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Autor:
Henrique Pacini
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AQUECENDO

O texto a seguir é uma versão em prosa de um famoso poema grego chamado A Ilíada, que narra a
história da Guerra de Troia. Por meio dele podemos perceber algumas características dos aqueus, um
dos povos que formaram o povo grego. Leia-o com atenção e responda às perguntas:

© Murat Besler – Shutterstock

“A Aurora levantou-se de seu leito, junto ao senhor Titônio, para levar a luz aos imortais e
aos homens, e Zeus mandou a violenta Discórdia aos velozes navios dos aqueus, com o terrível
augúrioGDJXHUUDHPVXDVPmRV(ODSDURXMXQWRDRQHJURQDYLRGH8OLVVHVTXHÀFDYDQRFHQWUR
GHPDQHLUDDSRGHUJULWDUSDUDDPERVRVODGRVTXHUSDUDDVWHQGDVGH$MD[ÀOKRGH7HODPRQ
TXHUSDUDDVGH$TXLOHVSRLVHVWHVGRLVJXDUGDYDPDVÀODVGRVEHORVQDYLRVQDVGXDVH[WUHPLGD
GHVFRQÀDQWHVHPVXDEUDYXUDHQDIRUoDGHVHXVEUDoRV'HSpQDTXHOHOXJDUDGHXVDODQoRXXP
grito alto e terrível com voz estentóreaHQRFRUDomRGHFDGDDTXHXHOHYRXindomável valor para a
guerra e para a luta. Sem demora, a guerra lhes pareceu mais doce que viajar nos côncavos navios
de regresso à querida Pátria.
$JDPHQRQRÀOKRGH$WUHXJULWRXRUGHQDQGRDRVargivos que se armassem, e ele próprio en-
vergou o reluzente bronze. Em primeiro lugar, colocou nas pernas as belas grevasFRPIHFKRVGH
SUDWDQRVWRUQR]HORV'HSRLVS{VVREUHRSHLWRXPDFRXUDoDTXH&LQLUDVOKHGHUDGHSUHVHQWHDR
VDEHUHP&KLSUHTXHRVDTXHXVLDPSDUWLUHPVHXVQDYLRVSDUD7URLD'HXOKHHQWmRDFRXUDoD
como prova de GHIHUrQFLD ao rei. Tinha dez placas de esmalte azul-escuro, doze de ouro e doze de
HVWDQKR7UrVVHUSHQWHVGHHVPDOWHD]XOHVFXURVXELDPDRSHVFRoRGHFDGDODGRFRPRRDUFRtULV
TXHRÀOKRGH&URQRV>=HXV@ODQoDQDVQXYHQVSDUDVHUYLUGHDXJ~ULRDRVKRPHQVPRUWDLV(P
seguida, Agamenon pendurou sua espada nos ombros. Tinha o punho de ouro reluzente, ao pas-
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bem trabalhado: tinha, em torno, dez círculos de bronze e, por cima, vinte tachões de chumbo,
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estava nele representado, tendo ao lado o Terror e a Derrota. A correia era de prata e nela estava
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FDEHoDHOHFRORFRXXPHOPRFRPGXSORpenacho de crina de cavalo e quatro cristas e o penacho
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GH EURQ]H H R EURQ]H QR DOWR GHODV EULOKDYD DWp R FpX (QWmR $WHQHLD H +HUD WURYHMDUDP HP
honra do rei de Micenas, rico em ouro.”
(...)
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KRPHPULFRHRVIHL[HVYmRFDLQGRDVVLPRVWURLDQRVHRVDTXHXVLQYHVWLDPXQVFRQWUDRVRXWURV
HPDWDYDPHQLQJXpPSHQVDYDQDIXJDruinosa. Os combatentes se igualavam e investiam uns
contra os outros como lobos. A Discórdia, que provoca muitos gemidos, regozijava-se ao ver aquilo,
pois apenas ela, entre os deuses, estava ao lado dos combatentes: os outros deuses não se acha-
vam com eles, e sim sentados, à vontade, em seus SDoRVRQGHSDUDFDGDXPIRLFRQVWUXtGDXPD
PRUDGDQRVYDOHVGR2OLPSR7RGRVFHQVXUDYDPRÀOKRGH&URQRVSRUTXHUHUGDUDJOyULDDRV
troianos, mas o Pai não se preocupava com eles: sentava-se separado dos outros, exultante em
sua glória, contemplando a cidade dos troianos e os navios dos aqueus, o brilho do bronze, os que
matavam e os que morriam.
+RPHURA Ilíada, Livro XI.)

1. Qual assunto é abordado por Homero nesse trecho da obra Ilíada?

2. Você conhece alguns dos nomes citados no texto? Aponte-o(s) e explique de onde o(s) conhece.

PENSANDO NISSO

3. Homero detalhou inúmeros aspectos da Guerra de Troia na obra Ilíada. Transcreva a seguir o trecho
do texto que, em sua opinião, melhor valoriza a personalidade dos heróis gregos.

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4. Com base no que você discutiu até agora sobre a Guerra de Troia, crie uma hipótese para explicar por
que a poesia de Homero não pode ser a única fonte de pesquisa para os historiadores da Antiga Grécia.

MÃOS À OBRA
Nos capítulos anteriores estudamos as civilizações orientais da Antiguidade. Nessas sociedades,
principalmente naquelas em que se formaram grandes impérios, o Estado era muito poderoso e con-
trolava um enorme número de pessoas. A religião, a cultura e até mesmo a arte serviam para legitimar
o poder do rei ou do faraó e as pessoas não tinham muita liberdade de escolha ou de expressão. Nos
impérios do Oriente Médio, as pessoas eram obrigadas a viver em função das necessidades do Estado
e o indivíduo sozinho não tinha muita importância.
Por volta de 2000 a.C., na região do mar Egeu, surgiram civilizações nas quais o indivíduo e a liber-
dade de pensamento eram mais valorizados do que no Oriente Médio. Não se trata de dizer que elas
eram melhores do que as civilizações orientais, apenas que se organizaram de maneira diferente. Tais
civilizações, que hoje conhecemos como cretense e micênica, legaram aos gregos, seus descenden-
tes, grande parte de sua cultura e religião. Os gregos, por sua vez, são responsáveis pelo desenvolvi-
mento de muitos aspectos do nosso modo de vida, como veremos neste bimestre.
Assim, estudar as civilizações cretense e micênica (também conhecidas como civilizações egeias,
isto é, situadas no mar Egeu) é importante para entendermos como se formou a cultura grega e por que
ela foi diferente das civilizações orientais. As informações que temos sobre as civilizações egeias são
poucas. Grande parte do que sabemos foi por meio da arqueologia ou dos escritos gregos posteriores.
A civilização cretense, mais antiga, elegante e refinada, dedicava-se ao comércio e às artes. A civilização
micênica, que herdou parte de sua cultura dos cretenses, era brutal e dedicada à guerra.

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A Civilização Cretense
A Civilização Cretense surgiu na ilha

© I. Quintanilla – Shutterstock
de Creta, situada no mar Egeu. Os pri-
meiros sinais de ocupação humana nes-
sa ilha datam de 3 000 a.C. A partir de
2 000 a.C., foram construídos grandes
palácios, como em Cnossos e Festo. Não
eram fortificados, demonstrando que
não havia conflitos internos na ilha. O
palácio de Cnossos, controlado por um
rei, dominou todos os outros, que lhe
pagavam tributos. O rei governava Creta
baseando-se na religião e era o juiz su-
premo da ilha.
Os cretenses praticavam a agricultu-
ra, a pesca e o pastoreio, mas as princi-
Sala do trono nas ruínas do palácio de Cnossos.
pais atividades econômicas da ilha eram
a produção de cerâmica, a metalurgia e o comércio. Os artigos cretenses eram muito apreciados no
mundo antigo e, logo, uma grande atividade comercial floresceu no mar Egeu. A marinha cretense,
com o tempo, dominou toda a região do Mediterrâneo Oriental, e Creta criou uma talassocracia, co-
brando tributos das muitas ilhas do mar Egeu e das cidades da Península Balcânica (onde atualmente
está a Grécia). O domínio cretense sobre o Egeu é relatado na lenda do Minotauro.

VOCÊ SABIA?
De acordo com a mitologia grega, o deus do mar, Poseidon, deu para o rei Minos, de Creta, um esplên-
dido touro branco para ser sacrificado em seu nome. Porém, o rei gostou tanto do animal que resolveu
ficar com ele em seus estábulos. Poseidon, irado, puniu o rei da seguinte maneira: fez com que a rainha
de Creta, Pasífae, se apaixonasse pelo animal. Da relação entre a rainha e o touro nasceu o Minotauro
(Touro de Minos), que tinha a cabeça de um touro e o corpo de um ser humano. O Minotauro comia
carne humana. Envergonhado com o nascimento do Minotauro, o rei Minos ordenou que o arquiteto
Dédalo construísse um labirinto e colocou o monstro nele.
Anos mais tarde, o rei Minos, após uma guerra contra Atenas, exigiu que essa cidade enviasse a cada
nove anos sete moços e sete moças para alimentar o Minotauro. Um dia, o príncipe de Atenas, Teseu,
embarcou voluntariamente para Creta entre os jovens escolhidos para o sacrifício, a fim de matar o
Minotauro. Quando chegou a Creta, Teseu tornou-se alvo da paixão da filha de Minos, Ariadne. Ela deu
a Teseu um novelo de lã, para que ele pudesse encontrar a saída do labirinto, e, munido de uma espada,
o herói matou o monstro, fugindo com Ariadne e seus companheiros atenienses para Atenas.

A predominância do comércio contribuiu para que o indivíduo tivesse mais liberdade do que no
Egito ou na Mesopotâmia, pois não era necessário controlar numerosos trabalhadores para a produção
de alimentos.
Sobre a sociedade cretense, sabemos muito pouco. Ela estava dividida entre ricos e pobres, mas só
temos informações sobre a vida dos ricos, retratada em pinturas nos palácios. Sua vida era luxuosa,
prezava-se o conforto e as mulheres tinham grande liberdade, fato que não ocorria nas demais civiliza-
ções. A religião também é pouco conhecida. Os cretenses cultuavam a fertilidade na figura da Grande
Mãe. Não construíram grandes templos e realizavam jogos esportivos religiosos ou danças sagradas.
Esses jogos religiosos revelam o individualismo dessa sociedade, pois cada um competia com os demais
para alcançar a vitória – era “cada um por si”.

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Mas foi por meio de sua arte que os creten-
© Cybervelvet – Shutterstock

ses se destacaram. Ao contrário da arte nos


grandes impérios, que era subordinada à reli-
gião e tinha regras muito rígidas para sua elabo-
ração, a arte cretense manifestava uma grande
liberdade para inovações, demonstrando que o
indivíduo tinha mais liberdade de pensamento
do que no Egito ou na Mesopotâmia.
Apesar de sua grande riqueza e poderio naval,
os cretenses foram invadidos pelos micênicos,
um povo que vivia na Península Balcânica, por
volta de 1400 a.C. Assim, Cnossos foi destruída,
Afresco do palácio de Cnossos representando um animal mitológico. pondo fim à hegemonia cretense no mar Egeu.

A
ATIVIDADES

1. Por que chamamos a dominação mediterrânea dos cretenses de “talassocracia”?

2. O individualismo cretense foi herdado aos gregos séculos mais trade. Explique qual era o seu signifi-
cado entre eles.

A Civilização Micênica
A Civilização Micênica foi formada pelos aqueus, povo de origem indo-europeia que chegou à Pe-
nínsula Balcânica por volta de 2 000 a.C. Acredita-se que os indo-europeus habitavam a região do mar
Negro e do mar Cáspio e migraram para a Índia e o Irã, a sudeste, e para a Europa, a oeste, misturando-
-se com as populações que viviam nesses locais. Nos lugares em que chegavam, os indo-europeus di-
fundiam sua língua e seus costumes e, ainda hoje, podemos encontrar semelhanças entre as línguas do
Irã, por exemplo, e da Europa.
Ao chegarem à Península Balcânica, os aqueus organizaram-se em reinos. Os mais poderosos eram
Micenas (que deu o seu nome a essa civilização) e Tirinto, mas havia muitos reinos por toda a penín-
sula, independentes entre si. Os micênicos eram um povo belicoso, pois viviam em palácios fortifica-
dos, chamados acrópoles. Esses palácios, governados por reis e habitados pelas pessoas mais ricas
da sociedade – os aristocratas –, estavam sempre guerreando entre si. As pessoas mais pobres viviam
em aldeias ao redor da acrópole e realizavam trabalhos para a aristocracia. As mulheres não tinham
tanta liberdade quanto as mulheres cretenses, apesar de imitarem a moda e os costumes de Creta.

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Os micênicos praticavam a agricultura e a pecuária, além de atividades manu-
fatureiras como a fabricação de cerâmica, metalurgia (armas de bronze e fer-
ramentas de cobre) e trabalhos de madeira e couro. Inicialmente praticaram a
pirataria marítima, mas aos poucos foram tornando-se mercadores e, após a
invasão de Cnossos, tomaram o lugar dos cretenses no comércio do mar Egeu.
Durante muito tempo, os micênicos dominaram Creta e assimilaram
muito de sua cultura, principalmente na arte e no comércio. Mas também
legaram sua própria cultura, como a língua, a religião e o gosto pela
guerra. A arte micênica, apesar de imitar a cretense, era mais utilizada
para exibir o poder dos reis e seus feitos em batalha. Já a religião, pa-
recida com as demais religiões dos povos indo-europeus, era politeís-

© Ninette_luz – Shutterstock
ta. Seus deuses foram adotados pelos gregos, posteriormente, como
Zeus, Hera, Poseidon, que estudaremos mais adiante. Os micênicos
tinham um elaborado culto aos mortos e construíram grandes tum-
bas para seus reis e aristocratas, onde eram colocadas com o morto
suas armas e oferendas para os deuses.
O que sabemos sobre esse povo foi conseguido por meio de esca-
vações arqueológicas e da decifração da escrita micênica. Pelas obras do
poeta grego Homero, foi possível conhecer o episódio da Guerra de Troia,
que envolveu os aqueus e os povos da Ásia Menor. Entretanto, Homero vi-
Cerâmica grega mostrando
veu alguns séculos depois da um guerreiro em um carro
queda dos aqueus e seus es- de guerra como aqueles
© Paul Atkinson – Shutterstock

usados pelos aqueus.


critos falam mais sobre sua
própria época (que estudaremos no próximo capítulo)
do que do período micênico. Não se sabe também se
foi apenas uma pessoa chamada Homero ou um grupo
de pessoas que escreveram os dois poemas atribuídos
a esse autor. O primeiro, chamado Ilíada, conta como
foi a Guerra de Troia (que se chamava Ílion). O segun-
do, chamado Odisseia, conta a história do herói Ulisses
(chamado pelos gregos de Odisseu) e sua volta para
Ruínas de Micenas.
casa após a Guerra de Troia.

