MITO. A pessoa que pensa em tirar a própria vida vivencia uma dor psíquica
insuportável, além de sentimentos de desespero, negação, desesperança e
impulsividade. A todo momento, ela é bombardeada com pensamentos ruins,
podendo vivenciar até delírios e alucinações. Nessa fase, há muita instabilidade
mental. Por isso, você não pode afirmar que o suicídio é um ato de covardia.
Perceber o suicídio como um ato de covardia é apenas uma visão preconceituosa.
5. O suicídio significa falta de Deus no MITO. Essa é uma crença popular que precisa ser desmitificada. Trata-se de uma
coração. exposição a fatores de risco que provocam progressiva perturbação mental. À
medida que o sofrimento aumenta sem que o jovem consiga lidar com essa dor,
aumenta também o risco de ele tentar ou conseguir tirar a própria vida.
6. Falar sobre suicídio com a pessoa que MITO. Um profissional ou outra pessoa que converse sobre suicídio com um
pensa em ou planeja se suicidar incentiva indivíduo em estado de vulnerabilidade não piora o seu quadro. Pelo contrário:
a tentativa de suicídio. falar sobre o assunto reduz a possibilidade de suicídio, pois alivia a tensão/
ansiedade de quem está falando e permite que a pessoa em risco seja levada para
o tratamento adequado.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 21


Respostas comentadas
7. Se alguém já cogitou tirar a própria VERDADE. Qualquer pensamento suicida, ainda que passageiro, deve ser levado
vida, mas logo apresentou uma melhora em consideração. Isso porque uma pessoa que pensa em se suicidar pode se
e não comentou mais sobre assunto, sentir “melhor” justamente por ter tomado a decisão de se matar.
isso NÃO quer dizer que não há mais
riscos de suicídio.

8. A pessoa que quer se matar não tem o MITO. A pessoa que quer se matar frequentemente passa por “altos e baixos” —
desejo de viver. desejo de viver e de morrer — a todo momento. Dessa forma, não há uma busca
convicta pelo fim da vida, mas desespero e desesperança que a levam a acreditar
que se matar é a única forma de acabar com a dor que sente. Logo, também é
mito que “quem quer fazer, faz e ponto”.

9. Algumas pessoas apresentam VERDADE. Muitas vezes, a pessoa simula esse estado de animação e motivação
melhora antes de tentar suicídio, para que a vigilância diminua e ela consiga ficar sozinha para atentar contra sua
aparentando estar mais animadas e vida. Em outras vezes, isso ocorre simplesmente porque a pessoa já planejou
menos melancólicas. e preparou tudo. Isso proporciona a ela uma espécie de conforto, alívio e
tranquilidade. Esses fatores podem confundir as pessoas que estão ao seu redor.

10. O suicídio é sempre hereditário, MITO. Nem todos os suicídios estão associados à hereditariedade. No
ou seja, se alguém cometer suicídio, entanto, um histórico familiar de suicídio é um fator que aumenta o risco do
certamente outra pessoa de sua família comportamento suicida, especialmente em famílias com casos de transtornos
já o fez também. mentais graves.
11. Após a pessoa tentar suicídio uma MITO. Ao contrário da afirmação, o indivíduo que já tentou se matar tem de cinco
vez, as chances de fazê-lo novamente a seis vezes mais chances de tentar novamente em comparação com quem nunca
são mínimas. tentou. Estima-se que metade daqueles que se suicidam já fez tentativas prévias.
Porém, isso não é uma condenação, pois as pessoas que fazem os tratamentos
recomendados podem não mais fazer tentativas de suicídio.

12. A maioria dos suicídios acontece MITO. A maioria dos suicídios é precedida de sinais comportamentais ou verbais.
repentinamente, sem aviso. É importante ressaltar que nem sempre esses sinais são fáceis de detectar.
Fonte: OMS, 2006; ABP, 2014.

22 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Questionário 2 6. O adolescente que se automu-
MITOS E VERDADES SOBRE tila pode vir a ter comportamen-
AUTOMUTILAÇÃO to suicida.
1. A automutilação não é uma  
doença.
  7. O adolescente sente prazer com
a dor ao se ferir propositalmente.
2. Automutilação só acontece  
com adolescentes.
  8. Nem todo adolescente que se
automutila apresenta um trans-
3. O adolescente que se automu- torno mental.
tila geralmente não quer chamar  
a atenção.
  9. O adolescente que se automu-
tila pode parar quando quiser.
4. O adolescente que se automu-  
tila é uma pessoa perigosa.
 

5. Se o adolescente provoca nele


mesmo apenas ferimentos su-
perficiais, isso indica que o pro-
blema não é tão grave.
 

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 23


Respostas comentadas
1. A automutilação não é uma doença. VERDADE. Embora haja divergência, prevalece o conceito de que a automutilação
não é um transtorno mental em si, mas um comportamento que pode estar
associado a um transtorno mental (ser um sintoma). A automutilação é
considerada como um sinal muito importante de adoecimento mental.

2. Automutilação só acontece com MITO. Embora a prática ocorra com maior frequência em adolescentes, esse é mais
adolescentes. um estereótipo criado pela crença popular. O fenômeno atinge todas as idades,
inclusive crianças. O motivo de a adolescência ser o período com o maior número
de ocorrências é porque, na puberdade, o jovem passa por diversas mudanças
físicas, psíquicas, sexuais e afetivas. Essas mudanças alteram a forma como ele se
relaciona e interage com as outras pessoas, bem como o modo como enxerga a si
mesmo e ao mundo ao seu redor.
3. O adolescente que se automutila VERDADE. O adolescente que se automutila raramente está querendo chamar a
geralmente não quer chamar a atenção. atenção. Geralmente, o comportamento é um pedido de socorro, e motivos como
vergonha, medo e constrangimento impedem que ele busque ajuda e tratamento.
4. O adolescente que se automutila é MITO. O adolescente que se automutila não é uma pessoa perigosa. Ao fazer tal
uma pessoa perigosa. ato, o adolescente busca uma “saída temporária” para uma situação pessoal e
individual que provoca excessivo desgaste mental e abalo emocional significativo.

24 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


5. Se o adolescente provoca nele mesmo MITO. A gravidade dos problemas emocionais e mentais não tem relação direta
ferimentos apenas superficiais, isso com a gravidade das lesões autoprovocadas. Desse modo, deve-se prestar atenção
indica que o problema não é tão grave. às causas e aos fatores de risco. A severidade das lesões precisa ser avaliada devido
ao risco de complicações no local das feridas.
6. O adolescente que se automutila pode VERDADE. As pessoas que se automutilam, como regra, não têm intenção suicida;
vir a ter comportamento suicida. têm a intenção de aliviar um sofrimento emocional pelo qual estão passando. No
entanto, pensamentos suicidas podem surgir, podendo evoluir para uma tentativa
de suicídio.
7. O adolescente sente prazer com a dor MITO. A maioria dos adolescentes não sente prazer com a dor física. O que acontece
ao se ferir propositalmente. é que nosso cérebro prioriza a dor que mais nos ameaça naquele momento. Se o
adolescente está com uma dor emocional muito grande, ele vai desviar o foco de
atenção para essa dor física ao se ferir, obtendo um descanso temporário da dor
emocional.

8. Nem todo adolescente que se VERDADE. Embora a doença mental seja um fator que possa contribuir para a
automutila apresenta um transtorno automutilação, não se pode afirmar que o comportamento autolesivo esteja
mental. necessariamente associado a uma doença mental. Alguns adolescentes podem se
automutilar por imitação ou para entrar em algum grupo e pertencer a ele, por
exemplo.

9. O adolescente que se automutila pode MITO. É preciso fazer os tratamentos adequados para conseguir reduzir/cessar o
parar quando quiser. comportamento autolesivo. Há uma sensação momentânea de alívio provocada
pela automutilação, então isso pode se tornar uma “válvula de escape” ou um vício
nas situações de forte dor emocional.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 25


AGORA QUE VOCÊ APREN-
DEU OS MITOS E AS VERDA-
DES SOBRE SUICÍDIO E AUTO-
MUTILAÇÃO, VAMOS TESTAR
OS SEUS CONHECIMENTOS
UM POUCO MAIS?
Para cada uma das situações a
seguir, reflita sobre as atitudes das 2. Maria sempre foi uma alu-
pessoas envolvidas antes de checar na bem popular no colégio. Sem-
a indicação de resposta. pre gostou de chamar a atenção
dos meninos e fazia de tudo para
1. Enzo e Pedro, amigos de in- se destacar entre seu grupo de
fância, decidem fazer uma viagem amigas. Certa vez, teve um rela-
juntos. Durante a viagem, Pedro cionamento sério, e o seu térmi-
percebe que Enzo está pensando no a deixou bem abalada. “Per-
em se matar. Pedro é seu melhor dendo o chão”, Maria comentou
amigo, e Enzo tem total confiança com sua amiga, Valentina, que
Situação 1
nele. Com medo de comentar o queria pôr fim à própria vida.
Como vimos na resposta 6 dos Mitos e
assunto com Enzo, Pedro resolve Valentina, não acreditando Verdades sobre Suicídio, é um mito pensar
guardar segredo e aproveitar a que “era para valer”, não deu que falar sobre suicídio com a pessoa que
viagem com seu amigo, pois tem atenção e até comentou com ou- pensa ou planeja o suicídio é uma forma de
medo de manter a ideia ativa na tra amiga que seria apenas mais incentivar a tentativa.
cabeça dele se tocar no assunto. um dos “showzinhos” de Maria e
Assim, Pedro decide contar aos Situação 2
que ela queria ser “o centro do
Nos Mitos e Verdades sobre Suicídio, vi-
pais de Enzo apenas quando retor- universo”, como sempre. Você
mos, na resposta 1, que não é verdade a ideia
narem, uma semana depois. Você acha que a atitude de Valentina de que os adolescentes falam em suicídio
acha que Pedro agiu corretamente? foi correta? para chamar atenção de outras pessoas.

