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CA 5 PÍTULO

O Egito Antigo
Observe a imagem das pirâmides de Gizé, que até hoje podem
ser visitadas no Egito.
Os egípcios…
Localize
[nos dias de hoje] são mui- to orgulhosos da rica heran- ça e descendência que têm de uma civilização que foi considerada a
No mapa-múndi atual do Material de Apoio (p. 163), localize o Egito (país em que estão construídas as pirâmides de Gizé).
WITR/

Pirâmides de Gizé, Egito

As pirâmides de Gizé são monumentos. A palavra monumen-


to vem do latim monumentum, que tem como base a raiz indo-
-europeia men. Da raiz, derivamos os termos mens (mente) e me-
min (memória). Portanto, a palavra monumento está diretamente
relacionada com uma das principais funções da mente, a memória.
Desse modo, um monumento serve para “fazer lembrar”. São
ex- pressões da “memória coletiva” de um povo.
E o que as pirâmides de Gizé trazem à memória? Trazem a he-
rança cultural dos antigos egípcios.
Isso significa que, quando os historiadores olham para essas
pi- râmides, veem bem mais do que edificações envelhecidas e
amon- toados de pedras de povos com quem não temos mais
nenhuma afinidade cultural. Eles veem marcos construídos para
representar as ideias políticas, culturais e religiosas
compartilhadas por um povo. E o que eles descobriram? E o que
podemos aprender com essas descobertas? É isso o que
passaremos a estudar.

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Localizando o Egito Antigo no tempo e no
espaço
Para entender melhor a herança cultural que nos deixaram os antigos
egíp- cios, precisamos voltar no tempo mais de cinco mil anos.
Para voltar a esse tempo, os historiadores consideram, por exemplo, os
es- critos de Heródoto. Viajando pelo Egito por volta do século V a.C., ele
registrou muito do que viu daquela civilização. Entre seus registros, uma
frase se tornou especialmente famosa: “O Egito é uma dádiva do Nilo”.
O que será que quis dizer o historiador antigo? Você pensaria nos fatores
geográficos?
Para Heródoto, uma grande civilização era consequência, também, dos fatores
geográficos. Localizando nos mapas a região em que o Egito Antigo se d senvol-
veu, percebemos que, exatamente como ele disse, sem o Nilo, ficaria difícil a guma
civilização se desenvolver no nordeste da África, em pleno Deserto do Saa a.

Localize
Rio Nilo, Egito Antigo e Saara No mapa da África, ao lado, observe o n

NASA/SHUTTERSTOCK/ADRIANO
Glossário
Dádiva – presente.

A extensão do Nilo
O Rio Nilo tem aproximadamente 6 850 km de extensão. Ele nasce no Lago Vitória, em Uganda, e percorre todo o Deserto

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Localize
Nos mapas abaixo, compare as fronteiras do Egito Antigo com as fronteiras do Egito Atual.

Egito Antigo Egito Atual

MAPAS: VESPÚCIO CARTOGRAFIA


EUROPA

TURQUIA

Mar Mediterrâneo Mar MediterrâneoSÍRIA IRAQUE


LÍBANO
ISRAEL
IRÃ
JORDÂNIA

LÍBIA BAHREIN CATAR


EGITO ARÁBIA SAUDITA
EM. ÁR. UNIDOS
pico de Câncer
ró pico de Câncer ró
OMÃ

IÊMEN

CHA ERITREIA
SUDÃO

DJIBUTI

ETIÓPIA

OCEANO ÍNDICO
Equador
UGANDA
Equador QUÊNIA
OCEANO ÍNDICO 0455 km RUANDA
0455 km
BURUNDI

O N lo
Com um rio que em todo mês de junho enchia e
transbordava, voltando ao normal em novembro e deixando as
terras que havia alagado cobertas de húmus, por volta de 5 000
a.C., a região do nor- deste da África começou a ser ocupada por
grupos humanos.
Você já ouviu falar de Júlio Verne? Ele foi um escri- tor francês que viveu entre os anos de 1828 e 1905 e fi- cou famoso por
Por volta de 4000 a.C., por causa do perigo de invasões de ou-
tros povos, as aldeias que existiam ao redor do Nilo foram se orga-
nizando e, assim, surgiram comunidades mais complexas, chama-
das de nomos. Por volta de 3500 a.C., havia mais de vinte
nomos nas margens do Nilo. Cada nomo era governado por um
chefe local, chamado nomarca, que tinha como função organizar
socialmente sua comunidade.
O Nilo era essencial para a sobrevivência humana no nordes-
te africano. No entanto, a sociedade que ali se organizava tinha
muitos desafios a enfrentar. O maior deles era tentar prever como
seriam as inundações do ano seguinte. Quem mora em uma cidade

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banhada por algum rio sabe como é importante conhecer como serão as estações
do ano, se haverá muita chuva ou se haverá seca. Para isso, contamos com o
trabalho de cientistas chamados meteorologistas. Os antigos egípcios
desenvol- veram as bases desse conhecimento porque conhecer mais sobre os
fenômenos naturais era uma grande necessidade.
Se a inundação não viesse no ano, não haveria plantação e muitos morreriam
de fome. Se ela viesse forte demais, muitas aldeias alagariam e mais mortes
ocor- reriam. Garantir alimento para toda a população das
proximidades do Nilo era uma tarefa essencial, por Barragem…
isso os egípcios desenvolveram técnicas, como canais é uma barreira artificial fei- ta em cursos de água para a
de irrigação, barragens e reservatórios.
Mas esse tipo de obra exigiu dos egípcios
uma quantidade muito grande de recursos
materiais e de trabalhadores.
Por volta de 3100 a.C., os nomos haviam formado
dois grandes reinos: o reino do Alto Egito, cujo rei era
representado com uma coroa branca e simbolizado
por uma flor de lótus, e o reino do Baixo Egito era
águ
sim- bolizado por uma coroa vermelha e pelo papiro.
HIN255/

Flor de lótus A coroa branca


FRANK

Papiro A coroa vermelha

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PESQUISA
Os egípcios não conheciam a técnica de fabricação de papel, por isso uti- lizavam uma p
Como era o processo de fabricação do papiro entre os egípcios.
Qual foi a importância da criação desse suporte para a escrita naquele tempo.
Qual é o suporte de escrita que usamos atualmente e como ele é fabri- cado.
Apresente sua pesquisa na forma de uma pequena dissertação, de quin- ze linhas, sobre

Dissertação
A dissertação é um tipo de redação que tem por objetivo expressar uma opinião, um ponto de vista em relaçã
Para escrever uma dissertação, e primeiro lugar, é preciso analisar o tema dado e levantar ideias sobre o assu
Anote todas as ideias relacionadas ao tema que lhe vierem à cabeça. Depois, organize-as respon- dendo às pe

Vamos fazer

• Você concorda com a afirmação de Heródoto de que “o Egito é uma


dádiva do Nilo”? Justifique sua resposta.
Sim, pois sem o Nilo a agricultura na Região Nordeste da África seria muito difícil e a população não teria se formado

com facilidade.

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Integrando conhecimentos
Se, porém, não lhes agrada servir ao Senhor, escolham hoje a quem irão ser- vir, se aos deuses que os seus ant

Os nomos do Egito se organizavam em famílias, e os nomarcas eram os líderes principais dessa organ

O Egito Antigo unificado


Menés, soberano do Alto Egito, começou uma bem-sucedida Os soberanos do Egito Antigo…
empreitada para conquistar o Baixo Egito e, assim, unificou as co- eram chamados de faraós, que significa “c
roas. A Dupla Coroa passou a ser representada pela flor de Lótus e
pelo papiro conjuntamente. Esse rei é considerado o fundador
da
primeira dinastia egípcia, ou seja, ao concentrar o pod r em suas
mãos, Menés tornou-se o primeiro faraó do Egito.
PHOTOS.COM/GETTY

Glossário
Dinastia – é o nome dado a uma sucessão de

Na representação do faraó egípcio, a Dupla Coroa, simbolizando


a união das “duas terras”: o Alto e o Baixo Egito.

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Vamos fazer
1. Qual é a relação entre o fortalecimento do poder de um soberano e o sur-
gimento de uma dinastia?
O processo de divisão do trabalho nos grupos humanos – no caso do Egito, em nomos – era realizado pela família

mais poderosa do grupo. Essa autoridade acaba sendo hereditária, dando origem a uma dinastia.

2. Monte um painel ilustrado que mostre como surgiu a primeira dinastia


egípcia, desde a estruturação dos nomos até a união das coroas por
Me- nés, e apresente-o para seu professor e seus colegas.

Os períodos históricos do Egito


Como vimos, a organização do tempo histórico é muito importante para uma
compreensão melhor da própria História. Assim como temos o costume de dividir
a história humana em períodos definidos, a história de cada civilização também
pode ser dividida em periodizações oficiais.
A história do Egito Antigo é, em geral, rela ada levando em conta a
dinastia dos faraós. No entanto, para termos melhor compreensão do período,
costuma- mos estabelecer uma divisão cronológica adaptada aos padrões
modernos oci- dentais, o que facilita o estudo dessa civilização.
Os três períodos is são o Antigo Império, o Médio Império e o Novo
princip Império.

Médio Império Da 11a à 17a dinastiaNovo Império


Antigo Império Da 1a à 11a dinastia
Da 18a à 31a dinastia
MAPAS: VESPÚCIO CARTOGRAFIA

Mar Negro

Mar Mediterrâneo Mar Mediterrâneo

BAIXO EGITO BAIXO EGITO


Mênfis Mênfis
Mar Mediterrâneo
MESOPOTÂMIA

Tebas ALTO EGITO Tebas


ALTO EGITO
ANTIGO EGITO

0402 km 0402 km 0510 km

Invasões
Tebas – capital da Mesopotâmia
do Médio Império às terras egípcias e fim do Novo Impér
Mênfis – capital do Antigo Império

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O Antigo Império
Após a unificação do Egito realizada por Menés, o primeiro faraó, o reino pas-
sou por uma fase de grande estabilidade política e eficiência administrativa. Nes-
se período, a capital do Império foi estabelecida em Mênfis (atual Cairo) e foram
construídas as grandes pirâmides.
Apesar da prosperidade do período, por volta de 2300 a.C. os nomarcas
co- meçaram a se revoltar e lutar para reivindicar mais participação política.
Embora as revoltas tivessem abalado a estabilidade do império, o fato de terem
surgido revoltas fez com que o povo visse a importância dos faraós como força de
unifi- cação do reino. No fim desse período, marcado pela crise política, o Egito
enfren- tou governos fracos e teve sua economia prejudicada.