A
ATIVIDADES
3. Os micênicos, durante a expansão pelo Mediterrâneo, guerrearam contra os cretenses, assimilando
inúmeros aspectos culturais. Identifique-os.

4. Qual é a relação entre o que sabemos de Micenas e as obras de Homero.

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CONECTANDO
A nossa sociedade, cuja herança é fortemente marcada pela cultura grega, também privilegia o in-
dividualismo. Podemos verificar esse fato através do recente fenômeno das redes sociais na internet:
Facebook e Twitter. Tornaram-se uma febre no século XXI, pois por meio delas os indivíduos têm a
oportunidade de afirmar a sua individualidade, ou seja, a sua maneira única de pensar, sentir e agir, ao
mesmo tempo que podem ser participantes de uma comunidade de pessoas cujas características são
similares. Por exemplo, comunidades de indivíduos que gostam de rock, ou outra que atrai amantes da
música clássica, ou ainda comunidades de pessoas que defendem o meio ambiente. Essas redes con-
gregam milhões de indivíduos, onde cada qual pode “aparecer”, expondo suas características pessoais,
seus gostos, fotos, vídeos, opiniões etc. É uma maneira de os indivíduos se sobressaírem no meio da
multidão, de sair do anonimato.

1. Você possui alguma conta em uma rede social? Escreva abaixo como e para que você a utiliza.
Depois, exponha a resposta para os seus colegas.

Novas invasões
Apesar de ser um poderoso povo guerreiro, os aqueus foram derrotados em 1 200 a.C. por um
povo ainda mais belicoso do que eles: os dórios. Estes também eram indo-europeus e traziam
consigo uma inovação técnica que seria fatal para os aqueus: armas de ferro, com as quais derro-
taram facilmente os exércitos micênicos. Alguns historiadores acreditam que, além das invasões
dos dórios, catástrofes naturais ou revoltas internas podem ter contribuído para o declínio da
Civilização Micênica.
Começa, então, o que os historiadores chamam de a Idade das Trevas na Grécia, pois pouco sabe-
mos sobre esse período. Os grandes palácios e a escrita desaparecem e há um declínio da população.
Os aqueus, porém, não desapareceram. Sua língua, sua religião, os heróis da Guerra de Troia e a cultu-
ra herdada dos cretenses permaneceram e foram a base para a Civilização Grega que estava se formando.

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As migrações dos povos gregos
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CRIMEIA
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Jônico Argos Tenos Mileto CÁRIA
Megalópolis Tirinto
PELOPONESO
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RA Messena Esparta Naxos
O SUL
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DA MESSÊNIA Cós
I TÁL LACÔNIA Cnido
IA E Melos
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A A SI
CÍLIA Rodes
LEGENDA
Centro de difusão da civilização aqueia PARA
CHI
Provável rota da migração dos aqueus, a partir de 2000 a.C. PA P RE E
R AO FEN
Í CIA
Ocupação dos eólios
EG
a partir do século XVIII a.C.
ITO
Ocupação dos jônios Creta Cnossos
Ocupação dos dórios, a partir do século XII a.C. Festo

(Fonte: Com base em ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. Editora Ática, 2009.)

A
ATIVIDADES

5. São características das culturas cretense e micênica, respectivamente:


a) culto ao guerreiro e gosto pelas artes.
b) gosto pelas artes e monoteísmo.
c) culto aos deuses do mar e culto ao deus único da guerra.
d) gosto pelas artes e culto ao guerreiro.
e) arte ligada à religião e gosto pela filosofia.

6. O individualismo foi uma característica muito marcante entre os cretenses e os micênicos. Podemos
entender esse conceito como:
a) o desejo das pessoas de se manterem sempre em grupos.
b) uma postura cultural na qual se valorizam as características individuais de cada pessoa.
c) um gosto pelas inovações artísticas realizadas em grupo.

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d) uma postura cultural na qual as diferenças pessoais são deixadas de lado, dando-se atenção
apenas ao coletivo.
e) uma atitude egoísta caracterizada pelo desejo individual de se sobressair à custa dos demais
membros do grupo.

7. De que maneira os aqueus influenciaram a civilização grega?

Os cretenses possuíam escrita, mas até hoje os historiadores não foram capazes de decifrá-la.
Quanto aos registros escritos micênicos encontrados até hoje – apesar de decifrados em 1952 –, estes
só contêm listas e inventários, sem nenhum exemplo de prosa ou poesia. Dessa forma, a arqueologia
é uma importante fonte de conhecimento dessas sociedades. Podemos descobrir muitas informações
sobre os povos do passado através de sua cultura material. Vamos analisar tal cultura a respeito des-
sas sociedades?

As imagens abaixo são reconstituições artísticas de Cnossos e Micenas, criadas a partir de suas
ruínas. Observe-as com bastante atenção e, em seguida, responda às questões propostas.
© Dorling Kindersley-GettyImages

© DEA PICTURE LIBRARY-Getty Images

Reconstituição do Palácio de Cnossos. Reconstituição da acrópole de Micenas.

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8. Descreva, com o maior número possível de detalhes, as características do palácio de Cnossos.

9. Descreva, detalhadamente, as características da acrópole de Micenas.

10. Essas duas construções são similares ou muito diferentes? Comparando-as, o que se pode con-
cluir sobre essas civilizações? Escreva abaixo.

RETOMANDO

Neste capítulo, vimos que as sociedades surgidas no Mediterrâneo Oriental tinham características
diversas daquelas encontradas nos grandes impérios do Oriente Médio. Devido ao contexto geográfico,
às atividades econômicas e à concentração populacional menor, os indivíduos nessas sociedades tinham

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mais liberdade, em relação ao Estado, do que egípcios e mesopotâmios, por exemplo. As duas culturas
originadas no mar Egeu eram diferentes entre si e acabaram se influenciando mutuamente. Os cretenses
eram amantes das artes e do conforto, enquanto os micênicos eram voltados para a guerra. Ambas as
culturas influenciaram e contribuíram para a formação do povo grego, que estudaremos a seguir.

SAIBA MAIS
Filmes sugeridos:
Star Trek, Primeiro Contato, Jonathan Frakes, 1996; Troia, Wolfgang Petersen, 2004; A Rede Social,
David Fincher, 2010.
Livros sugeridos:
A Ilíada, de Homero. Tradução de Bruno Berlendis de Carvalho. Ilustrações de Andrés Sandoval.
Coleção Os Meus Clássicos. Editora Berlendis & Vertecchia.

VOCABULÁRIO
argivos: nascidos em Argos. indomável: invencível.
augúrio: presságio. legitimar: tornar válido, legítimo.
belicoso: guerreiro, amante da guerra. paços: palácios.
congregam: reúnem. penacho: ornamento do capacete.
deferência: respeito. regozijava-se: alegrava-se.
estentórea: voz forte. ruinosa: vergonhosa.
grevas: proteções para as canelas. talassocracia: império marítimo.

TOMANDO ATITUDE

O individualismo, como vimos, permite que as pessoas tenham mais liberdade para criar novas
ideias e formas de representar o mundo. Mas o individualismo em excesso também pode trazer pro-
blemas para a sociedade. Como fica a questão do individualismo em nossa época se pararmos para
pensar no problema do aquecimento global? Escreva uma dissertação sobre o assunto, explicando a
sua opinião. Se pararmos para pensar sobre o comportamento das pessoas atualmente, como fica a
questão do individualismo em nossa época? Escreva uma dissertação sobre o assunto, explicando a
sua opinião.

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AQUECENDO

O texto a seguir é a transcrição de um discurso proferido pelo dirigente ateniense Péricles em ho-
menagem aos atenienses mortos em uma guerra contra os espartanos. Leia-o com atenção e depois
responda às perguntas.

Discurso de Péricles
´$QRVVDFRQVWLWXLomRQmRLPLWDDVOHLVGRVHVWDGRVYL]LQKRV(PYH]GLVVR
VRPRVXPPRGHORSDUDRVRXWURV2JRYHUQRIDYRUHFHDPDLRULDHPYH]GH
SRXFRV²SRULVVRpFKDPDGRGHGHPRFUDFLD6HFRQVXOWDUPRVDOHLYHUHPRV
TXHHODJDUDQWHMXVWLoDLJXDOSDUDWRGRVHPVXDVGLIHUHQoDVTXDQWRjFRQ
GLomRVRFLDORDYDQoRQDYLGDS~EOLFDGHSHQGHGDUHSXWDomRGHFDSDFLGDGH
$VTXHVW}HVGHFODVVHQmRWrPSHUPLVVmRGHLQWHUIHULUQRPpULWRtampouco
a pobreza constitui um empecilho: se um homem está apto a servir ao estado,
não será tolhido pela obscuridadeGDVXDFRQGLomR
(VVHVQmRVmRRV~QLFRVSRQWRVSHORVTXDLVDQRVVDFLGDGHpGLJQDGHDG
PLUDomR&XOWLYDPRVRUHILQDPHQWR sem extravagância e o conhecimento
sem HIHPLQDomR. Empregamos a riqueza mais para o uso do que para a
© Kamira – Shutterstock

H[LELomRHVLWXDPRVDGHVJUDoDUHDOGDSREUH]DQmRQRUHFRQKHFLPHQWR
GRIDWRPDVQDUHFXVDGHFRPEDWrOD
'LIHUHQWHPHQWHGHTXDOTXHURXWUDFRPXQLGDGHQyVDWHQLHQVHVFRQ
sideramos aquele que não participa de seus deveres cívicos não como
Estátua de Péricles.
desprovidoGHDPELomRPDVVLPFRPRLQ~WLO$LQGDTXHQmRSRVVDPRV
GDU RULJHP j SROtWLFD HP WRGR FDVR SRGHPRV MXOJiOD H HP YH] GH FRQVLGHUDUPRV D GLVFXVVmR
FRPR XPD SHGUD QR FDPLQKR GD DomR D FRQVLGHUDPRV FRPR XPD preliminar indispensável de
TXDOTXHUDomRViELD(PUHVXPRDÀUPRTXHFRPRFLGDGHVRPRVDHVFRODGHWRGDD*UpFLD
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1. Explique, com as suas palavras, quais são as diferenças apontadas pelo autor entre os atenienses
e os demais povos gregos.

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2. Como Péricles define “democracia”?

PENSANDO NISSO

3. A partir do que aprendemos no capítulo anterior, elabore uma hipótese para explicar como e por
que esse tipo de governo surgiu na Antiguidade apenas na Grécia.

MÃOS À OBRA

Após as invasões dóricas, a Península Balcânica e as ilhas do mar Egeu sofreram um período
de mudanças culturais, econômicas e políticas. Esse período, que vai do século XI a.C. até o século
VIII a.C., ficou conhecido pelos historiadores como a Idade das Trevas grega. Outros historiadores,
porém, o chamam de Período Homérico, devido ao fato de que as informações que possuímos dessa
época foram extraídas, em parte, dos poemas desse poeta. Além de Homero, outro poeta grego que
nos revela pistas do modo de vida nesse período é Hesíodo, que escreveu sobre os deuses gregos e
sobre o modo de vida no campo.
Nesse período começou a se formar o povo grego, que, além dos dórios e aqueus, foi constituído
por outros povos indo-europeus, como os jônios e os eólios. Mas eles não chamavam a si próprios de
gregos nem havia um lugar chamado Grécia. Esses povos chamavam a Península Balcânica e as ilhas do
mar Egeu de Hélade e a si mesmos de helenos.

16 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
Quando a civilização micênica foi destruída,
A Grécia Antiga no Período Arcaico
seus palácios saqueados ou tomados pelos con-
MON ro Mar Negro
quistadores, o comércio praticamente desapare- TES R

fo
ÓDOPE

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Moriza
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ceu e as pessoas espalharam-se pelas ilhas egeias

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ou pela Ásia Menor, passando a viver de forma PE N Í NS U L A B A L e los R. Simar

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OLIMPO D
mais simples em aldeias isoladas, onde não havia 2.917 m
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uma liderança política muito forte. Esse isolamen-

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D Mar Egeu MENOR

O
I. Lesbos
to era favorecido pelo próprio relevo da Grécia Is. Jônicas
PARNASO
2.457 m
continental, que era muito montanhoso e dificul- Mar Jônico
I. Eubeia
and
ro
R. Me
ÁTICA
tava o acesso a outras aldeias. As aldeias eram ad- Pico
Altitudes em metros PELOPONESO
ministradas por um aristocrata conhecido como 2.000
Is. Cíclades

basileu, que comandava a aldeia nas guerras ou 1.000


I. Rodes
N

realizava os rituais religiosos. Fora isso, não ti- 400 I. Kythira


Mediterrâneo I. Cárpatos
nha poder para obrigar as pessoas a fazer coisa 200
Mar IDA
0 2.456 m 0 125 250 km
alguma. Nessa época, o Estado praticamente não I. Creta

existia. Com o passar do tempo, as famílias mais (Fonte: Com base em FRANCO Jr, Hilário. Atlas história geral. Scipione.)
ricas foram lentamente aumentando o seu poder e
estruturando o Estado a seu favor. Os pobres viviam como dependentes dessas famílias e obedeciam aos
seus chefes. A partir do século VIII ocorreram várias mudanças nessa sociedade, como veremos adiante.

