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História

Henrique Pacini
Capítulo História

6 O Egito antigo

No antigo Egito, era comum os familiares de uma pessoa falecida utilizarem um guia espiritual
chamado Livro dos Mortos para louvar, através de hinos e cantos sagrados, o caminho da alma até o
mundo eterno dos deuses.

Com a ajuda de seu(sua) professor(a), observe com atenção a imagem abaixo e, depois, responda
às questões propostas.

© Jon Bodworth

Papiro funerário do escriba Hunefer (c. 1297 a.C. – 1185 a.C.), presente no Livro dos Mortos.
Observe a pesagem do coração, no centro da imagem, e o julgamento da alma, à direita.

1. Identifique no papiro do Livro dos Mortos a imagem de pelo menos um dos deuses egípcios que
foram citados no texto. A seguir, descreva-o.

2. Com base no texto e em seus conhecimentos, verifique se há semelhanças na maneira como os


antigos egípcios e os cristãos da atualidade manifestam a sua religião. Explique sua resposta.

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3. Em sua opinião, o que a balança de Maat julga quando determina que o coração de uma alma deva
ser mais leve do que uma pena para ser aceito entre os deuses?

4. Com a ajuda de seu(sua) professor(a), elabore uma hipótese para explicar a relação entre a crença
na vida eterna e a prática de preservação de corpos, chamada mumificação.

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4 História
O Egito Antigo
N

0 105 210 km

Um oásis chamado Egito Ugarit

Chipre
Você sabe onde fica o Egito atual? Ele fica ao FENÍCIA
Nordeste do continente africano, banhado pelo Biblos
Sidon
mar Mediterrâneo e pelo mar Vermelho, cercado Tiro Damasco
SÍRIA

o
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pelo deserto do Saara. Há mais de cinco mil anos,

rrâ
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te
suas primeiras cidades formaram-se na grande fai- ed

Rio Jordão
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xa de terra banhada de Norte a Sul pelas águas do M CANAÃ

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Nilo. É preciso lembrar que aquilo que se entende ara Jerusalém
p
como sendo o Egito antigo compreendia uma faixa Ávaris Gaza Mar
Sais
(Tânis) S Morto
de terra relativamente estreita, que se localizava às Náucratis
OS
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margens do Nilo. Era uma região farta de caça e BAIXO Ã O
INVAS 750 a.C
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EDOM
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EGITO Amo (1
is de
pesca e rica em sementes e frutos. para o Oás Heliópolis
Mênfis Deserto
O rio Nilo nasce no lago Vitória, centro da da Arábia
o Pequeno Oásis de Heracleópolis Monte
para
África, e deságua no mar Mediterrâneo, onde se Deserto Sinai

Rio Nilo
abre como um leque, formando uma grande área da Líbia
de alagadiços. É o chamado delta do rio. O nome Akhetaton
delta foi dado a esse tipo de região – geralmente (El Amarna)

de configuração triangular, assentada à emboca- Licópolis Mar


Vermelho
dura de um rio e que forma canais até o mar – por para o
Tínis Ponto
causa da forma triangular dessa letra grega. ( So

Vale dos Tebas li
SAARA
Suas chuvas enchem o rio nos meses de ju- Reis Karnak

a)
Luxor
nho e setembro, inundando as terras vizinhas. Grande Oásis
Essa água carrega muito material orgânico, o
humo, vindo das terras do Sul, depositando em 1ª- catarata Siena (Assuã)
suas margens grande quantidade de adubo na- Limite sul do
tural. O curso do Nilo dividia a região em Alto ALTO EGITO antigo reinado
(3200-2130 a.C.)
Egito (interior do território), Médio Egito e Baixo
o
Nil

Egito ou região do delta. O clima era seco, com


Rio

2ª- catarata
forte calor durante o dia e frio à noite. Limite sul do
médio reinado
A vida das pessoas que viviam próximas ao (2130-1575 a.C.)
Nilo sempre esteve marcada pelo ciclo constante
das cheias e vazantes, que tornavam as terras úmi-
3ª- catarata
das e prontas para o plantio, tanto que o primei-
NÚBIA
ro dia do ano dos antigos egípcios coincidia com
o primeiro dia da cheia do Nilo. Embora fonte de 4ª- catarata
Napata
fertilidade, suas cheias, às vezes precisavam ser
controladas, obrigando a construção de diques,
canais e reservatórios de água, que estendiam a
área irrigada. Essa tarefa demandava intensa or-
ganização, o que, como na região mesopotâmica, Egito Limite entre Baixo e
Alto Egito
favoreceu a centralização do poder. Conquistas egípcias no Rotas comerciais
Oriente Médio durante
Extensão máxima do novo
Entre 4000 a.C. e 3500 a.C. surgiu nessa re- o novo reinado reinado (1575-1087 a.C.)
gião um grande número de pequenas unidades Terras cultiváveis Pirâmides
políticas que, embora independentes, possuíam
(Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas Histórico Básico. São Paulo:
grandes semelhanças culturais entre elas. Eram Ática, 2009.)

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chamadas de “nomos”, governadas pelo “nomarca”. Com o passar do tempo, foram se unindo e for-
mando os reinos do Alto Egito (Sul) e do Baixo Egito (Norte). Foi por volta de 3200 a.C. que o rei do
Alto Egito, Menés, unificou o Norte e o Sul e se tornou o primeiro faraó, iniciando a primeira dinastia
egípcia. As causas dessa unificação são objeto de muita controvérsia entre os historiadores. Uma das
primeiras teorias foi a chamada “hipótese hidráulica”. Essa teoria defendia que a unificação aconteceu
por causa da necessidade de se controlar as cheias do rio Nilo, por meio da construção de canais e
outras obras hidráulicas. Para realizar essas obras, eram necessários muitos trabalhadores e por isso
houve a unificação. Atualmente, os historiadores afirmam que apenas a “hipótese hidráulica” não é
suficiente para explicar completamente essa unificação; outros motivos também contribuíram para
que ela ocorresse (políticos, religiosos, militares, demográficos).
O isolamento geográfico do Egito permitiu que seus habitantes vivessem com relativa traquilidade,
havendo poucas ameaças militares ou mudanças bruscas em seu modo de vida. A história do Egito é
bastante longa, tendo passado por três fases principais: antigo império (3200 a.C. a 2000 a.C.), médio
império (2000 a.C. a 1750 a.C.) e novo império (1750 a.C. a 525 a.C.). Ao final do novo império, o
Egito foi sucessivamente dominado pelos persas, gregos e romanos.

Uma cultura baseada na religião


A lenda do deus Osíris era a mais importante da

© BasPhoto – Shutterstock
mitologia egípcia. Segundo ela, Osíris era o rei dos
deuses, que introduziu a civilização no Egito, tirando o
povo da barbárie e ensinando-lhe a agricultura. Junto a
Ísis, sua esposa-irmã, governava com justiça e era ado-
rado pelo povo. Entretanto, Osíris era invejado por seu
irmão Seth, que o enganou e assassinou, cortando seu
corpo em 14 pedaços. Ísis conseguiu juntar cada uma
das partes e, usando seus poderes mágicos, deu nova
vida ao deus. Logo após a ressurreição, Osíris e Ísis ge-
raram Hórus, o herdeiro do reino, que deveria vingar o
assassinato do pai. Depois de um cruel enfrentamento,
Hórus derrotou Seth e se tornou o rei dos deuses e da
Terra, tornando-se o primeiro faraó, enquanto seu pai
foi governar o reino dos mortos – que, para os egíp-
cios, era um lugar paradisíaco. Osíris era o deus da
renovação, representando tudo o que morre e volta a
nascer no eterno ciclo da vida.
Como podemos perceber, o mito de Osíris estava in-
timamente relacionado com a atividade agrícola, pois as
plantas também nascem, morrem e voltam a nascer a
partir das sementes que deixaram. A história de Osíris
também servia para explicar o poder do faraó: quando
o príncipe virava faraó, deixava de ser considerado um
ser humano e passava a ser Hórus reencarnado. Dessa Osíris (sentado) e Ísis representados em uma tumba egípcia.
forma, no Egito, o próprio rei era um deus, responsável pela manutenção da ordem no reino, através
de inúmeros rituais diários. Como na Mesopotâmia, porém muito mais acentuadamente, estamos
diante de um Estado teocrático, ou seja, cujas regras são determinadas pela religião.
Os egípcios acreditavam que no passado os deuses haviam vivido junto com os homens, em uma
espécie de “época de ouro”. Por isso, achavam que tudo o que vinha do passado era melhor e que
deveria ser imitado sem mudanças. Essa crença reforçava as tradições egípcias e contribuía para a
manutenção da ordem política e social. Nada podia ser feito se não estivesse de acordo com a tradi-
ção: a escrita, a arte, os rituais, a forma de cozinhar a comida etc. A intensa religiosidade influenciava
de maneira decisiva todo seu cotidiano. Procuravam explicar o mundo e as relações do homem com
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a natureza através de mitos. Para eles, os deuses haviam criado o mundo e os seres humanos e, por
isso, determinavam seu futuro. As catástrofes viriam da sua ira, devendo ser cultuados sempre da
mesma maneira para que permanecessem felizes e gerassem prosperidade. Muitas cerimônias eram
realizadas nesse sentido, para garantir a chegada das cheias e uma boa colheita.
Os egípcios adoravam vários deuses e também elementos da natureza, como o Sol e o rio Nilo,
sendo, por isso, chamados de politeístas. Havia muitos deuses locais, e outros mais gerais e podero-
sos, como “Rá” (também chamado de “Amon”, “Aton” e “Amon-Rá”), o deus-Sol, além da tríade “Osíris”,
“Isis” e “Hórus”. Muitos dos seus deuses eram antropozoomórficos (do grego: antropos = homem;
zoo = animal; morfos = forma). Os egípcios possuíam alguns animais considerados sagrados, como
o crocodilo, o gato, o escaravelho, o babuíno e o touro. Os deuses eram cultuados em seus próprios
templos pelos sacerdotes.
Ao contrário dos povos mesopotâmicos, os egípcios acreditavam na imortalidade e passavam a
vida toda se preparando para alcançá-la. A alma, chamada de “Ka”, abandonava o corpo na hora da
morte, mas o encontrava novamente na eternidade. Embalsamavam e mumificavam seus mortos,
portanto, para que não apodrecessem enquanto esperavam pela volta da alma, ou fossem dani-
ficados por animais ou ladrões. Depois de mumificado, o corpo era colocado em um sarcófago e
enterrado junto com seus pertences pessoais e vários objetos, para que pudesse viver confortavel-
mente essa nova vida. A família deveria levar constantemente alimentos ao túmulo, para garantir
sua sobrevivência.
Entretanto, nem todos ganhavam a vida eterna. Os mortos

