2021 SILVA - Influência Dos Sintomas Climatéricos Na Capacidade de Trabalho

Brazilian Journal of Development 59984
ISSN: 2525-8761
Influência dos sintomas climatéricos na capacidade de trabalho
Influence of climate symptoms on working capacity

DOI:10.34117/bjdv7n6-402
Recebimento dos originais: 07/05/2021

Aceitação para publicação: 01/06/2021
Rafaela Almeida Silva

Discente do mestrado de enfermagem pelo Programa Associado de Pós-Graduação e
Enfermagem UPE/UEPB
Universidade de Pernambuco – UPE
Endereço: Av. Gov. Agamenon Magalhães - Santo Amaro, Recife - PE, 50100-010
E-mail: rafaelaalmeida.ela@gmail.com
Gustavo Aires de Arruda

Pós-doutorando na Universidade de Pernambuco (UPE) pelo Programa de Pós-graduação
Associado em Enfermagem UPE/UEPB (Bolsista CAPES - PNPD)
E-mail: arrudaga@yahoo.com.br
Ana Maria de Almeida

Doutora em Enfermagem pela Universidade de São Paulo – USP
Programa Associado de Pós-Graduação e Enfermagem UPE/UEPB
E-mail: ama2754@gmail.com
Jael Maria de Aquino

Pós-doutorado em enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria
Programa Associado de Pós-Graduação e Enfermagem UPE/UEPB
E-mail: jael.aquino@upe.br
Aurélio Molina da Costa

Doutorado (PhD) em Planejamento Familiar pela University of Leeds, Inglaterra
E-mail: aumolina55@gmail.com
RESUMO
Objetivo: Investigar influências dos sintomas climatéricos na capacidade de trabalho.
Método: Trata-se de uma revisão integrativa, com o uso do fluxograma de PRISMA e
adotando como estratégia de busca recursos informacionais de três bases de dados
eletrônicas (BDEnf, LILACS e WEB OF SCIENCES), o portal PubMed, que engloba o
MEDLINE, e a SciELO. Foram utilizados os descritores: menopausa OR menopause
AND capacidade de trabalho OR work ability OR work capacity evaluation. Resultados:
Foram encontradas nove publicações, das quais seis relatam a influência negativa dos
sintomas climatéricos na capacidade de trabalho da mulher. Conclusão: Esta revisão traz
Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 59984-59995 jun. 2021

ISSN: 2525-8761
indicativos de que os sinais e sintomas que podem surgir no climatério ocasionam um

impacto negativo na capacidade de trabalho. Ela também sugere que se faz necessário
uma maior conscientização e adequações organizacionais implementadas pelos gestores
visando uma melhoria do ambiente laboral, com consequências positivas no trabalho
desenvolvido pelas mulheres.
Palavras chave: Menopausa, Capacidade de trabalho.
ABSTRACT
Objective: To investigate the influence of climacteric symptoms on work capacity.
Method: This is an integrative review, using the PRISMA flowchart and adopting the
search strategy for information resources from three electronic databases (BDEnf,
LILACS and WEB OF SCIENCES), the PubMed portal, which includes MEDLINE, and
SciELO. The descriptors were used: menopause OR menopause AND work ability OR
work capacity evaluation.. Results: Nine publications were found, of which six report the
negative influence of climacteric symptoms on the woman's work capacity. Conclusion:
This review provides indications that the signs and symptoms that can appear in the
climacteric cause a negative impact on the ability to work. It is also essential that there is
a need for greater awareness and organizational adjustments implemented by managers
to improve the work environment, with positive consequences for the work developed by
women.
Keywords: Menopause, Work ability.
1 INTRODUÇÃO
Mudanças demográficas, econômicas, políticas e sociais contribuíram para o
aumento da inserção da mulher no mercado trabalho, tanto no Brasil como no mundo(1),
sendo que muitas mulheres possuem vínculos empregatícios durante a transição
climatérica, processo esse que pode causar uma variedade de sintomas físicos,
psicológicos e sociais, que podem impactar a produtividade e a capacidade de lidar com
a carga de trabalho estabelecida(2,3) .
Além disso, segundo Jafari(4), o contexto laboral que envolve uma ocupação, pode
desencadear o estresse; e as más condições de trabalho (ventilação insuficiente, altas
temperaturas, uniformes inadequados, ressecamento ocular pela baixa qualidade do ar
interno do ambiente etc) pode agravar os sintomas mais comuns dessa fase da vida das
mulheres(4) .
Apesar de alguns estudos sugerirem que existem efeitos negativos do climatério
sobre a capacidade de trabalho, ainda há uma escassez de pesquisas que investiguem se
os sintomas menopausais afetam o rendimento do trabalho da mulher nessa fase de sua
vida(5). Como as mulheres estão cada vez mais inseridas no mercado de trabalho, essa
revisão integrativa pode fornecer subsídios para compreender melhor esse contexto,