26 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 27
3. Rodrigo e Carlos eram dois lando não o tornava perigoso,
adolescentes que estudavam no apenas indicava que ele estava
mesmo colégio. Rodrigo conhe- com algum problema sério.
cia Carlos há mais de dez anos e Carlos tinha razão ao falar
afirmava que o amigo sempre foi isso?
uma pessoa pacata e que nunca
gostou de briga. Ele dizia: “Eu
nunca vi o Carlos brigar. A única 4. A mãe do adolescente
vez que o vi xingar foi quando Lucas percebeu que ele está se
um passarinho fez cocô na sua arranhando frequentemente,
Situação 3
cabeça, hehe.” deixando sua pele bem aver-
Nas respostas de Mitos e Verdades sobre
Carlos, que estudou dia e noi- melhada e com alguns cortes Automutilação, vimos, no item 1, que a auto-
te para o vestibular de Medicina, pequenos e superficiais. A mãe, mutilação é um sinal importante de adoeci-
viu seu sonho acabar quando fi- que não conhece o assunto da mento mental. No item 4, vimos também que
cou sabendo que não passou no automutilação, sabia que havia o adolescente que se automutila não é uma
alguma coisa errada com o filho. pessoa perigosa e que ele está tentando lidar
exame. A partir desse momento,
com uma situação individual.
ele passou a se irritar mais facil- Contudo, por estar atrasa-
mente com as pessoas e criou o da com tarefas do trabalho e ao
Situação 4
hábito de ferir o seu corpo. ver que os machucados do filho Na resposta 5 dos Mitos e Verdades sobre
Ao ficar sabendo disso, a mãe eram leves, decidiu adiar, por al- Automutilação, vimos que a gravidade das le-
de Rodrigo disse ao filho para guns dias, a ida com o filho a um sões não tem relação direta com a gravidade
que se afastasse de Carlos, pois consultório médico. do problema. Assim, ter lesões consideradas
A mãe de Lucas fez certo? leves não significa que a pessoa não está pas-
ele era uma má influência e uma
sando por um grande sofrimento. No item 6,
pessoa perigosa. Rodrigo disse à vimos também que um dos riscos para ado-
mãe que conhecia Carlos, e que lescentes que praticam automutilação é che-
o fato de ele estar se automuti- gar a ter ideias suicidas.

28 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 29
1.3. FILMES, SÉRIES E
LIVROS SOBRE O AS-
SUNTO
uitas obras trazem SAIBA MAIS
histórias interes-
santes sobre ado-
Você sabia também que cada fil-
lescentes que, em
me, série ou livro sobre o assunto
algum momento
sempre deve trazer uma mensa-
da vida, passaram
gem “Procure ajuda, há sem-
por situações difí-
pre uma saída”?
ceis e não soube-
ram lidar com elas.
Encontramos diversos filmes, séries
e livros que explicam por qual moti-
vo esses jovens acham que o suicídio
ou a automutilação são a solução
para todos os problemas que estão
vivenciando.
Por isso, é importante que você
conheça estas obras.

30 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


DOCUMENTÁRIO: NOT ALONE para interferir na vida das pessoas que
(NETFLIX, 2017) para informar.
Direção: Jacqueline Monetta e Questões como bullying, precon-
Kiki Goshay ceito, discriminação, pressão social,
Título original: Not Alone depressão, sistema educacional e fa-
Ano: 2017 mília são retratadas na obra. Not Alone,
pela sua tradução, carrega uma men-
Sinopse: Em Not Alone (tradu- sagem central: você não está sozinho.
ção: Você Não Está Sozinho), uma Em outras palavras, a mensagem é: se
adolescente perde sua melhor amiga você sofre calado, não se esconda, mas
por suicídio. O fator que veio antes? procure ajuda.
Depressão. Agora, ela vai ajudar outras
pessoas a não cometer o mesmo ato.
Mas como ela vai fazer isso? Infor-
mando-se a respeito do tema e bus-
cando entender o que passou pela
cabeça de sua amiga. Perguntas como
“por que ela não me disse nada sobre
isso?” e “por que não pediu a minha
ajuda, se sou sua melhor amiga?” fo-
ram desvendadas pela adolescente.
O documentário traz uma busca
aprofundada de informações para
entender o ato da amiga e de muitos
jovens que se suicidam. Destaca-se a
influência da comunicação nas redes
sociais, que têm tido mais potencial

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 31


FILME: SE ENLOUQUE- blemas mentais. É assim que ele
CER, NÃO SE APAIXONE conhece Bobby (Zach Galifianakis),
(2010) que vira uma espécie de mentor para
Direção: Anna Boden e Ryan o jovem. E se apaixona por Noelle
Fleck (Emma Roberts), uma menina de-
Título original: It’s kind of a fun- pressiva e desequilibrada.
ny story Mas o que realmente é interes-
Ano: 2010 sante no filme é que ele não tenta
esconder traumas vividos pelo ado-
Sinopse: O filme traz uma versão lescente nem dramatiza sua depres-
sintetizada e não menos envolven- são, mostrando que os pais sempre
te do livro Uma história meio que fizeram de tudo para que ele tivesse
engraçada. Keir Gilchrist interpreta uma vida saudável (o jovem nunca foi
Craig Gilner, um adolescente de 16 intimidado nem sofreu qualquer tipo
anos estressado com questões liga- de abuso).
das à sua adolescência — como pro- Sua vontade de morrer vem do
blemas escolares e tensões emocio- fato de estar sob forte pressão, pas-
nais — e que tenta se matar. Sem ter sando por um problema após o ou-
conseguido, ele decide se internar tro, e sentindo que não terá um fu-
em uma clínica de saúde mental. turo promissor se não superar todos
Ao chegar lá, ele é diagnosticado eles. Perceba a contradição: ele está
com depressão, mas encontra a ala preocupado com o futuro, mas tenta
de internação para jovens fechada. se matar! Como assim? Isso ocorre
Diante disso, é obrigado a passar a porque existe uma mudança nos
sua estadia na ala dos adultos com pensamentos durante a depressão.
pessoas que possuem diversos pro- Na escola, seus amigos acabam

32 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


se saindo melhor do que ele nas no-
tas e com as meninas. Além disso,
ele é constantemente cobrado por
seu pai. A situação de Craig é muito
comum entre muitos adolescentes,
especialmente em épocas de vesti-
bular ou Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem), momentos em que
são exigidas notas muito altas, sob
pressão diária dos pais.
Vale muito a pena ver este filme,
especialmente na companhia dos
pais. Afinal, tanto você como seus
pais podem se identificar com algu-
ma passagem do filme, e isso pode
aliviar algo que seja motivo de es-
tresse para vocês.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 33


SÉRIE: OBJETOS COR- sional, despertando sentimentos de
TANTES (HBO, 2018Z) compaixão e acolhimento de quem
Roteirista: Jean-Marc Vallée quer que se encontre em uma situa-
Título original: Sharp Objects ção como esta.
Ano: 2018

Sinopse: Baseada no livro Ob-


jetos Cortantes, da autora Gillian
Flynn, a série mostra o trabalho
da jornalista Camille Preaker (Amy
Adams), encarregada de escrever so-
bre a morte de uma garota pré-ado-
lescente e sobre o desaparecimento
de outra. A história é contada sob o
ponto de vista da jornalista.
Conforme a trama avança, per-
cebemos que ela se identifica com
essas garotas, pois todas as três têm
um ponto em comum: o desejo de
se automutilar. A jornalista fere o
próprio corpo e afoga sua tristeza na
bebida. A série traz a conscientização
das pessoas sobre os impactos des-
sa prática, ressaltando que as pesso-
as que se automutilam precisam de
acolhimento, escuta e ajuda profis-

34 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


LIVRO: DEPOIS DO AZUL
Autora: Élaine Turgeon
Título original: Ma vie ne sait
pas nager
Tradução: Glenda Verônica Do-
naldo e Silvana Vieira da Silva
Ano: 2017

Sinopse: Este livro conta a histó-


ria de Geneviéve, uma adolescente
que comete suicídio um dia antes
de seu aniversário de 15 anos. Lou
Anne, sua irmã gêmea, seus pais e
sua avó não conseguem lidar com a
dor da perda. Embora todos se cul-
pem por não terem percebido an-
tecipadamente os sinais, cada um
sente o luto do seu jeito: a irmã ten-
ta recomeçar, a mãe fica devastada
pela dor, o pai finge não se abalar e
a avó se esconde atrás de sua raiva.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 35


LIVRO: UMA HISTÓRIA O livro é um pouco irreverente.
MEIO QUE ENGRAÇADA De forma lúdica e didática, o autor
Autor: Ned Vizzini traz um pouco de humor ácido nas
Título original: It’s kind of a situações vividas por Graig no hos-
funny story pital, suavizando a carga pesada de
Tradução: Luis Reyes Gil algumas questões abordadas, como
Ano: 2015 depressão e ideação suicida. Além
disso, o livro faz você repensar a sua
Sinopse: Imagine que, após ter vida e valorizar a importância de um
realizado um grande sonho, você per- sorriso, de um gesto de afeto, de uma
ceba que ele não era bem aquilo que atitude de amor ou de um ato de
você esperava. Essa foi a experiência companheirismo em um momento
do adolescente Graig Gilner. Após como este.
grande dedicação aos estudos para
passar no exame de admissão para a
melhor escola de ensino médio, o so-
nho se transforma em pesadelo.
Ele planeja se suicidar, mas, ima-
ginando o sofrimento de seus fami-
liares e amigos, decide ligar para uma
central de prevenção de suicídio. Ele
é encaminhado para um hospital,
onde recebe os cuidados adequados
e passa a conviver com outros ado-
lescentes, crianças, adultos e idosos
que tentaram suicídio.

36 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


ACESSE
Você pode conferir a cartilha
Suicídio – Informando para Pre-
venir gratuitamente no site da
CARTILHA: SUICÍDIO – IN- conceito não ajuda. Afirma também Associação Brasileira de Psi-
FORMANDO PARA PRE- que doenças da mente, normalmen- quiatria (ABP) ou acessando
VENIR (2014) te associadas a casos de suicídio, são pelo QR Code abaixo.
Autoria: Conselho Federal de tratáveis, assim como qualquer ou- A cartilha também está
Medicina (CFM) e Associação Bra- tro tipo de doença. Assim, da mesma acessível, de forma gratuita e
sileira de Psiquiatria (ABP) forma que o médico que cuida do digital, no seguinte endereço
Ano: 2014 coração é o cardiologista e o médico eletrônico: abp.org.br.
que trata dos hormônios é o endocri-
Sinopse: A cartilha Suicídio – In- nologista, o que cuida das doenças
formando para Prevenir foi produ- mentais é o psiquiatra.
zida pela Associação Brasileira de A consulta é igual à de qualquer
Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho outro médico, independentemente
Federal de Medicina (CFM) e fez parte de sua especialidade. Desta forma,
da campanha de prevenção ao suicí- o psiquiatra entrevista a pessoa e es-
dio promovida por estas instituições tuda seus sintomas. Diagnosticando
em 2014. A parceria traz, em uma a doença, procura saber se já houve
linguagem simples e direta, informa- pensamento, intenção ou tentativa
ções que você precisa saber a respei- de suicídio, podendo solicitar exa-
to do suicídio. mes e indicar tratamento farmacoló-
O interessante é que o material gico e/ou psicoterápico. A cartilha é
defende e incentiva a conscientiza- bem didática, ilustrativa e orienta a
ção das pessoas e ensina que o pre- prevenção ao suicídio.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 37


CARTILHA: FALANDO SO-
BRE A VIDA - PREVEN-
ÇÃO AO SUICÍDIO (2019)
Autoria: Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios (MP-
DFT)
Ano: 2019

Sinopse: A cartilha coloca no ACESSE


papel um projeto de prevenção ao A cartilha Falando sobre a Vida
suicídio desenvolvido pelo Ministé- - Prevenção ao Suicídiopode
rio Público do Distrito Federal e Ter- ser acessada pelo QR Code
ritórios (MPDFT) na região adminis- abaixo.
trativa de Brazlândia/DF em 2019. O
documento defende a construção e
a integração de uma Rede de Prote-
ção à Vida na região por meio da co-
operação entre profissionais da edu-
cação, da saúde, da segurança, além
da participação da comunidade.
O material aborda também infor-
mações para identificação de fatores
de risco e para a conscientização e
valorização do direito à vida.