© Pabras – Bigstock
eram levados pelo deus Anúbis para o Tribunal de Osíris, onde
eram julgados. O coração do morto era colocado no prato de
uma balança, no qual estavam gravadas todas as suas ações
na Terra. No outro lado da balança estava uma pluma, símbolo
da deusa Maat. O equilíbrio garantia a vida eterna nos campos
de Osíris. Se isso não ocorresse, o coração era devorado. Se
fossem absolvidos, os mortos renasciam no corpo conserva-
do. Se condenados, morriam para sempre. A fé na vida depois
da morte fez dos templos egípcios os mais ricos de toda a
História, representando uma fonte importante para estudos
sobre essa sociedade.
Como os demais aspectos da vida no Egito, a arte foi forte-
mente influenciada pela religião. Ela era utilizada para agradar
aos deuses ou auxiliar os mortos em sua passagem para a ou-
tra vida. As grandes obras arquitetônicas exaltavam o faraó e
sua rainha e os deuses do Egito. As esculturas representavam
deuses, o faraó e os nobres do reino. A pintura, que encontra-
mos nas tumbas, nos templos e nos palácios, registrava a vida
cotidiana e o mundo do além, assim como a literatura.
A escrita egípcia era feita com sinais que representavam
ideias e sons: os hieróglifos. Complicada e demorada, foi gra- Representação do deus-chacal Anúbis, no templo de
Luxor, Egito.
vada em pedra, madeira e metal. Nos túmulos, era utilizada na
inscrição do Livro dos Mortos, que guiaria a alma do falecido até Osíris. Para o uso cotidiano e para
registrar estoques e outros tipos de arquivos, os egípcios desenvolveram o hierático, uma escrita sim-
plificada e, mais tarde, o demótico, uma versão ainda mais simples de escrita.
A medicina egípcia era muito desenvolvida, sendo os egípcios os melhores médicos do mundo
antigo. As técnicas de mumificação lhes permitiram conhecer muito bem a fisiologia do corpo hu-
mano. Faziam cirurgias no crânio, amputações, curavam doenças nos rins, no estômago, coração e
nos olhos, e conheciam o funcionamento do sistema circulatório. Sabiam que as doenças possuíam
causas naturais e elaboravam extensas listas de remédios. Os médicos gozavam de grande reputação
na sociedade egípcia.
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Você deve ter percebido que a escrita hieroglífica dos antigos egípcios era bem complicada e demo-
rada. Para se tornar um escriba, por exemplo, era necessário ter anos de estudo e dedicação.
Hoje, no entanto, a situação é bastante diferente. A escrita foi popularizada e se tornou essencial
para nossa comunicação. É impossível nos imaginarmos sem a habilidade de ler e escrever, não é
mesmo? Só que essa realidade ainda não é universal entre nós, brasileiros. Apesar de uma ligeira
queda ao longo dos anos, de acordo com informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domi-
cílios (Pnad), em 2019, havia ainda, no Brasil, cerca de 11 milhões de pessoas analfabetas com 15
anos ou mais de idade.
Sobre isso, leia o texto a seguir.

Analfabetismo cai, mas Brasil ainda tem 11 milhões sem ler e escrever
A taxa de analfabetismo no Brasil passou de 6,8%, em 2018, para 6,6%, em 2019, de acordo com
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação, divulgada hoje
(15). Apesar da queda, que representa cerca de 200 mil pessoas, o Brasil tem ainda 11 milhões de
analfabetos. São pessoas de 15 anos ou mais que, pelos critérios do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), não são capazes de ler e escrever nem ao menos um bilhete simples.
“É uma taxa que vem baixando ao longo do tempo”, diz a analista da pesquisa Adriana Beringuy.
Em 2016, era 7,2%. “O analfabetismo está mais concentrado entre as pessoas mais velhas, uma vez
que os jovens são mais escolarizados e, portanto, vão registrar indicador menor”, acrescenta.
Apesar de ter registrado queda, os dados mostram que 18% daqueles com 60 anos ou mais são
analfabetos. Em 2018, eram 18,6% e, em 2016, 20,4%.
Reduzir a taxa de analfabetismo no Brasil está entre as metas do Plano Nacional de Educação
(PNE), Lei 13 005/2014, que estabelece o que deve ser feito para melhorar a educação no país até
2024, desde o ensino infantil, até a pós-graduação. Pela lei, em 2015, o Brasil deveria ter atingido
a marca de 6,5% de analfabetos entre a população de 15 anos ou mais. Em 2024, essa taxa deverá
chegar a zero.
“A gente percebe que chegou em 2019 com a taxa nacional próxima à meta de 2015, é como se
estivéssemos quatro anos atrasados nesse atendimento”, diz Adriana.
[...]
Além das diferenças entre as idades, o levantamento mostra que existem desigualdades raciais
e regionais na alfabetização no Brasil. Em relação aos brancos, a taxa de analfabetismo é 3,6%
entre aqueles com 15 anos ou mais. No que se refere à população preta e parda, segundo os critérios
do IBGE, essa taxa é 8,9%. A diferença aumenta entre aqueles com 60 anos ou mais. Enquanto
9,5% dos brancos não sabem ler ou escrever, entre os pretos e pardos, esse percentual é cerca de
três vezes maior: 27,1%.
(TOKARNIA, Mariana. “Analfabetismo cai, mas Brasil ainda tem 11 milhões sem ler e escrever”. Agência Brasil. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2020-07/taxa-cai-levemente-mas-brasil-ainda-tem-11-milhoes-de-analfabetos.
Acesso em: 16 ago. 2020.)

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5. Em sua opinião, quais tipos de problema uma pessoa que não sabe ler nem escrever pode enfrentar
na sociedade que vivemos?

6. Faça uma entrevista com seus familiares e descubra com quantos anos eles aprenderam a ler e a
escrever. Depois, tente descobrir quanto tempo cada um deles permaneceu na escola. Organize
essas informações e apresente-as aos seus colegas.

Cuidados para o além


Os tipos de mumificação variavam muito, de acordo com as posses do morto. No caso dos homens
ricos, o corpo era lavado, o cérebro e os órgãos removidos e guardados em vasilhas com líquidos con-
servantes. Era mergulhado em uma solução chamada “natrão”, um tipo de sal encontrado no fundo dos
lagos secos do Egito, para secar e preservar o cadáver. Sessenta dias depois, era preenchido com panos
embebidos em óleos e resinas para perfumá-lo e conservá-lo (usavam principalmente mirra e canela).
Então, envolviam-no em tiras de linho; começava-
-se a enfaixar a múmia pelos dedos individualmen-

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te, depois os membros, a cabeça e, por fim, todo o
corpo; os braços eram esticados ao longo do corpo
com os antebraços cruzados no peito ou no abdo-
me; com o cadáver todo enfaixado, era despejada
resina por cima das faixas e colocada uma másca-
ra na sua cabeça. Só após esse ato é que o corpo
ia para o sarcófago, que consistia usualmente em
um caixão de madeira decorado com pinturas e e
hieróglifos, depois, era colocado no interior do tú-
mulo, junto com seus vários pertences. O Livro dos
Mortos, que continha regras para a vida eterna,
era enterrado ao lado, no caso das classes mais
privilegiadas. Os antigos egípcios acreditavam
em magia, e que até mesmo múmias podiam ser Múmia egípcia no Museu do Cairo.

afetadas por ela. Segundo uma cerimônia registrada no Livro dos Mortos, era possível trazer uma múmia
ou estátua de volta à vida. Bastava levantar a perna de um touro na direção dela e tocar seu rosto com
a lâmina de uma faca em formato de rabo de peixe.

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História 9
As pirâmides eram abrigos que continham as tumbas dos antigos faraós. Para os egípcios, as pirâmi-
des representavam os raios do Sol brilhando em direção à Terra. Todas foram construídas na margem
oeste do rio Nilo, em direção ao Sol poente. Os egípcios acreditavam que, sepultando seu rei em uma
pirâmide, ele tomaria seu lugar de direito junto aos deuses. Sabe-se que existiram mais de 170 pirâmides
no Egito e na Núbia. Seu interior era decorado com pinturas, móveis, joias, armas e objetos pessoais,
além de comida. Foram feitas de blocos de calcário e granito tirados das pedreiras egípcias e trazidos
através do Nilo.

A primeira a ser construída foi a pirâmide de degraus, na região de Saqqara. Projetada por Imhotep, um
arquiteto egípcio, foi o primeiro edifício a ser erguido com pedras em vez de tijolos de barro, tornando-
-se, na época, a maior estrutura em pedra construída do mundo.

As maiores pirâmides egípcias são conhecidas como pirâmides de Gizé, já que se encontram perto
da cidade de mesmo nome, situada às margens do Nilo e nas proximidades das ruínas de Mênfis. A
pirâmide de Queóps é a maior e mais antiga. Foi construída por volta de 2550 a.C. e consumiu mais de
10 milhões de pedras. Possui 147 m de altura e levou cerca de vinte e três anos para ser erguida por
100 000 trabalhadores. Na sua construção, foram usadas ferramentas simples, como martelos para as
fendas nas pedras, rolos, rampas e trenós de madeira. Devido à sua grandeza, os antigos considera-
vam a pirâmide de Queóps uma das sete maravilhas do mundo. Cada uma das três pirâmides faz parte
de um complexo que compreende um templo no vale, uma rampa, um templo funerário, as pirâmides
menores das rainhas, e os vários túmulos (mastabas) dos sacerdotes e pessoas do governo. Apesar de
complicadas medidas de segurança, como sistemas de bloqueio com pedregulhos e grades de granito,
todas essas pirâmides foram profanadas e roubadas. A construção de pirâmides no Egito foi, por conta
desses constantes roubos, apenas um capítulo em sua longa história. Como os faraós eram sepultados
com grande riqueza, elas passaram a ser alvo de ladrões, fazendo com fosse abandonada a ideia de
novas construções. A partir de então, foram construídos os hipogeus, túmulos subterrâneos. O Vale dos
Reis era o nome do local onde foram sepultados os grandes faraós do novo império. Feito em Tebas,
hoje cidade de Luxor, as tumbas eram escavadas nas rochas por trabalhadores que abriam corredores
e câmaras e depois colocavam uma parede de argamassa onde eram feitas as pinturas e esculturas.
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As grandes pirâmides em Gizé, Egito.

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10 História
A sociedade e a vida no Egito antigo
A sociedade egípcia era hierarquizada. O faraó ocupava o topo da

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hierarquia. Considerado um deus, filho de Amon-Rá e encarnação de
Hórus, o faraó era um intermediário entre os deuses e os homens.
Acreditava-se que a felicidade do reino dependia das cerimônias rea-
lizadas por ele. Comandava o exército, a política, a economia e a reli-
gião. A nobreza formou-se em torno da figura do faraó. Formada pelos
parentes do soberano, altos funcionários do exército e da administra-
ção, usavam seu poder para transmitir seus cargos para os descenden-
tes. Levavam uma vida farta e luxuosa.
Os sacerdotes eram responsáveis pelos rituais religiosos, gozando
de muito prestígio na sociedade egípcia. Cada deus possuía seu templo,
onde moravam vários sacerdotes para “servi-lo”. Os templos recebiam
terras do faraó e alguns se tornaram muito poderosos ao longo da his-
tória egípcia. Além do faraó, dos nobres e dos sacerdotes, os escribas
eram os únicos que sabiam ler e escrever. Eram funcionários administra-
tivos e sua profissão era uma das poucas maneiras de um egípcio conse-
guir melhorar sua condição de vida, podendo, o escriba, chegar a cargos
Busto em madeira da rainha Nefertiti.
mais elevados, como o de magistrado, inspetor ou fiscal. Museu do Cairo, Egito.