ISSN: 2525-8761
investigando o impacto dos sintomas na atuação laboral, e contribuindo com a

conscientização por parte dos empregadores da necessidade de medidas preventivas e
políticas organizacionais mais adequadas, que minimizem os sintomas, tanto em ambiente
de trabalho, quanto fora dele.
2 MÉTODO
Trata-se de um estudo de revisão integrativa que abrange uma análise de
publicações, em bases de dados relevantes, de forma a oferecer uma síntese dos achados
sobre a temática em tela. O processo de elaboração foi composto por seis fases: 1ª fase-
elaboração da pergunta norteadora; 2ª fase- busca ou amostragem na literatura; 3ª fase-
coleta de dados; 4ª fase- análise crítica dos estudos incluídos; 5ª fase- discussão dos
resultados; e 6ª fase- apresentação da revisão integrativa(6) .
Na primeira fase, a pergunta escolhida como norteadora foi: “Os sintomas
climatéricos podem influenciar a capacidade de trabalho das mulheres nessa fase de suas
vidas?”. Seguindo a abordagem estratégica PICO(7), as variáveis selecionadas foram: 1)
Pessoa: Mulheres no período do climatério; 2) Intervenção: sintomas climatéricos; 3)
Comparação: não há comparação e 4) Resultados (Outcomes): capacidade de trabalho.
Na segunda fase, a busca foi realizada através do DeCS (Descritores em Ciências
da Saúde) /MeSH (Medical Subject Headings): menopausa OR menopause AND
capacidade de trabalho OR work ability OR work capacity evaluation.
Na terceira fase, foi feita a coleta de dados através das três bases de dados
eletrônicas (BDEnf, LILACS e WEB OF SCIENCES), o portal PubMed, que engloba o
MEDLINE, e a SciELO. Foram utilizados como critérios de inclusão publicações dos
últimos cinco anos, que fossem em português, inglês ou espanhol, disponíveis na íntegra.
A busca dos artigos ocorreu em 02 de outubro de 2020. Inicialmente a busca
resultou em 69 artigos. Após a leitura dos títulos, foram selecionados 26 artigos. Após a
leitura dos resumos, todos os artigos foram selecionados e lidos na íntegra, sendo
identificados nove artigos, compondo a amostra final. (Figura 1).

ISSN: 2525-8761
Figura 1. Estratégia de busca e composição da amostra final dos artigos da revisão integrativa. Recife – PE,
Brasil, 2020.
Visando hierarquizar as evidências científicas selecionadas, estabeleceu-se níveis

segundo o delineamento da pesquisa: nível 1- composto por evidências resultantes de
meta-análise com múltiplos estudos clínicos controlados e randomizados; nível 2-
evidências de estudos individuais de delineamento experimental; nível 3- estudos quase
experimentais; nível 4- estudos descritivos ou com abordagem qualitativa; nível 5-
estudos resultantes de relatos de caso ou de experiência; e por fim, o nível 6- evidências
baseadas em opiniões de especialistas(6) .

