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ESCOLA DE SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE
MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO
NATAL
2021
ALLAN JOSÉ SILVA DA COSTA
NATAL
2021
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Bertha Cruz Enders - -Escola de Saúde da UFRN -
ESUFRN
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Profa. Dra. Maria Lucia Azevedo Ferreira de Macêdo
Orientadora
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
__________________________________________________
Profa. Dra. Elisangela Franco de Oliveira Cavalcante
Membro interno
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
__________________________________________________
Profa. Dra. Maria Lúcia do Carmo Cruz Robazzi
Membro externo
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
COSTA, Allan José Silva da. Projeto de Qualidade de Vida no Trabalho Remoto de uma
Instituição Federal de Ensino. 248f. 2021. Dissertação (Mestrado Profissional em Práticas
de Saúde e Educação) - Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2021.
RESUMO
ABSTRACT
Several public administration agencies have sought to implement and develop Quality of Life
at Work programs, however, many difficulties have been reported, such as the absence of
situational diagnosis and the lack of minimum indicators that allow the monitoring and
evaluation of the results obtained. In this context, this research had as a general objective to
build a Quality of Life at Remote Work project for the workers of a federal educational
institution. This is a quanti-qualitative research in which action-research was used, realized in
the Rectory of a federal educational institution, in the period from April to July 2021. The
research instrument was the Remote Work Quality of Life Assessment Questionnaire,
designed specifically for the study. The data was collected in two stages: the application of
the questionnaire, which was answered by 97 technical-administrative in education, 7
professors, and 9 interns and, the realization of a Discussion Group, formed by 6 workers who
make up the Commission for Quality of Life at Work of the researched institution. The
quantitative data from the questionnaire were processed using the free statistical analysis
software R, version 4.2.0. The qualitative data from the questionnaire and the discussion
group were entered into IRaMuTeQ software and analyzed using Minayo's thematic content
analysis (2010). The results indicated that the workers evaluated their Quality of Life at
Remote Work as being good, evidencing the predominance of positive aspects, however,
problems were reported such as: the difficulty to conciliate personal and professional life, the
inadequate work environment, the inappropriate use of WhatsApp as a work tool, the excess
of online meetings, the insufficient qualification for remote work, the socio-professional
isolation and the decrease of productivity. Variables such as gender, age, education, and
marital status had an influence on the perception of the research participants; however, the
number of residents in the same residence proved to be of little use to explain variations
related to the structuring factors of Quality of Life at Remote Work. As a product resulting
from this study, the Quality of Life at Remote Work Project "Connected" was built based on
the needs of the workers of the researched institution.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 16
2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 25
3 OBJETIVOS ...................................................................................................... 26
3.1 Objetivo geral ................................................................................................... 26
3.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 26
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 27
4.1 Qualidade de vida no trabalho: revisão conceitual e modelos teóricos ........ 27
4.1.1 Modelo de Walton: a humanização do trabalho como ponto chave ................... 29
4.1.2 Modelo de Hackman e Oldham: a satisfação do trabalhador como elemento
central .................................................................................................................. 32
4.1.3 Modelo de Nadler e Lawler: gerenciamento de atividades e fatores de sucesso
para um programa de qualidade de vida no trabalho .......................................... 34
4.1.4 Modelo de Fernandes: auditoria operacional de recursos humanos para a
melhoria de qualidade de vida no trabalho ......................................................... 39
4.1.5 Modelo de Limongi-França: abordagem biopsicossocial e organizacional de
qualidade de vida no trabalho ............................................................................. 41
4.1.6 Modelo de Ferreira: ergonomia da atividade aplicada à qualidade de vida no
trabalho ................................................................................................................ 43
4.2 Críticas aos modelos de qualidade de vida no trabalho ................................. 47
4.3 Qualidade de vida no trabalho remoto ............................................................ 50
4.4. Programas de qualidade de vida no trabalho: benefícios esperados ............ 53
4.5 Administração pública ...................................................................................... 56
4.5.1 Qualidade de vida no trabalho na administração pública .................................... 65
5 MÉTODO ........................................................................................................... 70
5.1 Tipo de pesquisa ................................................................................................ 70
5.2 Local da pesquisa .............................................................................................. 72
5.3 População e amostra da pesquisa .................................................................... 73
5.4 Fases da pesquisa ............................................................................................... 75
5.4.1 Elaboração do questionário de avaliação da qualidade de vida no trabalho
remoto ................................................................................................................. 75
5.4.1.1 Dimensão 1 – ambiente físico do trabalho remoto ............................................. 75
5.4.1.2 Dimensão 2 – relação do trabalho remoto com a vida familiar ......................... 77
5.4.1.3 Dimensão 3 – relações profissionais no trabalho remoto .................................. 80
5.4.1.4 Dimensão 4 – uso da tecnologia digital no trabalho remoto .............................. 82
5.4.1.5 Dimensão 5 - organização das atividades no trabalho remoto .......................... 85
5.4.1.6 Dimensão 6 - desgastes provenientes do trabalho remoto ................................. 89
5.4.1.7 Dimensão 7 - suporte institucional para o trabalho remoto ............................... 91
5.4.2 Estruturação do questionário de avaliação da qualidade de vida no trabalho
Remoto ................................................................................................................ 94
5.4.3 Coleta de dados ................................................................................................... 99
5.4.3.1 Aplicação do questionário de qualidade de vida no trabalho remoto ................ 100
5.4.3.2 Grupo de discussão ............................................................................................. 100
5.5 Análise dos dados .............................................................................................. 102
5.5.1 Dados quantitativos ............................................................................................. 102
5.5.2 Dados qualitativos ............................................................................................... 104
5.5.2.1 Dados qualitativos do questionário de qualidade de vida no trabalho remoto .. 104
5.5.2.2 Dados qualitativos originados do grupo de discussão ....................................... 105
5.6 Aspectos éticos ................................................................................................... 105
6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................................... 107
6.1 Qualidade de vida no trabalho remoto: dados quantitativos ........................ 107
6.1.1 Participantes do diagnóstico de qualidade de vida no trabalho remoto .............. 107
6.1.2 Dimensões da qualidade de vida no trabalho remoto .......................................... 110
6.1.2.1 Ambiente físico do trabalho remoto .................................................................... 110
6.1.2.2 Relação do trabalho remoto com a vida familiar ............................................... 112
6.1.2.3 Relações profissionais no trabalho remoto ......................................................... 118
6.1.2.4 Uso da tecnologia digital no trabalho remoto .................................................... 122
6.1.2.5 Organização das atividades no trabalho remoto ................................................ 126
6.1.2.6 Desgastes provenientes do trabalho remoto ....................................................... 131
6.1.2.7 Suporte institucional para o trabalho remoto ..................................................... 134
6.1.3 Percepção global de qualidade de vida no trabalho remoto ................................ 138
6.2 Qualidade de vida no trabalho remoto: dados qualitativos .......................... 140
6.2.1 Benefícios do trabalho remoto ............................................................................ 140
6.2.2 Dificuldades do trabalho remoto ......................................................................... 151
6.3 Diagnóstico de qualidade de vida no trabalho remoto .................................. 159
6.4 Ações propostas pelo grupo de discussão para a elaboração do projeto de
qualidade de vida no trabalho remoto ............................................................ 162
6.4.1 Participantes do grupo de discussão .................................................................... 162
6.4.2 Plano de ação ....................................................................................................... 162
6.4.2.1 Plano de ação para a problemática relacionada à conciliação da vida pessoal
com a profissional ............................................................................................... 162
6.4.2.2 Plano de ação para a problemática relacionada ao ambiente inadequado de
trabalho ............................................................................................................... 166
6.4.2.3 Plano de ação para a problemática relacionada ao uso inadequado do
whatsapp como ferramenta de trabalho ............................................................. 171
6.4.2.4 Plano de ação para a problemática relacionada ao excesso de reuniões on-
line ....................................................................................................................... 175
6.4.2.5 Plano de ação para a problemática relacionada à falta de capacitação para o
trabalho remoto ................................................................................................... 178
6.4.2.6 Plano de ação para a problemática relacionada ao isolamento
socioprofissional ................................................................................................. 182
6.4.2.7 Plano de ação para a problemática relacionada à diminuição da
produtividade ...................................................................................................... 184
7 PRODUTO ELABORADO NA PESQUISA .................................................. 189
7.1 Projeto de qualidade de vida no trabalho remoto de uma instituição
federal de ensino ................................................................................................ 189
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 191
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 194
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE
DE VIDA NO TRABALHO REMOTO .......................................................... 222
APÊNDICE B – TÓPICO GUIA: GRUPO DE DISCUSSÃO ...................... 232
APÊNDICE C - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
DA UFRN ........................................................................................................... 234
APÊNDICE D – PROJETO DE QUALIDADE DE VIDA NO
TRABALHO REMOTO ................................................................................... 242
16
1 INTRODUÇÃO
2012, e a Controladoria Geral da União, em 2015. Em 2020 eram 14 órgãos públicos federais
com experiências regulamentadas de trabalho remoto, a maioria deles no âmbito do poder
judiciário (TOLEDO, 2020).
De acordo com Tenório (2021), o home office e o teletrabalho, possibilidades já
existentes na legislação brasileira, tiveram adoção em grande escala como alternativa para o
distanciamento social compulsório decorrente da pandemia de Covid-19. Tais estratégias
buscaram conciliar as recomendações das autoridades políticas e sanitárias com a
continuidade das atividades das instituições.
Para a Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividade (SOBRATT),
teletrabalho é:
2 JUSTIFICATIVA
A temática relativa à QVT tem crescido em importância nas últimas duas décadas.
Em linhas gerais, admite-se que a QVT se refere aos elementos e características que envolvem
trabalho, trabalhadores e instituições, visando estabelecer uma relação mais satisfatória e
equilibrada possível entre esses elementos. Entende-se que trabalhadores satisfeitos
contribuem melhor para a instituição e que, se o trabalho é uma fonte de bem-estar, há
repercussão positiva em vários aspectos da vida.
Nesse contexto, desde 2014, por meio da Resolução nº 16/2014-CONSUP, a
instituição espaço deste estudo possui uma Política e um Programa de QVT direcionados aos
seus servidores (INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, 2014), entretanto,
há um desafio institucional em estabelecer um modelo gerencial que compreenda as
contradições e problemas observados no ambiente laboral e que ofereça possibilidades de
intervenções e transformações nos contextos do trabalho.
Na COASS observa-se cotidianamente o aumento do número de afastamentos de
servidores por licença para tratamento da própria saúde por motivos diversos, dentre eles, as
doenças relacionadas ao trabalho e, ainda, o incremento de demandas de diretores gerais de
campi para que em suas unidades sejam realizadas ações que promovam ambientes de
trabalho mais harmoniosos, igualitários e que gerem autonomia, valorização e participação
dos seus servidores. Deste modo, a presente pesquisa situa-se no âmbito de superação das
dificuldades que a instituição pesquisada e, em especial, a Reitoria, vem enfrentando no
estabelecimento de um projeto institucional de QVT que atenda efetivamente aos anseios e
desejos dos seus trabalhadores.
Nesse sentido, este estudo gera um benefício institucional, tendo em vista que poderá
colaborar com a implementação de projetos e ações voltados para as necessidades dos
trabalhadores da instituição pesquisada, contribuindo para um cenário que possibilite o bem-
estar individual e coletivo, a diminuição dos fatores de risco de adoecimento e a formação de
um ambiente que favoreça a QVT.
26
3 OBJETIVOS
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
modelo, o autor indica que alguns atributos precisam estar presentes em um bom ambiente
organizacional. São eles:
- ausência de preconceitos, caracterizada pela aceitação do trabalhador por suas
habilidades, capacidades e potencial, independente de raça, sexo, credo, nacionalidade, estilo
de vida ou aparência física;
- igualitarismo, representado pela ausência de divisão de classes dentro da
organização em termos de status traduzida por símbolos ou estruturas hierárquicas íngremes;
- mobilidade, permitindo, por exemplo, que empregados que demonstram potencial
possam se candidatar e qualificar para níveis mais elevados dentro da organização;
- grupos de apoio, caracterizados pela ajuda recíproca, sustentação socioemocional e
afirmação da identidade de cada trabalhador dentro de uma coletividade;
- senso comunitário, representado pelo nível de companheirismo dos trabalhadores
dentro e fora da organização;
- abertura interpessoal, que nada mais é do que a forma como os membros da
organização relatam, entre si, suas ideias e sentimentos frente às atividades desenvolvidas.
O elemento do constitucionalismo na organização do trabalho garante o respeito da
instituição em relação aos direitos dos seus trabalhadores. Os principais aspectos da QVT
neste elemento são o respeito às leis e aos direitos trabalhistas; a privacidade pessoal,
garantindo o respeito à individualidade do trabalhador dentro e fora da organização; e a
liberdade de expressão para que o empregado exponha sua opinião sem temer ser repreendido
ou demitido (FREITAS; SOUZA, 2009; OLIVEIRA, 2006).
O penúltimo elemento do modelo de Walton é o trabalho e o espaço total de vida. O
autor afirma que a QVT não está relacionada apenas ao período em que o trabalhador passa
no seu local de trabalho. Nesse contexto, Freitas e Souza (2009) indicam que a experiência
individual no trabalho está associada à vida pessoal e às relações familiares. Por exemplo,
períodos de trabalho extremamente longos podem causar sérios efeitos negativos no seio
familiar do trabalhador. Assim, destaca-se a importância da relação equilibrada e harmoniosa
entre a carga horária laboral, a convivência com a família e o tempo de lazer.
Por fim, a relevância social do trabalho na vida é o último elemento constituinte do
modelo de QVT de Walton. Este elemento refere-se à percepção do trabalhador sobre a
instituição em que atua, especificamente em relação à responsabilidade social perante a
comunidade externa e ao nível de qualidade referente aos produtos e serviços prestados pela
instituição (OLIVEIRA, 2006). Sobre este aspecto, Freitas e Souza (2009) afirmam que a
32
autoestima do trabalhador pode ser afetada quando a instituição em que trabalha não é
socialmente responsável, causando uma depreciação do próprio trabalho ou de sua carreira.
O clássico modelo de QVT de Walton foi, por muitas décadas, um dos mais
utilizados para a realização de pesquisas científicas no Brasil. Para Mônaco e Guimarães
(2000), o modelo de Walton é o mais amplo, englobando processos de diagnóstico de QVT
que levam em consideração fatores de dentro e de fora das instituições. Os autores destacam
que os programas de QVT, na visão do referido modelo, têm como objetivo dar origem a uma
organização mais humanizada, onde o trabalho seja desempenhado com responsabilidade e
autonomia, o trabalhador conheça o seu desempenho, as tarefas sejam adequadas aos cargos,
ocorram a valorização e a remuneração adequada e justa do trabalho, juntamente com o
desenvolvimento pessoal e profissional do trabalhador.
Apesar de sua ampla utilização e reconhecimento, o modelo de Walton recebe
críticas.
Medeiros e Ferreira (2011) apontam que neste modelo não são abordados os aspectos
referentes à organização do trabalho e seus desdobramentos, como os modelos de gestão.
Sampaio (2012) afirma que este modelo tem dificuldades para lidar com as mudanças que
ocorreram no mundo organizacional, como, por exemplo, as novas formas de organização,
tecnologias e relações de trabalho. Por fim, Pedroso e Pilatti (2010) destacam que o modelo
de Walton aborda a QVT de forma global e abrange um grande número de elementos
constituintes, mas não avalia a esfera biológica/fisiológica dos trabalhadores e suas
interpelações com a saúde ocupacional.
pelos resultados indica o quanto a pessoa se sente responsável pelo resultado do trabalho a ela
atribuído; e o conhecimento dos resultados do trabalho está associado ao modo como o
trabalhador conhece e compreende a maneira como executa a tarefa.
Assim como o modelo de Walton, o modelo de Hackman e Oldham continua sendo
utilizado em diversos estudos sobre QVT no Brasil. São exemplos as pesquisas realizadas por
Resende e Silva (2008), Nunes (2012) e Araújo et al. (2015). Apesar de sua utilização, o
modelo também recebe críticas.
Pedroso e Pilatti (2009a) afirmam que as cinco dimensões essenciais do trabalho são
derivações de uma única característica: a satisfação do trabalhador. Para os autores, ainda que
esta característica represente um aspecto importante da QVT, a multidimensionalidade dessa
variável transcende, consideravelmente, a simples satisfação do indivíduo como indicador de
avaliação.
Medeiros e Ferreira (2011) mencionam que há um enfoque reducionista em
compreender a QVT a partir de somente uma variável: a tarefa. Ao considerar que as
características das tarefas são determinantes na motivação e satisfação do trabalhador, o
modelo desconsidera elementos importantes do ambiente do trabalho e com implicações para
o trabalhador e para a instituição, tais como a organização e as condições do trabalho.
Carvalho e Souza (2003) referem que o modelo apresenta uma linguagem de difícil
compreensão para os trabalhadores com nível de escolaridade reduzido, indicando o seu
caráter elitista, além de possuir um instrumento de avaliação demasiadamente longo e de
aplicação cansativa.
Fernandes (1996, p. 45) define QVT como uma ferramenta de “gestão dinâmica e
contingencial de fatores físicos, tecnológicos e sociopsicológicos que afetam a cultura e
renovam o clima organizacional, refletindo-se no bem-estar dos trabalhadores e na
produtividade das empresas”. Para a autora, a abrangência da QVT envolve quatro pontos
fundamentais: solução de problemas envolvendo os trabalhadores da organização em todos os
níveis hierárquicos; reestruturação da natureza básica do trabalho; inovação dos sistemas
gerenciais de recompensas; e melhorias no ambiente de trabalho.
Partindo dos pressupostos conceituais supracitados, Fernandes (1996) propôs um
modelo de QVT denominado “Auditoria Operacional de Recursos Humanos para a melhoria
de Qualidade de Vida no Trabalho”. Este modelo tem como ponto de partida a opinião dos
trabalhadores da organização como fonte de informação para diagnóstico e monitoramento da
QVT, sendo formado por nove dimensões: condições de trabalho, saúde, moral, compensação,
participação, comunicação, imagem da empresa, relação chefe-funcionário e organização do
trabalho.
Na dimensão “condições do trabalho” investiga-se a satisfação do trabalhador com as
condições físicas em que são executadas suas funções laborais, abrangendo indicadores como
segurança, equipamentos disponíveis, limpeza e higiene, e exposição aos acidentes e riscos
ocupacionais (FERNANDES, 1996).
A dimensão “saúde” investiga a satisfação dos trabalhadores em relação às ações
preventivas e assistenciais fornecidas pela organização onde atuam. Os indicadores são
bastante abrangentes e englobam itens como tabagismo, alcoolismo, alimentação, doenças
ocupacionais, afastamentos do trabalho por motivo de saúde, tempo para atividades de lazer e
exames de saúde patrocinados pela empresa (FERNANDES, 1996).
Na dimensão “moral” analisa-se a efetividade das ações gerenciais desenvolvidas na
organização referentes aos aspectos psicossociais dos trabalhadores, cujo reflexo dá-se sobre a
motivação e a moral dos profissionais. Os indicadores avaliados são a afinidade com a
profissão, o relacionamento interno da equipe de trabalho e o reconhecimento/feedback dos
pares (FERNANDES, 1996).
Na dimensão “compensação” são coletadas informações que refletem o grau de
satisfação dos trabalhadores em relação às práticas de remuneração e política de benefícios da
empresa. Os indicadores que compõem essa dimensão são o salário comparativamente aos
40
pares (equidade interna), salário comparativamente aos trabalhadores de outras empresas que
exercem função semelhante (equidade externa), plano de saúde empresarial e benefícios
adicionais remuneratórios (FERNANDES, 1996).
A dimensão de “participação” investiga o grau de abertura da organização para a
aceitação e o engajamento dos trabalhadores nas ações que denotam uma participação
verdadeiramente efetiva no processo produtivo. São coletadas informações a respeito de
indicadores como o domínio de conhecimentos para o trabalho executado, a possibilidade de
participação em processos decisórios, a possibilidade de participação em capacitações e
treinamentos oferecidos pela empresa, e a possibilidade de aprendizagem e desenvolvimento
técnico-profissional (FERNANDES, 1996).
A dimensão “comunicação” refere-se à eficácia do processo de transmissão de
informações entre e dentro de todos os níveis hierárquicos da organização. Os indicadores
desta dimensão englobam o conhecimento de objetivos e metas esperados, o fluxo de
informações entre chefes e subordinados (top-down), o fluxo de informação no mesmo nível
hierárquico e a utilização dos canais formais de informação (FERNANDES, 1996).
Na dimensão “imagem da empresa” investiga-se a percepção dos trabalhadores sobre
o conceito da organização junto aos pares e ao público em geral. Os indicadores desta
dimensão englobam a imagem que os trabalhadores têm da empresa (imagem interna), a
imagem que a população atribui à mesma (imagem externa), a identificação do trabalhador
com o seu local de trabalho e a responsabilidade da organização perante a comunidade
(FERNANDES, 1996).
A penúltima dimensão do modelo é a relação chefe-funcionário. Nesta dimensão os
trabalhadores são instigados a opinarem sobre os relacionamentos internos entre pessoas que
ocupam diferentes posições hierárquicas na organização. São avaliados indicadores como o
feedback fornecido pelas chefias imediatas, a igualdade de tratamento, a orientação e apoio
técnico e as ações de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido (FERNANDES, 1996).
Finalmente, a dimensão “organização do trabalho” completa o modelo avaliativo
com a investigação das formas e arranjos organizacionais. Os indicadores utilizados na coleta
de informações são o ritmo e jornada de trabalho, a compatibilidade e distribuição de tarefas e
a frequência das mudanças que ocorrem no ambiente laboral (FERNANDES, 1996).