Os soldados não eram bem vistos pela po-


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pulação. Inicialmente, o exército era formado


pelos camponeses quando havia algum conflito,
mas, com o tempo, passou a ser composto por
mercenários estrangeiros.
Os camponeses e pequenos artesãos, tam-
bém conhecidos como “felás”, compunham a
maioria absoluta da população egípcia. Muito
pobres, eram explorados pelas camadas supe-
riores. Como na Mesopotâmia, eram obrigados
a ceder parte de sua produção e a trabalhar na
construção de obras públicas. Os artesãos tra-
Ruínas do Templo de Edfu, Egito.
balhavam em oficinas controladas pelo Estado
e também possuíam uma vida miserável. Além desses trabalhadores, havia os que trabalhavam nas
minas e pedreiras (geralmente criminosos condenados).
Os escravos geralmente eram prisioneiros de guerra. Os egípcios tratavam bem seus escravos, em
comparação com outros povos. Entretanto, seu número nunca foi maior do que o de trabalhadores livres.
As famílias dentro dessa sociedade eram nucleares, já que apenas o faraó poderia se casar várias ve-
zes. O adultério e a homossexualidade eram condenados, embora um homem pudesse ter uma amante
ou segunda esposa se a legítima não lhe desse filhos. As mulheres gozavam de mais direitos que em
outras sociedades antigas. Participavam de festas e eventos, faziam compras em mercados, podiam
muitas vezes escolher seus maridos, pedir o divórcio e participar da linha de sucessão. A sociedade era
patriarcal, mas se sabe que a mulher exercia grande influência sobre toda a civilização egípcia.
Em todos os aspectos do cotidiano dessa civilização podemos perceber as grandes diferenças so-
ciais que existiam. As escolas serviam apenas às famílias mais ricas, já que as crianças pobres acom-
panhavam as mães na lavoura. As meninas estudavam até os 12 anos, sendo depois orientadas para o
casamento. As escolas eram muito rigorosas e os castigos físicos eram constantes. Enquanto existiam
luxuosos palácios nas grandes avenidas, feitos de tijolos e rodeados de jardins e imensos muros, a
maioria da população morava em pequenos espaços, estreitos e malcheirosos, que revelavam toda a
miséria da população urbana. A situação não era melhor no campo, onde os trabalhadores habitavam
pequenos casebres feitos de barro, madeira e junco. O calor durante o dia era enorme, e havia uma
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História 11
grande quantidade de moscas, responsáveis pela transmissão de muitas doenças. Os homens ricos
usavam normalmente um saiote ou uma sunga, enquanto as mulheres usavam vestidos retos, de alças
largas, muitas vezes pregueados, feitos de linho. Ornamentavam-se com muitas joias e perucas, ba-
nhavam-se com frequência e usavam muitos cosméticos e perfumes. Por serem muito supersticiosos,
os egípcios desenvolviam joias que serviam como amuletos. Os cosméticos usados pelo faraó e sua
corte também eram de extrema importância, pois seu uso era destinado não apenas ao aspecto esté-
tico, mas também à saúde e à higiene. Na realeza, costumava-se pintar os olhos com uma tinta preta
obtida a partir do chumbo, da fuligem ou da grafite (a maquiagem foi inventada no antigo Egito). Já
os pobres vestiam apenas uma sunga ou uma túnica simples e as crianças andavam nuas.

A economia movida pelo Nilo


Como na Mesopotâmia, o Egito também adotava o sistema de servidão coletiva. Toda a economia
era organizada pelo Estado através de seus representantes, que demarcavam as terras distribuindo
tributos conforme seu tamanho e dividiam o trabalho. A agricultura era a atividade principal, embora
também caçassem e pescassem. As principais culturas eram as de trigo, cevada, uva e papiro, mas
também plantavam lentilha, grão-de-bico, alface, cebolas e tomates, além de criarem patos, gansos,
bois, carneiros, porcos, cabras e pombos, e cuidarem de muitos pomares. Usavam o arado com tração
animal, puxado por bois. Quase tudo que o trabalhador produzia era guardado nos celeiros do faraó,
ficando apenas uma pequena parte para o agricultor.
Muitos estudiosos afirmam que não existia a propriedade privada dentro do antigo Egito. Embora
todas as propriedades dependessem da aprovação do faraó, há registros de terras nas mãos de altos
funcionários, com caráter vitalício e outras, hereditário, e de sacerdotes que as recebiam através de
doações. Com o tempo, surgiu também uma classe de proprietários militares, beneficiários de con-
cessões reais, e de senhores locais.

© Angel Blanco – Bigstock

Canal agrícola e o rio Nilo ao fundo.

Com a economia dirigida pelo Estado, houve dificuldade na formação de uma classe comercial
mercante. O Egito fazia comércio no mar Negro, com a Núbia e com a Síria, além da Fenícia, trocando
pedras preciosas, marfim, perfumes, madeira e armas de fogo pelos seus cereais, vinhos, óleos, cer-
veja e papiro. Esse comércio externo também estava nas mãos do Estado.
Os egípcios eram bons matemáticos. Conheciam a subtração, a adição e a divisão, mas não conhe-
ciam a multiplicação. Usavam seus conhecimentos matemáticos na construção de pirâmides, templos
e obras hidráulicas. A numeração era decimal, mas não conheciam o zero.
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12 História
7. Para responder à questão, leia o texto a seguir.
Dentro das condições mais suaves do Egito, com céus sem nuvens e uma enchente anual
previsível e uniforme, uma regularidade moderada contrasta com o ambiente tempestuoso e
turbulento, os relâmpagos, as catastróficas torrentes e inundações, das regiões mais orientais.
Tão logo os novos cereais e a cultura do arado foram introduzidos no Egito, houve semelhante
superabundância de alimentos, e por causa dela, sem dúvida, uma superabundância de bebês.
Mas todos os feitos de domesticação do Egito foram realizados sob um céu sem nuvens de
tempestade, intocado por sombrias incertezas, não amargurado nem atormentado por repetidas
derrotas.
(MUMFORD, Lewis. A cidade na história: suas origens, transformações e perspectivas. São Paulo: Martins Fontes, 1991. Adaptado.)

a) Com base no texto, explique a importância das condições naturais da região para o desenvol-
vimento da civilização egípcia.

b) Segundo o texto, qual frase justifica a afirmação: “A vida era boa no antigo Egito”. Transcreva-a.

c) De acordo com o texto, qual era a principal atividade econômica no antigo Egito?

8. Sobre o Egito, podemos afirmar que


I– o faraó detinha todo o poder e era auxiliado pelos sacerdotes, escribas e militares.
II – a religião influenciava todos os aspectos da vida dos egípcios.
III – o isolamento geográfico permitiu que sua cultura perdurasse por um longo período de tempo.
IV – os escravos eram a maioria da população egípcia.
Estão corretas as afirmações

a) I, II e III. b) I, II e IV. c) I, III e IV. d) II, III e IV. e) todas.

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História 13
9. De acordo com os historiadores, os egípcios baseavam seu conhecimento do mundo com base nos
mitos, como é o caso da lenda do deus Osíris. Explique de que maneira essa lenda estava ligada
à atividade agrícola e relacione-a com a manutenção do poder político no Egito.

10. “Assim eram tratados os cadáveres segundo o método mais dispendioso”, diz o historiador Heródoto,
“mas para aqueles que preferem um modo mais fácil, evitando gastos excessivos, o embalsamento
é feito assim: preparam-se injeções de óleo de cedro, com elas, enche-se o ventre do morto sem
efetuar cortes e sem tirar os intestinos. Depois é mantido imerso no natrão pelo tempo estabelecido.
No último dia tira-se o óleo do ventre; o óleo é tão eficaz que traz consigo os intestinos e as vísceras
amolecidas. Quanto aos tecidos, são consumidos pela ação do natrão. Assim, do morto só restam a
pele e os ossos”. “Finalmente, para aqueles que não dispõem de recursos, existe uma terceira forma:
depois de ter tratado os intestinos, o morto é colocado no natrão durante os setenta dias estabele-
cidos e depois é retirado e está pronta a múmia.” “Na sua grande maioria, contudo, os mortos eram
simplesmente enterrados na areia, confiando-se também na aridez bacteriológica do deserto.”
Compare os exemplos descritos acima por Heródoto com as técnicas de mumificação deste capí-
tulo para as pessoas mais ricas. O que o estudo sobre essas diferentes técnicas pode nos contar
sobre essa sociedade?

11. A metade do grão é roubada pelos vermes, a outra é roubada pelos hipopótamos; no campo
proliferam as ratazanas, descem os gafanhotos [...] e por último chega o funcionário: observa
a colheita com sua escolta armada com bastões, os negros com látegos e dizem: dê-nos cereal.
Se não há cereal, açoitam o dono [...] que é amarrado e lançado no canal [...] sua mulher e os
filhos amarrados [...].
(Sátira dos Ofícios. In: TROUX, A. e GOTHIER, L. L’Antiquité. H. Dessain, vol. 1, p. 29.)

O texto acima é um relato de um camponês egípcio. Com base em sua leitura e do que foi discutido
nas aulas, responda:
a) Qual o nome do modo de produção descrito?

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14 História
b) Aponte e explique outra atividade que os camponeses eram obrigados a realizar.

Neste capítulo, vimos de que maneira as características geográficas do Egito favoreceram o surgi-
mento de um Estado bastante populoso, controlado por uma monarquia centralizada, cuja legitimida-
de era baseada nas crenças religiosas desse povo. Tal como na Mesopotâmia, havia no Egito o sistema
de servidão coletiva, também conhecido como modo de produção asiático. Vimos que a religião
influenciava todos os aspectos da sociedade egípcia, desde a legitimação do faraó e da hierarquia
social até as artes e o cotidiano das pessoas.

Livro sugerido
O egípcio – Mika Waltari. Itatiaia.

Site sugerido
http://www.touregypt.net/ (em inglês)

Absolvidos – livres de culpa, inocentados. Famílias nucleares – formadas por pai, mãe e
Beneficiários – que recebem alguma vantagem ou filhos.
benefício. Ornamentavam-se – enfeitavam-se.
Bruscas – repentinas.

Com base no que estudamos neste capítulo, responda: você acredita que um Estado governado
por preceitos religiosos pode trazer justiça social e prosperidade para sua população? Justifique e
apresente suas conclusões para os colegas.

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História 15
Capítulo
História

7 Os hebreus

O texto abaixo se refere aos Dez Mandamentos que, segundo a tradição hebraica, foi ditado por
Deus ao líder dos judeus Moisés, no Monte Sinai. Leia-o atentamente e, depois, responda.

© Daniel Ramos

1. Você já ouviu falar nos Dez Mandamentos? Quando e como isso ocorreu? Explique.

2. Com base na leitura do texto, que diferença podemos encontrar entre a religião dos hebreus e as
religiões dos egípcios e mesopotâmicos?

3. Em sua opinião, esses mandamentos ainda influenciam as sociedades contemporâneas? Justifique


sua resposta.

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16 História
4. Com base nos Dez Mandamentos, elabore uma hipótese para explicar o papel da mulher na socie-
dade hebraica.

Canaã ou Palestina (séc X a.C.)


IMPÉRIO
ASSÍRIO
Dos povos da Antiguidade, o povo hebreu foi
um dos que mais influenciaram o mundo con- Biblos

A
SÍRIA
temporâneo, através de sua religião e de seu có-

CI

digo moral e ético. Mais da metade da popula-

FE
ção mundial professa o monoteísmo (culto a um Sidon
Damasco
único deus): judeus, cristãos e muçulmanos. Os Mar
Dez Mandamentos ainda são a base de muitos Mediterrâneo
Tiro

IA
códigos de conduta, principalmente entre judeus


e cristãos em todo o mundo. Neste capítulo, es-
LI Cafarnaum
tudaremos as origens do povo hebreu e suas
GA

principais características.
L
AE
A evolução política, IS
R
Rio Jordão

socioeconômica e cultural do
A

Jericó
povo hebreu
ÉI

Asdod AMON
ST

Ascalon Jerusalém
LI

Muito do que sabemos sobre a história do Gaza Hebron Mar


FI

Morto
povo hebreu está descrito no Velho Testamento JUDÁ
da Bíblia. Entretanto, não devemos levar o que MOAB
está escrito nesse livro ao pé da letra, visto que
muitos relatos foram feitos em épocas posterio- Deserto da Arábia

res aos eventos descritos. Dessa maneira, o tra- N


balho dos arqueólogos (comprovando, contes-
EDOM
tando e investigando os fatos descritos na Bíblia)
0 40 80 km
é fundamental para que os historiadores possam
elaborar a história dos hebreus.
Domínios de Davi como rei de Judá
A história dos hebreus é única em comparação EGITO
Domínios de Davi como rei de Israel
com os demais povos do Oriente Próximo. Ela pode
Ezion Geber Território conquistado por Davi
ser dividida em três períodos distintos: o período Golfo de Limites do Império de Davi e Salomão
dos patriarcas, o dos juízes e o da monarquia. Ácaba

(Fonte: Com base em ARRUDA, José Jobson de A. Atlas Histórico Básico.


