Você está na página 1de 6

MATEMÁTICA

Frente: Matemática IV
EAD – ITA/IME
Professor(a): Isaac Luís

AULAS 28 A 33
Assunto: Arranjos, combinações e os lemas de Kaplansky

Exemplo 2: Ao utilizar o caixa eletrônico de um banco, o usuário


digita sua senha numérica em uma tela, como mostra a figura. Os dez
Resumo Teórico algarismos {0,1,2,3,4,5,6,7,8,9} são associados aleatoriamente a cinco
botões, de modo que a cada botão corresponda a dois algarismos,
indicados em ordem crescente. O número de maneiras diferentes de
apresentar os dez algarismos na tela é:
Arranjos Simples
Definição: Seja A um conjunto com n ≥ 1 elementos.
Um arranjo simples com 1 ≤ p ≤ n elementos de A é qualquer lista senha:
ordenada com esses P elementos.
Se A = {1, 2, 3, 4, 5}, as listas (1,2,5); (2,1,5) e (3,2,1), por
exemplo, são arranjos simples com 3 elementos de A. 0 ou 3 5 ou 7 1 ou 4 2 ou 9 6 ou 8

Proposição: O número de arranjos simples de n ≥ 1 elementos, corrigir sair


tomados p a p, denotado por An,p, é dado por

n! 10!
. A)
(n − p)! 25
Prova: Para montarmos uma lista ordenada com 1 ≤ p ≤ n 10!
B)
elementos oriundos de um conjunto A, podemos, inicialmente, 5
escolher o elemento que ocupará a primeira posição da lista, o que C) 25 × 5!
pode ser feito de n modos distintos. Procedendo dessa forma, é fácil D) 25 × 10!
ver que, para a i-ésima posição da lista, teremos n – (i – 1) possíveis
10!
escolhas. Daí, pelo princípio multiplicativo, E)
2
p
An, p = ∏ n − (i − 1) =
{∏ p
i =1 }
n − (i − 1) (n − p)!
=
n!
. Solução: Inicialmente, o sistema operacional do caixa eletrônico
i =1 (n − p)! (n − p)! escolhe os dois algarismos que serão associados ao primeiro botão,
A
o que pode ser feito de 10, 2 modos distintos. De fato, A10,2 contabiliza
Exemplo 1: Para mostrar aos seus clientes alguns dos produtos que 2
vende, um comerciante reservou um espaço em uma vitrine para todas as listas ordenadas com dois elementos oriundos do conjunto
colocar exatamente 3 latas de refrigerante, lado a lado. Se ele vende {0,1,2,3,4,5,6,7,8,9}. Porém, como os dois algarismos escolhidos serão
6 tipos diferentes de refrigerante, de quantas maneiras distintas pode exibidos na tela em ordem crescente, A10,2 corresponde ao dobro do
expô-los na vitrine? número correto de possíveis escolhas para o primeiro botão. Feita a
A) 144 primeira escolha, a máquina terá à sua disposição 8 algarismos, dos
B) 132 quais 2 serão escolhidos para o segundo botão, e, aqui, um raciocínio
C) 120 A 8, 2
similar nos leva a concluir que o total de possíveis escolhas é .
D) 72 2
E) 20 Procedendo dessa maneira, e aplicando o princípio multiplicativo,
inferimos que a resposta procurada é
Solução. Seja R = {r1, r2, r3, r4, r5, r6 } o conjunto formado pelos 6
refrigerantes dos quais o comerciante dispõe. Claramente, a resposta A10, 2 A 8, 2 A 6, 2 A 4, 2 A 2, 2
para o problema corresponde ao número de arranjos simples com 3 × × × × =
elementos de R, isto é, 2 2 2 2 2
1 10! 8! 6! 4! 2! 10!
6! 6! = × × × × × = .
A 6, 3 = = = 120. 25 8! 6! 4! 2! 0! 25
( ) 3!
6 − 3 !