Segundo Carneiro (2013) o modelo de QVT de Fernandes guarda estreita relação
com os conceitos de implantação da gestão da qualidade total nas organizações. Nesta, são
utilizados parâmetros e indicadores objetivos de controle com o intuito de medir os resultados
41
de um processo, permitindo que ele seja gerenciado pela atuação nas causas dos desvios dos
padrões esperados e das disfunções identificadas.
Neste conceito há uma ruptura com a lógica unilateral da QVT, uma vez que dois
personagens são responsáveis por ela dentro do ambiente organizacional: a instituição e o
trabalhador. A instituição tem a responsabilidade de gerir os elementos formais (práticas e
ações intencionais de intervenção) que fomentam a QVT, enquanto os trabalhadores indicam
e associam conjuntos de representações de bem-estar e mal-estar do que eles vivenciam no
ambiente laboral (FERREIRA, 2017).
O EAA_QVT apresenta duas dimensões analíticas em seu escopo de avaliação da
QVT nas organizações: a macroanalítica e a microanalítica. Cada uma delas é composta por
diferentes fatores estruturantes e conceitos específicos que subsidiam o diagnóstico, a
formulação de políticas, programas e projetos de QVT nas organizações (FERREIRA, 2017).
A dimensão macroanalítica consiste na identificação das representações que os
trabalhadores manifestam sobre os fatores estruturantes da QVT, evidenciando ou não sua
presença nas organizações. Ela é a grande responsável pelo fornecimento de dados que irá
subsidiar o diagnóstico situacional da QVT nos locais avaliados (FERREIRA, 2017).
Os fatores estruturantes da dimensão macroanalítica são divididos em três grandes
grupos: contexto do trabalho, práticas de gestão e sentimentos sobre o trabalho. O fator
“contexto do trabalho” apresenta seis subfatores de análise: condições de trabalho,
organização do trabalho, relações socioprofissionais, reconhecimento e crescimento
44
Admite-se que cada esfera represente um tipo de custo humano, ou seja, o modelo
pressupõe a existência de um custo físico (custo corporal refletido no gasto energético
fisiológico, principalmente, sob a forma de posturas, gestos, deslocamentos e emprego de
força física); um custo cognitivo (custo mental refletido sob a forma de atenção necessária, do
uso da memória, forma de aprendizagem requerida, de resolução de problemas e de tomada de
decisão); e um custo afetivo (custo emocional sob a forma de relações afetivas, de
sentimentos vivenciados e de estado de humor manifesto no ambiente de trabalho)
(FERREIRA, 2017).
As estratégias operatórias de mediação expressam os “modos de pensar, sentir e de
agir” dos trabalhadores perante as diferentes situações vivenciadas na organização. Elas visam
responder, individual e coletivamente, da melhor forma possível, à diversidade de
contradições e conflitos que geram impacto sobre o custo humano do trabalho. Desta forma,
elas previnem a presença de mal-estar e instauram, em oposição, as vivências de bem-estar no
trabalho (FERREIRA, 2017).
Por fim, a cultura organizacional é o conceito específico que expressa os elementos
típicos de um determinado local de trabalho. Por exemplo, o tipo de linguagem e simbolismos
utilizados pelos trabalhadores, os estilos de trabalho e comportamentos mais comuns, os
valores organizacionais pregados pela empresa, os ritos de entrada e saída da organização, as
rotinas, normas e regulações presentes no ambiente de trabalho, entre outros (FERREIRA,
2017).
O diagnóstico situacional de QVT em suas dimensões macro e microanalítica é
intrinsicamente permeado por dois conceitos fundamentais do EAA_QVT: o bem-estar e o
mal-estar no trabalho. Para Ferreira (2017),
Dimensão microanalítica:
custo humano do trabalho,
estratégias operatórias de
mediação e cultura
organizacional
Instrumento
padronizado Questionário Questionário Inventário
de avaliação
da QVT
Fonte: Adaptado de Fernandes (1996), Limongi-França (1996) e Ferreira (2017)
47
Ao longo dos anos, os modelos de QVT foram estudados e analisados sob diferentes
bases conceituais, teóricas, sociológicas e ideológicas, gerando críticas e questionamentos
sobre suas propostas e interesses.
Reiter (2007) questiona a elaboração de indicadores universais dos modelos de QVT,
já que considera que as expectativas relacionadas à QVT são específicas de cada grupo social,
ou seja, não podem ser padronizadas ou generalizadas. Para ele, muitas das definições
utilizadas pelos modelos podem ser consideradas absolutistas, já que ditam um conceito de
equilíbrio de fatores no ambiente laboral como ideal para que todos os trabalhadores, sem
exceções, venham a segui-lo.
O mesmo autor afirma que as definições e abordagens que refletem uma perspectiva
situacional e não totalitária são muito mais válidas, tanto para os profissionais como para os
teóricos que se debruçam sobre o tema. Na sua concepção, somente as abordagens que
permitem a contextualização oferecem a oportunidade de explorar os fatores que contribuem
para a QVT em cada grupo de pessoas, ou organizações, conforme suas especificidades; é a
partir dessa contextualização local que se torna possível a criação de indicadores e fatores
para balizar programas de QVT (REITER, 2007).
Scopinho (2010) afirma que, embora a QVT advenha da ideia de “humanizar” o
trabalho, sobretudo no modelo de Walton, sua origem encontra-se em uma preocupação
essencialmente gerencial. A autora afirma que a QVT não passa de um modismo gerencial
que busca uma fórmula que englobe as dimensões dos conhecimentos e dos sentimentos dos
trabalhadores envolvidos na realização do trabalho, com o objetivo de que tais dimensões
sejam controladas pelo gestor. Para a autora, o real interesse por trás do modismo da QVT é a
melhoria da produtividade, da redução de custos e do aumento do lucro.
Araújo (2010), em uma análise de caráter sociológico e ideológico, afirma que a
humanização presente nos discursos e modelos de QVT é contaminada pelos processos de
produção capitalista, do ponto de vista teórico, ético e político. Para o autor, os modelos de
QVT como medidas de humanização do trabalho estão, na verdade, a serviço do processo de
dominação do capital sobre o trabalho, por meio de uma exploração mais civilizada e refinada
do trabalhador. Estratégias gerenciais como a QVT objetivam maior controle e “docilização
do fator humano” no sistema de produção, com a finalidade de que este sirva ao capital.
Produz-se um “teatro” de humanização do trabalho, que aparenta ser atraente para os
48
trabalhadores e submete-os às relações amistosas, mas que na verdade geram uma exploração
cada vez mais acentuada.
Dourado e Carvalho (2006) questionam o real objetivo da QVT como estratégia
gerencial. Em última instância, o intuito da QVT é sempre o de obter aumentos no
desempenho e na produtividade dos trabalhadores, cuja consequência imediata é o maior
rendimento organizacional.
Nesse contexto, os trabalhadores não passam de peças importantes na racionalização
dos meios de produção, funcionando como instrumentos e submetidos à supremacia dos
interesses e do poder econômico. Os autores concluem que a QVT e seus modelos de
aplicação apresentam-se como uma das estratégias mais opressoras e audaciosas de alienação
do trabalhador nas organizações modernas, atuando por meio de variados mecanismos de
manutenção da condição instrumental do indivíduo no local de trabalho (DOURADO;
CARVALHO, 2006).
Ferreira (2017) não critica especificamente os modelos, mas sim o modo como os
programas de QVT estão sendo aplicados nas organizações. O autor afirma que as ações,
projetos e programas de QVT são aplicados, hegemonicamente, por meio de um viés
assistencialista. Ações como ginástica laboral, aulas de ioga, salas de descanso, massagem,
dança, entre outras, possuem um caráter assistencial cujo objetivo é a melhoria da
produtividade organizacional e da imagem positiva da empresa. Para o autor, programas com
estes tipos de ações empobrecem o caráter coletivo do trabalho, colocando a ênfase no
indivíduo, isoladamente.
Ao focar somente nos indivíduos, as práticas assistencialistas transferem para os
trabalhadores a responsabilidade pela sua qualidade de vida no trabalho, fazendo com que as
reais fontes de desgaste, fadiga e estresse no trabalho, cujas raízes encontram-se na própria
natureza organizacional, fiquem esquecidas e permaneçam intocadas. Logo, o que os
programas assistencialistas de QVT buscam é o aumento da resistência física e mental dos
trabalhadores para suportarem as adversidades organizacionais, fazendo com que o
trabalhador se transforme em uma variável de ajuste, devendo se adaptar ao ambiente
organizacional (FERREIRA, 2017).
Nesse sentido, Ferreira (2017) propôs um modelo de QVT para aplicação nas
organizações, principalmente as públicas. Segundo o autor, sua proposta é de natureza
preventiva, em oposição às de natureza assistencialista às quais teceu críticas.
Padilha (2009) explica que existe uma grande distância entre o discurso e a prática de
QVT referente à adoção de modelos para gerar autonomia e emancipação do trabalhador. A
49
autora entende a QVT como um mecanismo para maquiar problemas de ordem estrutural na
organização, transferindo o foco para o trabalhador por meio de uma ideologia de “pão e
circo”, em convergência com as críticas apresentadas por Ferreira (2017).
De acordo com Padilha (2009), o conflito, o desequilíbrio e os problemas do trabalho
inerentes à ordem capitalista são negados e escondidos, não havendo preocupação no real
conhecimento de suas causas. Assim, as práticas de QVT agem como estratégias para gerar
alívio momentâneo, amenizando os efeitos, mas sem atacar as causas que geram mal-estar.
Nesse contexto, muitas organizações acabam se transformando em espaços artificiais e
atraentes de bem-estar, utilizando atividades de esporte e lazer para maquiar os males
associados aos sacrifícios do trabalho.
Pracidelli e Rossler (2018), em linha análoga às críticas de cunho ideológico e
sociológico, afirmam que a QVT e seus modelos teóricos são tipos de estratégias de gestão
cada vez mais sofisticados para o controle objetivo e subjetivo do trabalhador. Os autores
entendem que o objetivo central da QVT é apenas o de inserir novos motivos dentro do
processo de trabalho a fim de que a produtividade seja otimizada. Tais motivos acabam por
anestesiar o trabalhador e contribuem para que a alienação e exploração às quais ele está
submetido não se tornem conscientes, afastando-o do engajamento em mobilizações para a
organização coletiva necessária à superação das relações sociais de dominação, exploração e
alienação.
Fell e Martins (2015), ao se dedicarem sobre um dos fatores mais comuns nos
modelos de QVT, o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal, discorrem sobre o
processo de desterritorialização das empresas, cuja característica fundamental é a extensão do
trabalho para casa. Desta forma, faz-se presente o fenômeno da precarização e do
desaparecimento de todo o ciclo de vida social dos trabalhadores, uma vez que os recursos
organizacionais, ao invadirem a casa do trabalhador para além do horário habitual de trabalho,
fazem desaparecer os limites entre a organização e a vida pessoal dos indivíduos.
Nesse contexto, os modelos de QVT usam o discurso de as organizações oferecerem
espaços de lazer, esporte e de integração social, academias de ginástica, atividades esportivas,
entre outras e, ao mesmo tempo, defendem a necessidade de o indivíduo dedicar mais tempo à
família, ao seu lazer. Para Fell e Martins (2015), tal discurso tem, na verdade, a ideia de criar
uma união entre a organização e a família do trabalhador, incentivando-o a produzir sempre o
máximo possível, para que faça jus às vantagens e benefícios que a empresa oferece não
apenas a ele, mas também a toda a sua família.
50
conteúdo do seu trabalho e estabelece melhor o seu ritmo laboral conforme as suas dimensões
biológicas, psicológicas e sociais. Esta autonomia promove maior satisfação profissional e,
consequentemente, melhoria da QVT.
Filardi, Castro e Zanini (2020) investigaram as vantagens e desvantagens do trabalho
remoto na percepção de trabalhadores e gestores da administração pública. Os autores
apontaram fatores que indicam potencialidades e benefícios, gerando bem-estar para o
trabalhador, e dificuldades e malefícios, causadores de mal-estar na execução do teletrabalho.
As informações levantadas no estudo sugerem que o trabalho remoto é capaz de gerar
impactos positivos e negativos sobre a QVT de trabalhadores. Tais impactos podem ocorrer
em diferentes dimensões e esferas do comportamento organizacional.
Silva (2004) pesquisou as influências do teletrabalho sobre a QVT de funcionários de
uma empresa privada e, ao comparar a experiência de trabalhadores que desenvolviam suas
atividades no espaço físico da instituição com os que trabalhavam remotamente, concluiu que
o trabalho remoto proporcionou o aumento da concentração e da motivação, a melhoria do
desempenho profissional, além de promover o melhor convívio familiar, todavia, os
teletrabalhadores mostraram-se mais ansiosos para a execução de suas atividades do que
quando estavam em regime presencial.
Barbosa (2020) investigou os efeitos do trabalho remoto sobre a QVT de servidores
técnicos-administrativos em educação de um instituto federal de ensino. Utilizando o modelo
de Walton, foram identificados como pontos positivos a autonomia, a responsabilidade social
da instituição, o tempo para o lazer com a família e o ambiente físico para a execução das
atividades. Em relação aos pontos negativos, destacam-se a baixa percepção de senso
comunitário, o relacionamento entre os trabalhadores, a responsabilidade social pelo serviço,
a falta de estabilidade de horários e as condições de trabalho.
Também fundamentados no modelo de Walton, Pereira et al. (2021) realizaram uma
pesquisa quantitativa para analisar os impactos do trabalho remoto sobre a QVT de servidores
do Poder Judiciário do Estado do Amapá. Entre os resultados favoráveis à QVT, destacam-se
o nível de satisfação com a privacidade e o ambiente familiar do servidor. Já, entre os
resultados desfavoráveis que afetam negativamente a QVT, os autores destacam a percepção
negativa sobre o suporte institucional relativo à saúde ocupacional do trabalhador. Para os
autores, essa perspectiva negativa pode ter relação com o isolamento profissional e com a
ausência de comunicação imediata com a organização.
Resultados de pesquisa realizada por Andrade (2020), junto a trabalhadores da
administração pública brasileira, mostraram que o trabalho remoto contribuiu para a QVT e
52
Cogo (2014), em pesquisa realizada com empresa atuante na área de saúde, constatou
que a implantação sistematizada de fornecimento de feedback, um dos fatores do modelo de
QVT de Hackman e Oldham (1975), mostrou-se extremamente benéfica para trabalhadores e
organização. A autora concluiu que na empresa pesquisada a maioria dos trabalhadores
aprovava ter um parecer sobre seu desempenho profissional, fosse ele positivo ou negativo,
pois, ao saber de suas potencialidades e seus pontos de melhora, eram mais assertivos e
precisos nas suas atitudes e resultados dentro da empresa.
Bühler e Silva (2010) analisaram os efeitos da implantação de um programa de QVT
em uma empresa de turismo. Os autores compararam indicadores antes e após a realização das
ações do programa e constataram um aumento estatisticamente significante dos índices de
satisfação interna dos trabalhadores e uma diminuição, também estatisticamente significante,
do número de erros operacionais cometidos pelos profissionais. Para os pesquisadores, tais
resultados podem ser explicados por ações como atividades esportivas e de lazer, aumento dos
benefícios e melhoria do sistema de recompensas, oportunidade de treinamento profissional,
todas constantes do programa de QVT implementado pela instituição.
Monteiro et al. (2011) avaliaram o impacto de um programa de QVT no faturamento
de empresas metalúrgicas de pequeno, médio e grande porte do Estado do Pará. Os autores
concluíram que houve um impacto positivo do nível de satisfação dos trabalhadores e dos
gestores e do nível de investimento em QVT, no faturamento das empresas.
Segundo os resultados da pesquisa, as variáveis investimento em QVT e percepção
de satisfação com ações e programas oferecidos pela organização estão associados,
positivamente, com o faturamento das empresas analisadas. Ao relacionarem a QVT aos
efeitos positivos no faturamento e na produtividade, tais resultados revelam o papel
estratégico dessa ferramenta, em que as ações e os programas resultam em benefícios diretos
aos trabalhadores e repercutem em ganhos para as organizações (MONTEIRO et al., 2011).
Schirrmeister e Limongi-França (2012) analisaram as relações da QVT com o
comprometimento organizacional de trabalhadores de diferentes vínculos em um Instituto de
Pesquisas Tecnológicas. Os autores concluíram que existe uma correlação positiva de
influência da QVT sobre o comprometimento organizacional.
Achados semelhantes foram encontrados por Zanardi et al. (2015) em um estudo
realizado em uma loja de varejo do Sul do Brasil. Os resultados obtidos pelos autores
indicaram que existe uma relação moderada positiva entre a QVT e o comprometimento
organizacional, principalmente, no fator de permanência do trabalhador na organização,
56
afirmando que, se houver uma melhora na percepção dos trabalhadores com relação às ações
de QVT, é provável que haja uma diminuição na rotatividade da organização.
Saindo da iniciativa privada e entrando na esfera pública, Lemos (2017) comparou
indicadores de QVT em um contexto sociotécnico do ambiente de trabalho de servidores de
um órgão do Poder Judiciário brasileiro, adotando como base o modelo de Ferreira (2017).
Após dois anos de ações do programa de QVT, o autor identificou melhorias nos indicadores
de organização do trabalho dentro da instituição.
Ainda há uma lacuna bastante evidente em relação à realização de estudos
longitudinais que analisem os efeitos e benefícios dos programas de QVT nas organizações.
Se há um elevado número de estudos descritivos avaliando indicadores de QVT e realizando
diagnósticos situacionais, o mesmo não podemos afirmar sobre estudos em longo prazo que
comparem os resultados antes e após as intervenções aplicadas junto aos trabalhadores.
Conforme afirmam Medeiros e Ferreira (2011), poucos estudos realizados no país
estabelecem análises que articulem os resultados dos programas de QVT em relação às suas
propostas e ao contexto no qual foram criados e aplicados, viabilizando, desta forma,
questionamentos e críticas sobre o planejamento, a execução, a avaliação e a efetividade de
tais programas.
exerce, de forma direta ou indireta, para satisfação do interesse público. Meirelles (2020)
conceitua os serviços públicos como aqueles prestados pela administração pública sob normas
e controles do Estado, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da sociedade, ou
simples conveniência estatal. Di Pietro (2020) entende o serviço público como toda atividade
material que a lei atribui ao Estado, exercida diretamente ou por meio de seus delegados,
tendo por objetivo a satisfação concreta das necessidades coletivas, sob regime jurídico total
ou parcialmente público.
Do ponto de vista da legislação, estes serviços são regulados pela Emenda
Constitucional nº 19/98, que prevê a necessidade da participação do cidadão/usuário na
administração pública direta e indireta, indicando a possibilidade de reclamações relativas à
prestação dos serviços públicos em geral, a avaliação periódica da qualidade dos serviços
prestados, a manutenção de serviços de atendimento ao usuário, o acesso do cidadão aos
registros administrativos e a possibilidade de representação contra o exercício negligente ou
abusivo de cargo, emprego ou função (BRASIL, 1998). Tais mecanismos regulatórios
possuem o objetivo de melhorar o atendimento e a qualidade dos serviços prestados à
população, tornando a Administração Pública mais eficiente e transparente.
Nesse contexto, Ferreira (2017) ressalta que os cidadãos, cada vez mais, tornam-se
conscientes dos seus direitos e adotam uma postura mais vigilante e reivindicatória quanto à
qualidade dos serviços públicos. O autor cita a elevada frequência de diferentes tipos de
reclamações e queixas quanto aos serviços prestados à população, como demora e atrasos nos
atendimentos, erros na prestação dos serviços, excesso de burocratização, carência de
infraestrutura e equipamentos, demandas não atendidas, dificuldades de comunicação,
atendimentos desrespeitosos, entre outros.
Ferreira (2017) enfatiza que, diante de tal cenário, torna-se fundamental no âmbito da
gestão pública a implementação de estratégias que respondam ao rol de novas exigências que
se apresentam nos serviços públicos.
Lancman et al. (2007) chamam a atenção para o fato de que, enquanto ocorre o
aumento das exigências e demandas nos serviços públicos, também pode ocorrer uma
diminuição da capacidade de atendê-las, o que gera dificuldade para os trabalhadores e
compromete a qualidade dos serviços prestados. Os autores destacam que, dentre as formas de
precarização e instabilidade no serviço público, estão as privatizações seguidas de demissões,
o aumento da terceirização, as oscilações políticas e o consequente aparelhamento de cargos
comissionados, além da deterioração da imagem do próprio trabalhador, que muitas vezes é
responsabilizado pelas deficiências e crises institucionais.
60
Sobre os trabalhadores, Silva (2020) afirma que os serviços públicos são realizados
pelos agentes públicos. Estes são divididos em duas categorias: agentes políticos e
administrativos. Para este estudo, a importância recai sobre os administrativos, que são todos
aqueles que possuem com o poder público uma relação de trabalho contínua e sob
subordinação hierárquica. Dentro da categoria de agentes administrativos, despertam especial
interesse nesta pesquisa os servidores investidos em cargo público, tradicionalmente
conhecidos como servidores públicos.
Di Pietro (2020) afirma que os servidores públicos são as pessoas físicas que prestam
serviços ao Estado, com vínculo empregatício e remuneração paga diretamente pelos cofres
públicos. Teodoro (2018) complementa que eles ingressam no trabalho já sabendo o cargo
que irão ocupar, a remuneração prevista e o plano de progressão na carreira, todos definidos
em lei.
Estefano (1996) argumenta que esses servidores formam o elo entre as instituições
públicas, os serviços públicos e os cidadãos/usuários e, por executarem o contato direto com
estes últimos, desempenham papel importante na imagem da qualidade do serviço público e
na satisfação daqueles que o usufruem.