ISSN: 2525-8761
3 RESULTADOS
Dentre os artigos selecionados, a totalidade foi de periódicos internacionais, com
predomínio de estudos descritivos, de abordagem quantitativa e nível de evidência IV.
(Tabela 1)
Tabela 1. Caracterização dos artigos selecionados para revisão integrativa através do ano de publicação,
autoria, título e nível de evidência. Recife, PE, Brasil, 2020.
Nível de
Ano de publicação Autoria Título do artigo
evidência/delineamento
Efeito dos sintomas da
síndrome do
climatério, depressão
e insônia no trabalho
Humeniuk E, Bojar I, através de auto
2019 IV/ estudo descritivo
Gujski M, avaliação em
Raczkiewicz D(8) mulheres peri e pós-
menopausa com
emprego/trabalho não
manual.
Melhoria dos
Marije Geukes, sintomas da
Johannes R. Anema, menopausa e o
Mari¨elle P. van impacto sobre a IV/estudo descritivo,
2018
Aalst, Renee X. de capacidade para o retrospectivo
Menezes, Henk trabalho: um estudo
Oosterhof(9) piloto de coorte
retrospectivo.
Sem problemas:
Martha Hickey,
controlando os
Kathleen Riach, Reza
2017 sintomas da IV/estudo descritivo
Kachouied, Gavin
menopausa no
Jack(10)
trabalho
Avaliação de risco:
fatores que
Mehdi Jafari, Bahar contribuem para o
2017 Seifi, Mohammad desconforto para V/Estudo de revisão
Heidari(4) mulheres na
menopausa em seu
local de trabalho.
Influência dos
sintomas da
menopausa na
AO Olajubu, AE
percepção da
Olowokere, DO
2017 capacidade de IV/ estudo descritivo
Amujo, TO
trabalho entre
Olajubu(11)
mulheres numa
Universidade
Nigeriana.
O impacto da
Marije Geukes, menopausa na
Mariëlle P. van Aalst, capacidade para o
2016 Suzan J.W. Robroek, trabalho em mulheres IV/ estudo descritivo
Joop S.E. Laven, com intensos
Henk Oosterhof(2) sintomas da
menopausa.

ISSN: 2525-8761
Os sintomas
vasomotores da
Pragya Gartoulla,
menopausa estão
Robin J Bell, Roisin
2016 associados à uma IV/ estudo descritivo
Worsley, Susan R
(12) baixa autoavaliação
Davis
da capacidade para o
trabalho.
Gavin Jack, Kathleen Menopausa no local
Riach, Emily Bariola, de trabalho: o que os
2015 Marian Pitts, Jan empregadores V/Estudo de revisão
Schapper, Philip deveriam estar
Sarrel(13) fazendo.
Mulheres
T. Kopenhager, F. I/Estudo de revisão
2015 (14) trabalhadoras e a
Guidozzi sistemática
menopausa.
Fonte: autora do estudo
Os resultados das publicações sugerem uma influência negativa na capacidade de