38 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


1.4. O SUICÍDIO DE lo famoso é tão grande que, após
FAMOSOS acontecimentos desse tipo, alguns
ocê sabia que fãs chegam a tentar ou mesmo mor-
há estudos in- rer por suicídio. Geralmente, isso
dicando que acontece com fãs obcecados pela
o suicídio de celebridade, como pessoas que se
uma pessoa comportam e se vestem como ela.
afeta direta- Esse fenômeno é conhecido como
mente e negati- “efeito de contágio”, “efeito Werther”
vamente a vida ou “suicídio por imitação”.
de mais de 100 A forma adequada de contar so-
pessoas? Em bre um caso de suicídio para outra
outras palavras, quando uma pessoa pessoa pode representar um fator
se mata, pelo menos outras 135 pes- de proteção, reduzindo o número
soas ficam em estado de sofrimento. de tentativas e de suicídios. Para que
Contudo, se estamos diante do isso ocorra, é preciso falar de manei-
suicídio de uma pessoa famosa, esse ra responsável, sem sensacionalismo
número aumenta. Isso porque as e sem enaltecer o ocorrido como um
pessoas famosas são admiradas e ato heroico ou como uma solução
fontes de inspiração para seus fãs. O de problemas. Além disso, é preciso
ato do suicídio daquela pessoa mexe ressaltar que há outras possíveis ma-
com quem se identifica com ela, ain- neiras de se enfrentar situações difí- portamentos autolesivos e os locais
da que esse alguém nunca tenha co- ceis, como buscar tratamento para onde são ofertados tratamentos.
nhecido a pessoa de perto. os transtornos mentais, assim como Pessoas que estão pensando em
Às vezes, o sentimento de ad- citar alguns sintomas dos principais suicídio podem ser orientadas sobre
miração e identificação com o ído- transtornos relacionados aos com- a melhor forma de pedir ajuda.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 39


2.
SINAIS DE

ALERTA E
PREVENÇÃO

40 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


2.1. COMO IDENTI-
FICAR OS SINAIS DE
ALERTA EM VOCÊ OU
EM SEU AMIGO
lguns adolescentes
procuram disfarçar
seus sentimentos e
emoções quando es-
tão passando por al-
guma situação difícil
e estressante. Em al-
guns casos, eles não
querem causar mais
problemas aos seus amigos ou à sua
família e preferem lidar com a situ-
ação sozinhos. Em outros, apenas
sentem vergonha de expor sua inti-
midade, tendendo ao isolamento.
A consequência disso é que, com
o tempo, a situação pode se tornar
intolerável, a ponto de o adolescente
entrar em um estado de sofrimento
progressivo. E à medida que esse so-
frimento aumenta, cresce também o
risco de desenvolver comportamen-
to autolesivo.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 41


Listamos a seguir alguns sinais
que podem identificar comporta- - “A minha vida não tem • Achar que, se morrer, nin-
mentos autolesivos e a ideação sui- mais sentido” guém vai sentir sua falta ou
cida em adolescentes. - “Só sinto um grande vazio” notar alguma diferença;
- “Eu queria dormir para
• Achar que ninguém pode
LISTA DE SINAIS DE sempre”
ajudar para a solução de seu
ALERTA DE VIOLÊNCIA
AUTOPROVOCADA
• Perdas recentes e rompimen- problema;
to de vínculos afetivos (faleci-
• Ansiedade e tristeza intensas; • Acharque seus problemas
mentos, perdas de oportuni-
não têm solução;
• Apatia; dade ou de autoestima);
• Alteração do peso (ganho ou
• Indiferença e dificuldades • Perda do interesse por ativi- perda);
nas relações interpessoais; dades que antes praticava e
gostava; • Alteração do padrão de sono
• Isolamento social; (dormir muito ou pouco ou
• Mudanças bruscas de com-
• Roupas de frio usadas em pe- trocar a noite pelo dia);
ríodo de calor;
portamento; • Piorar o rendimento escolar;
• Frases de alerta, como: • Irritação e agressividade sem etc.
motivo aparente;
- “Preferia estar morto”
- “Não aguento mais”
• Tédio frequente;
- “Sou um peso na vida dos • Achar que é um problema
outros” para todos ao redor;
- “Os outros serão mais feli- • Cicatrizes,
cortes, arranhões
zes sem mim” e hematomas;

42 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Embora os alertas citados acima
sejam fundamentais para identificar
e prevenir os atos de violência auto-
provocada, a melhor forma de des-
cobrir se o adolescente se machuca,
pensa em se machucar, pretende ou
pensa em se matar ainda é pergun-
tando isso diretamente a ele.
Lembre-se: falar sobre suicídio
ou automutilação de forma cons-
ciente é importante! A conversa
responsável sobre o assunto com a
pessoa em estado de vulnerabilidade
não aumenta o perigo de que ela pra-
tique comportamentos autodestruti- Conheça os três tipos de habilida-
vos. Pelo contrário, essa pessoa ficará des fundamentais para essa hora:
mais aliviada em dividir o que está
sentindo e menos preocupada com o 1. Saber como perguntar.
que vão pensar se ela procurar trata- 2. Saber o que perguntar.
mento. Isso reduzirá a possibilidade 3. Saber em qual momento per-
de comportamentos autolesivos. guntar.
Então, a pergunta é: como abor-
dar o adolescente para identificar ou NAS PRÓXIMAS PÁGINAS,
confirmar os sinais indicadores de VOCÊ ENCONTRA MAIS
DETALHES SOBRE CADA UMA
um comportamento autolesivo? DESSAS HABILIDADES.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 43


O QUE PERGUNTAR?
A maneira como se deve pergun-
tar ao adolescente é fundamental.
Isso porque, se as perguntas não fo-
rem realizadas de forma adequada e Algumas das perguntas são:
responsável, a conversa pode piorar
a situação na qual ele se encontra. PERGUNTAS INDIRETAS:
No entanto, não há uma fórmu- 1. Você está triste?
la mágica. O recomendado é que a 2. Há algo que está preocupan-
abordagem seja a mais cautelosa e do você?
acolhedora possível, de modo a não 3. Você se sente sozinho?
alterar o estado emocional já fragili- 4. Você acha que alguém se pre-
zado do colega. ocupa com você?
Desse modo, são recomendadas 5. Se a morte viesse, ela seria
perguntas mais “leves” no início, sem bem-vinda?
abordar o problema diretamente e
chegando até o assunto gradativa-
mente. No decorrer das perguntas, PERGUNTAS DIRETAS:
esteja atento e demonstre interesse 1. Você já se automutilou ou
e preocupação com o problema ou atualmente se automutila?
com a situação que está incomodan- 2. Você já pensou ou tem pensa-
do. Procure se colocar no lugar do do em morrer?
outro, não fazer julgamentos ou tirar 3. Você já pensou ou tem pensa-
conclusões precipitadas dos relatos do em acabar com sua vida?
e, especialmente, oferecer apoio.

44 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


COMO PERGUNTAR?
Depois que seu amigo ou colega
já estiver no assunto, seja objetivo e
claro para que não reste nenhuma
dúvida acerca do risco.

Aqui, podemos destacar as se-


guintes perguntas:

1. Há algo incomodando ou ti-


rando seu sono atualmente?
2. Você já se agrediu intencio-
nalmente?
3. Você atualmente se agride in-
tencionalmente?
4. Você já pensou em se matar?
5. Você já tentou se matar?
6. Você planeja se matar? Plane-
jou uma data para isso?
7. Você tem meios para se matar?

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 45


EM QUE MOMENTO PER-
GUNTAR? 1. Quando a pessoa sentir que
Qual é o momento certo para que pode confiar em você e que
tais perguntas sejam feitas? Saber você o acolherá e compreen-
escolher o momento propício para derá o seu problema;
abordar o adolescente é essencial 2. Quando a pessoa se sentir
para evitar que o estado emocional confortável em expor os seus
do seu colega ou amigo piore e que sentimentos;
o risco de uma violência autoprovo- 3. Quando a pessoa decidir
cada aumente. pedir ajuda, mas não souber
Momentos mal escolhidos para a como expressar ou tiver ver-
abordagem podem constranger, irri- gonha de falar abertamente
tar ou entristecer ainda mais o ado- com você sobre sua situação;
lescente, assim como minimizar as 4. Quando a pessoa apresen-
chances de ele procurar por ajuda e tar um comportamento evi-
tratamento. Além disso, é importan- dente de que está se agredin-
te destacar que você deve procurar do ou buscando o suicídio.
um local adequado, com o mínimo
de privacidade, e ter tempo neces-
sário para que a conversa possa fluir.
A seguir, listamos alguns exem-
plos de momentos considerados
adequados:

46 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Cabe aos amigos, aos familiares e
à comunidade, de uma forma geral,
identificar sinais de alerta, mas nem
sempre esses sinais são fáceis de per-
ceber. SEMPRE que houver suspeitas
de risco de comportamento autolesi-
vo, a família deve ser comunicada, e
o adolescente deve ser encaminha-
do para tratamento especializado.
Se seu amigo demonstrar algum
sinal de alerta, você não deve pro-
meter nem guardar segredo. Conte
para um adulto em que você confie.
Caso esse adulto não possa ajudar,
procure outro. Além disso, convença
o seu amigo a buscar uma consulta
médica e se ofereça para ir com ele.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 47


48 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
2.2. FATORES QUE AU- A seguir, citamos alguns dos prin-
MENTAM O RISCO DE cipais fatores de risco para os ado-
SUICÍDIO E DE AUTO- lescentes (ABREU et al., 2010; OMS,
MUTILAÇÃO EM ADO- 2014).
LESCENTES
Tentativa prévia de suicídio
s causas que levam um
É o fator de risco mais importante.
adolescente a pensar
Estudos indicam que o adolescente
em suicídio e automu-
que já tentou o suicídio tem muito
tilação são as mais va-
mais chances de fazer outra tentati-
riadas possíveis e estão
va em comparação com aquele que
relacionadas a fatores
nunca tentou.
psicológicos, biológi-
cos, genéticos, cultu-
Transtornos mentais
rais, sociais e ambien-
Um dos principais fatores de risco
tais, dentre outros. Tais fatores são
para comportamentos autolesivos é
conhecidos como fatores de risco por
a presença de transtornos mentais.
aumentarem os riscos de ocorrência
Dentre eles, a depressão ocupa lugar
da violência autoprovocada.
de destaque.
Na prática, até a automutilação e/
A depressão é um transtorno
ou o suicídio acontecerem, diversos
mental determinado por múltiplas
fatores de riscos vão se acumulan-
causas, caracterizado por alterações
do ao longo da trajetória de vida do
químicas, psicológicas e sociais. Um
adolescente. Quanto mais os fatores
jovem pode ter uma vida aparente-
de riscos interagirem entre si, maior
mente boa e, mesmo assim, estar
será a probabilidade de o adolescen-
com depressão. É preciso estar aler-
te se machucar ou tentar se matar.
ta aos sinais e aos fatores de risco,

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 49


como traumas e maus-tratos. o emocional abalado e, consequen-
Caso suspeite que você sofre de temente, com sua capacidade de re-
depressão ou de algum outro trans- solver problemas reduzida, o jovem
torno mental, procure um médico. pode acreditar que a única solução
Recomende o mesmo para seu ami- seja o comportamento autolesivo.
go ou algum familiar que demonstre Contudo, vimos que comportamen-
que algo não vai bem. to autolesivo não é uma solução.