O Médio Império
Este período foi caracterizado pela retomada do poder pelos faraós e a
cidade de Tebas tornando-se a capital.
Houve prosperidade, pois o comércio com outras civilizações, os fenícios
com e cretenses, floresceu. As obras públicas tiveram grande
impulso.
Nesse período, grandes tumbas foram construídas no Vale dos Reis. A arte
egípcia teve grande avanço, relacionada à religião.

LUISA

Hieróglifos egípcios
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O Novo Império
O apogeu político e econômico des-
se período ocorreu durante o governo

SPHINX
do faraó Ramsés II. Após a morte do
faraó, o Egito entrou em um novo
período de instabilidade política. No
século VII a.C., o império foi invadido
pelos assírios, povo guerreiro da
Mesopotâmia. No século se- guinte, os
persas dominaram a região, e o Egito
deixou de ser um império para
transformar-se na província de outros im-
périos, como o de Alexandre, o Grande,
o
romano e o árabe-muçulmano. Estátua de Ramsés II no templo de Abu Simbel

Ramsés II,
apesar de ser filho do faraó Seti I, não tinha uma linha em n
JOSE IGNACIO

Cópia de uma pintura encontrada


na tumba da rainha Nefertari em
que ela faz uma oferenda a Ísis,
esposa de Osíris.

Vamos fazer

• Identifique os períodos que correspondem ao Egito Antigo.


1. Antigo Império ( 2 ) Rico comércio com fenícios e cretenses.
2. Médio Império ( 3 ) Último período em que os faraós governaram.
3. Novo Império ( 1 ) Construção das grandes pirâmides.
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A organização social do Egito Antigo
Na sociedade egípcia, o faraó estava no topo da pirâmide social. Abaixo dele
estava a família real. Logo depois, vinha a nobreza, composta por altos funcioná-
rios e sacerdotes. A classe sacerdotal detinha enorme poder, pois controlava
os rituais religiosos, fazia previsões do sucesso ou fracasso do reino e
aconselhava o faraó. Abaixo da nobreza estavam os escribas (funcionários
responsáveis pela escrita) e oficiais militares, seguidos da classe dos
comerciantes e artesãos. Por fim, os camponeses, a grande massa da população,
e os escravos.
As funções sociais eram determinadas, em geral, pela tradição familiar e, co-
mumente, não havia união entre pessoas de camadas sociais diferentes. Os casa-
mentos eram determinados pelos pais, e a mulher praticamente não tinha acesso
aos cargos de poder da sociedade egípcia.

Família do faraó

Nobres, altos funcionários e sacerdote

Oficiais militares

Escribas

Comerciantes e artesãos

Camponeses

Escravos

Pirâmide social do Egito


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Os felás e os escravos
Os camponeses egípcios, também chamados de felás, trabalhavam em um
sistema de servidão coletiva. Eles cultivavam as terras egípcias e deviam dar par-
te da sua produção para o Estado como forma de pagamento de tributo
(impos- to), já que as terras eram consideradas propriedade do faraó.
Quando as terras estavam inundadas pelo Nilo, os trabalhadores eram
des- locados para trabalhar nas construções públicas, como
Glossário
pirâmides e templos religiosos, quase sem remuneração e
Felás – do árabe fellah, que significa “lavrador” e tam- bém “leme”.
enfrentando péssi- mas condições de trabalho.
Havia escravidão no Egito Antigo. Os escravos eram, quase
sempre, prisioneiros de guerra colocados para fazer trabalhos
do- mésticos ou nas minas e pedreiras do Estado.

PESQUISA
A pirâmide social é uma representação das diversas formas de distribui- ção das pessoas
Sobre esse assunto, leia, em seu Material d Apoio (p. 167), o texto de Dante Moreira Lei
Que tipo de divisão social é feita em uma sociedade de castas? E na de estamentos? E na
A pirâmide social do Egito é de castas, estamentos ou classes sociais? Por quê?
A divisão social de onde você vive é de que tipo (castas, estamentos ou classes sociais)

Vamos fazer
fa
• Leia, a seguir, o que escreveu Heródoto, o principal historiador da
Antigui- dade, sobre o trabalho dos egípcios em 550 a.C. e responda às
questões.
“[...] É certo que os egípcios usufruem dos frutos da terra de forma menos
tra- balhosa do que outros homens [...] afinal, eles não têm a necessidade de
cavar a terra com o arado, ou com enxada, ou qualquer outro artifício necessário
para tor- nar o chão próprio para a plantação e colheita; no caso deles,
quando o rio está cheio, e inunda os campos, antes de deixá-los novamente
secos, os egípcios soltam o gado, para que eles andem sobre as sementes que
jogam no terreno alagado, e, depois disso, esperam que as plantas cresçam para
que possam colhê-las [...]”.
HERODOTO. ue History of Herodotus. Disponível em:
<www.gutenberg.org/ files/2707/2707-h/2707-h.htm>. Acesso em: set. 2014.
116 Texto em domínio público.
Tradução feita para esta obra.

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1. Heródoto se refere, no texto, a qual classe social egípcia? Explique, resu-
midamente, as características dessa classe.
Aos camponeses egípcios, ou felás. Eram a grande massa da população e trabalhavam em sistema de servidão

coletiva. Cultivavam as terras e entregavam parte da produção para o Estado como tributo, pois as terras eram

consideradas pertencentes ao faraó.

2. As cheias do Nilo iam de julho a novembro do nosso calendário.


Durante essa época, em que não era possível trabalhar no campo, o que
faziam as pessoas que pertenciam à classe social citada por Heródoto?
As pessoas da classe social citada por Heródoto trabalhavam em construções públicas, como pirâmides e templos

religiosos, quase sem remuneração e enfrentando péssimas condições de trabalho.

3. Por que os egípcios, de acordo com Heródoto, extraíam frutos da


terra com menor dificuldade do que qualquer outro povo?
Por causa da forma que a cultivavam. Porque, em vez de arar a terra, colocar as sementes e cobri-las com terra, eles

simplesmente jogavam as sementes nas terras férteis e soltavam o gado, que, ao mexer e pisar na terra, acabava

fazendo o trabalho do plantio.

Para saber mais sobre o Egito Antigo, leia Como seria sua vida no Egito Antigo?, de Jacqueline Morley (Sci- pione, 200
Você vai descobrir como os antigos egípcios mumifica- vam os mortos, como construíram as pirâmides, quais vestime

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Os escribas e a escrita hieroglífica
Uma das atividades profissionais
mais valorizadas socialmente no Egi-

DIOMEDIA / WERNER FORMAN


to Antigo era a de escriba. Escrever,
na sociedade egípcia, não era tarefa
simples. Tornar-se um escriba exigia
de uma pessoa estudo diário durante
12 anos, no mínimo. Uma vez
adquiri- do esse conhecimento, no
entanto, o escriba podia exercer
funções privile- giadas, como as de
administrador do Estado, cobrador de
impostos ou as- sistente do faraó.

Estátua egípcia
representando um escriba.

Hoje, precisamos conhecer 26 letras para iniciar o estudo da escrita de nossa


língua. Mas, no Egito Antigo, um escriba tinha de conhecer cerca de sete mil
sinais. A escrita do Egito Antigo é chamada de hieroglífica e seus sinais são os
hie- róglifos. O termo significa “escrita sagrada”, pois os egípcios
acreditavam que
escrever era uma forma essencial de comunicação com seus deuses.
A escrita hieroglífica só foi
decifrada em 1822, pelo egip-
tólogo francês François Cham-
pollion. Quando as tropas
fran- cesas de Napoleão
Bonaparte invadiram o Egito
VLADIMIR

em 1799, um oficial francês


levou para a Fran- ça uma
pedra de granito negro,
encontrada na cidade de
Roseta, no Egito. A pedra
continha um texto sacerdotal
escrito em duas formas
hieroglíficas e em grego. A
pedra, batizada com o nome
de Pedra de Roseta, serviu
de base para Champollion
estudar por mais de vinte anos
a escrita egípcia para,
finalmente, decifrá-
-la em 1822. Graças a esse
feito, atribui-se ao estudioso

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francês o
Pedra de Roseta título de Pai da
Egiptologia.

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LEEMAGE/
Escrita egípcia – descrição de um sarcófago no Livro dos Mortos

Vamos fazer

• Imagine o trabalho que deu decifrar os sinais da Pedra de Roseta.


Para realizar esse feito, Champollion teve de decifrar, inicialmente,
alguns no- mes próprios que estavam escritos em grego e em hieroglífico
demótico (uma versão mais simplificada e já fonética). Você consegue
escrever seu nome utilizando esse sistema? Tente no espaço a seguir.

A ou
H ou
O V
B I P W
C ou
J Q X
D K R Y ou
E L S Z
F M T SH
G N U CH
KH
119

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Resposta pessoal.

PESQUISA

A imagem a seguir representa o nom de um personagem conhecido da história egípcia

1 3 456 7 89

Se você estiver disposto a reunir seus conhecimentos sobre hieróglifos para tentar desvendar um mistério, vai
DIVULGAÇÃO/BRINQUE-

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Religião e cultura no Egito Antigo
A partir da unificação do Estado egípcio, feita por Menés, mais de trinta
di- nastias governaram o Egito Antigo. A centralização política feita por esses
go- vernantes foi acompanhada de centralização econômica, cultural e religiosa,
que determinou as bases do Estado egípcio. Todo o Estado estava organizado
sob o comando supremo desses soberanos.
Ainda durante as primeiras dinastias, foram
orga- nizadas as bases da sociedade egípcia.
Veremos, a se- guir, como todos os aspectos da vida
social, política, econômica e cultural desse povo
estavam diretamente ligados a um elemento

MARIIA
unificador: a religião. No Egito Antigo, Estado e
religião não se separavam. As primei- ras civilizações
humanas apresentam essa característi- ca, ou seja, há
união entre o poder político e o religioso. Quando essa
união acontece na sociedade de tal forma que o chefe
de governo é uma divindade, diz-se que a sociedade é
uma teocracia.
A organização de qualquer sociedade está sempre
baseada em um conjunto de crenças e valores.
Portan- to, para entendermos melhor essa situação,
precisa- mos estudar um pouco da mitologia desse
povo.
Egípcios em reverência aos deuses/faraós

A mitologia
As diferentes civilizações e culturas não entram em concordância sobre onde
encontrar respostas a perguntas como: De onde viemos? Por que existimos? Para
onde vamos? No entanto, as respost s que cada povo adotou para essas questões
determinaram como as pessoas d cada civilização tratavam-se umas às outras, o
que elas desejavam para si e c mo cuidavam do mundo ao seu redor. Por isso, en-
tender a mitologia de um povo é entender como as pessoas viviam individual e cole-
tivamente. Chamamos mitologia o conjunto de crenças que cada civilização de-
d fendeu em seu tempo
como respostas a es-
PHOTO12

sas perguntas.