Alternativa: A
Alternativa: C

F B O NLINE.COM.BR 013.033 - 138677/19

//////////////////
Módulo de Estudo

Exemplo 3: (Professor Isaac Luís) 12 enxadristas participam de um Suponha p ≠ 0. Consideremos todos os arranjos simples
torneio em que todos jogam contra todos. Cada participante do com p elementos de A. Note que Cn,p corresponde ao número de
torneio inicia sua sequência de jogos com 11 pontos. Se um enxadrista grupos desses arranjos constituídos pelos mesmos p elementos.
ganha uma partida, somam-se 3 pontos àqueles que ele já possuía; Com efeito, cada grupo de arranjos formados pelos mesmos p
se perde, subtrai-se um ponto; se empata um jogo, nem perde e nem elementos está associado a um único subconjunto de A com p
ganha pontos. Foram registrados 14 empates nesse torneio. Qual é elementos, e, reciprocamente, cada subconjunto de A com p elementos
a soma de todos os pontos com os quais cada enxadrista ficou ao está associado a um único grupo de arranjos formados pelos mesmos
término do torneio? p elementos. Agora, note que An,p corresponde à soma dos números
de permutações dos p elementos de cada um dos grupos de arranjos
Solução. Perceba que o número de partidas disputadas nesse torneio foi
mencionados anteriormente, isto é,
A12, 2 1 12! 1 n!
= × = × 12 × 11 = 66. p!× Cn, p = An, p = ⇒
2 2 10! 2 (n − p)!
n!
Desse modo, houve 66 – 14 = 52 vitórias (e 52 derrotas, ⇒ Cn, p = ,
evidentemente). Em cada uma das partidas nas quais um jogador saiu p!(n − p)!
vitorioso, foram agregados 3 – 1 = 2 pontos na pontuação geral do o que encerra a prova.
torneio (isto é, na soma dos pontos de todos os enxadristas). Assim,
a resposta procurada é Exemplo 5: Considere o conjunto
12 × 11 + 52 × 2 = 132 + 104 = 236
C = {2, 8, 18, 20, 53, 124, 157, 224, 286, 345, 419, 527}.
Exemplo 4: Em uma primeira fase de um campeonato de xadrez,
cada jogador joga uma vez contra todos os demais. Nessa fase, foram O número de subconjuntos de três elementos de C que possuem a
realizados 78 jogos. Quantos eram os jogadores? propriedade “soma dos três elementos é um número ímpar” é:
A) 10 A) 94
B) 11 B) 108
C) 12 C) 115
D) 13 D) 132
E) 14 E) 146
Solução. Seja n ≥ 2 o número de jogadores do torneio. É claro que Solução. Repare que, para montarmos um subconjunto de C com três
An, 2 elementos satisfazendo a exigência anterior, ao menos um dos números
corresponde ao número de partidas disputadas nesse torneio,
2 escolhidos deve ser ímpar. Em verdade, devemos escolher um ímpar e
de modo que dois pares ou três ímpares. Como há 5 ímpares e 7 números pares em
C, o total de subconjuntos de C formados por um ímpar e dois pares é
An, 2 n!
= 78 ⇒ = 156 ⇒ n (n − 1) = 156 ⇒
2 ( − 2)!
n
7! 7×6
5 × C7, 2 = 5 × = 5× = 105.
⇒ n − n − 156 = 0.
2 2!5! 2

Resolvendo a equação quadrática anterior, obtemos n = 13, Por outro lado, o número de subconjuntos de C formados por
posto que n ≥ 2. três ímpares é

