Você está na página 1de 73

BIBLIOTECA VIRTUAL DE CIÊNCIAS HUMANAS

A JUSTIÇA ELEITORAL E
A CONSOLIDAÇÃO DA
DEMOCRACIA NO BRASIL

Maria Tereza Sadek


Maria Tereza Sadek

Esta publicação é parte da Biblioteca Virtual de Ciências Humanas do Centro


Edelstein de Pesquisas Sociais - www.bvce.org

A Justiça Eleitoral e
a consolidação da Copyright © 2010, Maria Tereza Sadek
Copyright © 2010 desta edição on-line: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais
Ano da última edição: 1995, Fundação Konrad-Adenauer-Stiftung.

democracia no Brasil
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida por
qualquer meio de comunicação para uso comercial sem a permissão escrita
dos proprietários dos direitos autorais. A publicação ou partes dela podem ser
reproduzidas para propósito não comercial na medida em que a origem da
publicação, assim como seus autores, seja reconhecida.

ISBN: 978-85-7982-038-0

Centro Edelstein de Pesquisas Sociais


www.centroedelstein.org.br
Rua Visconde de Pirajá, 330/1205
Ipanema - Rio de Janeiro - RJ
CEP: 22410-000. Brasil
Contato: bvce@centroedelstein.org.br

Rio de Janeiro
2010
SUMÁRIO Capítulo 5

Justiça Eleitoral: deficiências e perspectivas de reforma ...................... 60


Prefácio ...................................................................................................III
Introdução ................................................................................................ V 5.1. A dimensão institucional.................................................................. 61
5.2. A dimensão Operacional .................................................................. 68
Capítulo 1 5.2.1. Alistamento ................................................................................ 70
5.2.2. Apuração ................................................................................... 72
Os organismos eleitorais na América Latina ............................................1 5.2.3. Julgamento e aprovação de contas ........................................... 75
1.1. Casos paradigmáticos .........................................................................4
Considerações finais ................................................................................. 78
1.2. Observações sobre as experiências latino-americanas......................11

Capítulo 2 Anexo: Capítulo 1 ................................................................................... 82


Anexo: Capítulo 3 .................................................................................. 87
A Justiça Eleitoral no quadro da evolução política brasileira...............15
Bibliografia ........................................................................................... 130
2.1. A participação político-eleitoral .......................................................19
2.2. Confiabilidade: organização e controle das eleições ........................23
2.3. A Justiça Eleitoral .............................................................................27

Capítulo 3

Estrutura, composição e atribuições da Justiça Eleitoral ......................31


3.1. Estrutura............................................................................................31
3.2. Composição ......................................................................................32
3.3. Atribuições........................................................................................36

Capítulo 4

O papel da Justiça Eleitoral no processo de redemocratização ............39


4.1. A eleição de Tancredo Neves ...........................................................39
4.2. A Justiça Eleitoral e as eleições de 1989 ...........................................43
4.2.1. Propaganda eleitoral .................................................................44
4.2.2. Divulgação de pesquisas e realização de debates .....................46
4.2.3. O caso Sílvio Santos ...................................................................48
4.2.4. Apuração dos votos ....................................................................53

I II
PREFÁCIO Esta obra, na sequência de outros trabalhos seus, é o produto de nova
e mais ampla pesquisa que lhe pediu a Fundação Konrad Adenauer. Parte
do direito comparado descreve nossa própria trajetória no tempo, examina o
A rejeição fragorosa da proposta parlamentarista no plebiscito de 1993
perfil do modelo, recorda o essencial da história recente, finaliza com a
ensinou algumas verdades elementares à aristocracia do pensamento político
análise crítica do quadro e a abertura dos caminhos de reforma. Mais que
brasileiro. Entre elas a de que o nosso povo, por informação ou intuição, não
pelo rigor científico provado, a obra se destaca pela oportunidade e pela
quer renunciar ao modelo onde, dividido o poder público em três funções
sedução com que dinamiza o nosso aprendizado democrático.
distintas que mutuamente se controlam, pode o cidadão ver resolvidos pelo
juiz independente seus conflitos com o próprio Estado, e não apenas com Francisco Rezek
outros particulares. Isso não significa descrença de que o sistema parlamentar Ministro do Supremo Tribunal Federal
funcione a contento nas democracias que o adotam. Significa, sim, a
percepção de que neste país as pessoas dificilmente se acomodariam a ver o Brasília, Dezembro 1995
tema da inconstitucionalidade das leis ordinárias tratado em bases preventivas,
por um colégio de notáveis que, no essencial do seu trabalho, copiaria as
comissões de constituição e justiça das casas do Congresso. Menos ainda se
acomodariam os brasileiros a ver seus litígios com a administração pública
entregues ao arbitramento de uma repartição especial do próprio governo.
Crescem hoje em número – sobretudo em nossa região e por inspiração
nossa –, mas são ainda poucos os países onde a gerência do processo eleitoral
se entrega a um organismo da Justiça. Os críticos dessa opção constitucional
quase sempre se alimentam do ressentimento da derrota nas umas, esquecidos
de que não há competição ao longo da qual as partes não cumulem queixas
contra o árbitro, e de que só lhes parece haverem sido lesados porque os
vitoriosos, em regra, não vocalizam suas próprias queixas depois do resultado.
Leitores de poucos livros estão repetidamente a lembrar-nos como são
felizes e prósperas algumas nações que desconhecem qualquer participação
judiciária no preparo das eleições. Seria mais objetivo que buscassem saber o
que acha o povo brasileiro da perspectiva de ver o processo eleitoral confiado a
algum ministério do governo, ou, quem sabe, a algum consórcio de partidos
políticos. Assim deve a questão ser formulada, e formulá-la assim é respondê-la.
No meio universitário do Brasil de agora, não sei de quem tenha
superado Maria Tereza Sadek em pesquisar e refletir sobre o tema
constitucional das eleições; sobre a essencialidade da correção do processo
para constituir-se uma democracia definitiva; sobre todas as lições que a
história eleitoral do país nos ensina, e a cuja luz é possível projetar o futuro.

III IV
INTRODUÇÃO possibilidade de as eleições fazerem realmente alguma diferença no que diz
respeito à composição ou orientação do poder; de outro, a lisura do
processo eleitoral, do começo ao fim.
No Brasil, a prática eleitoral é quase tão antiga quanto o próprio país.
Data do período colonial a escolha eletiva dos titulares de vários postos A história político-eleitoral brasileira pode ser analisada em função
públicos. Vereadores, juízes ordinários, procuradores, tesoureiros e escrivães desses dois eixos. Competitividade e confiabilidade não tiveram igual
recebiam seus mandatos através de eleições. Essa longa tradição de desenvolvimento e nem sempre evoluíram na mesma direção.
eletividade não significa, contudo, que existisse um eleitorado numeroso e A literatura sobre eleições não deixa dúvidas quanto ao fato de que os
menos ainda que as eleições fossem sempre competitivas, ou que seus embates eleitorais eram pouco competitivos e fraudulentos, pelo menos até
resultados fossem a expressão fiel da vontade do eleitor. Ao contrário, até as o período da Segunda Guerra Mundial. Propostas de sistemas eleitorais mais
vésperas do golpe militar de 1964, o eleitorado era ainda bastante restrito; o
representativos e a exigência de “verdade eleitoral” remontam à Independência,
processo eleitoral se reduzia muitas vezes a disputas entre membros de uma percorrendo todo o período imperial e a chamada República Velha.
mesma oligarquia; e seus resultados não eram o coroamento da incerteza,
como na boa teoria democrática, e sim um jogo de “cartas marcadas”. O movimento de 1930 tinha o aprimoramento da competitividade e a
lisura das eleições entre suas bandeiras. O voto secreto e a criação da
A prática de eleições não é suficiente para caracterizar um regime Justiça Eleitoral, em 1932, representaram um importante passo na tentativa
como democrático. Nem toda eleição tipifica o sistema político como
de reduzir a violência nas disputas eleitorais. Estes ganhos, entretanto,
pluralista e aberto. Regimes autoritários e até totalitários têm recorrido ao foram neutralizados com a implantação do Estado Novo, que suspendeu a
mecanismo eleitoral de escolha, com finalidades diversas. Para que as
participação eleitoral em todos os níveis. Com a redemocratização, em
eleições sejam, de fato, a base do sistema democrático, é necessário que 1945, houve a retomada do processo eleitoral e a Justiça Eleitoral, embora
tenham importância decisiva no processo político, que haja plena liberdade
fosse institucionalmente embrionária, foi reativada. A partir de 1945, tem
de eleger e de ser eleito, e que dessa prática possam resultar mudanças na
sido notável o seu papel na administração e no controle do processo
composição e/ou na orientação do governo. O regime democrático apoia-se,
eleitoral, podendo- se mesmo dizer que sua criação representa um divisor
pois, em uma série de mecanismos institucionais cuja eficácia repousa, em
de águas na história das eleições brasileiras.
última análise, na confiabilidade dos resultados eleitorais.
Ressalte-se que a Justiça Eleitoral foi mantida mesmo durante o
É claro que estas exigências admitem gradações, sendo então
regime militar, de 1964 a 1985. Houve, nesse período, uma série de
possível falar em graus de democratização. Um sistema político será tanto
deliberadas restrições na competitividade, a começar pela implantação do
mais democrático, quanto menos restritivos forem os direitos à participação
bipartidarismo compulsório. Mas a Justiça Eleitoral continuou a crescer
e à escolha entre ofertas políticas diferentes, e quanto mais capazes se
institucionalmente, e foi sua atuação como um organismo independente que
mostrem de produzir efeitos na composição ou na orientação do poder.
garantiu a proclamação de resultados contrários aos esperados pelo regime.
Embora exista estreita relação entre competitividade e confiabilidade, O próprio processo de “abertura” iniciado nos anos 70, ancorado como foi
convém estabelecer uma distinção analítica entre estes dois aspectos, já que na disputa eleitoral, teria sido impensável se o Brasil não dispusesse, a essa
não se confundem. Eleições pouco competitivas podem coexistir com altura, de procedimentos razoavelmente confiáveis de administração e
garantias eficazes no tocante à lisura do embate eleitoral. Inversamente, de controle do processo eleitoral.
pouco adiantam disputas competitivas se seus resultados não decorrem de Esse arcabouço institucional foi consagrado e fortalecido pela
garantias adequadas ao longo de todo o processo. A legitimidade de Constituição de 1988, com ganhos visíveis para a competitividade e a
autoridades constituídas pelo método eleitoral depende, portanto, de pelo confiabilidade dos procedimentos eleitorais. Ao contrário, portanto, da
menos dois elementos: de um lado, o grau de competitividade e a

V VI
condição de imutável subdesenvolvimento político-eleitoral que certa eleitoral contou com a participação decisiva do organismo eleitoral, que foi
atitude cínica costuma sugerir, avanços importantes foram conseguidos a capaz de garantir a proclamação de resultados contrários aos esperados pelo
partir de 1945, e a Justiça Eleitoral merece crédito por grande parte deles. regime. Discute- se, ainda, a atuação da Justiça Eleitoral na primeira eleição
presidencial direta após a proclamação da Constituição de 1988. Por fim, no
A pesquisa aqui relatada procura apontar o papel da Justiça Eleitoral na
último capítulo, chama-se a atenção para os problemas que ainda persistem
evolução política brasileira. A exposição foi dividida em 5 capítulos. O
no processo de administração e controle das eleições. As deficiências são
primeiro deles tem por objetivo mostrar que a forma de controle e de
graves e têm justificado críticas à atuação da Justiça Eleitoral, levando,
administração do processo eleitoral adotada pelo país desde os anos 30 não é
inclusive, à proposição de alterações radicais em sua estrutura, em seu
a única existente, diferindo de outras que não conferem a um organismo do
modo de operar e em suas atribuições. O reconhecimento desses problemas,
Judiciário a responsabilidade pelo exercício dessas funções. É feito um
contudo, ao mesmo tempo em que indica a necessidade de reformulações,
mapeamento da pluralidade de soluções, dando-se especial atenção àquelas
não justifica, de nosso ponto de vista, que se defenda soluções que façam
dos países latino-americanos. Esse levantamento demonstra tanto a variedade
tabula rasa dos ganhos representados por uma instituição desenhada para
de modelos presentes no interior da América Latina, como nos leva a concluir
atuar distante dos conflitos político-partidários.
que a credibilidade do processo eleitoral não está exclusivamente relacionada
ao perfil da instituição encarregada de administrar e controlar as eleições. Seu
perfil não é, contudo, uma variável de menor significado. O maior ou menor
grau de eficiência do organismo com atribuições de garantir a lisura do
processo eleitoral depende de sua capacidade de atuar livre dos interesses
político-partidários. Assim, a princípio, uma instituição com formato
independente das forças políticas tem melhores condições de enfrentar as
dificuldades decorrentes dos embates políticos. Propostas de criação ou de
aprimoramento do processo eleitoral têm avaliado as vantagens e as
desvantagens dos vários modelos existentes. Não por acaso, a maior parte das
novas democracias latino-americanas tem dado preferência por conferir a um
órgão do Judiciário as atribuições de organizar e controlar o processo eleitoral.
Depois dessa resenha inicial sobre os distintos modelos, é examinado
o caso brasileiro. No capítulo 2 são discutidos o papel das eleições e da
participação eleitoral desde o período colonial até a atualidade, salientando-
se a evolução da competitividade e da credibilidade no processo eleitoral.
Aponta-se a mudança de qualidade na organização e na lisura das eleições
representada pela criação da Justiça Eleitoral. A adoção desse modelo
institucional a partir de 1932 contribuiu de forma positiva para a gradativa
consolidação de uma arena de embates na qual, diferentes projetos políticos
pudessem disputar a preferência do eleitorado.
O capítulo terceiro trata da estrutura, da composição e das
atribuições da Justiça Eleitoral nos vários textos constitucionais. Em
seguida, o capítulo 4 demonstra como a corrosão do autoritarismo pela via

VII VIII
CAPÍTULO 1 retirada da Câmara dos Comuns a competência exclusiva de verificar os
poderes de seus componentes, conferindo-se também o controle do processo
OS ORGANISMOS ELEITORAIS eleitoral a órgãos jurisdicionais e administrativos.
NA AMÉRICA LATINA
Outros tipos de controle e de organização das eleições foram igualmente
concebidos, como, por exemplo, o consagrado pela Constituição francesa
(gaullista) de 1958. Neste caso, as eleições se processam sob a direção de

H istoricamente, foram diversas as formas encontradas com o objetivo


de controlar e administrar as eleições. Os primeiros intentos estavam
intrinsecamente ligados às políticas de contenção dos abusos do Executivo.
órgãos administrativos, sujeitos ao exame de instituições judiciárias. Caberia
ainda citar o controle e a administração do processo eleitoral sob a
responsabilidade exclusiva do Poder Judiciário, além de situações nas quais
Para reduzir o arbítrio dos monarcas que, frequentemente, legislavam ou há combinações de organismos administrativos, legislativos e judiciários.
formavam Casas Legislativas subordinadas à sua vontade, os Parlamentos
conquistaram o poder de fazer leis, convertendo-se paulatinamente em Na América Latina foram variadas as soluções institucionais
órgãos não apenas consultivos, mas também legislativos. A vitória do encontradas para a administração e o controle do processo eleitoral, embora
Parlamento na luta contra o Executivo implicou uma transformação radical: haja uma clara tendência a atribuir tais encargos a um órgão especial.
os membros da Câmara reclamaram para si o direito de “verificar” os Vejamos, em traços gerais, quais têm sido essas soluções:
poderes daqueles que passariam a ter assento no Legislativo. A Revolução Um exame da mera denominação dos organismos encarregados dos
Gloriosa de 1688, na Inglaterra, consagrou este princípio como um corolário assuntos eleitorais já demonstra a referida variedade. Aparece com o nome
da soberania do Parlamento. de “Tribunal” no México, na Guatemala, em El Salvador, em Honduras, na
A prerrogativa da verificação de poderes pelas Câmaras foi incorporada Costa Rica, no Panamá, no Equador, no Paraguai, no Chile e no Brasil. É
pela doutrina da separação dos poderes, como um mecanismo indispensável designado como “Conselho” na Nicarágua, na Colômbia e na Venezuela.
de defesa contra a interferência dos monarcas. A Constituição dos Estados Recebe o título de “Corte” no Uruguai e na Bolívia. Como “Junta” preside
Unidos da América, seguindo as normas liberais inglesas, expressou no seu as eleições na República Dominicana; como “Jurado” no Peru; e,
artigo primeiro: “Cada Casa será o juiz das eleições, dos resultados destas e finalmente, como “Câmara” na Argentina.
das qualificações de seus próprios membros”. E a França revolucionária de Iguais designações dos organismos administradores e controladores
1789, com suas bandeiras democráticas, deu igual ênfase ao poder do das eleições não significa, entretanto, que possuam o mesmo perfil
Parlamento, retirando do monarca o direito de verificar os poderes dos eleitos. institucional. Assim, embora o título mais frequente seja o de Tribunal, o que
Esta forma de controle das eleições – a primeira instituída sugeriria uma instituição judiciária, independente dos partidos e com
historicamente em resposta ao arbítrio absolutista, que confere ao Legislativo autonomia face ao executivo, não é isto o que se verifica. Embora adotem a
a competência para a verificação de seus próprios poderes – é ainda hoje a mesma nomenclatura, México e Costa Rica são os dois casos mais distantes
mais frequente. Em muitos países, entretanto, esse procedimento tem sido no que se refere ao modelo institucional para o controle do processo eleitoral.
fortemente questionado, devido à forma facciosa com que o próprio Quanto às atribuições, também encontramos situações bastante
Parlamento às vezes exerce o seu poder, sobretudo quando se contesta a diferenciadas. Há organismos eleitorais com faculdade meramente
validade da eleição de algum membro do Legislativo. Por essa razão, vários administrativa e outros com poderes jurisdicionais e até com possibilidade
países conferiram a um órgão do Judiciário e/ou administrativo parte da de interferir na elaboração das leis. Encontram-se no primeiro caso o
responsabilidade de controlar as eleições. A Inglaterra foi um dos primeiros Conselho Nacional Eleitoral da Colômbia, a Câmara Nacional da
países a modificar aquele tipo de procedimento. Em 1868, foi parcialmente Argentina, o Serviço Eleitoral do Chile, a Junta Eleitoral do Paraguai. No

1 2
extremo oposto está a Costa Rica, cujo Tribunal Supremo de Eleições, além Um aspecto importante na avaliação desses organismos diz respeito à
de possuir atribuições jurisdicionais, tem também funções legislativas. Ou sua forma de integração nos poderes do Estado e a sua relação com as
seja, a Assembleia Legislativa costarricense é obrigada a consultar o instituições políticas. Há, fundamentalmente, quatro tipos, cada um
Tribunal em todas as matérias relativas a eleições e, para derrubar uma representando uma determinada tentativa de solução institucional. A primeira
proposta do Tribunal, necessita de uma maioria qualificada de 2/3 de seus é aquela em que se confia o julgamento da atividade eleitoral a organismos
votos. Também em Honduras, o Tribunal Nacional de Eleições tem a que se inserem na justiça ordinária e, consequentemente, seus integrantes são
faculdade da iniciativa legal em questões eleitorais. magistrados de carreira. Este é o caso do Brasil e da Argentina. Uma segunda
solução, mais frequente, atribui o controle do processo eleitoral a órgãos
No que se refere à composição desses organismos, mais uma vez existe
especiais. Neste caso, os tribunais eleitorais não se movimentam na órbita do
uma notável diferença (ver Anexo: Capítulo I). Existem, fundamentalmente,
Poder Judiciário, mas são controlados internamente pelos partidos. Aí estão a
5 tipos distintos: a) poder judiciário (o caso paradigmático é a Costa Rica);
Nicarágua, El Salvador, Paraguai e Honduras. A terceira solução é
b) parlamento (exemplos: Guatemala e Venezuela); c) misto de partidos
representada pela Costa Rica, que embora possua um organismo especial,
políticos e poder judiciário (Honduras e El Salvador); d) combinação do
apresenta uma importante diferença em relação às duas primeiras alternativas,
executivo, do legislativo e do judiciário (exemplo: Panamá); e) combinação
já que os integrantes do seu Tribunal Eleitoral são cidadãos que atuam com
entre o poder judiciário e o conselho dos advogados (Peru).
independência em relação aos partidos e não se vinculam ao Poder Judiciário
Em síntese, porém, esses diferentes mecanismos para a composição da Ordinário. Uma quarta solução opta por uma integração mista e é adotada
instituição encarregada de controlar as eleições podem ser agrupados em dois pelo Uruguai e pela Venezuela.
grandes modelos: de um lado, o modelo não político, ou jurisdicional e, do
outro, o modelo político, seja ele constituído com a interferência do executivo, 1.1. CASOS PARADIGMÁTICOS
do legislativo ou dos partidos políticos. A rigor, o único caso tipicamente não
político ou puramente jurisdicional é o da Costa Rica. Em situações
Vejamos em maior detalhe os casos que vêm ganhando prestígio como
intermediárias, mas com tendência a um perfil jurisdicional há a Argentina, o
possíveis modelos para a região, dada a sua eficiência e permanência no
Brasil e o Chile. O caso do Peru é o de mais difícil enquadramento, pois
tempo. Os casos da Costa Rica e do Uruguai merecem especial atenção.
embora se trate de um organismo de composição formalmente não partidária,
Embora existam significativas diferenças entre eles, estes dois exemplos
que inclui representantes de advogados e de faculdades de direito, não é um
demonstram que a lisura no processo eleitoral não está estreitamente
órgão jurisdicional. Todos os demais países latino-americanos possuem
condicionada ao formato de seus respectivos organismos ainda que encontre
instituições compostas a partir de critérios políticos.
neles a principal fonte de legitimidade das escolhas e dos resultados eleitorais.
Examinando-se o grau de autonomia econômica destes organismos Cabe também examinar o caso da Argentina, que adotou uma solução
eleitorais, nota-se que, com a única exceção da Costa Rica, os outros não relativamente próxima da brasileira e, por fim, o do México, país onde os
possuem independência financeira, dependendo de verbas do Executivo, resultados eleitorais têm sido questionados com preocupante frequência.
apreciadas e aprovadas pelo Legislativo.
Costa Rica
Quanto ao grau de institucionalização, é possível fazer um contraste
entre organismos permanentes e aqueles que apenas se constituem em O Tribunal Supremo de Eleições da Costa Rica possui seu formato
períodos pré e eleitorais. O Tribunal Federal Eleitoral Mexicano, por atual desde 1949. A Constituição daquele ano instituiu o Tribunal como um
exemplo, é formado ad hoc para cada pleito. A princípio, pode-se sustentar organismo independente em relação aos demais poderes do estado e aos
que, quanto mais regulares e mais institucionalizados maior é a partidos políticos.
probabilidade de eficácia no cumprimento de sua função precípua.

