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INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO COM PESOS NA

FLEXIBILIDADE DE TRONCO E QUADRIL EM MULHERES

GUSTAVO AIRES DE ARRUDA (UEL - BOLSISTA PROIC/UEL) , DÉBORA ALVES


GUARIGLIA , JONATHAN SANTOS GALVÃO , EDILSON SERPELONI CYRINO , ARLI
RAMOS DE OLIVEIRA .

guga5000_uel@yahoo.com.br - UEL

A flexibilidade é uma capacidade fundamental nos movimentos do cotidiano e no


desempenho atlético, possibilitando movimentos com maior amplitude, eficácia e
segurança, bem como diminuindo o risco de problemas musculares e lesões. Logo, o
objetivo deste estudo foi verificar as possíveis diferenças na flexibilidade de 40
mulheres durante um programa de Treinamento com Pesos (TP) de 16 semanas, e a
possível associação entre a flexibilidade de quadril e tronco, medidas com um
flexímetro. Foi utilizada estatística descritiva para a caracterização da amostra, teste de
normalidade de Shapiro-Wilk s, ANOVA two-way para medidas repetidas entre os
grupos e o Coeficiente r de Pearson para verificar a correlação entre os movimentos
analisados, sendo p<0.05. A flexibilidade na região do tronco não sofreu diminuição
após o TP. Na flexão de quadril do hemicorpo direito observou-se um aumento
significativo entre o período pré e pós-treinamento, não ocorrendo diferença
significativa no hemicorpo esquerdo. Sendo assim o TP não parece ser um fator
prejudicial à flexibilidade. Verificou-se também uma associação moderada na
flexibilidade de tronco e quadril.
Flexibilidade; Treinamento com Pesos; Mulheres; Faixa Etária.

Introdução

A redução da flexibilidade parece ser influenciada pelo avançar da idade e pela falta de
exercícios de alongamento [1]. Porém existem controvérsias quanto ao efeito de atividades
como o treinamento com pesos (TP) [2], sobre a flexibilidade [3]. Uma das discussões quanto
ao efeito do TP na flexibilidade é o seu possível efeito negativo com o transcorrer do tempo
[2]. Notável também é a carência de informações quanto às possíveis diferenças na
flexibilidade devido à faixa etária e sua resposta ao TP. Em qualquer idade, uma boa
flexibilidade é igual a uma boa mobilidade [4], possibilitando movimentos com maior
facilidade, eficácia [5] e segura através de uma extensão completa do movimento [4]. Pode
também diminuir o risco de problemas musculares quando feita a manutenção de um nível de
flexibilidade satisfatório [6]. Dentro deste aspecto de fundamental importância é a
manutenção adequada da flexibilidade na região lombar e posteriores da coxa, pois
debilidades nestas regiões tornam os indivíduos mais susceptíveis à ocorrência de lombalgias
[6]. Aproximadamente 80% destes distúrbios lombares são devido aos músculos fracos e/ou
tensos resultado de muitas atividades diárias [7,5]. Sendo assim o desenvolvimento de
programas de exercícios que beneficiem o desenvolvimento da força e flexibilidade podem
desempenhar grande relevância durante a vida [2]. Portanto, o objetivo do presente estudo foi
verificar as possíveis alterações na flexibilidade do tronco e quadril de mulheres adultas
através da intervenção de um programa de TP durante 16 semanas, bem como a associação
existente entre a flexibilidade de quadril e de tronco.

Material e Métodos

A amostra foi composta por 40 mulheres voluntárias, divididas em dois grupos: O Grupo
Treinamento (GT) (N=32), com idade de 20,2(±2) anos, peso de 58,4(±8) Kg e estatura de
165,8(±5) cm; Grupo Controle (GC) (N=8), com idade de 21,6(±2) anos, peso de 56,3(±8) Kg
e estatura de 163,3(±9) cm, sedentárias ou moderadamente ativas (atividade física regular <
2 vezes por semana), que não participavam regularmente de nenhum programa de TP nos
últimos seis meses precedentes ao início do experimento. As medidas antropométricas
165,8(±5) cm; Grupo Controle (GC) (N=8), com idade de 21,6(±2) anos, peso de 56,3(±8) Kg
e estatura de 163,3(±9) cm, sedentárias ou moderadamente ativas (atividade física regular <
2 vezes por semana), que não participavam regularmente de nenhum programa de TP nos
últimos seis meses precedentes ao início do experimento. As medidas antropométricas
(massa corporal e estatura) foram obtidas para caracterização da amostra, através de uma
balança digital, marca Urano, modelo PS 180, com precisão de 0,1 kg, e a estatura foi
determinada por um estadiômetro de madeira com precisão de 0,1 cm. As medidas de
flexibilidade foram coletadas Pré e Pós-período de TP. As medidas foram realizadas por meio
de um flexímetro, com precisão de um grau, conforme as recomendações de Achour Jr. [8].
Os movimentos analisados foram: flexão de tronco e flexão de quadril (hemicorpo direito e
esquerdo). Os programas foram constituídos de 12 exercícios na fase inicial, e 10 na fase
final, sendo em ambas as fases realizados em 3 séries por exercício, envolvendo diferentes
grupamentos musculares. Cada série envolvia de 8 a 12 Repetições Máximas (RM), com
exceção dos exercícios para panturrilha (15 a 20 RM) e abdomen (50 a 100 RM). O intervalo
de recuperação entre as séries, durante cada exercício, foi de 60 a 90 segundos, e entre os
exercícios de 120 a 180 segundos, e período total de treinamento de 16 semanas. As cargas
de treinamento eram reajustadas periodicamente na tentativa de manter a intensidade inicial,
sendo esta entre 60-85% de 1RM. Para a caracterização da amostra foi utilizada estatística
descritiva. Análise de normalidade foi feita através do teste de Shapiro-Wilk s, ANOVA
two-way para medidas repetidas e verificar possíveis diferenças entre os grupos nos períodos
de pré e pós-treinamento, e o Coeficiente de Correlação a fim de verificar a existência de
associação entre a flexibilidade de quadril e o tronco, sendo p<0.05.