Mural com representação


dos deuses egípcios. Ao
centro, Hórus, com corpo de
humano e cabeça de falcão 121

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Os egípcios antigos eram politeístas, ou seja, acreditavam em uma
grande quantidade de deuses. Os deuses tinham, para eles, uma relação com
as forças da natureza e geralmente eram representados de forma
antropozoomórfica, ou seja, tinham forma humana (antropo, em grego), às vezes
tinham formas huma- nas e formas animais (antropo-
zoo) e, noutras, tinham
apenas formas animais (zoo).
Para os egípcios, os deuses

GETTY
interferiam na ordem e na
harmonia do Universo. Para
que a natureza se mantivesse
calma, eles acre- ditavam que
era necessário rea- lizar cultos
para obter favores de seus
deuses.
Havia uma infinidade de
deuses cultuados pelos egíp-
cios, mas, entre todos, destaca-
vam-se Osíris, Ísis e Hórus.
Osíris era o deus dos mortos e
presidia um tribunal que
julgava os ho- mens após a
morte. Sua esposa, Ísis, era a
deusa da fertilidade e a
protetora da família. Hórus, fi-
lho do casal, era o deus que
pro- tegia a humanidade e era
rep e-
sentado como um falcão. Hórus, Osíris e Ísis esculpidos em ouro.

Cerimoniais egípcios
Além de acreditarem em vários deuses vinculados à natureza, os egípcios
também acreditavam na vida após a morte. A mitologia egípcia, portanto, apre-
senta uma série de cerimoniais que procuravam explicar o que acontecia com a
alma de uma pessoa quando ela morria. Um dos cerimoniais mais famosos da
mitologia egípcia era o que explicava a passagem da alma da morte para o “pa-
raíso de Osíris”. O cerimonial está descrito no Livro dos Mortos, encontrado em
muitas tumbas no Egito.
Os egípcios acreditavam que a eternidade da alma (Rá) dependia da preser-
vação do corpo (Ká). Portanto, para que a alma vivesse eternamente, o corpo
deveria acompanhá-la. Para isso, os egípcios mumifi-
Glossário
cavam
Cerimonial – diz respeito a um conjunto de o corpo
atos dosrepetidos
formais, mortosememvárias
umaocasiões,
tentativa deemeter-
e que, sua origem, tinham cará
nizá-los. Com o corpo devidamente preparado para
esperar o retorno da alma, os egípcios acreditavam
que ela poderia buscar sua salvação. Para se salvar, o
122 morto deveria passar pelo Tribunal de Osíris.

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O Livro dos Mortos explica que, em primeiro lugar, o morto deveria se apre-
sentar diante de 42 deuses e dizer as seguintes frases: “Não pratiquei
pecados contra os homens; não maltratei os meus parentes; não obriguei
ninguém a tra- balhar além do que era legítimo; não deixei de pagar as
minhas dívidas; não insultei os deuses; não fui a causa dos maus-tratos de
um senhor ao seu es- cravo; não pratiquei enganos com o peso da minha
balança”. Os deuses, então, julgariam o morto. Depois, esse morto, representado
de branco no papiro abaixo, seria levado pelo deus Anúbis (com rosto de
cachorro e corpo de homem) para o ritual da pesagem do coração: de um lado
da balança, era colocado o coração do morto e, do outro, uma pena de Maat,
deusa da verdade. Enquanto a história do morto era registrada por Tot, deus da
escrita (representado com a cabeça de uma ave chamada íbis), o coração era
pesado. Se ele fosse mais pesado do que a pena da verdade, o morto era
devorado pelo monstro Ammut. Se fosse tão leve quanto a pena, Hórus, o falcão,
apresentava o morto a Osíris, a Ísis e a Neftis, que ficam atrás do trono, para
que ele fosse conduzido ao paraíso.

GETTY
Integrando conhecimentos
O que as suas mãos tiverem que fazer, que o façam com toda a sua força, pois na sepultura, para onde você vai,

A compreensão dos egípcios sobre o tema da vida após a morte é bem diferente do modo como os heb

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A mumificação
A preparação do corpo de um morto, a mumificação, envolvia um
processo de remoção das vísceras e do cérebro do cadáver e de aplicação de
substâncias que evitavam a decomposição do corpo. Esse processo era bem
difícil, demorado e caro. Portanto, só eram mumificados corpos de pessoas
que tinham grande importância social. Entre essas pessoas, estavam os
faraós. Assim como Osíris reinava sobre os homens no reino dos mortos, os
egípcios acreditavam que os faraós reinavam sobre eles no mundo dos vivos.

THE PICTURE
A múmia do faraó Ramsés II…
foi atacada por fungos e teve de ser retirada do Mu- seu do Cairo para ser ana- lisada por especialistas na França. Ao ser re

Múmia do faraó Ramsés II – Museu Egípcio do Cairo

Preservado o corpo do f raó, restava levá-lo para sua morada eterna. No iní-
cio do império, os faraós encomendavam aos seus engenheiros a construção de
grandes tumbas de p dra de granito ou basalto em forma triangular. São as fa-
mosas pirâmides. Existem no Egito, ainda hoje, aproximadamente cem
pirâmi- des. A maior delas, a pirâmide de Quéops, é do tamanho de um prédio
de trinta andares e foram empre-
gadas em sua constru-
ção, mais de dois
milhões de blocos
PIUS

maciços de pe- dra e


aproximadamente cem
mil trabalhadores li-
vres, que executaram um
trabalho de quase vinte
anos. Tudo isso para se-
pultar um homem.

Pirâmide de Quéops
124

11/10/14 9:52
Vamos fazer

1. Qual é a importância das crenças para a organização de uma civilização?


A organização de qualquer sociedade está baseada em um conjunto de crenças. Os valores engendrados nessas

crenças determinam como as pessoas de cada sociedade tratam-se umas às outras, o que desejam para si e como

cuidam do mundo ao seu redor.

2. Como os egípcios interpretavam a ocorrência de grandes fes no


catástr mundo?
Os egípcios acreditavam que os deuses interferiam na ordem e harmonia do Universo. Para que a natureza se

mantivesse calma, era necessário realizar cultos para obter favores dos deuses. Portanto, quando ocorriam grandes

catástrofes, elas deveriam ser consequência de algo que desagradou aos deuses; logo, eram uma punição aos

egípcios.

3. Relacione Estado e religião no Egito Antigo.


Resposta pessoal, mas deve conter o fato de o Egito s r uma teocracia (poderes político e religioso unificados), e, por

isso, o chefe de governo (o faraó) também era considerado uma divindade.

4. Explique a importância do ritual de mumificação na religião egípcia antiga.


Na religião egípcia, a eternidade da alma dependia da preservação do corpo. O ritual de mumificação era importante,

pois permitia justamente a preservação do corpo.

125

11/10/14 9:52
5. Observe as imagens.

Figura esquemática 1 BORTEL PAVEL - PAVELMIDI/SHUTTERSTOCK

Figura esquemática 2

DENIS BARBULAT/SHUTTERSTOCK

• Identifique as duas estruturas arquitetônic s e a quais civilizações elas


pertenceram.
Figura esquemática 1: pirâmide, pertencente à civilização e ípcia. Figura esquemática 2: zigurate, pertencente à

civilização mesopotâmica.

6. Observe o mapa a seguir.

Europa, África e Ásia – M pa Atual

NASA/SHUTTERSTOCK/ADRIANO

126

11/10/14 9:52
a) Circule, no mapa, as regiões do Egito Antigo e da Mesopotâmia.
b) Comparando a vizinhança do Egito com a vizinhança da Mesopotâmia,
qual dessas civilizações provavelmente estava mais cercada de outros po-
vos? Por quê?
A Mesopotâmia, porque, como pode ser observado no mapa, estava em uma planície aberta e sem nenhum tipo de

“barreira natural”, como desertos e mares, que pudesse protegê-la. Essa configuração geográfica da

Mesopotâmia permitia maior circulação de outros povos pela região, que entravam em conflito uns com os

outros pela posse da terra.

7. Leia a reportagem fictícia a seguir, retirada do livro Jornal do Egito, e


res- ponda ao que se pede.

127

11/10/14 9:52
Rota do comércio
Você já pensou alguma vez em se dedicar ao comércio exterior?
Descu- bra as rotas mais fáceis para o sucesso aqui no Jornal do Egito.
A primeira coisa a ser providenciada é um barco e uma tripulação de 20 a
30 homens. Abarrote o seu barco com gado, cereais, linho, papiros ou pedras
de alta qualidade, para construção. Todas essas mercadorias são baratas no
Egito, já que aqui há fartura delas. Mas fora [...] elas valem o seu peso em
ouro – literalmente! Agora, onde vender as mercadorias? Se você for, de fato,
audacioso, poderá dirigir-se ao Chipre ou à Síria. Mas, quanto mais longe for,
maior o risco de morrer em terras estrangeiras. [...]
STEEDMAN, Scott; PUTNAM, James. Jornal do Egito. Belo Horizonte: Dimensão, 1998. p. 12.

a) A reportagem do Jornal do Egito é fictícia, ou seja, não existiu de


verdade, porque os antigos egípcios não tinham jornais. Mas o texto
menciona que os antigos egípcios tinham papiro, uma das primeiras formas
de papel de que se tem conhecimento na História. Qual é a importância
da escrita na
transição do período pré-histórico para a I ade Antiga?
O advento da escrita possibilitou o registro e a propagaç o de fatos antigos. Isso foi tão importante que hoje é

considerado um marco na transição entre a Pré-História e a Idade Antiga.

b) Nessa transição da Pré-História para a Idade Antiga, um aspecto impor-


tante foi o excedente econômico. O excedente econômico foi consequên-
cia do desenvolvimento contínuo de tecnologias e técnicas, como o arado
e a irrigação, e permitiu que a produção econômica fosse além da
necessi- dade de consumo das pessoas que habitavam as cidades. Esse
excedente passou a ser trocado por outras mercadorias, com outros
povos, dando
orig m ao comércio.
Que parte do texto menciona que os egípcios tinham excedente econômi-
co? Transcreva-a a seguir.
“Todas essas mercadorias são baratas no Egito, já que aqui há fartura delas”.

c) Qual relação é possível estabelecer entre o excedente econômico e o co-


mércio?
( X ) Precisa-se do excedente para ter o que ser colocado à disposição no
comércio.
( ) O comércio gera excedente econômico.
128

