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ANÁLISE DA FLEXIBILIDADE EM CRIANÇAS DE BAIXO NÍVEL SÓCIO-ECONÔMICO: UMA AVALIAÇÃO

REFERENCIADA POR CRITÉRIO

Gustavo Aires de Arruda (PIBIC/CNPq), Rômulo Araújo Fernandes, Diego


Giulliano Dias Christófaro, Cássio Gustavo Santana Gonçalves, Arli Ramos
de Oliveira (Orientador). E-mail: arli@sercomtel.com.br

Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Ciências do Esporte –


Londrina – PR.
Palavras-chave: Flexibilidade, crianças, baixo nível sócio-econômico.

Resumo
O objetivo do presente estudo foi analisar o número de indivíduos que
atendem ao critério de saúde estabelecido pelo Physical Best, quanto à
flexibilidade. A amostra foi constituída por 96 crianças (53 meninas e 43
meninos), com idade média de 12,23 (+2,10) e 11,72 (+1,54) anos
respectivamente, de baixo nível sócio-econômico. Para a coleta dos dados
foi utilizado o Teste de Sentar e Alcançar, através de um banco com
dimensões específicas. Os resultados indicaram que aproximadamente 35
por cento das crianças estavam abaixo do critério de referência.

Introdução

Independente da idade, uma boa flexibilidade é indicativo de uma boa


condição de mobilidade [1], possibilitando movimentos com maior facilidade,
eficácia [2] e segurança através de uma extensão completa do movimento
[1]. A manutenção de um nível de flexibilidade satisfatório pode também
diminuir o risco de problemas musculares [3]. É de fundamental importância
para a saúde a manutenção adequada da flexibilidade na região lombar e
posteriores da coxa, pois debilidades nestas regiões tornam os indivíduos
mais susceptíveis à ocorrência de lombalgias [3]. Aproximadamente 80%
destes distúrbios lombares ocorrem devido aos músculos fracos e/ou tensos,
resultado de muitas atividades diárias [4,2]. O desenvolvimento de
programas de exercícios que beneficiem a flexibilidade pode desempenhar
grande relevância durante a vida de um indivíduo saudável [5]. Sendo Assim
o objetivo do presente estudo foi analisar a condição de crianças de baixo
nível sócio-econômico quanto ao atendimento dos critérios de saúde para
flexibilidade.

Materiais e Métodos

A amostra foi composta por 96 crianças divididas em dois grupos sendo o


grupo 1 (G1) de 43 meninos e o grupo 2 (G2) de 53 meninas, todos de baixo
nível sócio-econômico. Na Tabela 1 abaixo estão descritas as informações
quanto a idade, características antropométricas, e o resultado no teste de
flexibilidade de “Sentar-e-Alcançar” de ambos os grupos.

Anais do XVI EAIC - 26 a 29 de Setembro de 2007 - ISSN: 1676-0018


Tabela 1– Valores médios e desvio-padrão da idade, massa corporal (MC),
estatura, e o resultado no teste de flexibilidade de “Sentar-e-Alcançar” (Flex)
de ambos os grupos.

Idade
N (anos) MC (Kg) Estatura (cm) Flex (cm)
12,23 26,82
G1 43 (±2,10) 42,10 (±11,76) 149,79 (±13,27) (±8,67)
11,72 27,69
G2 53 (±1,54) 39,34 (±9,15) 147,09 (±8,47) (±7,06)

As medidas antropométricas (massa corporal e estatura) foram


obtidas para caracterização da amostra, por meio de uma balança digital
FILIZOLA, com precisão de 0,1 kg. A estatura foi determinada por um
estadiômetro de madeira com precisão de 0,1 cm. As mensurações
antropométricas foram realizadas conforme Gordon et al. [6]. As medidas de
flexibilidade foram coletadas por intermédio de um banco de madeira com
dimensões padronizadas, bem como os procedimentos do Teste de “Sentar
e Alcançar” conforme a AAHPERD [4].

Resultados e Discussão

Os resultados do estudo encontram-se descritos nas tabelas 2 e 3 abaixo,


indicando a condição isolada de cada grupo e a classificação geral quanto
ao atendimento do critério de saúde para a flexibilidade.

Tabela 2 - Condição isolada dos grupos quanto ao atendimento do critério


de saúde para a flexibilidade.

G1 G2
Critério Critério
(cm) N % (cm) N %
< 25 18 41,86 < 25 16 30,19
≥ 25 25 58,14 ≥ 25 37 69,81

Tabela 3 – Análise geral dos grupos (G1 e G2) das crianças quanto ao
atendimento dos critérios de saúde estabelecidos para flexibilidade.

G1 e G2
Critério
(cm) N %
< 25 34 35,42
≥ 25 62 64,58

Observa-se que no presente estudo uma porcentagem considerável dos


indivíduos de ambos os grupos encontra-se abaixo do critério estabelecido.
No entanto, no G1 a porcentagem de indivíduos que atenderam ao critério

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foi menor que no G2, apresentando valores percentuais próximos dos
encontrados por um estudo realizado por Glaner [7], com adolescentes do
sexo masculino, rurais e urbanos, onde aproximadamente 60,47 % dos
rapazes atenderam ao critério. Esta tendência de um maior percentual de
meninas atenderem ao critério está de acordo com alguns estudos indicando
que garotas tendem a apresentar níveis superiores de flexibilidade em
relação a garotos, conforme citado por Okano [8].

Conclusões

Os resultados do estudo indicaram que parte considerável da amostra não


atendeu ao critério estabelecido para a flexibilidade, mesmo sendo esta
variável um componente de grande relevância da aptidão física relacionada
à saúde.

Agradecimentos

Ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica do Conselho


Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil (PIBIC-
CNPq).

Referências

1. K. Adams; P. O´Shea; K.L. O´Shea. Aging: Its Effects on Strength, Power,


Flexibility and Bone Density. Strength and Conditioning Journal, v. 21, n. 2,
p. 65-67, 1999.
2. D.P. Guedes & J.E.R.P. Guedes. Exercício Físico na Promoção da Saúde.
Londrina, 1995.
3. D.K. Mathews. Medidas e Avaliação em Educação Física. 5. ed. Rio de
Janeiro, 1980.
4. AMERICAN ALLIANCE FOR HEALTH, PHYSICAL EDUCATION,
RECREATION AND DANCE. Youth fitness Test Manual. AAHPERD, 1988.
5. E.S. Cyrino; A.R. Oliveira; J.C. Leite; D.B. Porto; R.M.R. Dias; A.Q.
Segatin; R.S. Mattanó & V. A. Santos. Comportamento da flexibilidade após
10 semanas de treinamento com pesos. Revista Brasileira de Medicina do
Esporte. v.10, n.4, 2004.
6. C.C. Gordon; W.C. Chumlea; A.F. Roche. Anthropometric Standardization
Reference Manual. IN: T.G. Lohman; A.F. Roche; R. Martorell (Eds.),
Champaign, Illinois, p.3-8, 1988.
7. M.F. Glaner. Aptidão física relacionada à saúde de adolescentes rurais e
urbanos em relação a critérios de referência. Revista brasileira de Educação
física e Esporte. v.19, n.1, 2005.
8. A.H. Okano; L.R. Altimari; S.R. Dodero; C.F. Coelho; P.B.L. Almeida; E.S.
Cyrino. Comparação entre o desempenho motor de crianças de diferentes
sexos e grupos étnicos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. v.9, n.3,
2001.

Anais do XVI EAIC - 26 a 29 de Setembro de 2007 - ISSN: 1676-0018

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