trabalho quando estão presentes os sintomas climatéricos. Como principais medidas
preventivas desse impacto negativo, os estudos indicam que os empregadores deveriam
possuir maiores informações sobre a temática para que houvesse conscientização e oferta
de treinamentos sobre a menopausa, além de políticas organizacionais mais adequadas.
Em contrapartida, as pesquisas estimulam procurar medidas alternativas que minimizem
os sintomas, principalmente quando em ambiente de trabalho. (Tabela 2)
Tabela 2. Artigos selecionados para revisão integrativa acompanhado do objetivo do estudo, principais
resultados e conclusão. Recife – PE, 2020.
Objetivo do estudo Participantes Principais resultados Conclusão
Avaliar a relação entre a 287 mulheres com idades O final da peri- A prevenção da
gravidade dos sintomas da entre 45-60 anos, empregadas menopausa, ocorrência e tratamento
síndrome climatérica, em várias instituições com correlacionou-se dos sintomas da
transtornos depressivos e trabalho não manuais, no negativamente com a menopausa, distúrbios
problemas de sono, e a Instituto de Saúde Rural em gravidade da insônia, do sono e do humor
capacidade de trabalho Lublin, Polônia. mas não com a pode contribuir
autoavaliada de mulheres gravidade da depressão para manter a
peri-menopáusicas e pós- ou sintomas da capacidade de trabalho
menopáusicas síndrome climatérica. das mulheres em idade
em empregos/trabalhos não Já a capacidade de peri e pós-menopausa.
manuais.(8) trabalho das mulheres
pós-menopáusicas
correlacionou-se
negativamente com a
gravidade da depressão,
insônia e sintomas
psicológicos da
síndrome do climatério.
Testar a hipótese que em 44 mulheres em uma clínica Em mulheres O tratamento destinado
mulheres que estão de menopausa na Holanda, sintomáticas na a aliviar os sintomas da
seriamente incomodadas por com acompanhamento de 3 a menopausa, o menopausa em
suas queixas da menopausa, a 9 meses. tratamento para aliviar mulheres sintomáticas
melhora dos sintomas da os sintomas da pode levar a uma
menopausa estão associados menopausa, dentro de melhora não só dos
um curto período de sintomas (inclusive os

ISSN: 2525-8761
a uma melhora na capacidade tempo, ou seja, três a depressivos) mas

para o trabalho(9) nove meses, também a capacidade
melhoraram tanto os para o trabalho.
sintomas, quanto a
capacidade de trabalho.
Examinar o relacionamento Foram incluídas em Em geral, as mulheres A maioria das mulheres
entre o estágio reprodutivo, 2015/2016 1.092 mulheres classificaram seu não acredita que os
os sintomas da menopausa e com 40 anos ou mais, desempenho no sintomas da menopausa
o trabalho, e como os empregadas em três hospitais trabalho como alto e tenham um impacto
empregadores poderiam metropolitanos australianos. não relataram que os negativo sobre o
melhor apoiar mulheres na sintomas da menopausa trabalho delas. E
menopausa(10) prejudicaram sua quando presente, as
capacidade para o mudanças
trabalho. organizacionais
poderiam ajudar a
reduzir a carga dos
sintomas da menopausa
no ambiente de
trabalho.
Revisar os fatores que Pesquisa na Pubmed e no Muitos fatores de risco Os gestores devem estar
contribuem para o Science Direct de artigos estão contribuindo para cientes de que a
desconforto de mulheres na relacionados à menopausa e o desconforto da transição menopausal
menopausa no local de ao local de trabalho. Palavras- menopausa das causa dificuldade para
trabalho e os efeitos chave incluídas: menopause mulheres no local de algumas mulheres no
percebidos das condições de AND workplace OR trabalho. trabalho, e muito pode
trabalho sobre os sintomas da occupational health or ser feito para apoiá-las,
menopausa (4) menopausal women AND não só através de
managers. Apenas artigos em políticas de saúde, mas
inglês publicados entre 2011 e também de segurança
2017 foram incluídos. ocupacional e
promoção da saúde nos
locais de trabalho.
Investigar os sintomas da 200 mulheres da classe A prevalência de Os sintomas da
menopausa experimentados trabalhadora com 45 anos ou sintomas da menopausa menopausa tiveram
por mulheres no estado de mais que estavam a pelo neste estudo foi de uma influência negativa
Ekiti, Nigéria e sua menos 12 ou mais meses em 96,5%. Apenas 27% na capacidade para o
influência na percepção da amenorréia na Ekiti State expressaram excelente trabalho entre as
capacidade para o trabalho(11) University, Ado Ekiti. capacidade para o entrevistadas.
trabalho. O coeficiente
de correlação de
Pearson mostrou um
sinal negativo entre os
sintomas da menopausa
e a capacidade para o
trabalho percebida.
Medir o impacto da Mulheres sintomáticas com As chances de relatar Mais de três quartos das
menopausa na capacidade idades entre 44-60 anos, que baixa capacidade para o mulheres com sintomas
para o trabalho em mulheres compareceram na clínica de trabalho são oito vezes climatéricos relatam
com sintomas intensos de menopausa na Holanda pela maiores para mulheres sérios problemas para
menopausa(12) primeira vez entre setembro que relatam queixas de lidar com as demandas
2009 e outubro de 2012, sintomas climatéricos físicas e mentais de seu
sintomáticos (n = 60) e grupo em comparação com as trabalho (registradas
de referência (n = 205). mulheres que não como baixa capacidade
experimentam tal para o trabalho); e com
desconforto. risco de ausência
prolongada do trabalho
por motivo de doença.
Investigar a associação entre 2020 mulheres de 40 a 65 No geral, as mulheres Foi observada uma
sintomas vasomotores e anos, investigadas entre de meia-idade não associação sugerindo
capacidade autorrelatada relatam alterações na uma relação entre