3 4
O estatuto jurídico do Tribunal Supremo de Eleições, considerado ora comuns na maior parte dos países latino-americanos. Como nestes países o
um poder estatal, ora um órgão constitucional, tem sido objeto de acirradas registro eleitoral é independente do registro de identidade e, em geral, feito
polêmicas. Muitos analistas veem este Tribunal como um quarto poder, a cada pleito, tem-se a oportunidade de incluir, na lista de eleitores,
fundamentando suas conclusões na própria Constituição, que prevê e define indivíduos que não cumprem as exigências legais, outros são registrados
as atribuições do Tribunal Supremo de Eleições no mesmo artigo em que mais de uma vez, outros são incluídos embora estejam mortos, outros,
trata dos demais poderes. Diz o texto constitucional no seu artigo 9: “O ainda, são excluídos por critérios eminentemente políticos e oportunísticos.
Governo da República é popular, representativo, alterna-se e é responsável.
Na Costa Rica, são atribuições exclusivas do Tribunal Supremo de
É exercido por três poderes distintos e independentes entre si: Legislativo,
Eleições: convocar as eleições populares; nomear os membros das Juntas
Executivo e Judiciário. Nenhum dos poderes pode delegar o exercício de
Eleitorais; interpretar de forma exclusiva tudo o que se refere a matéria
funções que lhe são próprias. Um Tribunal Supremo de Eleições, com o
eleitoral; investigar e pronunciar-se sobre denúncias formuladas contra
estatuto e independência dos Poderes de Estado, tem a seu cargo, de forma
funcionários públicos obrigados a guardar imparcialidade nas atividades
exclusiva e independente, a organização, direção e vigilância dos atos
políticas; elaborar as medidas pertinentes para que os processos eleitorais se
relativos ao sufrágio, assim como as demais funções que lhe atribui esta
desenvolvam em condições de irrestrita liberdade; efetuar o escrutínio dos
Constituição e as leis”. Para outros, contudo, o Tribunal não é um poder
sufrágios; proclamar os resultados.
estatal, mas um organismo criado diretamente pela Constituição, com
independência funcional, possuindo seus integrantes as mesmas O Tribunal Supremo de Eleições é composto por três Magistrados
prerrogativas dos membros do Poder Judiciário. titulares e seis suplentes, nomeados pela Corte Suprema de Justiça. Estes
devem ser advogados, com pelo menos 10 anos de exercício da profissão e
Independentemente das interpretações discordantes, trata-se de um
maiores de 35 anos. Possuem um mandato de 6 anos, podendo ser
organismo com autoridade máxima em matéria eleitoral, cujas decisões não
reconduzidos, se reeleitos. Durante o período eleitoral – um ano antes da
são passíveis de recurso. Possui um perfil não político, no sentido que não
data prevista para o pleito e seis meses depois – dois dos magistrados
se constitui a partir de critérios partidários. É mais propriamente um órgão
suplentes designados pela Corte, passam a integrar o Tribunal, para
judicial, mas com autonomia em relação ao Poder Judiciário Ordinário, com
constituir nesta época um Tribunal de cinco magistrados.
total independência funcional. Seu poder extrapola, inclusive, as atribuições
clássicas do poder judiciário, uma vez que a Constituição define entre as A estrutura do Tribunal é formada pela Secretaria, pela Controladoria
suas funções aquela de interpretar de forma exclusiva e obrigatória as Eleitoral, pela Inspeção Eleitoral, pelos escritórios de Instrução e
disposições constitucionais e legais referentes à matéria eleitoral, além de Divulgação, pelas assessorias de Estudos e Serviços Técnicos e pela
lhe facultar a iniciativa legal. Direção Geral de Registro Civil.
Outro traço característico do Tribunal Supremo de Eleições da Costa Uruguai
Rica é o fato de ter sob sua responsabilidade o registro civil, encarregado de
expedir as cédulas de identidade, de formar a lista dos eleitores, de receber A Constituição de 1917 organizou o Registro Civil Nacional e criou a
as inscrições de partidos políticos e de candidaturas. Esta singularidade Corte Eleitoral, sancionada em 1924, como entidades autônomas, fora da órbita
amplia o âmbito de poder do organismo eleitoral, permitindo a sobreposição de competência dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Cabia, no
dos registros civil e eleitoral, além de tornar o registro de eleitores entanto, às Câmaras o julgamento da eleição de seus membros, e ao Senado a
permanente. Assim, pela lei, todo cidadão, de ambos os sexos, maior de 18 eleição do Presidente da República e dos membros do colegiado, designado
anos, é obrigado a portar uma cédula de identidade que é ao mesmo tempo como Conselho Nacional de Administração. À Corte Eleitoral estava reservado
o seu registro eleitoral. Saliente-se que este procedimento, aparentemente o conhecimento de todos os atos eleitorais prévios à eleição e a organização,
visto como um detalhe tem impedido uma série de problemas bastante a formação e a custódia do Registro Cívico Nacional e do Arquivo Nacional.

5 6
A Corte Eleitoral teve sua autonomia reconhecida na Constituição de que desde 1911, com sede em cada um dos distritos em que se divide a
1952, não integrando nenhum dos poderes do Estado e com a faculdade de República, tinham por função administrar as eleições. Este novo órgão foi
decidir em última instância sobre matéria eleitoral, sem a possibilidade de instituído como um tribunal único, com jurisprudência legítima para todo o
recurso. A partir desse texto constitucional a Corte tornou-se o foro das território. Segundo consta dos documentos de sua criação buscava-se, com
eleições de todos os cargos eletivos, sem exceção, como também do esta medida, unificar os critérios eleitorais, evitando que se perpetuasse o
plebiscito e do referendo. que se designava como “escândalo jurídico”, isto é, a existência de
resoluções díspares sobre um mesmo tema. Desta forma, a Câmara
A Corte Eleitoral é composta por nove titulares e pelo dobro de
Nacional Federal significou, para muitos analistas, uma centralização e uma
suplentes. Cinco de seus membros são designados pela Assembleia Geral em
consequente quebra do federalismo que marcara a história política do país,
reunião de ambas as câmaras (deputados e senadores) por dois terços dos
nos períodos de vigência da democracia.
votos de seus componentes, devendo ser cidadãos que, por sua posição no
cenário político, sejam garantia de imparcialidade. Os outros quatro titulares A Câmara Nacional Eleitoral, contudo, funcionou apenas de 1962 a
são representantes dos partidos, eleitos pelo sistema de duplo voto simultâneo. 1966, quando foi extinta pelo Presidente General Juan Carlos Onganía,
Destes quatro, dois têm origem na lista majoritária da legenda mais votada e ocasião em também foram proibidas as atividades partidárias. O atual
dois na lista majoritária da legenda seguinte em número de votos. organismo eleitoral foi recriado em 1971, nos moldes de seu antecessor,
integrando o Poder Judiciário.
A Constituição não define as qualidades necessárias para ser membro
da Corte Eleitoral nem a duração do mandato de seus integrantes. Em geral, A justiça eleitoral argentina possui três tipos de funções: judiciais, de
permanecem no cargo até o final de uma legislatura, mas podem ser controle e administrativas. O Poder Judiciário, através do Fórum Eleitoral,
reconduzidos. É, contudo, vedada para todos os membros – os provenientes controla todo o processo de escolha dos representantes, que vai da
do voto da Assembleia Geral e os partidários – a participação em órgãos de organização dos partidos à seleção interna dos candidatos e termina com as
direção dos partidos e na campanha eleitoral. eleições públicas para a renovação dos poderes do Estado. Isto não
significa, contudo, que esteja sob sua responsabilidade direta todas as
Subordinam-se à Corte Eleitoral órgãos permanentes, como as juntas
etapas que compõem o processo eleitoral. O período compreendido entre o
eleitorais departamentais, e órgãos temporários como as Comissões
início da campanha (60 dias antes da data prevista para o pleito) até a
Receptoras de Votos. A Corte Eleitoral é definida constitucionalmente
proclamação final dos resultados está a cargo de Juntas Eleitorais nacionais
como um órgão de competência aberta, como um tribunal de última
que, embora sejam compostas por magistrados, não participam do poder
instância em matéria eleitoral, cabendo-lhe desde a confecção do padrão
judiciário. Elas possuem funções de administração das eleições, tais como
eleitoral, passando pela aprovação das zonas eleitorais, registro de
aprovar as cédulas de votação, designar os integrantes das mesas de
candidaturas, designação de Comissões Receptoras de Votos, escrutínio
votação, decidir em primeira instância sobre as impugnações e realizar a
definitivo, até a adjudicação de cargos e a proclamação dos eleitos.
apuração dos votos em seu distrito. Há, entretanto, a possibilidade nesta
O Registro Cívico uruguaio está sob a custódia da Corte Eleitoral. fase, de apelação à Câmara Nacional Eleitoral, que mantém seu papel de
Diferentemente do que se passa na Costa Rica, ele não integra a estrutura supervisora em última instância do processo eleitoral, com exceção das
eleitoral. questões referentes à impugnação das eleições, que são atinentes à
respectiva câmara no Congresso. Assim, cabe ao Congresso o juízo final
Argentina sobre as eleições parlamentares e não ao Judiciário.
É relativamente recente a experiência argentina de administração e
controle do processo eleitoral através de um organismo judicial. A Câmara
Nacional Electoral foi criada em 1962, sucedendo as Secretarias Electorales,
7 8
O registro de eleitores, a infraestrutura necessária para a votação, a México
administração do Fundo Partidário e a convocação de eleições são
O processo eleitoral no México é dividido em etapas, pelas quais são
atribuições do Ministério do Interior.
responsáveis diferentes organismos. Durante a fase de preparação das eleições
O Fórum Eleitoral, de caráter federal, compõe-se da Câmara Nacional a responsabilidade cabe ao governo federal, com a participação dos partidos
Eleitoral e de 24 juízes federais, cada um deles com sua respectiva secretaria políticos. Esse organismo sofreu muitas modificações em sua composição
eleitoral. A Justiça Eleitoral não possui juízes eleitorais próprios em primeira desde os anos 40, no sentido de aumentar a participação dos partidos políticos.
instância, já que são os juízes federais com assento nas capitais de província, Segundo o Código Eleitoral de 1946, a Comissão Federal, então denominada
na capital e no território que possuem competência nesta matéria. Nas de Comissão Federal de Vigilância Eleitoral, era integrada de forma tripartite:
capitais de província em que existir mais de um juiz federal é designado o dois representantes do Poder Executivo, dois do Legislativo e dois dos
mais antigo. Há, portanto, um juiz federal com competência eleitoral por partidos políticos. Em 1951, aumentou-se a representação partidária para três
distrito, com sua respectiva secretaria eleitoral. Entende-se por distrito cada e o Executivo ficou com apenas um membro, o Secretário de Governo. Em
uma das províncias, a capital federal e o território da Terra do Fogo, 1973 cresceu ainda mais o número de membros indicados pelos partidos,
Antártida e Ilhas do Atlântico Sul. Os juízes são nomeados pelo Presidente da cabendo um para cada um dos quatro partidos registrados. A Legislação em
República, com a aprovação do Senado, e são vitalícios em seus cargos. vigor, de 1987, determina que a Comissão Federal Eleitoral seja integrada
pelo Secretário de Governo, que será seu presidente; por um representante de
A Câmara Nacional Eleitoral constituiu-se como segunda instância,
cada uma das casas do Legislativo; por representantes dos partidos políticos,
como tribunal superior em questões eleitorais. Compõe-se de três juízes de
de acordo com sua força eleitoral.
câmara, dois secretários com hierarquia de juiz nacional de primeira
instância – um deles responsável pelas questões administrativas e de O órgão de cúpula do processo é o Tribunal do Contencioso Eleitoral
superintendência e o outro encarregado da tramitação das causas judiciais – Federal. Segundo o texto constitucional e o Código Federal Eleitoral, o
um secretário e um pró-secretário de câmara. Sua jurisdição abarca todo o Tribunal é um organismo autônomo de caráter administrativo, com
território, atuando como Tribunal de Alçada tanto face às questões iniciadas competência para resolver os recursos, cujas resoluções só podem ser
junto aos 24 juízes federais com competência eleitoral, como face as 24 modificadas pela Câmara dos Deputados atuando como Colégio Eleitoral.
juntas eleitorais nacionais constituídas em cada um dos distritos 60 dias Seus membros, em número de sete titulares e dois suplentes, são indicados
antes da data das eleições. As decisões da Câmara Nacional Eleitoral são pelos partidos políticos com assento na Câmara dos Deputados e nomeados
finais, com exceção das questões sobre as quais é previsto recurso pelo Congresso da União.
extraordinário junto à Corte Suprema de Justiça ou junto ao Congresso,
O estatuto jurídico do Tribunal permite classificá-lo com um órgão do
como é o caso da impugnação das eleições.
poder legislativo, possuindo suas decisões caráter judicial. Esta classificação
Desta forma, como órgão máximo do Poder Judiciário, a Corte baseia-se formalmente no fato de que sua criação e atuação estão previstas no
Suprema de Justiça pode revisar as decisões da Câmara Nacional Eleitoral. capítulo constitucional referente ao poder legislativo. Além disso, determina a
Apesar dessa possibilidade legal, a política da Corte Suprema de Justiça, Constituição em seu artigo 60 que “as resoluções do tribunal serão
durante o início dos anos 70, foi de não imiscuir-se nas questões eleitorais. obrigatórias e só poderão ser modificadas pelos Colégios Eleitorais de cada
Depois deste período, entretanto, tem sido notável a jurisdicização das Câmara, que serão a última instância na qualificação das eleições”.
questões eleitorais.
Desta forma, as principais atribuições eleitorais cabem ao
Legislativo, ainda que se admita a faculdade da Suprema Corte de Justiça
de averiguar fatos que possam colocar em risco o direito de voto. Mas, os

9 10
resultados deste exame devem ser remetidos aos órgãos competentes, no mecanismo, por excelência, para a escolha dos dirigentes políticos e seus
caso, as Câmaras do Congresso da União. resultados tidos como legítimos tanto pelos eleitos como pelos derrotados. O
Tribunal Supremo de Eleições, criado pela Constituição, constitui-se em
1.2. OBSERVAÇÕES SOBRE AS EXPERIÊNCIAS LATINO-AMERICANAS peça-chave, tendo contribuído para a continuidade da democracia política.
Seu grau de autonomia frente às forças políticas deu-lhe respeitabilidade,
marcando uma nova etapa na vida política do país. Antes de sua criação, as
Do ponto de vista da prática política democrática, o formato
eleições eram controladas por um Conselho Eleitoral dependente do
institucional que tenham ou venham a ter os organismos encarregados do
Executivo, característica que dificultava a sua atuação, além do fato do
controle das eleições só pode ser avaliado em função de sua eficácia.
Congresso desempenhar o papel de fórum final do processo eleitoral. O
Embora o perfil institucional (judiciário, legislativo, administrativo, ou
Tribunal Supremo de Eleições, ao contrário, foi concebido como um
misto) não garanta por si só a lisura do processo eleitoral, a experiência
organismo autônomo e possui atribuições bastante amplas. Sua continuidade
latino-americana tem demonstrado que esses organismos só conseguem
histórica e a qualidade de seu desempenho têm, inclusive, servido de modelo
garantir um mínimo de confiabilidade aos resultados eleitorais quando
para países que desejam construir seus próprios organismos para a
possuem autonomia frente aos conflitos partidários.
organização, a administração e o controle do processo eleitoral. De fato, seus
A despeito de importantes diferenças em seus organismos eleitorais, magistrados e técnicos têm participado de atividades promovidas pelo Centro
as eleições e seus resultados na Costa Rica e no Uruguai, por exemplo, há de Asesoría y Promoción Electoral, entidade ligada ao Instituto
muito tempo são vistos como confiáveis. Ainda que em menor intensidade e Interamericano de Derechos Humanos, com sede na Costa Rica, que tem
com menor longevidade, a Câmara Eleitoral da Argentina, de perfil distinto como principal objetivo a promoção dos direitos humanos, particularmente o
dos anteriores, tem garantido o respeito ao processo eleitoral, provocando direito do voto, visto como base da democracia representativa.
mudanças no quadro político do país.
No que se refere ao Uruguai, embora a vida política do país tenha
Na Costa Rica, o desenvolvimento das instituições democráticas teve sofrido um profundo abalo, com a quebra da institucionalidade democrática
início no final do século passado. Já em 1889 registraram-se as primeiras em 1973, sempre houve um alto grau de confiança no processo eleitoral.
eleições presidenciais competitivas. Em 1913, uma reforma constitucional Recorde-se, inclusive, que a Corte Eleitoral desempenhou um papel de
eliminou as restrições ao exercício do sufrágio e estabeleceu o voto direto. O relevo durante o plebiscito realizado em 1980. Graças à sua credibilidade,
voto secreto foi garantido em 1925. Governos civis e a alternância no poder foi possível a proclamação de um resultado contrário ao desejado pelo
entre situação e oposição constituíram-se em experiências interrompidas governo. Neste sentido, o retorno à democracia recebeu aí um grande
apenas durante um curto intervalo, de 1917 a 1919. As eleições presidenciais impulso, tornando visível a direção sinalizada pela consulta popular.
de 1948, contudo, alteraram esse quadro de respeito aos resultados das urnas,
A Argentina experimentou, a partir de 1983, uma regularidade
provocando, inclusive, uma guerra civil. Naquele pleito, o candidato de
eleitoral que não encontra precedentes em sua história política, sobretudo se
oposição foi declarado eleito, porém, o Congresso, composto em sua maioria
levar em consideração que houve a substituição de um presidente por outro,
por partidários da situação, anulou os resultados eleitorais. Com o final da
democraticamente eleito e proveniente de força política distinta e de
guerra e a vitória das forças rebeldes de oposição, foi convocada uma
oposição. Dificilmente isto teria acontecido se não houvesse pelo menos um
Assembleia Constituinte que elaborou uma nova Constituição, promulgada
mínimo de credibilidade no organismo encarregado de organizar as eleições
em 1949. Desde então, a prática eleitoral na Costa Rica não sofreu nenhuma
e proclamar seus resultados.
descontinuidade, o que, por si só, chama a atenção, face aos padrões latino-
americanos de apelo à violência, golpes e desrespeito às regras do jogo. E, Em contraste com estes casos, em vários países latino-americanos
mais ainda: as eleições costarricenses têm sido vistas como limpas e como o têm sido comuns acusações de fraude, colocando-se em dúvida a legitimidade

11 12
dos resultados proclamados. Nessas situações, as eleições deixam de estabilidade política, condição indispensável para a implementação de
representar um mecanismo confiável para a escolha dos governantes. No políticas com um mínimo de continuidade.
final dos anos 80, quando houve eleições em praticamente todos os países
Tanto a presença sistemática de fraudes como a debilidade, ou
da região, pelo menos quatro processos foram colocados sob suspeita e
mesmo a ausência efetiva de instituições encarregadas de canalizar os
chegou- se até mesmo à anulação de resultados. Recorde-se que em 1989,
conflitos de forma pacífica, têm impedido as eleições de funcionarem como
no Panamá, o processo eleitoral nem sequer chegou ao final; no México,
fonte de legitimidade e como um mecanismo sobre o qual se possa assentar
uma longa história de fraudes não foi interrompida com a primeira derrota
o convívio democrático. Nessas condições, o problema da democratização
do partido governista, o PRI, no poder há mais de seis décadas; no
ou da consolidação democrática envolve necessariamente a urgência de se
Paraguai, toda sorte de irregularidades marcaram as eleições do general
pensar em certos “formalismos”, isto é, em acordos sobre as regras do jogo,
Rodrigues, antigo aliado do ditador Alfredo Stroessner; na República
que não se resumem às questões mais frequentemente frisadas pela
Dominicana, tanto as eleições de 1986 como as de 1990, foram marcadas por
literatura, como as relativas às gritantes desigualdades sociais e
atos de violência e por tentativas de anular os resultados, tidos como
adversidades econômicas que têm caracterizado os países latino-
fraudados, além de pesadas acusações aos membros da Junta Eleitoral,
americanos. Dizendo-o de outra forma, pode-se sustentar que a construção
legalmente encarregada de garantir a lisura dos pleitos.
da democracia, em grande parte dos países da região, a despeito dos
A situação mexicana chama a atenção devido à longa continuidade de inúmeros obstáculos de ordem econômica e social, também requer o
seu processo eleitoral, diferentemente do que marcou a história política da desenvolvimento de procedimentos confiáveis para a escolha dos
maioria dos países da América Latina, repleta de golpes e de governantes, no Executivo e no Legislativo.
descontinuidades institucionais. Isso demonstra, claramente, que a existência
O reconhecimento da diversidade por parte das forças políticas é um
de um processo eleitoral não basta para caracterizar um sistema político como
pilar sem o qual projetos democráticos não podem se viabilizar. Nesta
democrático. Além de seus resultados terem sido constantemente contestados,
perspectiva, eleições livres e limpas são um requisito indispensável do
a política mexicana caracteriza-se por um grau excessivamente baixo de
sistema democrático, uma vez que exprimem o grau de competição política, a
competitividade. Dentre todos os presidentes eleitos neste século, nenhum
forma da disputa partidária e a efetividade das garantias constitucionais de
chegou ao poder com menos de 70% dos votos, sendo que vários obtiveram
direitos individuais e civis. De uma adequada organização eleitoral depende a
90% ou mais das preferências. Estas maiorias, quase unanimidades, foram
confiança nos poderes públicos, o grau de participação nas eleições e a
constantemente colocadas em dúvida e dificilmente seriam explicadas apenas
confiabilidade nos resultados. Em uma reunião de dirigentes de organismos
pelas constantes mudanças no sistema eleitoral.
eleitorais, dizia um deles: “eleições limpas são aquelas em que se respeita as
Estes últimos exemplos não esgotam o “drama” eleitoral latino- regras do jogo, em que se elege quem recebeu mais votos, nas quais votem
americano. Há situações talvez ainda mais graves, nas quais as urnas não todos os que têm direito de participar das lides eleitorais e o voto de cada
têm sido capazes de indicar uma facção política com capacidade mínima de cidadão seja contado tal como foi dado”. Esta máxima acaciana adquire todo
governo e com algum suporte de legitimidade. Em muitos casos, o o seu significado quando se contrasta os países que têm nas eleições um
confronto entre grupos não encontrou mecanismos institucionais que procedimento pautado pela incerteza e aqueles em que as eleições são meros
permitam um convívio pacífico. A violência, sempre na ordem do dia, atos simbólicos para confirmar lideranças previamente escolhidas.
acaba por traduzir um virtual empate entre as forças em disputa, a tal ponto
que repetidas tentativas de pactos de paz têm sistematicamente fracassado.
Assim, facções derrotadas eleitoralmente, embora incapazes de obter uma
eventual maioria, são, por outro lado, suficientemente fortes para impedir a

13 14
CAPÍTULO 2 capitaneadas que eram pelo poder central – embora seja certo que
provocavam efeitos indiretos e retardados naquela arena.
A JUSTIÇA ELEITORAL NO QUADRO
Os postos eletivos na esfera local continuaram a ser objeto de
DA EVOLUÇÃO POLÍTICA BRASILEIRA
competição, mas as câmaras perderam muito de seu poder, pois suas
atribuições tornaram-se quase puramente administrativas. Os cargos eletivos
mais importantes, nas sedes das províncias e na capital do país, eram, por sua

V ictor Nunes Leal chama a atenção para dois aspectos importantes no


que se refere ao significado das eleições durante os períodos colonial e
imperial. Naqueles tempos longínquos, as eleições respondiam, em grande
vez, tolhidos em sua ação quer pelo poder executivo, quer por artimanhas da
legislação, quer ainda pelas reduzidas dimensões do eleitorado. Dizia-se que
as eleições eram fabricadas pelo Gabinete, que se utilizava de todas as armas
parte, às conveniências da Coroa. As leis que as regiam preocupavam-se – fraude, suborno, violência, pressão – para conseguir vitórias eleitorais. O
sobretudo em manter o poder dos eleitos dentro de limites aceitáveis para a significado artificial das eleições era reconhecido pelo próprio Imperador: “...
Metrópole. Vários mecanismos asseguravam o predomínio do monarca: a os presidentes – escreveu D. Pedro II, em 1870 – servem, principalmente,
apuração era realizada por “juízes de fora”, nomeados pelo rei; eram para vencer eleições” (documento transcrito em Joaquim Nabuco, “Um
comuns a suspensão de eleições e a restrição dos poderes das casas Estadista do Império”, citado em Leal, 1975, pag.78). Referindo-se a essa
legislativas; “juízes de fora” frequentemente presidiam as câmaras. estrutura de poder, concluía V. N. Leal: “a figura dominante no cenário
A esfera pública, entretanto, não era o reflexo apenas do aparato legal provincial continuaria a ser o presidente “da província”, delegado do
e das intenções da Coroa, mas também do “estado social” da nação – ou Imperador, cuja função política mais importante era garantir a vitória eleitoral
seja, de uma economia monocultora, construída sobre o trabalho escravo. O dos candidatos apoiados pelo governo” (1975, pag.78).
mando político traduzia, de fato, a onipotência dos senhores rurais, apesar No que diz respeito à importância e ao caráter geral das eleições, a
de formalmente constituído nas câmaras, compostas pela prática eleitoral. passagem do Império para a República não provocou mudanças substanciais.
As manifestações do poder privado não eram contidas nem pelo rei, nem Mais que traduzir a vontade do eleitorado, as eleições exprimiam o
pela massa da população, composta por escravos e por trabalhadores predomínio do poder central, através da cooptação de lideranças estaduais e
legalmente livres, mas na prática dependentes dos proprietários de terras. locais, e serviam para marcar sua presença nos pontos mais distantes do
O paulatino fortalecimento da Coroa significou, antes de tudo, a território nacional. O chamado “coronelismo”, expressão que sintetiza os
transformação do poder privado de opositor em aliado. Essa simbiose se principais fenômenos do período, nada mais era que o compromisso entre o
deu principalmente através da redução do poder das câmaras locais e da poder privado decadente e um poder público que progressivamente se
ampliação das atribuições dos agentes da Metrópole na Colônia: fortalecia. As oligarquias tinham o seu espaço político garantido, desde que
governadores, juízes de fora e ouvidores. Esse processo de redução do assegurassem a vitória das lideranças comprometidas com a política
poder privado e de concomitante consolidação do poder central foi situacionista. Essa reciprocidade significava carta-branca, no município, para
acelerado com a vinda da Corte para o Brasil (1806), a independência (1822) o chefe local, em troca de seu apoio eleitoral aos candidatos governistas.
e a constitucionalização do país (1824). Ou seja, essa mudança decisiva não O movimento de 1930 pretendeu alterar esta realidade, introduzindo
resultou nem foi impulsionada por embates eleitorais, nos quais se importantes modificações tanto no sistema eleitoral como no grau de
enfrentassem diferentes interesses. A arena competitiva ainda não se havia poder das oligarquias regionais. O golpe do Estado Novo, sete anos
constituído como peça decisiva do jogo político. As disputas capazes de depois, aboliu a prática eleitoral em nome de uma representação supostamente
provocar consequências na ordem política davam-se fora da arena eleitoral, voltada para interesses gerais e invulneráveis a particularismos, quer
regionais, quer de facções.