São Paulo: Ática, 2009.)

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História 17
O período dos patriarcas (2000 a 1200 a.C.): de acordo
© Chris Hellier – Corbis (DC) - Latinstock

com a tradição, inicialmente os hebreus viviam na Mesopo-


tâmia, como uma comunidade de pastores nômades. Alguns
historiadores afirmam que a verdadeira origem desse povo
é o deserto da Arábia. Ainda segundo a tradição, chefiados
por Abraão, os hebreus saíram da cidade de Ur e dirigiram-se
para a terra de Canaã (atual Palestina), nos primeiros séculos
do II milênio a.C. Os hebreus estavam organizados em comu-
nidades tribais, chefiadas por patriarcas. A propriedade era
comunitária e não havia diferenças sociais.
Por volta de 1600 a.C., uma seca prolongada obrigou
uma boa parte dos hebreus a migrar para o Egito, instalan-
do-se no delta do Nilo. Porém, com a expulsão dos invaso-
res hicsos e o surgimento de um sentimento nacionalista
entre os egípcios, os hebreus passaram a ser perseguidos
e escravizados. Por volta de 1300 a.C., liderados por Moi-
sés, os hebreus voltaram à Palestina, no episódio conheci-
do como Êxodo.
Foi nessa viagem que Moisés, de acordo com a tradi-
A morte de Sansão. Ilustração de Gustave Doré.

ção, recebeu de Deus (Iavé), no Monte Sinai, as tábuas contendo os Dez Mandamentos. O sentimento
de “povo eleito” por Deus surgiu das dificuldades dessa viagem e da aliança entre Deus e o seu povo.
Essa aliança diz respeito à adoção de um único deus (monoteísmo) e à proibição da idolatria.

O período dos juízes (1200 a.C. a 1010 a.C.): no regresso

© Album – Akg-Images – Latinstock


à Palestina, os hebreus entraram em conflito com os cananeus,
povo sedentário e agrícola que habitava a região. Os hebreus
lutaram também contra os filisteus, um povo vindo da Ásia Me-
nor, que combatia com armas de ferro e conquistou a maior
parte do território. O nome “Palestina” deriva de “filistina” ou
“filisteia” (terra dos filisteus). Nesse período, o povo hebreu es-
tava dividido em 12 tribos independentes, cada qual governada
por um chefe político, religioso e militar conhecido como juiz.
Os juízes mais famosos foram Gideão, Sansão e Samuel. Nesse
período, a população hebreia iniciou a mudança do nomadismo
para o sedentarismo.
O período da monarquia (1010 a.C. a 587 a.C.): a necessi-
dade de maior organização para derrotar os filisteus levou os
hebreus a organizarem uma liderança centralizadora, adotando
a monarquia.

Em 1010 a.C., Saul foi proclamado rei, sendo sucedido por Salomão. Ilustração de Gustave Doré.
Davi, que venceu definitivamente os filisteus e transformou Jerusalém na capital de seu reino.

O filho de Davi, Salomão, consolidou a monarquia hebraica, adotando características dos sobera-
nos mesopotâmicos e egípcios. Centralizou o poder, instituiu a servidão coletiva e montou uma admi-
nistração com muitos funcionários. Para realizar essas inovações e ainda construir o famoso templo
de Jerusalém (também conhecido como Templo de Salomão), o soberano hebreu taxou excessivamen-
te seu povo, além de recrutar, a cada três meses, mais de 30 mil pessoas a fim de executar serviços
gratuitos para os fenícios, de quem comprou os materiais para a construção do templo.

A insatisfação das tribos com a monarquia aumentava a cada ano e, após a morte de Salomão,
estouraram revoltas sociais que dividiram o reino hebreu em dois: ao Norte, o reino de Israel, mais
urbanizado e com a capital em Samaria; ao Sul, o reino de Judá, mais rural, com capital em Jerusalém.
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18 História
No período monárquico e sedentário, surgiu a diferenciação social e a economia comercial, que
estimulava o individualismo e o desejo de lucro. As desigualdades sociais e a exploração dos pobres
pelos ricos foram as causas das constantes revoltas que abalaram os dois reinos hebreus. Nesse pe-
ríodo surgiram os primeiros profetas, que clamavam contra as injustiças, a opressão dos pobres e
o desvirtuamento da religião.

Como vimos, os profetas surgiram após a formação da monarquia e das desigualdades


sociais entre o povo hebraico. Para alguns historiadores foi na época dos profetas que os hebreus
desenvolveram o monoteísmo e um código de conduta. Nessa época, a religião hebraica era
basicamente voltada para promover uma sociedade justa e harmônica. Veja, abaixo, trechos do
livro de Isaías, um dos profetas:
“Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu
ouvido, para que não possa ouvir; mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso
Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça. Porque as
vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos de iniquidade; os vossos lábios
falam a mentira, a vossa língua pronuncia perversidade. Ninguém há que invoque a justiça com
retidão, nem há quem pleiteie com verdade; confiam na vaidade, e falam mentiras; concebem o
mal, e dão à luz a iniquidade. Chocam ovos de basiliscos, e tecem teias de aranha; o que comer
dos ovos deles, morrerá; e do ovo que for pisado sairá uma víbora. As suas teias não prestam para
vestidos; nem se poderão cobrir com o que fazem; as suas obras são obras de iniquidade, e atos
de violência há nas suas mãos. Os seus pés correm para o mal, e se apressam para derramarem o
sangue inocente; os seus pensamentos são pensamentos de iniquidade; a desolação e a destruição
acham-se nas suas estradas. O caminho da paz eles não o conhecem, nem há justiça nos seus
passos; fizeram para si veredas tortas; todo aquele que anda por elas não tem conhecimento da
paz.” (Isaías 59:1-8.)

5. Com a ajuda do(a) professor(a), leia o texto anterior e escreva abaixo suas principais ideias.

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História 19
6. Essas ideias são adotadas atualmente? Justifique sua resposta utilizando exemplos do seu dia a dia.

O papel da religião
A história do povo hebreu não pode ser dissociada de sua religião. Há uma ligação tão íntima que
se torna difícil falar separadamente de cada uma. Conhecemos por “monolatria” o culto a um único
deus, mesmo acreditando-se na existência de outros deuses. Isso era bastante comum na Antiguida-
de, com a presença dos deuses de cada tribo, cada clã ou mesmo cada povo. Já o “monoteísmo” é a
crença na existência de apenas um deus, que dita normas de comportamento e exige uma conduta
ética por parte de seus seguidores. Todos os outros são considerados falsos deuses. Os dois traços
característicos da religião dos hebreus são o monoteísmo e o salvacionismo, isto é, a crença na vinda
de um Messias ou Salvador para libertar o povo hebreu.
Na tradição hebraica, Iavé não é representado em pinturas, e seu nome não deve ser pronunciado.
Repugnam a idolatria e acreditam que Deus fez uma aliança com eles, o povo escolhido, garantindo
sua proteção divina conforme seus Mandamentos. É uma religião baseada, fundamentalmente, na
ética e na moral.
Na época de Salomão, o culto a Iavé já era feito pelos sacerdotes, os rabinos da tribo de Levi, que
eram responsáveis pelas funções religiosas no reino. Os rabinos sempre foram muito prestigiados
dentro da sociedade judaica. Eram eles que organizavam as grandes festas e os jejuns, celebravam os
cultos, recebiam as doações e faziam as circuncisões.
Toda vida religiosa dentro da tradição hebraica é baseada na Torá, os cinco primeiros livros do
Antigo Testamento, atribuídos a Moisés. É nas sinagogas, após a destruição do segundo templo de
Jerusalém, que os judeus oram e leem as Escrituras, mantendo viva a expectativa da vinda de seu Mes-
sias, que deverá restaurar o poder real de Davi e reunir todo o povo eleito de Deus. As sinagogas não
são, entretanto, consideradas moradas de Deus, mas um lugar de reunião, culto e instrução, o centro
da comunidade. Os hebreus possuíam, na época do Êxodo, uma escrita própria, que foi aos poucos
sendo substituída pelo aramaico. O atual alfabeto hebraico é uma variação do aramaico.
© Domínio público

Alfabeto hebraico.

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20 História
A produção cultural hebraica está ligada à sua

© Album – Akg-Images – Latinstock


vida religiosa. São nos livros do Antigo Testamen-
to que encontramos os elementos essenciais para
estudarmos a cultura judaica. Neles existem relatos
feitos oralmente, passados de geração em geração,
ligados à vida cotidiana desse povo e recheados de
metáforas e hipérboles. A palavra “Bíblia”, que vem
do grego e significa “os livros”, é sagrada para o ju-
daísmo assim como para outras religiões, como o
cristianismo. Mas não é apenas uma obra religiosa.
Muitas de suas passagens têm sido confirmadas pela
historiografia. Entretanto, suas informações preci-
sam ser interpretadas de acordo com a linguagem
da época, o público a que se destinavam e a situação
histórica do momento. Os textos do Antigo Testa-
mento possuíam muitas semelhanças com os textos
babilônicos, como podemos perceber no Mito da
Criação, que está ligado à ideia do Grande Dilúvio, já
presente nos antigos mitos babilônicos. Adão e Eva expulsos do Paraíso. Ilustração de Gustave Doré.

O fim da autonomia hebraica


A autonomia do povo hebreu teve seu fim com as invasões dos reinos de Israel e Judá. O primeiro
foi invadido em 722 a.C. pelos assírios. Seus habitantes foram escravizados e dispersaram-se pelo
império dos conquistadores. Em 587 a.C., o reino de Judá foi conquistado pelos neobabilônios co-
mandados por Nabucodonosor. O templo de Salomão foi destruído e a população foi levada como
cativa para a Babilônia, no episódio conhecido como Cativeiro da Babilônia. Esse cativeiro durou
até 538 a.C., quando Ciro, o Grande, conquistou a Mesopotâmia e libertou os hebreus, que retorna-
ram à Palestina. Entretanto, a Palestina havia se tornado uma província do império persa, estando
sujeita à interferência de seus novos senhores. A partir dessa época, os hebreus se organizaram em
torno de sua religião, e os sacerdotes se tornaram os principais líderes do povo.
A Palestina foi controlada, sucessivamente, pelos persas, macedônios e romanos. Em 70 d.C., os ro-
manos sufocaram violentamente as revoltas dos hebreus, levando esse povo a se dispersar pelo mundo,
em um episódio conhecido por Diáspora. O povo hebreu só voltaria a ter um Estado territorial em 1948,
com a fundação do Estado de Israel. Estudaremos as características desse Estado em outro capítulo.