ISSN: 2525-8761
para o trabalho, levando em outubro de 2013 e março de sua capacidade de sintomas vasomotores e
consideração características 2014. trabalho. bem-estar pessoal,
sócio demográficas(12) assim como a
capacidade
autorrelatada para o
trabalho em mulheres
de meia-idade.
Resumir a literatura existente Foi realizada uma pesquisa Os sintomas da A literatura sugere que
sobre a menopausa no local inicial usando o banco de menopausa podem ter sintomas de ordem
de trabalho(13) dados da MEDLINE nos um impacto negativo no vasomotora,
campos de medicina/ trabalho. Alguns psicológica e somática
enfermagem/ciências da estudos sugerem que as na menopausa podem
saúde, usando as combinações mulheres podem criar dificuldades para
de palavras-chave: apresentar satisfação algumas mulheres no
menopause/work; diminuída no trabalho trabalho, e que a
menopause/employment; and associada aos aspectos temperatura e ambiente
menopause/ productivity, fisiológicos, de trabalho, associados
totalizando 75 estudos (e psicológicos e sintomas ao estresse e autonomia
relatórios) publicados entre no climatério, no trabalho podem
1974 e 2015. aumentando o risco de exacerbar ou melhorar
adoecer durante o os sintomas,
trabalho. influenciando na
capacidade de trabalho.
Explorar o impacto da Uma busca sistemática de Os sintomas Metade das mulheres
menopausa sobre mulheres publicações em inglês usando climatéricos podem trabalhadoras e que
trabalhadoras(14) Medline, Index Medicus, impactar negativamente estão no período
Pubmed, Embase e o Google o ambiente de trabalho e climatérico relatam
Scholar, usando os termos os gestores não estão algum impacto negativo
menopause and workplace OR preparados para lidar ou na sua performance
occupational health or minimizar esse efeito na laboral, sendo que 5%
menopausal women and mulher. indicam uma grave
managers OR risk assessment; repercussão.
menopause AND job stress
OR job satisfaction.
Fonte: autora do estudo
4 DISCUSSÃO
A maioria das mulheres climatéricas torna-se sintomáticas por volta dos 45 anos
de idade, período que muitas ainda estão ativas no mercado de trabalho(11). Entretanto, os
sintomas climatéricos se apresentam de forma singular em cada mulher, sendo que
algumas delas não desenvolvem nenhum sintoma e convivem facilmente com esse
processo de transição hormonal, assim como o ambiente de trabalho difere entre as
funções e locais de atuação de cada mulher, configurando-se assim uma não padronização
de acometimento. Entretanto esse processo de transição hormonal pode desencadear
diversos sinais e sintomas climatéricos, com diferentes apresentações clínicas e
intensidades, impactando muitas vezes negativamente a capacidade de trabalho.
Embora, alguns estudos apontem que os sintomas climatéricos não afetam a
capacidade de trabalho(12,14), a maioria dos achados dessa revisão indicam que a presença
de sintomas podem ter alguma influência na que a capacidade de trabalho da