Alternativa: D 5! 5× 4
C5, 3 = = = 10.
3!2! 2
Para o que falta, fazemos 10 + 105 = 115.
Combinações Simples
Definição: Seja A um conjunto com n elementos. Uma combinação Alternativa: C
simples de classe P com os elementos de A é qualquer subconjunto
Exemplo 6: Em um escritório, onde trabalham 6 mulheres e 8 homens,
de A com 0 ≤ p ≤ n elementos.
pretende-se formar uma equipe de trabalho com 4 pessoas, com a
Se A = {1,2,3}, por exemplo, as combinações simples de classe 2 com
presença de pelo menos uma mulher. O número de formas distintas
os elementos de A são os subconjuntos de A com dois elementos:
de se compor essa equipe é:
{1,2}; {1,3}; {2,3}. A) 721
B) 1111
Proposição: O número de combinações simples de n elementos, C) 841
tomados P a P, denotado por Cn,p, é dado por D) 931
E) 1001
n!
. Solução. Consideremos o conjunto E formado por todas as pessoas
p!(n − p)! que trabalham no escritório. É claro que n(E) = 6 + 8 =1 4. O número
total de equipes com 4 integrantes que podemos formar com os
Prova: Seja A um conjunto com n elementos. Se P = 0, o único
elementos de E é dado por C14,4. Essa contagem, evidentemente,
subconjunto de A com nenhum elemento é o vazio, e, nesse caso, a
inclui as equipes formadas apenas por homens, que são em número
fórmula acima funciona, posto que
de C8,4 (aqui, estamos contando os subconjuntos com 4 elementos
n! do conjunto de homens que trabalham no escritório). Daí, a resposta
Cn, 0 = = 1.
0!n! procurada é

F B O NLINE.COM.BR 2 013.033 - 138677/19

//////////////////
Módulo de Estudo

14! 8! posto que p > q. Suponha que n – p + 1 > q + 1. Nesse caso, teríamos
C14, 4 − C8, 4 = − = n – p + j > q + j, para todo j, 1 ≤ j ≤ p – q, e, portanto,
4!10! 4!4!
p−q

14 × 13 × 12 × 11 8 × 7 × 6 × 5 M > ∏ (q + i) ,
= − = 7 × 13 × 11 − 7 × 2 × 5 = i =1

4 ×3×2 4 ×3×2
o que não é possível. Se n – p + 1 < q + 1, a conclusão é análoga.
Assim, devemos ter n – p + 1 = q + 1, ou, equivalentemente, p + q = n.
= 7 × (13 × 11 − 2 × 5) = 7 × 133 = 931.
É muito comum referir-se ao número Cn,p como número binomial ou
número combinatório de classe p, especialmente nos casos onde se
Alternativa: D estuda o Triângulo de Pascal e o desenvolvimento do Binômio de
Newton. No que segue, passaremos a usar tal nomenclatura.
Exemplo 7: Marcam-se, em um plano, 10 pontos, dos quais 4 estão sobre Definição: Sejam n, p e q naturais. Se p + q = n, os números
a mesma reta e três outros pontos quaisquer nunca estão alinhados. combinatórios Cn,p e Cn,q são ditos complementares.
O número total de triângulos que podem ser formados, unindo-se três Observe que, em virtude da proposição anterior, números combinatórios
quaisquer desses pontos, é: complementares são iguais.
A) 24
B) 112 Exemplo 8: No saguão de um teatro, há um lustre com 10 lâmpadas,
todas de cores distintas entre si. Como medida de economia de
C) 116
energia elétrica, o gerente estabeleceu que só deveriam ser acesas,
D) 120
simultaneamente, de 4 a 7 lâmpadas, de acordo com a necessidade.
E) 124
Nessas condições, de quantos modos distintos podem ser acesas as
Solução. Seja P o conjunto formado pelos 10 pontos em questão. lâmpadas desse lustre?
O número de triângulos com vértices em pontos de P corresponde A) 664 B) 792
ao número de subconjuntos de P da forma {A, B, C}, com A, B e C C) 852 D) 912
não colineares. O total de subconjuntos de P com três elementos é E) 1044
dado por C10,2. Porém, devemos excluir desse número a quantidade
de subconjuntos de P cujos elementos são três dos quatro pontos Solução: Sendo L o conjunto das 10 lâmpadas do saguão, o problema
que se encontram sobre a mesma reta. Logo, a resposta procurada é consiste em contar quantos são os subconjuntos de L com 4, 5, 6 e 7
elementos. Desse modo, basta fazermos
10!
C10, 3 − C4, 3 = −4 = C10,4 + C10,5 + C10,6 + C10,7.
3!7!
10 × 9 × 8 É fácil ver que C10,5 = 252 e C10,7 = 120; além disso, pela proposição
= − 4 = 10 × 3 × 4 − 4 = 120 − 4 = 116.
3×2 anterior, temos C10,4 = C10,6 = 210. Assim, a resposta para o problema é

120 +2 × 210 + 252 = 792.