Conforme Diniz et al. (2012), o servidor público muitas vezes é associado à má
vontade, à incompetência, à falta de comprometimento e até à corrupção. Em contrapartida, os
autores referem que O servidor sente-se muito mais como vítima do que como vilão do
processo. No mesmo contexto, Medeiros (2011) descreve que a ineficiência de um serviço
público geralmente é atribuída ao servidor, sem que as reais causas dos problemas presentes
no ambiente trabalho sejam diagnosticadas e solucionadas, tornando-o uma simples variável
de ajuste.
Nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, órgãos pertencentes à
administração pública brasileira, os servidores públicos são divididos em duas categorias:
técnicos-administrativos em educação (TAE) e docentes.
Para Freire (2007, p. 14) o trabalho docente é aquele que se materializa no processo
de ensino-aprendizagem e exige:
Esteve (2014) afirma que nos últimos anos o contexto socioprofissional do trabalho
docente tem se modificado. Entre as principais mudanças, destaca o autor, estão o aumento
das responsabilidades e exigências que são projetadas sobre os professores; a transformação
dos agentes tradicionais de socialização, principalmente a família; o surgimento de novas
fontes de informação e cultura, como a rede mundial de computadores, as redes sociais e os
aplicativos de mensagens instantâneas; e os conflitos de ordem político-ideológica que se
instauram em muitas instituições, quando se pretende determinar os valores que o professor,
dentre os vigentes na sociedade, deve transmitir ou questionar.
Segundo Oliveira e Oliveira (2008), seja na esfera pública ou privada, os docentes
estão sendo cada vez mais exigidos pela sociedade em geral, particularmente, pelos pais dos
alunos. De acordo com os autores, as condições de trabalho sob as quais os docentes
mobilizam as suas capacidades físicas, cognitivas e afetivas para alcançar os objetivos da
produção escolar podem gerar um esforço acima do normal de suas funções psicofisiológicas.
Na mesma linha de pensamento, Tavares et al. (2007) afirmam que a profissão
docente é uma das mais estressantes da sociedade contemporânea. Características como
jornadas de trabalho excessivamente longas, raras pausas para descanso, refeições breves e,
muitas vezes, realizadas em lugares desconfortáveis, geram problemas relacionados ao sono, à
má alimentação e à ausência de tempo para o lazer.
Carlotto (2002) identifica uma série de dificuldades no trabalho docente
contemporâneo: mau relacionamento professor/aluno; sobrecarga de trabalho, tendo muitas
vezes que levar tarefas para seu ambiente familiar; o fato de ter que lidar com aspectos sociais
e emocionais dos alunos; conflitos ocasionados pelas expectativas dos pais, dos gestores e da
comunidade; e falta de autonomia e participação nas definições das políticas de ensino.
Ainda no contexto das dificuldades do trabalho docente, Penteado (2007) argumenta
que os professores são uma das categorias profissionais que mais apresentam problemas
vocais. Segundo o autor, alguns fatores que contribuem para a deficiência de saúde vocal são
a utilização da voz por muitas horas em jornadas excessivas de trabalho e a necessidade de
aumentar a intensidade da voz em decorrência do grande número de alunos em sala de aula.
Silva (2010), ao analisar especificamente a atividade docente na educação
profissional, menciona a existência de um dilema constante refletido na dualidade estrutural
do trabalho manual versus trabalho intelectual. Para o autor, o professor se encontra inserido
em um contexto em que o ensino profissionalizante, muitas vezes, é visto como formador de
mão de obra para o “capital”, fazendo com que a educação profissional seja frequentemente
demonizada.
62
Além dos docentes, os servidores TAE também exercem funções nos Institutos
Federais. Segundo a Lei nº 11.091, de 12 de janeiro de 2005, as suas principais funções são:
Os TAEs exercem suas atividades nos diferentes espaços das instituições federais,
atuando em ambientes organizacionais estruturados a partir das necessidades de cada
instituição (BRASIL, 2005).
Nesse contexto, Teodoro (2008) explica que, dependendo do cargo e do ambiente
organizacional em que estão lotados, os TAEs podem atuar diretamente com gestão de
materiais, suporte aos laboratórios, compras e licitações, setor de saúde, gestão de pessoas,
atendimento ao público, logística, tramitação de processos, gestão orçamentária e financeira,
protocolo, tecnologia da informação, entre outras funções.
De acordo com Martins e Ribeiro (2018) os TAEs atuam em processos
administrativos das áreas-meio das instituições de ensino e estão organizados em cargos
administrativos de instâncias e graus de responsabilidade distintos. Nas instituições de ensino
superior, as atividades acadêmicas e administrativas coexistem e são interdependentes. Nesse
sentido, os autores afirmam que os servidores TAE exercem papel fundamental e estratégico
para o funcionamento dessas instituições, por isso, é incorreto determinar níveis de
importância entre os diferentes atores institucionais (TAEs, docentes e discentes).
Segundo a regulamentação da atividade do servidor TAE no Instituto Federal
Fluminense (2016), a atuação destes profissionais possui uma singularidade que ressalta a
importância do seu trabalho para o contexto educacional brasileiro.
Entre as principais contribuições destes atores institucionais estão as funções de
apoio ao ensino, possibilitando um ambiente acadêmico de qualidade a partir da construção de
uma boa infraestrutura educacional e de bem-estar; de apoio à pesquisa e à extensão,
coordenando ou integrando equipes de pesquisa/extensão e disponibilizando condições em
seu ambiente de trabalho para que as atividades de pesquisa/extensão se desenvolvam; e de
apoio à gestão, correspondendo à participação em atividades de chefias, assessorias,
coordenações e direções, cuja finalidade seja viabilizar, direta ou indiretamente, as atividades
63
Para Lage et al. (2014) a atividade de estágio deve ser uma ação planejada, um
processo contínuo, dinâmico e sistemático com periodicidade, objetivando a formação
64
adequada dos educandos e estimulando o seu potencial por meio das atividades de ensino-
aprendizagem. Em alusão ao trabalho, o artigo 2º da Lei do Estagiário descreve que “o estágio
visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização
curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho”
(BRASIL, 2008b, p. 1).
Correia (2016) afirma que, além dos aspectos pessoais e profissionais, o estágio na
administração pública tem elevado potencial para desenvolver a dimensão cidadã do
educando. Atuando no locus próprio da gestão pública, o estudante adquire a capacidade de
desmistificar a engrenagem governamental, bem como de conviver e debater os valores
sociais nela estabelecidos.
Araújo e Garcia (2014) argumentam que, mesmo o estágio sendo considerado uma
forma de compatibilização do conhecimento teórico com a prática profissional, na realidade
muitas instituições acabam selecionando os estagiários de forma personalista, paternalista, e
utilizam-nos em tarefas que não possuem relação com o curso de formação. Para os autores,
na administração pública são escassos os programas de estágios estruturados para
proporcionar experiências profissionais adequadas aos estagiários.
Na mesma linha de pensamento, Batista e Kool (2014) analisam situações que podem
levar ao desvirtuamento da atividade de estágio no serviço público. De acordo com as autoras,
umas das situações mais comuns ocorre quando os estagiários, que em tese estagiam para
aprender, acabam exercendo funções que fazem parte das atribuições dos servidores
concursados. Neste cenário, os estagiários são contratados para solucionar problemas de falta
de pessoal concursado nos órgãos da Administração Pública.
Ramalheiro (2016) menciona que muitos programas de estágio na administração
pública são mal estruturados e desorganizados, gerando experiências negativas para os
educandos. Esta situação pode provocar certa desilusão dos estudantes com o setor público,
estimulando-os à iniciativa privada. Para a autora, tal situação pode fazer com que
futuramente bons profissionais não se interessem pelo trabalho na administração pública.
Docentes, TAEs e estagiários fazem parte da força de trabalho nas instituições
públicas e, na concepção de Ferreira (2017), devem ser inseridos nos programas de QVT.
Segundo o autor, não se admite que a QVT seja específica para um grupo ou setor da
organização, já que qualquer um que atue no ambiente organizacional pode estar diante de
uma situação adversa ou de uma vivência de mal-estar no trabalho. É preciso que todos
estejam envolvidos no processo.
65
Ainda sobre esta temática, Ferreira (2017) refere que ações de QVT na perspectiva
assistencialista objetivam, na realidade, aumentar a resistência do trabalhador para que ele
continue trabalhando em um ambiente organizacional gerador de mal-estar; em outras
palavras, adaptar o trabalhador ao trabalho através de práticas compensatórias do desgaste
provocado por um ambiente organizacional desfavorável. A responsabilidade pela QVT é
transferida para o trabalhador, que deve se engajar e participar das ações, enquanto a
responsabilidade institucional é reduzida à disponibilização de atividades paliativas.
Melo (2016) afirma que as práticas assistencialistas de QVT representam um custo a
mais para a administração pública, mas pouco geram em termos de resultados. A autora
argumenta que práticas dessa natureza proporcionam alívio momentâneo dos problemas e do
estresse laboral, os quais, entretanto, retornam assim que o trabalhador novamente é inserido
no ambiente adverso. Ao perceberem que os problemas permanecem inalterados, os
trabalhadores desistem de participar das atividades ofertadas, inviabilizando a continuidade
das ações e deixando as instituições, muitas vezes, com recursos financeiros comprometidos
com prestadores de serviços que não têm mais público para suas práticas.
Para vencer o desafio de superar a abordagem assistencialista da QVT como prática
hegemônica nas organizações públicas, Ferreira (2017) propõe um modelo baseado em uma
abordagem preventiva. Segundo o autor, tal abordagem deve contribuir para se alcançar,
concomitantemente, três dimensões interdependentes: vigilância em saúde e segurança no
trabalho; assistência psicossocial aos trabalhadores; e promoção do bem-estar no trabalho.
Para Ferreira, Alves e Tostes (2009) a QVT, em uma ótica preventiva, tem como
pressuposto fundamental a remoção de indicadores críticos que geram mal-estar nos
ambientes de trabalho. Nesse sentido, é necessário conceber essa dimensão como tarefa de
todos, buscando permanentemente o equilíbrio entre o bem-estar do trabalhador e a eficiência
e eficácia dos serviços prestados aos cidadãos / usuários.
Assim, Ferreira, Alves e Tostes (2009) mencionam alguns fundamentos básicos que
formam o arcabouço teórico da QVT preventiva, entre os quais se destacam a preconização de
ações que valorizem os trabalhadores como principais agentes dos resultados; que promovam
o reconhecimento socioprofissional individual e coletivo; que estimulem a criatividade e a
autonomia na execução de tarefas; que proporcionem a participação efetiva nas decisões
relacionadas ao bem-estar individual e coletivo; e que concebam a QVT como dimensão
transversal a toda a estrutura da organização, conduzida de forma que implique no
compromisso de dirigentes e gestores, na cooperação interdisciplinar de especialistas e em
parcerias intersetoriais e interinstitucionais (FERREIRA; ALVES; TOSTES, 2009).
69
5 MÉTODO
como critérios de exclusão, não estar exercendo atividades regularmente na instituição, como
os cedidos a outros órgãos e os afastados do trabalho por qualquer motivo.
Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, a população final foi composta
por 179 participantes, uma vez que 13 TAEs estavam afastados, sendo seis para realizar
cursos de pós-graduação, e sete cedidos para outros órgãos.
Para um diagnóstico confiável da realidade do trabalho remoto, optou-se por
estabelecer a quantidade mínima representativa dos respondentes da população do estudo.
Assim, foi utilizado o cálculo amostral para populações finitas em estudos com variáveis
qualitativas, conforme indicado por Miot (2011). A fórmula estatística utilizada foi n=
N.p.q.z² / (N–1).E² + p.q.z², onde n representa o tamanho da amostra; z é o valor crítico para o
grau de confiança desejado, que neste estudo foi de 1,96 (95%); E é o erro padrão, que neste
estudo foi de 5%; N é o tamanho da população da pesquisa; p é a proporção de resultados
favoráveis da variável na população; e q é a proporção de resultados desfavoráveis na
população (q=1-p) (MIOT, 2011).
Após a realização do cálculo amostral com intervalo de confiança de 95% e erro
admitido de 5 pontos percentuais, obteve-se o n representativo de 104 respondentes para a
população de 179 participantes.
Foi enviado para os endereços eletrônicos de todos os 179 trabalhadores o
Questionário de Avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho Remoto, dos quais 119 foram
devolvidos, sendo seis excluídos do estudo por apresentarem respostas incompletas. Dessa
forma, 113 foram considerados válidos para análise.
No segundo momento, participaram do estudo os seis trabalhadores que compõem a
Comissão de Qualidade de Vida no Trabalho da instituição pesquisada. Os critérios de
inclusão foram ser docente, TAE ou estagiário/bolsista, de ambos os sexos, lotados no local
da pesquisa, que concordassem em participar do estudo; e, como critérios de exclusão, não
estar exercendo atividades regularmente, como os cedidos a outros órgãos e os afastados do
trabalho por qualquer motivo.
75
Brik e Brik (2013) descrevem que um local susceptível a barulhos gera distrações e
interrupções no processo de trabalho. Frainer et al. (2020) constataram que, durante a
pandemia de Covid-19, três em cada quatro trabalhadores pesquisados relataram não possuir
em suas residências um ambiente silencioso livre de barulhos e ruídos externos.
Um outro elemento que merece destaque no estudo do ambiente físico do trabalho
remoto é o mobiliário (equipamentos, mesa, cadeiras). A este respeito, o Tribunal Superior do
Trabalho (TST) (2020) destaca que os locais devem proporcionar postos de trabalho com
móveis e equipamentos ergonomicamente adequados; a mesa e a cadeira devem estar em
alturas apropriadas, e o computador, a uma distância confortável da visão, por exemplo,
reforçando que a utilização improvisada de móveis e dispositivos tecnológicos pode causar
danos ao trabalhador. O empregador é o responsável pela saúde e segurança do
teletrabalhador, portanto, deve-se exigir a existência de equipamentos ergonomicamente
corretos na realização das atividades laborais (RODRIGUES, 2011a).
No Quadro 5 são apresentados os principais fatores que podem causar impactos
sobre a QVT na dimensão “Ambiente Físico do Trabalho Remoto”.
A relação do trabalho com a vida familiar está presente nos modelos de QVT de
Walton (1973, apud FREITAS; SOUZA, 2009), Cavalcante (2017) e na primeira versão de
Ferreira (2009). Posteriormente, Ferreira (2017) retirou esta dimensão da análise de QVT. De
acordo com Cavalcante (2017), o principal aspecto observado nesta dimensão é como a
78
jornada de trabalho influencia a forma de o trabalhador se relacionar com a sua família e com
outros aspectos da sua vida social.
No trabalho remoto a relação do trabalhador com a vida familiar é bastante
impactada (FILARDI; CASTRO; ZANINI, 2020). Os estudos apontam para caminhos
opostos, havendo registros de melhoria da conciliação do trabalho com a vida familiar, bem
como do aumento de conflito entre estes dois fatores.
Nohara et al. (2010) constataram que o trabalho remoto proporcionou maior
tranquilidade nos assuntos domésticos, como cuidar e acompanhar os filhos ou ficar mais
tempo junto ao cônjuge. Segundo os autores, a interação dos trabalhadores com a família
mostra-se prazerosa pela satisfação de estar próximo dos filhos e pelo fato de acompanhá-los
nas suas atividades diárias. Resultados semelhantes foram encontrados por Gaspar et al.
(2014), que demonstraram que os trabalhadores entendem o contato direto e próximo com a
família como um fator benéfico.
Tremblay (2002) identificou que o trabalho remoto permite que os trabalhadores
estejam mais disponíveis para atender às necessidades dos filhos, conduzi-los à escola e
cuidar deles, ainda que isto resulte em trabalhar até mais tarde. Nos resultados de sua
pesquisa, a autora concluiu que os trabalhadores estabelecem regras e administram a
construção de um espaço de trabalho residencial para eles próprios, que normalmente é
respeitado pelos demais membros familiares.
De outra forma, Aderaldo, Aderaldo e Lima (2017) apontaram que a falta de limites
entre os horários de trabalho e lazer e as constantes interrupções dos familiares durante as
atividades remotas são potenciais fontes de conflito. Martins, Aguiar e Bastos (2020) referem
que, em decorrência da realização das tarefas na residência, pode haver um conflito entre
aqueles que vivem juntos, sendo depositada no trabalhador uma expectativa para que ele
assuma mais responsabilidades domésticas, o que muitas vezes não ocorre.
Freitas (2008) realiza uma análise do conflito “trabalho e família” baseada no sexo.
Para a autora, o trabalho remoto pode representar uma forma de perpetuar a exploração da
mulher em termos de dupla jornada, isto é, o trabalho pago e as responsabilidades domésticas.
Ele se mostra como uma modalidade de trabalho que pode levar a mulher a ser socialmente
isolada, e a sujeitar-se simultaneamente às demandas tanto familiares quanto profissionais.
Um outro impacto importante produzido pelo trabalho remoto é sobre o tempo
disponível para o trabalhador. Como na maioria das vezes não é necessário que o trabalhador
se desloque ao local de trabalho, ele consegue economizar tempo para outras tarefas
(TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, 2020). Para Barros e Silva (2010), ao reduzir ou
79
Quadro 6 – Dimensão “Relação do trabalho remoto com a vida familiar” e fatores que podem
causar impactos sobre a QVT
RELAÇÃO DO TRABALHO REMOTO COM A VIDA FAMILIAR
Fatores de análise Autores estudados
Filardi, Castro e Zanini (2020)
Nohara et al. (2010)
Gaspar et al. (2014)
Conciliação ou conflito do trabalho com a Tremblay (2002)
vida familiar Aderaldo, Aderaldo e Lima (2017)
Martins, Aguiar e Bastos (2020)
Freitas (2008)
Ausência de deslocamento ao local de Tribunal Superior do Trabalho (2020)
trabalho Barros e Silva (2010)
Equilíbrio de tempo de trabalho, descanso e Nascimento e Creado (2020)
lazer familiar Tribunal Superior do Trabalho (2020)
Almeida (2019)
Impacto financeiro Brasil (2020)
Fonte: autoria própria
equipe. Assim, o trabalhador pode sentir falta de pessoas com quem discutir assuntos
profissionais, podendo gerar, inclusive, diminuição da produtividade e sentimento de não
pertencimento.
Para Almeida (2019) outra desvantagem do trabalho remoto é insatisfação dos
trabalhadores quanto à comunicação entre os membros da equipe. Esta dificuldade se dá tanto
no âmbito da comunicação entre colegas do mesmo nível hierárquico, quanto na comunicação
entre chefes e subordinados.
A falta de comunicação é um dos aspectos avaliados de forma mais negativa entre
trabalhadores que atuam remotamente, podendo gerar atrasos, repetição de tarefas por mais de
um membro da equipe ou mesmo desentendimentos internos (FILARDI; CASTRO; ZANINI,
2020).
Sobre a comunicação entre chefes e subordinados, Abbad e Legentil (2020)
salientam a importância de gestores oferecerem feedbacks construtivos aos trabalhadores. As
autoras destacam que, no trabalho remoto, é preciso que os gestores tenham empatia e
habilidade para se comunicarem reservadamente com o trabalhador, em momento oportuno e
de modo construtivo, informando sobre os resultados do trabalho.
Heringer (2017) identificou que no trabalho remoto houve aumento de cobrança por
resultados, segundo a percepção dos trabalhadores de uma instituição do poder judiciário. De
acordo com os achados da pesquisa do autor, a facilidade de acesso por meio de aplicativos de
mensagens, contato telefônico e e-mail pode levar ao constante acionamento do trabalhador
por parte do seu chefe, fato que em longo prazo pode ser prejudicial e gerar desgaste. Abbad e
Legentil (2020) destacam a importância de gestores e chefias evitarem pressões ou cobranças
por resultados em grupos de aplicativos de mensagens ou reuniões virtuais síncronas, que
podem levar constrangimento e desconforto ao trabalhador.
Nohara et al. (2010) comentam que, em uma situação de pressão ou cobrança
excessiva por resultados, há o risco de o próprio trabalhador introjetar a prática de controle,
tornando-se controlador de si mesmo, assumindo o sofrimento, muitas vezes,
inconscientemente. Como exemplo, os autores citam os trabalhadores que se sentem
constantemente ansiosos e apreensivos porque acreditam que o seu trabalho está atrasado, já
que necessitaram resolver outros problemas de ordem pessoal.
Mais um aspecto relevante nas relações profissionais no trabalho remoto é o apoio
dos colegas de equipe e gestores. A este respeito, Mattos e Franco (2020) constataram que a
importância do apoio dos colegas no contexto do trabalho remoto foi um dos fatores de maior
concordância entre trabalhadores de um órgão do poder judiciário do Pará. Abbad e Legentil
82
(2020) descrevem que os gestores devem dialogar com suas equipes e oferecer condições para
que as relações de amizade e companheirismo entre os colegas se mantenham, mesmo nas
condições de trabalho remoto.
Algumas medidas que podem facilitar o apoio e o suporte social aos trabalhadores
são a utilização de diferentes mídias para a comunicação com pessoas com as quais é
necessária a interação para a realização do trabalho; a busca de combinação de esforços para a
realização de tarefas que exigem o trabalho interdependente; a busca ativa de suporte social
dos colegas e chefe para minimizar os efeitos negativos do isolamento socioprofissional; a
adoção de estratégias de enfrentamento do isolamento socioprofissional por meio de
atividades informais de interação com os demais membros da equipe remota; e a
demonstração de cuidado e preocupação com a saúde e o bem-estar das pessoas que compõem
a equipe de trabalho (ABBAD; LEGENTIL, 2020).