15 16
Com a redemocratização do país, em 1945, criaram-se as condições política, além do fato, nada desprezível, de que a oposição mostrara-se
para que as eleições pudessem desempenhar um papel relevante no sistema disposta a comprometer-se com as regras do jogo então fixadas.
político. A realidade era outra. Práticas políticas que haviam atravessado os
Desta forma, embora as eleições não colocassem em xeque o controle
períodos colonial e imperial e os primeiros anos da República começavam a
do ápice do poder pelos militares, algum impacto elas tiveram no conjunto
mudar sensivelmente. A população havia crescido, a extensão das franquias
do sistema. Após uma série de eleições em que os índices de abstenção e os
ampliara o eleitorado, os meios de comunicação haviam rompido barreiras
percentuais de votos nulos e em branco superavam a votação obtida pela
locais e os processos de urbanização e industrialização começavam a
oposição, as eleições senatoriais de 1974 levaram a uma revalorização do
repercutir naquele país tido como “essencialmente agrário”. Constituía-se
mecanismo eleitoral. A inesperada vitória da oposição, congregada no
um quadro propício à limitação da “política dos coronéis”, confinada a
MDB, elegendo 16 dos 22 senadores, foi um ponto de inflexão na história
redutos cada vez mais estreitos, à medida que se expandia a política de
eleitoral brasileira, pois transformou as eleições em um mecanismo
massas. Contra esses fatores potencialmente favoráveis ao desenvolvimento
plebiscitário de julgamento do governo. A partir daquele ano, eleição após
da democracia política, operavam outros igualmente relevantes, decorrentes
eleição, tornou-se cada vez mais visível a erosão da legitimidade do regime,
da pesada herança do Estado Novo: a centralização burocrática e o
na medida em que o partido do governo, a ARENA, foi perdendo
revigoramento do caráter patrimonialista e clientelístico do Estado. Assim,
substância eleitoral até ver sua votação confinada aos municípios menos
embora legalmente e de fato, a situação fosse distinta daquela que
urbanizados e industrializados do país. Tentativas de reverter aquela
caracterizou a história anterior, o desenvolvimento da democracia
tendência por meio de atos casuísticos, como o “Pacote de Abril” de 1977, a
representativa enfrentava ainda sérios percalços. Os inequívocos ganhos no
reforma partidária de 1979 e diversas outras modificações nas regras
tocante à confiabilidade do processo eleitoral não foram acompanhados de
eleitorais, não produziram alterações significativas e até aumentaram sua
iguais conquistas no fortalecimento da estrutura partidária, fator sine qua
carga simbólica como indicador da ilegitimidade do autoritarismo.
non para a consolidação de um sistema político aberto e competitivo.
Esse processo de corrosão por dentro do sistema singularizou a
O regime militar inaugurado em 1964 não extinguiu as eleições e, de
abertura brasileira. Trata-se, como apontou Lamounier (1987, pag. 44) de
início, nem mesmo os partidos do regime anterior. Um novo sistema
uma liberalização gradual e pacífica, de caráter endógeno. Afirma ele:
partidário foi imposto em outubro de 1965, com a organização de duas
agremiações: a ARENA, representando a situação, e o MDB, ao qual foi essencialmente uma abertura através de eleições. Não resultou de
caberia representar o papel de oposição. As eleições foram mantidas mesmo uma clara mobilização de massas, nem foi precipitada por
durante a fase mais repressiva do regime militar, fato que deve ser tão acontecimentos dramáticos ou eventos externos, como nos casos de
Portugal, Grécia e Argentina (...). No Brasil, uma acumulação
ressaltado quanto as graves distorções que lhes foram impostas pela
gradual de pressões foi canalizada através do processo eleitoral. Os
legislação. Houve, naquele período, um deliberado estreitamento dos resultados das eleições funcionaram de fato como indicadores do
campos partidário e eleitoral, a ponto de as eleições perderem grande parte grau em que o regime perdia legitimidade, ajudando por sua vez a
do significado que afinal de contas explicava sua manutenção: servirem agregar pressões ulteriores contra ele.
como arena de legitimação do sistema. Situação ambígua, sem dúvida: a
manutenção do calendário eleitoral seria uma peça importante na estratégia Para bem compreender a permanência e o impacto das eleições ao
global de “normalização” institucional empreendida pelos militares, mas longo desse período, é indispensável ressaltar o seu pressuposto: a existência
teria enorme significado para a renascente democracia a partir dos anos 70. de mecanismos institucionais suficientemente idôneos para afiançar os
resultados das disputas. Chama especialmente a atenção, no caso brasileiro,
Lamounier (1988) argumenta que a viabilidade daquela estratégia não apenas a continuidade das eleições, mas, sobretudo o fato de terem sido
encontrava sustentação nos antecedentes pluralistas do sistema político e no regular e oficialmente proclamados resultados desfavoráveis à elite
elevado grau de controle que o governo era capaz de exercer sobre a agenda

17 18
governante. Distorções dos resultados em favor do regime foram obtidas a maior parte da população. Apenas na segunda metade do século XX
através de manobras no âmbito da legislação eleitoral, mas não no plano do houve significativa expansão da cidadania, tendo início a formação de um
controle do processo eleitoral, que mesmo durante o autoritarismo continuou corpo eleitoral mais amplo. Mas a eliminação dos critérios de exclusão
a ser feito com razoável autonomia pela Justiça Eleitoral. injustificáveis do ponto de vista democrático ocorreu somente em 1985,
com a extensão do direito de voto aos analfabetos.
Antes mesmo da reconstitucionalização do país, em 1988, o
mecanismo eleitoral já havia recuperado parte do significado que perdera No período colonial, eram cidadãos apenas os chamados “homens
durante as fases mais rígidas do regime militar, com o retorno das eleições bons” e os “homens novos”, qualidades preenchidas por uma parcela pequena
para governador dos estados em 1982 e para prefeitos das capitais, estâncias da população. Entendia-se por “homens bons” uma “corporação de pessoas
hidrominerais e municípios considerados áreas de segurança nacional, em gradas, de experiência e força moral na sociedade” (Ferreira, 1956, pag. 93).
1985. A ordem constitucional refeita em 1988 restabeleceu por completo o O sistema de eleições de dois graus discriminava duas categorias de cidadãos:
papel das eleições como base do sistema democrático. Deficiências que por o votante e o eleitor. Esta segunda categoria tipificava mais amplamente o
certo ainda existem decorrem muito mais da excessiva permissividade que “homem bom” – “pessoas mais nobres, naturais da terra e da governança
caracteriza a legislação partidária em vigor e de problemas intrínsecos ao dela, ou que houvessem sido seus pais e avós, de idade conveniente, sem raça
sistema eleitoral proporcional, com listas abertas, adotado no país, do que alguma; (caso se nomeasse) pessoa, que não fosse natural da terra, que tivesse
do arcabouço institucional corporificado na Justiça Eleitoral. Mesmo com as partes e qualidades que se requerem” (Ferreira, 1956, pag. 95). Os eleitores
esses problemas, as eleições vêm cumprindo sua função primordial: renovar eram consagrados pelos votantes em um processo que não permitia a procura
a composição dos cargos públicos com pressão suficiente para provocar de votos. Além do critério baseado no sexo, que deveria ser masculino, e de
consequências na composição e/ou na orientação do governo. ser chefe de família, os demais requisitos – nunca explícitos – permitiam uma
ampla margem de arbítrio àqueles que estavam encarregados da qualificação
2.1. A PARTICIPAÇÃO POLÍTICO-ELEITORAL da apuração. A literatura, em geral, aponta que estavam capacitados os nobres
de linhagem e seus descendentes, os senhores de engenho, a alta burocracia
civil e militar e os comerciantes ricos.
Afirmamos acima que um sistema político é tanto mais democrático
quanto menos restritivos forem os direitos à participação e à escolha entre Com o Império e a permanência do sistema de eleições indiretas,
ofertas políticas diferentes. Este grau será tanto mais elevado quanto maior continuou a haver dois tipos de cidadão: o votante e o eleitor. Os critérios,
for o índice de competitividade existente, isto é, quanto menos monolítica entretanto, tornaram-se ao mesmo tempo mais formais mais excludentes.
for a sociedade e, por outro lado, quanto mais extensa for a cidadania. O Para ser votante era necessário ser do sexo masculino e maior de 25 anos, e
tamanho do corpo eleitoral é, pois, uma variável central na determinação do possuir renda líquida anual de 100 mil réis. Do eleitor exigia-se uma renda
grau de democratização política. Dessa forma, embora não seja suficiente a anual de 200 mil réis. No final do período imperial, em 1881, a Lei Saraiva
incorporação das massas à vida política para caracterizar um regime como instituiu a eleição direta e modificou os requisitos para a aquisição do
democrático, sem um razoável grau de participação não se pode falar de um direito de voto. A idade foi reduzida para 21 anos e a renda líquida anual
sistema plenamente democrático. exigida passou a ser de 200 mil réis.1
No Brasil, como dissemos na introdução, o corpo eleitoral foi
bastante restrito até pelo menos o após-guerra de 1945. Durante a colônia, o 1
Em uma crônica, publicada em 1876, Machado de Assis retratava com aguda sensibilidade
Império mesmo nos primeiros anos da República os indivíduos aptos a os problemas decorrentes de uma cidadania restrita. Embora os critérios formais não
votar não representavam um percentual expressivo da população. O excluíssem os analfabetos da vida política, tal condição prejudicava a participação de grande
sufrágio não era universal. Várias exigências excluíam da cidadania política parte dos capacitados a votar, reduzindo sensivelmente o compromisso com a esfera pública.
Escreveu ele: “Gosto dos algarismos, porque não são de meias medidas nem de metáforas.

19 20
A implantação da República significou uma alteração no sistema de de 41 para 145 milhões, a população urbana subiu de 31% para 75%, a força
governo e também no direito de voto. Foi abolida a restrição da renda, mas de trabalho ocupada na agricultura decresceu de 67% para 23%, e o
em compensação os analfabetos foram excluídos. Segundo dados oficiais, eleitorado cresceu de cerca de 7 para mais de 80 milhões.
ainda que imperfeitos, os analfabetos representavam então cerca de 85% da Tabela: Dimensões do eleitorado brasileiro: número de
população. Ou seja, a extinção do critério censitário não significou uma eleitores e participação percentual na população total
ampliação do eleitorado, e sim um aumento no número de marginalizados. Ano Número de inscritos % na população
Estavam agora impedidos de participar: as mulheres, os mendigos, os 1872 1.097.698 (*) 10.8
praças de pré, religiosos em comunidade claustral e os analfabetos. 1886 117.022 (*) 0.8
Em 1932 houve uma importante ampliação do corpo eleitoral, com a 1884 290.883 (*) 2.2
1894 345.097 (*) 2.2
incorporação das mulheres e a redução do limite da idade para 18 anos, mas a
1898 462.188 (*) 2.7
universalização do sufrágio só viria em 1985, com a inclusão dos analfabetos. 1902 645.531 (*) 3.4
O crescimento do eleitorado brasileiro e sua proporção em relação ao 1906 294.401 (*) 1.4
total da população podem ser apreciados na tabela da próxima página. 1910 707.651 (*) 3.2
1914 1.212.882 5.0
Como se observa, o índice de participação do eleitorado na população 1918 390.131 (*) 1.5
total é bastante reduzido até 1945. Em 1930, quando a “verdade eleitoral” era 1919 403.315 (*) 1.5
reclamada de maneira candente, pouco mais de 5% da população possuía o 1922 1.305.826 4.6
direito de voto. A participação só se ampliou, de fato, a partir de 1950, 1926 702.580 (*) 2.3
acelerando-se esse processo nos anos 70 e 80. Hoje, o Brasil se encontra entre 1930 1.890.577 (*) 5.7
1933 1.466.700 3.7
os países com o mais amplo marco jurídico-eleitoral no mundo: o voto é
1945 7.499.670 13.4
obrigatório a partir dos 18 anos e facultativo entre os 16 e os 18 incompletos. 1950 11.455.149 22.1
Esse extraordinário crescimento do eleitorado – em termos absolutos 1954 15.104.604 34.5
e relativos proporcionais – deveu-se tanto à liberalização dos requisitos 1958 13.780.460 21.8
1960 15.543.332 22.2
legais como às significativas mudanças estruturais, resultantes dos
1966 22.387.251 20.3
processos de urbanização e industrialização. Num intervalo de apenas 50 1970 28.966.114 31.1
anos, isto é de 1940 a 1990, a população cresceu três vezes e meia, passando 1974 35.810.715 34.8
1978 46.030.464 40.6
Eles dizem as coisas pelo seu nome, às vezes um nome feio, mas não havendo outro, não o 1982 58.871.378 46.4
escolhem. (...) O leitor ou eu, querendo falar de nosso país, dirá: – Quando uma Constituição 1986 69.166.810 49.9
livre pôs nas mãos de um povo o seu destino, força é que este povo caminhe para o futuro 1989 82.074.718 55.6
com as bandeiras do progresso desfraldadas. A soberania nacional reside nas Câmaras; as 1990 83.817.593 55.7
Câmaras são a representação nacional. A opinião pública deste país é o magistrado último, o 1992 90.222.835 60.0
supremo tribunal dos homens e das coisas. Peço à nação que decida (...); ela possui nas mãos 1994 94.768.404 61.6
o direito superior a todos os direitos.
Fonte: Lamounier & Muszynski (1993); IBGE; T.S.E.
A isto responderá o algarismo com a maior simplicidade: – A nação não sabe ler. Há só 30%
OBS.: (*) estes dados referem-se aos votantes e não aos inscritos
dos indivíduos residentes neste país que podem ler; desses uns 9% não leem letra de mão.
70% jazem em profunda ignorância. (...) 70% dos cidadãos votam do mesmo modo que
respiram: sem saber por que nem o quê. Votam como vão à festa da Penha, – por
divertimento. A constituição é para eles uma coisa inteiramente desconhecida.

21 22
2.2. CONFIABILIDADE: ORGANIZAÇÃO E CONTROLE DAS ELEIÇÕES transferiu a apuração das eleições locais para a câmara e determinou a
inscrição prévia dos eleitores para a eleição de vereadores. Quanto às eleições
gerais, de deputados e senadores, previa-se a criação de mesas eleitorais,
A credibilidade do processo eleitoral depende fundamentalmente da
compostas pelo “juiz de fora”, o pároco, dois secretários e dois
forma como são organizadas e controladas as eleições. De nada adiantam
escrutinadores. Os amplos poderes da mesa iam da qualificação dos votantes
eleições competitivas e nas quais milhões de cidadãos tenham direito de
(eleitores de primeiro grau) e estipulação do prazo para o recebimento das
participar, se o alistamento, a emissão do voto, a apuração e a proclamação
cédulas até a apuração dos votos e a determinação do número de eleitores
dos resultados acham-se sujeitos a intromissões que possam adulterar a
(eleitores de segundo grau) da paróquia. A rigor, a mesa determinava o
livre manifestação do eleitor. Desta forma, a maior ou menor confiabilidade
resultado das eleições, já que era absoluta para julgar sobre a qualificação dos
do resultado eleitoral decorre da efetividade das garantias estabelecidas em
votantes, podendo, inclusive, negar o direito de voto a alguns e incluir outros.
lei para assegurar a lisura de cada uma dessas etapas.
Este sistema perdurou até 1842, quando instituiu-se a qualificação
Vejamos em linhas gerais como, entre nós, eram organizadas e
prévia dos votantes e dos elegíveis por uma junta de alistamento, em cada
administradas as eleições e seu grau de credibilidade, da fase colonial –
Paróquia, formada pelo juiz de paz do distrito, o pároco e a autoridade
quando se realizaram as primeiras disputas eleitorais – até o presente.
policial, de confiança do poder central. A mesa eleitoral, por sua vez,
Durante o período colonial, havia duas administrações: uma passou a ser composta por 16 cidadãos escolhidos por sorteio entre os
constituída dos governadores, representantes dos soberanos portugueses e elegíveis. Sua competência foi diminuída: cabia a ela reconhecer a
por eles nomeados, com mandato de duração imprevisível; e outra, das identidade dos votantes e não mais a sua idoneidade. Era ainda sua
Câmaras Municipais, formadas por membros eleitos. Esse processo eleitoral atribuição a apuração dos sufrágios. Esta lei introduziu outra modificação,
era minuciosamente regulamentado pelas Ordenações Filipinas. Elas é que ao proibir os votos por procuração, anteriormente permitidos.
determinavam quais indivíduos teriam direito de participar da escolha das
Em seguida, em 1846, foram modificadas as composições das juntas
lideranças locais, bem como os procedimentos a serem seguidos na
qualificadoras e das mesas paroquiais. As juntas qualificadoras passaram a
apuração e no reconhecimento dos eleitos. Numerosos alvarás, cartas régias
ser formadas pelo juiz de paz mais votado e por 4 membros escolhidos
e provisões afetaram a execução desse código durante o período, mas cabia
dentre os eleitores. Às mesas paroquiais atribuiu-se a apuração dos votos,
sempre ao juiz um papel decisivo. Não por outro motivo, em 1696, os juízes
devendo a câmara proceder à apuração final, examinando as atas. Em 1875
ordinários, eleitos, foram substituídos pelos “juízes de fora”, nomeados pelo
foi dada competência ao juiz de direito da comarca para julgar a validade ou
monarca. Eram os juízes ou corregedores que presidiam as eleições,
não da eleição, sempre que houvesse reclamação; foi ainda instituída a
cabendo a eles, em última instância, escolher os ocupantes dos cargos
possibilidade de recurso à Relação do Distrito.
públicos na esfera municipal. As eleições eram indiretas, delas participando
dois tipos de cidadãos – o votante e o eleitor. O votante dirigia-se à mesa e A Lei Saraiva de 1881 alterou os sistemas de qualificação e de
proferia seu voto oralmente e em segredo ao escrivão. Uma vez computados apuração, conferindo maiores atribuições aos juízes. Assim, cabia ao juiz
esses votos é que eram designados os eleitores, aos quais cabia apontar os municipal realizar a qualificação dos eleitores e ao juiz de direito organizar
nomes que formariam a governança. Por fim, o juiz tinha a atribuição de a lista final dos capacitados a votar. Determinava ainda a lei que o
escolher, dentre esses nomes, os que iriam efetivamente ocupar os postos alistamento deveria ser revisado anualmente. Compunham as mesas
em disputa – juízes, vereadores, procuradores, escrivães. eleitorais o juiz de paz mais votado da paróquia e quatro mesários – dois
juízes de paz e dois cidadãos.
Novas alterações foram feitas depois da vinda da família real para o
Brasil, determinando as disposições de 1815, 1817 e 1820 que a apuração fosse Na prática, o sistema adotado durante o Império conferia às mesas o
realizada no Desembargo do Paço. Oito anos mais tarde, nova lei eleitoral poder de determinar os resultados das eleições. As constantes alterações em