Alternativa: C
Alternativa B
Proposição: Os números Cn,p e Cn,q são iguais se, e somente se,
p = q ou p + q = n. Exemplo 9: Resolva a equação: C200,2x = C200,9–x.
Solução: Inicialmente, repare que devemos ter 0 ≤ 2x ≤ 200 e
Prova: (⇐) É claro que, se p = q, Cn,p = Cn,p. Além disso, se p + q =
0 ≤ 9 – x ≤ 200, isto é, 0 ≤ x ≤ 9. Agora, em virtude da proposição anterior,
n, temos q = n – p. Daí, segue-se que
n! C200, 2x = C200, 9 − x ⇔ 2x = 9 − x (I)
Cn, q = Cn, n −p = = ou
(n − p)! n − (n − p) ! 2x + 9 − x = 200 (II) .
n!
= = Cn, p . De (I) , obtemos x = 3 , e, de (II) , x = 191 . Desse modo, o conjunto
(n − p)!n!
solução da equação em questão é {3} .
⇒ Suponha Cn,p = Cn,q. Se p = q, nada há a fazer. Suponha, sem perda Vejamos alguns exemplos um pouco mais sofisticados.
de generalidade, p > q. Temos Exemplo 10: Prove que o produto de n naturais consecutivos é
n! n! múltiplo de n!.
= ⇒ p!(n − p)! = q!(n − q)!(*) . Solução: Seja A um conjunto com n ≥ 1 números naturais
p!(n − p)! q!(n − q)!
consecutivos. Se mínA ∈ {0,1} , a conclusão é imediata. Suponha,
p−q portanto, que mínA ≥ 2 . Os elementos de A podem ser escritos do
Seja M = ∏ (n − p + i) . Multiplicando ambos os membros de seguinte modo: m + 1 , ..., m + n , com m = mínA − 1. Agora, note que
i =1

(m + n)! = m!∏ i=1(m + i) =


n
n
(*) por M, obtemos n!× Cm + n, n = n!×
n!m! m!
∏ (m + i) ,
i =1
p![(n – p)!M] = q!(n – q)!M ⇒ p! = q!M, e, portanto,
n
uma vez que (n – p)!M = (n – q)!. Agora, note que a igualdade obtida n!∣∏ (m + i) ,
anteriormente nos permite concluir que i =1
p−q

∏ (q + i) = M, isto é, n! divide o produto dos n naturais consecutivos em A, posto


i =1 que Cm + n, n é um número natural.

013.033 - 138677/19
3 F B O N L I NE .C O M . B R
//////////////////
Módulo de Estudo

Exemplo 11: Prove que, se n ∈ * , então Tomando somatórios em (**), obtemos


n −1 n −1 n −1
n∑ ( −1) Cn, i − ∑ ( −1) iCn, i = n∑ ( −1) Cn −1, i.
i i i

Cn, 0 − Cn,1 + … + ( −1) Cn, n = 0.
n

i= 0 i= 0 i= 0
Observe que
n −1
Solução: Suponha n ímpar. Note que, pela proposição anterior, temos,
∑ ( −1) Cn−1, i = 0,
i

i= 0
n −1
em particular, que Cn, i = Cn, n −i , para todo i, 0 ≤ i ≤ . Além disso, i uma vez que (n − 1) é ímpar. Assim,
2 n −1 n −1
n∑ ( −1) Cn, i − ∑ ( −1) iCn, i =
i i

e (n − i) têm paridades distintas. Daí, ( −1) = − ( −1)
i n −i
, de modo que i= 0 i= 0

n  n 
= n  ∑ ( −1) Cn, i − ( −1) Cn, n  −  ∑ ( −1) iCn, i − ( −1) nCn, n  =
i n i n