A
ATIVIDADES

1. Sobre o período Homérico da história da Grécia Antiga, podemos afirmar:

I – ficou conhecido como Idade das Trevas, pois sabemos pouco desse período;
II – os gregos organizaram-se de maneira mais simples, vivendo em aldeias;
III – muito do que sabemos desse período se deve às poesias de Homero e Hesíodo.
Estão corretas as afirmativas:
a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) todas. e) nenhuma.
2. Entre os motivos que contribuíram para o isolamento das cidades gregas no Período Arcaico, po-
demos destacar

a) a crise econômica provocada pelas guerras contra Troia.


b) o relevo montanhoso da Grécia, que dificultava a comunicação entre as cidades.
c) o desejo dos atenienses de manter a Grécia desunida para evitar o fortalecimento de Esparta.
d) a estratégia espartana de dividir os gregos para manter sua hegemonia sobre a Lacedemônia.
e) o temor que os gregos tinham de uma revolta de escravos na Grécia caso houvesse a comu-
nicação entre os cativos das várias cidades-estado.

O Período Arcaico (séculos VIII – VI a.C.)


Durante o Período Arcaico, desenvolveu-se a pólis ou cidade-estado grega. Era muito diferente das cidades
que conhecemos hoje em dia. As pólis possuíam seus próprios governos, moedas e leis e eram indepen-
dentes entre si. Englobavam não apenas as casas da cidade, geralmente protegida por uma muralha, mas
também todo o campo ao seu redor. A população de cada pólis era pequena se comparada às cidades de
hoje, não ultrapassando 10 mil pessoas. Cada pólis tinha a sua constituição, ou seja, um conjunto de leis e
tradições que regulavam o funcionamento do Estado.
Nessa época o poder na pólis estava concentrado nas mãos da aristocracia. Esse poder provinha da
posse de grandes extensões de terra – que era a principal fonte de riqueza –, da participação militar e das
características da pólis. O Estado não possuía funcionários nem tesouro. O poder judiciário não continha leis

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 17
escritas, baseando-se apenas na tradição, facilmente manipulada pela aristocracia. Dessa forma, as leis eram
arbitrárias, sempre privilegiando a camada dominante. Muito mais tarde, no século IV a.C., o filósofo Platão
escreveria que “em cada cidade, por menor que seja, sempre há duas cidades: a dos pobres e a dos ricos”.
As constantes guerras entre as pólis eram decididas pelos aristocratas em combates individuais. Uti-
lizavam carros puxados a cavalo e equipamentos caríssimos que somente eles podiam comprar. Os cam-
poneses pobres, armados conforme permitiam suas posses, apenas auxiliavam os aristocratas. Apesar de
menos numerosos no exército, eram os aristocratas os principais combatentes. Como defendiam o Estado,
afirmavam que somente eles tinham o direito de governá-lo.
Nas guerras, os inimigos capturados eram vendidos como escravos. Aos poucos, a sociedade grega foi se
dividindo entre os aristocratas, os camponeses empobrecidos e os escravos. A falta de terras propícias para a
agricultura e os verões secos e precoces da Grécia faziam com que os pequenos camponeses não pudessem
se manter, tendo que arrendar suas terras aos grandes proprietários ou endividar-se com eles. Quando não
podiam pagar essas dívidas, acabavam sendo escravizados e suas terras confiscadas pelos aristocratas, que
aumentavam ainda mais suas posses. Como

© Stefano Bianchetti – Corbis (DC) – Latinstock


muitos camponeses não tinham como pagar
suas dívidas com os aristocratas, o número
de escravos foi aumentando cada vez mais.
Enquanto os camponeses e escravos trabalha-
vam, os aristocratas tinham o tempo livre para
dedicar-se à caça e às atividades intelectuais.
Essa era a vida ideal para os gregos do período
arcaico e modificou a ideia que eles tinham
sobre o trabalho. Como vimos no poema de
Hesíodo, no início deste capítulo, o trabalho
era bem-visto no período homérico. Com o
aumento da escravidão, trabalho passou a
ser coisa de escravo e uma atividade indigna
para o cidadão.
Ilustração de uma trirreme grega.

As migrações dos povos gregos

Ólbia
OCEANO GAULESES
ATLÂNTICO
Heracleia
Ádria Mar Negro Fásis
LÍGURES
Massília ILÍRIA Odessa Sinope
ETRÚRIA Tragirium
PAFLAGÔNIA
CELTIBEROS Epidauro Apolônia
Córsega MACEDÔNIA Bizâncio Calcedônia
Roma
Sagunto Epidamus PERSAS
Nápoles
Ilium (Troia) FRÍGIA
Sardenha Taranto
IBEROS Is. Baleares
GRÉCIA Éfeso
Gades Nova Cartago Crotona LÍDIA
Tíngis Sicília Milae Mar Atenas
Mileto SÍRIA
Salamina
Siracusa
Jônio Esparta
Cartago I. de Rodes Biblos
NÚMIDAS Cnossos Chipre Sidon
Tiro
I. de Creta FENÍCIA
Mar
Medi
N terrâ
neo
Cirene
Colônias fenícias
Colônias gregas PENTÁPOLE Náucratis
0 250 500 km
LÍBIOS
EGITO

(Fonte: Com base em ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. Editora Ática, 2009.)

18 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
Mas para alcançar a vida ideal da aristocracia era necessário que mais pessoas fossem escravizadas. A
falta de terras, o aumento da população e o endividamento faziam com que muitos camponeses saíssem
de suas cidades e tentassem uma vida melhor em outros lugares. Várias cidades gregas foram fundadas
por toda a costa do Mediterrâneo e do mar Negro. Com isso, o modo de vida grego se expandiu pela Eu-
ropa, África e Ásia. Essa colonização é importantíssima, pois levou a cultura grega a todos esses lugares,
influenciando mais tarde o mundo romano e, através dele, nossa própria civilização.

As mudanças políticas e sociais na Grécia Arcaica


Após a onda de expansão da civilização grega, várias mudanças ocorreram em sua sociedade, de-
vido a fatores econômicos e militares.
z Econômicos – as novas cidades passaram a exportar seus produtos excedentes para as cidades
gregas e a comerciar com outros povos como fenícios, etruscos e orientais. O aumento do comér-
cio fez surgir nas cidades gregas uma nova classe de pessoas que enriqueceram rapidamente e
desejavam ter maior participação nas decisões políticas das cidades. Além disso, a concorrência
comercial com as novas cidades fez os preços dos produtos agrícolas caírem, prejudicando os
aristocratas. Os camponeses também sofreram com essa concorrência, perdendo suas terras e
sendo escravizados. Esse fato desencadeou sangrentas guerras civis nas cidades, opondo aristo-
cratas e camponeses. Era necessário que fossem elaboradas novas leis, mais adequadas para a
nova situação econômica que surgiu após a expansão. Dessa forma, o poder da aristocracia estava
ameaçado.

z Militares – o aumento das guerras entre as cidades modificou a estratégia

© Heritage Images – Corbis (DC) – Latinstock


militar dos exércitos, que passaram a utilizar mais a infantaria para ven-
cer as batalhas. A infantaria era composta por soldados a pé, chamados
hoplitas (pois usavam um escudo conhecido como óplon), cujo equipa-
mento era bem mais barato do que o utilizado pela aristocracia. A infan-
taria organizava-se em falanges, agrupamentos disciplinados de hoplitas
que formavam fileiras compactas, praticamente impenetrável por causa
dos escudos e das lanças. Dessa forma, os cavalos eram praticamente
inúteis contra essa formação, deixando a aristocracia em segundo plano.
Os combates navais também aumentaram por causa do comércio marí-
timo e novos navios foram inventados, como as trirremes. Eram navios
impulsionados por remadores (170 divididos em três fileiras superpos-
tas). Os remadores desses navios eram compostos pelos thete, a camada
mais pobre da população, que também se tornou essencial para a vitória
nas guerras. Dessa forma, as classes média (hoplitas) e baixa (thete) das
cidades gregas passaram a exigir participação política, pois também de-
fendiam o Estado do mesmo modo que os aristocratas faziam. Ilustração de um hoplita.

A aristocracia, entretanto, relutava em permitir que os mais pobres participassem da política, temendo
perder os seus privilégios. As guerras civis aumentaram, resultando em vários massacres. Para resolver
esse problema, surgiram, em muitas cidades, os legisladores. Eram aristocratas respeitados que tentaram
resolver a crise por meio da promulgação de leis escritas, impedindo os aristocratas de manipular as leis.
Apesar de ser um avanço, essa iniciativa não resolveu a pobreza dos camponeses nem permitiu que as
camadas mais baixas da sociedade participassem da política nas cidades. As lutas prosseguiram até que
surgiram, em algumas cidades, os tiranos. Apoiados pelos novos-ricos e pelas camadas populares, os
tiranos assumiram o governo das cidades à força, distribuindo terras, empréstimos aos camponeses e em-
pregando os trabalhadores urbanos em melhoramentos nas cidades. Os tiranos combatiam os aristocratas
e foram responsáveis por grandes mudanças políticas, como o surgimento da democracia, que veremos a
seguir. Assim, a ideia que temos hoje de “tirano”, como sendo um governante despótico e implacável que
governa apenas para o seu benefício, nada tem a ver com os tiranos da Grécia antiga.

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 19
No final do período arcaico, por volta do século VI a.C., as cidades gregas já tinham modos varia-
dos de governos, uns mais aristocráticos, outros mais abertos à participação popular. Duas cidades
foram exemplos de governos aristocráticos e democráticos: Esparta e Atenas.

A
ATIVIDADES

3. Podemos dizer que a constituição de uma pólis era

a) sua estrutura física, composta dos edifícios e estátuas.

b) as pessoas que viviam em seu território.

c) o conjunto de leis e tradições que regulava a vida dos cidadãos.

d) o conjunto de fábulas e poesias compostas pelos cidadãos.

e) o montante de riquezas acumulado pela cidade.

4. O texto a seguir é um relato de como a cidade de Marselha (atual França) foi fundada por colo-
nizadores gregos. Leia-o com atenção e responda às perguntas.

0DUVHOKD p XPD IXQGDomR GRV IyFLRV (VWi VLWXDGD VREUH XP WHUUHQR URFKRVR 6HX SRUWR
HQFRQWUDVHDRSpGHXPDIDOpVLD, em aQILWHDWURYROWDGDSDUDRVXO(ODHVWiVROLGDPHQWHIRU
WLÀFDGDDVVLPFRPRWRGDDFLGDGHFXMDH[WHQVmRpFRQVLGHUiYHO1DDFUySROHIXQGDUDPVHR
(IHVLRQHRVDQWXiULRGH$SRORGH'HOIRV(VWH~OWLPRFXOWRpFRPXPDWRGRVRVM{QLRVPDVR
(IHVLRQpRWHPSORUHVHUYDGRDÉUWHPLVGHeIHVR1RPRPHQWRHPTXHRVIyFLRVOHYDQWDYDP
âncora para deixar sua Pátria, conta-se que um oráculo YHLRGRFpXGL]HQGROKHVTXHWRPDVVHP
SDUDSLORWRGHVHXVQDYLRVDTXHOHTXHHQFRQWUDVVHSHUWRGDÉUWHPLVGHeIHVR7HQGRLGRDeIHVR
SURFXUDUDPFRQVHJXLUGDGHXVDDTXLORTXHOKHVIRUDSUHVFULWR$ULVWDUFDXPDGDVPXOKHUHV
PDLVUHVSHLWDGDVGHeIHVRYLXHPVRQKRDGHXVDDVHXODGRRUGHQDQGRTXHHPEDUFDVVHFRPRV
IyFLRVOHYDQGRXPDFySLDGRVREMHWRVVDJUDGRV$VVLPIRLIHLWRHTXDQGRRVFRORQRVFKHJDUDP
ao termo GHVXDH[SHGLomRIXQGDUDPRVDQWXiULRHFRQIHULUDPD$ULVWDUFDXPWtWXORKRQRUtILFR,
elegendo-a sacerdotisa. Em todas as cidades que eles colonizaram, adoravam essa divindade
DQWHVGDVRXWUDVFRQVHUYDPGLDQWHGDHVWiWXDGRFXOWRDPHVPDDWLWXGHHRVPHVPRVFXOWRV
rituais que na sua cidade de origem.
(675$%®2,9
a) Qual é a importância da religião na fundação da cidade de Marselha?

b) Além de Marselha, os fócios fundaram outras cidades?

20 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
c) Havia diferenças culturais entre a cidade de origem dos fócios e aquelas que eles fundavam do
outro lado do mar?

d) Explique, a partir do que foi discutido neste capítulo, os motivos que levaram os fócios a saírem
pelo mar fundando novas cidades.

e) Quais foram as consequências, para a Grécia, da colonização grega nos mares Mediterrâneo e
Negro?

Esparta: uma pólis dedicada à guerra


A cidade de Esparta ficava em uma parte da Península Balcânica conhecida

© Ivan Montero Martinez – Shutterstock


como Peloponeso, na região da Lacedemônia. Os espartanos eram descen-
dentes dos invasores dórios, que conquistaram a região e transformaram
os povos conquistados em semicidadãos (não tinham direito à participação
política) e escravos. Os primeiros ficaram conhecidos como periecos e os
segundos, como hilotas. Cada cidadão espartano recebia um lote de terra
e também um lote de hilotas. Os hilotas, porém, não eram escravos particu-
lares, mas propriedade do Estado. Levavam uma vida difícil, pois eram muito
maltratados pelos espartanos que, com isso, tentavam desencorajar rebe-
liões. Já os periecos eram homens livres, mas impedidos de participar da Imagem de um escudo usado por hoplitas
espartanos. No centro, a letra grega lamb-
política e até de casar com espartanos. da, inicial da palavra Lacedemônia.