23 24
sua composição – sempre no sentido de uma maior presença de membros do comissão municipal, formada pelo presidente do governo municipal e pelos
judiciário – não garantiram sua independência em relação às forças políticas. presidentes das comissões secionais. Previa-se ainda a possibilidade de
Mesmo porque, os postos de juiz eram preenchidos a partir de critérios recurso da comissão municipal para a junta eleitoral, que se compunha, em
políticos, o que os tornava vulneráveis às pressões das lideranças cada estado, do juiz federal, do seu substituto e do procurador seccional da
comprometidas com o poder central. A crônica e a historiografia da época República. A apuração dos votos permaneceu como prerrogativa das mesas
estão repletas de relatos sobre a ocorrência de violências e de total desrespeito eleitorais, que se organizavam do mesmo modo que as comissões seccionais
à vontade do votante e do eleitor. Era a mesa que definia, em última instância, de alistamento. A apuração final, com base nas atas das diferentes mesas,
quem seria o candidato vencedor e a quantidade de votos recebidos. era realizada no município-sede do distrito eleitoral, presidida pelo
presidente do governo municipal auxiliado por uma comissão constituída
A mudança para o regime republicano veio acompanhada de
pelos 5 vereadores mais votados e pelos 5 cidadãos que se seguiam em
alterações nas legislações que regulavam as eleições e sua apuração. O
votos ao último vereador eleito.
decreto n° 200 – A de fevereiro de 1890 determinou que a qualificação
deveria ser feita por comissões distritais, formadas pelo juiz de paz mais A Lei Rosa e Silva, em 1904, atribuiu a apuração final das atas aos
votado, o subdelegado da paróquia e um cidadão alistável, nomeado pelo presidentes das câmaras municipais do distrito eleitoral, não alterando a
presidente da câmara municipal. As listas finais seriam organizadas por atribuição das mesas eleitorais de realizarem a contagem dos votos.
comissões municipais, compostas pelo juiz municipal, pelo presidente da Modificou-se, entretanto, a sua composição, que passou a ser de 5
câmara e pelo delegado de polícia. O decreto n° 511 de junho de 1890 membros, eleitos por cada grupo de 30 eleitores da seção.
ocupou-se da mesa eleitoral, que passou a ser constituída por 5 membros:
A legislação de agosto 1916 implementou o princípio federativo,
presidida pelo presidente da câmara, que designava 4 mesários, sendo dois
conferindo aos estados a competência de regular o alistamento estadual e
vereadores e dois eleitores. Cabia à mesa receber os votos e apurá-los,
municipal, deixando para as autoridades judiciárias a responsabilidade pelo
imediatamente após o término da eleição. Computados os votos deveria ser
alistamento para as eleições federais. Em dezembro desse mesmo ano, uma
lavrada a ata, queimando-se as cédulas.
nova lei determinou que a apuração fosse feita nas capitais e não mais nas
No que se refere às garantias necessárias à lisura do pleito, este sedes dos distritos, por uma junta apuradora formada pelo juiz federal, seu
sistema significou um retrocesso em relação às práticas vigentes no final substituto e pelo representante do ministério público junto ao tribunal local
do Império. Era absolutamente total o controle das forças governistas. de segunda instância.
Não por acaso, o governo fez uma estrondosa maioria nas eleições para o
Durante os primeiros anos do período republicano, apesar das
Congresso Constituinte.
sucessivas mudanças na legislação referente à apuração, as eleições
A Constituição de 1891, em seu artigo 34, conferiu privativamente ao estiveram sujeitas a fraudes. A falsificação dos resultados era conseguida
Congresso Nacional a atribuição de “regular as condições e o processo da através de dois mecanismos principais: o “bico de pena” e a “degola” ou
eleição para os cargos federais em todo o país”. Em obediência ao princípio depuração. O “bico de pena” era praticado pelas mesas, que inscreviam
federativo, transferiu aos estados a competência de legislar em matéria como eleitores quem bem quisessem. Assim, não era raro que cidadãos
eleitoral para os postos estaduais e municipais. inexistentes – mortos, fictícios e ausentes – constassem da lista de eleitores.
Como se não bastasse, a apuração era igualmente adulterada, distribuindo-
A primeira lei eleitoral, após a Constituição de 1891, de 25/1/1892, foi
se os votos de acordo com as conveniências da política situacionista. As
elaborada no Congresso e sancionada pelo Presidente Floriano Peixoto.
câmaras legislativas, por sua vez, ao fazerem o reconhecimento dos
Instituiu distritos subdivididos em seções, às quais correspondiam
poderes, “degolavam”, isto é, cassavam os diplomas de eleitos indesejáveis
comissões formadas por 5 membros, eleitas por vereadores. Estas comissões
que porventura houvessem sido dados como vitoriosos na etapa anterior.
possuíam a atribuição de fazer o alistamento, passível de recurso para uma

25 26
Essas práticas não eram privilégio da situação. Também a oposição, caso A Justiça Eleitoral organizou-se nos moldes da Justiça Comum. Isto
predominasse na esfera local ou estadual, procurava influenciar a é, foi criado um Tribunal Superior, na capital da República, e Tribunais
composição das mesas e a apuração dos votos. A situação tinha a seu favor Regionais, nas capitais dos estados. Afora os tribunais, em cada
a possibilidade de utilizar a força policial e o erário público. circunscrição judiciária havia um juiz eleitoral de primeira instância. A
Justiça Eleitoral passou também a possuir um ministério público próprio,
Assis Brasil resumiu com propriedade esse sistema:
exercido por um procurador geral junto ao Tribunal Superior, e
ninguém tinha a certeza de se fazer qualificar, como a de votar... procuradores regionais, junto a cada um dos vinte e dois tribunais estaduais.
Votando, ninguém tinha a certeza de que lhe fosse contado o voto...
Uma vez contado o voto, ninguém tinha a segurança de que seu eleito Os Códigos Eleitorais de 1932 e 1935 limitaram as atribuições das
havia de ser reconhecido através de uma apuração feita dentro desta mesas receptoras e extinguiram a participação das assembleias legislativas
Casa (Legislativa) e por ordem, muitas vezes, superior (Anais da no reconhecimento dos eleitos. As mesas deixaram de apurar os votos. A
segunda Constituinte Republicana, vol. II, pag. 507). contagem passou a ser feita pelos Tribunais Regionais e, nas eleições locais,
O movimento de 30 tinha entre suas bandeiras a moralização das pelas juntas apuradoras, compostas de juízes vitalícios. A proclamação dos
eleições, sumariada no binômio cunhado por Assis Brasil, “representação e eleitos e a expedição dos diplomas tornou-se atribuição dos Tribunais
justiça”. Para isso parecia imprescindível afastar os poderes executivo e Regionais e do Tribunal Superior. Esses códigos preocuparam-se também
legislativo da administração e do controle do processo eleitoral, e retirar das com o sigilo do voto. As sobrecartas feitas pelos partidos, usualmente
Câmaras Legislativas a prerrogativa da verificação dos mandatos. Através transparentes e que tornavam possível identificar o voto do eleitor, foram
dessas práticas a máquina majoritária assegurava sua perpetuação, substituídas pela obrigatoriedade do uso de sobrecartas oficiais, uniformes e
manipulando todas as etapas do processo eleitoral, e chegando mesmo a opacas, que deveriam ser rubricadas pelo presidente da mesa.
decapitar mandatos oposicionistas que porventura houvessem conseguido A experiência de realização de eleições administradas por um
vencer os obstáculos próprios a cada fase do processo eleitoral. De fato, o organismo do judiciário, pelo menos formalmente descomprometido com as
novo Código Eleitoral, de fevereiro de 1932, além de alargar as franquias, luta político-partidária, foi interrompida com o golpe que instaurou o
com o voto feminino e a redução da exigência para 18 anos de idade para o Estado Novo. A Carta de 1937 extinguiu a Justiça Eleitoral, que só voltou a
alistamento como eleitor, criou uma instituição judiciária, formalmente aparecer sete anos mais tarde, graças ao decreto-lei n° 7.586, de maio de
independente dos poderes políticos, com a finalidade de dar garantia ao 1945. Coube à Justiça Eleitoral dirigir as eleições que marcariam o
voto – a Justiça Eleitoral. restabelecimento do regime democrático.
A Constituição de 1946, como fizera a de 1934, instituiu a Justiça
2.3. A JUSTIÇA ELEITORAL
Eleitoral como ramo do poder Judiciário e conferiu aos juízes de direito o
exercício da plena jurisdição eleitoral. Quanto à mecânica de atuação, foi
O voto secreto e a criação da Justiça Eleitoral, em 1932, representaram mantido o mesmo processo previsto nos Códigos de 1932 e 1935, no que se
um importante passo no sentido de reduzir a violência nas disputas eleitorais refere às garantias do sigilo do voto. A única mudança importante ocorreu
e de atingir a “verdade eleitoral”. Esse ramo do Judiciário tornou-se na apuração, deixando de haver distinção de procedimento, caso se tratasse
responsável pelo alistamento, pela apuração dos votos, e pelo reconhecimento de eleição municipal, estadual ou federal. Em todos os tipos de pleito a
e proclamação dos eleitos. Também passou a caber a ela expedir instruções apuração passou a ser realizada pelas juntas apuradoras, presididas por um
complementares da legislação eleitoral, dividir os municípios em seções juiz vitalício e composta por mais dois cidadãos “de notória integridade
eleitorais, distribuir os eleitores pelas seções e formar as mesas receptoras. moral e independência”, nomeados pelos Tribunais Eleitorais Regionais.

27 28
As Constituições e as legislações posteriores não modificaram Eleitoral demonstra que se trata de duas realidades radicalmente diferentes.
substancialmente a organização e as competências da Justiça Eleitoral. Houve avanços evidentes no tocante à transparência nos procedimentos, na
Alteraram, entretanto, procedimentos relativos à votação, como a “folha correção e no clima de liberdade durante o período eleitoral. Isto não
individual de votação” (Lei n° 2.550) e a “cédula única de votação” (Lei n° significa que a coação, a fraude, a corrupção e outras práticas condenáveis
2.582) criadas em 1955. tenham sido extintas. Mas a solução encontrada em 1932 mostrou-se menos
vulnerável que todas as anteriores. No período que precedeu a criação da
O regime militar, de 1964-1985, saliente-se, apesar de ter imposto
Justiça Eleitoral, houve repetidas tentativas de aprimorar o sistema.
alterações radicais nas atribuições dos poderes executivo e legislativo,
Alterou-se, sem êxito, a forma de alistamento, de qualificação, a
regulamentando também a organização e o funcionamento dos partidos
composição das mesas e das juntas apuradoras, bem como as atribuições
políticos, não modificou o papel institucional da Justiça Eleitoral.
destes órgãos. Todos estes mecanismos têm influência direta no grau de
O alistamento de eleitores, a admissão de candidatos, a apuração das lisura de um pleito. E o fato de que não se lograsse sucesso mediante tais
eleições e a proclamação e a diplomação dos eleitos continuaram sob a alterações é claro indicativo de que se trabalhava dentro de um formato
responsabilidade da Justiça Eleitoral. Os juízes eleitorais são juízes de institucional inadequado às condições brasileiras.
Direito, com garantias de vitaliciedade e inamovibilidade, contando nas
A importância aqui atribuída à Justiça Eleitoral não implica
tarefas de apuração e proclamação dos resultados das eleições com a
desconsiderar deficiências que existem em sua atuação, e tampouco o fato de
colaboração de cidadãos eleitores, que constituem a junta apuradora. Os
que variáveis alheias à organização das eleições e ao mecanismo de apuração
órgãos da Justiça Eleitoral de primeira instância atuam em todos os
e diplomação dos eleitos – condições sociais, estruturais, sistemas eleitoral e
municípios e em todo o território nacional. Nas eleições estaduais atuam os
partidário, o perfil e amplitude do eleitorado, etc. – podem condicionar
Tribunais Regionais Eleitorais, com a função de coordenar e centralizar o
fortemente a qualidade do processo. Mas esta é outra questão.
registro de candidatos, a proclamação e a diplomação dos eleitos. Esses
Tribunais são compostos por dois desembargadores e dois juízes da Justiça
Estadual, eleitos por um período de dois anos pelos respectivos Tribunais
de Justiça; dois juristas e um juiz federal. Nas eleições nacionais o processo
é coordenado pelo Tribunal Superior Eleitoral, formado por três ministros
do Supremo Tribunal Federal, dois ministros do Superior Tribunal de
Justiça e dois juristas escolhidos pelo presidente da República, a partir de
listas tríplices elaboradas pelo S.T.F.
Avaliando a criação e o papel da Justiça Eleitoral, disse Victor Nunes
Leal:
É, sem dúvida, a solução que apresenta menores inconvenientes
políticos, porque o judiciário, ao menos em princípio, julga pelo
alegado e provado e, consequentemente, as suas decisões não podem
ser contrárias ao que manifestou querer o município nas suas eleições
(1975, pág. 127).
Embora se possa levantar dúvidas quanto ao formato institucional
adotado no Brasil para organizar e controlar as eleições, uma análise
comparativa entre o período anterior e o posterior à existência da Justiça

29 30
CAPÍTULO 3 temporárias, formando-se sessenta dias antes da data das eleições e
dissolvendo-se assim que finalizam seus trabalhos. Todos os outros
ESTRUTURA, COMPOSIÇÃO E órgãos são permanentes, embora seus membros não o sejam, já que devem
ATRIBUIÇÕES DA JUSTIÇA ELEITORAL servir à Justiça Eleitoral por um período de no mínimo dois anos e no
máximo dois biênios consecutivos.

3.2. COMPOSIÇÃO
E ste capítulo tem por objetivo descrever a estrutura, a composição e as
atribuições da Justiça Eleitoral, desde sua criação em 1932 até hoje.
Trata-se de uma resenha dos diferentes textos constitucionais, salientando No que se refere à composição, foram maiores as modificações
as principais modificações ocorridas nestes aspectos. experimentadas pela Justiça Eleitoral.
Chama especialmente a atenção o fato de que, apesar do país ter Em 1932, quando foi instalada provisoriamente com as funções de
vivido profundas transformações no transcorrer das últimas seis décadas e preparar e coordenar as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, o
ter alterado repetidas vezes a sua Constituição e as legislações referentes às Tribunal Superior, órgão máximo da Justiça Eleitoral, era composto de 8
eleições, o modelo da Justiça Eleitoral praticamente se manteve inalterado. membros: ocupando a presidência, o vice-presidente do Supremo Tribunal
Este é um claro indicador de que esta não se constitui em uma área de Federal; outros dois ministros do Supremo Tribunal Federal, cabendo a um
controvérsia significativa e do relativo sucesso da instituição. deles a vice- presidência do Tribunal Eleitoral; dois desembargadores da
Corte de Apelação do Distrito Federal; três juristas escolhidos pelo chefe do
3.1. ESTRUTURA governo provisório dentre 15 cidadãos de notório saber jurídico e
reconhecida idoneidade, indicados pelo Supremo Tribunal Federal (S.T.F.).
Desde sua criação, em 1932, a Justiça Eleitoral brasileira experimentou O decreto n° 23.017, em 31/6/1933, reduziu para dois, o número de
poucas alterações em sua estrutura organizativa, até chegar ao formato atual, membros externos à magistratura, ficando, pois, o Tribunal Eleitoral com 7
consagrado pela Constituição de 1988, que, neste particular, preserva as membros. Esta composição foi ratificada pela Constituição de 1934 que
determinações da Carta de 1946 e da Constituição de 1967. também consagrou a Justiça Eleitoral como órgão do Poder Judiciário Federal.
Quando foi instalada pelo governo revolucionário, através do decreto A Justiça Eleitoral foi, contudo, extinta pela Carta de 1937, voltando
n° 21.076/32, de 24/03/1932, com a função de preparar as eleições para a a aparecer sete anos mais tarde, graças ao decreto-lei n° 7.586, de maio de
Assembleia Nacional Constituinte, a Justiça Eleitoral possuía os seguintes 1945, com a finalidade de dirigir as eleições que marcariam o
órgãos: o Tribunal Superior, então denominado Tribunal Superior da Justiça restabelecimento do regime democrático. Sua composição foi alterada:
Eleitoral, com sede na capital da República; Tribunais Regionais, na capital passou a exercer a presidência o presidente do S.T.F.; a vice-presidência
de cada estado, no Distrito Federal e na sede do governo no Território do ficou a cargo de um outro ministro do S.T.F.; integravam ainda o T.S.E. o
Acre; e juízes eleitorais nas comarcas, distritos ou termos judiciários. presidente e um desembargador do Tribunal de Apelação do Distrito
Esta estruturação praticamente não sofreu modificações até os dias Federal, e, por fim, um jurista de notório saber e reconhecida reputação.
atuais, a não ser a instalação de Juntas Eleitorais, a partir de 1945, e outras Cabia ao presidente do S.T.F., que acumulava a presidência do T.S.E., a
provenientes da criação de novos estados, territórios e municípios. A indicação dos 4 demais membros.
Constituição de 1946 conferiu às Juntas a categoria de órgão constitucional. A Constituição de 1946, como fizera a de 1934, incluiu a Justiça
Entre estes organismos de serviço eleitoral, apenas as Juntas Eleitorais são Eleitoral como ramo do poder Judiciário Federal e determinou a seguinte

31 32
composição: dois ministros do S.T.F., exercendo a presidência e a vice- participam magistrados pertencentes a diferentes Tribunais e Justiças, além
presidência; dois ministros do Tribunal Federal de Recursos; um de juristas recrutados dentre cidadãos de notável saber jurídico e idoneidade
desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal; dois cidadãos de moral. Como pode ser apreendido nos dados que constam do Anexo deste
notório saber jurídico e reconhecida reputação nomeados pelo Presidente da capítulo, sumariados nas tabelas abaixo, é notável a pluralidade de
República dentre 6 indicados pelo S.T.F.. experiências anteriores à incorporação ao Tribunal Superior Eleitoral: 20.3%
tiveram alguma participação no poder Executivo; 21.3% nos diferentes órgãos
A Constituição de 1967 alterou uma vez mais a composição do
do Legislativo; 29.1% exerceram alguma atividade no poder executivo e/ou
T.S.E., que passou a ser constituído por: três ministros do S.T.F., dentre os
no legislativo; 33.9% no Ministério Público; e 14.5% fizeram carreira
quais seriam eleitos o presidente e o vice-presidente do T.S.E.; dois
exclusivamente na Justiça Comum Estadual. Ou seja, dos 103 ministros sobre
ministros do Tribunal Federal de Recursos; dois advogados de notável saber
os quais foi possível obter dados biográficos, apenas 15, desde o bacharelado
jurídico e idoneidade moral, nomeados pelo Presidente da República, dentre
ou após um breve período de exercício na advocacia, ingressaram na
6 indicados pelo S.T.F.
magistratura estadual e não desempenharam atividades em nenhum outro
Finalmente, a Constituição de 1988 no seu artigo 119 assim definiu a ramo do Judiciário ou nos demais poderes. Estas características –
composição do T.S.E.: heterogeneidade na composição e pluralidade de experiências anteriores ao
no mínimo sete membros, escolhidos: I- mediante eleição, pelo voto ingresso no Tribunal Superior Eleitoral – singularizam o organismo de cúpula
secreto: a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal da Justiça Eleitoral, distinguindo-o das demais justiças especiais também
Federal; b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de pertencentes ao Poder Judiciário. O modelo favorece uma composição plural,
Justiça; II- por nomeação do Presidente da República, dois juízes tanto ao incorporar membros do Supremo Tribunal – uma corte que não é
dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, formada exclusivamente por juristas de carreira – como membros estranhos à
indicados pelo Supremo Tribunal Federal. magistratura, os juristas de notável saber.
O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente dentre os
Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral Tabela 1. Ministros que exerceram atividades no Poder Executivo
dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. antes da primeira posse no T.S.E. (em porcentagem).
Poder Executivo
Quanto aos T.R.E.s, a nova Constituição também não introduziu Prefeito Governador Subtotal
modificações. Sua composição dar-se-á: Cargos eletivos (inclui
3,8 4,8 7,7
interventorias e/ou nomeações)
I- mediante eleição, pelo voto secreto: a) de dois juízes dentre os
Secretário Secretário Ministro de
desembargadores do Tribunal de Justiça; b) de dois juízes de direito, Subtotal
Cargos de 1 escalão municipal estadual Estado
escolhidos pelo Tribunal de Justiça; II- de um juiz do Tribunal
- 8,7 5,8 13,5
Regional Federal com sede na capital do Estado ou no Distrito
Total de ministros que exerceram Municipal Estadual Federal Total
Federal ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer
atividades no poder executivo 3,8 13,5 5,8 20,3
caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; III- por nomeação
FONTE: Dados coligidos por Rogério Bastos Arantes (ver anexo).
pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de OBS.: Os percentuais acima (em todas as células) foram calculados com base em 103=100%,
notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de sendo 103 o número absoluto de Ministros sobre os quais foram obtidos dados biográficos.
Justiça. O T.R.E. elegerá seu Presidente e Vice-Presidente dentre os Os subtotais e o total não são meras somas das colunas por que há casos de Ministros que
desembargadores (artigo 120, parágrafo 1). ocuparam mais de um dos cargos ao longo da carreira. Não há casos de um mesmo Ministro
que tenha sido Secretário Estadual e Governador de Estado.
A composição dos Tribunais Eleitorais é, como se depreende do texto
constitucional de 1988 e de todos os anteriores, diversificada. Deles

33 34
Tabela 2. Ministros que exerceram atividades no poder legislativo anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os
antes da primeira posse no T.S.E. (em porcentagem). substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número
Poder Legislativo igual para cada categoria” (artigo 121, parágrafo 2).
Vereador Deputado estadual Deputado federal Senador Total
Cargos eletivos 3,8 13,5 13,5 1,9 21,3 O princípio da temporalidade atende a um preceito de proteção do
FONTE: Dados coligidos por Rogério Bastos Arantes (ver anexo). organismo eleitoral das ingerências políticas. Os magistrados federais e
Obs.: Os percentuais acima (em todas as células) foram calculados com base em 103=100%, estaduais servem periodicamente à Justiça Eleitoral, mas possuem nos seus
sendo 103 o número absoluto de Ministros sobre os quais foram obtidos dados biográficos. cargos de origem as garantias constitucionais de vitaliciedade,
O total não é mera soma das colunas por que há casos de Ministros que ocuparam mais de
um dos cargos ao longo da carreira.
inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos. A investidura temporária
dos membros dos Tribunais Eleitorais, se por um lado permite o rodízio de
Tabela 3. Ministros que exerceram atividades no Ministério Público Estadual seus integrantes, por outro pode apresentar o inconveniente de impedir uma
e/ou Federal antes da primeira posse no T.S.E. (em porcentagem).
maior especialização nos assuntos atinentes ao contencioso eleitoral.
Ministério Público
Estadual Federal Total
Ministério Público 27,1 14,5 33,9
3.3. ATRIBUIÇÕES
FONTE: Dados coligidos por Rogério Bastos Arantes (ver anexo).
Obs.: Os percentuais acima (em todas as células) foram calculados com base em 103=100%, Quando foi instituída, em 1932, a Justiça Eleitoral, através de seu
sendo 103 o número absoluto de Ministros sobre os quais foram obtidos dados biográficos.
O total não é mera soma das colunas por que há casos de Ministros que ocupam mais de um órgão máximo, o Tribunal Superior Eleitoral, tinha entre suas atribuições
dos cargos ao longo da carreira. fixar normas uniformes para a aplicação das leis e regulamentos eleitorais,
expedindo as instruções que julgasse necessárias; julgar em última instância
Os órgãos de primeiro grau da Justiça Eleitoral são integrados por os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais; propor ao
juízes eleitorais e pelas juntas eleitorais. A jurisdição de cada uma das zonas Chefe do Governo Provisório as providências para que as eleições se
eleitorais é da responsabilidade de um juiz de direito em efetivo exercício, realizassem no tempo e na forma determinados pela lei.
sendo que, nas comarcas onde existam mais de uma vara, cabe ao Tribunal
Regional designar aquela ou aquelas que responderão pelo serviço eleitoral. Tais competências de jurisdição suprema e de vigilância do processo
eleitoral foram mantidas nas Constituições e nas leis posteriores.
Membros do Ministério Público atuam junto ao Tribunal Superior
Eleitoral, aos tribunais regionais e às juntas eleitorais. O Ministério Público A Constituição de 1934 ampliou as atribuições da Justiça Eleitoral, ao
Eleitoral tem por função promover a ação pública, quando cabível, visando conferir-lhe o direito de decretar a perda do mandato legislativo federal, nos
a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses da casos estabelecidos na lei; determinar o número de deputados federais por
sociedade, aí compreendidos os sociais e individuais indisponíveis. Depois estado, distrito federal e território, de acordo com os últimos censos
da Constituição de 1988 esta instituição tornou-se independente e seus populacionais; fixar, quando não determinada na Constituição, a data das
membros desfrutam das mesmas garantias da magistratura, quais sejam a eleições federais; responder às consultas sobre matéria eleitoral, formuladas
vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de vencimentos. por autoridades públicas ou por partidos políticos registrados.
Os integrantes dos tribunais, os juízes de direito e os membros das O Decreto-Lei n° 7.586, de 28/5/1945, que restabeleceu os órgãos da
juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e no que lhes for aplicável, Justiça Eleitoral, extintos na Carta de 1937, também confirmou as mesmas
gozam de plenas garantias e são inamovíveis. A atual Constituição, tal como atribuições da Constituição de 1934 e do Código Eleitoral de 1935.
as anteriores, define o tempo de mandato dos integrantes da Justiça Eleitoral: Acrescentou, contudo, novas competências: ordenação do registro dos
“Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois partidos políticos e dos candidatos à Presidência da República; apuração do