( −1) n −i
Cn, n −i = − ( −1) Cn, i (*) ,
i
 i= 0   i= 0 
n  n
n −1 = n  ∑ ( −1) Cn, i − 1 − [0 − n] = n∑ ( −1) Cn, i = 0 ⇒
i i
para todo i, 0 ≤ i ≤ . Assim,
2  i= 0  i= 0
n
⇒ ∑ ( −1) Cn, i = 0,
i
n −1

2 *)
(
Cn, 0 − Cn,1 + … + ( −1) Cn, n = ∑ ( −1) Cn, i + ( −1) Cn, n −i 
n i n −i i= 0
=
i= 0
 e acabamos.

*)
( n −1 Exemplo 12: Prove que
2
= ∑0 = 0. Cn,1 + 2Cn, 2 + 3Cn, 3 + … + nCn, n = n2n −1,
i= 0

Antes de prosseguirmos, precisamos do seguinte para todo n ≥ 1 .


Lema: Se n é par, então Solução. Mostraremos que
n

∑iCn, i = n2n−1.
n

∑ ( −1) iCn, i = 0.
i
i= 0
i= 0

Se n = 0 , a fórmula é trivialmente verdadeira. Suponha n ≥ 1 .


Prova: Se n = 0 , imediato. Suponha n ≥ 2 . Observe que, para A igualdade (I), obtida no decorrer da solução do exemplo anterior,
1 ≤ i ≤ n , podemos escrever é válida para todo n ≥ 1 e todo i, 0 ≤ i ≤ n − 1 . Tomando somatórios
nessa igualdade, obtemos
n (n − 1)!
i × Cn, i = i × = n × Cn −1, i −1.
i (i − 1)!(n − i)!
n −1 n −1 n −1
n∑Cn, i − ∑iCn, i = n∑Cn −1, i ⇒
Daí, i= 0 i= 0 i= 0
n n n
 n   n  n −1
∑ ( −1) iCn, i = ∑ ( −1) iCn, i = ∑ ( −1) nCn−1, i−1 =
i i i
⇒ n  ∑Cn, i − Cn, n  −  ∑iCn, i − nCn, n  = n∑Cn −1, i ⇒
i= 0 i =1 i =1  i= 0   i= 0  i= 0
n n −1
= n∑ ( −1) Cn −1, i −1 = n∑ ( −1) Cn −1, j =
j +1  n 
( )
i
⇒ n 2n − 1 −  ∑iCn, i − n = n2n −1 ⇒

i =1 j= 0  i= 0 
n −1
= ( −n) ∑ ( −1) Cn −1, j.
j n
⇒ ∑iCn, i = n2n − n2n −1 = n2n −1,
j= 0
i= 0

Como (n − 1) é ímpar, temos, em função do que fizemos anteriormente, que e nada mais há a fazer.
n −1

∑ ( −1) Cn−1, j = 0,
j

j= 0
Os lemas de Kaplansky
e a conclusão é imediata.
Os chamados lemas de Kaplansky são úteis na resolução de
Voltando ao exercício, seja n par maior do que ou igual a 2. Para problemas envolvendo contagens de subconjuntos que não possuem
0 ≤ i ≤ n − 1 , podemos escrever elementos consecutivos. Antes de estudá-los, vejamos a seguinte
Definição: Seja A um conjunto com n elementos. Um p – subconjunto
n (n − 1)!
Cn, i = = de A é qualquer subconjunto de A com 0 ≤ p ≤ n elementos.
i!(n − i) (n − i) − 1 ! Note que a definição acima apenas introduz uma nomenclatura

alternativa para uma combinação simples de classe p.