Os espartanos privilegiavam o militarismo. Seus cidadãos eram educados para a guerra desde a infância
e só deixavam o serviço militar aos 60 anos. Esse modo de vida foi possível porque os hilotas faziam todo o
trabalho. Por causa disso, os espartanos eram os guerreiros mais temidos de toda a Grécia. Sua cidade tinha
uma forma de governo diferente: era governada por dois reis, auxiliados por um conselho de 30 aristocra-
tas chamado Gerúsia. Os reis e a Gerúsia obedeciam aos éforos, um grupo de cinco aristocratas escolhidos
entre os mais ricos da cidade pela assembleia de guerreiros. Esparta foi a primeira cidade a possuir uma
assembleia na qual o povo pudesse participar da política. Mas apenas os espartanos participavam. Periecos
e hilotas não tinham nenhuma voz nessa sociedade. Assim, Esparta era uma cidade com governo aristocrá-
tico, apesar da participação do povo na assembleia. Formou, com outras cidades aristocráticas, a Liga do
Peloponeso, uma associação para proteção mútua contra ataques de outras cidades.

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 21
A
ATIVIDADES

5. Analise importância do militarismo na organização e formação da sociedade espartana.

Atenas: o berço da democracia


A cidade de Atenas localizava-se na região da Ática. No período arcaico, o comércio tornou-
-se a principal atividade econômica da cidade. Inicialmente, Atenas era governada por um rei
chamado arconte ou basileu, auxiliado pelo Areópago, um conselho composto pelos aristocratas
mais ricos da cidade. As guerras civis levaram os legisladores Drácon (621 a.C.) e Sólon (594
a.C.) a promover mudanças na política e na sociedade atenienses. O primeiro passou as leis para
o papel e o segundo proibiu a escravidão por dívidas, dividiu a sociedade em classes de acordo
com os rendimentos dos cidadãos e criou uma assembleia popular chamada Eclésia. Além disso,
Sólon criou um conselho chamado Bulé, composto por 400 representantes de todas as tribos
da Ática (o povo ateniense dividia-se em tribos com ancestrais comuns), para contrabalançar o
poder do Areópago.
Apesar da maior participação popular, a aristocracia ainda predominava no poder político em
Atenas. As leis e instituições políticas (cargos públicos, assembleias e conselhos) mantinham-se in-
compatíveis com o crescimento econômico da cidade e geravam grande tensão dentro da sociedade
ateniense. Em 560 a.C., o tirano Pisístrato combateu e derrubou o poder dos aristocratas. Por volta de
480 a.C., o tirano Clístenes modificou radicalmente a política ateniense:
z instituiu a isonomia, ou seja, todos os cidadãos passaram a ser considerados iguais perante a lei;
z modificou as tribos tradicionais da Ática, separando-as não pelo parentesco, como ocorria até
aquela época, mas pela localização da moradia de seus membros. As tribos passaram a ser consti-
tuídas pelos demos, formados por cidadãos que moravam em uma mesma região.

Os magistrados (funcionários do governo) que compunham o Bulé passaram a ser escolhidos entre
os membros de cada tribo da Ática. Dessa forma, todas as regiões tinham o seu representante no Bulé,
independentemente da riqueza de seus moradores.
O Bulé foi aumentado para 500 membros e
passou a ser, juntamente com a Eclésia, a princi-
© S.Borisov – Shutterstock

pal instituição legislativa, executiva e judiciária


da cidade. Dessa forma, os representantes de
cada demos é que governavam a cidade. Esse
sistema de governo, por causa dessa caracte-
rística, ficou conhecido como democracia. Para
garantir que ninguém tentasse se apoderar so-
zinho do poder político em Atenas, Clístenes
também criou o ostracismo, por meio do qual o
magistrado acusado de má administração seria
expulso da cidade. Clístenes é considerado o Pai
da Democracia grega, mas os atenienses desen-
volveram ainda mais a participação popular no
governo da cidade.
Ruínas da acrópole de Atenas.

22 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
Durante o arcontado (administração) de Péricles (já no Período Clássico, que estu-
daremos no próximo capítulo), o poder político ficou totalmente a cargo
da Eclésia, que passou a ter a palavra final sobre tudo: paz, guerra,

Domínio público
finanças, eleições, fiscalização dos magistrados, leis e o julgamento de
certos crimes. Desse modo, cada cidadão podia participar diretamente
da administração da cidade, sem intermediários, no que chamamos de
participação política direta. Qualquer cidadão podia participar da as-
sembleia e propor mudanças. Os membros do Bulé passaram a ser sorte-
ados, e ele passou a cuidar do julgamento dos magistrados. Estes, como
o próprio Péricles, eram funcionários que estavam a serviço do povo, e
não seus chefes.
Porém, o preço dessa forma tão avançada de democracia era alto.
A participação direta não seria viável para um número muito gran-
de de cidadãos. Dos 200 mil habitantes de Atenas, havia apenas 40
mil cidadãos atenienses. Apenas aqueles nascidos de pais atenienses
possuíam a cidadania e poderiam participar ativamente da democra-
cia. Para estes, a participação política era total, sem restrições de
nenhuma espécie. As mulheres, os estrangeiros residentes – chama-
dos de metecos – e os escravos não tinham nenhuma participação na
direção do Estado.

O número de escravos em Atenas cresceu enormemente durante o


Estela funerária representando um escravo (à
período clássico. Constituíam a maior parte da população ateniense. Ge- esquerda) e sua dona. Matthias Kabel, 2005.
ralmente eram escravos domésticos ou utilizados para o trabalho nas
minas de prata. Os primeiros levavam uma vida relativamente boa, pois eram geralmente bem tratados na
cidade. Já os segundos levavam uma existência penosa, devido às condições das minas. Eram comprados
ou capturados nas guerras contra os persas ou então eram escravos de nascimento. Havia também escra-
vos que eram metecos condenados.

Os metecos constituíam uma grande parcela da população. Existiam em várias cidades gregas,
exceto em Esparta, que não gostava de estrangeiros. Atenas, por sua riqueza e preponderância cul-
tural, atraiu muitos estrangeiros que exerciam os ofícios de professor, artesão, artista, comerciante.
De fato, grande parcela da economia ateniense era realizada pelos metecos. Estes, apesar de não
possuírem os mesmos direitos que os atenienses, eram assimilados pela população, gozando vários
direitos que não implicassem a participação política. Era vedada aos metecos a propriedade de terras
em Atenas. De início, muitos deles foram naturalizados como atenienses, mas, conforme os direitos
dos cidadãos aumentavam, mais difícil foi ficando essa naturalização. Os atenienses, com medo de
que costumes estrangeiros modificassem suas leis, impediram que os estrangeiros se naturalizassem.

A
ATIVIDADES

6. Com a ajuda de seu(sua) professor(a), analise a letra da canção “Mulheres de Atenas”, de Chico
Buarque e Augusto Boal, composta em 1976.

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas


9LYHPSURVVHXVPDULGRVRUJXOKRHUDoDGH$WHQDV
4XDQGRDPDGDVVHSHUIXPDP

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 23
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
4XDQGRIXVWLJDGDVQmRFKRUDP
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas
&DGHQDV

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas


6RIUHPSURVVHXVPDULGRVSRGHUHIRUoDGH$WHQDV
Quando eles embarcam, soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam sedentos
Querem arrancar violentos
&DUtFLDVSOHQDV
Obscenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas


Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
&RVWXPDPEXVFDURFDULQKR
'HRXWUDVIDOHQDV
0DVQRÀPGDQRLWHDRVSHGDoRV
4XDVHVHPSUHYROWDPSURVEUDoRV
De suas pequenas
+HOHQDV

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas


*HUDPSURVVHXVPDULGRVRVQRYRVÀOKRVGH$WHQDV
(ODVQmRWrPJRVWRRXYRQWDGH
1HPGHIHLWRQHPTXDOLGDGH
7rPPHGRDSHQDV
1mRWrPVRQKRVVyWrPSUHVViJLRV
2VHXKRPHPPDUHVQDXIUiJLRV
Lindas sirenas
Morenas
&KLFR%XDUTXHH$XJXVWR%RDO´0XOKHUHVGH$WHQDVµ,QWpUSUHWH&KLFR%XDUTXH,QMeus caros amigos/RFDO3KLOLSV

24 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
a) De acordo com o texto, defina duas características da condição da mulher na Atenas antiga.

b) Transcreva um trecho da canção que, em sua opinião, justifique sua resposta no exercício anterior.

CONECTANDO
Como vimos, havia dois tipos de governo nas cidades-estado gregas: o aristocrático, no qual o poder
estava nas mãos de poucas pessoas, que o utilizavam para realizar seus próprios interesses; e o demo-
crático, cujo poder estava nas mãos da maioria da população. O Brasil, por ser um país muito grande
e populoso, tem um tipo de democracia diferente daquela existente na Grécia Antiga. O nosso tipo de
democracia não é direta, como na Grécia Antiga, mas representativa. Ou seja, nós escolhemos pessoas
para criarem as leis em nosso nome. Essas pessoas são escolhidas através do voto e fazem parte do
Congresso Nacional. São os senadores e os deputados federais. Entretanto, ultimamente, deputados
federais e senadores têm sido acusados pela população de não representarem o povo brasileiro corre-
tamente. Veja, a seguir, um artigo publicado pela Folha de S.Paulo, em 19/12/2010, sobre o aumento
dos próprios salários pelos membros do Congresso Nacional.

Quem é o palhaço?
Eliane Cantanhêde
BRASÍLIA – Para os FpWLFRV e mal-humorados de sempre, aqui vai uma excelente notícia: o Brasil
HVWiWmRSRGHURVRPDVWmRSRGHURVRTXHQmRDSHQDVYDLVROXFLRQDURFRQÁLWRGR2ULHQWH0pGLR
FRPRMiFRPHoDDKXPLOKDURVSDtVHVULFRV2UHVWRGRPXQGRTXHVHFXLGH
$MRUQDOLVWDeULFD)UDJDPRVWURXTXHFRPRDXPHQWRGHQRVVDOiULRVGHGHSXWDGRV
e senadores, o Brasil vai gastar mais com seus congressistas do que Estados Unidos, Japão e
8QLmR(XURSHLD
A UHPXQHUDomRDQXDOYDLD86PLOPDVQmRÀFD´VyµQLVVR2SDtVpWmRpródigo que lhes
GiWDPEpPDX[tOLRPRUDGLDSDVVDJHQVDURGRFRUUHVSRQGrQFLDJUiWLVFDUURVFRPPRWRULVWDV
para uns, polpudosSODQRVGHVD~GHSDUDWRGRV(DVVLPRV86PLOSXODPSDUD86
mil por ano.
4XH QmR YHQKD HVVD LPSUHQVD]LQKD EUDVLOHLUD WmR VHP FRQWUROH SRU HQTXDQWR  ID]HU
FRPSDUDo}HVGHVDJUDGiYHLVGHPpULWRRTXHRVQRVVRVSDUODPHQWDUHVID]HPDTXLRTXHRV
RXWURVID]HPSRUOiHRTXHRVSDtVHVHVHXVSRYRVOXFUDP²RXSHUGHP²FRPLVVR
(RPHOKRUGDKLVWyULDpRHIHLWRFDVFDWDDXPHQWDRVDOiULRGRVSDUODPHQWDUHVHP%UDVtOLD
DXPHQWDPRVVDOiULRVGRVSDUODPHQWDUHVQRSDtVLQWHLUR8PDYHUGDGHLUDIHVWDjVYpVSHUDV
GR1DWDOQHVWH%UDVLOWmRYDURQLOFKHLRGHHQFDQWRVPLV
O Tiririca não tem nenhum motivo para estar tiririca e está rindo de orelha a orelha desde
TXHSLVRXQR&RQJUHVVRFRQÀUPDQGRTXHDRFRQWUiULRGRTXHHOHGL]LDSLRUGRTXHHVWiVHPSUH
SRGHÀFDU
2VWLULULFDVGH6mR3DXORHGRUHVWRGRSDtVHVWmRGHSDUDEpQVSRUTXHVmRPDLVHVSHUWRVGR
TXHWRGRRPXQGRGHVHQYROYLGR%HVWDPHVPRpTXHPSDJDFRQWDDOpPpFODURGRVPLOK}HV

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 25
GHPLVHUiYHLVTXHFRQWLQXDPYLYHQGRHPFRQGLo}HVPHGLHYDLVjHVSHUDGHXP´IXWXURµTXH
insiste em chegar antes para uns do que para outros.
3HQVDQGREHPR7LULULFDQmRWHPQDGDGHSDOKDoR2VYHUGDGHLURVSDOKDoRVVRPRVQyV

1. A autora está usando o sarcasmo para protestar contra o aumento do salário dos congressistas.
Aponte algum trecho do texto que mostre esse sarcasmo.

2. A partir do que você aprendeu sobre democracia, como deveriam se portar os congressistas
brasileiros?

A
ATIVIDADES

7. Preencha o quadro a seguir com as diferenças socioculturais entre as duas cidades na véspera do
conflito.
Atenas Esparta
Localização geográfica
Base da economia
Regime político
Legislador lendário
Povos formadores

8. O fundamento do regime democrático é a liberdade (realmente, costuma-se dizer que somente


neste regime participa-se da liberdade, pois este é, segundo se afirma, o fim de toda democracia).
Afirmam que todos os cidadãos devem ter o mesmo, de modo que, nas democracias, resulta que
os pobres têm mais poder que os ricos, pois são mais numerosos e o que prevalece é a opinião
da maioria. Esta é, pois, uma característica da liberdade, que todos os partidários da democracia
consideram como um traço essencial desse regime.
(ARISTÓTELES, PolíticaD

a) Qual é, para Aristóteles, a principal finalidade da democracia?

26 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
b) Por que, nas palavras de Aristóteles, os pobres têm mais poder do que os ricos em uma
democracia?

c) Compare o regime democrático de Atenas com o aristocrático de Esparta, apontando seme-


lhanças e diferenças.

9. (UFJF) Leia atentamente o trecho e as informações no quadro a seguir.