No Quadro 7 são apresentados os principais fatores que podem causar impactos
sobre a QVT na dimensão “Relações Profissionais no Trabalho Remoto”.
O uso da tecnologia digital faz parte dos modelos de QVT de Ferreira (2017) e
Andrade (2020). De acordo com Pantoja, Andrade e Oliveira (2020), no contexto da QVT,
essa dimensão representa as percepções dos trabalhadores quanto aos recursos de informática
necessários para a realização do trabalho remoto. Envolve aspectos como o funcionamento
dos equipamentos, estabilidade e velocidade das conexões em rede e a capacidade de
utilização de diferentes programas e sistemas institucionais.
83
Uma das ferramentas digitais utilizadas com maior frequência no trabalho remoto é o
e-mail institucional. De acordo com Araújo (2002), o uso desta ferramenta pode representar
um tema de enfrentamento entre trabalhadores e instituições, onde, de um lado, as instituições
esperam que o e-mail institucional gere agilidade e transparência na comunicação interna e
que elas, inclusive, possam filtrar e controlar o que está sendo transmitido pelos seus
trabalhadores; e, por outro lado, o trabalhador depara-se com a possibilidade de uso de caráter
pessoal e acredita que a ferramenta é de sua propriedade particular, sendo, portanto,
inviolável.
Neste cenário, a quantidade e a frequência de informações diárias a que estão sujeitos
os trabalhadores, bem como a efetiva utilidade de tais informações podem afetar
negativamente a eficácia da comunicação organizacional e desvirtuar o real objetivo do e-mail
institucional (ARAÚJO, 2002).
Um estudo realizado com trabalhadores da Região Sudeste do Brasil, sobre os
principais usos do e-mail na esfera organizacional, verificou que 34% dos participantes
afirmaram que as informações recebidas nos e-mails institucionais são consideradas inúteis ou
de caráter pessoal e, também, que há um grupo de trabalhadores na sociedade, de perfil mais
jovem, que acredita que o e-mail institucional não seja mais eficiente que outros meios de
comunicação organizacional, podendo ser substituído futuramente por uma outra ferramenta,
como os aplicativos de comunicação instantânea de telefone celular, por exemplo (SOUSA;
NAKATA; FREIRE, 2014).
Outro aspecto do uso da tecnologia digital diz respeito aos equipamentos de
informática utilizados pelo trabalhador. Tremblay (2002), em uma pesquisa com
trabalhadores no Canadá, identificou que os equipamentos residenciais são, em regra, mais
lentos e antigos que aqueles usados presencialmente nas instituições, o que foi apontado como
uma das desvantagens do trabalho remoto na pesquisa.
Frainer et al. (2020) detectaram que somente 38% dos trabalhadores de um Instituto
Federal de Educação atendiam parcialmente as necessidades de equipamentos de informática
e outros 7% declararam não ter nenhuma estrutura de tecnologia digital para o trabalho em
casa. Assim, quando somados, quase metade dos trabalhadores pesquisados relataram
dificuldades com equipamentos de informática para a realização de suas atividades.
Silva (2004) afirma que não existem equipamentos tecnológicos infalíveis, de modo
que muitas vezes o trabalhador precisa desdobrar-se para superar as limitações tecnológicas,
representando um fator de pressão e estresse. Como exemplo, o autor cita os computadores
84
Quadro 8 – Dimensão “Uso da tecnologia digital no trabalho remoto” e fatores que podem
causar impactos sobre a QVT
USO DA TECNOLOGIA DIGITAL NO TRABALHO REMOTO
Fatores de análise Autores estudados
Utilização do e-mail institucional Araújo (2002)
Sousa, Nakata e Freire (2014)
Funcionamento dos equipamentos de Frainer et al. (2020)
informática Tremblay (2002)
Silva (2004)
Conexão com a rede (internet) Okereafor e Manny (2020)
Abbad e Legentil (2020)
Andrade (2020)
Bauman (2001)
Ayres (2000)
Utilização de aplicativos (programas) e Seidl, Andrade e Fruyt (2020)
sistemas Silva (2004)
Fonte: autoria própria
novo sistema ou programa, muitas vezes o trabalhador aprende a utilizar estas ferramentas
com a prática profissional, por tentativa e erro, sem haver um manual ou capacitação
específica, o que evidentemente demanda um tempo muito maior para organizar e finalizar o
seu processo de trabalho.
Em pesquisa desenvolvida junto a professores, Martins et al. (2020) identificaram
que a falta de capacitação dos docentes para atuarem no trabalho remoto, lidando com muitas
ferramentas tecnológicas em um curto espaço de tempo, foi apontada como um dos fatores
mais negativos na avaliação das experiências com esta modalidade de trabalho.
Quadro 9 – Dimensão “Organização das atividades no trabalho remoto” e fatores que podem
causar impactos sobre a QVT
ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES NO TRABALHO REMOTO
Fatores de análise Autores estudados
Autonomia Menna (2008)
Lizote et al. (2021)
Sobrecarga de trabalho Menna (2008)
Aderaldo, Aderaldo e Lima (2017)
Disciplina Almeida (2019)
Bridi et al. (2020)
Oliveira (2016)
Tribunal Superior do Trabalho (2020)
Hau e Todescat (2018)
Concentração Haubrich e Froehlich (2020)
Pereira, Ávila e Vilas Boas (2006)
Bridi et al. (2020)
Haubrich e Froehlich (2020)
Chiaretto, Cabral e Resende (2018)
Produtividade Filardi, Castro e Zanini (2020)
Gondim e Borges (2020)
Martins, Aguiar e Bastos (2020)
Menna (2008)
Autopercepção de capacitação Martins et al. (2020)
Fonte: autoria própria
atividade laboral, bem como se o cansaço e o estresse ocasionados pelo trabalho interferem na
saúde do trabalhador.
Tenório (2021) argumenta que um espaço inadequado e um mobiliário
desconfortável para o exercício da função na residência do trabalhador podem lhe causar
dores na coluna, tendinites e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Nesse
contexto, Frainer et al. (2020) identificaram que, entre os impactos do trabalho remoto na
saúde e bem-estar de um grupo de servidores públicos, as dores na coluna foram as
ocorrências mais relatadas, seguidas pelas dores de cabeça e dores musculares. De acordo
com Mattos e Franco (2020), em torno de 56% de um grupo de magistrados do poder
judiciário afirmaram sentir desconforto físico (pernas, braços, coluna, entre outros) em
consequência do trabalho remoto.
Em um estudo realizado com trabalhadores portugueses, Moço, Lopes e Soares
(2020) verificaram que, no trabalho remoto, especialmente o de caráter compulsório, pode
existir um maior risco à saúde associado a vários fatores de desgaste, entre eles o cansaço.
Nesse mesmo estudo, as autoras identificaram o aumento do cansaço entre mulheres e pessoas
que tinham filhos em casa. Resultados semelhantes foram identificados por Frainer et al.
(2020), que constataram que o cansaço é o segundo fator mais citado pelos trabalhadores,
quando questionados sobre as alterações mentais e psíquicas autopercebidas.
Abbad e Legentil (2020) alertam que no trabalho remoto a perda de recursos
cognitivos e emocionais ocorre quando os ciclos de ganho e recuperação de energia são
interrompidos ou se tornam insuficientes, levando ao cansaço, à exaustão e ao adoecimento.
Os autores afirmam que, para evitar o consumo elevado de recursos cognitivos, afetivos e
emocionais no cotidiano, o trabalhador deve regular os tempos de trabalho, descanso e lazer e
encontrar um equilíbrio entre as atividades laborais e as atividades domésticas.
A respeito das alterações de estresse ocasionadas pelo trabalho remoto, a literatura é
divergente. Nohara et al. (2010) constataram que há diminuição do estresse entre os
trabalhadores que atuam remotamente, sendo as principais causas a redução no tempo e nos
custos de deslocamentos entre a residência e o trabalho. Segundo os autores, a tranquilidade
de não precisar realizar o deslocamento diário para o trabalho significa vantagem
inquestionável, gerando ganho de tempo e alívio físico e mental por não ter que enfrentar as
horas gastas e a insegurança no trânsito. Estes argumentos foram confirmados pelos achados
de estudos realizados por Barros e Silva (2010) e Filardi, Castro e Zanini (2020).
Avaliando por um outro ponto de vista, Moço, Lopes e Soares (2020) argumentam
que a coexistência do trabalho e da família no mesmo espaço pode transformar-se em fator de
90
A este processo de apoio dá-se o nome de suporte institucional (Dimensão 7), cuja
construção, nesse estudo, fundamentou-se nos fatores críticos para o sucesso do trabalho
remoto especificados por Kowalski e Swanson (2005).
O primeiro fator crítico é o suporte organizacional. Ele engloba o suporte material e
físico e o suporte tecnológico que a instituição deve oferecer para o trabalho remoto
(KOWALSKI; SWANSON, 2005).
Frainer et al. (2020) afirmam que as instituições devem fornecer o suporte adequado
para os trabalhadores que estão sofrendo com as condições desfavoráveis de trabalho. Abbad
e Legentil (2020) argumentam que a organização para o trabalho remoto deve considerar o
contexto de trabalho em termos de conforto ambiental, adequação tecnológica e ergonômica,
requerendo a atenção da gestão da instituição para que os trabalhadores possam continuar
desenvolvendo suas atividades remotamente. Como exemplo de suporte, as autoras citam a
possibilidade de a instituição ceder os equipamentos e mobiliários que estão sem uso nas suas
dependências.
Rodrigues et al. (2020) salientam que, nas instituições preocupadas em oferecer os
recursos e os equipamentos para o trabalho remoto, a percepção de suporte recebido pelos
trabalhadores tende a favorecer a um maior comprometimento organizacional.
Sobre o suporte tecnológico, Abbad e Legentil (2020) referem que
A este respeito, Pereira et al. (2020) afirmam que é papel da instituição mapear e
acompanhar trabalhadores em sofrimento psíquico, bem como planejar e divulgar ações de
apoio e suporte psicossocial para estes trabalhadores, como, por exemplo, atendimentos
psicológicos on-line. Na mesma linha de pensamento, Vazquez e Fernandes (2020) destacam
que as instituições devem mapear os trabalhadores com dificuldades de adaptação ao trabalho
remoto, orientando e fornecendo suporte sobre as possibilidades das redes de apoio familiar e
social às quais os trabalhadores possam recorrer.
Nesse contexto, Filardi, Castro e Zanini (2020) constataram, junto aos gestores de
duas instituições públicas, que a criação de mecanismos que ajudem a balancear as atividades
profissionais e a vida pessoal dos trabalhadores, dando maior atenção ao suporte psicológico e
social, é um dos principais desafios para a consolidação e o aperfeiçoamento do trabalho
remoto na administração pública.
O último fator crítico para o sucesso do trabalho remoto é o suporte gerencial. Ele
engloba as possibilidades de capacitação que a instituição oferece aos seus trabalhadores
(KOWALSKI; SWANSON, 2005).
Antloga et al. (2014b) descreve que a inserção de novas tecnologias no processo
organizacional, como é o caso do trabalho remoto, pode vir acompanhada da falta de tempo
para o treinamento dos trabalhadores para lidarem com as novas tecnologias, bem como do
tempo curto para a adaptação às novas atividades. Esta situação foi identificada por Tremblay
(2002), que verificou no discurso de trabalhadores canadenses a necessidade de haver um
treinamento específico para aqueles que atuam remotamente, incluindo treinamento sobre
gestão do tempo, da organização do trabalho e dos sistemas de tecnologia da informação e
comunicação adotados pelas instituições.
Resultados semelhantes com trabalhadores brasileiros foram encontrados em uma
pesquisa realizada por Filardi, Castro e Zanini (2020), que constataram que aproximadamente
um terço dos participantes relatou não ter tido treinamento específico para iniciar ou se
adaptar ao trabalho remoto, o que, na visão dos autores, demonstra que ainda há uma lacuna a
se desenvolver no sentido de garantir maior confiança ao trabalhador na execução de suas
atividades.
No Quadro 11 estão apresentados os principais fatores que podem causar impactos
sobre a QVT na dimensão “Suporte Institucional para o Trabalho Remoto”.
94
Quadro 11 – Dimensão “Suporte institucional para o trabalho remoto” e fatores que podem
causar impactos sobre a QVT
SUPORTE INSTITUCIONAL PARA O TRABALHO REMOTO
Fatores de análise Autores estudados
Abbad e Legentil (2020)
Suporte material e físico Frainer et al. (2020)
Rodrigues et al. (2020)
Oliveira et al. (2020)
Suporte tecnológico Mattos e Franco (2020)
Abbad e Legentil (2020)
Suporte psicossocial Pereira et al. (2020)
Vasquez e Fernandes (2020)
Filardi, Castro e Zanini (2020)
Antloga et al. (2014b)
Capacitação para o trabalho remoto Tremblay (2002)
Filardi, Castro e Zanini (2020)
Fonte: autoria própria
• Dimensão 2 - “Relação do Trabalho Remoto com a Vida Familiar” (Quadro 13), composta
por quatro fatores de análise: ausência do deslocamento ao local de trabalho, equilíbrio de
tempo entre o trabalho, o descanso e lazer familiar, conciliação ou conflito do trabalho com a
vida familiar, e impacto financeiro.
• Dimensão 3, “Relações Profissionais no Trabalho Remoto” (Quadro 14), formada por quatro
fatores de análise: isolamento socioprofissional versus trabalho em equipe, comunicação com
a equipe de trabalho, pressão e cobrança por resultados, e apoio e suporte da equipe de
trabalho.
96
• Dimensão 4, “Uso da Tecnologia Digital no Trabalho Remoto” (Quadro 15), constituída por
quatro fatores de análise: utilização do e-mail institucional, funcionamento dos equipamentos
de informática, conexão com a rede (Internet) e utilização de aplicativos (programas) e
sistemas.
• Dimensão 5, “Organização das Atividades no Trabalho Remoto” (Quadro 16), composta por
seis fatores de análise: autonomia, sobrecarga de trabalho, disciplina, concentração,
produtividade e autopercepção de capacitação.
97
• Dimensão 7, “Suporte Institucional para o Trabalho Remoto” (Quadro 18), formada por
quatro fatores de análise: suporte material e físico, suporte tecnológico, suporte psicossocial e
capacitação para o trabalho remoto.
98
O banco de dados foi construído em formato EXCEL, versão 2017. Para o tratamento
dos dados, utilizou-se o software estatístico livre R, versão 4.2.0.
Para a interpretação dos resultados quantitativos descritivos, utilizou-se o nível de
concordância dos trabalhadores como critério normativo de avaliação da Qualidade de Vida
no Trabalho Remoto. Entende-se por nível de concordância o somatório dos percentuais das
respostas “Concordo totalmente” e “Concordo parcialmente” das questões do instrumento de
pesquisa.
Níveis de concordância maiores que 80% foram associados a uma avaliação ótima da
QVT, entre 60% e 80%, boa, entre 40% e 60%, intermediária, entre 20% e 40%, ruim, e
abaixo de 20%, péssima (Quadro 19).
normalidade dos dados. Constatou-se que, para um nível de significância de 5%, os dados dos
itens do instrumento em estudo não possuíam distribuição normal. Entretanto, por serem
provenientes de uma amostra suficientemente grande e tendo por base o teorema do limite
central, assumiu-se o pressuposto de que a normalidade não tem interferência na análise dos
resultados, sendo, portanto, passíveis de análise por meio de testes estatísticos paramétricos
(BUSSAB; MORETTIN, 2017).
Dessa forma, na comparação do perfil sociodemográfico com os fatores das
dimensões de QVT Remoto, foram aplicados os testes estatísticos t de Student e Análise de
Variância - ANOVA. Para todos os testes estatísticos aplicados, o nível de significância foi de
5%. Valores de significância baixos (valor p < 0,05) indicam que as variáveis diferem na
distribuição. Já, quando o valor de significância do teste for maior que 0,05, aceita-se a
hipótese de que não há diferença estatisticamente significativa entre os grupos.
dos participantes; cada categoria vem acompanhada de um valor percentual, indicando se ela
foi mais ou menos representativa no discurso geral dos sujeitos. Após a obtenção dos
dendrogramas, as categorias foram nomeadas com base na revisão de literatura realizada
sobre o tema.
Esta pesquisa foi realizada após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, conforme Parecer Consubstanciado
nº 4.584.461, CAAE: 40742720.2.0000.5537) (Apêndice C), em atendimento à Resolução nº
466/2012, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012b).
Em seguida à aprovação do CEP foi iniciada a coleta de dados. Os participantes
foram esclarecidos sobre possíveis riscos e benefícios, garantia de sigilo, anonimato e a
participação livre, conferindo aos mesmos a possibilidade de desistirem a qualquer momento,
se desejassem. Em caso de concordância com a participação no estudo, foram convidados a
assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE.
No sentido de manter o sigilo das identidades, os participantes que responderam ao
questionário QVT Remoto foram identificados no texto pelas letras PD acompanhadas de um
número (PD1, [...], PD113), enquanto os que participaram do GD, pelas letras PG
acompanhadas de um número (PG1, PG2, PG3, PG4, PG5 e PG6).
107
estabilidade conferida pelo serviço público, permitindo que o jovem trabalhador possa realizar
a ‘gestão’ da própria trajetória e, assim, preparar-se para novos concursos, sobretudo nos
casos em que ocupam cargos públicos aquém da sua escolaridade.
Verificou-se que 69,02% dos participantes são casados ou vivem em união estável.
Com relação ao nível de escolaridade, 83,19% possuem pós-graduação, sendo que destes,
40,71% têm mestrado, 34,51%, especialização, e 7,97% doutorado ou pós-doutorado,
caracterizando o elevado nível de escolaridade da amostra.
Segundo Palotti e Freire (2015), após a virada do século houve expansão da força de
trabalho na administração pública federal, acompanhada do aumento da qualificação dos
servidores públicos, onde, de 2002 a 2014 o número de servidores com nível superior ou pós-
graduação aumentou em termos relativos de 54,1% para 70,6% do total, em contraste à
diminuição do número de servidores com qualificação equivalente ou inferior aos níveis
médio e fundamental.
Os fatores explicativos situam-se no maior número de concursos públicos com
exigência mínima de nível superior para entrada na administração pública, bem como na
iniciativa de diversos órgãos públicos de desenvolverem políticas de capacitação e
qualificação para os seus quadros de servidores (PALOTTI; FREIRE, 2015; SILVA; LOPES;
DUTRA, 2019).
Quanto ao cargo ocupado, 85,84% dos participantes são TAE, 7,97%
estagiários/bolsistas, e 6,19% docentes. Destaca-se que o local da pesquisa é uma unidade
integralmente administrativa, não possuindo, portanto, atividades de ensino. Mediante esta
característica, a predominância dos TAE é presente nos diferentes ambientes organizacionais
da instituição pesquisada, como a gestão de materiais, compras e licitações, gestão de pessoas,
atendimento ao público, logística, tramitação de processos, gestão orçamentária e financeira,
protocolo, tecnologia da informação, entre outras funções, todas em concordância aos achados
de Teodoro (2008).
Acerca do local onde estão desenvolvendo as atividades laborais, quase que a
totalidade da amostra (97,35%) realiza o trabalho remoto em sua própria residência, enquanto
apenas 2,65%, na residência de um parente. A maioria dos participantes mora com uma ou
mais pessoas (92,92%).
O trabalho remoto pode ser realizado em casa ou em outros locais que não sejam a
instituição, como espaços de coworking e bibliotecas públicas (Tribunal Superior do
Trabalho, 2020). Porém, considerando o contexto de isolamento social imposto pela pandemia
de Covid-19 (RODRIGUES et al., 2020), é esperado que os trabalhadores tenham optado por
110
Por outro lado, estudos constataram que o mobiliário não é um problema relacionado
ao trabalho remoto. Bridi et al. (2020) analisaram os impactos desta modalidade de trabalho
entre trabalhadores dos mais diferentes segmentos, categorias e funções profissionais, e
identificaram que, 57,06% consideraram a ergonomia razoável e, 30,79%, excelente. Andrade
(2020) verificou que 79,58% dos teletrabalhadores do Tribunal de Justiça do Distrito Federal
e dos Territórios (TJDFT), afirmou possuir móveis ergonomicamente adequados para a
realização do trabalho.
No que se refere ao espaço físico para realização do trabalho remoto, os dados desta
pesquisa indicaram percepção positiva de 60,1% dos trabalhadores. Estes resultados são
semelhantes aos encontrados no estudo de Andrade (2020), em que o espaço físico foi
considerado adequado para 87,58% dos teletrabalhadores do TJDFT. E, no estudo de Mattos e
Franco (2020), realizado com magistrados, técnicos e analistas do Tribunal Regional do
Trabalho da Oitava Região (TRT - 8ª Região), no qual todas as categorias analisadas
relataram, em sua maioria, não enfrentar dificuldades para encontrar um espaço físico
adequado para o trabalho remoto em suas residências.
Contrapondo-se aos resultados supracitados, Moço, Lopes e Soares (2020), em
pesquisa realizada com trabalhadores portugueses, referem que a falta de um espaço físico
apropriado foi apontada por 49% dos participantes como a segunda maior dificuldade para o
trabalho remoto. Em estudo realizado com os servidores do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), apenas 24,7% dos participantes declararam possuir
um ambiente adequado para o trabalho remoto (SINDICATO DOS SERVIDORES DO IFCE
– SINDSIFCE, 2020).
Na comparação do perfil sociodemográfico com os fatores do ambiente físico do
trabalho remoto, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os
grupos considerando o sexo, a faixa etária, o estado civil, a escolaridade e o número de
pessoas com as quais os trabalhadores residem.