7. Os hebreus possuíam uma característica religiosa única. Aponte-a.

a) idolatria b) politeísmo c) monocultura d) monoteísmo e) espiritismo

8. Uma das principais fontes de informação sobre a história dos hebreus é a Bíblia. Entretanto, é
preciso tomar cuidado com sua interpretação literal, pois
a) muitos relatos foram feitos em épocas posteriores aos eventos descritos na Bíblia.
b) todos os textos são baseados em relatos históricos vividos por povos estranhos aos hebreus.
c) apenas o Pentateuco foi realmente escrito pelos hebreus.
d) nunca foi possível para os arqueólogos comprovar qualquer um dos fatos descritos no texto
bíblico.
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História 21
e) os textos bíblicos não citam nenhum outro povo a não ser o hebreu, prejudicando sua credi-
bilidade.

9. Apesar de a tradição afirmar que a origem geográfica do povo hebreu ficava na Mesopotâmia, al-
guns historiadores defendem outra região de onde esse povo se originou. Estamos nos referindo
a) a Canaã.
b) à Arábia. d) à Síria.
c) ao planalto iraniano. e) à Palestina.

Os textos a seguir são relatos sobre o mesmo fato. O primeiro foi encontrado por arqueólogos que
escavaram a capital assíria – Nínive – e foi escrito nas paredes do palácio real. O segundo é um dos
livros da Bíblia, Crônicas II. Leia-os com atenção e depois responda às perguntas propostas.
“Quanto a Ezequias, o judaico, ele não se submeteu ao meu jugo. Eu montei cerco em 46 de
suas cidades fortificadas e em incontáveis pequenas aldeias; a tudo conquistei usando rampas de
acesso que nos colocaram perto das muralhas [...]. Eu expulsei 200.150 pessoas, jovens e velhos,
homens e mulheres, cavalos, mulas, jumentos, camelos, gado grande e pequeno além da conta,
e a tudo considerei como pilhagem de guerra. Ele mesmo eu o fiz prisioneiro em Jerusalém, na
sua residência real, como um pássaro numa gaiola. [...] Suas cidades que eu saqueei, eu as tomei
de seu país e as dei todas a Motinti, rei de Ashdod, a Padi, rei de Eglon, e a Sillibel, rei de Gaza.
Dessa maneira, eu reduzi seu país, mas ainda aumentei meu tributo.” (Inscrição em baixo relevo
de Senaqueribe, século VII a.C.)
II Crônicas – Capítulo 32
2 Quando Ezequias viu que Senaqueribe tinha vindo com o propósito de guerrear contra Jerusalém,
3 teve conselho com os seus príncipes e os seus poderosos, para que se tapassem as fontes das
águas que haviam fora da cidade; e eles o ajudaram. [...] 6 Então pôs oficiais de guerra sobre o
povo e, congregando-os na praça junto à porta da cidade, falou-lhes ao coração, dizendo: 7 Sede
corajosos, e tende bom ânimo; não temais, nem vos espanteis, por causa do rei da Assíria, nem por
causa de toda a multidão que está com ele, pois há conosco um maior do que o que está com ele.
[...] 21 Então o Senhor enviou um anjo que destruiu no arraial do rei da Assíria todos os guerreiros
valentes, e os príncipes, e os chefes. Ele, pois, envergonhado voltou para a sua terra; e, quando
entrou na casa de seu deus, alguns dos seus próprios filhos o mataram ali à espada. 22 Assim o
Senhor salvou Ezequias, e os moradores de Jerusalém, da mão de Senaqueribe, rei da Assíria, e
da mão de todos; e lhes deu descanso de todos os lados. (II Crônicas 32:2, 3, 6-7, 21, 23.)

10. Qual é o assunto comum aos dois textos?

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22 História
11. Os textos apresentam o assunto da mesma maneira? Explique.

Neste capítulo, estudamos o desenvolvimento do povo hebreu e suas características únicas entre
os povos do Oriente Médio. Os hebreus, originalmente um povo seminômade originário da Península
Arábica, acabaram se fixando na Palestina e desenvolveram um governo monárquico e a primeira
religião monoteísta da região, influenciando posteriormente o cristianismo e o islamismo. Além do
monoteísmo, essa influência também se fez sentir no código moral legado pela religião hebraica.

Filme sugerido: O príncipe do Egito – Brenda Chapman e Steve Hickner, 1998.


Site sugerido: https://artsandculture.google.com/partner/the-israel-museum-jerusalem.

Código de conduta – regras de comportamento. Dissociada – separada.

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História 23
Escreva uma pequena conclusão sobre a elaboração do conhecimento histórico com base no que você
observou lendo os textos de Senaqueribe e da Bíblia e apresente-a aos seus colegas.

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24 História
Capítulo História

8 Os fenícios e os persas

Com a ajuda de seu(sua) professor(a), analise as imagens abaixo e, depois, compare seus conteúdos.
© BasPhoto – shutterstock

© Domínio público
Escrita hieroglífica dos egípcios com aproximadamente Escrita cuneiforme dos mesopotâmicos com aproximadamente
300 caracteres. 600 caracteres.
© Domínio público

Alfabeto fonético dos fenícios com 24 caracteres.

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História 25
1. Com base nas suas observações, descreva as características de cada um dos tipos de escrita apre-
sentados.

2. Elabore uma hipótese para explicar por que, no decorrer da Antiguidade, o alfabeto fonético dos
fenícios se tornou o código escrito mais difundido entre os povos do Oriente Próximo, mesmo
tendo surgido depois dos hieróglifos e da escrita cuneiforme.

3. De acordo com o que você estudou nas aulas anteriores, analise as vantagens de um sistema fo-
nético de escrita sobre o modelo ideográfico.

4. Elabore uma hipótese para explicar a relação entre o comércio marítimo dos fenícios e o desen-
volvimento da escrita fonética.

Os sistemas de comunicações foram muito importantes na Antiguidade. Como vimos, as escritas


hieroglífica e cuneiforme foram as primeiras a surgir no Oriente Médio e eram utilizadas pelos egípcios
e mesopotâmicos para controlar a produção de alimentos, elaborar leis e relatos de feitos dos governan-
tes, além de fixar por escrito as fórmulas e os preceitos religiosos. Entretanto, tais sistemas eram com-
plicados de se aprender por causa da enorme quantidade de caracteres que o aprendiz deveria decorar
para poder ler e escrever. Por causa disso, a leitura não era difundida em toda a sociedade e os escribas
eram pessoas privilegiadas, pois levavam anos de estudo para aprender a ler e a escrever.
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26 História
Além da escrita, um sistema de estradas também era importante para os povos que haviam criado
grandes impérios. O Egito possuía o rio Nilo, uma estrada natural que ligava o reino de Norte a Sul.
Na Mesopotâmia, os rios Tigre e Eufrates serviam como vias de navegação, e sabe-se que os assírios
construíram estradas para controlar parte do seu império.
Neste capítulo, estudaremos dois povos que, apesar de possuírem características diferentes, cria-
ram soluções de comunicação que posteriormente passaram a ser utilizadas por outros povos da
Antiguidade.

Os fenícios
A Fenícia estava localizada em uma região árida e montanhosa, entre o atual Líbano e o mar Medi-
terrâneo. Era uma estreita faixa de terra, que possuía um litoral muito propício para navegação, além
de imensas florestas de cedros, pinhos e ciprestes em suas montanhas. Não havia, nessa região, gran-
des rios e lagos, como em outras civilizações antigas que estudamos anteriormente. Sendo assim, os
olhos dos fenícios desde muito cedo se voltaram para o mar. A enorme quantidade de madeira de que
dispunham ajudou a impulsionar a construção de barcos, além de servir para a fabricação de móveis
e utensílios. A economia fenícia esteve sempre ligada ao mar, tanto na pesca como na navegação e no
comércio. Há mais de 3000 a.C., essa civilização já usava a navegação para suas atividades comerciais.

A Fenícia, suas rotas comerciais e suas colônias


Âmbar
Azeite
Cerâmicas
Cobre
Córsega Roma Escravos
Bizâncio Especiarias
Nápoles
Sardenha
Estanho
Baleares Ferro
Éfeso
Útica Sicília Antioquia Madeiras
Cádis Atenas
Malta Marfim
Cartago Cnossos Babilônia
Chipre Ugarit Mercúrio
Mar Creta Biblos Metais
Mediterrâneo Tiro Sídon Ouro
Rotas comerciais Papiro

Áreas de influência fenícia Alexandria Peixe


Mênfis Perfumes
Áreas de influência cretense Prata

Produtos importados pelos fenícios Resinas


N
Trigo
Rotas de comércio cretense 0 405 810 km
Vinho

(Fonte: Com base em FRANCO Jr., Hilário; ANDRADE, Ruy De O. Atlas Histórico Geral. São Paulo: Scipione.1993)

As cidades fenícias eram cidades-estado independentes, com governo e administração próprias.


Os reis dessas cidades eram controlados por um conselho, formado pelos comerciantes mais ricos
dessa região. Com o tempo, esse conselho passa a centralizar a administração dessas cidades. Pode-
mos citar Ugarit, Biblos, Sídon e Tiro como as mais importantes cidades fenícias desse período, pos-
suindo portos que comercializavam nos mares Negro, Vermelho e Mediterrâneo, principalmente para
o Egito, seu principal parceiro comercial, que comprava enormes quantidades de papiro.
Com o desenvolvimento crescente dessa atividade, os fenícios passaram a implantar diversos en-
trepostos comerciais e de abastecimento em regiões vizinhas. Estabeleceram colônias, que possuíam
governos próprios no norte da África e na Europa. As rotas comerciais, em sua maioria, eram percor-
ridas no mar e ligavam a Fenícia a suas colônias, levando notícias e mercadorias.
Foram os fenícios os primeiros navegantes a ultrapassarem o Estreito de Gibraltar e chegarem até
a Inglaterra atual, pelo Atlântico. Fundaram as importantes colônias no norte da África (Cartago), na
Espanha (Cadiz), no Mediterrâneo (ilha de Chipre) e no sul da França.
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História 27
Cartago foi uma colônia fundada em 814 a.C. por Dido, irmã de Pigmalião, rei da cidade de Tiro.
O enorme desenvolvimento comercial dessa região sempre fomentou intensas rivalidades com outros
povos. Os cartagineses, como consequência da intensa atividade comercial da região, possuíam uma
cultura cheia de influências externas, principalmente do Egito. Em 146 a.C., o choque de interesses
entre eles e os romanos deu origem às Guerras Púnicas, e ocasionou a destruição da cidade de Carta-
go. Veremos esse período com mais detalhes no capítulo 14.
Os fenícios, embora tivessem no comércio e na

© Hudakore – Bigstock
navegação suas principais atividades, também pes-
cavam e plantavam cereais. Possuíam um artesa-
nato muito rico, comercializado com diferentes re-
giões. Fabricavam tecidos, cristais transparentes,
armas, joias e móveis. O nome “fenício” provém de
uma palavra grega, phoenícia, que significa “terra
da cor púrpura”. Foram eles que inventaram um
método de tingir tecidos através de um corante na-
tural, presente em um tipo de molusco chamado
murex. Esse corante tingia os tecidos em tons que
variavam do rosa ao violeta e eram muito aprecia-
dos, principalmente entre os mais nobres. Concha de um murex.