1DVFLGDGHVJUHJDVHHP5RPDGXUDQWHD$QWLJXLGDGHH[LVWLUDPGXDVSULQFLSDLVPDQHL
UDVGHJRYHUQDU1XPDDVRFLHGDGHHUDJRYHUQDGDSRUXPDVySHVVRDRUHLRXPRQDUFDHUD
DPRQDUTXLD1RXWUDDVRFLHGDGHHUDGLULJLGDSRUXPJUXSRSHTXHQRGHKRPHQVULFRV(UDD
DULVWRFUDFLD(PDOJXPDVFLGDGHVGD*UpFLDFRPRHP$WHQDVIRLH[SHULPHQWDGDXPDWHUFHLUD
IRUPDGHJRYHUQR(UDDGHPRFUDFLD
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6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 27
Dados estatísticos População total Indivíduos com direito a voto
aproximados Números absolutos %
ATENAS (V século a.C.) 240 mil 38 mil 15,8%
Brasil – 2014 203 milhões 143 milhões 70,4%
Com base no texto, no quadro e em seus conhecimentos, responda ao que se pede.

a) Analise as motivações que explicam a diferença do percentual existente entre indivíduos com
direito a voto na democracia ateniense e no modelo democrático existente no Brasil atual.

b) Além do percentual de votantes, explique outra importante diferença entre a democracia clássica
dos gregos e o regime democrático da atualidade.

As imagens são poderosos meios de comunicação. Você já ouviu a expressão “uma imagem vale
mais do que mil palavras”? Dependendo da maneira como as imagens foram criadas ou da forma
como foram mostradas para as pessoas, elas podem contar histórias diferentes sobre um mesmo fato
histórico. Vamos fazer uma experiência?

As duas imagens a seguir foram produzidas durante um dos protestos contra o aumento das tari-
fas de ônibus e metrô em São Paulo, ocorrido em 17 de junho de 2013.

Vivemos sob um sistema democrático, em que todos têm liberdade de expressão. Por esse mo-
tivo, muitos cidadãos protestaram e contestaram nas ruas por não aceitarem os novos valores das
tarifas. Observe as imagens com atenção e leia as legendas. Depois responda às perguntas a seguir.

28 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
Imagem I Imagem II

© folhapress

© folhapress
Manifestantes quebram o vidro da estação do metrô Consolação, na Av. Manifestantes caminham sobre a ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira,
Paulista, após os seguranças fecharem as portas mais cedo. na zona sul de São Paulo, durante protesto contra aumento das tarifas
do transporte público na cidade.

10. Explique a história do protesto contra o aumento das tarifas a partir do que você observou na
imagem I. Utilize elementos da própria imagem para justificar suas conclusões.

11. Baseando-se na imagem II, exponha a história do protesto contra o aumento das tarifas. Use ca-
racterísticas da própria imagem para justificar suas conclusões.

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 29
12. As duas histórias elaboradas a partir dessas imagens são iguais ou diferentes? Elabore um pequeno
texto para explicar a que conclusões você chegou sobre a construção de uma história a partir de
imagens e de como essa situação afeta a democracia atualmente.

RETOMANDO

Neste capítulo estudamos a formação das sociedades gregas e o surgimento da pólis. Vimos que,
inicialmente, as pólis eram controladas pela aristocracia mas, devido à colonização grega no mar
Mediterrâneo, no mar Negro e no Norte da África, muitas mudanças ocorreram e surgiram daí novas
formas de governo, como a democracia ateniense.

SAIBA MAIS
Filme sugerido: Essa é a cara da Democracia, Jill Friedberg e Rick Rowley, 2000.

30 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
VOCABULÁRIO

anfiteatro: forma circular. oráculo: palavra vinda dos deuses.


arbitrárias: injustas. penosa: sofrida.
céticos: que duvidam de tudo. polpudos: grandes.
despótico: que governa sozinho. precoces: que vieram antes do tempo.
desprovido: sem recursos. preliminar: que vem antes.
deveres cívicos: deveres dos cidadãos. pródigo: rico.
divindade: deus, deusa. proferido: falado, dito.
efeminação: comportamento feminino. provinha: vinha de.
empecilho: obstáculo. refinamento: luxo.
extravagância: exagero. remuneração: pagamento.
falésia: rocha à beira-mar. tampouco: também não.
fundamento: base. termo: final.
honorífico: que traz honra. tolhido: impedido.
obscuridade: desconhecido.

TOMANDO ATITUDE

Como vimos, na Grécia Antiga os governos aristocráticos eram caracterizados pelo predomínio
da camada mais rica da população no poder político, que o utilizava unicamente para atender aos
seus próprios desejos. Releia o texto de Eliane Cantanhêde na seção “Conectando”. Será que o Brasil
está sendo dirigido por um governo aristocrático? Elabore uma dissertação para responder a essa
pergunta e para explicar como você acha que podemos obrigar os nossos congressistas a representar
corretamente os interesses do povo.

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 31
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AQUECENDO

2VDWHQLHQVHVWHQGRHQWmRDOFDQoDGRDsupremaciaDWUDYpVGRDWRYROXQWiULRGRVDOLDGRV  
estabeleceram quais as cidades que deveriam contribuir com dinheiro e quais com navios para a
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2WULEXWRIRLSULPHLUDPHQWHÀ[DGRHPTXDWURFHQWRVHVHVVHQWDtalentos$WHVRXUDULDFRPXPÀ
cava em Delos e o congresso era realizado no templo. Sua supremacia iniciou-se com aliados inde-
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QDJXHUUDHQDDGPLQLVWUDomRGXUDQWHRLQWHUYDORHQWUHD*XHUUD0pGLFDHDSUHVHQWHFRQWUDRV
EiUEDURVVHXVSUySULRVDOLDGRVUHEHOGHVHFRQWUDDVSRWrQFLDVGRSRYRSHUVDTXHWDPEpPHUD
chamado de povo do Peloponeso...
(Tucídides – História da Guerra do Peloponeso./LYUR,&DStWXOR,9

1. Identifique e explique quais eram os objetivos do congresso criado pelos atenienses.

2. Você lembra qual civilização nós estudamos no bimestre passado cujo líder era conhecido como
“Grande Rei”? Aponte-o.

32 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
PENSANDO NISSO

3. Crie uma hipótese para explicar o que levou os atenienses e seus aliados a entrarem em guerra
contra os “bárbaros”.

MÃOS À OBRA

Entre os séculos V a.C. e IV a.C. a Grécia viveu o chamado Período Clássico, no qual a civilização
grega alcançou um grande desenvolvimento devido às conquistas políticas, econômicas e intelec-
tuais. As cidades eram livres, não se submetiam a nenhum poder exterior, e esse ideal era compar-
tilhado por seus cidadãos. A cidade grega era um Estado de dimensões reduzidas. Mais do que o
território, eram os cidadãos que determinavam a existência da cidade. Assim, quando os gregos se
referiam a outras cidades, não diziam Atenas, Corinto ou Esparta, mas “os atenienses”, “os coríntios”
ou “os espartanos”. Esse grupo de cidadãos era reduzido, poucas vezes ultrapassando 10 mil pessoas.
O centro desse pequeno Estado era a cidade, dividida na parte alta – a acrópole – e a parte baixa. As
cidades gregas, durante o período clássico, se organizavam de formas diferentes, mas todas tinham
em comum o tratamento de igualdade que dispensavam tanto aos cidadãos urbanos quanto aos cam-
poneses. A participação política era garantida a todos os cidadãos – aqueles que nasciam na cidade –,
em maior ou menor grau, dependendo do tipo de governo – aristocrático ou democrático. Nas cidades
gregas moravam também estrangeiros e escravos, mas estes não tinham nenhum direito político. Os
demais povos que não falavam o idioma grego eram considerados bárbaros.

Durante o período clássico, as rivali-


dades entre as cidades-estado geraram © Rechitan Sorin – Shutterstock
um estado de conflito permanente. Ape-
nas quando um inimigo exterior, como os
persas, ameaçava a liberdade das cidades-
-estado é que frágeis acordos eram esta-
belecidos entre elas para a defesa mútua.

O período clássico foi caracterizado


pela supremacia econômica e intelectual
de uma cidade: Atenas. Para entender-
mos como Atenas adquiriu essa prepon-
derância sobre as demais pólis gregas,
é necessário estudarmos os fatos que
possibilitaram essa situação: as guerras
contra a Pérsia. O Partenon, em Atenas.

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 33
A
ATIVIDADES

1. Com a ajuda do(a) professor(a), explique por que, no chamado Período Clássico, a civilização grega
alcançou um extraordinário desenvolvimento cultural e, ao mesmo tempo, a sua fase mais violenta
com permanentes conflitos.

As Guerras Médicas e o apogeu de Atenas


A partir do século VI a.C., o Império Persa passou por uma fase de grande expansão territorial, en-
globando a Ásia Menor e as cidades gregas dessa região, que os gregos chamavam de Jônia. O domínio
persa no Egito e na Ásia Menor prejudicou o comércio e a economia gregos e as cidades jônicas se
rebelaram, apoiadas por Atenas e outras cidades. Em retaliação, os persas destruíram algumas cidades
jônicas e invadiram a Europa, através do Helesponto (atual estreito de Dardanelos). Era o começo das
Guerras Médicas, que ganharam esse nome devido ao fato de os gregos chamarem os persas de medos.
As Guerras Médicas colocaram em conflito dois mundos completamente diferentes. De um lado, o
imenso império persa e a civilização que ele representava – Estado centralizado, com uma enorme exten-
são territorial, governado por um rei divinizado, no qual o indivíduo estava subordinado à coletividade. De
outro, a civilização grega – cidades-estado pequenas, governadas por uma aristocracia ou pela totalidade
dos cidadãos e no qual o indivíduo não estava subordinado à coletividade. Para os persas, tratava-se de
reprimir vassalos rebeldes e punir estrangeiros insolentes, que haviam ousado desafiar seu poderosíssimo
império. Para os gregos, era uma questão de manter seu modo de vida e sua própria sobrevivência.

As Guerras Médicas
Mar Negro
TRÁCIA
ILÍRIA Bizâncio
MACEDÔNIA Abdera
Mar de
Eion Império Persa em 497 a.C.
Pela Mármara
Therma Thásos Território rebelde jônico reconquistado
pela Pérsia em 496-493 a.C.
CALCÍDIA Reconquistas persas sob Mardônio em
Abidos 492 a.C.
Monte Athos
ÉPIRO Limnos ont
o Estados neutros e pró-Pérsia.
esp
Hel MÍSIA Aliados gregos.
Corcyra Larissa
(Corfu)
Rota da armada do Xerxes-480 a.C.
TESSÁLIA
Rota do exército do Xerxes-480 a.C.
Lesbos
Expedição punitiva conduzida por
Cabo Artemísio 480 LÍDIA Datis e Artafernes em 490 a.C.
Termópilas 480
Mar Egeu Rota de Mardônio em 492 a.C.
ETÓLIA
FOCIDA LÓCRIDA EUBEIA Sardes
Campanha de Dario por terra,
Mar conduzida por Mardônio em 492 a.C.
Delfos BEÓCIA Erétria Khios
Jônico Plateia 479 Tebas Maratona 490 Vitória persa
AQUEIA JÔNIA
Mégara Atenas
N Corinto Vitória grega
Salamina 480 Éfeso
PELOPONESO Monte Mycale
Egina ÁTICA Samos Batalha não decisiva
Argos 479
(Aiyna)
CÍCL

Delos Mileto 494 CÁRIA


0 60 120 km
DEA

Esparta
S

Naxos
Guerras Greco-Persas 490 a 479 a.C.
Uma modesta expedição persa contra Atenas, LACÔNIA
em 490 a.C., foi derrotada em Maratona. Dez
anos depois, o rei persa Xerxes reuniu um
grande contingente, que por sua vez foi
derrotado por Atenas, Esparta e outras cidades, Cythera
na batalha marítima de Salamina (480 a.C.) Rodes
(Kythira)
e na de Plateia (479 a.C.). A Grécia resistiu às
invasões graças à boa sorte e ao equipamento
superior.

(Fonte: Com base em Atlas histórico integral. Barcelona: Bibliograf, 1993.)

34 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
Os persas tentaram invadir a Grécia por três vezes e em cada uma delas foram expulsos pelos gregos,
que, na maioria das vezes, estavam em menor número. As batalhas mais famosas ocorreram em Mara-
tona, Termópilas, Salamina e Plateia. Durante as guerras, a Marinha ateniense desenvolveu-se bastante e
foi decisiva para a vitória sobre os persas. Ao final dos conflitos, em 481 a.C., as cidades jônicas da Ásia
Menor foram libertadas e ficaram sob a proteção de Atenas, que formou a chamada Liga de Delos.
A Liga de Delos congregava várias cidades gregas (em torno de 160 a.C.) sob o comando de
Atenas. Cada cidade deveria fornecer navios ou, caso não pudesse fornecê-los, contribuir com uma
quantia em dinheiro. A Liga realizou várias ações militares contra os persas, dominando várias ci-
dades e escravizando seus habitantes, que eram levados para Atenas. Com isso, Atenas se tornou a
cidade grega mais rica de todas, pois grande parte dos tributos pagos pelos aliados da Liga acabava
no tesouro ateniense, além da grande mão de obra escrava que chegava aos seus portos em decor-
rência da guerra com os persas. Com o tempo, a influência política, econômica e cultural que Atenas
exercia sobre a Liga de Delos transformou essa associação em um império controlado pelos atenien-
ses. Alguns membros da Liga tentaram protestar contra o uso indevido do dinheiro por Atenas, mas
foram duramente reprimidos e acusados de serem favoráveis aos persas. Dessa maneira, as Guerras
Médicas resultaram no surgimento da Liga de Delos e do Império Ateniense, possibilitando o vigo-
roso surto cultural, político e econômico que caracterizou Atenas durante o período clássico grego.
A riqueza de Atenas, além da democracia, esta-
va nas realizações culturais de seus habitantes. As

© Portokalis – Shutterstock
riquezas obtidas por meio das minas de prata da
Ática e da exploração das cidades da Liga de Delos
possibilitaram aos atenienses embelezar sua cida-
de com obras de arte e edifícios monumentais.
Além disso, a prosperidade econômica e a utiliza-
ção da mão de obra escrava possibilitaram aos ci-
dadãos atenienses ocuparem-se dos mais variados
assuntos. Atenas não foi a iniciadora da filosofia
e das ciências, cabendo esse privilégio às cidades
jônicas durante o período arcaico. Mas nos séculos
V a.C. e IV a.C. foi o principal ponto de chegada de
pensadores de diversas cidades, o que garantiu o
primeiro lugar para Atenas na produção cultural. Escultura em alto-relevo na Ágora de Atenas.