Tabela 5 - Relação do trabalho remoto com a vida familiar e avaliação de QVT. Natal/RN,
2021.
Respostas n % Nível de concordância QVT Remoto
A ausência de deslocamento até o local de trabalho é benéfica.
1 - Discordo totalmente 7 6,2%
2 - Discordo parcialmente 9 8,0%
3 - Não concordo e nem discordo 11 9,7% 78,8% Boa
4 - Concordo parcialmente 33 29,2%
5 - Concordo totalmente 53 49,6%
Consigo manter uma rotina familiar equilibrada entre trabalho, descanso e lazer.
1 - Discordo totalmente 13 11,5%
2 - Discordo parcialmente 23 20,4%
3 - Não concordo e nem discordo 8 7,1% 61,1% Boa
4 - Concordo parcialmente 33 29,2%
5 - Concordo totalmente 36 31,9%
Meu trabalho é constantemente interrompido durante a execução das atividades.
1 - Discordo totalmente 23 20,4%
2 - Discordo parcialmente 34 30,1%
3 - Não concordo e nem discordo 9 8,0% 50,5% Intermediária
4 - Concordo parcialmente 36 31,9%
5 - Concordo totalmente 11 9,7%
Consigo conciliar o meu trabalho com a minha vida familiar.
1 - Discordo totalmente 4 3,5%
2 - Discordo parcialmente 13 11,5%
3 - Não concordo e nem discordo 11 9,7% 75,3% Boa
4 - Concordo parcialmente 36 31,9%
5 - Concordo totalmente 49 43,4%
O trabalho remoto afetou negativamente a minha situação financeira.
1 - Discordo totalmente 67 59,3%
2 - Discordo parcialmente 13 11,5%
3 - Não concordo e nem discordo 18 15,9% 70,8% Boa
4 - Concordo parcialmente 11 9,7%
5 - Concordo totalmente 4 3,5%
Fonte: dados da pesquisa
De acordo com estudo realizado por Moço, Lopes e Soares (2020), os indivíduos
solteiros estão no grupo daqueles que apresentam maior predominância sobre conseguir um
espaço próprio para trabalhar em casa, livre de distrações e interrupções inconvenientes, como
também reportam níveis mais baixos de conflito do trabalho remoto com a vida familiar,
quando comparados com pessoas casadas e com filhos.
Nos estudos realizados por Mattos e Franco (2020) e, Pantoja, Andrade e Oliveira
(2020), os trabalhadores avaliaram como bom o recebimento de feedbacks sobre as atividades
desempenhadas no teletrabalho.
Em relação à pressão e cobrança por resultados, 69,1% dos trabalhadores afirmaram
realizar o trabalho sem pressão ou cobrança por resultados da chefia imediata. Em pesquisa
realizada por Souza e Bordignon (2020) com trabalhadores de um Instituto Federal de
Educação, a maioria dos TAE afirmou não se sentir pressionada ou coagida por produtividade
no trabalho pela chefia durante o período de pandemia.
De outra forma, em estudos realizados em diferentes instituições verificou-se nos
relatos dos participantes que houve aumento do nível de cobrança por resultados, vigilância
dos superiores por meio de ligações telefônicas, cobrança excessiva por produtividade e por
diminuição do tempo de execução das atividades (PANDINI; PEREIRA, 2020; BARROS;
SILVA, 2010; NOHARA et al., 2010).
Quanto ao apoio e suporte da equipe de trabalho, os resultados indicaram um ótimo
nível de QVT Remoto. Estes resultados corroboram os achados de estudos em que os
participantes concordaram sobre a alta efetividade da colaboração dos colegas na adaptação e
no desenvolvimento do teletrabalho (MARTINS, 2021; ANDRADE, 2020; MATTOS;
FRANCO, 2020).
Na comparação do perfil sociodemográfico com os fatores de QVT Remoto da
dimensão “Relações Profissionais no Trabalho Remoto”, foram encontradas diferenças
estatisticamente significantes quanto à idade e à escolaridade dos participantes, conforme
Tabelas 10 e 11.
De acordo com a Tabela 10, os trabalhadores mais velhos entendem o isolamento
socioprofissional como prejudicial, quando comparados aos trabalhadores mais jovens (p =
0,009) e sentem maior necessidade de trabalhar em equipe (p = 0,025).
Trabalhadores mais velhos são pessoas que apresentam um perfil mais tradicional e
experiente dentro da instituição. Para Boonen (2003), os trabalhadores com esse perfil
possuem preferência em trabalhar dentro dos espaços físicos das instituições e consideram
conviver melhor quando estão fisicamente com os colegas e em equipes.
Por outro lado, os trabalhadores mais jovens, de forma predominante, não entendem
o isolamento socioprofissional como dificuldade e não sentem necessidade de trabalhar em
equipe. Tal fato pode estar relacionado à tendência à superindividualização do trabalho,
situação que pode acarretar consequências ao trabalhador tanto individualmente, levando a
um isolamento social, profissional e político, quanto coletivamente, como a vulnerabilidade
geral das relações de trabalho, a perda da dimensão coletiva do trabalho e o incremento dos
processos de individualização no campo social (ROCHA; AMADOR, 2018).
Observa-se na Tabela 11 que os estagiários e bolsistas foram os que mais relataram a
possibilidade de execução das atividades sem pressão ou cobrança por resultados por parte
das chefias imediatas (p = 0,025), nesta pesquisa, os supervisores de estágio.
Tabela 13 - Comparação dos fatores de QVT Remoto na dimensão “Uso da tecnologia digital
no trabalho remoto” segundo a idade dos participantes. Natal/RN, 2021.
Fatores de QVT Valor-
Idade Mínimo Máximo 25% Mediana 75% IQ Média DP CV
Remoto p
Utilização do e-mail ≤ 40 1,00 5,00 2,00 4,00 5,00 3,00 3,65 1,34 36,70
0,977
institucional > 40 1,00 5,00 3,00 4,00 5,00 2,00 3,64 1,40 38,58
Funcionamento dos ≤ 40 1,00 5,00 4,00 5,00 5,00 1,00 4,03 1,29 32,10
equipamentos de 0,036
> 40 1,00 5,00 2,00 4,00 5,00 3,00 3,46 1,45 41,84
informática
Conexão com a rede ≤ 40 1,00 5,00 4,00 5,00 5,00 1,00 4,31 1,06 24,56
0,332
(internet) > 40 1,00 5,00 4,00 4,00 5,00 1,00 4,10 1,12 27,28
Utilização de ≤ 40 2,00 5,00 4,00 5,00 5,00 1,00 4,49 0,93 20,62
aplicativos 0,007
> 40 2,00 5,00 4,00 4,00 5,00 1,00 3,95 1,10 27,83
(programas)
Utilização de ≤ 40 1,00 5,00 5,00 5,00 5,00 0,00 4,78 0,65 13,52
0,748
sistemas > 40 2,00 5,00 5,00 5,00 5,00 0,00 4,74 0,59 12,54
Fonte: dados da pesquisa
Legenda: IQ: Intervalo Interquartílico DP: Desvio Padrão CV: Coeficiente de Variação
representaram uma dificuldade efetiva em relação ao aspecto estudado, uma vez que ao se
analisar os resultados do grupo de trabalhadores acima de 40 anos, a avaliação indica uma boa
QVT Remoto.
A autonomia para a realização das atividades foi avaliada de forma positiva pelos
trabalhadores, com concordância de mais de 90% dos participantes. Este resultado assemelha-
se ao obtido por Tremblay (2002), onde teletrabalhadores entrevistados afirmaram dispor de
maior autonomia na solução de problemas profissionais, além de acreditarem ter adquirido
novas habilidades e conhecimentos desde que tiveram que administrar o trabalho por conta
própria.
Chiaretto, Cabral e Resende (2018) identificaram em seu estudo que a autonomia
para a realização do trabalho foi uma das principais características percebidas no trabalho
remoto. De acordo com os autores, o lado positivo relatado foi o da busca autodidata para a
realização das atividades, o que influencia no desenvolvimento de conhecimentos mais
aprofundados e uma busca maior por resultados positivos.
A autonomia também foi percebida como como fator positivo do trabalho remoto nos
estudos de Andrade (2020), Mattos e Franco (2020) e Hau e Todecast (2018).
Quanto à sobrecarga de trabalho no teletrabalho, 70,8% dos trabalhadores desta
pesquisa entendem que conseguem organizar adequadamente suas atividades sem gerar
excesso de tarefas para os dias seguintes. Estes achados vão em direção oposta aos estudos de
Frainer et al. (2020) e Mattos e Franco (2020) que constataram que trabalhadores gastam mais
tempo para desenvolver suas atividades no trabalho remoto, quando comparados ao trabalho
realizado presencialmente, gerando uma sobrecarga acumulativa de tarefas. Para os autores,
isto pode ocorrer, possivelmente, porque também envolve o tempo de aprendizagem com os
novos recursos tecnológicos.
Aderaldo, Aderaldo e Lima (2017) averiguaram que as questões relativas a uma
possível sobrecarga de trabalho estão, em grande parte, associadas à ‘parcelarização’ do
trabalho, fato corroborado por Menna (2008), que observou no discurso dos trabalhadores
128
uma espécie de ‘jogo’ de organização e reorganização diária de tarefas para dar conta de todas
as atribuições, aproveitando qualquer espaço na agenda como oportunidade de trabalho.
Assim, as tarefas são realizadas em vários momentos do dia, deixando o trabalhador ‘preso’ e
conectado quase que 24 horas ao labor.
No que diz respeito à disciplina para o trabalho remoto, 77,8% dos participantes
conseguem manter uma rotina na execução das atividades de trabalho. Este resultado
converge com os achados de Pantoja, Andrade e Oliveira (2020), Hau e Todecast (2018) e
Moço, Lopes e Soares (2020), que verificaram uma avaliação positiva de teletrabalhadores
quanto a possuírem disciplina na execução das atividades.
Para Hau e Todecast (2018), devido às características da modalidade de trabalho
remoto, é necessário que o teletrabalhador seja autodisciplinado para desenvolver seu
trabalho, uma vez que está distante do ambiente físico da organização e da supervisão do
gestor.
A capacidade de concentração para a execução das atividades no trabalho remoto foi
avaliada pelos participantes deste estudo de forma intermediária, evidenciando que existe um
quantitativo importante de trabalhadores que relata sentir dificuldade para concentrar-se
satisfatoriamente para a realização das atividades de trabalho.
Frainer et al. (2020) identificaram no discurso dos teletrabalhadores a diminuição da
capacidade de concentração diante da elevada quantidade de informação circundante e dos
ambientes pouco estruturados para o trabalho, resultando em mais tempo para a conclusão das
tarefas.
Haubrich e Froehlich (2020), em pesquisa realizada com trabalhadores de empresas
de tecnologia da informação, detectaram que os profissionais que trabalham em caráter
remoto precisam constantemente de automotivação em razão de estarem expostos à falta de
concentração resultante do espaço ao seu redor.
Chiaretto, Cabral e Resende (2018) verificaram que para os trabalhadores remotos o
ambiente da residência possui armadilhas que podem eva-los à desconcentração, como
televisão, telefone, computador e vizinhança, por exemplo.
Mendes, Hastenreiter Filho e Tellechea (2020) constataram que a concentração para
o exercício do trabalho diminuiu após a transição do ambiente presencial para o remoto
durante a Pandemia de Covid-19. Segundo os autores, além da possível incorporação de
tarefas domésticas, muitos trabalhadores passaram a conviver mais intensamente e durante o
período de expediente com crianças, o que poderia explicar as dificuldades de concentração
no trabalho.
129
suas atividades laborais, evidenciando uma avaliação negativa e indicando um nível ruim de
QVT.
Este resultado assemelha-se aos achados de estudo realizado por Pantoja, Andrade e
Oliveira (2020) e pela pesquisa do SINDSIFCE (2020), cuja avaliação dos trabalhadores foi
mediana quanto à necessidade de capacitação para desenvolver competências requeridas ao
teletrabalho.
Na comparação do perfil sociodemográfico com os fatores de QVT da dimensão
“Organização das Atividades no Trabalho Remoto”, foram encontradas diferenças
estatisticamente significantes quanto ao sexo e à idade e dos participantes, conforme indicado
nas Tabelas 15 e 16.
Na Tabela 15 verifica-se que as mulheres têm mais dificuldade de concentração para
o trabalho remoto que os homens (p = 0,045).
Este resultado evidencia que o trabalho remoto é vivenciado de forma diferente entre
os sexos. Segundo Bridi et al. (2020), a dificuldade de concentração entre as mulheres é
associada às interrupções sofridas devido às atribuições domésticas, concluindo que o
trabalho remoto apresenta fatores negativos que atingem ambos os sexos, porém de forma
desigual, prevalecendo a tradicional desigualdade na divisão das tarefas domésticas.
De acordo com a Tabela 16, observa-se a diferença na percepção de produtividade de
acordo com a faixa etária dos trabalhadores, onde os mais velhos foram os que mais relataram
diminuição da produtividade no trabalho remoto.
131
Lopes e Soares (2020), onde os níveis elevados de cansaço foram uma das principais
consequências relacionadas ao trabalho remoto. Em contrapartida, no estudo conduzido por
Silva (2004) não foi observada diferença estatisticamente significante sobre a percepção de
cansaço após o ingresso no trabalho remoto.
O estresse foi avaliado em um nível intermediário de QVT Remoto, onde 40,7% dos
participantes percebem o trabalho como fonte de estresse. Achados semelhantes foram
observados em estudos realizados por Mattos e Franco (2020) e SINDSIFCE (2020).
Para Nascimento e Creado (2020), o excesso de trabalho, somado à adaptação às
novas rotinas e novas tecnologias, sem o efetivo gozo do direito ao descanso e à desconexão
do trabalho, pode ocasionar vários tipos de prejuízos à saúde do trabalhador, a começar pelo
aumento do nível do estresse.
A qualidade do sono foi avaliada de forma positiva pelos participantes, associada a
um nível bom de QVT Remoto. Estes resultados convergem com os obtidos por Mattos e
Franco (2020), onde os participantes afirmaram não possuir alterações de sono decorrentes do
trabalho remoto. E ainda, Chiaretto, Cabral e Resende (2018), referem que os
teletrabalhadores enfatizaram que obtiveram uma melhora nas horas de sono, uma vez que o
tempo de deslocamento para a instituição passou a ser incorporado ao período disponível para
o descanso, refletindo uma maior disposição para a realização do trabalho.
Por outro lado, estudos apresentaram resultados diferentes da presente pesquisa.
Frainer et al. (2020) identificaram no discurso de trabalhadores em trabalho remoto,
dificuldades relacionadas à privação de sono, uma vez que alguns relataram passar
madrugadas trabalhando a fim de conseguir finalizar as tarefas no tempo determinado.
Menna (2008) constatou que os teletrabalhadores tinham a tendência de aproveitar
qualquer oportunidade para reduzir o número de pendências do trabalho, chegando a reduzir,
muitas vezes, as horas de sono e de lazer.
Messenger et al. (2017) observaram que 27,00% dos teletrabalhadores optaram por
trabalhar sempre à noite e 43,00%, às vezes, trabalhavam à noite. Como consequência destes
hábitos, 42,00% das pessoas em trabalho remoto relataram acordar várias vezes durante o
período destinado ao sono.
A análise do impacto do trabalho remoto sobre a saúde revelou resultados positivos,
indicando boa QVT. Desta forma, os trabalhadores que compõem a amostra entendem que
apesar de algumas dificuldades específicas, o trabalho remoto não possui um impacto
negativo sobre a sua situação de saúde de forma geral. Resultados semelhantes foram
constatados por Alves e Guimarães (2020), onde 62,50% dos respondentes classificaram sua
134
saúde física e emocional após o ingresso no teletrabalho como excelente, e 25,00% como
muito boa.
Na comparação do perfil sociodemográfico com os fatores de QVT da dimensão
“Desgastes Provenientes do Trabalho Remoto”, foram encontradas diferenças estatisticamente
significantes quanto à idade dos participantes, conforme indicado na Tabela 18.
Neste estudo, os trabalhadores mais velhos são os que mais sofrem com a ocorrência
de dores ou outros desconfortos físicos relacionados ao trabalho remoto (p = 0,043). Desta
forma, os resultados alertam para que o grupo de trabalhadores afetado seja orientado quanto
ao uso adequado dos dispositivos eletrônicos no contexto do trabalho remoto, bem como
sobre os aspectos gerais relativos à ergonomia do ambiente de trabalho.
No trabalho remoto o uso excessivo do computador exige do trabalhador
movimentos manuais repetitivos, de pouca amplitude, rápidos, muitas vezes vigorosos, em
posturas prejudiciais e com poucas pausas, levando o sistema osteoarticular à exposição a
desconfortos físicos e ao risco de lesões, que podem ser potencializadas com o avançar da
idade, já que à medida que os trabalhadores vão envelhecendo, sua densidade mineral óssea
vai diminuindo, deixando o sistema osteoarticular mais frágil (LIMA et al, 2015; LEITE,
2014).
Sobre o suporte material e físico, 66,4% dos participantes da pesquisa relataram que
a instituição ofereceu os equipamentos e condições materiais adequadas para a execução do
trabalho remoto.
Para propiciar aos teletrabalhadores boas condições de trabalho, uma empresa
privada de exploração de petróleo garantiu aos seus funcionários vários recursos, entre outros:
impressora, filtro de linha, notebook; acesso à internet em banda larga; telefone celular; verba
para adequação do espaço da residência, de modo a garantir as condições de segurança e
ergonomia (concessão única); verba para despesas com energia elétrica e com telefonia fixa;
e, materiais de escritório (BARROS; SILVA, 2010).
De acordo com Almeida (2019), empresas de bens e consumo disponibilizaram aos
seus trabalhadores os equipamentos necessários para a melhoria da ergonomia no ambiente do
trabalho no domicílio.
136
De outra forma, pesquisas realizadas por Dantas (2020), Frainer et al. (2020) e
Dantas, Pereira e Farias (2020) identificaram que as instituições estudadas não ofereceram
instrumentos ou suporte material para execução do teletrabalho,
O suporte tecnológico foi outro fator avaliado de forma positiva, onde 69,9% dos
trabalhadores referiram que a instituição pesquisada ofereceu suporte quanto ao uso de
programas e sistemas, e-mail, rede etc., para a execução do trabalho remoto.
De fato, antes mesmo da implementação do trabalho remoto, a instituição, espaço
desse estudo, por meio do SUAP, possuía uma ferramenta de abertura de “chamados” para
suporte de rede, softwares e sistemas junto às equipes institucionais de Tecnologia da
Informação (TI). É provável que a avaliação positiva do fator em análise esteja relacionada à
continuidade desta ferramenta durante o período do trabalho em regime remoto.
Resultados apresentados por Martins (2021), em pesquisa realizada entre servidores
da Secretaria de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, apontaram a importância do
trabalho realizado pelas equipes da TI do órgão, que forneceram grande apoio na transição
para utilização das ferramentas necessárias ao trabalho remoto.
Heringer (2017), em pesquisa realizada com trabalhadores do Ministério Público
identificou a importância de estruturação de um serviço de suporte aos usuários e realização
de capacitação de profissionais para atendimentos de chamados técnicos, uma vez que os
dados do estudo evidenciaram a necessidade de apoio e suporte tecnológico permanente.
Quanto ao suporte psicossocial, este foi avaliado em um nível bom de QVT Remoto.
A instituição pesquisada oferece regularmente diversas opções de suporte aos seus
trabalhadores, como o “Plantão Psicológico”, os “Grupos de Enfrentamento à Ansiedade”, o
“Projeto de Riscos Psicossociais”, além de acompanhamentos individualizados com
profissionais de psicologia e do serviço social.
Durante a pandemia, tais ações foram mantidas e ampliadas por meio dos
atendimentos oferecidos pelo “Comitê Institucional de Enfrentamento à Covid-19”, criado no
mês de março de 2020. Assim, a percepção predominante dos participantes do estudo ressalta
a importância do papel das ações institucionais oferecidas antes e durante o período de
trabalho remoto.
Resultados semelhantes foram encontrados na pesquisa realizada pelo SINDSIFCE
(2020) com servidores do IFCE, onde aproximadamente 55,00% dos participantes relataram o
sentimento de amparo institucional. Na pesquisa conduzida por Oliveira e Bizarria (2021)
com servidores TAE da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-
Brasileira (UNILAB), 67,90% dos trabalhadores consideraram que o suporte institucional no
137
âmbito da saúde mental contribuiu para a melhoria das condições psicossociais dos
trabalhadores em regime remoto.
No que diz respeito à capacitação para o trabalho remoto, apenas 34,5% dos
participantes concordaram que a instituição oferece capacitações específicas relacionadas ao
trabalho remoto, o que é uma percepção negativa deste aspecto, indicando a necessidade de
uma melhor divulgação das ações oferecidas, caso elas existam, ou mobilizar-se para
organizar e promover novas capacitações relacionadas ao teletrabalho.
Resultados semelhantes foram encontrados em pesquisas que identificaram no
discurso dos trabalhadores a percepção de que as instituições empregadoras deveriam
proporcionar capacitações específicas para o trabalho remoto, como as relacionadas a
questões técnicas-operacionais, organização dos sistemas informáticos e de comunicação,
incluindo também temas sobre automotivação, autodisciplina e gestão do tempo (DANTAS,
2020; MAIA; MULLER, 2020; DANTAS; PEREIRA; FARIAS, 2020; CHIARETTO;
CABRAL; RESENDE, 2018; GASPAR et al., 2011; TREMBLAY, 2002).
Na comparação do perfil sociodemográfico com os fatores de QVT da dimensão
“Suporte Institucional para o Trabalho Remoto”, foram encontradas diferenças
estatisticamente significantes quanto ao sexo dos participantes, conforme indicado na Tabela
20.