Os fenícios foram muito influenciados pelos egípcios, mas superaram seus mestres em habilidade,
tem sido os primeiros a produzir o vidro transparente e criar um alfabeto com 22 sinais consoantes,
muito mais simples e fácil de ser usado que os hieróglifos ou a escrita cuneiforme. Esse alfabeto foi
fundamental para o comércio, já que cada fenício precisava anotar com rapidez suas transações. Era
um alfabeto fonético, no qual os símbolos representavam sons. Ele passou a ser usado por diferentes
civilizações, da Grécia à Itália, e por todo o Mediterrâneo. Era escrito da direita para a esquerda, sendo
que as vogais só foram introduzidas depois, pelos gregos.
A religião dos fenícios era politeísta e antropomórfica. Cada cidade dava um nome ao seu deus,
Baal (senhor), associado ao Sol, e a uma deusa, Baalith (senhora), associada à Lua. Para aplacar a ira
dos deuses sacrificavam animais e humanos, principalmente crianças.

Os persas
Em 1300 a.C., diferentes grupos seminôma-
O império persa em comparação com o assírio
des de pastores fixaram-se ao leste da Mesopo-
tâmia, no planalto do Irã atual. Eram os “medos” Mar
Aral
e os “persas”. Foi o rei persa, Ciro, o Grande,
Montes
que, em 550 a.C., dominou os medos e formou Cáucaso
um grande império, o Persa, submetendo as so- MACEDÔNIA
Mar Negro Mar
ARMÊNIA Cáspio
ciedades da Mesopotâmia, consolidando a hege- TRÁCIA
Indo

FRÍGIA
monia na Pérsia e conquistando a Babilônia, o Lídios Nínive Medos
Rio

GRÉCIA ÁSIA MENOR


reino de Lídia e as colônias gregas da Ásia Me-
Rio

ASSÍRIA
SÍRIA
Tig
re

Rio
nor. Seus sucessores foram chamados de “Gran- CRETA CHIPREFENÍCIA Eufrates BABILÔNIA PÉRSIA
PALESTINABabilônia Caldeus
Mar
des Reis” e aumentaram seus domínios, conquis- Mediterrâneo Golfo
JUDÁ
tando enorme poder e prestígio político. LÍBIA Pérsico
Mênfis
Cambises conquistou o Egito Antigo em 525 EGITO
ARÁBIA
a.C. e Dário I, a Trácia, a Macedônia e o Vale do
Rio Nilo

rio Indo (Paquistão atual). Os reis persas acumula-


Ma

N Mar da
rV

Arábia
er
me

vam os poderes religiosos e políticos e, por isso,


lh
o

eram chamados de Grandes Reis. A grande fonte Império Assírio no auge (650 a.C.)
do direito dentro do império Persa era a vonta- Império Persa (494 a.C.) 0 450 900 km

de do soberano divino. Transgredir a lei signifi- (Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas Histórico Básico. São Paulo:
cava ofender a própria divindade. Os juízes em Ática, 2009.)

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28 História
matéria civil eram nomeados pelo soberano, sendo que os crimes de menor importância podiam ser
punidos com chibatadas ou substituídos por uma multa. Entretanto, os crimes mais graves eram
severamente punidos com castigos, como a marca a fogo, a mutilação, a cegueira e a própria morte.
A pena de morte era aplicada em casos de homicídio, estupro, aborto, grave desrespeito à pessoa do
rei e traição.
As principais cidades da Pérsia eram Susa e a capital Persépolis. Foi Dario I quem instituíu a orga-
nização do império:
 Dividiu-o em 20 províncias, as “satrapias”, que eram administradas pelos “sátrapas”, que possuíam
autonomia para cobrarem impostos e praticar a justiça.
 As satrapias eram fiscalizadas pelos inspetores reais, chamados de “olhos e ouvidos do rei”.
 Para facilitar as transações comerciais, o rei Dario implantou uma economia monetária, com o uso
de uma moeda única, o dárico, que podia ser cunhada em ouro, prata ou cobre.
 Montou um sistema de pesos e medidas e de impostos fixos.
Para controlar um império gigantesco, a comunicação tornou-se essencial. Foram construídas nes-
se período várias estradas de pedra e canais (principalmente por escravos prisioneiros de guerra),
que facilitavam as viagens e, consequentemente, o intenso intercâmbio comercial entre as províncias,
além do correio a cavalo. A chamada Estrada Real possuía mais de 2 400 km, ligando as cidades de
Susa (Golfo Pérsico) a Sardes (Ásia Menor). Dessa maneira, as ordens reais podiam circular rapida-
mente através dos mensageiros reais, criando uma rede de informação fundamental para o controle
das regiões mais distantes. Embora praticassem a agricultura, a pecuária, a metalurgia, a mineração
de metais e de pedras preciosas e o artesanato, suas principais fontes de recursos eram os tributos
pagos pelas regiões conquistadas. No topo da estrutura social estavam as nobrezas territoriais, mili-
tares e burocráticas e, na base, servos e escravos.
Sem conseguir administrar rebeliões no vasto território, Xerxes (519 a.C. – 465 a.C.), que sucede
Dario em 486 a.C., entra em conflito com as cidades gregas. As Guerras Médicas (492 a.C. – 448 a.C.)
acabam com a vitória dos gregos.
Em 330 a.C. os persas foram dominados por Alexandre, o Grande, rei da Macedônia. O Império já
mostrava, muito antes disso, sinais de grande enfraquecimento, ocasionado pelas constantes revoltas
contra os aumentos de impostos.
Os persas seguiam os ensinamentos do profeta Za-

© Honjune – Bigstock
ratustra (ou Zoroastro), que realizou uma importan-
te reforma religiosa no século VII a.C. O zoroastris-
mo é uma religião dualista, que apresenta o mundo
em um conflito constante entre o bem, representado
pelo deus Ahura-Mazda (Ormuz, em grego), e o mal,
representado pelo deus Arimã. O ser humano estaria
em luta com essas forças durante toda sua vida. As
boas ou más ações das pessoas poderiam fortalecer
um desses deuses, e apenas no Juízo Final sua alma
imortal seria julgada. Os ensinamentos de Zaratustra
foram reunidos em um livro chamado Avesta.
[...] nas origens primeiras
Rei persa representado como Ahura-Mazda.

Há espíritos gêmeos do bem e do mal


No pensamento, na palavra, na ação
Os homens de inteligência sabem escolher entre ambos [...]
O espírito muito Santo (...) aliou-se à Justiça
E esta mesma aliança procuraram aqueles, que mediante ações honestas
Se esforçam por enaltecer o Sábio Senhor.
(ZOROASTRO. Avesta. In: GOTHIER, L.; TROUX, A. L’Antiquité. Bélgica: H. Dessain, 1977.)

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História 29
Como vimos, a comunicação foi muito importante para fenícios e persas. Para os primeiros, era es-
sencial na hora de realizar o comércio. Para os segundos, uma forma de controlar os povos dominados.
Era importante igualmente para todos os demais povos do mundo antigo. Atualmente, a comunicação
também é utilizada pelos governos ou grupos sociais para controlar ou influenciar as pessoas. Só que
hoje não precisamos mandar mensageiros, pois a revolução das telecomunicações permitiu que pessoas
muito distantes entre si pudessem se comunicar em tempo real, através da internet.
A própria internet surgiu de um projeto militar norte-americano durante a Guerra Fria, na década de
1960. Com medo de que informações sigilosas fossem colocadas em um só lugar e roubadas pelos
soviéticos, os norte-americanos criaram a primeira rede de computadores interligados: a ARPANET
(Advanced Research Projects Agency, ou Agência de Projetos de Pesquisa Avançada). Com o fim das
hostilidades entre americanos e soviéticos, pesquisadores tiveram acesso aos projetos da ARPANET e
acabaram desenvolvendo a internet como a conhecemos.
Atualmente, praticamente todo o planeta está interligado através da internet, e sua importância é
imensa para a defesa dos países, os investimentos financeiros, a divulgação de notícias e a comunicação
entre as pessoas.

5. Você usa a internet diariamente? Explique abaixo como e para que você a utiliza.

6 Os fenícios destacaram-se por suas atividades comerciais e pela navegação. Entre os fatores que
contribuíram para que desenvolvessem essas atividades, podemos destacar
a) o fato de que os egípcios, ao escravizarem a Fenícia, obrigaram seus habitantes a trabalhar
como escravos-comerciantes.
b) o fato de que a Fenícia possuía poucas terras cultiváveis e o acesso ao mar era facilitado por
sua localização geográfica.
c) a existência de grandes rios na Fenícia, que possibilitavam a produção de grandes excedentes
de alimentos para exportação.
d) a migração de sábios egípcios para Tiro, que ensinaram técnicas de navegação e comércio aos
fenícios.
e) o fato de que a grande produção de madeira permitia o comércio de móveis e navios de luxo.

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30 História
7. Leia o texto a seguir e responda às questões.
[...]
O sangue dos fenícios eu herdei, naveguei,
Negociei, fiz riquezas
A mãe terra, natureza
Elo desta arte milenar
[...]
Pérola Negra, samba-enredo de 2007.

a) Segundo o autor do samba-enredo, qual o legado mais importante dos fenícios?

b) O samba é uma das grandes expressões da cultura brasileira. Durante essa festa popular, grupos
carnavalescos divididos em escolas de samba desfilam em grandes avenidas. As fantasias, os carros
alegóricos e o próprio samba-enredo das escolas apresentam temas diversos, como a história de
povos antigos, heróis do nosso país, personagens da literatura etc. Se você tivesse a oportunidade
de escrever um samba-enredo como esse da Pérola Negra que falou sobre os fenícios, qual civili-
zação você escolheria? Justifique sua resposta.

8. Devido ao enorme tamanho de seu império, os persas o dividiram em unidades administrativas


menores. Eram as chamadas
a) satrapias.
b) cidades-estado. d) divisões do grande rei.
c) paróquias. e) estradas reais.

“Grande deus é Ahura-Mazda, que criou o céu lá em cima, que criou a terra cá embaixo, que
criou o homem, que criou a felicidade para o homem, que fez rei a Dario, que ao rei Dario entregou
este grande reino, rico em cavalos, rico em homens.”

9. O texto acima foi encontrado em uma inscrição persa na cidade de Persépolis. Com base nela
podemos ter uma ideia da natureza do Estado persa. Aponte-a.

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História 31
10. Há semelhanças entre o governo persa e o egípcio? Justifique sua resposta a partir do que você leu
na inscrição acima.

11. No mapa abaixo pinte de azul o Egito, de verde a Mesopotâmia, de vermelho a Palestina, de amarelo
a Fenícia e, de preto, trace os limites do império persa no tempo de Dario.

Mar
de
MACEDÔNIA
Mar Negro Aral
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TRÁCIA Bizâncio
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Samarcanda
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Sardes
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EGITO Jerusalém Babilônia
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Persépolis ÍNDIA
PÉRSIA GEDRÓSIA
Rio

Go 0 275 550 km
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Nil

ARÁBIA Pé
Verm
o

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Marelho

ico
Estrada Real

(Fonte: Com base em ARRUDA, José Jobson de A. Atlas Histórico Básico. São Paulo: Ática, 2009.)

Neste capítulo, estudamos as civilizações fenícia e persa. Os primeiros desenvolveram um intenso


comércio marítimo, fundando colônias ao longo do mar Mediterrâneo. Os segundos construíram um
império que englobou todas as civilizações que estudamos nos capítulos anteriores deste bimestre.
Egípcios, mesopotâmios, hebreus, fenícios e persas conviveram uns com os outros e suas culturas
influenciaram-se mutuamente.
Por possuírem algumas características em comum, os historiadores agrupam esses povos em uma
divisão da História Antiga chamada Antiguidade Oriental.

Site sugerido: https://phoenicia.org/PhoeniciaOrg-Gallery/PhoeniciaOrg-Image-Gallery.html (em


inglês).

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32 História
Implantar – construir.