Histórico familiar e genético Bullying e cyberbullying


O risco de suicídio ou de automuti- O bullying é a prática de agressão
lação aumenta se o adolescente possui física ou psicológica (ameaça) come-
membros de sua família com compor- tida, de forma habitual e repetitiva,
tamento autolesivo ou suicida. Estudos com a intenção de intimidar outra
demonstram que há componentes ge- pessoa. O comportamento é muito
néticos e ambientais envolvidos que comum entre adolescentes e provo-
favorecem o desenvolvimento desses ca danos — algumas vezes irreversí-
comportamentos em outros familiares. veis — à saúde mental e à integridade
física. Já o cyberbullying é o bullying
Agressividade familiar realizado por meio das tecnologias
Maus-tratos, abuso físico e sexual, digitais. As agressões ocorrem geral-
xingamentos e outras agressões co- mente por meio de mídias sociais,
metidas pelos pais ou familiares con- plataformas de mensagens e jogos
tribuem significativamente para que online. Estas práticas podem deses-
o adolescente fique suscetível à vio- truturar o emocional e o psicológico
lência autoprovocada. Um ambiente do adolescente, aumentando o risco
hostil e conflituoso perturba o emo- de desenvolver algum comportamen-
cional do adolescente. Uma vez com to autolesivo.

50 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


SAIBA MAIS
OUTROS TRANSTOR-
NOS
Além da depressão, existem
também outros transtornos
mentais mais associados ao
comportamento suicida. São
eles: transtorno bipolar, trans-
tornos relacionados ao consu-
mo de álcool e outras substân-
cias e esquizofrenia. O risco é
maior com a associação entre
duas condições, como no caso
de uma pessoa com depressão
e dependência de álcool.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 51


Fatores sociais Fatores estressores crônicos e
Quanto maiores forem os laços so- recentes
ciais do adolescente, menores serão os Fatores estressores abalam e de-
riscos de autolesão. Quanto mais pes- sestruturam o emocional do adoles-
soas participarem da vida social desse cente e fazem com que ele cogite,
adolescente, maiores serão as chances prepare, tente ou realize o ato de
de conseguir ajuda, caso necessite. suicídio. Alguns exemplos que pode-
As interações com outras pesso- mos citar são: a separação dos pais,
as são importantes para desenvolver o afastamento de um amigo, a perda
habilidades socioemocionais, favo- de um ente querido, o término de
recendo o autocontrole, a esperança, um relacionamento amoroso, a mu-
a alegria, o ânimo e outros fatores de dança de colégio, o bullying escolar,
proteção. o cyberbullying, o recolhimento em
abrigos (acolhimento institucional),
Impulsividade assim como qualquer forma de abu-
Por mais bem planejado que seja, so (sexual, emocional ou físico) e a
pode-se dizer que o ato de suicídio negligência.
ainda é também um ato impulsivo É importante mencionar que a ex-
(motivado por sentimentos negati- posição crônica ao estresse aumenta
vos). O indivíduo que quer se matar a susceptibilidade da manifestação
passa por “altos e baixos. Em um ins- de psicopatologias e que uma rea-
tante de maior sofrimento, a pessoa ção crônica de estresse geralmente
pode fazê-lo por um impulso repen- vem com um “aditivo”. O estresse, em
tino que vem à sua cabeça. O uso de níveis elevados, tende a impulsionar
álcool ou outras drogas pode inten- o surgimento de algum transtorno
sificar a impulsividade e aumentar o mental.
risco de suicídio.

52 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


2.3. O QUE PODE SER
FEITO PARA EVITAR
O SUICÍDIO E A AU-
TOMUTILAÇÃO
ções para pre-
venir os com-
p o r ta m e n to s
autolesivos são
necessárias. Es-
sas ações con-
sistem em es-
tratégias para
identificar os
fatores de risco envolvidos e para re-
conhecer os pedidos de ajuda.
Mídias sociais, como o Facebook
e o Instagram, podem ser excelentes
parceiras na adoção de estratégias
de prevenção eficazes. Assim, o uso
adequado de ferramentas virtuais
possibilita a divulgação correta de
informações a respeito do problema
e incentiva a conscientização social.
O psicólogo ou terapeuta exer-
ce um papel essencial na preven-
ção do suicídio e da automutilação.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 53


Isso porque a regularidade de um
acompanhamento psicológico faci-
lita a identificação de pensamentos
e comportamentos disfuncionais, SAIBA MAIS
além de favorecer o autoconheci-
mento e o desenvolvimento de ha-
bilidades socioemocionais, como SETEMBRO AMARELO
autocontrole, empatia e resiliência. A campanha de prevenção
A psicoterapia contribui para ao suicídio tem mobilizações
que o jovem aprenda a lidar com nacionais durante o “Setem-
conflitos internos e externos, o que é bro Amarelo”, criado em 2014
um importante fator de proteção. pela Associação Brasileira de
A família também tem uma rele- Psiquiatria e pelo Conselho
vante participação na promoção de Federal de Medicina. A ideia é
saúde mental. Um ambiente harmo- conscientizar a população so-
nioso e afetivo para o adolescente di- bre fatores de risco e orientar
minui os riscos de comportamentos para o tratamento adequado
autolesivos. dos transtornos mentais.

54 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


2.4. PREVENÇÃO AO principalmente se você está passan-
SUICÍDIO E À AU- do por algum momento difícil ou está
TOMUTILAÇÃO POR se sentindo mal por alguma razão.
MEIO DA INTERNET É possível assumir uma pos-
internet tem tura preventiva, se antecipan-
um imenso do a qualquer fator de risco.
potencial tan- Pare e reflita sobre o que
to para pre- você está vendo. Veja se
venir quanto vale a pena ou não seguir
para incenti- determinadas pessoas
var o suicídio em redes sociais. Procu-
e a automu- re saber se determinado
tilação (SCA- site contém mensagens e
VACINI; CORNEJO; CESCON, 2019a). discursos de ódio e evite
Focaremos aqui nas medidas de publicações de conteúdos
prevenção que podem ser propicia- prejudiciais.
das pelo meio digital. É necessário que você
A mais simples e lógica delas é tenha consciência de que a
selecionar o conteúdo que você quer seleção correta do conteúdo
ver. Quando estamos conectados, que você irá ler, ver ou escutar
temos acesso aos mais variados as- pode influenciar o seu humor.
suntos. Podemos ver praticamente Um conteúdo saudável, que
qualquer tipo de imagem ou vídeo incentive a fazer o bem e a aju-
de nosso interesse. Conteúdos que dar o próximo, ajuda a melho-
incentivam a violência contra si e con- rar a sensação de bem-estar da
tra o próximo precisam ser evitados, pessoa. Fique atento e tente se

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 55


concentrar em conteúdos positi-
vos, que transmitam mensagens de
valorização da vida, de esperança,
solidariedade e união.
Caso você tenha acesso a algum
conteúdo nocivo, descarte. Não
compartilhe e, se necessário, de-
nuncie. Por exemplo: se um amigo
seu enviar um vídeo contendo uma
agressão a pessoas ou a animais, um
acidente ou um ritual de suicídio, de- SAIBA MAIS
cida não abrir. Oriente seu amigo a
não mais assisti-los e, principalmen-
ALERTAS DE GATILHO
te, a não enviar para outras pessoas.
Os trigger warnings são avisos
Uma informação muito importan-
prévios sobre conteúdos que
te: quando você encontrar um site
podem desencadear crises ou
com um trigger warning (alerta de ga-
intensificar problemas já exis-
tilho), pense bem antes de acessá-lo.
tentes ou transtornos mentais.
Na dúvida, não o acesse (não vale a
A ideia é trazer esses avisos an-
pena o risco!), pois o conteúdo desse
tes de séries, filmes ou textos,
site pode causar algum sofrimento a
apontando que aquele conte-
você. Pode ser que isso estimule al-
údo conterá cenas de abuso
gum comportamento suicida ou de
sexual, suicídio ou automutila-
automutilação. Portanto, se estiver
ção, por exemplo.
em dúvida, evite tal exposição.