Tabela 20 - Comparação dos fatores de QVT Remoto na dimensão “Suporte institucional para
o trabalho remoto” segundo o sexo dos participantes. Natal/RN, 2021.
Fatores de QVT Valor-
Sexo Mínimo Máximo 25% Mediana 75% IQ Média DP CV
Remoto p
Suporte material e Masculino 1,00 5,00 4,00 4,00 5,00 1,00 4,10 1,17 28,52
0,122
físico Feminino 1,00 5,00 3,00 4,00 5,00 2,00 3,76 1,16 30,98
Masculino 1,00 5,00 4,00 5,00 5,00 1,00 4,24 0,93 22,06
Suporte tecnológico 0,008
Feminino 1,00 5,00 3,00 4,00 5,00 2,00 3,72 1,09 29,25
Masculino 1,00 5,00 4,00 5,00 5,00 1,00 4,19 1,12 26,79
Suporte psicossocial 0,699
Feminino 2,00 5,00 3,00 4,00 5,00 2,00 4,11 0,92 22,50
Capacitação para o Masculino 1,00 5,00 3,00 3,00 5,00 2,00 3,36 1,35 40,19
0,049
trabalho remoto Feminino 1,00 5,00 2,00 3,00 3,00 1,00 2,91 1,03 35,52
Fonte: dados da pesquisa
Legenda: IQ: Intervalo Interquartílico DP: Desvio Padrão CV: Coeficiente de Variação
receber para a execução de suas atividades. Sob um outro ângulo, a exigência de suporte
institucional na visão feminina é, justificadamente, maior que a masculina e, portanto, tende a
ser mais insatisfatória.
Os dados apresentados neste item dizem respeito às respostas das questões abertas do
questionário QVT Remoto, apresentando as implicações dessa modalidade de trabalho, sejam
benefícios ou dificuldades geradas na vida do trabalhador.
Figura 3 – Distribuição percentual das categorias relativas aos benefícios do trabalho remoto
na opinião dos participantes da pesquisa. Natal/RN, 2021.
Como não é necessário o deslocamento, evito o estresse do trânsito [...]. (PD 40)
Poder iniciar o trabalho mais cedo, pois não perco tempo para me deslocar até o
local do trabalho e, desta forma, consigo conciliar com a atual rotina da minha
filhinha [...]. (PD 18)
Para mim os benefícios são a economia de tempo [...], e haver a disponibilidade para
uma melhor integração da rotina com a vida familiar. (PD 113)
Não precisar se deslocar, para quem utiliza transporte público, é muito bom, pois
normalmente eu perco horas para chegar no trabalho e tenho medo dos assaltos em
ônibus. (PD 78)
O principal benefício é não ter que se deslocar até o local de trabalho, possibilitando
fazer as refeições em casa e a organização dos meus horários. (PD 90)
[...] para os servidores eu percebo menos riscos do carro ser arrombado ou da gente
ser assaltado quando o carro fica na rua. Também de não pegar Covid ou H1N1 no
transporte público e no ambiente de trabalho [...]. (PD 108)
Nos achados de seu estudo, Chiaretto, Cabral e Resende (2018) relatam que no
deslocamento entre a casa e o local de trabalho, o trabalhador está sujeito a várias situações
144
desgastantes como trânsito tumultuado, poluição sonora e visual, variações climáticas, contato
com pessoas investidas de humores variados, além de estar mais exposto a vivenciar situações
de violência. E, o fato de trabalhar em casa e não precisar se expor a tais circunstâncias, é um
grande benefício.
Em estudo realizado por Martins (2021), os trabalhadores afirmaram que, por não
haver o estresse e perda de tempo de realizar várias baldeações no transporte público para
chegar ao local de trabalho, estavam mais dispostos para as atividades laborais, podendo,
assim, produzir mais. Resultados semelhantes foram identificados por Moreno (2019) e
Gonçalves, Almeida e Moura (2018).
No que se refere à possibilidade de fazer refeições no domicílio, Brik e Brik (2013)
afirmam que a ausência de deslocamento e o consequente trabalho em ambiente residencial,
permite ao trabalhador incluir no seu dia uma refeição caseira, balanceada e sem pressa, ao
contrário do que geralmente ocorre quando alimenta-se fora de casa, resultando em melhoria
da qualidade de vida.
A segunda categoria mais representativa no discurso dos trabalhadores foi a maior
proximidade com a família. Um benefício direto da maior proximidade familiar é aumentar o
contato e convívio com filhos e cônjuges durante o dia, o que no trabalho presencial é
minimizado pela distância física, como se verifica a seguir.
Poder estar mais próximo da minha família é positivo, pois somos muito dedicados
um ao outro. (PD 3)
O maior benefício é poder conciliar minhas atividades de trabalho com minha vida
familiar. Poder estar mais tempo com minha família. (PD 30)
[...]. Diante da pandemia pude ficar mais próximo dos meus familiares e assim poder
dar apoio emocional para superar o isolamento, evitando assim depressão e
ansiedade. (PD 25)
O benefício do trabalho remoto é poder dar maior assistência à minha família. (PD
112)
Silva (2004) afirma que o apoio dado à família melhora com a mudança do regime de
trabalho presencial para o remoto. Boonen (2003) destaca que a presença do teletrabalhador
no lar o aproxima da família, facilitando o acompanhamento da educação dos filhos ou a
assistência aos familiares.
Para Massadar (2020) o trabalho remoto possibilita ao trabalhador intercalar na sua
rotina os momentos de realização das atividades laborais e os momentos com a família, além
de atender a eventuais urgências e estar sempre perto das crianças, por exemplo. O autor
destaca que no período da pandemia de Covid-19, com a suspensão das aulas presenciais nas
escolas, os pais e responsáveis assumiram uma tarefa importante na educação dos filhos: dar
suporte e assistência para as aulas on-line.
A terceira categoria que surgiu como benefício no discurso dos participantes foi a
diminuição de gastos financeiros. Entre as descrições dos participantes destacam-se:
Os benefícios do trabalho remoto são [...], não gastar com combustível, roupas,
perfumes. (PD 5)
146
No trabalho remoto não tenho gastos com transporte e alimentação. Produzo mais,
não tenho distrações. (PD 76)
[...]. A economia com o combustível, uma vez que não preciso me deslocar ao
trabalho, e com as refeições, já que posso me alimentar em casa. (PD 91)
[...]. Não ter um ponto eletrônico controlando seu tempo dedicado ao trabalho, visto
que considero o ponto uma prisão psíquica para o trabalhador. A flexibilidade de
147
horário gera mais liberdade e engajamento. Sempre achei que ponto perfeito não
significa produtividade e nem comprometimento com o trabalho [...]. (PD 29)
É ótimo ter maior flexibilidade de horário, pois, por exemplo, em um caso atípico de
dor de cabeça, posso descansar e fazer meu trabalho quando melhorar. (PD 78)
[...]. Um benefício é ter tempo para fazer atividades físicas, pois consigo organizar
meu horário de trabalho pensando no meu bem-estar físico e emocional. Além disso,
consigo estar mais próximo da família e agora fazemos as três refeições diárias
juntos [...]. (PD 62)
Sobre este aspecto Nascimento, Torres e Nery (2021), referem que a flexibilidade no
horário de trabalho é tida como vantajosa porque os trabalhadores podem sincronizar a
atividade laboral com as tarefas domésticas e, por vezes, com exercícios físicos e atividades
acadêmicas, sem que isso gere impacto sobre a sua produtividade.
Batista (2019) e Barros e Silva (2010) identificaram no discurso de trabalhadores que
a flexibilidade de horário oportuniza a realização de tarefas rotineiras em diferentes
momentos, como ir ao banco, fazer compras ou simplesmente realizar as tarefas do lar, sem
que seja necessário perder um dia de trabalho. Os autores destacam que o horário flexível
permite ao trabalhador ordenar suas prioridades e aproveitar melhor o seu tempo livre.
A jornada flexível no modelo remoto dá ao trabalhador a possibilidade de resolver
alguma pendência no banco ao longo do dia, ir a uma consulta médica, ajudar o filho com o
dever de casa, estar presente para almoçar junto com a família, entre tantas outras
possibilidades que não existiriam no regime presencial (NAVARINI; PEREIRA, 2021).
Para Oliveira, Salgado e Gomes (2018), com o horário flexível o trabalhador adquire
qualidade de vida, tempo para lazer e cuidados pessoais, integração familiar e redução do
nível de estresse.
A última categoria do dendrograma dos benefícios do trabalho remoto foi o aumento
da produtividade (Figura 2).
Não perder tempo no trânsito, poder viver mais em família [...], poder organizar o
trabalho de acordo com os melhores horários de sua produtividade. (PD 32)
Não tenho ambiente adequado para realizar trabalho remoto, mas procuro fazer o
melhor possível. Espero em Deus que em breve possamos retornar ao trabalho
presencial. (PD 3)
adequadas, seja pela falta de espaço físico, pelo mobiliário inadequado ou até mesmo pela
multiplicidade de funções em um mesmo ambiente, gerando impacto na saúde e na
produtividade dos trabalhadores (TENÓRIO, 2021).
Massadar (2020) descreve que no ambiente presencial as salas e os escritórios são
especialmente configurados para tornarem-se espaços de trabalho: mobiliário, iluminação,
temperatura, tudo é organizado com o objetivo de ser um espaço organizacional adequado.
Segundo o autor, durante a pandemia de Covid-19 a maioria dos trabalhadores teve que
adaptar cômodos como sala e quarto para uso de computadores e notebooks. De forma
improvisada, estabeleceram-se novos locais de trabalho, configurados sem qualquer
preocupação ergonômica, de segurança e bem-estar dos trabalhadores.
Cabral e Alperstedt (2021) alertam para o fato de que a casa do trabalhador, em
geral, não é um lugar apropriado para a execução de atividades profissionais, pois não
apresenta os elementos pensados para proporcionar um local atrativo que estimule o trabalho
e o desempenho das atividades, ou, ainda, conforto na execução das tarefas, tais como móveis
ergonômicos, iluminação e temperatura apropriada. Neste sentido, os autores exemplificam
que durante a pandemia de Covid-19, camas viraram estações de trabalho e mesas passaram a
abrigar refeições e equipamentos profissionais.
Além da ausência de um ambiente apropriado, o discurso dos participantes também
associou a estrutura física inadequada com a falta de equipamentos, como o mobiliário, ou o
uso de equipamentos inadequados para o trabalho. São exemplos de falas neste sentido:
Não ter um melhor ambiente para trabalhar, incluindo o espaço físico adequado,
mobiliários e cadeiras confortáveis. Não ter acesso a computadores, impressoras,
materiais de expediente, internet de qualidade [...]. (PD 67)
Massadar (2020) refere que a falta de uma estrutura física adequada para o trabalho
remoto somada às condições ergonômicas inadequadas, torna o trabalhador susceptível a
154
O turno de trabalho não acaba nunca, gerando cansaço e estresse maior. E isso acaba
influenciando na saúde e sono do servidor. (PD 61)
Sobrecarga de atividades. Tudo é trabalho. Parece que estou trabalhando das 08h às
22h, com breves intervalos para alimentação. Já não consigo separar lazer de
trabalho e não tenho feito atividades físicas. (PD 110)
natureza do trabalho remoto onde o trabalhador dispõe de meios para acessar e-mails e
mensagens em aplicativos de celular.
Ainda no que se refere à sobrecarga de trabalho, os participantes também relataram a
dificuldade de se desconectarem do trabalho.
No trabalho remoto temos a sensação de que estamos trabalhando 24h por dia, pois a
qualquer momento pode chegar uma mensagem de alguém. (PD 23)
Sensação de estarmos trabalhando 24h, uma vez que somos demandados pelo
WhatsApp em horários diferentes do nosso horário habitual de trabalho. Some-se a
isso a dificuldade de comunicação com alguns servidores. (PD 64)
Horário. Algumas pessoas não compreendem que um servidor pode estar fazendo
uma tarefa e não pode responder às mensagens de WhatsApp no mesmo momento
que recebe uma solicitação; as pessoas fazem seus horários bem diferentes do que
seria no trabalho presencial e não pensam no colega, em que pode estar cumprindo
seu horário como se fosse presencialmente, ocasionando algumas demandas em
horários noturnos, por exemplo. (PD 112)
necessidade de cuidados com o excesso de reuniões, sob pena de gerar efeitos adversos aos
trabalhadores, já que o uso excessivo de ferramentas para videoconferências pode aumentar o
nível de estresse e cansaço dos participantes ao longo do tempo.
Bailenson (2021) introduz o termo "Zoom Fatigue", derivado da exaustão pelo uso
excessivo da plataforma Zoom em reuniões durante a pandemia de Covid-19. Segundo o
autor, a "Zoom Fatigue" no trabalho pode ser explicada por quatro motivos: a perspectiva pela
qual as pessoas são vistas durante a reunião, a carga cognitiva, o aumento da autoavaliação ao
olhar para o vídeo de si mesmo e as restrições à mobilidade física.
Quanto à perspectiva de visualização e a carga cognitiva, em uma conversa
presencial, o cérebro recebe, reconhece e interpreta dados verbais e não verbais daqueles com
quem há interação, incluindo o ambiente do encontro. Nas reuniões por videoconferências, as
pessoas são vistas por uma perspectiva diferente, enquadradas pela tela do computador. Isso
faz diminuir todas as percepções não conscientes (movimento corporal, tom de voz,
expressões faciais), que podem ser comprometidas até pela qualidade da internet. Com isso,
manter a atenção voluntária é um grande desafio que faz o cérebro se cansar buscando outros
caminhos mentais para todas as formas de comunicação presentes em cada nova plataforma
de encontro virtual (BAILENSON, 2021).
Quanto ao aumento da autoavaliação ao olhar para o vídeo de si mesmo, o excesso
de reuniões pode repercutir negativamente na percepção de autoimagem e autoestima dos
trabalhadores e até causar certa obsessão com a aparência diante da necessidade de estarem
sempre apresentáveis, principalmente entre as mulheres (BAILENSON, 2021).
No que se refere à mobilidade reduzida nas reuniões on-line, em essência, os
usuários estão presos em um limite físico muito pequeno, e na maioria das vezes isso equivale
a sentar e olhar diretamente para frente com um nível de mobilidade extremamente reduzido.
Nesta situação, em um contexto de excesso de reuniões, podem ocorrer o cansaço e ao
aparecimento de dores (BAILENSON, 2021).
Alguns participantes não se referem especificamente às consequências negativas do
excesso de reuniões, mas a descrevem como uma dificuldade.
Gibbs, Mengel e Siemroth (2021) afirmam que o excesso de reuniões on-line, típico
do trabalho remoto, desvia o foco das atividades e toma muito tempo do trabalhador.
Mediante esta dificuldade, Barbosa (2020) sugere a busca de uma agenda consciente de
reuniões entre gestores e subordinados, evitando encontros desnecessários e limitando o
tempo para evitar reuniões demasiadamente longas. Para o autor, o uso do e-mail institucional
com informações bem detalhadas para a equipe sobre os processos de trabalho, também pode
contribuir com a diminuição da necessidade de esclarecimentos futuros e de novas reuniões.
A última categoria do dendrograma das dificuldades do trabalho remoto foi a
conciliação da vida pessoal com a profissional.
A maioria das respostas referentes a esta categoria deu-se sobre a dificuldade de
conciliação entre o trabalho, cuidado com os filhos e realização de atividades domésticas,
conforme apresentado a seguir.
[...] O acúmulo de funções da rotina doméstica com a rotina de trabalho, o que toma
muito tempo do dia e nos obriga a estender o horário de trabalho propriamente dito.
Na realidade, acredito que a grande questão é que o trabalho remoto que estamos
desenvolvendo não surgiu como uma conquista, mas sim de forma obrigatória e
urgente, dado o contexto pandêmico. Portanto, além das preocupações com o
trabalho, casa, filhos, tem a problemática do vírus que nos afeta demais. Além disso,
o trabalho remoto com filhos em casa, já que as escolas também estavam fechadas
ou ficamos com medo de mandarmos nossos filhos, é muito complicado e exaustivo.
Por mais que se tente ter organização, é muito difícil separar as coisas. E criança
demanda muito tempo e atenção. É uma oportunidade única de poder ficar perto dos
filhos no dia a dia e vê-los crescer, mas por outro lado vem a preocupação e culpa
por não estar desenvolvendo o trabalho de maneira satisfatória. (PD 32)
Conciliação entre as tarefas de casa com as do trabalho, que acaba se misturado, não
permitindo que o trabalho flua como deveria. (PD 49)
Sobre os achados deste estudo, Ferreira (2016) afirma tratar-se de mais uma
dicotomia do trabalho remoto, refletida nos sentimentos contraditórios de gratidão pela maior
proximidade familiar com a percepção de indisponibilidade para a família. O autor ressalta
que tal contradição ocorre porque casa e trabalho são mundos culturalmente distintos, espaços
sociais construídos sobre discursos diferentes, envolvendo pessoas, normas, valores, noções
de tempo, práticas e condutas diversificadas.
Nesse contexto, Sullivan e Lewis (2001) identificaram no discurso de
teletrabalhadores que o fato de trabalhar em casa promoveu uma ruptura na distinção
psicológica entre trabalho e família, referindo que o tempo utilizado nos deslocamentos era
útil para fazer a transição de uma esfera para a outra, e que como tais deslocamentos não
existiam mais, a dificuldade nesta transição de papéis era mais acentuada.
Rafalski e Andrade (2015) destacam que o apoio e compreensão da família sobre a
realidade do trabalho remoto, bem como o estabelecimento de limites entre as distintas
rotinas, pessoal e profissional, são essenciais para que o ambiente seja saudável e equilibrado
para o trabalho.
Nohara et al. (2010) referem que a colaboração da família é fundamental para o
equilíbrio do indivíduo. Segundo os autores, embora os teletrabalhadores que moram com
familiares reconheçam que o tempo com a família aumenta, as estratégias de separação e
distinção profissional e pessoal são limitadas e de difícil implementação, gerando grande
impacto emocional.
Para Mendonça (2010) as tarefas cotidianas da casa, atividades com crianças e
animais de estimação, diferentes necessidades de uso do ambiente ou posto de trabalho
quando existe o compartilhamento, são exemplos de como essa jornada paralela pode gerar
um desgaste acentuado na convivência. Somente quando as questões de tempo e espaço são
resolvidas, os trabalhadores têm a possibilidade de organizar os conflitos entre a vida
profissional e pessoal.
remoto.
• Autonomia e flexibilidade • Dificuldade de concentração para
de horários para organizar o a execução das atividades de
próprio trabalho. trabalho, principalmente entre as
• Organização do trabalho mulheres.
sem gerar sobrecarga de • Percepção de diminuição da
tarefas para os dias produtividade no trabalho entre
Organização das seguintes. os trabalhadores mais velhos
Atividades no • Autodisciplina para (acima de 40 anos).
Trabalho Remoto manutenção de uma rotina • Percepção de necessidade de
na execução das atividades capacitação para a execução das
de trabalho. atividades de trabalho.
• Percepção de aumento da
produtividade no trabalho
entre os trabalhadores mais
jovens (até 40 anos).
• Percepção de que o trabalho • Percepção de que o trabalho
remoto não tem afetado remoto está ocasionando dores ou
negativamente a qualidade outros desconfortos físicos,
Desgastes do sono. acentuadamente entre os
Provenientes do trabalhadores mais velhos.
Trabalho Remoto • Percepção de que o trabalho
remoto está sendo cansativo.
• Percepção de que o trabalho
remoto está sendo estressante.
• Percepção positiva sobre o • Percepção negativa sobre as
suporte material e físico capacitações oferecidas pela
oferecido pela instituição instituição relacionadas ao
(empréstimo de materiais, trabalho remoto.
Suporte Institucional equipamentos).
para o Trabalho • Percepção positiva sobre o
Remoto suporte tecnológico
oferecido pela instituição
(apoio da TI, suporte em
problemas com
informática).
• Percepção positiva sobre o
suporte psicossocial
oferecido pela instituição.
Fonte: dados da pesquisa
162
6.4 Ações propostas pelo grupo de discussão para a elaboração do projeto de qualidade
de vida no trabalho remoto
6.4.2.1 Plano de ação para a problemática relacionada à conciliação da vida pessoal com a
profissional
No dia da mulher fizemos uma roda de conversa para as mulheres e foi muito legal,
então acho que um espaço de escuta para as mulheres é muito terapêutico, todos os
espaços de escuta são muito bons, em qualquer circunstância. Então quero propor
uma atividade de escuta para as mulheres, que posso conduzir, que não precisa ser
falando só sobre dificuldade de concentração, mas que com certeza essa temática irá
surgir. O assunto pode ser trabalho remoto no universo feminino. Um espaço para as
mulheres falarem já é uma atividade possível. (PG3)
Então um objetivo possível para essa atividade seria abrir um espaço de escuta e
diálogo para as trabalhadoras compartilharem as suas experiencias no trabalho
remoto, com ênfase nas dificuldades encontradas e possíveis soluções. (PG1)
Sim. Sempre a gente pode tentar encontrar palavras mais adequadas, talvez nesse
caso, algo feminista que remeta ao empoderamento feminino, mas no geral eu sinto
que o objetivo contempla bem o que se quer atingir com a ação. (PG3)
A dificuldade foi relatada principalmente entre as mulheres, mas não somente entre
elas. Homens também relataram essa dificuldade. (PG2)
Creio que poderíamos fazer uma capacitação, algo que possa capacitar os servidores
com conceitos e instrumentos necessários para a organização do tempo no trabalho
remoto. (PG6)
Messenger (2020) destaca o papel dos gestores em apoiar os limites entre a vida
profissional e pessoal dos trabalhadores, estabelecendo expectativas claras sobre os resultados
do trabalho e, ao mesmo tempo, oferecendo flexibilidade para a gestão dos horários com base
nas necessidades individuais. O autor refere ainda a importância de as instituições oferecerem
diferentes tipos de formação, com temáticas de maior relevância para o momento atual, tais
como em competências de organização e gestão do tempo.