35 36
resultado geral da eleição de Presidente da República, a partir dos Além das atribuições constantes da Constituição, muitas outras são
resultados parciais; proclamação e posse do eleito. estabelecidas no Código Eleitoral, tanto de caráter administrativo como de
natureza jurisdicional. A Justiça Eleitoral, diferentemente dos demais ramos
A Constituição de 1946 fixou as principais competências da Justiça
do Poder Judiciário, possui competências administrativas que lhe facultam
Eleitoral, determinando que a ela cabia a apuração das eleições, a diplomação
baixar instruções, que são verdadeiros regulamentos elaborados pelo T.S.E.
dos eleitos e a decisão sobre as arguições de inelegibilidade. Deixou, porém,
para aplicação das leis eleitorais; afora a faculdade de responder consultas
para a lei ordinária a prescrição sobre as atribuições dos tribunais e juízes.
sobre matérias eleitorais. Em tese, pode-se afirmar que a Justiça Eleitoral
A Constituição de 1967 e a Emenda de 1969, repetindo quase que por tem potencialmente a possibilidade de legislar sempre que se verificam
inteiro a Constituição de 1946, incluíram entre as atribuições da Justiça vazios na legislação ou duvidas quanto à sua interpretação.
Eleitoral: o registro e a cassação de registro dos partidos políticos; a divisão
eleitoral do país; o alistamento eleitoral; a fixação da data das eleições, quando
não determinada por disposição constitucional ou legal; o processo eleitoral, a
apuração das eleições e a expedição de diploma aos eleitos; o conhecimento e
a decisão de arguições de inelegibilidade; o processo e julgamento dos crimes
eleitorais e dos comuns que lhes forem conexos, e bem assim o de Habeas-
corpus e mandado de segurança em matéria eleitoral; o conhecimento de
reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos,
quanto à sua contabilidade e à apuração da origem de seus recursos.
O presente texto constitucional, de 1988, entretanto, diferentemente
dos anteriores, deixou de definir as atribuições da Justiça Eleitoral,
determinando que lei complementar deverá dispor sobre a competência dos
tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
As decisões dos juízes eleitorais e das juntas eleitorais são passíveis
de recurso aos Tribunais Regionais Eleitorais. Das sentenças proferidas
pelos Tribunais Regionais, entretanto, todos os textos constitucionais
definem que só caberá recurso ao Tribunal Superior Eleitoral quando
contrariarem disposição expressa na Constituição ou na lei; ocorrer
divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;
versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições
federais ou estaduais; anularem diplomas ou decretarem a perda de
mandatos eletivos federais ou estaduais; denegarem Habeas-data ou
mandado de injunção. São, porém, irrecorríveis as decisões da mais alta
corte da Justiça Eleitoral, o T.S.E., salvo as que contrariarem a Constituição
e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança. Nestes casos
caberá recurso ao Supremo Tribunal Federal.

37 38
CAPÍTULO 4 Poucos se lembram hoje que foi graças a uma deliberação do Tribunal
Superior Eleitoral que Tancredo Neves pode ser eleito.
O PAPEL DA JUSTIÇA ELEITORAL
Desde a Emenda Constitucional n° 1, de 1969, foi introduzida a
NO PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO
fidelidade partidária, o que significava dizer que as resoluções dadas como
imperativas por um partido teriam de ser seguidas por todos os seus
parlamentares, sob risco de perda do mandato. Dizia o texto: “Perderá o

D issemos em capítulo anterior que a disputa eleitoral não é um


mecanismo típico ou exclusivo do regime democrático, embora
apenas neste tenha importância decisiva no processo político. Em sistemas
mandato no Senado Federal, na Câmara dos Deputados, nas Assembleias
Legislativas e nas Câmaras Municipais, quem, por atitudes ou pelo voto, se
opuser às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos de direção
semicompetitivos ou não competitivos, as eleições não implicam em partidária ou deixar o partido sob cuja legenda foi eleito. A perda do
mudanças reais na estrutura do poder, mas nem por isso deixam de mandato será decretada pela Justiça Eleitoral, mediante representação do
desempenhar um papel relevante. Utilizadas como mecanismo de partido, assegurado o direito de ampla defesa”.
sobrevivência ou de reprodução desses sistemas, elas podem também levar
à sua corrosão. Estes efeitos, entretanto, dependerão fundamentalmente do Por outro lado, artifícios diversos haviam sido introduzidos na
grau de credibilidade do processo eleitoral. A “abertura” brasileira de 1974- legislação eleitoral, praticamente a cada pleito, para garantir a maioria
1985 é um exemplo paradigmático do que acabamos de afirmar.
situacionista. A vitória do governo podia assim ser prevista em todas as
votações no Congresso. Qualquer proposta da oposição estava fadada de
A Justiça Eleitoral desempenhou um papel fundamental no processo antemão ao mais absoluto fracasso.
de transição. Foi um ator mudo, porém decisivo, como fiador da lisura dos
resultados eleitorais. Sem uma instituição dessa natureza, dificilmente Da mesma forma, a composição do Colégio Eleitoral encarregado de
haveria confiança na competição, ainda mais levando-se em conta as eleger o Presidente da República em 1985 praticamente afastava a
restrições políticas e legais da época. O caminho para a normalidade possibilidade de vitória de qualquer candidato oposicionista. Além dos
democrática teria sido muito mais tortuoso, para dizer o mínimo, sem o senadores “biônicos” (indiretos), impostos pelo chamado “Pacote de Abril”
respeito aos resultados saídos das urnas. de 1977, outras medidas haviam sido tomadas com o objetivo de garantir
uma maioria situacionista. A introdução do voto vinculado para as eleições
Caberia também olhar mais de perto a atuação da Justiça Eleitoral na de 1982, por exemplo, teve o objetivo de municipalizar o pleito,
primeira eleição presidencial direta depois da promulgação da Constituição aumentando as chances de eleição de parlamentares pró-governo. Também
de 1988. Este foi um momento crítico para a instituição, pois tratava-se, não com vistas ao controle do processo sucessório, foram feitas alterações na
apenas de administrar um pleito repleto de expectativas, já que seria o Constituição, em junho de 1982. Uma dessas alterações dizia respeito
primeiro depois de 29 anos sem eleições diretas para a mais alta diretamente à composição do Colégio Eleitoral, determinando o número
magistratura, mas sobretudo porque incidentes, de todo inesperados, máximo de 479 deputados federais e que aos senadores e deputados federais
ameaçaram a normalidade do processo. fossem somados seis deputados estaduais por estado, indicados pela
bancada majoritária de cada Assembleia Legislativa.
4.1. A ELEIÇÃO DE TANCREDO NEVES
Tais casuísmos eliminavam a incerteza do processo eleitoral. Havia,
entretanto, um imponderável: a atuação da Justiça Eleitoral. O T.S.E., com
Vale a pena examinar em detalhe a atuação da Justiça Eleitoral num o voto unânime de seus membros, primeiro derrubou a fidelidade partidária
dos momentos mais significativos da transição política – a eleição do para o voto no Colégio Eleitoral e depois recusou-se a aceitar o pedido da
primeiro presidente civil, encerrando-se o ciclo de governos militares. direção do PDS de arquivar, com força de diretriz partidária, a

39 40
obrigatoriedade de seus parlamentares sufragarem os nomes de Paulo Salim A direção do PDS invocava a seu favor a fidelidade partidária,
Maluf e Flávio Portella Marcílio para os cargos de presidente e vice- consagrada pela Constituição e pela Lei Orgânica dos Partidos, bem como
presidente da República, respectivamente. decisões anteriores do Tribunal, determinando o arquivamento de diretrizes
partidárias. Os deputados federais e senadores pedessistas contrários à
A resolução do T.S.E. contra a exigência de fidelidade no Colégio
direção do partido julgavam esse procedimento ilegal, argumentando que
Eleitoral baseou-se na consideração de não existir “norma constitucional ou
contrariava resolução anterior do T.S.E., de 6 de novembro de 1984,
legal que restrinja o livre exercício do sufrágio dos membros do Congresso
segundo a qual, “as questões sobre disciplina partidária e perda de
Nacional e dos Delegados das Assembleias Legislativas dos Estados no
mandatos são de competência privativa da Justiça Eleitoral”, e não dos
Colégio Eleitoral, de que tratam os artigos 74 e 75 da Constituição, ou que lhe
partidos. Referiam-se também ao item 3 da mesma resolução que fixara
prescreva a nulidade por violação da fidelidade partidária”. Ainda em 1985,
que: “não existe norma constitucional ou legal que restrinja o livre exercício
outra Resolução do Tribunal (n° 12.008) reafirmava que as disposições
do sufrágio dos membros do Congresso Nacional e dos delegados das
constitucionais e da legislação sobre a obrigatoriedade de disciplina partidária
Assembleias Legislativas dos Estados no Colégio Eleitoral, de que tratam
não prevaleciam para as eleições de presidente e de vice-presidente, não
os artigos 74 e 75 da Constituição, ou que lhe prescreva a nulidade por
podendo um partido político “fixar, como diretriz partidária, a ser observada
violação da fidelidade partidária”. As razões apontadas pelo PMDB em sua
por parlamentar a ele filiado, membro do Colégio Eleitoral, a obrigação de
petição eram análogas.
voto em favor de determinado candidato”. Segundo o parecer do relator,
Ministro Neri Silveira, nem o Ato Institucional n° 1, de 1964, que introduziu Os Ministros do T.S.E. rejeitaram o pedido da Direção pedessista
as eleições indiretas para os cargos de presidente e vice-presidente da com base nos seguintes supostos:
República, nem nenhum outro texto constitucional, como a Emenda
1) o arquivamento de uma diretriz partidária não é um expediente
Constitucional n° 1 de 1969, que determinou a figura da fidelidade partidária,
automático e cartorário, mas um ato de jurisdição eleitoral de feição não
com a sanção de perda de mandato, ou alterações posteriores na legislação
contenciosa;
ordinária, haviam determinado que o voto no Colégio Eleitoral, se atribuído a
2) o Diretório do PDS, segundo os próprios estatutos do partido, não tem
um candidato de partido distinto àquele a que pertencesse o senador, o
competência para fixar diretrizes para seus filiados. Apenas a Convenção
deputado federal ou o deputado estadual, poderia ser enquadrado em caso de
Nacional poderia estabelecer obrigatoriedades.
infidelidade partidária. Em sua interpretação, os artigos 72 e 75 da
Constituição definiam o Colégio Eleitoral como constituído de eleitores com Dessa forma, apegando-se a vícios formais, o T.S.E. indeferiu o
a finalidade de escolher um dos candidatos previamente registrados, na forma arquivamento solicitado pelo PDS, criando as condições legais para que a
da lei, mediante voto nominal em sessão pública. Como o sufrágio eleição de janeiro de 1985 fosse de fato competitiva.
corresponde à manifestação da livre vontade do eleitor, não caberia cerceá-lo. Foram, pois, as deliberações do Tribunal Superior Eleitoral que
Examinemos, também, os argumentos das forças políticas, desejosas permitiram que a oposição, respeitando as regras do jogo, elegesse o
de fazer valer suas interpretações dos textos legais a favor de seus candidatos primeiro presidente civil dentro do colégio eleitoral que havia sido
nas eleições presidenciais. De um lado, havia o Diretório Nacional do PDS concebido para referendar o candidato ungido pela situação. Desta forma, a
que fixara os nomes de seus candidatos e solicitava ao T.S.E. o arquivamento abertura brasileira, que fora impulsionada pelas eleições, foi também
de sua resolução, para que fosse seguida por seus filiados, especialmente por coroada por um processo eleitoral competitivo, embora indireto, graças à
aqueles com assento no Colégio Eleitoral. De outro, impugnando essa atuação firme da Justiça Eleitoral.
solicitação, 48 deputados federais e senadores eleitos pelo PDS, membros do
Colégio Eleitoral, e também o presidente do PMDB.

41 42
4.2. A JUSTIÇA ELEITORAL E AS ELEIÇÕES DE 1989 personalidades até então conhecidas apenas nos círculos especializados –
membros e funcionários da Justiça Eleitoral e, de modo particular, o então
presidente do T.S.E., Ministro Francisco Rezek. Além de sua presença
Qualquer que seja a avaliação que se faça das eleições presidenciais de
constante nos meios de comunicação, Rezek inaugurou um estilo novo,
1989, não se pode deixar de destacar o papel da Justiça Eleitoral, que foi, sem
tornando públicas as suas posições sobre temas institucionais. Assim,
dúvida, um ator decisivo durante todo o processo, contribuindo de modo
manifestou abertamente sua opinião sobre questões polêmicas como o voto
significativo para que o pleito se desenvolvesse dentro de um quadro de
do analfabeto, voto obrigatório, voto útil, voto aos 16 anos, realização de
liberdade e respeito à lei. A atuação e a presença da Justiça foram marcantes
pesquisas de opinião e direito à informação.
em todas as fases, das primeiras providências até a votação e apuração dos
votos, bem como na divulgação e proclamação dos resultados finais. Advogando princípios liberais, Rezek dificilmente se enquadraria nos
moldes liberais clássicos, que prescrevem um estilo monástico aos
Pode-se afirmar, com efeito, que as eleições de 1989 proporcionaram à
magistrados. Essa transgressão das normas tradicionais pode desfigurar o
Justiça Eleitoral uma oportunidade para consolidar de maneira significativa as
papel de juiz e provocar um descrédito na instituição judiciária, que tem
suas funções de regulamentar e reger a disputa político-partidária. Mais que
como princípio básico arbitrar as disputas e não definir-se como parte de
um agente encarregado de aplicar regras formais, o desempenho da Justiça
um contencioso. Apesar desse risco implícito, pode-se sustentar que a
Eleitoral como intérprete de preceitos constitucionais levou-a até mesmo ao
atuação de Rezek durante o período eleitoral não chegou a prejudicar a
confronto com interesses casuísticos e particularistas. Pautando sua atuação
imagem da Justiça Eleitoral.
por princípios liberais e de autonomia, o Tribunal Superior Eleitoral logrou
significativo fortalecimento como instituição. A construção de um papel institucional mais ativo durante as eleições
presidenciais de 1989 pode ser examinada em quatro áreas de atuação, nas
Essa presença marcante da Justiça Eleitoral deveu-se a diversos
quais o desempenho do Tribunal Superior Eleitoral foi decisivo: a
fatores, muitos dos quais extrapolam a vontade de seus membros. O principal
regulamentação da propaganda eleitoral; as decisões referentes à divulgação
dentre esses fatores foi o vazio legal provocado pela Legislação Eleitoral em
de pesquisas e à realização de debates; a deliberação que pôs fim ao
vigor. Omissa em vários aspectos e caduca em muitos outros, a legislação
episódio Silvio Santos e, por último, seu desempenho nos trabalhos finais
aprovada pelo Congresso Nacional e os vetos apostos a alguns de seus artigos
de apuração dos votos.
pelo então Presidente da República, José Sarney, redundaram em situações
que exigiam um desempenho ativo por parte da Justiça Eleitoral. Espaços 4.2.1. Propaganda eleitoral
abertos pela legislação, que poderiam transformar-se em importante fator
gerador de instabilidade ou mesmo de descrédito no processo eleitoral, foram No que diz respeito à propaganda eleitoral e à veiculação de
ocupados pela Justiça Eleitoral. Agindo dessa forma, ela manteve a informações nas eleições de 1989, o papel da Justiça Eleitoral foi de
estabilidade do processo e reafirmou sua autoridade regulamentadora. estreita sintonia com a crescente reivindicação de liberdade política.
Nesse sentido, enfrentando uma legislação eleitoral obsoleta e até certo
O T.S.E. e os T.R.E.s sempre tiveram, é claro, um papel importante
ponto incompatível com os princípios constitucionais, a Justiça Eleitoral
na organização e regulação dos pleitos; na eleição presidencial de 1989,
chamou a si a tarefa de desenvolver esse novo padrão de veiculação das
porém, esse papel tornou-se mais ativo. Mais do que em nenhuma outra diferentes mensagens eleitorais: mais livre e igualitário e em estrito respeito
eleição anterior, os ministros e juízes encarregados dos trabalhos eleitorais
às normas do pluralismo político.
transformaram-se em personagens conhecidas e respeitadas pela população
em geral. Nos meses imediatamente anteriores à eleição, o público teve A interpretação dada pelo Tribunal Superior Eleitoral à legislação sobre
diante de si 22 candidatos e uma instituição, esta última tão presente quanto propaganda eleitoral aprovada em 8 de junho de 1989 pelo Congresso
os postulantes ao cargo máximo. O eleitorado familiarizou-se com Nacional é ilustrativa do que acabamos de afirmar. Como bem se noticiou na

43 44
época, as discussões no Congresso e os vetos apostos pelo Presidente José ceder quatro direitos de resposta e teve seu programa suspenso por 8 dias;
Sarney foram marcados por um jogo de interesses notoriamente oportunístico. Manoel Horta, inscrito pelo PDC, teve de ceder seu tempo duas vezes e
Escudado em princípios liberalizantes, o T.S.E. eliminou de vez a censura e Eudes Mattar, do PLP, uma. Quanto às instituições e aos demais candidatos,
fez uma leitura tolerante do “direito de resposta”, garantido pela legislação. o T.S.E. concedeu ao IBOPE e a Collor de Mello o direito de resposta a
ataques veiculados nos programas de Leonel Brizola; ao Presidente Sarney,
Iniciado o horário eleitoral gratuito, desapareceu, pela primeira vez, a
contra o ataque do próprio Fernando Collor; ao PT, por duas vezes, para
prática da censura prévia e/ou simultânea aos programas editados pelos
responder a acusações feitas pelo candidato do PSD, Ronaldo Caiado (o
partidos políticos. Os tradicionais ataques a adversários, que nas eleições
chamado “caso Lubeca”). Ressalte-se que a atuação da Justiça Eleitoral foi
anteriores haviam dado motivo para “cortes” efetuados pelos juízes
mais intensa do que seria possível prever a partir de suas próprias
eleitorais, foram então considerados como prática normal, compatível com
determinações, visto que a entrada de um novo candidato na disputa – o
o confronto democrático de ideias políticas, salvo, é claro, quando tais
apresentador de TV, Sílvio Santos – forçou- a reavaliar a situação. Com
ataques configurassem crime de calúnia, injúria ou difamação contra a
efeito, o ingresso de Sílvio Santos fez com que o T.S.E. suspendesse 18
pessoa do candidato concorrente ou de autoridades e instituições. Além
programas do horário eleitoral gratuito na televisão – 8 do PP, 7 do PCN e 3
disso, segundo a Resolução n° 15.443 de 8/8/1989 do próprio T.S.E., “o
do PMB. A justificativa dada para estas decisões, tomadas em sessão
ofendido ou seu representante legal poderia formular pedido para o
realizada no dia 3/11/89, foi que estes partidos estavam sendo utilizados
exercício de resposta dentro de 24 horas da ciência do fato, devendo a
para promover a nova candidatura.
decisão do Tribunal ser prolatada em um prazo máximo de 48 horas a partir
da formulação do pedido”. Nesses casos, não cabia ao Tribunal pronunciar- No segundo turno, a permanência de apenas dois candidatos e a
se sobre a veracidade ou sobre o mérito das acusações, mas julgar a decisão do T.S.E. de encarar com naturalidade o acirramento da disputa fez
intensidade da ofensa à reputação e honorabilidade do atingido. Assim, o com que o direito de resposta fosse concedido somente uma vez, ao PT,
T.S.E. assegurou o “direito de resposta” apenas quando esteve em questão o para defender-se dos ataques de Collor à vida pessoal de seu adversário
reparo de danos causados pelos adversários, nas situações previstas em lei. Lula (o “caso Miriam”).
No primeiro turno, a maioria dos pedidos de direito de resposta julgados 4.2.2. Divulgação de pesquisas e realização de debates
favoravelmente pelo T.S.E. referiu-se à defesa contra ataques proferidos por
“microcandidatos”, isto é, por alguns daqueles que dificilmente poderiam No âmbito geral da informação política, também, o T.S.E. atuou de
ser classificados como candidatos com chances reais de chegar à forma decisiva. Contrapondo-se às omissões e contradições da lei eleitoral
Presidência da República. Tendo pouco ou nada a perder, prestavam-se com aprovada pelo Congresso e apoiada no preceito constitucional da liberdade
frequência ao “jogo sujo”, atacando candidatos com potencialidade real de de informação, a Justiça Eleitoral assegurou os direitos à divulgação de
ocupar os primeiros lugares. Some-se a isto o fato de que a lei eleitoral não pesquisas eleitorais e à realização de debates entre os candidatos pelos
proibia nenhum candidato de usar seu tempo no rádio ou na televisão para meios de comunicação.
fazer campanha para outro. Proposta neste sentido havia sido feita pelo Cumpre lembrar que a lei aprovada pelo Congresso em junho de 1989
Senado, prevendo punição àqueles que usassem o seu programa para advogar estabelecia severas restrições tanto à divulgação de pesquisas quanto à
a eleição de outro candidato. Essa precaução, entretanto, foi rejeitada pela veiculação de debates entre os candidatos pelos meios de comunicação.
Câmara. Também quanto a este ponto, ganhou importância a competência Vedava a divulgação “nos trinta dias anteriores à data da eleição em
exclusiva do T.S.E. para decidir sobre o direito de resposta. primeiro turno e nos dez dias anteriores à do segundo turno de quaisquer
Assim, na disputa do primeiro turno, Antônio Pedreira, candidato do pesquisas, prévias ou testes pré-eleitorais, relativamente à eleição
PPB (sigla que então designava Partido do Povo Brasileiro), foi obrigado a presidencial” (Lei 7.773, Art. 26, parágrafo 2). Essa mesma lei, no seu artigo