56 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Imaginamos que você seja um
saúde (mande um e-mail ou • Não abuse do tempo que você
adolescente que tem o hábito de
acesse a aba “Fale Conosco” usa para ficar na internet. Faça
acessar a internet. Por isso, vamos
descrita no site). uma pausa para se conectar
citar alguns cuidados que você deve
tomar para que se previna e ajude ou-
• Crie grupos e comunidades com o mundo lá fora. Sociali-
virtuais com pessoas que in- ze! Aproveite as pessoas próxi-
tras pessoas a evitar comportamen- mas a você!
fluenciam outras positivamen-
tos autolesivos.
te e que gostam de ajudar o
próximo. Convidamos você a aplicar essas
• Pense bem antes de publicar • Denuncie aos sites publica- dicas no seu cotidiano e a comparti-
qualquer conteúdo na inter- lhar essas ideias com seus amigos e
ções que sejam estranhas ou
net. Esse conteúdo pode ser colegas. Refletir sobre o seu compor-
suspeitas.
inadequado ou mal interpreta- tamento online e evitar conteúdos
do, e isso pode prejudicar você
• Evite ler e denuncie comen-
tários negativos, tóxicos ou nocivos são atitudes que podem tra-
ou outras pessoas. zer mudanças positivas.
criminosos que incentivem a
• Aprenda o que se deve postar raiva, o ódio e a discriminação
e o que não se deve postar so-
entre as pessoas em redes so-
bre você ou sobre outras pes-
ciais ou em quaisquer outros
soas no mundo digital.
sites.
• Peça ajuda a alguém quando • Não publique conteúdo ou
se sentir sufocado ou aflito
compartilhe publicações e
(use aplicativos como Face-
fotos que exponham e ridicu-
book, Instagram e WhatsApp).
larizem seus amigos e cole-
• Se a situação pela qual está gas. Você pode se arrepender
passando está intolerável, e, depois de “cair na rede”, o
peça ajuda a alguma insti- conteúdo não tem mais volta.
tuição pública ou privada de

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 57


3.
MEDIDAS DE

PROTEÇÃO

58 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


3.1. COMO REAGIR A
UMA POSSÍVEL SITU-
AÇÃO DE RISCO
aso você identifique
um amigo em uma
situação de risco,
não tenha medo de
conversar sobre o as-
sunto. Falar sobre o
suicídio não faz com despedida, ou se a pessoa já decidiu
que a pessoa pense a forma como fará, observando se
no assunto e resolva ela tem fácil acesso aos meios letais.
se matar. Muitas vezes, acontece o Caso ela tenha, busque retirar esses
contrário: a pessoa já está pensan- objetos de circulação. É importante
do ou planejando e acha que não também afastá-los de lugares poten-
tem com quem conversar. Deixe a cialmente perigosos.
pessoa se expressar livremente e te- As três principais recomenda-
nha uma atitude tranquila, recepti- ções em caso de risco de suicídio
va, sem julgamentos. Normalmente, são:
esse tipo de atitude é suficiente, em 1. Não deixar a pessoa sozinha até
um primeiro momento, para reduzir que ela esteja em segurança;
a ansiedade de quem está com pen- 2. Afastá-la de todos os meios pe-
samento suicida. los quais ela possa fazer uma ten-
Converse e verifique se há um tativa de suicídio;
plano e qual é o risco. Veja se foi feita 3. Procurar um médico imediata-
alguma preparação, como carta de mente.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 59


PEDINDO AJUDA
Caso você esteja preocupado
com um amigo, conte para um SAIBA MAIS
adulto! É muito comum os ado-
lescentes conversarem com seus
MENSAGENS DE DES-
amigos sobre suas angústias. En-
PEDIDA
tretanto, muitas vezes eles não
É muito importante que você pres-
possuem todos os recursos para
te atenção se o seu amigo está
lidar e ajudar da melhor forma.
tendo um comportamento de
Por isso, é essencial que você despedida, se ele está deixando
mantenha a calma, escute seu sinais ou “rastros” de que tentará
amigo e procure um adulto de o suicídio. Suspeite se o seu amigo
sua confiança para ajudar a pro- está enviando mensagens (texto,
tegê-lo. áudios, vídeos) que soem como
um “adeus” para você ou seus fa-
Caso você conheça a família miliares. Suspeite também se ele,
do seu amigo e sabe que eles po- sem qualquer razão especial, co-
dem ajudar, não deixe de comu- meça a planejar com você coisas
nicar o fato a algum dos familia- que nunca havia planejado antes,
res de confiança para que, assim, mas que sempre teve vontade de
todos possam se unir e ajudar. É fazer. Desconfie e redobre a aten-
importante que eles possam for- ção para saber se ele está tentando
talecer os vínculos familiares e, obter meios para tentar suicídio ou
assim, tornar o lar um ambiente se está fazendo doação de objetos
agradável para se viver. de considerável valor sentimental.

60 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Como vimos, um dos principais fa-
tores de risco é já ter tentado suicídio.

Por esse motivo, avalie a existência de 

tentativas anteriores, o método utili-    
zado e a gravidade da tentativa. Esses 
 
dados são importantes para pensar
em uma proteção mais eficiente. Atos
de automutilação também devem ser
avaliados, pois podem contribuir para  
o suicídio.    

   

APRENDENDO A LIDAR COM 
PROBLEMAS 

Por vezes, situações da nossa vida


cotidiana são fatores que precipitam
o suicídio. Confira alguns exemplos 
dessas situações:     
    



­   
 
  


Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 61


Adolescentes LGBT apresentam
maior risco de suicídio, uma vez que
estão mais sujeitos a estressores psi-
cossociais, como o bullying, além de
terem maior dificuldade de autoacei-
tação e apresentarem maiores taxas de
transtornos mentais, como depressão
e transtornos alimentares.
Algumas características pessoais
costumam estar associados a altos
níveis de intenção suicida, como per-
feccionismo, autocrítica aumentada,
impulsividade e afetos negativos (ver
Afetos Intoleráveis no Quadro 1),
como culpa, desesperança, desespe-
ro, raiva, humilhação e vergonha.

62 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


QUADRO 1 - AFETOS IN- Desta forma, é muito importante
TOLERÁVEIS o jeito que você, seus amigos ou ou-
Dor psíquica intensa expe- tros adolescentes enfrentam esses
rimentada pela pessoa como problemas. Ajudar a encontrar solu-
algo intolerável, interminável e ções para os problemas ou encará-
inescapável. -los de outra maneira é fundamental.
• Desesperança A capacidade de resolver proble-
mas, de se acalmar e de expressar
• Sentimentos de abandono
suas vontades e sentimentos de
• Vergonha forma adequada pode diminuir o
• Desespero impacto de uma dificuldade. Isso
contribui para que os problemas não
• Humilhação pareçam tão grandes ou sem solu-
• Raiva ção. Nem sempre temos essas capa-
• Ansiedade severa cidades bem desenvolvidas. Mas a
boa notícia é que podemos aprender
• Desamparo a desenvolvê-las!
• Solidão Resolução de problemas é uma
habilidade que aprendemos na in-
• Culpa
fância e desenvolvemos ao longo da
vida. Ter bons exemplos, ver pessoas
lidando com problemas e gerando
soluções contribui muito para isso.
Podemos aprender essa habilidade
também seguindo as etapas do mo-
delo da próxima página.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 63


1. ACALME-SE E TENTE DIS-
CERNIR
Você pode fazer uma lista por es-
crito dos problemas. Para isso, pre-
cisará definir o número, a importân-
cia dos problemas e a urgência em
resolvê-los. Faça um resumo lendo
novamente a lista.

2. ESCOLHA UM ALVO
Organize uma lista priorizando
os problemas. A cada problema re-
solvido, elimine-o da lista. Elimine
também problemas sobre os quais
você não tem controle ou que não
podem ser resolvidos por você.
Os problemas que restaram de-
vem ser divididos em duas catego-
rias, considerando-se a urgência:
• Problemas que precisam ser re-
solvidos em curto prazo, de for-
ma mais imediata;
• Problemas que podem ser resol-
vidos em médio e longo prazos.

64 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Coloque em ordem de priorida- 5. SELECIONE A SOLUÇÃO
de de acordo com sua importância MAIS RAZOÁVEL
ou urgência. Elimine de sua lista as soluções
que não são realistas, úteis ou que
3. DEFINA O PROBLEMA podem trazer mais problemas do
CLARAMENTE que resolver a questão.
Quando os problemas são defi- Escolha a solução que parecer
nidos de forma clara, fica mais fácil mais viável para evitar comporta-
encontrar soluções. Você deve se mentos de risco. Avalie as vantagens 7. AVALIE O RESULTADO E
expressar de maneira que outras e desvantagens de cada uma. Nor- REPITA AS ETAPAS, SE NE-
pessoas compreendam o que está malmente, a melhor opção se torna CESSÁRIO
acontecendo. evidente. Por fim, converse com um As soluções, às vezes, falham.
adulto da sua confiança sobre sua Podem ocorrer imprevistos. Revise
4. GERE SOLUÇÕES
decisão. o plano, discuta com alguém o que
Existem muitas formas de se resol- poderia fazer diferente e, se for ne-
ver o mesmo problema. Em geral, as 6. IMPLEMENTE O PLANO cessário, tente de novo.
pessoas ficam presas à primeira solu-
Depois de escolher a melhor so-
ção encontrada, mas ela pode não ser DICA
lução, pense em quais podem ser os
viável, prática e eficaz. Tente ser criati-
obstáculos encontrados. Desenvolva Está com dificuldade para
vo ao buscar outras soluções.
um plano para amenizar ou enfrentar seguir algum destes passos ou
Vale fazer uma “tempestade” de
as adversidades. Conte com a ajuda para encontrar soluções? Você
ideias, pesquisar em livros e na inter-
de um amigo ou de um adulto de sua pode tentar trocar ideias com
net. Ou considerar não resolver o pro-
confiança! um adulto da sua confiança.
blema e aprender a conviver com ele!
Possivelmente vocês encon-
trarão uma solução adequada
para o momento.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 65


Como vimos, enxergar os proble- O tipo mais conhecido é a ten-
PARA LEMBRAR
mas de uma outra perspectiva pode dência a fazer coisas sem refletir pre-
Etapas para resolução de pro- ajudar muito no enfrentamento da viamente sobre suas consequências.
blemas situação. Outro ponto muito impor- Outro tipo de impulsividade comum
1. Tente se acalmar (ex. use tante é pedir ajuda quando precisa- é a tendência a agir no presente por
técnicas de respiração, entre mos, seja para amigos, familiares ou causa de emoções negativas inten-
em contato com a natureza) e professores. Essa é uma atitude mui- sas. Ou seja, queremos nos livrar o
identifique o problema. to inteligente. mais rápido possível de sentimentos
2. Entenda o problema. Em vez de gastar tanto tempo ou problemas.
3. Proponha soluções. tentando resolver sozinhos as di- Na adolescência, algumas fun-
4. Identifique as soluções vi- ficuldades, podemos contar com ções da mente ainda não estão ple-
áveis. a ajuda e com o aconselhamento namente desenvolvidas, e temos a
5. Dentre as soluções viáveis, de outras pessoas. Desta forma, tendência a apresentar maior impul-
escolha a mais adequada podemos facilitar o nosso caminho. sividade em comparação com outras
para o momento. Além disso, é uma oportunidade épocas da vida. Naturalmente, com
6. Estabeleça as ações a im- para aprender com a experiência de a maturação de alguns circuitos ce-
plementação da solução. outras pessoas da nossa idade ou rebrais, o adolescente passa a apre-
7. Avalie o resultado e, caso mais velhas. sentar um maior controle de suas
necessário, pense em alterna- Agir de forma impulsiva, sem emoções e da impulsividade.
tivas. refletir sobre as consequências, é O senso de responsabilidade e a
um fator que pode colocar em risco preocupação com a família podem
tanto a nós mesmos como a nossos representar fatores de proteção para
amigos. Existem diversos tipos de você ou seu amigo. Saber que a sua
impulsividade, mas precisamos pen- falta causa um impacto negativo
sar naqueles que mais acontecem. muito grande na família pode ajudar
a lidar com o comportamento suici-