A
ATIVIDADES

2. Entre as causas das Guerras Médicas, podemos destacar:


a) a necessidade de Atenas derrotar o Império Persa, aliado dos espartanos.

b) a necessidade de Esparta derrotar o Império Persa, aliado dos atenienses.

c) os interesses comerciais de Corinto, prejudicada pela presença persa no Mediterrâneo Oriental.

d) os interesses comerciais de Atenas, prejudicada pela presença persa no Mediterrâneo Oriental.

e) o desejo grego de conquistar o Império Persa.

3. Os gregos diferenciaram-se das civilizações orientais que os precederam porque:


a) cultuavam deuses antropomórficos com características humanas.

b) entendiam o mundo por meio de princípios religiosos.

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 35
c) elaboraram leis gerais para compreender o funcionamento do mundo por meio da razão,
criando a ciência.

d) formaram governos monárquicos baseados na religião.

e) criaram impérios territoriais imensos, controlados por aristocratas.

4. De que maneira as Guerras Médicas contribuíram para o desenvolvimento da cultura clássica


em Atenas?

5. A Liga de Delos, liderada por Atenas:

I – possibilitou a vitória naval sobre os persas.

II – proporcionou a Atenas uma enorme fonte de riquezas tornando-se um instrumento do im-


perialismo ateniense.

III – foi derrotada na Guerra do Peloponeso.

IV – era composta por Atenas e seus aliados espartanos.

Estão corretas as afirmações:

a) I, II e III b) I, II e IV c) I, III e IV d) II, III e IV e) todas

CONECTANDO
A Liga de Delos é considerada pelos historiadores como uma representação do imperialismo ate-
niense. Como vimos, por meio do controle de várias cidades, Atenas aumentou a sua riqueza e seu
poder, transformando-se no centro do mundo grego. Esse domínio, ou hegemonia, era mantido por
meio de uma suposta “causa comum” (a guerra contra os persas) e de punições para os “rebeldes”
que desejassem se livrar do domínio ateniense. Atualmente, o nosso mundo é dominado pelos EUA,
que procuram manter sua hegemonia sobre os demais países do mundo por meio da “defesa da de-
mocracia” ou da “guerra contra o terrorismo”. Caso algum país não concorde com os estadunidenses
ou tente criar uma política diferente daquela proposta pelos EUA, logo é acusado de atuar “contra
os princípios democráticos” ou “favorecer o terrorismo”. Essa posição imperialista foi evidenciada
pela publicação de documentos secretos da diplomacia estadunidense pelo site WikiLeaks, em 2010.
Nesses documentos pôde-se comprovar a interferência dos EUA nos assuntos internos dos outros
países, inclusive do Brasil. O idealizador do site, o australiano Julian Assange, foi considerado um
“terrorista” e tornou-se o segundo homem mais procurado pelos estadunidenses, atrás, apenas, do
terrorista Osama bin Laden, responsável pelos ataques ao World Trade Center, em 2001. Para tentar
derrubar o WikiLeaks, o governo estadunidense cooptou várias empresas que o hospedavam na
internet ou serviam como captadoras de fundos para o site, como a Amazon, a Mastercard e a Visa.
Governos pró-EUA trataram de criar acusações contra Assange, que foi acusado de estupro na Suécia
e detido na Inglaterra.

36 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
1. A liberdade de imprensa é um dos requisitos fundamentais para a democracia. Você acha que o
site WikiLeaks está fazendo o papel da imprensa, ou seja, de informar a sociedade sobre fatos
que lhe dizem respeito? Escreva, abaixo, a sua opinião.

A Guerra do Peloponeso e a decadência da pólis


Apesar da vitória sobre os persas e da riqueza econômica e cultural alcançada pelos gregos, as lu-
tas internas entre as cidades nunca deixaram de existir. A supremacia marítima ateniense e sua demo-
cracia sempre ameaçaram Esparta, que temia a adoção de ideias democráticas pelos hilotas. Corinto,
outra cidade comercial, também se sentia ameaçada pela prosperidade ateniense. Essa cidade fazia
parte da Liga do Peloponeso e entrou em guerra com Atenas e a Liga de Delos em 431 a.C. Esparta,
por liderar a Liga do Peloponeso, entrou na guerra ao lado de Corinto. Essa guerra ficou conhecida
como Guerra do Peloponeso e durou 27 anos. Nela morreram muitos homens, como o próprio Péri-
cles, que morreu de peste durante o cerco, em Atenas, feito pelos espartanos. Além dos ataques de
Esparta e Corinto, Atenas teve que lidar com a rebelião das cidades da Liga de Delos, que viam nessa
guerra a oportunidade de se libertar do domínio ateniense.
Após algumas tréguas, a guerra prosseguiu e terminou com a derrota ateniense em 404 a.C. Es-
parta teve a ajuda persa para vencer Atenas e impôs condições duríssimas à sua rival, passando a
influenciar toda a Grécia.
Mas, em 385 a.C., começava uma nova guerra entre as cidades gregas. Desta vez, Atenas, Corinto
e Tebas se aliaram para derrotar Esparta, que o foi pelos tebanos em 371 a.C.

A Guerra do Peloponeso
Mar Negro
Mar Adriático TRÁCIA
Roma Bizâncio

LÁCIO Epidamnus
Amphipolis 422
Cumae Aegosporami Cyzicus 410
Nápoles Thásos
405 Lampsacus
Estagira
Abydus
Taranto
Cynossema 411
Nápoles Spartatos 429 Limnos
Golfo de IMPÉRIO
PERSA
Taranto
Mar Tirreno ebíades par
Alc aa Mar Egeu Lesbos
Ilhas Arginusae 406
de S
ta

icí

A
Ro

CI
Sardes
lia

Khios
É
GR
415

Queroneia
Delium 424 JÔNIA
MAGNA
Mar Jônico Tebas Notium 407
Lipara Plateia Deceteia(tomada por
Locri Atenas Esparta em 413) Éfeso
Mégara Samos
Pireu ÁTICA
Messina Elis Corinto
Segesta Rhegium (Reggio di Calabria)
Himera Egina (Aiyna)
Mantineia CL

Catânia Argos (ajuda


418 AD
Selinus SICÍLIA ocasional a Atenas)
ES
Siracusa 413 Pílos Esparta
Gela Estactéria 425 Milos
(tomada por
Camarina Rodes
Atenas em 416)
Kythira
Estados neutros (tomada por Atenas em 424)
Vitória ateniense
o
A guerra do Peloponeso, 431 a 404 a.C. Vitória espartana ne
O Imperialismo ateniente gerou conflito com Esparta, Creta r râ
Aliado de Atenas te
Corinto e seus aliados. Após dez anos de guerra, não e di
Confederação espartana r M
havia vencedor, mas Atenas, debilitada pela peste N
Campanhas atenienses Ma
(430-26), foi além dos limites de seus recursos ao lançar
uma expedição desastrosa contra Siracusa (415-13) e Campanhas espartanas
finalmente sucumbiu. A dominação de Esparta durou Aliados de Atenas na Magna Grécia
pouco mais de 30 anos, até as vitórias de Tebas em Aliados de Esparta na Magna Grécia
0 85 170 km
Leuctra (371) e Mantineia (362). Atenas e os membros da Liga de Delos

(Fonte: Com base em Atlas histórico integral. Barcelona: Bibliograf, 1993.)

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 37
Em 362 a.C., os exércitos tebano e espartano voltaram a se enfrentar na Batalha de Mantineia, sem
que ninguém houvesse vencido. Essa data marca o fim da cidade-estado grega. Com efeito, as guerras
haviam paralisado o comércio, o artesanato e a agricultura. Vários escravos puderam escapar e os ma-
res se encheram de piratas novamente, pois a armada ateniense estava destruída. O empobrecimento
era geral em toda a Grécia, facilitando a conquista das cidades gregas por um povo vindo do norte, os
macedônios, liderados por Filipe II, como veremos no próximo capítulo.

A
ATIVIDADES

6. Para responder às questões, leia o texto abaixo.


>3pULFOHV@ UHFRPHQGRX TXH VH SUHSDUDVVHP SDUD D JXHUUD UHWLUDVVHP WXGR TXH HVWDYD QR
FDPSRHQmRVDtVVHPSDUDFRPEDWHUOLPLWDQGRVHjGHIHVDGDFLGDGHGHYHULDPGHYRWDUWRGRV
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DOLDGRVTXH²GL]LDHOH²VmRDIRQWHGRSRGHUGDFLGDGHSRUFDXVDGRVWULEXWRVTXHOKHSDJDP
pois de um modo geral a guerra depende de discernimento e de dinheiro.
78&Ì'('(6História da Guerra do Peloponeso%UDVtOLD(GLWRUD8QLYHUVLGDGHGH%UDVtOLD,QVWLWXWRGH3HVTXLVDGH5HODo}HV
,QWHUQDFLRQDLV6mR3DXOR,PSUHQVD2ÀFLDOGR(VWDGRGH6mR3DXORS
a) Na Guerra do Peloponeso, por que as duas maiores cidades de Antiga Grécia lutaram uma contra
a outra?

b) O que Péricles quis dizer ao mencionar em seu discurso que a força de Atenas estava em seus
aliados?

O legado cultural da Grécia


Os gregos legaram um grande patrimônio cultural para a humanidade. Seus filósofos, artistas e pen-
sadores desenvolveram muitos conceitos que são usados até hoje. Para você ter uma ideia de como a
cultura grega foi importante, basta verificar a quantidade de palavras derivadas do grego que o nosso
idioma possui: democracia, aristocracia, politécnica, lógica, anatomia, átomo, entre muitas outras.
Além da tradição indo-europeia, trazida pelos dórios e aqueus, os gregos foram muito influen-
ciados pela cultura dos cretenses e micênicos. Quando os gregos fundaram cidades na Ásia Menor,
entraram em contato com a cultura mesopotâmica e puderam aprender seus ensinamentos. Mas os
gregos não imitaram simplesmente essas culturas. Criaram novas ideias e foram muito além do que
os povos orientais haviam produzido. As características do modo de vida dos gregos contribuíram
muito para esse fato: a maior liberdade para o indivíduo fazia com que o espírito grego fosse mais
aberto às inovações do que os outros povos do período.
Grande parte dessas inovações estava no campo religioso. O desejo de saber as origens do homem
e do mundo foi em primeiro lugar satisfeito por meio da religião. Os gregos trouxeram de sua herança

38 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
indo-europeia deuses que se juntaram aos antigos deuses

© Domínio público
creto-micênicos e orientais. A religião grega era muito di-
versificada e mutável. Basicamente havia uma família de
deuses, antropomórficos – com a forma humana – gover-
nada por Zeus, que tinha o seu palácio no monte Olimpo.
Além de Zeus, que era considerado o pai dos deuses e
regia os céus; havia Hera, sua irmã e esposa; Apolo, e sua
irmã Ártemis; Poseidon, irmão de Zeus e deus dos mares
e terremotos; Hades, também irmão de Zeus e senhor do
Inferno; Ares, o deus da guerra; Hefesto, filho de Zeus
e Hera, considerado o artífice dos deuses; Hermes, deus
dos bandidos e mensageiro dos deuses; Afrodite, deusa
da beleza e do amor; Dionísio, deus do vinho e da vegeta-
ção; e Deméter, considerada a deusa da fertilidade.
Homero e, principalmente, Hesíodo foram os primei-
ros a mostrar em versos as características de tais deuses.
Cada cidade tinha o seu deus protetor, geralmente ado-
rado por meio de uma estátua que ficava em um templo
na acrópole. Os deuses também se “comunicavam” com
os mortais através de oráculos, locais onde sacerdotes e
sacerdotisas em transe eram “possuídos” pela sabedoria
divina e podiam prever o futuro e dar conselhos. O orácu-
lo mais famoso foi o Oráculo de Delfos, atribuído ao deus
Apolo. Com o tempo, esse oráculo obteve muita influência
política, perdendo seu caráter religioso.
A religião também era praticada por meio dos jogos Os deuses do Olimpo. Gravura de Monsiau (1754-1837). Em
esportivos e do teatro. Os Jogos Olímpicos eram realiza- sentido horário, a partir do topo: Zeus, Hades, Atena, Apolo,
dos na cidade de Olímpia. Durante esses jogos, que se Hermes, Ártemis, Poseidon, Eros, Afrodite, Ares, Dionísio,
Hefesto, Hestia, Deméter, Hera.
realizavam de quatro em quatro anos, havia uma trégua
temporária para todas as disputas e guerras. Os jogos consistiam em corridas, lutas, lançamento de
disco e dardo. Os campeões ganhavam muito prestígio, pois se considerava que apenas os escolhidos
pelos deuses podiam vencer. Com o tempo, porém, os jogos olímpicos foram perdendo o seu caráter
religioso e os atletas tornaram-se profissionais pagos. O teatro surgiu das festas em homenagem a
Dionísio. Os atores usavam máscaras e eram acompanhados por um coro, que ajudava a contar a
história. As peças podiam ser tragédias ou comédias e ambas tratavam de assuntos morais da so-
ciedade. Até hoje as peças de Ésquilo, Sófocles, Eurípides e Aristófanes são
encenadas nos teatros do mundo inteiro. Na Grécia antiga, havia teatros com
capacidade para até 17 mil espectadores.
A arte grega, como a escultura e a pintura, também foi influenciada pela
religião e herdou dos cretenses o gosto pelas formas naturais, va-
lorizando o ser humano. Ficou caracterizada pela liberdade de cria-
ção e pelas inovações de seus artistas. Muitas obras religiosas, como
tock

a estátua de Atena, que ficava no Partenon, templo dedicado a essa


ers

deusa em Atenas, ficaram famosas e consistiam em um grande tesouro


Shutt

cultural para a Grécia. Os templos e as estátuas inicialmente eram feitos


ira –
© Kam

de madeira, mas esse material foi substituído pelo mármore. A literatura


produziu grandes poemas épicos, como os de Homero e Hesíodo, além de
poemas líricos, que exprimiam sentimentos pessoais e eram acompanhados
por música e danças.
Ao contrário dos orientais, que justificavam a criação por meio da religião, A cerâmica grega era
os gregos também procuraram saber a origem do mundo e como ele funcio- famosa pelas pinturas.