45 46
19, facultava a promoção de debates pelas emissoras de rádio e TV, desde 4.2.3. O caso Sílvio Santos
que “assegurada a participação de todos os candidatos, em conjunto ou
divididos em grupos e dias distintos” (grifo meu). O episódio Sílvio Santos foi o principal desafio enfrentado pela
Justiça Eleitoral na campanha de 1989. Não é exagero dizer que o quadro
No tocante à divulgação de pesquisas eleitorais, o T.S.E. ignorou a institucional da eleição e a credibilidade do T.S.E. estiveram em jogo,
proibição ditada pela lei 7.773, considerando-a inconstitucional, tal como naquele momento. Afinal, se a legislação permitia a entrada extemporânea
fizera nas eleições de 1988. As pesquisas foram, consequentemente, de um candidato na disputa, ao T.S.E. cabia a decisão final e soberana sobre
liberadas, mantendo-se, entretanto a obrigação por parte dos institutos de o desenrolar dos acontecimentos. Questão delicada, sem dúvida, já que
“colocar à disposição... informações sobre métodos utilizados e fontes interferia diretamente no jogo eleitoral e colocava a descoberto a fragilidade
financiadoras dos respectivos trabalhos” (Resolução do T.S.E. nº 15.443 da legislação e das instituições.
de 8/8/89, art. 5).
É difícil encontrar situação comparável em toda a história da Justiça
Quanto aos debates, o mandado de segurança impetrado pela Eleitoral. Nunca é demais lembrar que os dados já estavam lançados e que
Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) foi era grande a expectativa criada em torno destas eleições, as primeiras
julgado favoravelmente pelo T.S.E., em 24/10/89, deixando a critério das diretas para a presidência da República, depois de um intervalo de 29 anos.
emissoras a organização dos encontros entre os candidatos. Esta decisão foi Buscando um paralelo, alguns analistas e políticos afirmavam que a decisão
considerada pelo T.S.E. como uma interpretação da exigência legal de que do T.S.E. poderia provocar uma alteração tão profunda no quadro político
todos os candidatos fossem convidados para os debates. De acordo com o do país quanto aquela que, em 1985, declarou o fim da fidelidade partidária.
voto do relator, ministro Vilas Boas, acatado pela maioria dos juízes (5 a Naquela ocasião, como vimos, a resolução do Tribunal, considerando sem
favor e 2 contra), “o artigo da lei, embora constitucional, era meramente validade a exigência de fidelidade partidária, permitiu que boa parte dos
programático, e assim não impede a realização de debates sem a presença deputados e senadores do PDS deixassem de votar no candidato do partido
de todos os candidatos à Presidência da República”. Para o ministro, o – Paulo Maluf – escolhendo Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral. Entre os
direito dos eleitores de avaliar os candidatos, a partir do confronto de ideias, que viam similaridades entre as duas situações, destaca-se o deputado
sobrepunha-se ao direito dos candidatos de participar dos debates. Além Prisco Viana (então PMDB-BA), ex-articulador da campanha malufista,
disso, como as emissoras não eram obrigadas a realizar debates, o cuja avaliação retrata uma faceta do tumulto criado na opinião pública.
eleitorado ver-se-ia prejudicado, se tal exigência fosse interpretada como Disse ele, apoiado em balizas que nada tinham de jurídicas: “A grande
uma condição para a promoção dos mesmos. diferença é que, daquela vez, o T.S.E. ficou do lado do povo e das
Pesquisas e debates são elementos a que o eleitor recorre para formar liberdades democráticas, e desta vez, se impugnar a candidatura do Sílvio,
sua decisão. Proibi-los ou dificultá-los é, pois, uma clara restrição à vai ficar contra o candidato do povo” (jornal Folha de S. Paulo, 5/11/89).
liberdade de informação. Por outro lado, a exigência de convite a todos os A despeito do episódio Sílvio Santos ter sido classificado pela maior
candidatos, como se deu nas eleições de 1985, de 1986 e de 1988, é uma parte dos meios de comunicação como degradante e vergonhoso, a primeira
imposição supostamente democrática que, na prática, inviabiliza a indagação objetiva que se deve fazer diz respeito à própria possibilidade
realização de debates, sobretudo levando-se em conta o grande número de legal de entrada de um candidato às vésperas da data marcada para o pleito.
postulantes ao cargo. Deste ponto de vista, a atuação da Justiça Eleitoral nas Esta possibilidade existia, e este fato deve ser frisado para que melhor se
eleições de 1989 foi um importante avanço na implementação do direito do possa avaliar a legislação então em vigor e aquilatar o desempenho da
cidadão ao maior número possível de informações. Justiça Eleitoral.

47 48
Com o veto do Presidente Sarney ao artigo oitavo da Lei Eleitoral, Ora, não existe nada mais pernicioso para a credibilidade de uma
ficou extinto o prazo mínimo de 6 meses para a filiação partidária dos instituição com funções de magistratura do que a possibilidade de orientar-se
candidatos. Dessa forma, tornou-se possível a entrada de um candidato, não em suas deliberações por interesses particulares ou por compromissos com
só a qualquer momento, mas até mesmo sem um vínculo partidário anterior. grupos de poder. Um órgão de justiça especialmente criado para arbitrar
Por outro lado, o veto ao artigo 30, que assegurava aos partidos o direito de conflitos só pode deliberar respeitando a lei, fundamentando suas decisões em
recurso contra qualquer decisão do T.S.E., baseava-se no artigo 121 da argumentos lógico-formais. Qualquer outro tipo de consideração, seja
Constituição, segundo o qual “são irrecorríveis as decisões do T.S.E., salvo assentada em critérios políticos ou de natureza “moral”, contrariaria a
as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de Habeas corpus natureza do Tribunal, desgastando a sua credibilidade e, indiretamente
ou mandado de segurança”. Estes dispositivos jurídicos conferiram ao também, a própria estabilidade do processo sucessório presidencial.
Tribunal a condição de autoridade máxima e final em questões como a que
No dia 9 de novembro, quando todas as especulações já haviam sido
estamos considerando.
feitas, as atenções voltaram-se para o T.S.E. Era a data em que seria julgado
Independentemente das chances eleitorais de Sílvio Santos, sua o pedido de registro de novos candidatos. Chegaram ao Tribunal, por um
entrada na disputa, a apenas 15 dias do pleito, criou uma celeuma talvez lado, o pedido feito pelo Partido Municipalista Brasileiro de registro das
sem paralelo em outros países democráticos. A credibilidade da Justiça novas candidaturas de Señor Abravanel (verdadeiro nome de Sílvio Santos)
Eleitoral foi colocada em xeque, num grau também inédito na história da e de Marcondes Iran Benevides Gadelha para os cargos de Presidente e
instituição. Enquanto alguns impugnavam previamente os juízes, prevendo Vice-Presidente da República, e por outro, diversas solicitações de
que eles se curvariam aos interesses do Poder Executivo, outros diziam que impugnação. De acordo, contudo, com o art. 22 da Resolução 15.362/89, só
o Tribunal deveria tomar o partido anti-Sarney, buscando uma saída dita deveriam ser examinadas as impugnações provenientes de “impugnantes
“política” ou “moral”, que, na verdade, implicaria em ignorar a letra da lei. habilitados”, ou seja, do Ministério Público Eleitoral, de candidatos e de
Num extremo ou no outro, a insinuação era de que os ministros iriam partidos políticos com registro no Tribunal. Dessa forma, não foram
decidir sob pressão, desconsiderando cânones jurídicos. consideradas legítimas as solicitações de impugnação encaminhadas por 7
advogados, por um Juiz de Direito, por 146 cidadãos, de dirigentes e
Nunca as ligações pretéritas ou presentes dos juízes foram tão
membros fundadores do Instituto de Estatística Econômica Intersindical.
esmiuçadas, deixando-se subentender que tais laços explicariam a direção
Como impugnantes habilitados apresentaram-se: o Ministério Público
do voto a ser dado. Supunha-se, por exemplo, que o Ministro Rezek
Eleitoral, representado pelo Procurador-Geral Eleitoral; o PCdoB; o PDT; o
acompanharia as declarações do professor João Leitão de Abreu, contrárias
PTR; o PSC; e o PRN, este último representando a “Coligação Brasil
à candidatura de Sílvio Santos, já que eram notórios tanto sua admiração
Novo”, suporte da campanha de Fernando Collor. Pelo impugnado, isto é,
como seu dever de lealdade para com esse ex-ministro do Supremo
pelo PMB, tiveram o direito de usar a palavra três advogados.
Tribunal Federal, duas vezes Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência
da República, nos governos Médici e Figueiredo, responsável direto pela Ao Ministro-Relator do processo, Ministro Vilas Boas, cabia, de
nomeação de Rezek para o S.T.F. Da mesma forma, supunha-se que o acordo com as normas regimentais, tornar públicos o parecer do Procurador
Ministro-Relator do processo, Antônio Vilas-Boas, como advogado da Geral Eleitoral e as razões arroladas nos pedidos de impugnação
Telebrás, agiria sob a influência do Ministro das Comunicações, Antônio encaminhados pelos partidos políticos, e, em seguida, proferir o seu próprio
Carlos Magalhães, intransigente adversário da nova candidatura. Alegava- voto. O parecer do Procurador Geral era de que Sílvio Santos deveria ser
se, ainda, que outros ministros, ao contrário, mostrariam fidelidade ao considerado inelegível. Considerava que esta candidatura feria os dispositivos
Presidente Sarney, visto como o promotor da nova candidatura. que protegem a normalidade e a legitimidade das eleições contra a influência
do poder econômico ou abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
administração direta ou indireta. Para a proteção contra este tipo de influência

49 50
a lei exige o afastamento da função, no mínimo 3 meses antes da data das Em síntese, o fato de o PMB não reunir os pressupostos necessários à
eleições, dos candidatos proprietários ou que exerçam cargos de direção em sua existência legal e a condição de inelegibilidade de Silvio Santos, como
empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público. Como empresário de comunicações, colocaram um ponto final nessa tentativa de
dirigente do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), Sílvio Santos poderia, alterar os rumos da disputa às vésperas do pleito, bem como nas insinuações
em tese, ser enquadrado nessa exigência. Os partidos impugnantes, contudo, de que os juízes agiriam sob constrangimentos alheios sua função. Como
foram além da questão da inelegibilidade, suscitando preliminares quanto à disse o Ministro Miguel Ferrante, ao justificar o seu voto, o T.S.E. cuidou
filiação partidária e quanto ao registro do PMB. nesta decisão “exclusivamente da reta aplicação do direito, .indiferente ao
tumulto das paixões que o caso desencadeou”. Tratou, “simplesmente de
O primeiro ministro a pronunciar-se votou pelo indeferimento das
fazer prevalecer o império da lei, a que todos devemos obediência e
novas candidaturas, fundando-se, sobretudo, no exame da situação legal do
respeito. Obediência e respeito, sem transigências e sem tibiezas, sem o que
PMB. Vale a pena reproduzir aqui suas ponderações, já que todos os demais
não poderão subsistir o regime democrático e o estado de direito”.
votos, sem exceção, basearam-se em argumento jurídico semelhante, negando,
por unanimidade, o registro de Sílvio Santos e Marcondes Gadelha. Disse o A aplicação da lei encerrou este episódio, fortalecendo a imagem de
Ministro Vilas Boas, apoiando-se exclusivamente na legislação: o PMB credibilidade da Justiça Eleitoral. É claro que isto não significa que a
teve seu registro provisório deferido em 14/10/87, dando-se-lhe,
unanimidade formada entre os juízes seja uma amostra do que se passava nos
naquela ocasião, o prazo de um ano para atender as exigências legais círculos políticos ou com a população em geral. O importante é que os
necessárias à obtenção do registro definitivo. Por força do artigo 6, ministros agiram como magistrados, equidistantes das partes em disputa. Um
parágrafo único, da Lei 7.664, de 29/6/88/, esse prazo foi prorrogado compromisso prevaleceu: a obediência à Constituição. Referindo-se à
por 12 meses, de forma que se esgotaria em 15/10/89. Em 13/10/89, fidelidade à lei, como o único parâmetro a orientar o judiciário, disse o
às vésperas portanto do término do aludido prazo, o PMB requereu o Ministro Rezek ao proferir seu voto, cumprindo salientar que, como
seu registro definitivo ...Ocorre, porém, que o PMB, como atesta presidente do T.S.E., regimentalmente, ele só teria obrigação de pronunciar-
informação da secretaria, embora comprove ter realizado Convenção se em caso de empate entre os outros seis ministros:
Nacional com eleição da Comissão Executiva Nacional e alegue ter
realizado convenções para eleger seus Diretórios Regionais em 10 (...) examinando, nos últimos dias, este tormentoso feito, nós nos
unidades da Federação, apenas acosta 4 certidões comprobatórias de defrontamos com um trabalho árduo, não exatamente previsto para
tal providência, fornecidas pelos três de Pernambuco, Maranhão, esta fase do processo eleitoral, e fizemos por bem desenvolvê-lo, tal
Amazonas e Rondônia. Desse descumprimento decorre, conforme como manda a Constituição. Convivemos, nesse período, não apenas
salienta a mesma informação, a ineficácia dos atos preliminares do com o trabalho: também com manifestações da mais variada origem,
Partido, em 15/10, isto é, tornou-se sem efeito naquela data o registro da mais variada índole; manifestações inteiramente lícitas, na medida
provisório da mencionada agremiação partidária. (...) Tenho, pois, em que não advindas de algum núcleo de poder, mas de pessoas
como certo que a escolha dos novos candidatos, depois de caduco o comuns, de populares e articulistas da imprensa, que valem-se do seu
registro provisório do PMB, torna insustentáveis as respectivas direito de dizer o que pensam, sem pretender com isso que o Tribunal
candidaturas, pois estas não podem subsistir sem aquele nos termos seja permeável, no deslinde de uma questão jurídica, a considerações
dos artigos 87 do CE e 77, parágrafo 2 da Constituição Federal. de tal natureza. Lembro, entretanto, que convivemos também com
algumas manifestações reveladoras do desconhecimento do
Além da procedência dos argumentos contra a existência jurídica do fenômeno judiciário, que insinuaram perspectivas decisórias à base
PMB, o que, por si só bastaria para invalidar o registro dos novos de fatores tão absolutamente desimportantes quanto teria ocorrido se
candidatos, o Ministro-Relator considerou também válidas as ponderações pretendessem inferir a provável decisão de um membro da Casa por
sobre a inelegibilidade de Sílvio Santos, em virtude de sua condição de sua origem étnica, por sua confissão religiosa ou por sua vizinhança
dirigente do SBT. habitacional. Chegou-se perto disso... Um dia, quando atendidas

51 52
tantas outras prioridades, é possível que a sociedade brasileira venha Dificilmente se poderia avaliar as constantes referências de Brizola a
a entender melhor a função judiciária e suas características. Deus possíveis fraudes, senão como uma matéria de campanha, como uma
sabe quando isto ocorrerá. Mas talvez então alguém se lembre de estratégia para diferenciar-se dos demais candidatos. A forma genérica com
que, neste momento histórico, o Tribunal Superior Eleitoral que a questão era tratada – “se fizeram uma ditadura de 20 anos, não vão
contribuiu para o alcance de semelhante propósito.
fazer uma fraude?” – parecia talhada para construir a imagem de um
4.2.4. Apuração dos votos candidato destemido, que se singularizava em relação aos outros candidatos
no campo da oposição por sua luta contra prováveis irregularidades, e cuja
O noticiário jornalístico e alguns candidatos suscitaram duas questões força eleitoral era maldosamente ocultada pela imprensa e pelos institutos
quanto à atuação da Justiça Eleitoral no que se refere à votação e à sua de pesquisa, que insistiam em não lhe dar a dianteira.
apuração: a possibilidade de fraude eleitoral e a alegada lentidão no
Atuando em nome do PDT, o então deputado federal César Maia
processo de totalização dos votos.
chegou a encaminhar ao Congresso proposta que obrigaria o T.S.E. a
Com relação à possibilidade de fraudes, as críticas e os pedidos submeter a auditoria prévia de empresas especializadas o sistema de
dirigidos ao T.S.E. pareciam sofrer da “síndrome da Proconsult” (referência processamento de dados a ser utilizado na apuração das eleições
às supostas irregularidades nos procedimentos de apuração das eleições de presidenciais. Justificando sua iniciativa, disse César Maia à imprensa, em
1982 no estado do Rio de Janeiro). Fez-se denúncias de existência de vírus outubro: “o clima para uma eventual fraude já começou a ser criado com a
nos computadores do Tribunal, de manipulação ilícita dos programas de manipulação dos resultados das pesquisas por mentes perversas que desejam
totalização, e até pedidos de contagem manual dos boletins de urna. Grande um segundo turno das eleições disputado por Guilherme Afif Domingos e
parte do que foi dito ancorava-se na lembrança das eleições no Rio de Fernando Collor de Mello”. E, acrescentava, referindo-se a casos de fraude
Janeiro em 1982. Naquele pleito, como se recorda, a Justiça Eleitoral supostamente ocorridos em eleições passadas:
(T.R.E.-RJ) realizou a primeira e mal sucedida experiência de totalização de nós estamos convencidos de que a eleição do senhor Jânio Quadros
votos utilizando um sistema privado de microcomputadores (Empresa (1985), em São Paulo, foi fraudada. O senhor Fernando Henrique
Proconsult-Rucimec). Cardoso perdeu no computador as eleições. Com os recursos
Para que não se perca a real dimensão das denúncias sobre as tecnológicos atuais, é possível que analistas interfiram na transmissão
eletrônica de dados e adulterem a soma de votos. A interferência pode
possibilidades de adulteração dos resultados eleitorais, é necessário salientar
ocorrer sem deixar rastros (Folha de S. Paulo, 23/10/1989).
que este tema interessou somente a determinados setores políticos. Assim,
durante o período pré-eleitoral e nos trabalhos de apuração do primeiro turno, As denúncias pedetistas recrudesceram, como era de se esperar,
a fraude foi um item constante apenas no discurso do candidato do PDT, durante a fase da apuração. As críticas ao T.S.E. sustentavam-se, sobretudo,
Leonel Brizola. Durante o segundo turno, o tema voltou a ser aventado, na não aceitação pelo Tribunal da proposta do partido, segundo a qual as
embora com menor ênfase e com diferente significado, pelo PT. juntas apuradoras deveriam se encarregar da soma total dos votos por elas
apurados e não os Tribunais Eleitorais Regionais como regulamentou o
Desde o início da campanha eleitoral, Brizola procurou transformar a
T.S.E. Vivaldo Barbosa, então líder do PDT na Câmara, declarou: “Foi um
questão da lisura no processo de apuração em tema de campanha. A fraude
erro grave do T.S.E. Perdemos um importante instrumento de controle” (O
era apontada como a única ameaça à eleição. A insistência de Brizola foi
Estado de S. Paulo, 16/11/89). Na mesma direção manifestou-se Brizola, em
tanta que o T.S.E. chegou, ainda em agosto, a convocar o candidato para
entrevista coletiva a jornalistas brasileiros e estrangeiros: “O clima é de
que explicasse suas declarações. Ao mesmo tempo em que isentava a
suspeição. A expectativa é de irregularidade... Esta conferência de imprensa
Justiça Eleitoral de qualquer irregularidade e manifestava sua disposição de
não deixa de significar nosso grito de protesto contra a Justiça Eleitoral”
“colaborar”, Brizola insistia na necessidade de uma apuração paralela.
(Folha de S. Paulo, 17/11/89).

53 54
O embate entre o PDT e o T.S.E. culminou com o pedido de evidenciada com uma simples descrição do sistema planejado e
recontagem dos votos do primeiro turno feito pelo partido brizolista, negado efetivamente executado pelo T.S.E. naquelas eleições.
em 23/11/89 pela unanimidade dos votos dos ministros. Segundo os juízes,
O fato é que a eleição presidencial de 1989, histórica quanto ao seu
não havia motivos para acolher esse pedido, uma vez que o PDT não
alcance político, foi do ponto de vista técnico, uma das mais simples que o
apresentara provas quer de incorreções no processo de apuração, quer de
país já conheceu. A cédula eleitoral, com candidatos a um só cargo, por si
fatos que redundassem em prejuízos para o seu candidato.
só, conferia agilidade aos processos de votação, fiscalização, apuração e
Durante a campanha para o segundo turno, o tema da fraude foi totalização final. Associada ao veloz processamento dos resultados pelos
retomado pelo PT, mas com menor intensidade. Tratava-se, na verdade, de terminais de computador espalhados por todo o país, essa simplicidade
um apelo oblíquo à militância do partido, visando mobilizá-la para os inviabilizava ou pelo menos dificultava práticas ilícitas, como a adulteração
trabalhos de fiscalização. Tanto assim que o então presidente nacional do dos dados nos mapas de apuração (o chamado “mapismo”).
PT, deputado Luís Gushiken, em suas declarações sobre o assunto,
Outro fator de segurança do processo foi a possível e real
ressaltava sempre a lisura do Tribunal: “Confiamos no T.S.E., mas a prática
possibilidade de fiscalização por parte dos partidos envolvidos na disputa.
do outro candidato é de persuadir pessoas através de dinheiro. O grande
Os fiscais puderam (como sempre ocorre) legitimamente acompanhar toda a
número de juntas apuradoras exige um esforço enorme na fiscalização”
trajetória do voto, desde a votação e a abertura das urnas, passando pela
(Folha de S. Paulo, 16/12/89).
contagem feita pela junta apuradora, pelo preenchimento e escrutinação dos
Sobre a lentidão na apuração e na totalização dos votos, os boletins de urna e pela digitação no T.R.E., até a totalização final, sob a
argumentos veiculados foram também variados. Os problemas técnicos responsabilidade do T.S.E.
enfrentados em alguns estados, atrasando a programação do T.S.E., faziam
Ou seja, o sistema montado permitiu um acompanhamento público
parte, segundo se dizia, de uma tentativa de boicote por parte dos
dos procedimentos adotados e facultou aos fiscais de partido um papel
respectivos T.R.E.s. Esse suposto boicote teria como finalidade colocar em
decisivo. Vejamos as instruções do T.S.E.: após a comprovação, diante dos
dúvida as promessas do T.S.E., e especialmente de seu presidente, Ministro
fiscais de partidos, de que a urna não foi violada, ela é aberta para que se
Rezek, cuja notoriedade incomodava e suscitava veladas repreensões por
inicie a apuração. Os votos válidos devem ser separados dos votos nulos e
parte dos membros mais conservadores do judiciário. Outros setores
em branco, para que nenhuma marcação fraudulenta possa ser feita na
pretenderam demonstrar a “incompetência” do T.S.E., contrastando sua
cédula. Sempre que uma anormalidade for percebida, os fiscais devem
alegada lentidão com a apuração paralela realizada por instituições
impugnar imediatamente a apuração e recorrer ao T.R.E. Depois de
privadas, sobretudo pela Rede Globo. Alguns críticos chegaram mesmo a
terminada a contagem de uma urna, deve ser preenchido o boletim a ela
dizer que a diferença no ritmo da totalização confirmava a falência da
referente. Este boletim só poderá ser finalizado se houver a coincidência
empresa pública frente à iniciativa privada. O senador Roberto Campos, por
entre o número de votantes e o total de votos apurados. Ele deve ser feito
exemplo, escreveu: “O Brasil seria um país menos chato se Lula fizesse as
em quatro vias: uma para o T.R.E., uma para o comitê interpartidário, outra
pazes com a gramática e Brizola com a TV Globo. Esta afinal demonstrou a
é afixada no local da apuração e a última é arquivada. Os votos apurados
acachapante superioridade da empresa privada sobre a empresa pública na
ficam guardados em envelope especial para uma possível recontagem.
apuração eleitoral. Diminuiu a angústia da espera e, portanto, a incidência
Eventuais reclamações podem ser feitas imediatamente pelos interessados.
de enfartos” (Folha de S. Paulo, 21/11/89).
O boletim de cada urna é processado pelo T.R.E., quando poderá
Em ambos os casos, no temor de fraudes e nas críticas aos trabalhos novamente ser conferido e posteriormente assinado pelos fiscais, mesários e
de apuração, a fragilidade dos argumentos então apresentados pode ser pelo juiz eleitoral. Os resultados são totalizados por município e
encaminhados, via teleprocessamento, ao T.S.E.