11/10/14 9:52
LENDO
HISTÓRIA
Tutankhamon

A revista National Geographic, em um artigo sobre o Egi-

DIOMEDIA / SUPERSTOCK
to escrito pelo arqueólogo Zahi Hawass, trouxe informações
sobre um faraó que viveu entre a 18 a e a 19a dinastia e que
ficou famoso quando sua múmia foi encontrada e revelou
que ele tinha morrido bem jovem. A múmia foi descoberta
no ano de 1922, pelo arqueólogo Howard Carter, em um sítio
conhecido como Vale dos Reis. Junto ao corpo do jovem faraó
havia um enorme tesouro, com uma máscara de ouro de sua
face, a qual se tornou uma das peças mais celebradas desse
achado e até hoje é exibida e contemplada em museu. Zahi
Hawass, que fez vários estudos sobre a história desse jovem
faraó, Tutankhamon, escreveu o seguinte em seu artigo à
National Geographic:
Estou convencido de que é nosso dever honrar es-
ses mortos antigos e garantir que descansem em

GAMMA-KEYSTONE VIA GETTY


paz. No entanto, há segredos dos faraós que só
podem ser revelados por meio do estudo de suas
múmias. Em 2005, quando foram feitas tomografias
compu utadori- zadas da múmia de Tutankhamon,
pudemos compro- var que ele não morrera devido a
um golpe na cabe- ça, como muitos acreditavam.
Nossa análise revelou que o orifício na parte de trás
de seu crânio havia sido aberto durante o processo
de mumificação. O exame também mostrou que Tut
morreu com apenas 19 anos
de idade – talvez logo depois de ter sofrido de uma fratura na perna esquerda.
Po- rém ainda restam outros mistérios em relação ao faraó-menino que até
mesmo a tomografia compu utadorizada não consegue esclarecer. [...] Para mim, a
história de Tutankhamon é como uma peça teatral cujo fim ainda está sendo
escrito.
HAWASS, Zahi. Rei Tut: segredos de família. In: National Geographic. set. 2010. Disponível em:
<http://viajeaqui.abril.com.br/materias/rei-tut-segredos-de-familia>. Acesso em: set. 2014.

PESQUISA

A partir do texto de Zahi Hawass e com a ajuda de livros, revistas e 129


da internet, pesquise quem foi Tutankhamon. Escreva uma breve
biografia dele no caderno. Em seu texto, cite alguma medida
H6_u2c5_106a129.indd 129 11/10/14 9:52 AM
importante realizada durante o reinado de Tutankhamon e escreva
sobre o que os pesquisado- res ainda tentam descobrir a respeito da
vida desse faraó. Não esqueça de, após terminar seu texto, indicar as
fontes de consulta bibliográficas impressas e virtuais.
CAPÍTULO

6 Extremo Oriente
Foi no Oriente Próximo que se desenvolveram as civilizações egípcia,
suméria, acadiana, babilônica (amorita), neobabilônica (caldeia), persa, israelita
e fenícia. Mas o Antigo Oriente compreendia ainda mais civilizações, que
pertenciam a re- giões conhecidas como Extremo Oriente.
Localize
Regiões do Oriente Nos mapas abaixo, localize as regiões do Antigo Oriente Próximo, do Antigo Oriente Extremo e
A nomenclatura dada ao Oriente Antigo (Próximo e Extremo) provavelmente surgiu por volta de 1800, quando pensadores, ge

África, Europa e Ásia

MAPAS: VESPÚCIO CARTOGRAFIA


Círculo Polar Ártico

OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO

Trópico de Câncer

Antigo Oriente Próximo Antigo Oriente Extremo Sul do Antigo Oriente

Equador
Equ
OCEANO
02320 km
ÍNDICO

África, Europa e Ásia

ÁSIA
EUROPA

Fenícia
Mesopotâmia JAPÃO
Mar Mediterrâneo
Palestina
Pérsia CHINA
Trópico de Câncer OCEANO
ARÁBIA PACÍFICO
EGITO Mar Arábico ÍNDIA
Golfo de Bengala

Mar da China
Meridional
ÁFRICA
Equador 0°

01374 km
OCEANO ÍNDICO

130

11/10/14 9:52
A China
Você já estudou algumas civilizações e percebeu que elas surgiram próximas
a grandes rios, fundamentais para seu desenvolvimento. Foi o caso do Egito, que
se desenvolveu nas proximidades do Rio Nilo e das civilizações
mesopotâmicas, que floresceram entre os rios Tigre e Eufrates. A China também
surgiu na proxi- midade de dois grandes rios: o Huang-ho (ou Rio Amarelo) e o
Yang-tse-kiang (ou Rio Azul).
Nessa região, existem vestígios do surgimento de civilizações que, de acordo
com os estudos histórico-arqueológicos, pertencem à Pré-História. Os
primeiros sinais de formação da civilização chinesa podem ser datados de
cerca de 6000
a.C. Esses povoados se dedicavam à agricultura, beneficiados pela qualidade
da terra no vale dos rios: uma formação sedimentar rica em calcário e de
excelente qualidade para o cultivo. Alguns produtos cultivados nesse período
eram o arroz e o painço (ou milhete).

O Rio Amarelo…
recebe esse nome porque as chuvas e os ventos transportam e depositam em
MIROSLAVA

Milhete cozido

ZHUDA/
SHI

Painço ou milhete Redemoinho no Rio Huang-ho


131

11/10/14 9:52
A formação da China
As primeiras comunidades da Antiga China surgiram ao norte, no vale do Rio
Amarelo. Com o tempo, essas comunidades foram se transformando em
povoa- dos governados por chefes cujo poder político era transmitido através
de laços familiares. Era o início das dinastias chinesas. Na Antiga China, podemos
identi- ficar dinastias que se sucederam ao longo do tempo.
Aproximadamente em 2200 a.C., surgiu a primeira dinastia chinesa, a Xia. De
acordo com descobertas históricas, um dos chefes familiares, Yü, unificou os pe-
quenos povoados existentes à margem do Rio Amarelo e tornou-se rei. Essa
di- nastia governou até aproximadamente o século XVIII a.C.
A dinastia Shang (ou Chang) foi a segunda di-
Para lembrar!
nastia chinesa e teve início em, aproximadamente, Dinastia é o conjunto de reis de uma civilizaç
1700 a.C., com o rei Chengtang. Esse rei dominou
uma região vasta para a época – de mais ou
menos 100 mil km2 de área –, expandindo, dessa
forma, seus domínios. O governo dessa dinastia
durou quase se-
tecentos anos, e terminou em 1027 a.C., quando outra d nastia subiu ao poder.
Enquanto durou, a dinastia Shang enfrentou os problemas da expansão
terri-
torial: as várias cidades-Estado que se formaram ao longo de seus setecentos
anos começaram a disputar o poder.

Entre as realizações da dinastia Shang,


podemos citar a fabricação da seda a partir do c sulo do bicho-
-da-seda, larva de uma espécie de m riposa. Essa larva alimen- ta-se de folhas, especialmente das de amoreir

ERIC

PESQUISA
Durante a dinastia Shang, além do surgimento da escrita, da fabricação da seda e da cri

132

11/10/14 9:52
A dinastia Chou (ou Zhou) começou a governar a China em 1027 a.C. e
per- maneceu no poder até o século III a.C., ou seja, um período de mais ou
menos setecentos anos. Teve início quando o poder das cidades-Estado da China
Antiga já tinha se estabelecido na pessoa do rei.
O grande desafio dessa dinastia foi enfrentar, um século depois de seu início,
os conflitos entre os grandes proprietários de terra e os reis. Os grandes pro-
prietários de terra começaram a enriquecer cada vez mais e ganhar autonomia,
enfraquecendo, dessa forma, a centralização do poder dos reis. No século V a.C.,
essas tensões se tornaram ainda maiores, a ponto de o período ser conhecido
como “período dos reinos combatentes”.
Apesar dos problemas políticos, no tempo da dinastia Chou, os habitantes da
futura China passaram a usar a força animal (bois) para arar a terra, expandiram
as técnicas de irrigação com a utilização da água dos rios e desenvolveram a pe-
cuária e o artesanato (com a fabricação de instrumentos de madeira e de
bron- ze). Além disso, ampliaram consideravelmente as atividades comerciais,
utilizan- do o bronze para confeccionar moedas. Em consequência do
desenvolvimento do comércio, foram construídas inúmeras estradas para
facilitar o transporte e a venda de mercadorias.
No século III a.C., a dinastia Chou estava enfraquecida e uma nova
dinastia surgiu: a Qin (ou Ch’in). O grande feito dessa dinastia foi unificar a
China, cen- tralizando novamente o poder do rei. Por esse feito, a dinastia
Qin
inaugurou o período da China Imperial.
O primeiro imperador chinês, Ch’in Che Huang Ti, adotou algu-
mas medidas muito importantes: estabeleceu um conjunto de
leis que lhe conferia autoridade sobre todos os aspectos da
socieda- de chinesa; construiu mais estradas; ampliou as obras de

CHUNGKING/
irrigação; unificou os sistemas de escrita; padronizou os pesos e
as medidas para facilitar o comércio. Mas sua obra mais
importante, que ainda hoje testemunha a grandeza do seu
domínio, foi a Grande Muralha da China, que visou a proteção
de seu reino. Com essas medidas,
Ch’in Che Huang Ti organizou a China mais como um Estado do que
Vaso em bronze da dinastia
como um conjunto de cidades-Estado. Chou

As artes marciais
Na dinastia Chou, durante o período dos reino
MIKHAIL

Grande Muralha da China 133

11/10/14 9:52
A palavra China
Existe um estudo a respeito da origem do nome da Chi- na. Ele defende que o nome surgiu em função da dinas- tia Qin, qu
Um filme bem-humorado sobre o wushu é a anima- ção da DreamWorks, Kung Fu Panda (Esta

DIVULGA
PESQUISA
No caderno, registre algumas informações que você encontrar em livros, revistas e sites

Vamos fazer
Observe, a seguir, algumas imagens de achados arqueológicos pertencen-
tes à dinastia Shang.

Imagem 1 - Osso com a


primeira forma de escrita
THE PICTURE

chinesa, encontrado em
escavações arqueológicas
da dinastia Shang.

THE PICTURE

Imagem 2 - Vaso de
bronze da dinastia
Shang
THE PICTURE

Imagem 3 - Lança de guerreiro encontrada em uma sepultura militar da dinastia Shang.

134

11/10/14 9:52
1. Dos achados arqueológicos pertencentes à dinastia Shang, qual é
típico de civilizações da Idade dos Metais?
O vaso de bronze.

2. Qual desses achados é essencial para marcar a transição da história


da China Antiga da Pré-História para a Idade Antiga?
O osso com a primeira forma de escrita chinesa.

3. Qual deles revela o movimento de expansão da dinastia Shang e as prová-


veis disputas pelo poder entre as cidades-Estado do período?
A lança do guerreiro.

Com a morte de Ch’in Che, a China voltou a enfrentar um período de insta-


bilidade política. No ano 205 a.C., Liu Bang assumiu o governo a ós dominar as
rebeliões. Era o início da dinastia Han, mais uma dinastia com características ex-
pansionistas, como é possível observar no mapa.