66 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


da. Ter crianças pequenas na famí-
lia, como irmãos, pais atenciosos e
apoio em situações de necessidade
também pode representar uma gran-
de ajuda.
Os relacionamentos com diver-
sos grupos sociais, como colegas,
amigos e vizinhos são de fundamen-
tal importância. Portanto, busque
desenvolver relações saudáveis, par-
ticipar de grupos com os quais você
se identifique. Lembre-se: quanto
melhores suas relações, melhor a
sua qualidade de vida.
A religião e a fé também podem
ser fatores relevantes, pois aderir a
valores e normas socialmente com-
partilhados tem provado ser um fa-
tor de proteção. Da mesma forma,
grupos esportivos e culturais exer-
cem uma influência positiva. Se você
já pertenceu a algum desses grupos
e está afastado, avalie como pode re-
tomar sua participação.
O seu projeto de vida —  aquilo

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 67


que você planeja fazer
em pouco tempo, em
um tempo médio e em
um futuro mais distante
—  pode ser relembrado
para vários aspectos: fami-
liar, profissional, acadêmico
e amoroso. Se você ainda não
pensou sobre isso, outro fator
de proteção é refletir sobre o tratégias para lidar com as situações
que é importante para você e estressantes.
quais sãos seus sonhos. Em momentos de maior angústia
Você gostaria de ter filhos? e risco, você ou seu amigo podem
Gostaria de se casar ou não? utilizar um plano de segurança. É
Pretende trabalhar em al- algo que você pode ter sempre em
guma área específica? Que um local de fácil acesso. Trata-se de
profissão gostaria de ter? um documento feito por você e que
Onde gostaria de viver? pode ser levado em sua bolsa, em sua
Identificar razões para carteira, em seu bolso ou até mes-
viver pode ajudar a de- mo em um dispositivo eletrônico.
senvolver e escolher es- Veja um modelo na próxima página.

68 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


PLANO DE SEGURANÇA f) Repetirei para mim mesmo os seguintes pensamentos:
Nome: _______________________________________ _____________________________________________
1. O que provoca o desejo de me matar ou de me autoagredir? g) Entrarei em contato com pessoas que me dão força:
2. Como perceber que preciso dar os primeiros passos Nome: _______________________________________
para me cuidar e me manter em segurança? Telefone: _____________________________________
3. Quando eu perceber que uma dessas coisas aconte- h) Telefonarei para meu psiquiatra e para meu psico-
ceu, ou quando eu sentir que quero morrer ou me ma- terapeuta
chucar, vou fazer o seguinte: Nome:________________________________________
a) Vou afastar os meios que já usei ou possa vir a usar Telefone: _____________________________________
para me machucar. 4. Coisas pelas quais vale a pena continuar vivo:
b) Também pedirei para alguém em quem confio me aju- _____________________________________________
dar nisso: _____________________________________________
_____________________________________________ _____________________________________________
c) Vou tentar relaxar por meio de: _____________________________________________
_____________________________________________ Data:_______/________/________
d) Farei alguma atividade física, por exemplo: 5. Assinaturas: paciente, psiquiatra, pais:
_____________________________________________ _____________________________________________
e) Desviarei minha atenção por meio de: _____________________________________________
_____________________________________________ _____________________________________________
Fonte: Botega, 2015, p.173.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 69


SAIBA MAIS
CONHEÇA OS FATORES
DE PROTEÇÃO CONTRA
O SUICÍDIO:
• Vida social e lazer;
• Senso de responsabilidade
com a família;
• Disposição para buscar ajuda;
• Capacidade de solucionar
problemas;
• Laços sociais estabelecidos;
• Bom suporte familiar;
• Crenças religiosas, culturais
ou étnicas;
• Disposição para buscar conse-
lho sobre decisões importantes;
Os fatores de proteção contra o
suicídio geralmente contribuem para • Habilidade para se comunicar;
uma vida saudável e de boa qualida- • Disponibilidade de serviços
de. Portanto, busque fortalecer os de saúde mental;
fatores de proteção. Isso vai tra- • Capacidade de fazer uma boa
zer conforto e bem-estar. avaliação da realidade.

70 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


3.2 COMO PEDIR AJU- Instagram
DA E CONSEGUIR TRA- Ao pesquisar sobre o tema com
TAMENTO a hashtag #suicídio, aparecerá uma
internet é uma nova tela mostrando publicações
efetiva ferramenta com as palavras ou tags pesquisa-
para se obter ajuda das. Contudo, algumas dessas publi-
ou para ajudar al- cações podem incentivar ou induzir
guém. comportamentos autodestrutivos,
Em diversas pla- os quais podem levar à morte.
taformas, há algu-
mas opções, como:

Facebook
Ao clicar nos três pontinhos no
canto superior direito de uma pu-
blicação, aparece a opção “Obter
apoio” ou “Denunciar a publicação”.
Em seguida, aparece a opção de se-
lecionar um problema. No final da
página, há o seguinte aviso: “Se al-
guém estiver em perigo imediato,
ligue para o serviço de emergência
local. Não espere”.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 71


Na opção “Fale com um ami-
go”, existe um incentivo para
enviar uma mensagem ou
ligar para alguém em quem
você confia com a sugestão de
dizer: “Estou passando por um
momento difícil e gostaria de
conversar com você sobre isso.
Se não tiver problema para você,
por favor, me avise”.
uma caminhada, abrir uma porta ou
Na última opção, encontramos
janela para entrar ar fresco, sentar-se
coisas que outras pessoas acharam
em outro cômodo, no degrau de por-
úteis: “Procure se acalmar em meio
ta ou até mesmo virado para outra
a uma crise”, “Mude de ambiente” e
direção.
“Cuide-se”.
Em “Cuide-se”, há incentivo para
Em “Procure se acalmar”, pode-
cuidar de suas necessidades físicas,
mos encontrar sugestões de não
como beber um copo de água fres-
tomar nenhuma decisão impor-
quinha, fazer uma refeição ou um
tante por 24 horas e entrar em
lanche nutritivo e fazer alguma coisa
contato com alguém que pos-
que ajude a relaxar: tomar um banho
sa distraí-lo. Em “Mude de
ou descansar um pouco.
ares”, há o encorajamento a
sair um pouco e experimen-
Twitter
tar isso por 10 minutos, fazer
Existe a opção de denunciar um
tweet quando ele manifesta inten-
ções de automutilação ou suicídio.

72 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


3.3 O QUE FAZER DIAN-
TE DE UMA CRISE SUI-
CIDA?
pessoa que apresenta SAIBA MAIS
ideação suicida pode
apresentar distorções OUTRAS DICAS
nas avaliações a res- • Deixe a pessoa saber que você
peito de si e do seu está disposto(a) a ouvi-la.
contexto. Como con- • Incentive seu amigo a procurar
sequência, emoções ajuda especializada.
como medo, raiva e
• Entre em contato com a família
culpa ganham pro-
mesmo que o seu amigo não
porção maior do que realmente têm.
queira. Lembre-se: a proteção
Algumas dicas podem o auxiliar sobre
é mais importante do que a
Depois que o Twitter avalia uma de- o que fazer quando você encontra uma promessa de manter um se-
núncia desse tipo, a equipe entra em pessoa com ideação suicida. gredo!
contato com o usuário e avisa que al- Durante a abordagem da crise, lem-
guém que se preocupa com ele iden- bre seu amigo que ele já enfrentou e • Se há sinal de risco imediato,
tificou que ele poderia estar em risco. superou outras dificuldades anterior- não deixe a pessoa sozinha e
Na Central de Ajuda, há orientação acione o Serviço de Atendimen-
mente. Busque soluções junto com ele
to Móvel de Urgência (SAMU) no
de procurar ajuda o mais rápido pos- e não imponha suas ideias. Depois de
número 192.
sível em agências especializadas em ouvi-lo, sempre diga que é importante
intervenção de crise e prevenção do não estar sozinho, procurando a com- • Mantenha contato! São muito
suicídio. Há ainda orientações sobre panhia de alguém confiável até que importantes o apoio e o incen-
como identificar publicações de pes- seja atendido por um profissional da tivo dos amigos para que a pes-
soas com comportamento suicida. saúde. soa possa seguir o tratamento.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 73


Em geral, a família tem um papel
fundamental na proteção. Se você
identifica que está em uma situação Não esqueça: tratar a doença
de risco, avalie quem é a pessoa da mental que está causando o risco
família com quem você pode contar, suicida preserva muitas vidas.
em quem você confia. Pode ser mãe, Em caso de risco moderado ou
pai, madrasta, padrasto, tios, avós, grave, é necessário procurar o ser-
padrinho, madrinha ou um irmão viço de urgência imediatamente.
mais velho. Quando não for possível chegar ao
A crise suicida é uma condição atendimento de emergência por
muito grave e sempre deve ser avalia- meios próprios, deve-se solicitar
da por um médico psiquiatra. Somen- apoio do SAMU pelo número 192.
te ele poderá fazer presencialmente o Se existe condição que exija noti-
diagnóstico de um possível transtor- ficação, o Conselho Tutelar deve ser
no mental, avaliar com maior espe- informado.
cificidade o risco e orientar o melhor Vale lembrar que o Conselho Tu-
tratamento, normalmente desenvol- telar também pode oferecer grande
vido junto a uma equipe multipro- apoio em casos de violência domés-
fissional e interdisciplinar para lidar tica. Situações de violência contra
com estressores crônicos e abordar crianças e adolescentes também po-
comportamentos disfuncionais. dem ser denunciadas no Disque 100.

74 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


SAIBA MAIS
O Disque 100 pode ser
considerado como “pronto
socorro” dos direitos humanos,
pois atende situações de
violações que acabaram de
ocorrer ou que ainda estão em
curso, acionando os órgãos
competentes e possibilitando
o flagrante. O serviço
recebe, analisa e encaminha
denúncias dessas violações,
em especial em populações
vulneráveis, incluindo crianças
e adolescentes.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 75


ONDE VOCÊ PODE BUS-
CAR TRATAMENTO?
O Sistema Único de Saúde
(SUS) tem diferentes tipos de
atenção à saúde ofertadas gra-
tuitamente a todas as pessoas,
de acordo com as necessida-
des do território. É importante
destacar que é proibida qual-
quer exclusão baseada em
idade, gênero, raça ou cor,
estado de saúde, condição
socioeconômica, escolarida-
de, limitação física, intelec-
tual, funcional e outras. Na
próxima página, você pode
conferir onde buscar atendi-
mento de acordo com o risco
estimado.