55 56
Os partidos políticos têm, assim, sete oportunidades diferentes para Ou seja, os argumentos referentes a possíveis fraudes caem por terra,
conferir a apuração dos votos: (1) checagem junto às mesas apuradoras; (2) ou ficam minimizados, quando se examina o conjunto de dispositivos que
os fiscais recebem cópias do boletim de uma e assinam a via da Justiça garantiram a lisura do processo eleitoral. Quanto à lentidão nos trabalhos,
Eleitoral, atestando a veracidade das informações; (3) os fiscais recebem em há que se levar em conta que os ganhos em confiabilidade exigiram certa
cada T.R.E. cópias dos boletins de urna enviados pelas mesas apuradoras; demora na totalização. Para citar mais uma vez o Ministro Rezek, “ninguém
(4) os fiscais recebem em cada T.R.E. cópias da listagem dos boletins parou 5 minutos para pensar que o sistema oficial de apuração não é algo
processados no computador, que vai alimentar o computador central do que permita a celeridade que o sistema privado pode proporcionar. Não
T.S.E.; (5) os partidos recebem cópias das listagens dos T.R.E.s podemos abrir mão dos critérios de segurança absoluta”.
transmitidas ao T.S.E.; (6) os partidos recebem do T.S.E. cópias dos
Deve-se salientar, contudo, que o próprio T.S.E. suscitou expectativas
boletins recebidos dos T.R.E.s; (7) os fiscais recebem do T.S.E. cópias do
de maior velocidade no conhecimento dos resultados finais. Desde o início da
boletim oficial de apuração com os resultados por município e por Estado.
campanha, vozes autorizadas do T.S.E. afirmaram que a Justiça Eleitoral
Ao lado dos mecanismos de fiscalização e controle durante a votação e estaria em condições de tornar públicos os resultados obtidos pelos principais
a apuração, a lei prevê tanto a possibilidade de recontagem dos votos como candidatos quase que imediatamente após o encerramento da votação. O
de anulação da eleição. Para isso, porém, é necessário que a incidência de diretor da Secretaria de Informações da área de informática, por exemplo,
irregularidades comprovadas seja significativa, a ponto de alterar o resultado. previa, em outubro, que mais da metade dos votos seria apurada em 48 horas.
Assim, se houver indícios de violação de uma urna, por exemplo, a Junta Segundo ele, os 41,8 milhões de votos dos estados de São Paulo, Rio de
Eleitoral tem poder de anulação. A contagem dos votos dessa urna é feita em Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que representam mais da metade
separado e o caso é submetido ao T.R.E., que o resolve de forma definitiva. do eleitorado do país, seriam totalizados em apenas dois dias. Contrariando
Outros casos com potencial de adulterar a vontade livre do eleitor (por uma opinião amplamente difundida, disse também que a apuração seria mais
exemplo, constrangimentos que impeçam o eleitor de chegar ao local de demorada nos estados menores, onde os recursos humanos e materiais são
votação) são igualmente passíveis de denúncia e de exame pelos tribunais mais precários. De qualquer modo, afirmava que mesmo nos estados onde se
regionais, pelo T.S.E. e até pelo Supremo Tribunal Federal. O julgamento de previa uma apuração mais lenta, ela poderia ser completada em três dias,
todas as impugnações é feito rapidamente, inclusive os recursos, de modo a sendo esse, portanto, o prazo final para o conhecimento dos vencedores do
não interferir na proclamação do resultado final. pleito em todo o território nacional.
É lógico que há aqui um trade off. Se os mecanismos de fiscalização Afirmações como esta foram frequentes e podem ter criado junto à
e a possibilidade de recursos e de pedidos de impugnação maximizam o opinião pública uma expectativa exagerada quanto ao ritmo da apuração.
objetivo de proteção e de segurança contra fraudes, são também Após as eleições, o que se verificou foi que o T.S.E. não estava de fato
responsáveis por uma maior lentidão na apuração, em comparação com a preparado para corresponder à expectativa que em parte ele mesmo havia
apuração paralela que pode ser feita por entidades sem responsabilidade suscitado. Ao contrário das declarações iniciais, viu-se assim o T.S.E.
oficial. Com a finalidade de evitar um atraso excessivo nos trabalhos o forçado a pedir paciência, baseando seu apelo na necessidade de segurança
T.S.E. programou, no âmbito do sistema informatizado, um módulo absoluta a cada passo da divulgação de quaisquer informações.
adicional para contabilizar a quantidade, tipo e capacidade de influência dos
Dois dias após o primeiro turno, não haviam ainda chegado à central
recursos e impugnações solicitados pelos partidos políticos em cada junta
de totalização em Brasília os dados dos Tribunais Regionais Eleitorais de São
apuradora. Com esse controle, o T.S.E. pôde determinar aos T.R.E.s os
Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Bahia, precisamente
recursos que deveriam merecer prioridade de julgamento, sempre que se
os estados que concentram o maior número de eleitores e sobre os quais a
verificasse que os votos em suspeição teriam condições de alterar a
previsão divulgada de forma insistente antes das eleições fora de que os
colocação dos candidatos nos primeiros lugares.

57 58
resultados seriam conhecidos mais rapidamente. Por outro lado, pequenas CAPÍTULO 5
dificuldades operacionais ou mesmo incidentes meramente pitorescos
(como o caso da onça que teria atacado cavalos utilizados no transporte de JUSTIÇA ELEITORAL:
urnas em algum rincão longínquo) eram divulgados com estardalhaço. DEFICIÊNCIAS E PERSPECTIVAS DE REFORMA
Paralelamente a essa demora na totalização oficial, redes privadas de
televisão somavam votos e faziam projeções e institutos de pesquisa
divulgavam seus resultados com base em pesquisas de “boca de urna”. O
desencontro entre os prognósticos acabou ensejando especulações variadas,
que iam da ocorrência de fraudes à menor eficiência do setor público.
N um país onde a descrença é tão generalizada, é justo ressaltar que a
Justiça Eleitoral tem conseguido, em boa medida, escapar à imagem
de inoperância e de defesa de interesses privatistas que macula a maioria
Com ou sem fundamento, o fato é que, não correspondendo à das instituições. Desde sua criação, em 1932, a Justiça Eleitoral veio
expectativa de rapidez, a Justiça Eleitoral enfrentou uma situação de credenciando-se como um organismo autônomo e independente, habilitado
vulnerabilidade. É de se ressaltar que o T.S.E. procurou responder a cada a administrar e a regular as disputas para os cargos eletivos. Ela nasceu da
uma das críticas que lhe foram dirigidas. Assim, quanto ao atraso imperiosa necessidade de moralizar a competição político-eleitoral,
provocado pela lentidão com que os dados chegavam a Brasília, afirmou o retirando das mãos das próprias forças políticas a responsabilidade de
presidente do T.S.E., isentando os presidentes dos T.R.E.s: “Eles decidiram organizar os pleitos. Nestes mais de 60 anos de construção institucional, a
transmitir para o T.S.E. apenas os dados dos estados “fechados”. Os Justiça Eleitoral tornou-se a base de todo o sistema de garantias ao efetivo
Tribunais têm autonomia e essa autonomia há de ser respeitada” (Jornal da exercício do direito de voto.
Tarde, 17/11/89). No tocante a não divulgação de resultados parciais, Se a contestação do processo eleitoral como um todo é hoje coisa do
conforme outra promessa feita anteriormente e não cumprida, dizia o passado, inúmeras deficiências têm, entretanto, posto em risco a
ministro Rezek: “O objetivo dessa medida é evitar uma expectativa nos legitimidade da Justiça Eleitoral e de alguns pleitos. Da solução desses
eleitores que não corresponda à realidade da apuração”, mas continuava problemas dependerá o futuro da instituição e a efetiva consolidação da
sustentando: “o resultado final do primeiro turno de votação será anunciado democracia. Neste regime, a confiabilidade nos procedimentos eleitorais é a
muito antes do dia 27, data limite prevista no calendário oficial eleitoral base de legitimidade dos poderes públicos que emanam do voto popular.
para a divulgação dos resultados” (Jornal da Tarde, 17/11/89). Em relação
às criticas que apontavam a debilidade da empresa pública, dizia o diretor Após um período de seis décadas em que foram, sobretudo, destacadas
de informações eleitorais do T.S.E., Benedito Gonçalves dos Santos: “não as vantagens da existência de um órgão judiciário encarregado de controlar os
estamos apostando corrida com ninguém,... o atraso é apenas uma procedimentos eleitorais, as críticas começam a aumentar visivelmente.
decorrência do processo de digitação” (Jornal da Tarde, 17/11/89). Propostas visando uma drástica limitação das atribuições da Justiça Eleitoral,
e até mesmo sua extinção e substituição por outro tipo de controle do
Em síntese, o descompasso entre a marcha oficial da apuração e as processo eleitoral têm sido feitas. Uma discussão produtiva dos problemas
expectativas, os resultados parciais e projeções oficiosas deram origem a que têm sido imputados à Justiça Eleitoral deve começar por distingui-los, já
questiona- mentos que, se não chegaram a afetar a respeitabilidade da que nem todos decorrem das mesmas causas ou comportam iguais soluções.
Justiça Eleitoral, apontaram pontos frágeis, aos quais ela certamente terá
que dar respostas nos próximos pleitos. Dois tipos de questões frequentemente aparecem misturados no
debate: um, de ordem institucional, referente ao modelo adotado; e outro de
natureza operacional, relativo às variáveis que intervêm, direta ou
indiretamente, no funcionamento da instituição, como o contexto social, a
legislação e mesmo fatores de natureza administrativa. Embora em muitos

59 60
aspectos haja a superposição destas duas dimensões, elas são distintas. É o que poderíamos caracterizar como uma tendência legiferante dos
imprescindível separá-las, visto que a confusão entre ambas pode levar a membros da Justiça e, de outro, uma situação que permite a
propostas suscetíveis de provocar retrocessos no tocante ao bom heterogeneidade das decisões e a ausência de mecanismos eficazes de
ordenamento do processo eleitoral. controle das atividades dos membros da magistratura.
De fato, acentuou-se nos últimos anos a tendência dos membros da
5.1. A DIMENSÃO INSTITUCIONAL magistratura de extrapolarem o seu papel institucional clássico de estrita
independência em relação às políticas, tornando públicas suas opiniões sobre
Ainda que não exista um modelo ideal de administração e controle das questões substantivas. São vários os exemplos desse tipo de comportamento.
eleições, essas atividades tendem a ser mais eficientemente cumpridas por Juízes têm defendido ou atacado o pluripartidarismo, o voto do analfabeto, o
uma instituição capaz de agir com autonomia e independência, e, que voto facultativo, a organização partidária, o funcionamento do Congresso, o
permita, ao mesmo tempo, um razoável controle de suas atividades. A Justiça compromisso dos eleitos com os eleitores, e assim por diante.
Eleitoral brasileira atende a esses dois requisitos. Não estando ligada nem ao
Em 1995, o Tribunal Superior Eleitoral tomou a iniciativa de formar
Executivo, nem ao Legislativo, nem aos partidos políticos, dispõe da
uma comissão de notáveis para propor uma reforma nas legislações eleitoral
indispensável autonomia. Trata-se, é verdade, de uma independência relativa,
e partidária. Não se trata de discutir a intenção do Tribunal, nem a
já que não possui recursos próprios, nem a infraestrutura e o pessoal de que
qualidade do projeto. Não resta dúvida de que a intenção era louvável –
necessitaria para cumprir inteiramente suas atribuições. O importante, porém,
contribuir, nas palavras do presidente do T.S.E., “para a realização de
é que ela não é institucionalmente dependente das forças políticas. Essa
eleições limpas e legítimas” (Folha de S. Paulo, 16/06/95). Tampouco se
autonomia representou incontestáveis ganhos institucionais para o país.
trata de questionar, aqui, a qualidade do projeto, ao que tudo indica uma
Permitiu a gradativa normalização dos embates eleitorais, em escala nacional;
proposta consistente e que permitiria ganhos em credibilidade e em
a criação de um fórum apartidário para a solução de controvérsias; a
governabilidade. Foi feita uma revisão de todo o Código Eleitoral e
despolitização dos procedimentos de administração e controle do processo
aprovadas várias sugestões de emendas constitucionais e leis ordinárias e
eleitoral em suas distintas fases, isto é, do registro de eleitores e candidatos
complementares. O que importa discutir é se era cabível ou aconselhável tal
até a proclamação final dos resultados e a diplomação dos eleitos.
iniciativa, tendo em vista a crescente controvérsia sobre os limites entre os
Isto não significa que não persistam focos de tensão. A Justiça três poderes e, especificamente, as atribuições da Justiça Eleitoral.
Eleitoral frequentemente tem sido acusada de exercer exorbitantemente o
O projeto de reforma eleitoral e partidária elaborado por essa
seu papel, interferindo na própria legislação, que é uma atribuição das forças
comissão do T.S.E., entregue aos presidentes da República, do Senado e da
políticas representadas no Legislativo. Essa alegada intromissão dar-se-ia
Câmara dos Deputados, não chegou a ser considerado ou discutido pelas
tanto no tocante ao julgamento da constitucionalidade de leis aprovadas pelo
forças políticas. As primeiras versões apresentadas pelos parlamentares
Legislativo e sancionadas pelo Executivo, como na expedição de instruções
encarregados da elaboração do projeto da lei que regulamentará as eleições
específicas para o controle do processo eleitoral, em suas diferentes etapas.
de 1996 não apenas ignoravam por completo o trabalho do T.S.E., como
Além dessa ingerência, que seria de natureza política, os críticos também
tinham a intenção expressa de limitar as atribuições conferidas à Justiça
apontam que frequentemente ocorrem diferenças de interpretação entre os
Eleitoral e aumentar o poder dos partidos políticos. Por exemplo:
tribunais regionais e juízes a respeito das leis e procedimentos; bem como a
existência de juízes corruptos, sensíveis a pressões políticas. a) Não consideravam gastos de campanha os decorrentes de
prerrogativas parlamentares. Tratava-se de impedir, desta forma, que
Esses problemas têm origem em duas áreas, nada indicando que
parlamentares fossem processados por utilizar recursos do Congresso.
sejam uma decorrência necessária do formato institucional. Há, de um lado,
Sem dúvida, estava fresco na memória dos parlamentares o chamado

61 62
“caso Lucena”; isto é, o fato de que, em 1994, o T.S.E. chegou a afirmou à imprensa: “a função do T.S.E. é de sugerir, não de legislar” (Folha
determinar a cassação do mandato do senador Humberto Lucena por uso de S. Paulo, 22/9/95). O PMDB, em clara demonstração de força contra o
indevido da gráfica do Senado. A cassação foi evitada mediante uma lei Judiciário, indicou o próprio Senador Humberto Lucena (PMDB-PB),
de anistia amplamente criticada como casuística; Os partidos poderiam beneficiário da lei de anistia a que acima nos referimos, para presidir a
indicar os integrantes das mesas receptoras de votos; comissão do Senado encarregada de examinar o projeto aprovado pela
b) Os candidatos não precisariam mais apresentar declaração de bens à Câmara dos Deputados.
Justiça Eleitoral;
Um dos pontos mais controversos desse projeto de lei era,
c) O limite de gastos de campanha seria definido pelos próprios partidos;
evidentemente, o item que determinava a partidarização da composição das
d) As sobras de verbas da campanha iriam para os partidos;
mesas, a começar pelo fato de que o país possui hoje 29 partidos, dos quais 20
e) Criavam a possibilidade de a maioria dos partidos determinar a
com registro definitivo. Mesmo antes da votação do projeto de lei, deputados
recontagem dos votos.
discordavam sobre as consequências dessa medida: enquanto alguns
Esses pontos acirraram as divergências entre o Legislativo e a Justiça sustentavam que ela traria uma benéfica autofiscalização, outros viam nela o
Eleitoral. Membros do T.S.E. e dos tribunais regionais não esconderam sua domínio dos partidos grandes sobre os pequenos e o retorno dos coronéis na
irritação, acusando a nova legislação de estimular a fraude e de impedir a política local. O ponto básico, de qualquer forma, é que o desenvolvimento
atuação fiscalizadora da Justiça Eleitoral. Deputados e senadores, de seu lado, das instituições democráticas por toda a América Latina tem perseguido o
também não pouparam os magistrados. O deputado João Almeida (PMDB- objetivo oposto: retirar das forças políticas a administração e o controle dos
BA), relator do projeto, chegou a expressar uma avaliação que não era só procedimentos eleitorais. E esse, justamente, foi o grande avanço que o Brasil
dele: “se a Justiça Eleitoral fosse de homens puros, se os juízes fossem sérios, começou a fazer há seis décadas, com a criação da Justiça Eleitoral.
não haveria fraude na eleição” (O Estado de S. Paulo, 12/9/95). Argumentava
A heterogeneidade das decisões – outro problema comumente
ainda, em defesa dos princípios que orientaram o projeto de lei, de cuja
apontado como deficiência da Justiça Eleitoral – deve-se a duas causas
elaboração participara como relator da Comissão:
distintas. Uma relacionada à estrutura do Judiciário e outra à legislação.
eleição é assunto de partido; estou satisfeito com a lei que está aí, ela Sendo uma justiça especial, a Justiça Eleitoral compartilha alguns dos
foi espancada por todos os interesses; a Justiça Eleitoral queria ver problemas que afetam o Judiciário como um todo. É acusada de morosidade
seus conteúdos impostos, sem ter submetido sua proposta ao e de excessivo formalismo. Como justiça especial, está sujeita à deficiência
espancamento dos diferentes interesses; o T.S.E. parte do princípio adicional de não possuir um quadro de magistrados próprio. Essa limitação
de que todo político é venal e todo o juiz é honesto (depoimento
impede a formação de um corpo permanente de juízes, especializado em
durante o Seminário Internacional: Sistema Eleitoral e Partidário,
promovido pela Fundação Konrad-Adenauer-Stiftung, em Brasília, questões eleitorais. Recorde-se que são os juízes da justiça comum que, em
nos dias 18 e 19/9/95). períodos eleitorais, assumem a função de magistrados eleitorais. A
organização monocrática do Judiciário acaba por conferir muito poder ao
Na mesma direção, o deputado Bonifácio de Andrada (PTB-MG), juiz singular, explicando, em grande parte, a pluralidade de atuações
autor da emenda que impedia a Justiça Eleitoral de punir os candidatos que durante o processo eleitoral. Assim, enquanto alguns interpretam a
fizessem uso irregular de fundos de campanha, dizia: “só o Poder Legislativo legislação de forma rígida, outros demonstram um maior grau de tolerância
pode cassar mandatos” (O Estado de S. Paulo, 12/9/95); “cassação não pode em sua aplicação. Diferenças desse tipo tornam-se tanto mais visíveis,
ser assunto da Justiça Eleitoral; a partir do momento da diplomação, isso quanto mais detalhada e minuciosa for a legislação. Quanto mais itens a
passa a ser da responsabilidade do Legislativo” (Folha de S. Paulo, 14/9/95). legislação contempla, maior é a margem de discricionariedade dos
O relator do projeto de lei eleitoral no Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), encarregados de aplicá-la. Assim, por exemplo, a heterogeneidade era
referindo-se ao fato de não terem sido aproveitadas as sugestões do T.S.E., acentuada quando a propaganda eleitoral achava-se sujeita a censura prévia.

63 64
Esse dispositivo permitia uma pluralidade de interpretações sobre o que Finalmente, a eventual existência de juízes corruptos não
seria passível de punição. Caso não houvesse a regulamentação sobre a singularizaria a Justiça Eleitoral, e nem mesmo o Judiciário brasileiro. É
censura, esta seria uma área sobre a qual os juízes não teriam que arbitrar. bem mais plausível supor que a corrupção será tanto maior quanto menos
independente for o organismo encarregado de controlar o processo eleitoral
A instabilidade da legislação também tem estimulado a pluralidade de
frente às forças políticas. Tais observações não têm por objetivo subestimar
decisões. Nos últimos decênios, não houve praticamente duas eleições
o problema, mas contextualizá-lo.
regidas por um mesmo texto legal. Mudanças constantes dificultam o
desenvolvimento de entendimentos uniformes e a criação de padrões de São inúmeras as denúncias de vícios e defeitos internos ao Judiciário,
comportamento. Como, contudo, a legislação é modificada a cada eleição, mostrando que, para além de deficiências decorrentes da organização e da
torna-se difícil a sedimentação de regras seguras sobre as diferentes etapas do legislação, há problemas de natureza ética. Práticas de nepotismo, de abuso
processo eleitoral. Assim, durante o processo, quando contestadas, leis de autoridade, de corrupção fazem parte do noticiário sobre a Justiça, em
podem ser modificadas pelo T.S.E. Isto tem ocorrido com frequência. Na todos os estados. São comuns relatos de juízes submissos aos “coronéis”,
campanha eleitoral de 1989, por exemplo, a lei eleitoral, aprovada pelo havendo, inclusive, fortes indícios de governadores que interferem
Congresso e sancionada pelo Executivo, continha diversos dispositivos diretamente nas atividades do Judiciário. Mesmo membros da magistratura
julgados contrários ao texto da Constituição, como a proibição de divulgação referem-se a esses fatos, em geral contrastando os centros mais desenvolvidos
de resultados de pesquisas eleitorais e certas condições para a realização de com aqueles onde persistem padrões tradicionais de fazer política. Esse tema,
debates, que acabaram caindo por terra. A Justiça tem justificado sua nunca totalmente ausente do debate sobre o Judiciário, tem estimulado
interferência na legislação com o argumento de que tanto os tribunais como acirradas discussões, principalmente quando alguma decisão mais polêmica é
os juízes têm como obrigação primeira cumprir a Constituição. Se tomada por algum membro da magistratura ou por algum tribunal, ou quando
determinada lei fere a Lei Maior, ela não pode ser obedecida, abrindo-se se fundamenta propostas de reforma da instituição.
dessa forma um campo para o arbítrio legiferante dos juízes.
No início das atividades legislativas de 1995, por exemplo, o senador
O desacordo entre juízes pode ser ilustrado com o que ocorreu em Antonio Carlos Magalhães, (PFL-BA) em controvertido discurso,
relação à lei de inelegibilidades que regeu as eleições de 1990. Um primeiro reacendeu a discussão. Atacou o Judiciário, acusando-o de ser
entendimento sustentado pelo T.S.E. implicaria na vigência imediata da “excessivamente lento, burocratizado, corporativista, despótico e corrupto e
nova lei, resultante de um veto do Presidente Collor, não derrubado pelo de interferir a toda hora no Legislativo”. Propunha que a instituição fosse
Congresso, ao artigo que exigia um prazo de 3 meses de “passada a limpo”, tal como já ocorrera com o Executivo e com o
desincompatibilização para apresentadores de rádio e televisão e Legislativo. Reações não tardaram: de uma parte, manifestações de apoio;
empresários do setor de comunicação que desejassem competir para cargos de outra, respostas, quer mostrando que a fala do senador havia sido
eletivos. Alguns Tribunais Regionais, particularmente o de São Paulo e o do motivada por questões estranhas à preocupação com o bom desempenho da
Rio Grande do Sul, ao contrário, julgaram que não se tratava, como queria o Justiça, quer contestando seus argumentos. A maior parte das manifestações
T.S.E., de norma permanente, mas de lei específica. Apoiados no artigo 16 favoráveis ao discurso do senador veio da própria classe política.
da Constituição, que determina que uma lei que altere o processo eleitoral Certamente essa concordância refletia uma insatisfação difusa em torno do
só pode entrar em vigor um ano após sua promulgação, definiram, por funcionamento da justiça, mas também explicitava um conflito entre os
conseguinte, a permanência da norma que balizou as eleições de 1989. Esta poderes. As discordâncias também fundamentaram-se em argumentos
divergência interpretativa tornou público um desentendimento entre diversificados. A Associação Paulista de Magistrados (Apamagis) divulgou
organismos da Justiça Eleitoral, tendo colocado em discussão não apenas o nota manifestando “estranheza com relação ao insólito pronunciamento do
compromisso com a ordem jurídica, mas também supostas ingerências senador, que assacou palavras ofensivas, por inverídicas, contra o
políticas num organismo que, por definição, tem funções de magistratura. Judiciário” (O Estado de S. Paulo, 17/03/1995). A juíza Tereza Maria