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 39
nava por meio da razão. Procuravam saber a origem dos fenômenos naturais e seu funcionamento por
meio de leis gerais. As ciências como a Matemática e a Geometria foram desenvolvidas a partir de estudos
filosóficos. Tales de Mileto, Pitágoras de Samos, Hipócrates, entre muitos outros, foram grandes matemá-
ticos, médicos e físicos.
Durante o período clássico, a filosofia (que significa “amor à sabedoria”) ganhou muito destaque,
principalmente em Atenas. Muitos jovens se dirigiam a essa cidade para aprender os ensinamentos
dos filósofos e sofistas. Os primeiros buscavam a natureza das coisas, o funcionamento das cidades
e dos fenômenos naturais, enquanto os segundos eram professores itinerantes, que vendiam seu co-
nhecimento. Os principais filósofos gregos do período clássico foram Sócrates, Platão e Aristóteles.
Foi na Grécia que surgiu o estudo sistemático da História. Heródoto de Halicar-
nasso é considerado o “Pai da História”. Em sua obra “Histórias”, ele descreveu as
causas das Guerras Médicas e faz comentários sobre vários povos da Antiguida-
de. Outros historiadores gregos famosos foram Tucídides e Xenofonte.
Os gregos também ficaram famosos pela sua paixão na arte de proferir
discursos – a retórica. O ideal era ser tão hábil no falar quanto no uso das
armas. O falar bem era considerado uma arte nobre entre os regimes monár-
quicos e aristocráticos, mas foi com a democracia que essa arte ganhou grande
importância. As decisões políticas na democracia dependiam do consenso dos
© Domínio público

cidadãos. Estes, para concordarem com algum ponto de vista, deveriam ser con-
vencidos por meio da palavra. Vários estudiosos como os sofistas ensinavam a
arte de falar em público e refutar argumentos contrários às ideias que queriam
passar. Muitos trabalhavam como logógrafos – escreviam discursos para outras
pessoas em troca de pagamento.
Tucídides.
Podemos concluir que as rivalidades entre as cidades-estado não impossibilitaram
uma unidade moral e cultural entre os gregos. As manifestações culturais apresentadas anteriormente
eram comuns a todas as pólis gregas, em maior ou menor grau. A civilização grega, como nenhuma ou-
tra, realizou rapidamente e em vários aspectos culturais uma ampla evolução, que teve consequências
duradouras.

A
ATIVIDADES

7. “Filosofia” é uma palavra de origem grega que significa amor à sabedoria. Embora, para algumas
pessoas, ela possa soar como algo complicado demais, o pensamento filosófico trata, basicamen-
te, de refletir sobre o dia a dia, o ciclo das coisas e sobre nós mesmos. Assim, ao fazermos esse
exercício de reflexão, mudamos a forma como nos enxergamos e nos posicionamos diante da
vida. Dessa forma, quando apresentamos a filosofia para os pequenos desde cedo, aguçamos a
curiosidade e o interesse natural deles pelas coisas e, também, possibilitamos que eles vejam o
mundo de uma maneira diferente.
a) Em sua opinião, por que a filosofia aguça a curiosidade?

40 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
b) Você também costuma fazer perguntas sobre quem é você? Costuma ficar espantado e admirado
diante da nossa falta de entendimento? Conte uma situação em que tenha ficado pensando por
horas ou dias algo que custou a compreender ou que ainda não compreende.

Trabalhando com mapas


Observe atentamente o mapa intitulado “As Guerras Médicas”, na página 34. Por meio de sua aná-
lise, podemos perceber algumas características geográficas e políticas da Grécia Antiga. Após uma
observação detalhada do mapa e de sua legenda, responda às questões abaixo:

8. Em que localidade do território grego se concentrava a maior parte das cidades que combatiam
os persas?

9. Em que lugar do território grego se acumulava a maioria das cidades neutras ou aliadas dos persas?

10. Observando o mapa, descreva as rotas mais utilizadas (terrestres e marítimas) pelos persas no
ataque ao território grego.

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 41
11. Desafio: a partir do que você aprendeu sobre as rivalidades entre as cidades-estado gregas e da
análise do mapa sobre as Guerras Médicas, aponte uma possível explicação para a divisão terri-
torial entre aliados e inimigos da Pérsia no território grego.

RETOMANDO

Neste capítulo estudamos o período clássico da Grécia Antiga que foi marcado tanto pelo desenvolvi-
mento do espírito humano quanto pelas intermináveis guerras entre gregos e persas e entre os próprios
gregos. O período, portanto, representou o auge e a decadência da civilização grega. Auge pelo desen-
volvimento da filosofia, da ciência, do teatro e das artes. Decadência por causa da Guerra do Pelopone-
so, que enfraqueceu as cidades gregas, permitindo a invasão macedônica, que estudaremos a seguir.

SAIBA MAIS
Filme sugerido:
300, de Zack Snyder, 2006.
Livro sugerido:
O Minotauro, de Monteiro Lobato.
Site sugerido:
<http://wikileaks.ch/> (em inglês e português). Acesso em: 19 dez. 2010.

42 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
VOCABULÁRIO

consenso: acordo, mesma opinião. submetiam: obedeciam.


devastar: destruir. supremacia: domínio.
dispensavam: davam. talentos: medidas de peso em ouro ou prata de
divinizado: considerado um deus. mais ou menos 27 a 36 kg.
retaliação: vingança. tributos: impostos.

TOMANDO ATITUDE

Como vimos, a palavra filosofia significa “amor ao conhecimento”. Você possui esse amor? Escreva
uma breve explicação sobre a importância do conhecimento para os nossos dias e exponha para os
seus colegas de que maneira você procura obter conhecimento fora da escola.

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 43
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AQUECENDO

O texto abaixo é uma descrição dos feitos do rei macedônio Alexandre, o Grande, que, como vere-
mos, foi um grande general e conquistador da Antiguidade.

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do muro e, como não tinha nada com que marcar o chão, um dos operários teve a ideia de espalhar
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marcado o limite da cidade. Os adivinhos, em particular Aristandras e Telmissa, dos quais se diz
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rica, sobretudo por causa dos produtos da terra.”
$55,$12,,,

1. Identifique o assunto do texto.

2. Que tipo de cidade Alexandre queria construir no Egito?

44 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
PENSANDO NISSO

3. Crie uma hipótese para explicar as consequências da construção de cidades gregas no Egito e em
outros pontos do Oriente Médio que Alexandre conquistou.

MÃOS À OBRA

No capítulo anterior, vimos como as guerras entre as várias cidades-estado gregas ocasionaram o
enfraquecimento e declínio das pólis durante o século IV a.C. Apenas Atenas havia recuperado uma
parte de seu poderio marítimo, porém sem poder fazer frente aos persas, que retomaram a Ásia Me-
nor e ameaçavam o suprimento de trigo ateniense.
Nessa época, a Grécia foi conquistada e unificada por um povo que vivia ao norte da Península
Balcânica – os macedônios. Essa conquista vai permitir que o modo de vida grego – conhecido por
Helenismo – se difunda por todo o Oriente, impulsionado pelas conquistas dos macedônios na Ásia,
como veremos a seguir.

Os macedônios conquistam o mundo


A Macedônia estava localizada ao norte da Grécia, entre a Tessália, a Trácia e a Ilíria. Os macedô-
nios eram considerados bárbaros pelos demais povos da Grécia, pois sua organização social era mais
simples do que a das cidades gregas. As poucas cidades macedônicas eram apenas aldeias em compa-
ração com as gregas, inclusive a capital – Pela. A maioria da população era de pequenos camponeses,
que arrendavam as terras dos grandes proprietários. O governo da Macedônia era exercido por um
rei hereditário, que deveria ser escolhido entre as principais famílias de nobres do país e aprovado
pela assembleia dos guerreiros, formada por todos os cidadãos que pudessem portar armas. O rei
tinha poder jurídico, religioso e militar. O próprio Estado macedônico se confundia com sua pessoa, e
seus principais servidores eram escolhidos entre seus amigos pessoais ou parentes, conhecidos como
hetairoi (companheiros). Como o poder do rei era baseado na lealdade de seus hetairoi, as sucessões
reais eram sempre problemáticas, pois várias facções entravam em conflito para nomear seus preten-
dentes ao trono. A assembleia dos guerreiros legitimava as decisões do soberano e era consultada por
ele em casos muito importantes. Essa assembleia, porém, caiu em desuso sob o reinado de Filipe II.
6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 45
Filipe II subiu ao trono em 359 a.C. e aproveitou-se da fraqueza

© Domínio público
das cidades-estado gregas para aumentar a influência macedônica na
península. Expandiu o território da Macedônia, apossou-se das minas
de ouro da Trácia, submeteu várias cidades gregas e lhes impôs sua
autoridade, utilizando-se das riquezas obtidas em suas conquistas
para urbanizar a Macedônia. Para obter prestígio entre os gregos, o
rei macedônio atraiu grandes pensadores e artistas de sua época para
morar em seu país. Dentre eles, o mais famoso foi Aristóteles, que se
tornou preceptor de seu filho, Alexandre.
O rei macedônio organizou a Liga de Corinto. Por meio dela, a
Macedônia exercia sua vontade sobre todos os gregos, pois a Liga Filipe II, representado em uma medalha da
abrangia todas as cidades da Grécia, exceto Esparta, que havia sido vitória. Artista desconhecido.
reduzida em seu território e desprezada por Filipe II. Essa forma, as cidades gregas se unificaram sob
a monarquia macedônica que, para consolidar sua liderança, planejava atacar a Pérsia, em retaliação
às Guerras Médicas do período clássico. Filipe II, porém, foi assassinado, ficando o trono da Mace-
dônia nas mãos de Alexandre. General excepcional, Alexandre conquistou em poucos anos todo o
imenso Império Persa, que englobava a maior parte do Oriente Médio.
Mas Alexandre não estava satisfeito com suas conquistas. Desejava alcançar os limites do mundo
conhecido e o oceano Exterior, cuja existência lhe havia sido contada por Aristóteles. Assim, o exér-
cito macedônio deslocou-se para o leste, atingindo as margens do rio Indo, na Índia. A expedição
passou a assemelhar-se a uma exploração geográfica, até que, cansados das batalhas, os exércitos de
Alexandre se recusaram a ir mais além. O rei macedônio foi obrigado a fazer meia-volta, retornando a
Susa em 324 a.C. Um ano mais tarde, aos 33 anos de idade, Alexandre morreu de febre na Babilônia.
Por suas conquistas, acabou recebendo a alcunha de Alexandre, o Grande, ou Alexandre Magno. A
expedição de Alexandre na Ásia Central tornou conhecidas novas culturas e sociedades, cujos conhe-
cimentos e costumes foram incorporados ao seu império.

O império de Alexandre Magno


Mar

EDÔNIA
de
MAC Pela Mar Negro
Aral
CÁUCASO Mar
Heracleia SOGDIANA
Ílion (Troia) Alexandria
Cáspio
Tebas
Sardes
Corinto Samarcanda
Atenas Éfeso Pagas
GRÉCIA Mileto
ARMÊNIA
Issos Alexandria
Creta Nísibis de Margiana
Alexandria de Issos Chalibon Nínive Alexandria
Zadracarta do Cáucaso
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Hecatômpilos
r Chipre Gaugamelos MÉDIA
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Babilônia Susa
Templo de ARACÓSIA
Mênfis Alexandria
Amon Pasárgada
EGITO CARMÂNIA
Rio N

Persépolis Estados autônomos, aliados da Macedônia


N
ARÁBIA PÉRSIA Alexandria GEDRÓSIA
Macedônia na época do advento de Alexandre (3336ÍNDIA
a.C.)
ilo

Go

o
Mar

lf

Pé Império de Alexandre
rsic Patala
o
Verm

Itinerário de Alexandre Porto de


Alexandria
Cidades fundadas por Alexandre
elho

0 300 600 km

(Fonte: Com base em ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. Editora Ática, 2009.)

As conquistas mudaram o modo como os macedônios governavam seu reino. Alexandre era o rei dos
macedônios, o comandante-chefe da Liga de Corinto e também o descendente de Dario III, devido à sua
conquista. Dessa forma, ele tinha poder sobre os macedônios, os gregos e os persas, respectivamente.

46 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
O território governado por Alexandre era imenso. Nunca houve um império territorial que abrangesse
a Grécia e a Ásia antes da conquista do rei macedônio. Esse fato possibilitou o surgimento de uma
grande unificação econômica e cultural entre a Ásia, o norte da África e a Grécia. A fim de tornar a
união dos povos persa e grego mais duradoura, Alexandre resolveu se casar com a filha do imperador
Dario III e adotou alguns costumes da monarquia persa, sendo imitado pelos seus principais generais.
Em contrapartida, o modo de pensar grego e seus valores acabaram sendo adotados por um grande
número de pessoas no Oriente. Desse modo, as conquistas de Alexandre iniciaram uma nova civiliza-
ção, que resultou da fusão do modo de vida grego com as culturas orientais.

A
ATIVIDADES

1. Com base no que você estudou até aqui, é possível relacionar a Guerra do Peloponeso às con-
quistas macedônicas? Explique.