Monte um grupo com seus colegas e juntos, em uma folha à parte, produzam uma tabela apre-
sentando as características dos egípcios, mesopotâmios, hebreus, fenícios e persas, como no modelo
abaixo.
Política Economia Cultura Sociedade
Egípcios
Mesopotâmios
Hebreus
Fenícios
Persas

Depois, escreva a seguir sobre as características comuns desses povos que justifiquem seu agru-
pamento na categoria Antiguidade Oriental.

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História 33
Capítulo
História

9 Civilizações do Extremo
Oriente: China e Índia

Observe as imagens abaixo.


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© YAKOBCHUK VIACHESLAV - shutterstock

© Snezh - shutterstock
Papel. Postura de yoga. Mandala.
© SmileStudio - shutterstock

© Patricia Hofmeester - shutterstock

© wk1003mike - shutterstock

Bússola. Papel-moeda. Pólvora.


© Shutter Ryder - shutterstock

© Quinn Martin - shutterstock

Fogos de artifício. Especiarias da Índia.

Nas imagens, vemos elementos ligados a nações orientais, mais especificamente à China e à
Índia. Você consegue explicar a importância que eles têm para a nossa vida, hoje?
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34 História
Faça uma pesquisa sobre algum dos elementos representados nas imagens que você viu.
 Escreva no seu caderno um pequeno texto sobre o que descobriu.
 Converse com seus colegas e professor(a). Por que escolheu esse elemento? O que você descobriu
sobre ele?

No mundo antigo, desenvolveram-se duas importantes civilizações na Ásia: a chinesa e a india-


na. O território da China, situado no extremo leste da Ásia, é formado por planícies férteis, graças à
presença de dois rios: o Huang-Ho (rio Amarelo) e o Yang-Tsé-kiang (rio Azul). A Índia é uma grande
península situada ao sul do continente asiático. A região também é cortada por dois grandes rios, o
Indo e o Ganges, que fertilizam a terra, propiciando o desenvolvimento da agricultura. Neste capítu-
lo, vamos analisar as principais características dessas civilizações.

A civilização chinesa Os rios Azul e Amarelo

© Eduardo Medina
A região que atualmente constitui
a República Popular da China foi po-
voada desde o período Paleolítico. Os
primeiros assentamentos identificados
do Homo Sapiens Sapiens na China da-
tam de 40 mil anos atrás. No período
Rio Huang-Ho
Neolítico surgem culturas agropasto-
ris em diferentes pontos do território.
As mais conhecidas são as culturas de
Civilização Chinesa
Yangshao, localizada nas margens do
rio Amarelo e famosa pela sua cerâmi-
Rio Yang-Tsé-kiang
ca; e a de Longsham, também no rio
Amarelo, na qual surgiram as primeiras
cidades e a escrita.
A história da China Antiga é marca-
da pela formação de vários reinos, governados por diversas dinastias. Ao longo do tempo, a região
foi ora dividida entre esses vários reinos, ora unificada pela ascensão de um deles. Por volta de
1500 a.C., houve a unificação política das comunidades agropastoris, formando o reino da dinastia
Chang, que permaneceu no poder até aproximadamente 1027 a.C.
O soberano era, ao mesmo tempo, rei e sacerdote. Os chineses veneravam as forças da natureza
e o espírito dos antepassados. A essa dinastia sucedeu-se a dinastia Zhou ou Chow. Com os Chow,
os domínios chineses atingiram o rio Azul. Mas, a partir do século VIII a.C., houve o enfraquecimen-
to do poder real e o fortalecimento da nobreza, provocando a divisão da China em feudos ou reinos
independentes, sendo constantes os conflitos entre eles.
Em 221 a.C., Qin Shi Huang, rei de Qin (ou Chin), unificou a China pelas armas e proclamou-se
Imperador (Huang-Di). Em seu governo, impôs a todos os chineses um mesmo sistema de escrita e
de pesos e medidas. Construiu estradas e canais de irrigação. Por volta de 200 a.C., para defender
o império das invasões estrangeiras, ordenou o início da construção da Grande Muralha.
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História 35
CC BY 3.0
Os famosos guerreiros de terracota, encontrados próximos à tumba de Qin Shi Huang-Di, em Xian

O domínio da dinastia Qin, porém, não sobreviveu ao primeiro imperador. Em 202 a.C., subiu
ao poder a dinastia Han, que governou a China até o século III da Era Cristã. A partir de então, a
China viveu períodos de fragmentação e unificação política. As dinastias mais conhecidas durante
os períodos de unificação política foram Sui, Tang, Yuan, Ming e Ching.

A vida política, social e econômica dos chineses


A mais alta posição na sociedade chinesa era ocupada pelo imperador, considerado Filho do Céu.
Na administração, era auxiliado pelos mandarins, que, muitas vezes, tinham mais influência sobre
suas áreas administrativas do que o próprio imperador. Eles cuidavam do recolhimento dos impos-
tos e organizavam e controlavam as atividades produtivas. Também tinham privilégios as classes
dos militares, dos comerciantes e dos sacerdotes. Os não privi-
legiados, que compunham a maioria da sociedade, eram os cam-
© Domínio Público
poneses, que trabalhavam nas terras do Estado e participavam
da construção de estradas e diques, e os artesãos. O artesanato
chinês era bastante diversificado. Eram confeccionados vasos,
objetos de marfim e jade, e porcelana. Também conheciam a
metalurgia e produziam peças de bronze, ferro e aço.
Os chineses criavam o bicho-da-seda em plantações de amo-
ra e, com os fios, teciam a seda, que chegou a ser comerciali-
zada em várias partes do mundo na época. Os produtos chine-
ses eram apreciados e comprados por outros povos, inclusive
pelos romanos. Estabeleceu-se uma importante rota comercial
entre a China e o Ocidente, conhecida como Rota da Seda. Os
chineses foram também os inventores da bússola e do papel,
e criaram uma forma de impressão, a xilogravura. Utilizavam a
Gravura do século XII representando mulheres
pólvora para fazer fogos de artifício, de que gostavam muito. da dinastia Sung confeccionando seda.

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36 História
©Rui Serra Maia - shutterstock
A Grande Muralha da China foi construída para
servir de barreira contra o ataque de outros povos.
Ela foi ampliada ao longo de várias dinastias. Não é
uma estrutura única, e sim uma composição de várias
muralhas. Hoje representa um dos mais importantes
símbolos da China e é reconhecida como uma das
sete maravilhas do mundo, sendo uma importante
atração turística do país. Turistas visitando a Grande Muralha da China.

O pensamento chinês
Dentre as várias correntes do pensamento chinês, desta-

© Domínio Público
cam-se o confucionismo e o taoísmo. O sábio Kong Qiu, co-
nhecido como Confúcio, afirmava que o homem consegue se
aperfeiçoar por meio do controle de suas emoções, pratican-
do as seguintes virtudes: retidão, prudência, caridade, justiça
e amor filial. Lao-Tsé foi o fundador do taoísmo. Tao, em chi-
nês, significa “caminho”. Entre outros princípios, esse pensa-
dor defendia uma vida simples e natural, pois, por intermédio
dela, os homens podem atingir a harmonia consigo mesmos
Confúcio, representado
e com os outros. Segundo ele, o apego às riquezas materiais em uma gravura feita
é o fator responsável pela desarmonia entre as pessoas. na dinastia Tang.

A partir da Dinastia Zhou (século XII a.C.) surgiu uma filosofia política conhecida como
“Mandato do Céu”. De acordo com ela, os imperadores e dinastias só tinham o direito de go-
vernar a China caso contassem com a aprovação do “Grande Céu”, ou seja, da ordem cósmica
que governava o mundo. Para obter a aprovação do Grande Céu, era preciso que os gover-
nantes fossem moralmente corretos em suas ações. O texto a seguir é um trecho da obra
Shu Jing, ou Os clássicos da História, o mais antigo dos cinco livros atribuídos a Confúcio.
Nele, o primeiro-ministro Yi Yin, do reino de Shang, explica ao herdeiro do trono os fundamen-
tos do Mandato do Céu.
“No décimo segundo mês do primeiro ano... Yi Yin ofereceu sacrifícios ao rei anterior e
apresentou reverentemente o herdeiro-rei diante do santuário de seu avô. Todos os príncipes da
nobreza e da casa real estavam presentes; todos os oficiais também, cada um desempenhando os
seus deveres particulares, estavam lá para receber as ordens do ministro principal. Yi Yin então
descreveu com clareza a virtude completa do Ancestral Virtuoso para o aprendizado do jovem rei.”
“Ele disse: ‘Oh, os antigos reis de Xia cultivavam fervorosamente a sua virtude e então
não havia calamidades do Céu. Os espíritos dos montes e os dos rios repousavam todos em
tranquilidade; os pássaros e as bestas, os peixes e as tartarugas, todos gozavam da sua existência
de acordo com a sua natureza. Mas seus descendentes não lhe seguiram o exemplo e o Grande
Céu enviou calamidades, empregando para isso a ação do nosso governante, que contava com a

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História 37
sua aprovação. [...] Nosso rei de Shang conquistou Xia e exibiu brilhantemente sua capacidade
e inteligência. Substituiu a opressão pela generosa gentileza e os milhões do povo lhes deram
seus corações. Agora, Sua Majestade está herdando a virtude desses ancestrais – tudo depende
de como você começa o seu reinado. Para criar amor, é preciso que você ame as pessoas de suas
relações; para estabelecer o respeito, é preciso que você respeite os seus anciãos. O início da
formação está na família e no Estado...”
(Disponível em: http://acc6.its.brooklyn.cuny.edu/~phalsall/texts/shu-jing.html. Adaptado e traduzido pelo autor. Acesso
em: 24 nov. 2016.)

Após a leitura do texto, participe do debate promovido pelo(a) professor(a) sobre o significado
do Mandato do Céu. Será que suas ideias podem ser válidas para os governos atuais? Explique seu
ponto de vista.

A civilização indiana Índia – Civilização do Vale do Indo

© Eduardo Medina
O subcontinente indiano situa-se na parte sul
da Ásia. Além de ser irrigado por inúmeros rios, Índia
dentre os quais o Indo e o Ganges que são os mais Rio Indo
Harappa
importantes, o subcontinente indiano localiza-se
Vale do Indo
na chamada Ásia das Monções, com os maiores Mehrgarh Ásia
índices pluviométricos (de chuva) do planeta. Essa
abundância de água promoveu o surgimento de Mohenjo-Daro
civilizações complexas tão ou mais antigas do
que aquelas encontradas no Oriente Médio. Há
Lothal
evidências arqueológicas de assentamentos hu-
manos pré-agrícolas em Mehrgarh, localizado no
atual Paquistão, que remontam a 9 mil anos.
As primeiras culturas agrícolas surgiram pró-
ximas ao rio Indo. Por isso, ficaram conhecidas
como Civilização do Vale do Indo, composta por
várias cidades importantes, tendo Harappa e Mo-
henjo-Daro como os principais centros urbanos.
Essa civilização, também conhecida como civili-
zação harappeana ou harapense floresceu até
1300 a.C. Algumas evidências arqueológicas sugerem que essa civilização chegou a estabelecer
um enorme Estado unificado, tendo como capital Mohenjo-Daro.
Suas cidades – foram encontradas mais de 2 500 nas escavações arqueológicas – eram planeja-
das, construídas em tijolos e possuíam um sistema de medidas unificado. Seus sistemas hídricos,
como os de esgoto e drenagem, eram muito mais
complexos do que qualquer similar encontrado
© suronin - shutterstock

no Oriente Médio. Foram encontrados símbolos


que possivelmente podem ter sido parte de um
sistema de escrita. Entretanto, a existência de um
sistema de escrita da civilização harapense ainda
é alvo de controvérsias entre os linguistas, pois
esses símbolos ainda não foram decifrados. A re-
ligião era baseada no culto a uma Deusa-Mãe. Os
harapeanos eram excelentes artistas, trabalhan-
Ruínas da cidade de Harappa, no Vale do Rio Indo. do com bronze, cobre, terracota e cerâmica.