Dinastia Han – expansão

VESPÚCIO CARTOGRAFIA

Mar Amarelo

OCEANO
o PACÍFICO
TIBETE

Mar da China Oriental

Mar da China Meridional


Golfo de Bengala

Expansão da dinastia Han (século II a.C.) Muralha da China

0484 km

135

11/10/14 9:52
Com uma sólida muralha para defender as terras chinesas, um comércio orga-
nizado (com pesos e medidas determinados), que alcançava mercados estrangei-
ros com o que já era conhecido como a Rota da Seda, e com o idioma unificado,
os chineses começaram a usufruir, na dinastia Han, da expansão cultural e
territorial permitida pelo fortalecimento político e econômico.
Algumas descobertas científicas feitas nessa dinastia entraram para a Histó-
ria como importantes contribuições da cultura chinesa para todas as civilizações.
Nessa época, os chineses desenvolveram: equipamentos para descobrir a direção
dos ventos e para medir abalos sísmicos; operações matemáticas com
números fracionais e cálculos com números positivos e negativos; a bússola;
relógios de sol e de água; cirurgias com uma espécie de anestesia; uso de ervas
medicinais e práticas medicinais como a acupuntura.

Depois da dinastia Qin, a China foi se consolidando como nação em um processo que se prolongou por um perí
-se de homem e foi para a batalha. Essa heroína, Hao Mulan, foi citada em uma balada chinesa antiga, “A Bal

DIVULGA
China: religião
A religião chinesa era politeísta. Nos tempos antigos, os chineses
adoravam divindades que representavam os elementos da natureza e também
divindades protetoras das pessoas, das plantações, entre outras coisas. Mais
crenças foram se formando ao longo do tempo, destacando-se, entre elas, o
confucionismo, o taoísmo e o budismo. O confucionismo, de características
éticas e morais, foi criado por Confúcio (século VI a.C.). Segundo suas doutrinas,
o equilíbrio interior poderia ser alcançado mediante a meditação, o culto aos
antepassados e os bons relacio- namentos sociais. O taoísmo tem como doutrina
principal o ensinamento sobre o caminho correto, o Tao. Segundo o taoísmo, o
ser humano possui duas energias, o yin e o yang. Para que haja equilíbrio, é
necessário que elas estejam em harmonia, a qual será obtida se o homem
meditar, praticar boas ações, alimentar-se correta- mente, entre outras coisas. O
budismo, que chegou à China por volta do século I, misturava os elementos do
confucionismo e do taoísmo, dando ênfase à medita- ção, à harmonia e ao
equilíbrio.
136

11/10/14 9:52
Vamos fazer
1. Observe o mapa e faça o que se pede.

China – mapa atual

MONGÓLIA

COREIA DO NORTE

COREIA DO SUL

JAPÃO

CHINA
OCEANO
PACÍFICO
NEPAL
BUTÃO

ÍNDIA
BANGLADESH

MIANMAR VIETNÃ 0386 km

LAOS

No mapa esquemático abaixo:


a) pinte de vermelho, na Ásia, a região em que estão os rios que deram
su- porte para o início da civilização chinesa;
b) pinte de verde a região do Oriente Próximo.

Principais rios chineses e os primeiros povoamentos da região


MAPAS: VESPÚCIO CARTOGRAFIA

Á
EURO

Fenícia
Palest Pér CH JAP
Trópico ARÁ OCEA
de

EG M ÍN PACÍFI
Equ Golf 0

Ma
0 1540
OCEANO r da
ÁFRI

137

11/10/14 9:52
2. Observe o mapa e responda às questões.

Principais rios chineses e os primeiros povoamentos da região

VESPÚCIO CARTOGRAFIA
JAPÃO

OCEANO
PACÍFICO

Antigos povoamentos chineses 6000 a 5000 a.C.


6000 a 4000 a.C.
5000 a 2500 a.C.

0 323 km

Agora, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).


a) Em que região da China os povoamentos mais antigos surgiram?
( X ) Norte.
( ) Sul.
( ) Leste
( ) Oeste.
b) Perto de que rio essas civilizações se desenvolveram?
( X ) Rio Huang-ho (Rio Amarelo).
( ) Rio Yang-tse-kiang (Rio Azul).

3. Das civilizações que você estudou no Oriente Extremo, quais também se


desenvolveram nas proximidades de grandes rios? Relacione essas civili-
zações aos rios que lhes possibilitaram esse tipo de desenvolvimento.
A. Rio Nilo B. Rio Tigre e Rio Eufrates
( A ) Egípcios ( B ) Sumérios ( B ) Acadianos
( B ) Amoritas ( B ) Caldeus ( B ) Assírios
( ) Persas ( ) Hebreus ( ) Fenícios

138

11/10/14 9:52
HISTÓ RIA
E ARTE
O exército de terracota

Ch’in Che (ou Ying Zheng) foi enterrado em um túmulo imenso. Em 1974,
foram encontradas mais de seis mil estátuas de terracota (argila queimada)
na forma de homens portando armas de bronze e de cavalos em tamanho
natural. É notável a quantidade de detalhes nos soldados que Ch’in Che ordenou
que fos- sem feitos para acompanhá-lo no túmulo. Essa obra é considerada
um grande marco na escultura da China Antiga.

AHUI/

Soldados de terracota

A criação dos soldados de terracota só foi possível porque Ch’in Che


conse- guiu unificar os reinos chineses, que disponibilizaram seus artesãos para a
criação desse grande exército de argila queimada. Artistas de todos os reinos
trabalha- ram juntos nessa obra.
A respeito da unificação obtida por Ch’in Che, responda ao que se pede.
1. Um dos grandes feitos de Ch’in Che foi ter unificado novamente os reinos
chineses. Em que outra dinastia chinesa houve unificação?
( X ) Dinastia Xia. ( ) Dinastia Shang. ( ) Dinastia Chou.

139

H6_u2c6_130a160.indd 139 11/10/14 9:52 AM


2. Que unificação foi essa?
Foi a unificação dos povoados existentes às margens do Rio Amarelo por Yü, que se tornou rei.

3. Qual foi a diferença entre a primeira unificação e a realizada por


Ch’in Che?
A principal diferença está no “tamanho” da unificação. A primeira unificou povoados sob um rei; a segunda

unificou os reinos sob um imperador.

4. Que obra arquitetônica passou a representar o feito de Ch’in Che?


MAARTEN VAN HEEMSKERCK/DOMÍNIO

CANICULA/
SCULPIES/

MEG WALLACE

140

H6_u2c6_130a160.indd 140 11/10/14 9:52 AM


O Japão e a Índia
O Japão
A nação japonesa se estabeleceu em um arqui- Glossário
pélago próximo à região da China. Esse Arquipélago – conjunto de ilhas.
arquipélago é comumente dividido em quatro
regiões principais:
Hokkaido, mais ao norte; Honshu, ao centro; Shikoku e Kyushu, mais ao sul.

Localize
No mapa da Ásia, sinalize a China e o Japão com setas. Depois, no mapa do Japão, circule as qua- tro principais regiões d

Ásia – mapa atual Japão – mapa atual

MAPAS: VESPÚCIO CARTOGRAFIA


OCEANO GLACIAL ÁRTICO
RÚSSIA

HOKKAIDO

EUROPA
COREIA DO NORTE
RÚSSIA

Mar do Japão (Mar do Leste)


TURQUIA
CHIPRE LÍBANO SÍRIA
MarCAZAQUISTÃO JAPÃO
ISRAEL
CáspioLago Aral
COREIAJAPÃO DO NORTE
COREIA DO SUL
MONGÓLIA
EGITO JORDÂNIA UZBEQUISTÃO COREIA DO SUL HONSHU
IRAQUE TURCOMENISTÃO
(parte asiática) Tóquio
QUIRGUISTÃO
IRÃ
TADJIQUISTÃO
KUWAIT
AFEGANISTÃO
Golfo Pérsico CH NA
CATAR
BAREINPAQUISTÃO SHIKOKU
E. A. UNIDOS
NEPAL BUTÃO KYUSHU
IÊMEN OMÃ TAIWAN OCEANO PACÍFICO
Mar Arábico ÍNDIA
MIANMAR
LAOS
BANGLADESH TAILÂNDIA VIETNÃ CAMBOJAFILIPINAS
ÁFRICA
Golfo de Bengala

BRUNEI MALÁSIA
SRI LANKA CINGAPURA
MALDIVAS

INDONÉSIA
0985 km
OCEANO ÍNDICO

O Japão pré-histórico
Assim como a China, o Japão tem uma rica e vasta Pré-História. Contudo,
as informações que temos sobre as civilizações do período Paleolítico japonês
ainda apresentam muitas incógnitas para os pesquisadores.
Um dos mistérios que mais intrigam historiadores e arqueólogos
dedicados ao estudo do Japão, por exemplo, é o fato de existirem resquícios de
civilizações paleolíticas da região de Hokkaido à região de Kyushu, de modo que
é difícil iden- tificar exatamente em que lugar do atual Japão começou o
povoamento humano. 141

11/10/14 9:52
Entre os achados arqueológicos do Neolítico japonês, os arqueólogos des-
cobriram vasos de argila em um estilo que ficou conhecido como Jômon. De
acordo com os estudos de datação, a época mais representativa da existência
desses vasos teria sido entre o século VIII a.C. e o século III a.C. Nesse período,
os habitantes do Japão pré-histórico teriam desenvolvido uma complexa téc-
nica de confecção de armamentos e utensílios de ossos e pedras, bem como
moradias elaboradas, feitas de madeira e cobertas de palha. Em sua estrutura
social, a vida era comunitária e ainda não havia exatamente uma divisão de
tarefas, embora já existissem requintes como o uso de objetos para decoração
e o enterro dos mortos em caixões.
Pelo tempo que durou o perío-
do Neolítico do Japão pré-histórico

DIOMEDIA / DEAGOSTINI / DEA / L. DE


e pela habilidade demonstrada pe-
los homens da época em construir
seus armamentos, moradias e ob-
jetos de arte, historiadores e ar-
queólogos o consideraram como o
período de predominância dos va-
sos Jômon, e o período anterior à
predominância desses vasos é con-
siderado o período Paleolítico japo-
nês – também chamado pré-Jômon
ou pré-cerâmico.
Outro tipo de vaso, cuja
predo- minância começou a existir
a partir
do ano 300 a.C., surgiu nos sítios
arqueológicos japoneses: é o vaso
Yayoi, que marca a transição da
so- ciedade neolítica japonesa para Vaso do período Jômon. Os vasos
desse período tinham como característica
a so- ciedade já na Idad dos Metais. comum as marcas de cordas.