76 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Risco alto de suicídio
1. Pronto atendimento psiqui- Risco moderado de suicídio
átrico; 1. Pronto atendimento psiqui-
2. Unidade de Pronto Aten- átrico; Em casos de lesões moderadas a
dimento (UPA), pronto-so- 2. UPA, pronto-socorro ou graves, como automutilação ou into-
corro ou hospital geral; hospital geral; xicações em tentativa de suicídio, deve
3. Se não for possível con- 3. Se não for possível conduzir haver necessariamente avaliação psi-
duzir a pessoa por meios a pessoa por meios próprios: quiátrica emergencial quando a pes-
próprios: Serviço de Aten- SAMU. soa retomar a estabilidade clínica.
dimento Móvel de Urgência
(SAMU). Risco leve de suicídio
1. Ambulatório especializa- Serviços que podem ser con-
Lesões de moderadas a gra- do em psiquiatria; tatados 24 horas por dia, du-
ves ou intoxicações com in- 2. Atendimento por psiquia- rante 7 dias da semana
tenção suicida tra em Centro de Atenção • Serviço de Atendimento Mó-
1. SAMU; Psicossocial (CAPS); vel de Urgência (SAMU) 192
2. Se não houver risco de 3. Unidade Básica de Saúde. • Pronto-Socorro
conduzir a pessoa até o ser-
• Centros de Atenção Psicosso-
viço de emergência: UPA ou Prática de automutilação
cial (CAPS) durante o horário
Pronto-socorro; 1. Ambulatório especializa-
de funcionamento*
3. Se não houver risco de do em psiquiatria;
conduzir a pessoa até o 2. Atendimento por psiquia- *Alguns CAPS funcionam 24 ho-
serviço de emergência: tra em CAPS; ras por dia.
Hospital geral. 3. Unidade Básica de Saúde. Fonte: SES-DF

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 77


4.
O QUE FAZER SE OCORRER

O SUICÍDIO

78 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 79
4.1. SENTIMENTOS E
ELABORAÇÃO DO LUTO
COMO LIDAR COM O SUICÍ-
DIO? a duração e a intensidade do luto, a SAIBA MAIS
uto é um processo busca incessante por motivos, a vul-
de resposta a um nerabilidade para transtornos men- CO M P O R TA M E N TO S
rompimento de tais, o uso abusivo de substâncias SUICIDAS NOS ENLUTA-
vínculo, ou seja, psicoativas, o índice de comporta- DOS
quando perdemos mento suicida nas pessoas enluta- As pessoas sobreviventes pos-
alguém ou algo sig- das e o impacto na dinâmica familiar. suem um risco maior de suicí-
nificativo na nossa Quando o suicídio ocorre, o efei- dio. Sendo assim, é importante
vida. Apesar de do- to nas pessoas em volta — família, que estas pessoas tenham um
loroso, o luto pre- amigos e comunidade — é imediato acompanhamento psicológico,
cisa ser vivenciado. Em outras pala- e traumático. Para cada suicídio, es- participem de grupos de apoio
vras, ele precisa ser elaborado. tima-se que mais de 100 pessoas se- e tenham uma rede de suporte
Existem diferenças entre o luto jam afetadas. Em geral, é uma morte de amigos e outros familiares.
devido ao suicídio e a outros tipos inesperada, quase sempre violenta e Lembre-se: é sempre possível
de morte. Essas diferenças podem chocante. pedir ajuda!
ser encontradas em aspectos como:

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É chamada de sobrevivente a
pessoa que tenha sido impactada
por essa morte, como familiares,
amigos, colegas de escola e profis-
sionais que trabalham com pessoas
que tiraram a própria vida. Muitas ve-
zes, suportar a dor e elaborar o luto é
uma tarefa bastante difícil para essas
pessoas.
O luto é vivenciado de forma sin-
gular, com duração variável. Não há
formas melhores ou piores de viven-
ciá-lo. É uma experiência pessoal
que precisa ser respeitada. O impac-
to é diverso: há impactos biológicos,
psicológicos e sociais. O que deter-

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 81


SAIBA MAIS
mina se um sobrevivente precisará Como vimos, o luto por suicídio
de ajuda profissional de um psicó- é geralmente diferente de outros ti- COMO AJUDAR UMA
logo ou psiquiatra é a duração e a pos de luto. Após o choque inicial, PESSOA PASSANDO
intensidade do luto, a manifestação podem aparecer questionamentos, PELO LUTO
de transtornos mentais, a ideação sentimento de culpa, remorso, pen- Algumas vezes, pode parecer di-
suicida e a magnitude dos prejuízos samentos repetitivos sobre o ocorri- fícil ajudar. É muito importante
biopsicossociais. do e responsabilidade. No caso dos que seu amigo saiba que tem
pais, é comum que se sintam respon- com quem contar. Por isso, esteja
BIOPSICOSSOCIAIS sáveis pelas atitudes dos filhos. Além presente. Muitas vezes as pesso-
disso, o luto por suicídio tem carac- as se cobram sobre o que dizer
Envolvem aspectos biológicos,
terísticas particulares, como duração nesses momentos, mas é funda-
psicológicos e sociais.
prolongada e, de uma forma geral, mental lembrar: escutar é essen-
maior impacto biopsicossocial na cial nesse momento, sendo mui-
vida dos sobreviventes. tas vezes tão importante quanto
Tanto o sentimento de culpa quan- falar. Mostre para seu amigo que
to o impacto da perda são potenciais você está ali para escutá-lo, per-
fatores de risco para o suicídio dessas gunte como você pode ajudá-lo e
pessoas. Portanto, é recomendado pergunte o que mais ele gostaria
que uma equipe multiprofissional que fosse feito.
acompanhe os sobreviventes.

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Neste contexto, algumas emo- Assim como algumas estratégias
ções e reações são comuns: “Ne- podem facilitar o processo de luto,
gação, choque, raiva, vergonha, outras podem ser prejudiciais. Den-
desespero, culpa, tristeza, solidão, tre as prejudiciais, podemos citar:
impotência, ansiedade, sensação de esconder a dor, evitar falar sobre a
estar anestesiado e dificuldade de morte, manter segredo sobre o tipo
acreditar que o suicídio realmente de morte, se isolar, usar substâncias
aconteceu” (VEDANA, 2018, p. 4). psicoativas e culpar a si mesmo ou a
Aqueles que presenciaram o sui- outro membro da família.
cídio ou viram a pessoa querida mor- Há outro ponto importante: a re-
ta dentro de sua própria casa terão ação de luto nos adolescentes pode
que lidar, também, com as lembran- ser muito diferente daquela encon-
ças desse momento e com pesade- trada nos adultos. Os adolescentes
los, revivendo o ocorrido. Outro fator podem apresentar uma reação pa-
comum é a irritabilidade acompa- recida com a dos adultos e podem
nhada de vazio e de sensação de também ser arredios e agressivos.
abandono. Reconhecer e expressar Alguns comportamentos podem
as emoções pode ser uma medida soar estranhos, como a recusa em
efetiva para lidar com a situação. participar de rituais de despedida ou
em falar sobre o assunto. Pode acon-
tecer também que o jovem recuse
EMOÇÕES COMUNS NOS
SOBREVIVENTES ajuda profissional. Em grande parte
das vezes, esses comportamentos
Culpa, negação, raiva, vergo-
expressam raiva e evidenciam seu
nha, impotência, tristeza, de-
sofrimento.
sespero, ansiedade e solidão.

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 83


e tirou a própria vida estava em um
momento de sofrimento grave e com
uma interpretação distorcida de si e
da realidade. Portanto, não se deve
4.2. NÃO SE CULPE E fazer uma interpretação literal do con-
NÃO BUSQUE CUL- teúdo destas cartas. O suicídio é com-
PADOS plexo e multifacetado, o que dificulta
m meio a tantos a compreensão dos diversos aspectos
sentimentos, ques- relacionados a esse tipo de morte.
tionar-se sobre a ra- Portanto, evite buscar explica-
zão de um suicídio ções. Deixe que outras pessoas aju-
pode ser frequente. dem. Busque suporte social. Afinal,
Por que o suicídio você não precisa passar por tudo
aconteceu? Possi- sozinho. A solidão dificulta o enfren-
velmente, você não tamento dos problemas. Contudo,
terá essa pergunta neste contexto, é preciso lembrar
respondida de forma satisfatória. que as pessoas querem ajudar, mas
Sempre haverá uma lacuna. Ainda às vezes não sabem o que fazer. Peça
que exista uma carta de despedida, ajuda e diga como você gostaria de
geralmente, a pessoa que a escreveu ser ajudado.

84 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Algumas estratégias são impor-
SAIBA MAIS tantes nesse momento de luto:
1. Fale sobre a pessoa que se foi,
IMPORTÂNCIA DO LUTO lembrando-se dos momentos
Por mais difícil que seja, é im- alegres; nesse momento, se tiver
portante vivenciar esse pro- vontade de chorar, não tenha ver-
cesso e não ignorar as diversas gonha e chore;
emoções e sentimentos. É ne- 2. Participe de grupos de enluta-
cessário viver e elaborar o luto. dos por suicídio;
Isso é parte do amadurecimen- 3. Utilize sua rede de apoio so-
to e é fundamental para reunir cial, ou seja, busque aquelas
forças para seguir em frente. pessoas mais importantes e com
quem você se sente à vontade
NÃO SE CULPE! para desabafar e expressar a dor
A culpa não é sua se uma pes- de perder uma pessoa amada,
soa querida se suicidou. Essa é compartilhar os sentimentos e as
uma situação que tem muitos emoções. A propósito, no Brasil,
fatores, e você não tem controle existem grupos de apoio a sobre-
sobre isso. É impossível contro- viventes (enlutados) do suicídio,
lar todas as atitudes de alguém. inclusive virtuais (SCAVACINI, K.;
CORNEJO, E.R; CESCON, 2019b).

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 85


COMO CONTAR O QUE OCOR-
REU?
A comunicação de uma notícia
de morte nem sempre é fácil, ainda
mais no caso de um suicídio. Caso
você se sinta desconfortável ou sem
condições de dar uma notícia como tando. Para evitar julgamentos, evite
essa, peça ajuda a alguém da sua comentar sobre o suicídio com pes-
confiança. O silêncio que transforma soas com quem você não tenha uma
o suicídio em segredo de família não relação de confiança.
é a melhor opção. Porém, é impor- Contar para as pessoas da família,
tante ter cuidado na comunicação inclusive para as crianças, é funda-
dessa notícia, observando o mo- mental. Entretanto, tenha atenção:
mento adequado para fazê-la e res- a linguagem e os detalhes devem
peitando as condições emocionais e ser adequados à idade. Falar sobre o
mentais de cada pessoa. assunto com as crianças e os adoles-
Sentimentos de culpa, vergonha centes enlutados auxilia no reconhe-
e rejeição podem impedir você de fa- cimento de emoções e sentimentos
lar sobre o suicídio do ente querido. vivenciados nesse momento, além
No entanto, quando essas barreiras de facilitar o pedido de ajuda quan-
forem superadas e você conseguir do necessário. Essas ações facilitam
dividir a dor e as angústias que sente a elaboração do processo de luto de
com pessoas da sua confiança, estas todas as pessoas afetadas pela per-
pessoas poderão compreender me- da do ente querido por suicídio. Des-
lhor o seu momento e ajudar a aliviar sa maneira, elas têm a possibilidade
as dificuldades que você está enfren- de construir uma história diferente.