=
n
×
(n − 1)! = n × C ⇒ Teorema: (1º lema de Kaplansky) O número de p – subconjuntos de
{1,...,n} nos quais não há números consecutivos, denotado por F(n,p), é
n − i i! (n − i) − 1 ! n − i
n −1, i

Cn–p+1,p.
⇒ (n − i) Cn, i = nCn −1, i ⇒ nCn, i − iCn, i = nCn −1, i (I) ⇒ Prova: Se n = 1, perceba que F(1,0) = 1 = C 2,0 = C 1–0+1,0 e

F(1,1) = 1 = C1,1 = C(1–1+1,1; logo, a fórmula acima funciona nesses
casos. Suponha n ≥ 2. É claro que p < n, de modo que n – p ≥ 1.
⇒ ( −1) nCn, i − ( −1) iCn, i = ( −1) nCn −1, i (**) .
i i i

Agora, associaremos cada p-subconjunto não contendo números

F B O NLINE.COM.BR 4 013.033 - 138677/19

//////////////////
Módulo de Estudo

consecutivos a uma sequência de n sinais, dos quais p são sinais de G (n,p) = Cn −p −1, p −1 + Cn −p, p =
+, e os (n – p) restantes são sinais de –. Nessas sequências, os sinais
de + indicam a presença de determinado elemento; os sinais de –,
por sua vez, indicam a ausência de elementos. Se n = 5 e p = 2, por p  p 
= × Cn −p, p + Cn −p, p =  + 1 Cn −p, p =
exemplo, o 2-subconjunto {1,4} será associado à sequência + – – + –. n−p  n − p 
Repare, ainda, que essa sequência está associada apenas ao
subconjunto em questão. Desse modo, a correspondência entre n
p-subconjuntos e as sequências do tipo anterior é biunívoca. Nesse = × Cn −p, p .
n−p
sentido, contar esses subconjuntos equivale a contar as sequências a
eles associadas. Para fazermos essa contagem, dispomos os (n – p) Para encerrarmos o estudo das técnicas relevantes relacionadas
sinais de – em sequência, e, em seguida, alocamos os p sinais de + ao cálculo de combinações, vejamos mais um importante conceito.
entre os sinais de –, pondo um (e somente um) deles em cada posição
escolhida. Como há n – p + 1 posições disponíveis (note que podemos Definição: Seja A um conjunto com n ≥ 1 elementos. Qualquer escolha
colocar um sinal de + antes do primeiro sinal de – e um sinal de + de p elementos de A não necessariamente distintos é uma combinação
depois do último sinal de –), o número de sequências é completa de classe p dos elementos de A.
Se A = {a, b, c, d}, por exemplo, o conjunto {a, b, c} e o
Cn–p+1,p,
multiconjunto {a, a, c} de {a, c} são combinações completas de classe
o que encerra a prova. p = 3 dos elementos de A. Note, ainda, que, em virtude da definição,
toda combinação simples de classe p é uma combinação completa de
Exemplo 13: Diamantino gosta de jogar futebol, mas se jogar dois
classe p, mas a recíproca não é verdadeira.
dias seguidos ele fica com dores musculares. De quantas maneiras
Diamantino pode escolher em quais de dez dias seguidos ele vai jogar Proposição: O número de combinações completas de classe p dos
bola sem ter dores musculares? Uma maneira é não jogar futebol em elementos de A, denotado por CRn,p, é Cn+p–1,p.
nenhum dos dias.
Solução: Aqui, cada escolha de p dias para jogar futebol corresponde Prova: Se p = 0, a única escolha possível é o conjunto vazio e
a um p-subconjunto do conjunto de dez dias seguidos não contendo Cn+0–1,0 = Cn–1,0 =1. Ademais, se n = 1, isto é, A = {a}, a única escolha
dias consecutivos. Ressaltemos, também, que 0 ≤ p ≤ 10 – + 1, ou possível consiste do multiconjunto de A no qual o elemento a
seja, 0 ≤ p ≤ 5. Daí, basta fazermos comparece p vezes, e, nesse caso, a fórmula também funciona,
5 5 posto que C1+p–1,p = Cp,p =1. Suponhamos, portanto, p ≥ 1 e n ≥ 2.
∑F (10,p) = ∑C11−p, p = Seja A = {a1,a2,...,an}. Para montarmos uma combinação completa de
p=0 p=0
classe p ≥ 1 com os elementos de A, basta escolhermos quantas vezes
= C11, 0 + C10,1 + C9, 2 + C8, 3 + C7, 4 + C6, 5 = cada um desses elementos comparecerá na combinação em questão.
Daí, se xi (0 ≤ i ≤ n) denota a multiplicidade de ai na combinação
= 1+ 10 + 36 + 56 + 35 + 6 = 144. completa que se deseja construir, temos