O Japão da Pré-História à Idade Antiga


Na Idade dos Metais, de acordo com as A cultura japonesa...
pes- quisas arqueológicas, começou a surgir no sempre interagiu de maneira pro- veitosa com povo
Japão um importante fenômeno: as sociedades
típicas do período Neolítico, que não têm uma
divisão de trabalho acentuada e que possuem
muitas semelhanças culturais entre si,
começaram a se particularizar. Ou seja, no fim
da Idade dos Me- tais já se tem, no arquipélago
japonês, a configu- ração de várias tribos, cada
uma com suas divi- sões de trabalho e culturas
142 mais caracterizadas.

11/10/14 9:52
Entre essas tribos, a Yamato tem especial destaque. Fortalecendo-se
cada vez mais, foi essa tribo que, por volta do ano 400 d.C., com uma
consolidada produção de arroz, unificou as tribos mais fortes do Japão,
fundando o Estado Antigo japonês.

Japão: religião
O Japão antigo era xintoísta. O xintoísmo é uma religião em que a natureza é
di- vinizada. Os antigos japoneses acreditavam nos Kamis: espíritos que
correspondiam a tudo aquilo que não era humano (como o Sol, a Lua, os rios, as
montanhas etc.).
O xintoísmo, apesar de ter sido a primeira manifestação religiosa oficial
do Japão Antigo, até hoje faz parte da cultura japonesa.

Integrando conhecimentos
Metade da madeira ele queima no fogo; sobre ela ele prepara sua refei- ção, assa a carne e come sua porção. Ele ta

Embora o ato de adorar a natureza possa ser visto em algumas religiões (como no xintoísmo) de modo

Vamos fazer
• Assinale a alternativa correta em relação ao Japão.
( ) Durante todo o período Neolítico, as tribos no Japão mantiveram-se
com as mesmas características.
( X ) No fim do período Neolítico, diversas tribos começaram a apresentar
organização e cultura próprias.
( ) Entre as tribos japonesas do período Neolítico, a única a se diferenciar
das demais foi a Yamato.
143

11/10/14 9:52
HISTÓRIA
EM
AÇÃO Os samurais

Assim como a história da China, a do Japão, da sua pri-


meira unificação, feita pelo clã Yamato, até a conso-
lidação do Estado japonês tal como ele existe em

OORKA/
nossos dias, caracterizou-se por muitas desuniões
entre os clãs. O Japão enfrentou muitos períodos em
que os chefes dos clãs se combatiam, apesar de o
im- perador garantir a união política do território.
Se a China ficou famosa, entre outras coisas, pelo
wushu e pelas técnicas de guerra que elaborou em
consequência das necessidades que surgiram em sua
história, o Japão também ficou célebre por suas técnicas
de guerra, cen-
tradas especialmente na figura dos samurais. Sa
am rai
Leia um pouco da história dos samurais e, depo ois,
s, faça o que se pede.

O Japão dos samurais


Partindo de uma origem modesta, como milicianos e guardiões da corte
impe- rial, os samurais tomaram o poder em 1185 d.C. Totalizando 6% da população,
os sa- murais (a palavra significa “aquele que presta serviços”) floresceram numa
sociedade [...] em que se hipotecava lealdade a um chefe guerreiro necessitado
de soldados para proteger e expandir seus domínioss. Com o imperador reduzido
a uma figura de fachada, o shogun detinha o controle máximo. As frequentes guerras
entre clãs, todavia, minavam seu poder.
À medida que foi se alterando a configuração dos conflitos armados, sua postura
modificou-se. Os samurais começaram como cavalheirescos guerreiros equestres,
mas, com a crescente rivalidade entre os clãs, diante de exércitos cada
Glossári vez maiores, passaram a ser treinados para o combate corpo a corpo.
o
Aristocracia – classe social Em sua versão final, [...] muitos viraram aristocratas ociosos,
con- siderada próxima à classe
do rei ou imperador; nobreza.
ins- talados no topo de um rígido sistema de classes. Suas habilidades
Clã – aglomeração de
mili- tares decaíram e eram suplantados por muitos comerciantes. Até
famíliass que têm que, no fim dos anos 1860, as forças leais ao imperador, incluindo
ascendência em co- mum. samurais descontentes, derrubaram a outrora indômita classe
Equestre – relativo ao cavalo. guerreira.
Hipotecar – oferecer um O’NEIL, Tom. O caminho do guerreiro. In: National Geographic.
bem ou serviço em troca de Samurais: guerreiros do Japão. Dezembro, 2003.
uma po- sição social ou valor
monetário.
Indômito – não domado;
não vencido. • Um dos samurais mais famosos do Japão, Musashi, não con-
Milícia – relativo ao exército, cordava com samurais que se distanciavam do “serviço à
às ações militares.
sua comunidade” para viver de intrigas políticas e
Shogun – senhor responsável,
a pedido do imperador, por guerras sem propósitos comunitários. Para ele, a vida das
administrar grandes proprie- pessoas podia ser limitada, mas o respeito e a honra
dades e exércitos durante
um período da história do deviam durar para sempre. Debata essa visão de Musashi
Japão. com seu profes- sor e seus colegas.
144

H6_u2c6_130a160.indd 144 11/10/14 9:52 AM


A Índia
A antiga civilização indiana, à semelhança do que ocorreu no Egito, na
Me- sopotâmia e na China, surgiu na proximidade de grandes rios: o Indo e o
Ganges.

A Índia da Pré-História à Idade Antiga


De acordo com alguns pesquisadores, por volta do ano 7000 a.C., desenvol-
veu-se às margens do Rio Indo uma cultura denominada harapense, que viveu
a Pré-História indiana.
Localize
Sul do Antigo Oriente No mapa ao lado, localize e circule de ver

VESPÚCIO CARTOGRAFIA
Localize e circule de verde a região da Me
ÁSIA

rio Eufrates rio Indo


rio Tigre

rio Ganges
Trópico de Câncer azul
vermelho
Mar Arábico verde
ÁFRICA
Golfo de Bengala

0649 km OCEANO ÍNDICO

Por volta do ano 3000 a.C., a cultura harapense já tinha um sistema de repre-
sentação gráfica e havia se constituíd e se organizado de tal forma que, para os
estudos históricos, pertencia à Idade Antiga.
Nesse tempo, na região da Índia Antiga, era possível contemplar as
grandes cidades de Harapa e Mohenjo-Daro, que tinham características
particulares, como ruas largas, grandes avenidas e sistemas de fornecimento de
água e de coleta de esgoto. Cercadas por muralhas, essas cidades da Índia Antiga
chegavam a abrigar até oitenta mil pessoas.
Evidentemente, muito desse desenvolvimento urbano e populacional se devia
a uma produção econômica favorecida pela proximidade dos rios. A civilização
ha- rapense se dedicava à prática agrícola, cultivando ervilha, melão, cevada,
damasco, entre outros produtos. As águas dos rios eram armazenadas em
reservatórios e canalizadas para os locais de cultivo, em um eficiente sistema de
irrigação.
Com a produção agrícola bem estabelecida, outras atividades econômicas ad-
quiriram grande importância. A fabricação de produtos artesanais (como
marte- los, machados, espadas e flechas), bem como a produção de panelas,
potes, copos, jarras em terracota; e de tecidos por meio do cultivo de algodão
(prática na qual os harapenses foram pioneiros) proporcionaram às cidades da
Índia Antiga um importante excedente de mercadorias que lhes possibilitou a 145
atividade comercial.

11/10/14 9:52
Os árias
Um novo período na história da Índia começou por volta do ano 2000 a.C.
Nesse período, alguns grupos nômades vindos da Europa migraram para o vale
do Rio Indo e, posteriormente, para o vale do Ganges.
Enquanto nas terras próximas ao Rio Indo viviam os harapenses, nas
proxi- midades do Rio Ganges viviam os drávidas. Os árias fixaram residência na
região dos drávidas e houve uma mistura da língua, da cultura e da religião
desses dois povos, que deu origem a uma língua chamada sânscrito e a um
conjunto de crenças e valores chamado de hinduísmo.

A propagação do sânscrito e do hinduísmo


No século VI a.C., o imperador Dario conquistou os territórios do vale do Rio
Indo. A mesma região, um século depois, passou a ser dos macedônios, devido à
ação militar de Alexandre, o Grande.
Depois dos macedônios, o hinduísta Chandragupta (321 a.C.) reconquistou a
região do vale do Indo e outras regiões além dela, fundand um império e pro-
pagando o sânscrito e o hinduísmo pela Índia. Nesse período, a Índia alcançou
grande prosperidade com a construção de diversas obras importantes,
incluin-
do estradas, que facilitavam as trocas comerciais com
O sânscrito,
que teria surgido da união entreoutros povos.
a cultura O império
dos drávidas hinduísta,
e dos árias, e o no entanto,
hinduísmo entrou
(que acabou se tornando um
em declínio, e somente no século IV d.C. os hindus
vol- taram à cena política, com o império Gupta, no
vale do
Rio Ganges. M smo assim, foram conquistados ainda
pelos turcos (1206), pelos mongóis (1526) e pelos in-
gle es ( or volta de 1800). Somente em 1947 a Índia
recuperou sua independência e se estabeleceu como o
Estado que conhecemos hoje.

PESQUISA
No proce so de reconquista da independên- cia da Índia, um homem que fez muita dife-
DIOMEDIA / SCIENCE SOURCE /

146

11/10/14 9:52
Vamos fazer
1. A história dos harapenses, na Índia Antiga, se assemelha à história:
( ) dos persas, cuja história antiga também se caracterizou pela
forma- ção de uma civilização predominantemente guerreira.
( ) dos fenícios, cuja história antiga também se caracterizou pela forma-
ção de uma civilização predominantemente comercial.
( X ) dos egípcios, cuja história antiga também se caracterizou pela forma-
ção de uma civilização predominantemente agrícola.
2. Semelhante a muitos povos do Antigo Oriente Próximo, a civilização ha-
rapense, na Índia Antiga, adquiriu excedente comercial. Qual foi a impor-
tância desse excedente?
Esse excedente possibilitou as práticas comerciais.

Um dos relatos mais antigos e famosos do Oriente Extremo e do Sul


do Antigo Oriente foi feito entre 1200 e 1300 por um homem chamado
Marco Polo. Leia, a seguir, um pouco sobre quem ele foi e o que fez.
Depois, faça o que se pede.

Marco Polo nasceu em Veneza, na Itália, no século XIII. Era


um explorador. Ele gostava de descobr r lugares novos e, para isso,
viajava bastante. Você sabe que o mundo na Idade Média era bas- Se você quiser saber
tante desconhecido e o Brasil nem existia nos mapas europeus. mais sobre Marco Polo e o
Seu pai e o tio também eram curiosos e, naquela época, que ele viu, leia o livro As
per- corriam lugares distantes para fazer o comércio de viagens de Marco Polo
mercadorias de luxo. Certa vez, foram para a China e ali (Scipione, 1997), em que
estão registradas suas via-
conheceram o impera- dor Kublai Khan. As mercadorias, como gens.
porcelanas chinesas, per- fumes, tapeçarias, tecidos finos, eram ali
compradas e revendidas na Europa por preços elevados. DIVULGA

Em suas viagens, enfrentavam piratas,


naufrágios e nativos de lugares distantes.
E por tudo isso, as mercadorias fica-
ROGER-

vam caríssimas no Ocidente.