Abbad e Legentil (2020) elencam a gestão do tempo como um dos principais
desafios no trabalho remoto. Para as autoras, os trabalhadores devem ser capacitados em
aspectos como o planejamento do trabalho, objetivando o alcance de metas; o estabelecimento
de prioridades, métodos e sequência para realização das tarefas; a estimativa do tempo de
execução de tarefas, em especial das mais complexas, que exigem maior concentração; a
adoção de estratégias e ferramentas de produção assíncrona de tarefas, visando minimizar a
falta de encontros face-a-face ou de interações síncronas mediadas por tecnologias; e, o
estabelecimento de limites entre horários de trabalho e de execução de tarefas domésticas.
No que diz respeito à dificuldade de concentração relatada pelos participantes da
pesquisa, sugeriu-se a realização de prática regular de Mindfulness. O trecho da discussão a
este respeito foi o seguinte:
[...] E uma outra proposta, que é para ambos os sexos, é a atividade de mindfulness,
porque ela tem a ver com concentração, com a atenção plena no momento presente.
Isso funciona para todo mundo a qualquer momento. Toda essa parte das práticas
integrativas complementares podem contribuir, mas em relação especificamente às
dificuldades de concentração, onde temos a tendencia de dividir nossa atenção entre
várias atividades, o que é péssimo, o mindfulness tem a proposta de trabalhar a
atenção em uma atividade por vez. Então acho que se a gente promover atividades
sobre isso, creio que ajudamos ambos os sexos. (PG3)
[...] Tem alguns servidores que não sabem que a gente pode levar os equipamentos
do trabalho para casa. Tem uma tramitação adequada. É preciso conversar com
alguém do patrimônio, assinar uma cautela de empréstimo do material. Eu, por
exemplo, estou usufruindo desta benesse. (PG6)
Eu estava com uma estagiária no meu setor. [...] ela não tinha nenhum equipamento.
Nós conseguimos um notebook institucional para ela, porém tivemos uma
dificuldade enorme de suporte no sentido de que ela conseguisse acessar o notebook.
Devido as configurações de rede e login, ela acabou passando um bom tempo sem
conseguir acessar os programas e fazer suas atividades. Creio que quem sofre mais
nesses casos são os estagiários, tanto em relação aos equipamentos quanto à questão
de rede para acessar. (PG5)
Eu acho interessante divulgar isto sim, com certeza. Porém deixar antes bem
alinhado com a TI. Também deixar alinhado com a PROAD a questão do
empréstimo das cadeiras e outros mobiliários. Se pode pegar emprestado, então não
tem por que não divulgar. (PG3)
O que me chamou a atenção sobre este ponto foi que eu vi em outras instituições a
criação de um normativo próprio sobre essa possibilidade de empréstimos e
divulgaram bastante. Fizeram um documento específico para o contexto do trabalho
remoto informando as condições e possibilidade para empréstimos de equipamentos.
168
Na Instituição não houve isso, apesar dos normativos existentes. Talvez tenha
faltado mais divulgação. Sem contar o fato que em alguns campi foi mais fácil de
conseguir, em outros houve dificuldade, então ficou muito ao critério de cada chefia
e setor, sem um alinhamento institucional. (PG2)
[...] A primeira proposta seria uma capacitação, não sei em que formato, temos que
pensar, para propor estratégias do servidor executar por conta própria ações de
melhoria de conforto no seu ambiente de trabalho. Estratégias para a melhoria de
conforto. (PG2)
Poderiam ser dicas no e-mail. Acho que a imagem é importante. Pela imagem, o
trabalhador consegue entender melhor como conseguir organizar o seu ambiente de
trabalho. Por exemplo, a gente sabe que muita gente usa notebook. Já que vai usar
notebook, que use um teclado externo, um suporte. Estas dicazinhas a gente pode
fazer por e-mail, não necessariamente uma capacitação formal. Por mais que exista a
possibilidade do retorno ao trabalho presencial, temos que planejar inicialmente com
base na situação atual, isto é, soluções que possam ser implantadas nas casas das
pessoas. (PG2)
Eu vou muito na direção do que você está sugerindo. Nós não temos como entrar,
intervir no ambiente físico do servidor, na casa dele, então as dicas de e-mail, as
imagens, o modo como o servidor visualiza uma imagem e depois transpõe essa
169
imagem para o seu ambiente de trabalho, creio que essa ação já contempla a
dificuldade de organização do ambiente de trabalho (PG1).
Um dos pontos levantados na discussão foi sobre o uso dos notebooks, que, em geral,
é o instrumento computacional mais disseminado entre os trabalhadores em ambiente remoto.
Lima et al. (2020) afirmam que no trabalho remoto muitos trabalhadores executam
suas atividades em um contexto improvisado, com características antiergonômicas. O uso dos
computadores portáteis, por exemplo, oferece boa mobilidade, porém os aparelhos possuem a
tela diretamente ligada ao teclado, levando a má postura, restrição de movimentos da cabeça e
maior inclinação do pescoço, representando uma desvantagem em relação ao computador de
mesa. Os autores destacam que as instituições empregadoras devem estar atentas a esses
detalhes, oferecendo suporte em saúde e segurança no trabalho sempre que necessário.
De acordo com a legislação brasileira, as organizações empregadoras são
responsáveis pela proteção dos seus trabalhadores nos locais de trabalho, onde as condições
de trabalho devem ser adaptadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores de
modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente (BRASIL,
1990).
Messenger (2020) ressalta que as instituições devem informar os trabalhadores sobre
questões-chave relacionadas à ergonomia e à organização do ambiente de trabalho remoto,
incluindo formações em diferentes meios.
Abbad e Legentil (2020) e Massadar (2020) elencam algumas medidas que as
instituições podem adotar no cuidado com o conforto ergonômico e bem-estar dos
trabalhadores em ambiente remoto: adequação ergonômica do ambiente de trabalho,
identificando e minimizando os riscos de adoecimento; identificação e remoção de riscos
ambientais de estresse, como interrupções, ruídos, distrações, que possam aumentar a
exaustão e o risco de burnout; e, a criação de dispositivos que exijam a tomada de pausas para
descansos e para repouso e alimentação, conforme o tipo de trabalho realizado. Todas estas
medidas devem ser adotadas por meio de formação e treinamento dos trabalhadores.
Acerca da percepção dos trabalhadores de que o trabalho remoto está ocasionando
dores ou outros desconfortos físicos, acentuadamente entre os trabalhadores mais velhos,
sugeriu-se uma ação de dicas informativas com o tema “Exercícios Compensatórios no
Trabalho Remoto”.
possibilidade é fazer cartilhas com exercícios para os pés, punho, áreas que são
corriqueiras em problemas. (PG6)
Sua ideia, pelo que estou entendendo, são duas possibilidades. A primeira seria uma
ação de ginástica laboral no trabalho remoto. A palestrante que será convidada
ensinaria, de alguma forma, aos trabalhadores que estão em casa, alguns exercícios
de ginástica laboral, alongamentos. A segunda possibilidade são estas dicas de
exercícios serem colocas no e-mail dos servidores para que eles possam ter acesso a
estas informações. (PG1)
Eu tenho certa resistência com essa prática de ginástica laboral. Até onde eu sei,
existem muito poucos estudos que comprovem o efetivo efeito benéfico desta prática
para os trabalhadores. A meu ver, ao ensinar um exercício de alongamento, é
provável que se obtenha alguma melhora temporária na percepção de dor, porém se
o que está causando as dores é a ergonomia inadequada do posto de trabalho, não vai
ser a ginástica laboral que vai resolver o problema. Se você pensar que no trabalho
em casa o trabalhador passa muito mais tempo sentado do que no trabalho presencial
e que ele também dificilmente tem uma cadeira adequada, uma mesa adequada, é
difícil compreender que a ginástica laboral resolveria as dores relacionadas a esta
problemática complexa. Não que eu seja contra a ação, mas eu acho que a gente tem
que trabalhar mais na fonte do problema, não na ação paliativa. (PG2)
Não sei o efeito prático desta ação com imagens. Talvez vídeos fossem mais
adequados, pois mostram uma pessoa fazendo e a visualização facilita a reprodução
do trabalhador que está em casa. (PG2)
fim das atividades laborais, funcionando como uma espécie de atividade de encerramento do
dia de trabalho.
trata de algo bastante específico e sem semelhanças com as demais situações relatadas no
diagnóstico.
As duas categorias representativas das dificuldades abordam dois aspectos distintos
do uso inadequado da ferramenta: o envio de mensagens em horários e dias nos quais os
trabalhadores deveriam estar em descanso e desconectados do trabalho; e a ausência de
normatização sobre os meios de comunicação institucional, fazendo com que ferramentas
como o e-mail corporativo sejam subutilizadas em detrimento do uso de aplicativos sem regra
de uso e convivência.
Já as duas categorias representativas do plano de ação indicam as atividades
sugeridas no GD e aprovadas como ações do projeto de QVT Remoto: a realização de uma
roda de conversa com o tema “Usos e abusos do WhatsApp como Ferramenta de
Comunicação para o Trabalho” e a implantação da ferramenta “WhatsApp Business” para os
trabalhadores.
O uso excessivo do aplicativo WhatsApp para comunicação institucional em dias e
horários fora da jornada de trabalho, inclusive à noite, e em finais de semana e feriados,
demonstrou ser uma dificuldade. Não houve, do ponto de vista institucional, normatização
sobre limites de horários para os trabalhadores tratarem de assuntos laborais. Nesse sentido, a
sugestão para tratar essa problemática foi a realização de uma roda de conversa com o tema
“Usos e Abusos do WhatsApp como Ferramenta de Trabalho”.
E a gente sabe que o WhatsApp tem um lado positivo. A pandemia mostrou que é no
WhatsApp que a gente consegue a melhor comunicação possível. Muito melhor que
o e-mail, por exemplo. É mais rápido, você pode resolver muitas coisas
instantaneamente, então é uma ferramenta excelente, porém tem esses detalhes
problemáticos do uso fora de hora, que seria mais uma questão para discussão.
(PG2)
173
Chahad (2021) afirma que no trabalho remoto é essencial que a instituição estabeleça
regras básicas claras sobre quando os trabalhadores precisam ou não estar disponíveis para
trabalhar, e respeitá-las. Todas as partes envolvidas devem saber os horários em que podem
ser contatadas.
Outro aspecto levantado na discussão do plano de ação foi relativo aos limites
pessoais.
[...] Dentro dessa roda de conversa tem um outro tema que talvez a gente possa
explorar, que é referente ao respeito aos limites pessoais. Eu entendo que ele está
dentro dessa temática do uso do WhatsApp. (PG3)
Eu creio que seja uma questão de disciplina pessoal e é aí que mora a saída do que a
gente vai propor com esta roda de conversa. O que for de ordem pessoal a gente não
tem muito como promover. Vai ser mais uma tentativa de diálogo e orientação e a
pessoa vai aderir ou não. No fim, eu creio que essa questão dos limites passa muito
pela solução dessa problemática. A gente sabe que quem cria o problema é quem
manda a mensagem em um horário inapropriado, mas a gente tem que trabalhar
principalmente sobre quem recebe as mensagens. Fazer uma conscientização de
estabelecer os próprios limites e só responder dentro dos horários estabelecidos. Em
geral, quem manda fica até chateado se a pessoa não responder rápido. A gente tem
que enfatizar é na pessoa que recebe a mensagem em não responder. (PG2)
Mas tem uma questão que você falou sobre isso de conscientizar mais quem recebe
do que quem manda. Por exemplo, uma pessoa que recebe uma mensagem na sexta
feira a noite e que, portanto, só deveria responder na segunda de manhã. Isso é um
ponto complicado para as pessoas que tem uma certa ansiedade de responder as
mensagens, pois ela pode passar o final de semana todo pensando na resposta e vai
ter dificuldade de se desconectar do trabalho em dias de sábado e domingo. Então na
roda de conversa a gente precisa também trabalhar sobre a figura do emissor, de
quem manda a mensagem, não só de quem recebe, pois ela precisa ficar consciente
que ao enviar uma mensagem e gerar uma expectativa de resposta, ela pode, de
alguma forma, atrapalhar o tempo livre da outra pessoa, mesmo que a resposta só
venha dois ou três dias depois. Então também precisamos abordar esse ponto do
cuidado ao enviar as mensagens, não só abordar os que recebem. (PG1)
Esta seria uma saída excelente. Só não sei até que ponto é possível. Se a instituição
fornecer um número em que você possa separar o WhatsApp pessoal do
institucional, seria muito vantajoso para as pessoas que se incomodam com esse
problema. (PG2)
Foi nossa estagiária de marketing quem nos alertou sobre essa possibilidade. Nós
configuramos o número institucional do setor para o WhatsApp Business. Agora o
WhatsApp que eu uso é o institucional e nós utilizamos este contato, inclusive, para
falar com as empresas. É possível. No nosso setor temos dois ramais, um número vai
ficar comigo e o outro com o coordenador do setor. Você bloqueia os contatos do
seu número pessoal e disponibiliza o contato do WhatsApp do setor, colocando os
horários em que está disponível para responder. O procedimento é simples. Você faz
o download do aplicativo no celular [...]. (PG5)
Vamos divulgar isso como uma ação do projeto. Temos muitos ramais que podem
ser utilizados e isso vai ajudar muitos servidores. (PG2)
Isso é ótimo porque o WhatsApp Business permite que a gente coloque uma resposta
automática. Assim, conseguimos estabelecer os horários de trabalho. Caso a pessoa
se comunique fora do horário, receberá a resposta automática informando da
indisponibilidade de resposta naquele momento. (PG6)
do aplicativo ser configurado para que a comunicação seja realizada no horário habitual de
funcionamento da instituição (SANTOS; SANTOS, 2020).
A utilização do aplicativo WhatsApp Business possibilitará aos trabalhadores uma
comunicação institucional, separando-se as mensagens de ordem pessoal da profissional e
permitindo a configuração e o gerenciamento das notificações dentro de uma jornada de
trabalho específica.
Creio que a palavra comunicação talvez não caiba no contexto, pois ela é bastante
ampla. Como a reclamação é especificamente sobre as reuniões, talvez seja mais
interessante enfatizar especificamente sobre isso, não sobre comunicação de um
modo geral. (PG2)
Esse é um tema muito importante e dá muito pano pra manga. Para mim esse é um
tema que as pessoas têm muito interesse em falar, então uma roda de conversa seria
uma forma mais adequada do que uma ação de dicas no e-mail. (PG3)
Eu concordo no sentido de que somente as dicas não vão resolver, pois as pessoas
querem falar sobre isso e, inclusive, talvez surjam soluções para o problema durante
a conversa. Não vejo muito como fazer algo que envolva ensinar ou informar sobre
esse tema. (PG6)
E talvez não seja nem tanto na perspectiva de solução ou ensinar, mas no sentido de
que as pessoas possam falar, desabafar, no sentido da escuta terapêutica, de perceber
que outras pessoas sentem as mesmas dificuldades. As vezes surgem propostas de
soluções nas conversas, mas nem sempre isso acontece. (PG3)
177
[...] A meu ver a solução passa muito pela gestão. O chefe do setor é quem
geralmente agenda as reuniões, então é esta pessoa que tem que ser informada sobre
as dificuldades relatadas pelos servidores. (PG2)
178
Também pensei nisso. É uma problemática que necessita muito da presença dos
gestores. Talvez a gente deva encontrar uma forma de levar isso para a alta gestão.
(PG3)
Então sugiro que como ação do projeto a gente apresente formalmente os resultados
do diagnóstico de QVT para os gestores, em especial sobre os aspectos relativos às
reuniões, e em seguida realize um espaço de diálogo para pensar conjuntamente em
soluções relacionados ao tema. (PG2)
[...]. Minha sugestão é oferecer uma capacitação com o tema de noções básicas do
trabalho remoto, porém considerando que já estamos a tanto tempo nessa
modalidade de trabalho, não sei se essa temática é adequada. Talvez os próprios
servidores, por conta própria, tenham conseguido se adaptar ao trabalho remoto e
não tenham tanto interesse em uma capacitação com o tema de noções básicas.
Assim, eu coloco essa sugestão para análise, porém sem muita convicção. Como
vocês acham que podemos trabalhar com essa percepção negativa dos servidores
sobre a capacitação para o trabalho remoto? (PG2)
Estou um pouco em dúvida, pois como não sabemos os motivos dessa percepção
negativa, não dá para saber se os servidores colocaram isso como um desabafo por já
estarem há mais de um ano em trabalho remoto e não terem tido uma capacitação
oferecida institucionalmente, ou se, de fato, os servidores ainda sentem alguma
necessidade de se capacitarem com informações básicas ou até aprofundadas sobre o
trabalho remoto. Estou mais propenso a acreditar na primeira hipótese, pois não faria
mais sentido agora, após mais de um ano, eles desejarem fazer uma capacitação
sobre noções básicas para o trabalho remoto já tendo desempenhado as atividades
por tanto tempo [...] (PG1)
Eu gosto da ideia da capacitação, porém vejo como fora de hora. Se tivesse que ter
sido feito algo nesse sentido, seria quando começou o trabalho remoto no início da
pandemia, não agora. (PG6)
Sim, também concordo que oferecer uma capacitação com esse tema agora seja fora
de hora. De fato, a intervenção pela qual a instituição passou atrapalhou muito,
ficando muito atrás sobre praticamente tudo. Foi muito tempo com a instituição
quase parada. Meses de desmotivação, e após o retorno, ainda houve um tempo de
adaptação à nova gestão. Porém, muitas coisas das quais estamos propondo tem a
ver com essa questão da capacitação. O fato de discutirmos sobre comunicação no
trabalho, sobre o uso de plataformas de videoconferência para reuniões, por
exemplo, tem tudo a ver com o trabalho remoto e não são noções básicas, são noções
bem aprofundadas. (PG3)
não sendo necessária uma capacitação específica. Também foi adotado o entendimento de que
a percepção negativa relatada pelos trabalhadores e estagiários tinha mais relação com uma
espécie de desabafo, pelo fato da instituição não ter se mobilizado para capacitá-los no início
da pandemia, do que propriamente com a necessidade de uma capacitação. Assim, a ação
posta em discussão foi recusada.
A categoria representativa do plano de ação foi a sugestão de uma campanha
informativa com ênfase na divulgação de possíveis capacitações relacionadas ao trabalho
remoto oferecidas pela instituição. Esta sugestão ocorreu em resposta à percepção negativa
sobre as capacitações oferecidas pela instituição relacionadas ao trabalho remoto.
Na minha opinião, poderíamos manter essa sugestão como a ação deste eixo das
capacitações. Eu, inclusive, me prontifico a entrar em contato com os setores
responsáveis pelo planejamento de capacitações para verificar as oferecidas e, em
caso de concordância dos respectivos setores, ajudar na divulgação, seja pelo e-mail,
por redes sociais ou alguma outra mídia relacionada ao projeto de QVT Remoto.
Podemos sim atuar no sentido de auxiliar nessas divulgações. (PG1)
Ao final da discussão sobre o tema, o grupo aprovou a sugestão desta ação por
entender que uma das causas da percepção negativa dos trabalhadores e estagiários era a baixa
divulgação das capacitações oferecidas institucionalmente, ou seja, elas existiam, mas eram
pouco divulgadas.
Nesse contexto, Vianna (2015) demonstra que entre as diretrizes da Política Nacional
de Desenvolvimento de Pessoal, podem ser destacadas o incentivo e apoio às iniciativas de
capacitação promovidas pelas próprias instituições, mediante o aproveitamento de habilidades
e conhecimentos do seu próprio quadro de pessoal; e a promoção e divulgação ampla, entre os
servidores, das oportunidades de capacitação existentes. Desta forma, a ação aprovada para
constituir o projeto de QVT encontra respaldo, inclusive, no documento normativo que rege a
realização de capacitações no âmbito da administração pública federal.
As ações de capacitação divulgadas no âmbito do projeto de QVT Remoto da
instituição serão aquelas que ocorreram, principalmente, sob dois formatos: informação e
182
[...] Vamos passar ao próximo tópico, que fala sobre a dificuldade relatada no
diagnóstico da percepção de que o isolamento físico está sendo prejudicial à
execução das atividades. (PG1)
Para trabalhar este aspecto, sugiro uma roda de conversa com o tema sobre o
isolamento físico e o trabalho em equipe no ambiente remoto. Para conduzir esta
roda de conversa, pensei na psicóloga [...]. O objetivo da ação seria abrir espaço de
escuta e diálogo para os participantes compartilharem as suas experiências,
dificuldades e sentimentos em relação ao isolamento físico e ao trabalho em equipe
no ambiente de atuação remota. (PG2)
Acho que pode ser uma roda de conversa. Creio que o que podemos modificar
posteriormente seria a temática. Talvez pensar em um título mais atrativo. (PG3)
Sim, pode ser. Creio que uma roda de conversa teria bastante participação, pois
muita gente deve estar sozinha em casa e se sentindo isolada profissionalmente, sem
o trabalho em equipe fluir. Deve ter muita gente nos setores trabalhando sem
conseguir compartilhar o que, de fato, estão fazendo, e sem conhecer o que os
demais colegas da equipe estão executando. (PG6)
Chahad (2021) destaca que, mediante o risco real de isolamento social associado ao
trabalho remoto, todos os esforços devem ser empreendidos para manter o profissional em
contato com as chefias imediatas, colegas de setor e da instituição como um todo.