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O período após a morte de uma
pessoa querida pode ser muito con-
fuso e sofrido. Evite tomar decisões
SAIBA MAIS importantes nesse período e, caso
precise mesmo tomar alguma decisão,
seja cuidadoso. Junto a essa confusão,
FUJA DO ISOLAMENTO
é comum ter problemas de concentra-
É comum que os sobreviventes
ção. Você pode ter dificuldades de con-
se isolem devido às diversas
centração e memorização por algum
emoções sentidas, mas este é
tempo. É útil usar algumas estratégias,
um comportamento nocivo.
como fazer lista de atividades, agendas
Manter contato com pessoas
e contar com a ajuda de pessoas que
que fazem bem, compartilhar as
estão disponíveis.
memórias boas da pessoa que
É possível também que, após o sui-
morreu, participar de grupos de
cídio, você sinta raiva da pessoa ou se
apoio e até mesmo conversar
sinta abandonado. Reconhecer essas
com pessoas que já passaram
emoções pode ser importante para li-
por essa situação são ações que
dar com elas. Você pode escrever o que
podem ajudar.
gostaria de falar para a pessoa ou con-
versar sobre isso com alguém em quem
confie. Lembrar-se das coisas boas que
vivenciaram juntos, dos aprendizados
e das recordações positivas pode aju-
dar no seu processo de luto.
Para organizar o cotidiano, tente
manter uma rotina saudável com ho-
rários definidos para acordar, dormir,

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 87


fazer as refeições, obrigações e ati-
vidades de lazer dentro do possível.
Pode ser que você tenha alterações
de sono e apetite nesse período. As
atividades físicas são indicadas e po-
dem ser úteis para a sua saúde. Evite
usar álcool e tabaco.

O QUE PODE AJUDAR A


LIDAR COM O LUTO:
1. Ter contato com a natureza.
2. Encontrar atividades que tragam
sensação de bem-estar e de prazer.
3. Meditar.
4. Buscar ambientes que tragam a
sensação de segurança.
5. Escrever sobre o luto.
6. Fazer atividades artísticas, como
pintar, dançar, desenhar, costurar ou
tocar algum instrumento musical.
7. Fazer atividades físicas.
8. Muitos ainda encontram confor-
to ao se dedicar à prevenção ao sui-
cídio ou à ajuda de outras pessoas
que passaram por isso.

88 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


É comum que você se sinta culpa-
VIVENCIANDO O LUTO ajudar você. Muitas vezes, essas
do ao seguir em frente após a morte pessoas querem ajudar, mas não
de um ente querido, especialmente 1. Fale a verdade sobre o que
aconteceu. Contar a verdadeira sabem como fazê-lo. Então, talvez
quando você vivencia momentos que seja necessário mostrar a elas.
causa da morte facilita a ajuda de
lhe trazem satisfação e bem-estar. Isso
outras pessoas. No entanto, não 6. Cuide-se. Estabeleça uma ro-
ocorre pela impressão equivocada de
é necessário se estender no as- tina saudável, com horário para
estar traindo a memória da pessoa que
sunto se não for de sua vontade. refeições, para dormir e para acor-
morreu por suicídio. Porém, você tem dar. Da mesma forma, atividade
o direito legítimo de buscar uma boa 2. Reconheça seus sentimen-
tos. Se permita sentir as emo- física e lazer são de grande ajuda
qualidade de vida. nesse momento.
ções, dentro do possível, para,
Um exercício que costuma ajudar é
assim, lidar melhor com elas. 7. Evite tomar decisões impor-
imaginar como a pessoa gostaria que
3. Não procure culpados. O tantes. Após um falecimento por
você seguisse sua vida. Possivelmen-
suicídio é complexo. Nem sem- suicídio, é comum que você fique
te, ela não desejaria ser um motivo de muito confuso, o que torna esse
tristeza para você nem impedir a pos- pre os sinais são fáceis de per-
ceber. Não foque em identificar período difícil para a tomada de
sibilidade de que você tenha uma boa decisões. Se for realmente neces-
um culpado, pois é um desgaste
qualidade de vida. Essa forma de pen- sário, tenha cautela e conte com a
para algo sem resposta.
sar independe de sua religião e crença. ajuda de outras pessoas.
Lembre-se mais uma vez: a culpa 4. Não se isole. Mantenha con-
tato com as pessoas de quem 8. Permita-se seguir em frente.
por uma pessoa ter tirado a própria É comum que o sentimento de
vida não é sua. Não assuma essa res- você gosta. Não é preciso viven-
ciar esse período sozinho. Con- culpa tome conta após o suicídio
ponsabilidade. O suicídio é um com- de uma pessoa próxima. Mas lem-
tar com a presença de pessoas
portamento multifacetado e complexo. bre-se: é possível seguir em frente
importantes torna a situação
A busca por culpados costuma ser do- e encontrar motivos para viver,
mais leve.
lorosa e inútil e só traz prejuízos emo- mesmo sem a presença do seu
5. Aceite ajuda. Diga o que pre-
cionais e sociais. ente querido.
cisa e como as pessoas podem

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 89


Essa cartilha tem a intenção de aju-
dar você a tirar algumas dúvidas sobre
os comportamentos autolesivos.
Nela constam, por exemplo, sinais
de alerta, fatores de risco e fatores
proteção, além de algumas formas
de buscar ajuda e de ajudar. Leia este
material sempre que tiver dúvidas e
compartilhe com seus amigos.

Automutilação e suicídio são


comportamentos que podemos
prevenir.

LEMBRE-SE: ESSA CARTILHA


NÃO SUBSTITUI A AVALIA-
ÇÃO DO MÉDICO PSIQUIA-
TRA NEM DO PSICÓLOGO.

90 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


REFERÊNCIAS BI-
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92 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


AUTORES tesoureiro e Conselheiro do Conselho Regional de Medicina
(CRM/DF) na Gestão 2018-2023. Membro da Câmara
Técnica de Psiquiatra do CRM/DF. Membro da comissão de
Andrea Amaro Quesada
Processo Ético-disciplinar da ABP. É também membro da
PhD em Neurociências e Cognição pela Ruhr-Universität
organização da Campanha de Prevenção ao Suicídio do
Bochum. Mestre em Psicologia e Psicóloga pela
Setembro Amarelo desde 2017.
Universidade de Brasília (UnB). Docente do Curso de
Psicologia na Universidade de Fortaleza (UNIFOR).
Professora do curso de Especialização em Neurociências
Carlos Henrique de Aragão Neto
Psicólogo e Psicoterapeuta; Especialista em Tanatologia;
e Reabilitação (UNIFOR). Professora do curso de pós-
Formação em Estudos do Luto; Mestre em Antropologia
graduação em Neuropsicologia e Terapia Cognitiva
(UFPI) com a dissertação “Os Aspectos Socioantropológicos
Comportamental na Unichristus. Trabalhos apresentados
da Tentativa de Suicídio”; Doutor em Psicologia Clínica
em Congressos Nacionais e Internacionais (Alemanha,
e Cultura (UnB) com a tese “A Relação entre Autolesão
EUA, Japão, Argentina). Artigos publicados nos periódicos
sem Intenção Suicida e Ideação Suicida”; Membro da
internacionais Psychoneuroendocrinology, Stress.
Associação Brasileira para Estudos e Prevenção do Suicídio
Pesquisadora nas áreas de estresse, maus-tratos, Síndrome
(ABEPS). Membro da International Society for the Study of
Congênita do Zika vírus e Fenilcetonúria (PKU). Autora do
Self-Injury (ISSS). Membro da International Association for
livro infanto-juvenil A Caixa Mágica e a Busca do Tesouro
Suicide Prevention (IASP).
Escondido.

Carlos Guilherme da Silva Figueiredo Karina da Silva Figueiredo


Graduada em Psicologia pela Universidade Paulista e em
Médico psiquiatra e Psiquiatra Titular da Associação
Direito pela Universidade de Minas Gerais. Pós-Graduanda
Brasileira de Psiquiatria (ABP/AMB). Residência Médica
em Avaliação Psicológica pelo Instituto de Pós-Graduação
em Psiquiatria pela Pax Clínica Psiquiátrica – Instituto de
e Graduação (IPOG). Pós-Graduanda em Terapia Cognitiva
Neurociências. Pós Graduação em Psiquiatria da Infância
Comportamental. Psicóloga do IPAGE e Psicóloga do Centro
e Adolescência pela Santa Casa de Misericórdia do Rio
Integrado de Medicina (CIMED). Membro do Conselho
de Janeiro. Psiquiatra da Gerência de Saúde Mental da
Executivo da Associação Brasileira de Impulsividade e
Secretaria de Economia do Distrito Federal. Vice-Presidente
Patologia Dual (ABIPD) desde 2016. Coautora do capítulo
da Associação Psiquiátrica de Brasília (APBr), diretor

Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 93


“Neuropsicologia do Transtorno de Déficit de Atenção/
Hiperatividade” no livro Transtorno de Déficit de Atenção/
Hiperatividade: Teoria e Clínica. Coautora do capítulo
“Esquizofrenia: contribuição da neuropsicologia” no livro
Esquizofrenia: Teoria e Clínica.

Marina Saraiva Garcia


Psicóloga, formação em Terapia Cognitivo Comportamental
pelo Beck Institute (EUA), especialista em Psicologia Clínica
pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), neuropsicóloga,
Mestre em Medicina Molecular pela Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG). Foi conselheira do Conselho Regional
de Psicologia do Distrito Federal (CRP-DF) na gestão 2016-
2019 e vice-presidente no período de 2017 a 2019. Diretora
Secretária da Associação Brasileira de Impulsividade e
Patologia Dual (ABIPD) desde 2016. Atua como psicóloga na
Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) desde 2005
e trabalha no Centro de Referência, Pesquisa e Capacitação
e Atenção ao Adolescente em Família (Adolescentro) desde
2006. Atua na rede privada em Marina Saraiva - Clínica de
Psicologia.

94 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


ILUSTRADOR
Rafael Limaverde
Nascido em Belém/PA, naturalizado cearense, formado
em Artes Visuais pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE), é
xilogravurista e ilustrador. Possui mais de 40 livros ilustrados
em diversas editoras do País. É um dos organizadores
do “Festival de Ilustração de Fortaleza”, evento realizado
dentro da Bienal do Livro do Ceará. É curador das seguintes
exposições: “Eco Barroco”, no Centro Cultural Banco do
Nordeste – Fortaleza/CE (2011); “Bestiário Nordestino”, na
Multigaleria do Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar –
Fortaleza/CE (2016); “III Festival de Ilustração de Fortaleza”,
que ocorreu durante a XII Bienal Internacional do Livro no
Centro de Eventos do Ceará (2017).
MINISTÉRIO DA
MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS SAÚDE

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