ISSN: 2525-8761
mulher(2,4,6,10,15,16), impactando a produtividade e acarretando aumento do absenteísmo

por doenças ocupacionais ou insatisfação pessoal no trabalho(16).
A urbanização progressiva da população e ampliação da industrialização tornou o
contexto socioeconômico propício à inclusão de novos trabalhadores, inclusive do sexo
feminino(1), sendo que atualmente as mulheres correspondem a quase metade da força de
trabalho em muitos países(10). Essa mudança no mercado de trabalho afeta de diferentes
formas a vida da mulher, demonstrando a necessidade de entender toda a dinâmica por
ela vivenciada, para contribuir na melhora dos aspectos relacionados à saúde ocupacional
e a saúde da própria mulher(4).
Além disso, muitas mulheres trabalham durante o processo de transição da
menopausa, que pode estar acompanhado de sintomas, sendo que algumas dessas
trabalhadoras podem experimentar um impacto considerável em sua capacidade de lidar
com uma carga de trabalho normal, causando/agravando uma variedade de efeitos físicos,
psicológicos e sociais, que por sua vez podem afetar de diversas formas o seu rendimento,
inclusive aumentado o risco de ausência do trabalho por doenças(2).
Os sintomas climatéricos de maior impacto no ambiente de trabalho foram os
fogachos, a falta de concentração/memória, fadiga, humor deprimido, diminuição da auto
confiança, insônia e irritabilidade(4). Além disso, o estresse e a sobrecarga de trabalho são
aspectos comuns a algumas atividades laborais que podem influenciar negativamente os
sintomas da menopausa. Outras condições de trabalho também podem influenciar a piora
dos mesmos, como por exemplo as altas temperaturas no ambiente laboral, ventilação
inadequada, dificuldade de acesso a água potável, que contribuem para cefaleias,
ressecamento ocular, sudorese excessiva e fadiga(14).Vale ressaltar que algumas mulheres,
visando aliviar sintomas psicológicos, inclusive os de ordem depressiva, trabalham mais
do que o habitual(13).
Alguns tratamentos empregados nesse período podem trazer benefícios, sendo
necessário avaliar caso a caso. Num estudo realizado na Holanda(9), foi identificado que
um tratamento para sintomas climatéricos, independente de qual seja, parece estar
associado a uma melhora da capacidade de trabalho em algumas mulheres. Esses achados
reforçam a visão de que cada mulher deve ser avaliada de forma singular, levando em
conta seu contexto social e laboral.
Aliado a isso, os gestores parecem ser importantes participes na solução dos
problemas de saúde laboral que, como apresentado anteriormente, podem estar agravados
pela transição climatérica, principalmente na forma de como o ambiente de trabalho é

ISSN: 2525-8761
organizado. A menopausa deve ser considerada quando das avaliações de risco de saúde
e segurança, visando diminuir os risco para sua equipe feminina e assim proporcionando
maior bem-estar biopsicossocial(4) .
O ambiente de trabalho pode ser configurado levando em consideração medidas
simples de organização. Roupas com tecidos mais leves, fácil acesso a água potável,
ajuste na temperatura e ventilação do ambiente, espaço adequado para descanso,
promoção de entrada da luz externa, já que a falta de exposição solar pode diminuir a
absorção de cálcio e também afetar o humor, intervenções estas que são de baixo custo e
que podem minimizar a exacerbação dos sintomas climatéricos no trabalho(4).
Portanto, o climatério pode ser considerado um problema de saúde ocupacional.
Além disso, os empregadores têm demorado a reconhecer que as mulheres podem precisar
de apoio e considerações especiais para permanecerem produtivas(14).Ainda se percebe
uma falta de conhecimento sobre os sintomas da menopausa no contexto de trabalho,
assim como ainda existem muitos tabus, o que reforça a necessidade de uma maior
educação e diretriz sobre a vivência do climatério no ambiente de trabalho(17).
O presente estudo apresenta como limitações o pequeno número de publicações
pertinentes ao assunto. Por outro lado, a presente revisão integrativa contribui para realçar
a importância e impacto dos sintomas climatérico na capacidade de trabalho.
5 CONCLUSÃO
Esta revisão traz indicativos de que os sinais e sintomas que podem surgir no
climatério que ocasionam um impacto negativo na capacidade de trabalho. Ela também
sugere que se faz necessário uma maior conscientização e adequações organizacionais
implementadas pelos gestores visando uma melhoria do ambiente de trabalho, com
consequências positivas no trabalho desenvolvido pelas mulheres.
Essa temática necessita de mais estudos para compreender como os diversos sinais
e sintomas podem influenciar negativamente na capacidade de trabalho das mulheres,
particularmente no Brasil, visto que nenhum estudo foi encontrado com a participação de
mulheres brasileiras, o que ajudaria a avaliar a nossa realidade laboral específica,
subsidiando um melhor planejamento estrutural e orientação pessoal a esse importante
seguimento da população nacional.