Teorema: (2º lema de Kaplansky) O número de p-subconjuntos de n


{1,...,n} nos quais não há números consecutivos, considerando 1 e ∑xi = p (*) .
i= 0
n como consecutivos, é denotado por G(n,p) e é igual a
n
× Cn −p, p . Em verdade, note que cada solução inteira não negativa de
n−p
(*) produz uma única combinação completa de classe p (e cada uma
Prova: Note, inicialmente, que n ≥ 2. Se p = 0, temos dessas combinações está associada a uma única solução de (*)).
n Assim,
× Cn − 0, 0 = 1,
n−0
e a fórmula funciona, já que há apenas um 0-subconjunto de {1,...,n} CRn, p = Pnn−+1,pp−1 =
(n + p − 1)! = C .
não contendo números consecutivos (no caso, o conjunto vazio). (n − 1)!p! n+p −1, p
Suponha p ≥ 1. Novamente, devemos ter p < n, isto é, n – p ≥ 1.
Agora, raciocinaremos como na demonstração anterior, ou seja,
contaremos as sequências de n sinais associadas aos p-subconjuntos.
Primeiro, contaremos as sequências que se iniciam com um sinal Exercícios
de +. Para tanto, basta escolhermos as posições dos (p – 1) sinais
de + restantes dentre as n – p – 1 posições disponíveis (repare que
descontamos as posições inicial e final, pois um sinal de + já ocupa a
01. Considere os números 2, 3, 5, 7 e 11. A quantidade total de
primeira posição e, nesse caso, não é possível alocar outro sinal desse
números distintos que se obtêm multiplicando-se dois ou mais
tipo na última posição). Por outro lado, para contarmos as sequências
desses números, sem repetição, é:
que se iniciam com um sinal de –, basta escolhermos as p posições para
os sinais de + dentre as n – p disponíveis (aqui, descontamos apenas a A) 120
posição que antecede o primeiro sinal de –). Finalmente, notando que B) 52
C) 36
Cn −p −1, p −1 =
(n − p − 1)! = p × (n − p)(n − p − 1)! = D) 26
(p − 1)!(n − 2p)! n − p p (p − 1)!(n − 2p)! E) 21

=
p
×
(n − p)! = p × C ,
02. De quantas formas podemos escolher dois naturais distintos no
n − p p!(n − 2p)! n − p
n − p, p
conjunto {1,2,3,…,20} de forma que sua soma seja múltipla de 3?
temos

013.033 - 138677/19
5 F B O N L I NE .C O M . B R
//////////////////
Módulo de Estudo

03. Com os professores A, B, C, D, E, F, G e H de uma escola, podemos 12.


formar, com a presença obrigatória de C, D e F, n comissões com A) Ache uma fórmula fechada para o somatório
7 professores. O valor de n é: m