Autores ressaltam a importância de as instituições disponibilizarem um espaço
institucional onde todos possam compartilhar ideias e objetivos, expressar ativamente as suas
preocupações e desafios, bem como receber o suporte social. Tal fato significa mais tempo
para conversas e para o desenvolvimento de relações interpessoais, uma vez que muitos
trabalhadores em regime remoto possuem tendência a viver poucos momentos de
184
[...]. Falando não só das dificuldades, mas também das experiências, será que não
existe algum setor da instituição que tenha equacionado bem essa questão do
trabalho em equipe e que talvez pudéssemos deixar um tempo para eles
compartilharem essa experiência na roda de conversa? Sempre na perspectiva de
encontrar soluções para a problemática apresentada. (PG2)
Concordo. Um case de sucesso para compartilhar seria uma boa alternativa. Estou
percebendo que a gente já tem várias propostas de ações de roda de conversa, o que
é ótimo, pois poderíamos fazer um calendário para divulgar. (PG3)
Perfeito. Vou entrar em contato com alguns gestores da instituição para verificar se
pelo menos um deles gostaria de compartilhar as estratégias de trabalho em equipe
que eles adotaram nesse período remoto. (PG6)
Concordo. A dificuldade que eu vejo nessa sugestão das dicas informativas é que é
provável que elas acabem indo para o lado quantitativo da coisa, de como fazer o
servidor trabalhar e produzir mais, não necessariamente melhor. (PG1)
ação foi vista como de pouco potencial para os aspectos que realmente geram impacto na
qualidade de vida do trabalhador, sendo, portanto, recusada.
A categoria representativa do plano de ação foi a sugestão de realização de uma roda
de conversa com o tema “Estou satisfeito com o Trabalho Remoto?”
[...]. Minha sugestão é fazer uma roda de conversa com um título em que não conste
a palavra produtividade, pois ela é muito capitalista e tem um tom muito pesado.
(PG3)
Exato. Então o título da roda de conversa por de ser uma pergunta com algo que
remeta a satisfação no trabalho remoto. Por exemplo? Como anda minha satisfação
no trabalho remoto? Ou, eu estou satisfeito com o trabalho remoto? Porque nesse
caso o tema da produtividade vai fazer parte da conversa, mas na perspectiva de
qualidade de vida no trabalho, não na perspectiva do aumento de trabalho. (PG3)
conciliação trabalho-família. Desta forma, vai muito além dos aspectos quantitativos e
mensuráveis do processo produtivo, mostrando-se particularmente desafiadora em tempos
incertos de pandemia, que impõem mudanças importantes na rotina e nos processos de
trabalho.
Conforme Tenório (2021), um dos desafios institucionais no trabalho remoto pós-
pandemia é manter a produtividade, o desempenho e a qualidade nos serviços e produtos, mas
com atenção para as necessidades dos trabalhadores, especialmente em relação à saúde física
e mental. A adoção de boas práticas para a produtividade no trabalho remoto, além de
promover e zelar pela saúde dos trabalhadores, demonstra a responsabilidade social das
instituições e seu respeito à lei e aos direitos fundamentais trabalhistas.
189
pelo padrão onde as ações com a participação direta do público, como as rodas de conversa,
as práticas e as oficinas, apresentariam metas quantitativas e qualitativas, enquanto as ações
com participação indireta do público, como as dicas e campanhas informativas e a divulgação
de ações, metas puramente quantitativas.
- Indicadores e instrumentos de acompanhamento e avaliação: englobam itens
interligados, uma vez que os indicadores são dados utilizados para a verificação das metas e
dos resultados atingidos, enquanto os instrumentos servem para monitorar os indicadores e
avaliar o cumprimento das metas. Para as ações com metas quantitativas e qualitativas, o
indicador definido foi o percentual de satisfação dos participantes, e o instrumento de
acompanhamento e avaliação, um questionário de satisfação. Já para as ações com metas
puramente quantitativas, o indicador foi o número de ações realizadas, e o instrumento, o
registro de realização das ações.
A versão final do projeto de QVT Remoto foi elaborada com design e diagramação
adequados para que sua leitura e interface se tornassem mais “amigáveis” ao olhar e
apreciação dos trabalhadores.
Por fim, considerando a categorização de produtos técnicos e tecnológicos realizada
pelo grupo de trabalho da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), o projeto “Conectados” é tipificado dentro da categoria de relatório técnico
conclusivo, no subtipo de ferramenta gerencial elaborada (CAPES, 2019).
191
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
por meio da elaboração e aplicação de um projeto de QVT Remoto. Destaca-se que as ações
planejadas no projeto de QVT Remoto já estão sendo executadas, evidenciando o caráter
transformador do método empregado.
Ressalta-se que, inicialmente o presente estudo seria desenvolvido em um contexto
de trabalho pré-pandêmico, em regime presencial. Após o advento da Pandemia de Covid-19,
foi necessária a adaptação para o estudo em regime de trabalho remoto. Nesta nova situação,
foi necessária uma demanda de tempo maior para a construção do questionário de avaliação
de QVT Remoto utilizado nesta pesquisa.
Quanto às limitações da pesquisa, menciona-se que os resultados do estudo não
podem ser generalizados para outras unidades da instituição, tendo em vista a sua realização
em um ambiente exclusivamente administrativo.
Considerando a possibilidade da adoção do trabalho remoto na instituição pesquisada
no contexto pós-pandemia, mostra-se necessário o contínuo mapeamento e diagnóstico da
QVT Remoto entre todos aqueles que nela atuam. Sugere-se que novos estudos sejam
realizados englobando as unidades onde são desenvolvidas atividades acadêmicas, de
pesquisa e extensão. Nestes diferentes espaços seria possível observar os impactos do trabalho
remoto também entre aqueles que exercem as atividades de ensino, contribuindo de forma
mais assertiva para o planejamento de ações e projetos para os trabalhadores docentes.
194
REFERÊNCIAS
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ROSSO, S.; FORTES, J. A. A. (Org.). Condições de Trabalho no limiar do século XXI.
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Covid-19: Contribuições da Psicologia Organizacional e do Trabalho no contexto da
pandemia - Os impactos da pandemia para o trabalhador e suas relações com o trabalho. Porto
Alegre: Artmed. 2020. E-book. Disponível em: https://www.sbpot.org.br/site2021/wp-
content/uploads/2021/06/volume-2-os-impactos-da-pandemia-para-o-trabalhador-e-suas-
relacoes-com-o-trabalho.pdf. Acesso em: 12 jul. 2021.
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https://www.scielo.br/j/tes/a/RrndqvwL8b6YSrx6rT5PyFw/?format=pdf&lang=pt. Acesso
em: 23 ago. 2021.
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Organization, New Jersey - EUA, v. 8, n.2, p. 123 - 145, apr. 2001. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/227662478_Home-
based_Telework_Gender_and_the_Synchronization_of_Work_and_Family_Perspectives_of_
Teleworkers_and_their_Co-residents. Acesso em: 29 set. 2021.
WINTER, V. R. L. Teletrabalho: uma forma alternativa de emprego. São Paulo: LTr, 2005.
Sexo:
M( )
F ( )
Idade: ______anos
Estado civil:
Casado ou união estável ( )
Solteiro ( )
Divorciado ( )
Separado ( )
Viúvo ( )
224
Escolaridade:
Pós-doutorado ( ) Doutorado ( ) Mestrado ( ) Especialização
( ) Ensino superior completo ( ) Ensino superior incompleto ( )
Ensino médio completo ( ) Ensino médio incompleto ( )
Cargo:
Docente ( )
Técnico Administrativo em Educação ( )
Estagiário ou bolsista ( )
Já havia trabalhado de forma remota antes da pandemia? (Trabalho remoto é todo aquele
que ocorre fora das instalações físicas da instituição e que é executado através do uso de
tecnologias digitais).
Sim, regularmente ( )
Sim, esporadicamente ( )
Não, nunca havia realizado o trabalho remoto ( )
Você já ficou afastado do trabalho por motivo de doença provocada por suas atividades
de trabalho remoto na instituição?
Sim ( )
Não ( )
Em caso afirmativo, cite o número de vezes:________________________________________
225
Avalie o ambiente físico onde você está realizando o seu trabalho remoto e marque a
alternativa que melhor representa a sua realidade.
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04. O mobiliário utilizado para o meu trabalho como, por exemplo, a mesa e a cadeira, é confortável.
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05. O local onde realizo o meu trabalho é adequado para o trabalho remoto.
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Avalie a relação do trabalho remoto com a vida familiar e marque a alternativa que
melhor representa a sua realidade.
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07. Consigo manter uma rotina familiar equilibrada entre trabalho, descanso e lazer.
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11. Estar fisicamente isolado dos colegas da equipe de trabalho prejudica a execução das minhas
atividades.
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14. Recebo informações (feedbacks) do meu chefe imediato sobre os resultados do meu trabalho.
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15. Realizo o meu trabalho sem pressão ou cobrança por resultados do meu chefe imediato.
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16. Recebo apoio dos membros da minha equipe para realizar o meu trabalho.
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Avalie o uso da tecnologia digital no trabalho remoto e marque a alternativa que melhor
representa a sua realidade.
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19. A conexão com a internet (rede) do meu local de trabalho remoto atende as minhas necessidades.
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20. Sinto-me capaz de utilizar diferentes programas e softwares (Ex: Google Meet, Microsoft Teams)
para a execução do meu trabalho.
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23. Consigo organizar o meu trabalho sem gerar sobrecarga de tarefas para os dias seguintes.
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24. Tenho disciplina para manter uma rotina na execução das atividades do meu trabalho.
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25. Tenho dificuldade para me concentrar satisfatoriamente nas atividades do meu trabalho.
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28. Sinto dor ou algum outro desconforto físico ocasionado pelo trabalho.
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34. Em caso de necessidade do trabalhador, a instituição oferece suporte tecnológico (apoio das
equipes de Tecnologia da Informação, solução de problemas de informática etc.).
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Parte 3 - Pense como está sendo a sua experiência com o trabalho remoto e responda as
questões I e II, a seguir.
DADOS DO PARECER
Apresentação do Projeto:
Trata-se de análise das pendências ao protocolo da pesquisa intitulada CONSTRUÇÃO DE PROJETO DE
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO EM UM INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO que tem como
pesquisador responsável ALLAN JOSE SILVA DA COSTA, sob orientação da Profª. Dra. Maria Lúcia
Azevedo Ferreira de Macêdo, do Programa de Pós-graduação em Saúde e Sociedade da Escola de Saúde
da UFRN, elencadas no Parecer consubstanciado de nº 4.485.226, emitido por este CEP em 28.12.2020,
referentes ao cronograma, informações mais detalhadas no TCLE e esclarecimentos sobre a metodologia. A
pesquisa, de natureza quanti-qualitativa, utilizará a metodologia da pesquisa-ação para construir um projeto
de Qualidade de Vida no Trabalho destinado aos trabalhadores da reitoria do Instituto Federal do Rio
Grande do Norte. O local do estudo será a reitoria do IFRN e a população, os 129 trabalhadores que atuam
no local. Os critérios de inclusão abrangem os trabalhadores lotados na reitoria do IFRN e que concordem
em participar da pesquisa. Serão excluídos da pesquisa aqueles que não estiverem exercendo atividades
regularmente no Instituto, como os cedidos a outros órgãos e os afastados do trabalho por qualquer motivo.
Inicialmente irá ser realizado um diagnóstico situacional de Qualidade de Vida no trabalho utilizando o
Inventário de Avaliação de Qualidade de Vida no Trabalho (IA-QVT) de Ferreira (2017). Em seguida, será
montado um grupo de discussão para consolidação destes dados e posterior elaboração de um projeto de
Qualidade de Vida no trabalho no local. As informações
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obtidas a partir da aplicação da parte quantitativa do IA-QVT serão sistematizadas e consolidadas através
do software de análise estatística SPSS. Já as informações oriundas da parte qualitativa do inventário e do
grupo de discussão serão inseridas no software IRAMUTEQ e sistematizadas através da análise de
conteúdo temática. Com a modificação apresentada na brochura, o pesquisador informa que o início da
pesquisa foi alterado para maio. Informou também que o contato inicial com os participantes será feito
mediante e-mail institucional obtidos através do SUAP - Sistema Unificado de Administração Pública
(https://suap.ifrn.edu.br), de livre acesso para todos os servidores do IFRN.
Objetivo da Pesquisa:
Objetivo Primário:
Construir um projeto de Qualidade de Vida no Trabalho para os trabalhadores da reitoria do Instituto Federal
do Rio Grande do Norte.
Objetivo Secundário:
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conteúdo dos temas e do nível das perguntas realizadas, tendo em vista que envolvem aspectos sensíveis
como sentimentos relacionados ao trabalho, desgastes provenientes do trabalho e relações
socioprofissionais. No TCLE, informa ao participante que estes riscos serão mínimos, e que para minimizá-
los, o participante tem o direito de não opinar sobre os temas, ou se retirar da reunião, caso não se sinta à
vontade, considere a discussão muito pessoal ou lhe cause incômodo falar sobre o assunto. Acrescenta que
sua participação é voluntária, o que significa que ele poderá desistir a qualquer momento, retirando seu
consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade. Os participantes, no TCLE, são
informados que o convite se dá em função de sua posição como membro da Comissão de Qualidade de
Vida no Trabalho da reitoria do IFRN, conforme grupo de trabalho instituído pela Coordenação de Atenção à
Saúde do Servidor (COASS) e que, portanto, participarão, em caso de aceite, de um grupo de discussão
com os demais membros da referida Comissão, para analisar os fatores que interferem na Qualidade de
Vida no Trabalho dos trabalhadores da reitoria do IFRN. Como benefício, se prevê que a pesquisa
contribuirá positivamente para a Qualidade de Vida no Trabalho dos trabalhadores da reitoria do IFRN,
fundamentando a elaboração de estratégias e ações baseadas nas necessidades destes trabalhadores. Em
função da pandemia, as reuniões serão gravadas em vídeo e/ou áudio e ocorrerão de forma virtual nos
meses de maio e junho de 2021, no turno matutino ou vespertino, com uma duração de até 90 minutos.
Trata-se, portanto, de uma pesquisa com risco mínimo, no campo das ciências humanas e sociais, que pode
produzir novos conhecimentos e trazer benefícios diretos e indiretos.
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Recomendações:
Caro(a) pesquisador(a), se, em decorrência da pandemia do Corona vírus (COVID-19) o cronograma
apresentado sofrer alteração, recomenda-se, ao se estabelecerem datas atualizadas, o envio de novo
cronograma ao CEP Central/UFRN, sob a forma de notificação do tipo "Comunicação de Início do Projeto".
A Conep, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, por meio do documento ORIENTAÇÕES PARA
CONDUÇÃO DE PESQUISAS E ATIVIDADE DOS CEP DURANTE A PANDEMIA PROVOCADA PELO
CORONAVÍRUS SARS-COV-2 (COVID-19), de 09 de maio de 2020, na página 02, orienta que:
3.2. Em observância às dificuldades operacionais decorrentes de todas as medidas impostas pela pandemia
do SARS-CoV-2 (Covid-19), é necessário zelar pelo melhor interesse do participante da pesquisa, mantendo
-o informado sobre as modificações do protocolo de pesquisa que possam
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3.3. Em virtude disso, enquanto perdurar o estado de emergência de saúde pública decorrente da Covid-19,
recomenda-se que os CEP e toda a comunidade científica adotem, para a condução dos protocolos de
pesquisa envolvendo seres humanos, as orientações da Conep, observando, ainda, no que couber, as
diretrizes adotadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
(...)
3.6. Caso sejam necessários a suspensão, interrupção ou o cancelamento da pesquisa, em decorrência dos
riscos imprevisíveis aos participantes da pesquisa, por causas diretas ou indiretas, caberá aos
investigadores a submissão de notificação para apreciação do Sistema CEP/CONEP.”
Vale mencionar que, diante das recomendações governamentais e da Organização Mundial de Saúde, a
UFRN, através da Portaria N° 452/2020-R, em 17 de março de 2020, no Art. 2º, “autoriza as atividades de
extensão e de pesquisa que, por sua natureza, não impliquem aglomeração de pessoas, cabendo aos
responsáveis avaliar as condições para cumprimento das recomendações das autoridades sanitárias.”
Por fim, recomendam-se ações que visem salvaguardar os envolvidos, participantes e pesquisadores, nas
atividades de pesquisa, como, por exemplo, a aplicação de instrumentos (questionários, entrevistas, entre
outros) de forma on-line e mais outras medidas que se julguem necessárias. Quaisquer dúvidas podem ser
direcionadas aos nossos canais de comunicação: número móvel (84) 9.9193-6266, endereço de e-mail
cepufrn@reitoria.ufrn.br ou formulário de contato do site <www.cep.ufrn.br>.
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1. Elaborar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE em duas vias, rubricadas em todas as
suas páginas e assinadas, ao seu término, pelo convidado a participar da pesquisa, ou por seu
representante legal, assim como pelo pesquisador responsável, ou pela (s) pessoa (s) por ele delegada(s),
devendo as páginas de assinatura estar na mesma folha (Res. 466/12 - CNS, item IV.5d);
2. Desenvolver o projeto conforme o delineado (Res. 466/12 - CNS, item XI.2c);
3. Apresentar ao CEP eventuais emendas ou extensões com justificativa (Manual Operacional para Comitês
de Ética - CONEP, Brasília - 2007, p. 41);
4. Descontinuar o estudo somente após análise e manifestação, por parte do Sistema
CEP/CONEP/CNS/MS que o aprovou, das razões dessa descontinuidade, a não ser em casos de justificada
urgência em benefício de seus participantes (Res. 446/12 - CNS, item III.2u);
5. Elaborar e apresentar os relatórios parciais e finais (Res. 446/12 - CNS, item XI.2d);
6. Manter os dados da pesquisa em arquivo, físico ou digital, sob sua guarda e responsabilidade, por um
período de 5 anos após o término da pesquisa (Res. 446/12 - CNS, item XI.2f);
7. Encaminhar os resultados da pesquisa para publicação, com os devidos créditos aos pesquisadores
associados e ao pessoal técnico integrante do projeto (Res. 446/12 - CNS, item XI.2g) e,
8. Justificar fundamentadamente, perante o CEP ou a CONEP, interrupção do projeto ou não publicação dos
resultados (Res. 446/12 - CNS, item XI.2h).
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Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
Assinado por:
PAULA FERNANDA BRANDÃO BATISTA DOS SANTOS
(Coordenador(a))
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242
1 CARACTERIZAÇÃO
A Reitoria é a única unidade da instituição cujo funcionamento é integralmente
administrativo. Ela representa o órgão executivo do Instituto, cabendo-lhe a
administração, a coordenação e a supervisão de todas as demais unidades da
Autarquia. Sua estrutura organizacional engloba o Gabinete do Reitor; as Pró-
Reitorias (de Ensino; de Pesquisa e Inovação; de Extensão; de Administração; e
de Planejamento e Desenvolvimento Institucional); as Diretorias Sistêmicas (de
Gestão de Pessoas; de Gestão de Atividades Estudantis; e de Gestão de
Tecnologia da Informação); a Assessoria de Comunicação Social e Eventos; a
Auditoria Interna; a Assessoria Jurídica; e a Ouvidoria.
2 DIAGNÓSTICO
2
CONECTADOS – Projeto de Qualidade de Vida no Trabalho da Reitoria
Temperatura confortável
Ausência de sobrecarga
de tarefas Ambiente físico
Luminosidade adequada
3
CONECTADOS – Projeto de Qualidade de Vida no Trabalho da Reitoria
Mobiliário desconfortável
Menor produtividade
entre os mais velhos
Dificuldade de equilibrar o
tempo entre trabalho,
descanso e lazer,
Organização do trabalho especialmente entre as
mulheres
Dificuldades de conciliar a
Uso da tecnologia digital
vida pessoal e profissional
Há maior necessidade de
realização de trabalho em
equipe
4
CONECTADOS – Projeto de Qualidade de Vida no Trabalho da Reitoria
5
CONECTADOS – Projeto de Qualidade de Vida no Trabalho da Reitoria
6
CONECTADOS – Projeto de Qualidade de Vida no Trabalho da Reitoria
Percepção de que o 12) Roda de 12) Abrir espaço de 12) Obter a 12) Percentual 12) Pesquisa de
isolamento físico está conversa: Tema escuta e diálogo para os satisfação de, de servidores satisfação com a
sendo prejudicial à – O Isolamento participantes no mínimo, participantes atividade.
execução das Físico e o compartilharem as 70% dos satisfeitos com
atividades. Trabalho em dificuldades e servidores a atividade.
Equipe no sentimentos em relação participantes.
Sentimento de maior Ambiente ao isolamento físico e
necessidade de Remoto. ao trabalho em equipe
realização de trabalho no ambiente de atuação
em equipe. remota. Abrir espaço
para servidores de
setores com experiência
positiva de trabalho em
equipe compartilharem
suas percepções sobre o
trabalho bem sucedido.
Percepção de 13) Roda de 13) Abrir espaço de 13) Obter a 13) Percentual 13) Pesquisa de
diminuição da conversa: Tema escuta e diálogo para os satisfação de, de servidores satisfação com a
produtividade no – Estou participantes no mínimo, participantes atividade.
trabalho entre os satisfeito com o compartilharem as suas 70% dos satisfeitos com
trabalhadores mais trabalho experiências sobre a servidores a atividade.
velhos (acima de 40 remoto? satisfação com o participantes.
anos) trabalho remoto, em
especial, sobre a sua
percepção de
produtividade e
contribuição para os
serviços oferecidos pela
instituição.