2. Após a morte precoce de seu pais, quais foram as ações de Alexandre Magno?

A Civilização Helenística
Alexandre não havia preparado sua sucessão. Com sua morte (323 a.C.), não se sabia como o
imenso império deixado por ele seria governado nem quem tomaria o seu lugar. Seus companheiros
brigaram entre si. A disputa perdurou até 280 a.C., dividindo o império de Alexandre em quatro partes:
o Egito; a Macedônia e a Grécia; a Mesopotâmia; e a Ásia Menor, onde foi fundado o reino de Pérgamo.
Na Grécia as cidades passaram a fazer parte de Confederações, como a Liga Etólia e a Liga Aqueia.
Essas confederações surgiram pela necessidade das cidades em adquirir proteção mútua e não ha-
via uma cidade principal comandando, como no caso das Ligas de Delos e do Peloponeso. As novas
confederações eram marcadas pela igualdade entre seus membros e constituíam, ao menos em tese,
Estados autônomos aliados à Macedônia. Por causa da concorrência com as monarquias da Ásia, a
economia das cidades gregas decaiu muito. Dessa forma, o polo econômico transferiu-se da Grécia
para as monarquias asiáticas. A população também decaiu, porque muitos gregos iam para o exterior
tentar adquirir riquezas nas novas cidades fundadas pelos monarcas asiáticos.
Os reinos helenísticos que foram formados após a morte de Alexandre deram forma às sociedades
do Mediterrâneo Oriental pelos séculos que se seguiram. Em cada um desses reinos existia um rei ou
basileus. Esse rei baseava seu poder no prestígio pessoal e na força militar. Ele deveria se expor no
campo de batalha e na vida cotidiana, distribuindo justiça e atendendo petições. Posteriormente, as
famílias reais foram se tornando cada vez menos acessíveis e divinizadas (associadas aos deuses), por
causa da influência das tradições orientais. Dessa maneira, o rei passou a ser o favorito dos deuses
e agia a seu bel-prazer, considerando os súditos e as terras como sua propriedade. Governava por
meio de seus amigos e parentes e não mantinha leis escritas. A transmissão do poder se dava pela
hereditariedade, que nem sempre era respeitada. A poligamia dos reis gerava intrigas entre os vários
herdeiros e causava usurpações.

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 47
Os reinos helenísticos

REPÚBLICA CELTAS
ROMANA
Pela Mar Negro

MACEDÔNIA N IA Mar Cáspio


AGÔ
PAFL
REINO DE BITÍNIA

IA
ÓC
HIERÃO Pérgamo
GALÁCIA

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ARMÊNIA

PA
CA
Delos

Rodes GALÁCIA MÉDIA


Creta ATROPATENA PÁRTIA
Mar Antióquia
Me
dit
ter
âne
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Selêucia
REINO SELÊUCIDA

Rio
Eu
IMPÉRIO (E ESTADOS VASSALOS)

fra

Rio
te
s
DE CARTAGO Alexandria

T
igre
LÍBIOS

EGITO ARÁBIA
N
Rio
Nil

Golfo Pérsico
o

0 250 500 km

(Fonte: Com base em DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Larousse, 2003.)

Os reinos helenísticos eram divididos em territórios baseados nas

© Clara – Shutterstock
satrapias persas. Cada um desses territórios era governado por um
governante grego de confiança, que tinha poderes militares, civis, ju-
risdicionais e financeiros. Os soberanos helenísticos pontilharam seus
reinos com inúmeras cidades de modelo grego. Dessa forma, introdu-
ziram os costumes e a língua grega em seus domínios, a fim de contro-
lar melhor as populações vencidas.
No plano econômico, as monarquias helenísticas se caracterizaram
pelo estatismo, ou seja, a direção da economia pelo Estado, que determi-
nava e monopolizava a produção e a distribuição das mercadorias. Isso
acontecia porque os gregos desejavam explorar ao máximo as regiões
conquistadas, realizando, para isso, o monopólio do Estado nas áreas
econômicas mais rentáveis ou aumentando os impostos. Em compensa-
ção, os gregos trouxeram inovações técnicas para a Ásia – como novos
portos, sistemas de irrigação e estradas, o que aumentou a produtivida-
de e a circulação de mercadorias.
O período helenístico é marcado pela difusão do modo de vida grego A Vênus de Milo, estátua famosa atribuída
a Alexandros de Antióquia.
por todo o mundo. A cultura grega pôde difundir-se pelo território con-
quistado por Alexandre. A civilização resultante dessa difusão, chamada de helenística, se diferenciava da
cultura grega clássica pela sua abrangência. Não atingiu apenas as cidades gregas, mas todo o mundo co-
nhecido, fazendo com que muitas sociedades adotassem o modo de pensar dos gregos. Uma das formas
utilizadas para difundir o helenismo foi educar os filhos dos nobres orientais, para que, desde pequenos, se
acostumassem com o modo de vida grego. Além disso, o grande número de cidades gregas fundadas pelos
conquistadores nos territórios ocupados permitiu que o modo de vida grego se tornasse acessível aos povos
conquistados. Dessa maneira, surgiu nessas cidades uma classe de habitantes não gregos helenizados, que
foram aos poucos adquirindo a categoria de cidadãos, adotando os costumes e a língua dos gregos.

48 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
A civilização helenística também sofreu uma grande influência das culturas orientais, principal-
mente no que se refere à religião. A religião grega não oferecia um conforto real para as dúvidas mais
profundas do indivíduo – por exemplo, a dúvida sobre o que acontecia com a pessoa após a morte
– e caiu lentamente em desuso, sendo substituída pelos mistérios de deuses orientais ou da fusão de
deuses gregos e estrangeiros. As próprias monarquias helenísticas, para poderem se legitimar diante
dos povos conquistados, acabaram por adotar os costumes religiosos dos dominados. É o caso dos
Ptolomeus no Egito, que adotaram os deuses e o cerimonial dos faraós.
As ciências durante o período helenístico tiveram uma evolução bastante variada devido à enorme
extensão territorial que sua civilização abrangia. No Oriente podemos destacar a cidade de Alexandria,
no Egito, como o grande centro irradiador da cultura no período. Sua biblioteca tornou-se famosa pela
enorme quantidade de obras científicas, que eram produzidas pelos mais diversos pensadores e das
mais diversas nacionalidades. No campo da filosofia, os problemas discutidos pelos filósofos se referiam
principalmente ao modo de vida que o indivíduo deveria adotar. O conceito de Vírtu, ou virtude, passou
a ser muito importante para eles. As principais escolas filosóficas que surgiram durante o período he-
lenístico foram o estoicismo, o epicurismo e o ceticismo. Tentavam achar um meio pelo qual o Homem
sábio pudesse alcançar a verdadeira felicidade. De acordo com o historiador Paul Petit, a civilização he-
lenística recolheu a herança de Sócrates e fez do homem o centro pensante do Universo, difundindo
o modelo de Sábio e o Humanismo. A arte do período foi marcada pela preferência do modelo grego
sobre o oriental, mas não apresentava mais temas puramente religiosos, retratando cenas do cotidiano.

A
ATIVIDADES

3. Dali, Alexandre se dirigiu ao país dos partas e, como tivesse tempo para o lazer, usou pela
primeira vez a vestimenta bárbara, seja pelo desejo de ficar conforme os modelos indígenas,
julgando importante, para conquistar as populações, partilhar de seus costumes e usos, seja
para tentar fazer os macedônios prostrarem-se a sua frente, acostumando-os pouco a pouco a
tolerar sua mudança de vida e hábitos.
(Plutarco. Vida de Alexandre)

a) O texto anterior apresenta uma das características do Helenismo. Aponte-a.

b) As monarquias helenísticas adotaram os costumes orientais, da mesma maneira que Alexandre


adotou as vestimentas dos “bárbaros”. Aponte outras características das monarquias helenísticas.

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 49
CONECTANDO
Como pudemos observar, as conquistas de Alexandre proporcionaram a difusão da cultura grega entre
os povos conquistados, causando uma fusão entre as culturas grega e oriental. Uma das estratégias
utilizadas pelos macedônios foi a educação da juventude dos povos conquistados. Os jovens orientais
aprendiam a ler e escrever a língua grega e adotavam os costumes gregos. Em nossos dias podemos
constatar fatos semelhantes. É só ligar a TV em algum programa infantil que apresente desenhos. Pode-
mos ver duas culturas predominantes nos desenhos veiculados no Brasil: a americana e a japonesa. No
caso da japonesa, com os famosos animes, observamos que há jovens no Brasil que começaram a escre-
ver histórias em quadrinhos “de trás para a frente”, nos moldes dos mangás (histórias em quadrinhos)
japoneses. Muitos aficionados também começaram a se vestir como os personagens dos quadrinhos e
desenhos animados japoneses. Com as vestimentas vem a atitude e os modos de ver o mundo. Dessa
forma, os animes e mangás servem para difundir a cultura japonesa ao redor do planeta.

1. Você assiste desenhos animados ou lê revistas em quadrinhos? Escreva no espaço abaixo o


desenho ou quadrinho que você mais gosta e explique por quê. Depois, exponha a sua resposta
para os seus colegas.

2. Reúna-se com dois colegas para recontar algum mito grego em uma história em quadrinhos.
Não se esqueça de antes pesquisar e selecionar um mito grego.

A
ATIVIDADES

4. Entre os fatores que contribuíram para a vitória macedônica sobre os gregos, podemos destacar:
I – o enfraquecimento das pólis devido à Guerra do Peloponeso.
II – As táticas superiores de guerra adotadas por Filipe II.
III – A ajuda que os macedônios receberam dos persas.
Estão corretas

a) I e II b) I e III c) II e III d) nenhuma e) todas

50 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
5. Entre as consequências das conquistas de Alexandre Magno, podemos destacar

a) a criação de uma confederação de cidades-estado governadas pelos persas.


b) uma unificação cultural e econômica entre a Ásia e a Grécia.
c) o enfraquecimento da cultura grega, suplantada pela oriental.
d) a crise da monarquia macedônica, enfraquecida pela predileção de Alexandre pelas princesas persas.
e) o domínio dos gregos sobre a península itálica.

Leia o excerto abaixo.

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caso de Alexandre, passando tranquilamente sua vida no barril chamado Craneo. Assim, teve
Alexandre que ir ao seu encontro.
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PDYDÀ[RXDYLVWDHP$OH[DQGUH(VWHRVDXGRXSHUJXQWDQGROKHVHSRGHULDRIHUHFHUDOJX
ma coisa, sendo que lhe concederia qualquer desejo que quisesse. “Muito pouco”, respondeu
'LyJHQHV´$SHQDVTXHVHDIDVWHGRVROµ'L]VHTXH$OH[DQGUHÀFRXWmRDGPLUDGRFRPDTXHOD
GHPRQVWUDomRGHGHVSUHQGLPHQWRHGHJUDQGH]DGHHVStULWRTXHTXDQGRVHUHWLUDUDPGDOLH
DOJXQVFRPSDQKHLURVFRPHoDUDPDID]HUSLDGDVVREUHRRFRUULGRHOHOKHVGLVVH´3RLVHXVHQmR
IRVVH$OH[DQGUHGHERPJUDGRVHULD'LyJHQHVµ
(Plutarco. Vida de Alexandre)

O texto anterior, do historiador grego Plutarco, narra um episódio da vida de Alexandre Magno,
no qual ele se encontra com o filósofo cínico Diógenes. Os cínicos, precursores do estoicismo, defen-
diam um estilo de vida completamente baseado no desprendimento das coisas materiais. Para eles, a
felicidade não se encontrava na materialidade e, por isso, podia ser alcançada por todos. Tendo como
base o texto e essas informações, responda às questões a seguir.
6. A partir do que você aprendeu sobre os filósofos cínicos, explique por que Diógenes vivia em um
barril.

6A-HIS-L3-21 7Xbc…aXP 51
7. Explique, com suas palavras, por que Alexandre ficou tão admirado com Diógenes a ponto de
desejar ser como ele.

8. Atualmente, vivemos em uma sociedade de consumo, na qual as pessoas cercam-se de inúmeros


bens materiais, como carros, computadores, celulares etc. Como você analisa essa questão atual-
mente? Você concordaria com o modo de vida de Diógenes? Elabore um texto sobre o assunto.

52 7Xbc…aXP 6A-HIS-L3-21
RETOMANDO

Alexandre foi o primeiro comandante militar a conceber a ideia de um império universal, que con-
gregasse vários povos de culturas diferentes. Esses povos, na concepção do macedônio, deveriam
se mesclar para formar um novo povo, que adotaria a cultura grega. Sua morte impediu a realização
desse projeto e seus sucessores não conseguiram dar continuidade a seus planos, pois não tinham
poder suficiente para tanto. Entretanto, como vimos, as realizações de Alexandre e a civilização re-
sultante de suas conquistas permitiram a difusão da cultura grega por todo o mundo conhecido, fato
que influenciará a história da civilização ocidental.
Quanto ao império universal, esse projeto foi realizado posteriormente por uma cidade-estado
que estava se desenvolvendo enquanto Alexandre fazia suas conquistas na Ásia. Ela herdou a cultura
helenística. Tal cidade chamava-se Roma, a qual estudaremos a partir dos próximos capítulos.

SAIBA MAIS
Filme sugerido:
Alexandre, de Oliver Stone, 2004.

VOCABULÁRIO
alcunha: apelido. excepcional: muito bom, extraordinário.
autônomos: independentes. facções: partidos, grupos.
desuso: quando não se usa mais. rentáveis: que dão lucro.
difusão: ação de propagar, espalhar.

TOMANDO ATITUDE

Você estudou neste capítulo que, durante a expansão da Macedônia pela Pérsia, houve um ex-
traordinário processo de integração entre o pensamento Ocidental e Oriental. O resultado disso foi
o desenvolvimento de uma nova civilização, chamada de helenística, que se diferenciava da cultura
clássica dos gregos pela sua abrangência e diversidade.
Agora, com base nessas informações, pesquise no processo de formação do povo brasileiro quais
culturas se integraram ao longo dos séculos e como estão, na atualidade, presentes no cotidiano dos
brasileiros.

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