A) 5 B) 35 ∑Cp + 2, p.
p=0
C) 21 D) 120
E) 70 B) Quantas são as soluções inteiras e não negativas da inequação
x + y + z ≤ 10?
04. Em uma sala, há 25 alunos, 4 deles considerados gênios. O número
de grupos, com três alunos, que podem ser formados, incluindo 13. Com os elementos 1,2,…,10 são formados todas as sequências
pelo menos um dos gênios, é: (a1, a2,…,a7). Escolhendo aleatoriamente uma dessas sequências,
A) 580 B) 1200 a probabilidade de a sequência escolhida não conter elementos
C) 970 D) 1050 repetidos é:
E) 780 7! 10!
A) 7 B)
10 × 3! 107 × 3!
05. Em certa comunidade, dois homens sempre se cumprimentam (na
3! 10!
chegada) com um aperto de mão e se despedem (na saída) com C) D)
outro aperto de mão. Um homem e uma mulher se cumprimentam 107 × 7! 103 × 7!
com um aperto de mão, mas se despedem com um aceno. Duas 10!
E)
mulheres só trocam acenos, tanto para se cumprimentarem quanto 107
para se despedirem. Em uma comemoração, na qual 37 pessoas
almoçaram juntas, todos se cumprimentaram e se despediram 14. (Professor Isaac Luís) O conjunto A é tal que n(A) ≥ 2. Seleciona-se
na forma descrita anteriormente. Quantos dos presentes eram um subconjunto X de A com k elementos. Em seguida, calcula-se
mulheres, sabendo que foram trocados 720 apertos de mão? o número t de subconjuntos Y de A tais que X ⊄ Y. Sabe-se que
A) 16 B) 17 t é uma potência de 2. Determine o valor de k.
C) 18 D) 19 A) 1
E) 20 B) 2
C) 3
06. Escolhemos 5 números, sem repetição, dentre os números de 1 a 20. D) 4
Calcule quantas escolhas distintas podem ser feitas, sabendo que E) As informações fornecidas são insuficientes para a determinação
ao menos dois dos cinco números selecionados devem deixar o do valor de k.
mesmo resto quando divididos por 5.
15. (Professor Isaac Luís) Seja n um número natural maior do que ou
07. Em uma classe de 9 alunos, todos se dão bem, com exceção de igual a 3. Considere todos os subconjuntos S com k elementos
Andreia, que vive brigando com Manoel e Alberto. Nessa classe, do conjunto {1,2,3,…,n}, 2 ≤ k ≤ n – 1. Encontre, em função de
será constituída uma comissão de 5 alunos, com a exigência de n, uma fórmula para a soma das somas dos elementos de cada
que cada membro se relacione bem com todos os outros. Quantas um dos subconjuntos S anteriormente descritos.
comissões podem ser formadas?
A) 71 B) 75
C) 80 D) 83 Gabarito
E) 87
01 02 03 04 05
08. O jogo de dominó possui 28 peças distintas. Quatro jogadores D * A C B
repartem entre si essas 28 peças, ficando cada um com 7 peças. 06 07 08 09 10
De quantas maneiras distintas se pode fazer tal distribuição?
* A C * *
28!
A) 28! B) 11 12 13 14 15
7!4! 4!24!
* * B A *
28! 28!
C) 4 D) * 02: 64.
(7!) 7!21!
06: 14480.

09. Calcule n, sabendo que 09: 10.


n 10: 36
∑Cn, i = 1023. 11: 70560.
i =1
12: A) Cm+3,m. B) 286.
10. 12 cavaleiros estão sentados em torno de uma mesa redonda.
15: n(n + 1) (2 n–2
–1).
Cada um dos 12 cavaleiros considera seus dois vizinhos como
rivais. Deseja-se formar um grupo de 5 cavaleiros para libertar
uma princesa, e, nesse grupo, não poderá haver cavaleiros rivais.
Determine de quantas maneiras é possível escolher esse grupo.

11. Quantos são os anagramas da palavra matemática (desconsidere


o acento) que não possuem duas letras ‘A’ juntas? SUPERVISOR/DIRETOR: MARCELO PENA – AUTOR: ISAAC LUÍS
André – REV.: KELLY MOURA

F B O NLINE.COM.BR 6 013.033 - 138677/19

//////////////////

Você também pode gostar