Resultados e Discussão

As tabelas abaixo descrevem os resultados obtidos no estudo.

Tabela 1. Comportamento da flexibilidade (graus) no movimento de flexão de tronco pré e


pós 16 semanas de treinamento com pesos.
Movimentos GT(N=32) GC (N=8) Efeitos F P
Flexão do Tronco ANOVA
Grupo 0,02 0,87
Pré 136(± 18) 137(± 19) Tempo 1,09 0,30
Pós 133(± 13) 135(± 19) Grupo X Tempo 0,007 0,93

P ≤ 0,01.

Tabela 2. Comportamento da flexibilidade (graus) no movimento de flexão de quadril


esquerdo e direito pré e pós 16 semanas de treinamento com pesos.
Flexão do quadril GT (N=32) GC (n= 8) ANOVA
(hemicorpo direito) Grupo 0,73 0,39
Pré 75 (±11) 76 (± 8) Tempo 2,49 0,12
Pós 78 (± 10)* 70 (± 7)* Grupo X Tempo 21,1 <0,01

Flexão do quadril ANOVA


(hemicorpo esquerdo) Grupo 0,05 0,81
Pré 76 (± 11) 79 (± 13) Tempo 0,05 0,81
Pós 78 (± 10) 76 (± 10) Grupo X Tempo 1,77 0,19

*P ≤ 0,01.

Tabela 3. Resultado do Coeficiente de Correlação "r" de Pearson entre os movimento de


Tabela 3. Resultado do Coeficiente de Correlação "r" de Pearson entre os movimento de
flexão de quadril direito e esquerdo e flexão de tronco.
Flexão de Tronco
Flexão de Quadril Direito r= 0,68
Flexão de Quadril Esquerdo r= 0,58

P ≤ 0,05.

Conclusões

A Flexibilidade na região do tronco não sofreu diminuição significativa após 16 semanas de


TP. Na flexão de quadril do hemicorpo direito observou-se um aumento significativo entre o
período pré e pós-treinamento, não acontecendo o mesmo no hemicorpo esquerdo. Deste
modo, o treinamento com pesos não parecer ser um fator prejudicial à flexibilidade.
Verificou-se uma moderada associação quanto a flexibilidade nos movimentos de quadril e
tronco.

Agradecimentos

Ao Programa de Iniciação Cientifica da Universidade Estadual de Londrina (PROIC-UEL).

Referências Bibliográficas

1. A. Achour jr. Flexibilidade e Alongamento: Saúde e Bem-estar. São Paulo, Manole, 2004.

2. E.S. Cyrino; A.R. Oliveira; J.C. Leite; D.B. Porto; R.M.R. Dias; A.Q. Segatin; R.S. Mattanó &
V. A. Santos. Comportamento da flexibilidade após 10 semanas de treinamento com pesos.
Revista brasileira de Medicina do Esporte. v.10, n.4, 2004.

3. A. Achour Jr. Exercícios de Alongamento: Anatomia e Fisiologia. 2° Edição, São Paulo ,


Manole, 2006.

4. k. Adams; P. O´Shea; K.L. O´Shea. Aging: Its Effects on Strength, Power, Flexibility, and
Bone Density. Strength and Conditioning Journal, v. 21, n. 2, p. 65-67, 1999.

5. D. P. Guedes & J. E. R. P. Guedes. Exercício Físico na Promoção da Saúde. Londrina:


Midiograf, 1995.

6. D. K. Mathews, Medidas e Avaliação em Educação Física. 5. ed. Rio de Janeiro:


Interamericana, 1980.
7. AMERICAN ALLIANCE FOR HEALTH, PHYSICAL EDUCATION, RECREATION AND
DANCE. Youth fitness test manual. AAHPERD, 1988.

8. A. Achour Jr. Avaliando a flexibilidade: Flexímeter. Londrina: Midiograf, 1997.

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