Marco Polo foi capturado pelos
genoveses, que eram inimigos co-
merciais dos venezianos e, nesse
período em que esteve preso, escre-
veu um livro contando as suas aven-
turas. Até hoje seu livro serve como
referencial até mesmo para os histo-
riadores, pois ele descreve as belezas

147

11/10/14 9:52
das regiões que percorreu, os aspectos culturais dos povos que conheceu e
as dificuldades que passou ao enfrentar o desconhecido.
Em seu livro As viagens de Marco Polo, ele conta como era o Extremo
Oriente, a Índia, o Tibete, a Birmânia e o Vietnã e deixou registrado como eram as
pesso- as, o que comiam, como se vestiam, sua religião e seus valores religiosos.
Fonte de pesquisa: MACDONALD, Fiona. O mundo no tempo de Marco Polo.
Lisboa: Editorial Estampa, 1997.

3. Observe, a seguir, um mapa em que foi traçada a rota das viagens


que Marco Polo fez entre 1271 e 1295. Circule o local de partida de
Marco Polo, no Ocidente.

Rota das viagens de Marco Polo

VESPÚCIO CARTOGRAFIA
Círculo Polar Ártico

Ásia Central
MONGÓLIA
Veneza Sudak
Mar Negro

CHINA
PÉRSIA
Rio Azul
Sul da ÁsiaTIBETE ÍNDIA Xangai
Extremo Oriente
Trópico de Câncer

BIRMÂNIA
VIETNÃ OCEANO
PACÍFICO

Equador

OCEANO
ATLÂNTICO OCEANO
ÍNDICO

Império Mongol
Rota de Marco Polo
01462 km

4. Com base na região que você circulou no mapa, faça o que se pede.
a) A Índia está localizada na Ásia; escreva Sul da Ásia nas proximidades
da Índia.
b) Os territórios da Mongólia estão localizados na região Central da Ásia;
escreva Ásia Central nas proximidades da Mongólia.

148

11/10/14 9:52
c) A China, o Vietnã e a Birmânia estão localizados na
Região Leste da Ásia; escreva Extremo Oriente (Ásia do
A regravação do filme Karatê Kid mostra a
Leste) nas proximidades desses locais. Karatê Kid. Estados Unidos: Columbia Pictu

5. Quais são os rios que se destacam na China? Escreva o nome


de cada um.
Rio Amarelo e Rio Azul.

6. De acordo com o texto, o que Marco Polo observava em


to- dos os locais que visitava?
Ele observava como eram as pessoas, o que vestiam e como construíam suas casas. Via os

DIVULGA
alimentos que cultivavam e o modo como fabricavam os mais diversos produtos.

7. Observe as seis imagens a seguir. Elas retratam alguns


dos lugares por onde Marco Polo passou.
KAILASH K

PICHUGIN
REGIEN

Indiano cuidando de suas cabras. Mulheres indianas no Rio Ganges Yurt (tenda típica dos habitantes
nômades da Mongólia)
SZEFEI/

BEBOY/
PICHUGIN

Homem da mongólia praticando Chinês carregando fardos de trigo. Chinesa cuidando de uma
falcoaria. plantação de arroz.

• Escreva no seu caderno, como em um diário de viagens, uma suposta visi-


ta sua por algumas das localidades por onde Marco Polo passou.

149

11/10/14 9:52
HISTÓRIA E
COTIDIANO
O sistema de castas
Os sacerdotes da cultura ária, depois da consolidação do hinduísmo, afir-
mando conversar com os deuses, passaram a ter um poder político de grande re-
levância. Com esse poder, eles criaram alguns preceitos que foram incorporados
pela cultura indiana de forma geral.
Um desses preceitos é a reencarnação e o outro, é o sistema de castas, que
divide a sociedade em grupos específicos e fechados.
Cada pessoa vai pertencer, durante toda sua vida, Glossário
a um desses grupos – já que os hindus acreditam Reencarnação – crença
que nasceram em determinada casta devido a suas segun- do a qual uma pessoa,
depois de sua morte, volta a
ações na vida anterior. Observe, a seguir, o sistema viver em outrro corpo (que
de cas- tas indiano conforme ele foi criado. pode ser hu- mano o de
outra natureza).

Brâmanes: classe social Xátrias: class


sse so
ocia
ia formada por nobres guer-
formada pelos sacerdotes, que reiros, que eram responsáveis
re pela
eram respon- sáveis pela leitura administração de grandes prropriedades.
e interpretação dos escritos Formavam, com os brâmanes, a classe social
sagrados do hinduísmo, os dominante, da qual eram m essc lhidos os reis.
Vedas, e, portanto, pela determi-
Vaixás: classe social formada pelos
Sudras: classe co- merciantes, artesãos e
so- cial dos agricultores. Os homens dessa
servos e classe eram considerados homens
escravos, era livres e podiam juntar grande
for- mada por fortuna; no entanto, estavam
trabalha- dores sujeitos a pesados impostos e
que depen-
diam de um Intocáveis: classe
senhor para social formada por
sobreviver, pessoas to- talmente
porque não excluídas da
tinham sociedade. Essa
classe concentrava
pessoas con-
sideradas impuras
por não pertencerem
clara- mente a

Agora reflita: O sistema de castas foi oficialmente abolido na Índia


em sua Constituição de 1950. No entanto, ainda é muito comum
nas áreas rurais. Qual é a importância das leis na história das
civilizações humanas?

150
H6_u2c6_130a160.indd 150 11/10/14 9:52 AM
SABER
EM AÇÃ O

• Observe as linhas do tempo a seguir.


Os egípcios

Os sumérios, acadianos, amoritas (Primeiro Império Babilônico),


Babilôn assírios e
caldeus (Segundo Império Babilônico)

Os japoneses

1. Lembrando que a Idade Antiga começa com o desenvolvimento da es-


crita, que foi um dos adventos que contribuíram para a consolidação de
Estados ou cidades-Estado, responda ao que se pede.

151

H6_u2c6_130a160.indd 151 11/10/14 9:52 AM


a) Quando começou a Idade Antiga dos
No período do Antigo Império,
egípcios? aproximadamente em 2686 a.C.
b) Quando começou a Idade Antiga da Suméria, a mais antiga das civiliza-
ções mesopotâmicas? Aproximadamente em 4000 a.C., quando as primeiras cidades sumérias
começaram a se formar.
c) Quando começou a Idade Antiga da civilização japonesa?
Com a consolidação do Estado Yamato, em 400 d.C.
d) De acordo com a linha do tempo do Japão, que tribo mais se destacou no
fim da Pré-História japonesa? A tribo Yamato.
e) Qual foi o grande feito dessa A fundação do Estado Antigo japonês.
tribo?

2. Por que podemos dizer, baseados nas linhas do tempo das sociedades me-
sopotâmicas e da sociedade japonesa, que não existe uma linha do tempo
única na História? Porque cada sociedade desenvolveu a escrita e passou para a Idade Antiga em um
momento determinado, não necessariamente atrelado à formação de um Estado
centralizado ou com a Idade dos Metais.
3. Observe os vasos a seguir.

IMAGENS: DIOMEDIA / DEAGOSTINI / DEA – L. DE

a) O vaso Jômon foi encontrado em sítios arqueológicos japoneses de


qual período pré-histórico?
( ) Paleolítico.
( X ) Neolítico.
( ) Idade dos Metais.
b) E o vaso do período Yayoi?
( ) Paleolítico.
( ) Neolítico.
( X ) Idade dos Metais.

11/10/14 9:52
152

11/10/14 9:52
c) Leia, a seguir, o trecho de um texto sobre o período do vaso Yayoi e
3.c) Encontrar um
res- ponda à questão: Que descobertas arqueológicas feitas no período vaso do período Yayoi
mostra que existiam
de predominância do vaso Yayoi revelam que ele existiu em um chefes tribais muito
período de transição? ricos e poderosos.
Isso sinaliza que
haviam grupos de
Os Yayoi viveram na ilha de Honshu, misturando-se com a cultura Jômon. poder ascendente, o
Os artesãos faziam sinos de bronze e utilizavam o ferro para confeccionar que posteriormente
os leva a assumir a
armas. autoridade dentro das
comunidades às quais
Alguns acreditam que a cultura Yayoi tenha sua origem na Sibéria no pertenciam. Além disso,
pe- ríodo da Pedra Polida, mas quando se fixaram no Japão, já utilizavam o a simples presença de
um item em bronze já
ferro e nesse período, chefes tribais muito ricos teriam assumido a autoridade denotava a transição
diante de outras comunidades da região. para a Idade dos
Metais.
Fonte de pesquisa: YAMASHIRO, José. História da cultura japonesa.
São Paulo: Ibrasa. 1986. p. 27 e 33.
Assinale a alternativa que mais se encaixa com a definição de cidade-
4. -Estado.
( X ) Cidade-Estado designa uma extensão territorial delimitada por uma estrutura própria cult
( ) Cidade-Estado designa o conjunto das instituiçõ s (governo, forças ar- madas, funcionalismo
Qual é a relação entre o fato de a Mesopotâmi ter enfrentado constantes guerras e o fato de o
As guerras se davam pelo domínio das terras. Como o acesso à região era relativamente fácil, vários povos chegavam até a Mesopotâmia e lutava

5.

6. Que povos viveram em cada uma dessas regiões?


A. Mesopotâmia ( A ) Sumérios ( C ) Hebreus
B. Fenícia ( A ) Acadianos ( D ) Persas
C. Canaã ( A ) Caldeus ( A ) Assírios
D. Pérsia ( B ) Fenícios ( A ) Amoritas

7. Dos povos da questão anterior, quais pertenceram:


a) ao Primeiro Império Babilônico?
Amoritas.

153

11/10/14 9:52
b) ao império que surgiu entre o Primeiro e o Segundo Impérios Babilônicos?
Assírios.

c) ao Segundo Império Babilônico?


Caldeus.

d) ao mais extenso (território) império da Antiguidade?


Persas.

8. Por que a maioria desses impérios chegava ao fim?


Porque eles cresciam muito, e se tornavam difíceis de administrar devido às grandes extensões que alcançavam.

Com isso, dominavam diferentes povos e, em algum momento, as insatisfações desses povos eclodiam em rebeliões.

9. Quais foram alguns dos feitos administrativos mais not veis do Império Persa?
Separação do território em satrapias, unificação da moeda e do idioma, construção de estradas.