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38 História
A partir do final do segundo milênio a.C., com o declínio da civilização harapense, possivel-
mente devido a fatores climáticos, surgiu a civilização védica. Sua origem, hoje, é alvo de con-
trovérsias, principalmente devido à aceitação ou não de uma suposta “invasão militar” de povos
indo-europeus – os arianos –, que teriam sobrepujado as antigas civilizações da região, chamadas
de “dravídicas”. Essa invasão militar, na atualidade, é contestada pela maioria dos arqueólogos e
historiadores. Os estudiosos preferem a teoria de uma migração de povos do planalto iraniano para
a Índia, que acabou contribuindo para a formação dessa civilização.
Tal civilização ganhou esse nome devido aos escritos religiosos e filosóficos que se tornaram
a base da religião hindu – os Vedas. A sociedade era patriarcal e governada por reis (rajás) com
poderes militares e religiosos. Ao final do período védico, por volta de 500 a.C., formaram-se 16
grandes reinos ou Mahajanapadas, que perduraram até as invasões persas e gregas. A partir de
então, a Índia foi dividida sob a hegemonia de dois impérios: Magada e Nanda, entre os séculos
IV a.C. e III a.C. No final do século II, o subcontinente foi unificado sob o império Máuria, cujo prin-
cipal imperador foi Asoka, até 185 a.C.

A religião hindu tem inúmeros deuses, cujas histórias são narradas em livros sagrados. O
texto a seguir é parte do Bhagavad Gita, um livro religioso hindu no qual a encarnação do deus
Vishnu, chamada Krishna, conversa com o guerreiro Arjuna antes de uma batalha. O livro faz
parte de um livro maior chamado Mahabharata, que, com o livro Ramaiana, é considerado o
texto religioso mais importante do hinduísmo.

A Personalidade de deus, o Senhor Krishna, disse: Ensinei esta


imperecível ciência da yoga ao deus do Sol, Vivasvān, e Vivasvān
© Ritu Manoj Jethani - shutterstock

ensinou-a a Manu, o pai da humanidade, e Manu, por sua vez,


ensinou-a a Iksvāku.
Essa ciência suprema foi assim recebida através da corrente
de sucessão dos discípulos, e os reis santos compreenderam-
-na desta maneira. Porém, com o passar do tempo, a sucessão foi
interrompida e, portanto, a ciência como ela é parece ter-se perdido.
Esta antiquíssima ciência da relação com o Supremo é falada
hoje a você por Mim, porque você é Meu devoto bem como Meu
amigo e pode portanto entender o mistério transcendental que há
nesta ciência.
Estátua do deus Krishna, na Índia.
Arjuna disse: O deus do Sol, Vivasvān, nasceu antes de Você.
Como poderei entender que, no começo, Você lhe ensinou esta ciência?
A Personalidade de Deus disse: Tanto você quanto Eu já passamos por muitos e muitos
nascimentos. Posso lembrar-Me de todos eles, porém, você não pode, ó subjugador do inimigo!
Embora Eu seja não nascido e Meu corpo transcendental jamais se deteriore, e embora
Eu seja o Senhor de todas as entidades vivas, mesmo assim, em cada milênio Eu apareço em
Minha forma transcendental original.
Sempre e onde quer que haja um declínio na prática religiosa, ó descendente de Bharata, e
uma ascensão predominante de irreligião – aí então Eu próprio descendo.
Para libertar os piedosos e aniquilar os descrentes, bem como para restabelecer os princípios
da religião, Eu mesmo venho, milênio após milênio.

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História 39
Aquele que conhece a natureza transcendental do Meu aparecimento e atividades, ao deixar
o corpo não volta a nascer neste mundo material, mas alcança Minha morada eterna, ó Arjuna.
Estando livres do apego, do medo e da ira, estando plenamente absortas em Mim e refugiando-
-se em Mim, muitas e muitas pessoas no passado purificaram-se através do conhecimento a
Meu respeito – e com isso todas alcançaram amor transcendental por Mim.
(Bhagavad Gita, Capítulo 4. Disponível em: www.vedabase.com/pt-br/bg/4. Acesso: em 24 nov. 2016.)

A divisão em castas
A religião predominante na Índia desde o período védico foi o bramanismo, que tem uma tríade
de deuses – chamada Trimurti – composta por Brama, Vishnu e Shiva como divindades principais. A
religião justificou a organização da sociedade em uma hierarquia rígida, o sistema de castas. Por esse
sistema, as pessoas eram classificadas de acordo com seu nascimento, e essa posição não poderia
ser modificada por toda sua vida. Segundo a crença, o homem nasce predestinado a ocupar determi-
nada posição social, ou seja, pertencer à determinada casta. Acreditavam que a alma de uma pessoa
renasceria em outro corpo e que, de acordo com sua conduta em vida, poderia pertencer a uma casta
superior ou inferior. As castas sociais eram as seguintes:

 brâmanes, ou sacerdotes, que eram tidos como os intermediários entre os deuses e os homens.
Ocupavam a posição mais importante na sociedade e eram considerados a casta mais pura;
 xátrias, ou guerreiros, que ocupavam altos cargos públicos;
 vaícias, que eram camponeses livres, pastores, agricultores e artesãos;
 sudras, que formavam o setor mais baixo da população.

O budismo
Aos 29 anos de idade, um príncipe chamado Sidarta Gautama, nascido no norte da Índia, próximo
às fronteiras do atual Nepal, abandonou seu reino, renunciando à sua posição social privilegiada. Con-
sagrou-se à busca de valores mais elevados e ao serviço voltado ao próximo. Condenava o sistema de
divisão em castas, alegando ser esse sistema responsável por preconceitos, exploração e sofrimento
dos homens. Gautama incentivava os homens a praticar a meditação e o desprendimento em relação
às coisas materiais. Tornou-se Buda, o Iluminado. Essa nova religião, o budismo, foi ganhando adep-
tos. Da Índia, o budismo se difundiu para outras partes do mundo, como a China, o Japão e o Sudeste
Asiático. Até hoje conta com milhões de adeptos, inclusive no mundo ocidental.

O Dalai Lama é o líder espiritual de uma escola budista do Tibe-


te chamada Gelug. Seu nome significa “Oceano de Sabedoria”, e
© Bangkokhappiness - shutterstock

acredita-se que ele é um ser espiritualmente mais elevado que se


reencarna repetidamente para levar a sabedoria às pessoas. Quan-
do um Dalai Lama morre, seus seguidores procuram uma pessoa
que seja sua reencarnação, por meio de uma série de testes. Até
1959, o Dalai Lama era também o líder político tibetano, mas uma
invasão chinesa fez que ele fosse exilado na Índia. Até hoje, o
Dalai Lama corre o mundo buscando apoio para que os chineses
saiam do Tibete.

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1. Complete o quadro com informações sobre a sociedade imperial chinesa.
A sociedade chinesa: as quatro ocupações
Origem social Características

Grupo 1 Nobreza

Cultivavam as terras dos senhores


Grupo 2 nobres, com quem dividiam os frutos
das colheitas.

Grupo 3 Artesãos

Atividade consolidada na China a


partir do contato com povos vizinhos.
Grupo 4
Um número grande de comerciantes
tornou-se um grupo social poderoso.

2. Na China, desenvolveram-se durante o período imperial ideias e ensinamentos que mostraram ao


mundo novas formas de pensar e de se relacionar. Defina, em seu caderno, estes conceitos:
a) confucionismo.
b) taoísmo.
c) budismo.

3. Identifique a(s) afirmação(ções) falsa(s) e reescreva-a corretamente.


a) O contato entre diferentes civilizações asiáticas definiu traços importantes da cultura oriental.

b) O comércio e as guerras impulsionaram a circulação de ideias, invenções, crenças e costumes


no Oriente.

c) No Japão, por exemplo, como resultado da influência chinesa, sobretudo, no comércio, difundiu-
-se o confucionismo.

d) A crença religiosa chinesa, o budismo, consolidou-se durante a decadência da filosofia taoísta.

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História 41
4. Analise qual a relação entre as grandes civilizações do Extremo Oriente e os principais rios da
região.

5. Cite algumas das invenções chinesas que, até hoje, são usadas pelas sociedades contemporâneas.

6. Explique a relação entre a religiosidade indiana e a formação de um sistema de organização da


sociedade em castas.

7. Que argumento foi utilizado pelo budismo para se opor ao sistema de castas da Índia? Explique-o.

Neste capítulo, analisamos as civilizações chinesa e indiana e sua relação com os rios que banha-
vam suas regiões. Como no Oriente Médio, chineses e indianos desenvolveram culturas agrícolas
baseadas na fertilização propiciada por grandes rios. Formaram civilizações complexas, controla-
das por Estados poderosos e justificados pela religião, à maneira das civilizações do Oriente Médio.
Depois, procurem por características comuns a esses povos que justifiquem seu agrupamento na
categoria Antiguidade Oriental.

Alegando – afirmando. Ordem – organização.


Assentamentos – povoados. Perduraram – continuaram existindo.
Compilação – organização de textos de diferentes Predestinado – com o próprio destino traçado
autores ou épocas em uma única antes de nascer.
publicação. Propiciando – promovendo.
Constitui – forma. Sistemas hídricos – sistemas de escoamento de
Controvérsias – discussões, falta de concordância. água.
Dinastias – famílias de governantes.

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O Tao Te Ching (Livro do Caminho e da Virtude), atribuído a Lao-Tsé (Velho Mestre), foi escrito
entre 350 a.C. e 250 a.C. Os especialistas duvidam da existência real de Lao-Tsé, afirmando que o
Tao Te Ching é uma compilação da sabedoria popular chinesa do período em que foi escrito. Na con-
cepção taoísta, os homens não devem interferir nos desígnios do destino, pois as coisas funcionam
melhor sem a interferência dos humanos. O trecho abaixo, selecionado entre os vários capítulos do
livro, trata da ambição e do bom governo. Leia-o com atenção e compare as ideias expressas no Tao
com nosso estilo de vida, caracterizado pela sociedade de consumo, na qual ter bens materiais é a
finalidade de muitas pessoas. Discuta com seus colegas e com o(a) professor(a) se as ideias do taoís-
mo poderiam ser uma solução para a criminalidade em nossa sociedade. Anotem as conclusões nas
linhas a seguir.

Capítulo III
Não exaltar os homens com habilidade superior
Evita que as pessoas rivalizem entre si;
Não dar valor às coisas raras
Evita que surjam ladrões;
Não lhes mostrar o que pode excitar os seus desejos
É o modo de manter os seus corações em paz.
Por isso, o sábio governa simplificando-lhes as mentes,
Enchendo-lhes a barriga,
Enfraquecendo-lhes a ambição
Fortalecendo-lhes os ossos,
Mantendo-os sem conhecimentos e desejos que os desviem do Caminho,
De modo a que os que têm nunca ousem sequer interferir.
Se nada for feito, tudo estará bem.

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História 43
Filme sugerido: O pequeno Buda, de Bernardo Bertolucci, 1993.

Filme sugerido: Sete anos no Tibet, de Jean-Jacques Annaud, 1998.

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