ISSN: 2525-8761
REFERÊNCIAS
1. Marcacine PR, Castro S de S, de Castro SS, Meirelles MCCC, Haas VJ, de Walsh
IAP. Quality of life, sociodemographic and occupational factors of working women.
Cienc e Saude Coletiva. 2019;24(3):749–60.
2. Geukes M, Van Aalst MP, Robroek SJW, Laven JSE, Oosterhof H. The impact of
menopause on work ability in women with severe menopausal symptoms. Maturitas
[Internet]. 2016;90:3–8. Available from:
http://dx.doi.org/10.1016/j.maturitas.2016.05.001
3. Gazibara T, Rancic B, Radovanovic S, Kurtagic I, Nurkovic S, Kovacevic N, et

al. Climacteric women at work: What lurks behind poor occupational quality of life?
Health Care Women Int [Internet]. 2018;39(12):1350–65. Available from:
https://doi.org/10.1080/07399332.2018.1464573
4. Jafari M, Seifi B, Heidari M. Risk Assessment: Factors Contributing to

Discomfort for Menopausal Women in Workplace. J Menopausal Med. 2017;23(2):85.
5. Bariola E, Jack G, Pitts M, Riach K, Sarrel P. Employment conditions and work-

related stressors are associated with menopausal symptom reporting among
perimenopausal and postmenopausal women. Menopause. 2017;24(3):247–51.
6. Souza M, Silva M, Carvalho R. Revisão integrativa: o que é e como fazer

Integrative. Einstein (São Paulo) [Internet]. 2010;8(1):102–6. Available from:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1679-
45082010000100102&script=sci_arttext&tlng=pt#:~:text=A revisão integrativa
determina o,prestados ao paciente(1).
7. Santos CMDC, Pimenta CADM, Nobre MRC. A estratégia PICO para a

construção da pergunta de pesquisa e busca de evidências. Rev Lat Am Enfermagem.
2007;15(3):508–11.
8. Humeniuk E, Bojar I, Gujski M, Raczkiewicz D. Effect of symptoms of

climacteric syndrome, depression and insomnia on self-rated work abilityin peri-and post-
menopausal women in non-manual employment. Ann Agric Environ Med.
2019;26(4):600–5.
9. Geukes M, Anema JR, van Aalst MP, de Menezes RX, Oosterhof H. Improvement
of menopausal symptoms and the impact on work ability: A retrospective cohort pilot
study. Maturitas [Internet]. 2018;120:23–8. Available from:
https://doi.org/10.1016/j.maturitas.2018.10.015
10. Hickey M, Riach K, Kachouie R, Jack G. No sweat: managing menopausal

symptoms at work. J Psychosom Obstet Gynecol. 2017;38(3):202–9.
11. Olajubu AO, Olowokere AE, Amujo DO, Olajubu TO. Influence of menopausal
symptoms on perceived work ability among women in a Nigerian University. Climacteric
[Internet]. 2017;20(6):558–63. Available from:
https://doi.org/10.1080/13697137.2017.1373336
12. Gartoulla P, Bell RJ, Worsley R, Davis SR. Menopausal vasomotor symptoms are

ISSN: 2525-8761
associated with poor self-assessed work ability. Maturitas [Internet]. 2016;87:33–9.

Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.maturitas.2016.02.003
13. Jack G, Riach K, Bariola E, Pitts M, Schapper J, Sarrel P. Menopause in the

workplace: What employers should be doing. Maturitas. 2015;85:88–95.
14. Kopenhager T, Guidozzi F. Working women and the menopause. Climacteric.

2015;18(3):372–5.
15. Viotti S, Guidetti G, Converso D, Sottimano I. Fostering work ability among

menopausal women. Does any work-related psychosocial factor help? Int J Womens
Health. 2020;12:399–407.
16. Hardy C, Griffiths A, Hunter MS. What do working menopausal women want? A
qualitative investigation into women’s perspectives on employer and line manager
support. Maturitas. 2017;101(March):37–41.
17. Geukes M, Oosterhof H, van Aalst MP, Anema JR. Attitude, confidence and
social norm of Dutch occupational physicians regarding menopause in a work context.
Maturitas [Internet]. 2020;139(May):27–32. Available from:
https://doi.org/10.1016/j.maturitas.2020.05.015

2021 SILVA - Influência Dos Sintomas Climatéricos Na Capacidade de Trabalho

Enviado por

Dados do documento

Título original

Direitos autorais

Formatos disponíveis

Compartilhar este documento

Compartilhar ou incorporar documento

Opções de compartilhamento

Você considera este documento útil?

Este conteúdo é inapropriado?

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

2021 SILVA - Influência Dos Sintomas Climatéricos Na Capacidade de Trabalho

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Brazilian Journal of Development 59984

Influência dos sintomas climatéricos na capacidade de trabalho

Influence of climate symptoms on working capacity

Recebimento dos originais: 07/05/2021

Rafaela Almeida Silva

Gustavo Aires de Arruda

Ana Maria de Almeida

Jael Maria de Aquino

Aurélio Molina da Costa

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 59984-59995 jun. 2021

indicativos de que os sinais e sintomas que podem surgir no climatério ocasionam um

Palavras chave: Menopausa, Capacidade de trabalho.

Keywords: Menopause, Work ability.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 59984-59995 jun. 2021

investigando o impacto dos sintomas na atuação laboral, e contribuindo com a

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 59984-59995 jun. 2021

Visando hierarquizar as evidências científicas selecionadas, estabeleceu-se níveis

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 59984-59995 jun. 2021

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 59984-59995 jun. 2021

Os resultados das publicações sugerem uma influência negativa na capacidade de

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 59984-59995 jun. 2021

a uma melhora na capacidade tempo, ou seja, três a depressivos) mas

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 59984-59995 jun. 2021

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 59984-59995 jun. 2021

mulher(2,4,6,10,15,16), impactando a produtividade e acarretando aumento do absenteísmo

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 59984-59995 jun. 2021

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 59984-59995 jun. 2021

3. Gazibara T, Rancic B, Radovanovic S, Kurtagic I, Nurkovic S, Kovacevic N, et

4. Jafari M, Seifi B, Heidari M. Risk Assessment: Factors Contributing to

5. Bariola E, Jack G, Pitts M, Riach K, Sarrel P. Employment conditions and work-

6. Souza M, Silva M, Carvalho R. Revisão integrativa: o que é e como fazer

7. Santos CMDC, Pimenta CADM, Nobre MRC. A estratégia PICO para a

8. Humeniuk E, Bojar I, Gujski M, Raczkiewicz D. Effect of symptoms of

10. Hickey M, Riach K, Kachouie R, Jack G. No sweat: managing menopausal

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 59984-59995 jun. 2021

associated with poor self-assessed work ability. Maturitas [Internet]. 2016;87:33–9.

13. Jack G, Riach K, Bariola E, Pitts M, Schapper J, Sarrel P. Menopause in the

14. Kopenhager T, Guidozzi F. Working women and the menopause. Climacteric.

15. Viotti S, Guidetti G, Converso D, Sottimano I. Fostering work ability among

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 59984-59995 jun. 2021

Você também pode gostar