10. Como a condição geográfica dos fenícios favoreceu o tipo de civilização que desenvo
Os fenícios estavam geograficamente localizados entre uma cadeia de montanhas e o Mar Mediterrâneo. Assim, aproveitaram o e

11. Um dos Estados mais antigos que existiram foi o Estado egípcio. Em rela- ção à geog
BUMIHILLS/

PROMETHEUS72/

JAKRIT

( X ) Rio Nilo. ( ) Rio Eufrates. ( ) Rio Yang-tsé.

154

11/10/14 9:52
12. Como os egípcios aproveitavam esse rio?
( X ) Tentavam prever suas cheias, a fim de se prepararem para produzir
seus alimentos.
( ) Utilizavam-no apenas para navegação.

13. Qual foi a importância da união dos nomos para o fortalecimento da civi-
lização egípcia?
Sozinhos, os nomos não teriam condições de crescer. Unidos, eles conseguiram, por exemplo, construir as barragens,

importantes para a manutenção do plantio às margens do Nilo. Sem essas barragens, o desenvolvimento individual

dos nomos seria limitado, pois dependeria muito mais de variantes naturais que, embora possam ser ocasionalmente

previstas, não podem ser controladas quando se pensa em possíveis períodos de estiagem ou de chuvas muito fortes.

14. A religião egípcia teve importância na organização do povo. Explique como a figura do faraó e
O Egito era uma teocracia e o faraó era considerado a reencarnação do deus Osíris. Assim, como Osíris reinava sobre os homens no mundo dos mor

15. As pirâmides também podem ser consideradas monumentos da religião egípcia? Justifique.
Sim, pois eram a morada final do faraó após sua morte. O corpo do faraó era mumificado, porque para os egípcios a eternidade da alma dependi

16. Hoje, os egiptólogos dividem a história do Egito em Antigo, Médio e Novo


Império, considerando, para isso:
( X ) as dinastias que governaram da unificação do Egito à revolta dos no-
marcas; as que governaram da retomada do poder pelos faraós,
pas- sando pela instituição da religião monoteísta, até a guerra
contra os hicsos; e as que governaram da libertação dos escravos
hebreus até a invasão de outros impérios.
( ) o calendário egípcio e os cerimoniais dessa civilização.

155

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17. Encontre, no caça-palavras, alguns dos conceitos que fazem parte do es-
tudo da civilização egípcia.

Q M W E D R F T T a) Sistema de organização
política no qual o
GY U H I J I chefe de governo é
uma divin-
K O E H
dade. teocracia
L M P Ç M N H K O I
b) Sistema de preserva-
Z I A S X D C F C E ção dos corpos que os
egípcios desenvolveram
S F Q W E D F T R R com a finalidade de dei-
A I X D C F E L A O xar o corpo preparado
para o retorno da alma.
T C G H N J M K C G mumificação
c) Sistema religioso egíp-
O A P I L H F T I L cio em que vários
deu- ses são cultuados.
V Ç N B I O A M A I politeísmo
pol
d) Classe trabalhadora da
Z Ã R T Y L P I M F civilização egípcia.
felá
P O LI T EI SM O e) Escrita egípcia.
hieróglifo

18. Os persas entraram na História, entre


en outras razões, por terem sido
tão bons administradores quanto
nt guerreiros. A esse respeito, leia o
texto a
seguir e responda ao que
qu se p de.

A administraçã o pú blic
ica no tempo dos persas
[...] Em 559 a.C., o príncipe Ciro [...] aproveitou-se do descontentamento e
das conspirações no Império Caldeu para subjugar a cidade da Babilônia. Sua
vitória foi fácil, pois teve a ajuda dos judeus e dos sacerdotes caldeus insatis-
feitos com a política de seu rei. [...] o grande conquistador morreu em 529 a.C.,
vítima de ferimentos recebidos numa guerra com tribos bárbaras. Logo depois,
uma série de perturbações ameaçou o Estado que ele fundara, pois havia devo-
tado demasiada energia à conquista e pouca ao desenvolvimento interno. [...]
Dario I, o Grande, subiu ao trono com um golpe de Estado [...]. Governou o
império de 521 a.C. a 486 a.C. Seus primeiros anos foram ocupados na supressão
de revoltas de povos subjugados e na melhoria da organização administrativa
do Estado. Completou a divisão do império em satrapias ou províncias e fixou
o tributo anual devido por cada uma delas. Padronizou as moedas e o
sistema de pesos e medidas. Reparou e completou um primitivo canal do Nilo
até o Mar
Vermelho. [...]
Mas, em algumas de suas proezas militares, Dario foi longe demais. A fim de
reprimir as incursões dos citas, que viviam nas margens europeias do Mar
Ne- gro, atravessou o Helesponto e conquistou grande parte da Trácia.

11/10/14 9:52
Aumentou a pressão sobre os gregos da costa da Ásia Menor, que tinham caído
sob o domínio

156

11/10/14 9:52
persa com a conquista da Lídia,
impondo-lhes tributos mais pe- Império Persa e
sados e forçando-os a servir em

VESPÚCIO CARTOGRAFIA
Grécia
seus exércitos. Resultado disso
foi a revolta das cidades gregas o Epidamnus

com o apoio de Atenas. [...] Apolonia


MACEDÔNIA

Apesar dos defeitos, o gover- Mar

no persa foi sem dúvida supe- Egeu


IMPÉRIO

rior à maioria dos que já tinham PERSA

Maratona

Tebas

existido no Oriente Próximo. Corinto


ARCÁDIA
Atenas
Salamina ÁTICA

Olympia Argos
Não imitava o terrorismo dos Mesenia
Esparta
assírios. Impunha pesados tribu- LACONIA

tos às nações conquistadas, mas Cytera

permitia-lhes conservar seus Cnossos


Território
0 100 km Creta grego
próprios costumes, religiões e Mar Mediterrâneo Império

leis. [...] Construíram excelentes


estradas, a fim de manter o Estado coeso. Tão bem conservada era a Estrada
Real, que os mensageiros do rei, viajando dia e noite, podiam cobrir sua exten-
são total em menos de uma semana.
LIMA, Máriton Silva. A administração pública no tempo dos persas I. In: Artigos. Disponível em:
<www.latimedireito.adv.br/>. Acesso em: set. 2014. Trechos selecionados.
a) Você estudou que os persas e os medos chegaram até a região em que
hoje temos o Irã, vindos do Leste Europeu. De acordo
ac com o texto, Ciro,
um dos reis persas, “aproveitou-se do descontentamento e das
conspirações no Império Caldeu para subjugar a cidade da Babilônia”. Por
que o Império Caldeu tinha deixado tantas pessoa
pes s descontentes?
Porque os povos sob seu domínio eram
m esscrrav
vizzad
dos e obrigados a pagar pesados tributos, gerando muita

insatisfação contra os caldeus.

b) Quando Ciro morreu,


mo como Dario assumiu o poder?
Com um golpe de Estado.

c) Dario ficou conhecido como Príncipe da Pérsia. Quais foram os destaques


administrativos de seu reinado?
Divisão do território em províncias (satrapias), unificação do idioma (aramaico) e da moeda (dárico) do império,

além da construção de estradas para facilitar a comunicação entre os territórios sob seu domínio.

11/10/14 9:52
157

11/10/14 9:52
d) Em sua opinião, as táticas persas de administração de um grande territó-
rio eram realmente boas? Por quê?
Resposta pessoal.

e) Qual dessas táticas, para você, tem mais valor? Justifique.


Resposta pessoal derivada da resposta anterior.

f) O autor do texto afirmou: “Apesar dos defeitos, o governo persa foi, sem
dúvida, superior à maioria dos que já tinham existido n Oriente Próximo.
Não imitava o terrorismo dos assírios”. O que isso quer d zer?
Quer dizer que, apesar da firme administração sobre os povos dominad
dos,
s, os pe
ersa
sa não os controlavam com

demasiada violência.

g) De acordo com o texto, qual foi o erro cometido


co por Dario?
A extensão de seus domínios além do Helesponto,
o, au
ume
enttando a pressão sobre os gregos da Ásia Menor,

impondo-lhes tributos mais pesados e forççan


ndo
o-os
os a servir em seus exércitos, gerando, assim, muita insatisfação

da parte dos gregos.

h) Qual foi a consequência desse erro?


A revolta dass cidades grre as, desencadeando guerras que enfraqueceram os persas, como as Guerras Médicas

(sob o reinado do f lho de Dario, Xerxes), que os deixaram vulneráveis aos ataques inimigos.

19. Formem grupos e sorteiem, em classe, um dos legados do Antigo Oriente


listados a seguir. Cada grupo deverá elaborar uma HQ, a ser apresentada
para a turma, que conte a história desse legado.

Dez Mandamentos Código de Alfabeto Jardins da


da Torá judaica Hamurábi fenício Babilônia

Biblioteca de Nínive (com tabletes em escrita cuneiforme)

158
H6_u2c6_130a160.indd 158 11/10/14 9:53 AM
VIVENDO EM
SABEDORIA
[…] Estais vendo a miséria em que estamos, Jerusalém assolada, e as suas
portas, queimadas; vinde, pois, reedifiquemos os muros de Jerusalém e
deixemos de ser opróbrio. E lhes declarei como a boa mão do meu Deus
estivera comigo [...]. Então, disseram: Disponhamo-nos, e edifiquemos. E
fortaleceram as mãos para a boa obra.
Neemias 2.17-18 (ARA)

O que reconstruir?
MARIO TAMA/GETTY

O Padre Antônio Vieira disse certa vez que “[o tempo] tudo faz esquecer,
tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo às colunas de mármore. [...]”
(Pe. Antônio Vieira. Sermão do Mandato).
1. De acordo com o Padre Antônio Vieira, o que o tempo faz a qualquer coisa?
O tempo faz qualquer coisa passar: “tudo esquece, tudo digere, tudo acaba”.

159

H6_u2c6_130a160.indd 159 11/10/14 9:53 AM


2. As colunas de mármore, de acordo com o que disse o padre e de
acordo com o que você já estudou das civilizações antigas, conseguem
sobreviver intactas ao tempo?
Intactas, não. Mas resistem muito bem ao tempo.

3. Com a História, no entanto, você diria que, apesar da influência


inf do
tempo, algumas coisas conseguem sobreviver a ele? Por quê?
Sim, porque existem comportamentos, crenças e concepções que persistem
m há milênios,
milênio assim como a cultura

material (como prédios antigos), que são permanências nítidas em nosso cotidiano.
cotidia

4. Observe como os homens vivem r construindo o passado para torná-lo


presente novamente. O que, em sua opinião, vale a pena o homem sem-
pre reconstruir?
Resposta pessoal.

GRUPO

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