65 66
Savini, classificando de levianas as acusações do senador, decidiu interpelá- interior da instituição, mas, sobretudo indicam a fragilidade do poder
lo no Supremo Tribunal Federal. Afirmou: Judiciário. Isto é a existência de um poder apenas formalmente
não se pode lançar suspeitas genéricas contra magistrados. É preciso
independente, mas, na prática, vulnerável às forças políticas.
identificar os que não merecem vestir a toga. ACM que indique, Caberia, entretanto indagar em que medida o próprio modelo
claramente e sem subterfúgios, quem são os juízes corruptos, institucional é responsável por esse conjunto de deficiências: ingerência de
indecentes, que não trabalham ou beneficiam certas partes (O Estado membros do judiciário em questões políticas, heterogeneidade de
de S. Paulo, 17/03/1995).
interpretações e decisões, e, no limite, submissão ao Executivo e mesmo
O presidente da Associação de Juízes para a Democracia, Antonio participação de juízes em atos ilegais. A existência destes problemas não
Celso Aguilar Cortez, embora concordando com as denúncias, ressalvava sua implica em contestação do modelo; ao contrário, pode até sugerir, a
motivação: elas “foram motivadas pelo despacho do ministro Marco Aurélio, necessidade de seu fortalecimento. Só um poder forte e de fato
do STF, impedindo a realização do segundo turno das eleições para a terceira- independente tem condições de reagir a pressões externas. Neste sentido,
secretaria da Mesa Diretora da Câmara” (Dinheiro Vivo, O Guia Jurídico da seria mais apropriado implementar mecanismos que garantissem a
Empresa, vol. VII, n° 12, de 20 a 26 de março de 1995). Waldir Pires, autonomia e a transparência da instituição. Destaque-se que mecanismos de
tradicional adversário político do senador na Bahia, referindo-se às críticas de controle têm sido discutidos e muitos deles já vem operando, como a
ACM ao Judiciário, declarou à imprensa em 17 de março de 1995: “É a farsa presença de membros do Ministério Público e de partidos políticos em
suprema, vinda do campeão da tentativa de dominação e manipulação do distintas fases do processo eleitoral. A eliminação ou a minimização de tais
Judiciário na Bahia” (Folha de S. Paulo, 17/03/1995). Na mesma direção focos de tensão depende, sobretudo, do fortalecimento do perfil
pronunciou-se Luis Inácio Lula da Silva em palestra a estudantes, em Belo institucional da Justiça Eleitoral brasileira, cuja base é sua independência
Horizonte, acusando Antonio Carlos Magalhães de ser um dos maiores frente aos poderes políticos, com as funções de administrar e controlar o
corruptores do Poder Judiciário no país: “Vocês viram o cinismo de ACM? processo eleitoral. O exercício de tais atribuições – principal fonte de sua
Logo ele, que é tido como o maior comprador do Poder Judiciário que se tem legitimidade – seria provavelmente favorecido caso houvesse um quadro
na história” (O Estado de S. Paulo, 18/03/1995). Também voltaram ao permanente de magistrados; uma legislação eleitoral e partidária mais
noticiário suspeitas sobre ações de desembargadores baianos supostamente estável e, ao mesmo tempo, menos minuciosa e casuística. Desta forma,
ligados a Antonio Carlos Magalhães. O T.R.E. e o Judiciário da Bahia são haveria menos chances para que juízes interferissem no jogo político ou se
habitualmente vistos como comandados pelas forças políticas do estado tornassem vulneráveis a pressões, limitando-se sua função à de aplicadores
lideradas pelo senador. Apenas nas eleições de 1994, o T.S.E. recebeu 56 da lei, como árbitros acima dos interesses em disputa.
recursos contestando decisões dos juízes da Bahia. A maioria desses recursos
questionava o fato de o T.R.E. rejeitar quase que sistematicamente os pedidos 5.2. A DIMENSÃO OPERACIONAL
de adversários políticos de ACM para investigações de atos eleitorais. Além
disso, houve a suspeita da oposição de que as eleições seriam fraudadas, o
O conjunto de dificuldades aqui examinadas diz respeito às condições
que levou o então presidente do T.S.E., Sepúlveda Pertence, a mandar para sob as quais tem operado a Justiça Eleitoral, partindo-se das exigências postas
Salvador o ministro corregedor Cid Fláquer Scartezzini para atuar como
pelo contexto social, passando pela legislação e chegando até o quadro de
observador (Folha de S. Paulo, 16/12/1995). funcionários que dá apoio às atividades dos juízes e dos tribunais eleitorais.
Sem entrar no mérito da polêmica incitada pelo discurso do senador,
O contexto em que o organismo de administração e controle das
o fato concreto é que chegam a fazer parte do cotidiano dos tribunais relatos
eleições é obrigado a atuar é marcado por cifras extraordinárias: vasta
sobre juízes envolvidos em práticas eticamente reprováveis. Acusações
extensão territorial; um eleitorado que, segundo projeções, ultrapassará em
sobre corrupção, caso sejam verídicas, são sintomas de graves problemas no

67 68
1996 a casa dos 90 milhões; milhares de secções eleitorais. O tamanho jogo que o sustentam tem conduzido a estrutura político-partidária a uma
territorial do país e de sua população colocam problemas que por si só situação de grave instabilidade.
tornam frágeis ou pelo menos obrigam a que se relativize comparações com
É preocupante, desse ponto de vista, que até agora, decorridos mais
países de menores dimensões. Assim, embora o sucesso do Tribunal
de sete anos da aprovação da nova Constituição, não se tenha estabelecido
costarricense deva ser reconhecido, é necessário também assinalar que se
uma legislação eleitoral definitiva e imune aos casuísmos. O projeto de um
trata de um país com território e população muitas vezes menores que os
novo código eleitoral chegou a ser discutido por uma comissão na Câmara
brasileiros. Em 1990, por exemplo, quando o eleitorado costarricense
dos Deputados que analisava as reformas políticas. Teve, entretanto, sua
somava 1.7 milhão, o brasileiro já passava de 83 milhões. Essas
tramitação paralisada, o que obriga o Legislativo a votar uma lei específica
considerações não invalidam análises comparativas, mas sugerem cautela
para cada eleição. Isto coloca a Justiça Eleitoral frente a toda sorte de
na avaliação das dificuldades enfrentadas em cada caso.
ambiguidades e casuísmos, ampliando a margem de incerteza sobre as
A Justiça Eleitoral brasileira enfrenta necessariamente os problemas regras do jogo eleitoral.
organizacionais decorrentes da necessidade de garantir a eficácia e a
Como se sabe, o processo eleitoral tem início no registro de eleitores
uniformidade de suas decisões nesse vastíssimo território. O Brasil tem hoje
e termina na diplomação dos candidatos. Todas as etapas exigem rigor e
cerca de 5 mil municípios e aproximadamente 320 mil seções eleitorais,
transparência nos procedimentos; e, em todas elas, em maior ou menor
prevendo-se que poderá chegar a ter 6 mil municípios até a data da eleição
grau, tem-se constatado problemas.
de 1996, devido ao grande número de processos de emancipação municipal
que vem ocorrendo. 5.2.1. Alistamento
As condições organizativas e burocráticas sob as quais trabalha a O procedimento adotado para a inscrição de eleitores é comumente
Justiça Eleitoral estão muito aquém do necessário em alguns pleitos, apontado como uma etapa crítica no processo eleitoral. Dele depende o maior
sobretudo nos estaduais e municipais, sejam estes para o executivo ou para ou menor grau de confiabilidade no registro dos que estão habilitados a votar.
o legislativo. Nestes níveis, as deficiências técnico-materiais e de recursos Em muitos países, esse procedimento é pouco transparente e sujeito a
humanos são graves e podem eventualmente comprometer a lisura do manipulações, inexistindo uma inscrição específica para as eleições.
processo eleitoral. A título de exemplo, as secretarias dos tribunais Analistas de processos eleitorais na América Latina chegam mesmo a apontar
regionais (T.R.E.) – que são os pilares da Justiça Eleitoral em cada estado – esta etapa como a mais suscetível à incidência de fraudes. De fato, um censo
não tiveram sua estrutura aprimorada para o devido acompanhamento das eleitoral deficiente pode permitir a ocorrência de votos múltiplos, o voto de
modificações por que passou o país, tanto relativas ao crescimento do pessoas mortas ou fictícias, além de, por vezes, deliberadamente dificultar o
eleitorado como à complexidade das eleições que se seguiram ao retorno ao livre exercício do voto. Na Bolívia, por exemplo, era usual o registro de
multipartidarismo em 1979. eleitores a quilômetros de seus locais de moradia; na República Dominicana,
Quanto ao ordenamento legal, as medidas liberalizantes e até os anos 80, como não havia um registro eleitoral, nem mesmo a
democratizantes implementadas no período da Nova República (eleições obrigatoriedade ao votar, de colocar o dedo em tinta considerada indelével,
diretas em todos os níveis, voto do analfabeto, liberdade de organização coibia a ocorrência de votos múltiplos, já que o eleitor podia votar
partidária) e reafirmadas no texto constitucional de 1988 não foram apresentando apenas a carteira de identidade; na Colômbia, até os anos 80,
acompanhadas por uma correspondente alteração na lei dos partidos não haviam sido cancelados títulos eleitorais de pessoas sabidamente mortas.
políticos, nem por um código eleitoral adequado a essa nova complexidade. A superação destas deficiências depende fundamentalmente da
Essa desarmonia entre o projeto de consolidação democrática e as regras de possibilidade de tornar público o registro de eleitores, sujeitando-o ao exame
dos partidos e dos meios de comunicação. Além da publicidade, a lista de

69 70
eleitores capacitados para exercer o direito de voto precisa ser constantemente As principais dificuldades no que se refere ao procedimento de
depurada, para que possam ser excluídos os falecidos e os que deixaram de alistamento dizem respeito à legislação eleitoral, que não tem definido com
preencher as exigências legais, e também para que sejam incluídos os novos exatidão o conceito de domicílio eleitoral, com consequências negativas tanto
eleitores. Ou seja, os princípios da transparência nos procedimentos e de para a inscrição de eleitores como para o registro dos candidatos. Mudanças
constante atualização são a base de um registro eleitoral confiável. fictícias de domicílio são relatadas aos órgãos de alistamento, com a
finalidade de habilitar candidaturas que de outra forma não seriam permitidas
No Brasil, o registro de eleitores já é basicamente aceitável, embora
pela lei. Assim, é comum, em épocas pré-eleitorais, cidadãos pleitearem a
existam distorções e situações de visível irregularidade, como municípios
mudança de sua inscrição para outro município ou até para outro estado, com
onde há mais eleitores que habitantes. Trata-se, contudo, por mais
finalidade apenas eleitoral. Abundam exemplos de eleitores que tiveram seus
inadmissíveis que sejam, de casos localizados, que de modo algum
títulos transferidos e de candidatos que concorreram por municípios e/ou
deslegitimam o processo como um todo.
estados nos quais nunca moraram. Embora essas práticas sejam passíveis de
Aponta-se a existência de três fases distintas no processo de punição, incidindo em crime eleitoral, a Justiça não atua com rigor em tais
alistamento desde a retomada do processo eleitoral em 1945 (Muñoz, 1983). casos. Para agir, ela depende de denúncias e provas, e poucos são os
A primeira delas vai até 1955. Nessa fase, não constava do título eleitoral a interessados em iniciar um processo desse tipo.
fotografia do eleitor e as folhas de votação, utilizadas nas mesas receptoras
de votos no dia da eleição, eram meras listas datilografadas, nas quais 5.2.2. Apuração
constavam apenas o nome e o número do título. Era admitido o voto em
Problemas mais graves têm ocorrido na apuração dos votos, como
transito. O eleitor tinha o direito de votar em qualquer seção do município,
consequência de dois tipos distintos de deficiências: um decorrente da própria
caso se tratasse de eleição municipal; em qualquer seção do estado, se
legislação eleitoral e partidária e outro de ordem técnica. A legislação vigente
eleição estadual; e em qualquer seção do país, caso fosse eleição para
é assaz permissiva no que se refere às exigências para o registro de partidos e
presidente. A segunda fase iniciou-se com a entrada em vigor da Lei n°
à determinação do número de candidatos, bem como ao exigir o voto em
2.550, de 25 de julho de 1955. Foi então instituída a folha individual de
nomes (e não em listas partidárias bloqueadas). Desta forma, tanto nas
votação, com todos dos dados de qualificação do eleitor, além de sua
eleições majoritárias como nas proporcionais, é habitualmente grande o
fotografia. Aboliu-se o voto em transito. Esta medida contribuiu para abolir,
número de partidos e de candidatos, e o eleitor pode sufragar tanto a sigla do
entre outras fraudes, a da utilização do título falso ou de uma segunda via,
partido como o candidato.1 Essas regras dificultam, como não poderia deixar
obtida por meios irregulares, o que facilitava a duplicidade de votos em
de ser, as tarefas de fiscalização e de apuração. Teoricamente é possível dizer
seções diferentes. A partir de 1982 teve início a implantação do
que essas tarefas são tanto mais fáceis quanto menor o número de
processamento eletrônico nos serviços eleitorais. Saliente-se, ainda, que a
alternativas. Se as possibilidades de escolha são muito numerosas, cumpri-las
Justiça Eleitoral brasileira adota um sistema de registro permanente e não
com exatidão torna-se um desafio praticamente inatingível. De fato, há
específico para cada pleito, como ocorre em alguns países.
eleições em que o eleitor se defronta com mais de 500 candidatos,
Afora essas alterações nos procedimentos de alistamento, distribuídos entre dezenas de legendas partidárias. Essas quantidades
recadastramentos gerais foram realizados em 1958 e em 1986, com o dificultam as atividades de fiscalização e de apuração. E isto não apenas para
objetivo de depurar a lista de inscritos e registrar possíveis mudanças de a Justiça Eleitoral, mas também para os partidos, que possuem, naturalmente,
domicílio eleitoral. Novo recadastramento deverá ser realizado a partir de o direito de participar no processo, a fim de fiscalizá-lo. Nem mesmo aqueles
1997, com a implementação da informatização geral, quando o eleitor
deverá trocar o título atual por um cartão magnético. 1
O voto de legenda adotado no Brasil é apenas uma permissividade a mais da legislação, e
não um voto em lista bloqueada, que pressupõe a fixação, pela convenção partidária, de uma
ordem de prioridade entre os candidatos.

71 72
partidos que possuem organização mais antiga e diretórios em todos os indícios de que juízes integravam a máquina de fraudes, cooperando
municípios contam com uma estrutura de fiscalização global, que lhes ativamente para a sua operação.
permita ter representantes preparados e credenciados em todos os locais de
A convocação e a realização de um segundo pleito para deputado
votação e de apuração. De fato, todas as lideranças políticas entrevistadas
federal e estadual, contudo, não encerraram o problema. Tornou-se visível
durante a elaboração desta pesquisa foram unânimes em demonstrar a
um desentendimento entre o T.R.E.-RJ e o T.S.E., havendo mesmo quem
distância entre o ideal, permitido em lei, e o real. Ou seja, é altamente
sustentasse que a anulação do primeiro pleito deu-se para evitar uma
improvável tanto a presença do partido em todos os locais como dispor de
intervenção do Tribunal Superior. Após as segundas eleições, o T.S.E.
pessoas habilitadas para o exercício das funções de fiscalização.
diplomou 5 deputados, desconhecendo uma decisão contrária do Tribunal
Apesar das dificuldades impostas pela legislação eleitoral e partidária e Regional. Além disso, nenhum dos deputados acusados de fraude foi
de outras decorrentes de deficiências técnicas, julgava-se que adulterações julgado pelo T.R.E. Em setembro de 1995, o Procurador-Geral da
nas fases de votação e de apuração se haviam tornado residuais, incidindo República, Geraldo Brindeiro, enviou um parecer ao T.S.E. sugerindo a
apenas em poucas localidades e não interferindo, por conseguinte, nos anulação desse segundo resultado, argumentando que as eleições foram
resultados globais. As eleições no Rio de Janeiro em 1982 foram as primeiras anuladas mediante “mera presunção de falsidade e fraude na votação”. Se
a suscitar apreensões de que tais irregularidades poderiam colocar em xeque a esse parecer for aceito, haverá alteração na composição das bancadas do
legitimidade do processo eleitoral. Contudo, mesmo no “caso Proconsult” – estado, tanto a nível estadual como federal.
como ficaram conhecidas as suspeitas que cercaram a apuração das eleições
O fenômeno não ocorreu apenas no Rio de Janeiro. O pleito para
de 1982 no Rio de Janeiro – a perícia técnica confirmou erros da empresa de
senador na Bahia também provocou dúvidas, ficando seu resultado sob
processamento de dados, mas não a ocorrência deliberada de fraudes, já que
suspeição. No Maranhão, a Justiça Eleitoral, depois da proclamação dos
todos os candidatos saíram prejudicados. Bem mais graves foram, portanto,
deputados federais eleitos, revisando as apurações, decidiu que um
as irregularidades ocorridas em 1994, estas sim, justificando apreensões e
candidato do PT, dado como derrotado, estava eleito, enquanto um do PSB
exigindo alterações nos mecanismos de votação e de apuração.
deixava de constar da lista dos eleitos. Em agosto de 1995 – mais de dez
Essa nova constatação de irregularidades ocorreu nas eleições meses depois da eleição – o Tribunal Superior Eleitoral determinou nova
legislativas no Rio de Janeiro em 1994. O que ali aconteceu chama recontagem dos votos para deputado federal (483 urnas haviam sido
especialmente a atenção por se tratar de um estado altamente urbanizado, recontadas em junho de 1995, número que deverá ser ampliado para cerca
localizado na região mais desenvolvida do país. Supunha-se que a de 3.500, a partir da última determinação). Assinale-se, ainda com
corrupção eleitoral persistisse residualmente nas regiões menos urbanizadas referência ao Maranhão, que as eleições para o governo do Estado foram
e desenvolvidas, mas que estava relativamente controlada nos grandes contestadas como fraudadas pelos candidatos derrotados.
centros, onde o “voto de cabresto” é coisa do passado.
Sepúlveda Pertence, então presidente do T.S.E., reconhecia em 1993:
Foram tantas as denúncias e as provas de existência de fraudes que o “o problema da fraude existe e sempre existirá em qualquer eleição com as
T.R.E. do Rio de Janeiro, em decisão inédita, anulou as eleições para os dimensões da brasileira. A modernização e a informatização dos processos
Legislativos federal e estadual. As principais formas de fraude encontradas de votação e apuração são a melhor forma de combatê-la” (entrevista à
foram: a) adulteração de boletins de urna; b) alteração dos mapas de Folha de S. Paulo, 15/06/93).
apuração; c) modificação de dados na digitação; d) preenchimento de votos
Nada justifica que ainda não tenha ocorrido a informatização da
originalmente em branco; e) adulteração de cédulas. Tudo indicava,
votação e da apuração. Esta seria uma maneira de incrementar a lisura do
segundo noticiários e depoimentos de juízes e promotores, que se tratava de
processo que vai do cadastramento de eleitores à votação, contagem,
crime organizado. Para completar o quadro de anomalias, houve sérios
preenchimento de mapas e totalização dos votos. É auspicioso, desta forma,

73 74
que esteja prevista a informatização total até o ano 2000. Esse sistema vem parlamentares venham a ser julgados culpados e consequentemente cassados,
sendo testado com sucesso e o T.S.E. pretende implantar a votação eletrônica eles terão cumprido irregularmente boa parte de um mandato.
nas eleições municipais de 1996 nas 26 capitais e nos 27 municípios com mais
Juízes, em geral, responsabilizam a legislação eleitoral pela situação,
de 200 mil eleitores. Esses centros urbanos, contando com 71 mil seções
considerando-a casuística, omissa e ineficiente. Costuma-se dar como
eleitorais, receberão urnas eletrônicas, nas quais votarão cerca de 30 milhões
exemplo o que aconteceu em 1988, com a determinação da nova
de eleitores, representando 30% do total de votos. A apuração desses votos
Constituição de que as eleições para prefeito em municípios com mais de
poderá ser feita tão logo termine a eleição. O computador deverá emitir o
200 mil eleitores passassem a ser realizadas em dois turnos. Fixadas as
boletim da votação, que será entregue a cada fiscal de partido, antes de seguir
datas, restaram apenas 15 dias entre a data prevista para a segunda eleição e
para a central de totalização de votos. Essas providências deverão facilitar a
a posse dos eleitos. Desta forma, cabia à Justiça Eleitoral apurar as eleições,
fiscalização e contribuir para prevenir fraudes comuns no trajeto dos mapas
julgar as impugnações e os recursos, diplomar os candidatos, decidir sobre
eleitorais da seção eleitoral até a central de totalização.
os recursos às diplomações e dar posse aos prefeitos em um prazo
5.2.3. Julgamento e aprovação de contas claramente insuficiente. O então presidente do T.S.E., Oscar Corrêa,
manifestou sua insatisfação, dizendo: “No Brasil as coisas são feitas sempre
Cabe também à Justiça Eleitoral julgar as impugnações e desta forma improvisada. Deveriam ter pensado nisso antes, mas como não
representações propostas tanto pelo Ministério Público quanto por sou constituinte, nada posso fazer. Juiz não legisla, apenas executa a lei”
particulares. Esta Justiça, diferentemente da Justiça Comum, tem condições, (Folha de S. Paulo, 23/7/88). Mais recentemente, o presidente do T.R.E.-RJ,
na época de eleições, de agir de forma mais rápida porque aprecia somente Antônio Carlos Amorim, assim justificou a morosidade da justiça eleitoral
o direito, não necessitando a prova do fato, que comprova o direito. no julgamento das impugnações de candidatura: “com a atual legislação, a
Tem sido frequente, porém, que muitos cargos públicos sejam Justiça não tem tempo para fazer as devidas investigações e para cada
preenchidos antes do exame e julgamento dos recursos contrários às decisão do relator do processo é cabível recurso, o que permite que as ações
respectivas posses. No limite, nos casos em que o julgamento for se eternizem” (O Estado de S. Paulo, 1/10/95). Em linguagem diferente, a
desfavorável aos empossados, a Justiça poderá determinar a destituição do mesma avaliação foi feita pelo presidente do T.R.E.-SP, Márcio Martins
presumido titular do cargo. Bonilha: “a safadeza da legislação eleitoral, elaborada pelos próprios
políticos que disputam os pleitos, não permite ação capaz de punir os
Denúncias de irregularidades, como abuso de poder econômico, responsáveis pelos delitos” (O Estado de S. Paulo, 1/10/95).
compra de votos e adulteração de boletins de votação justificam a abertura
de processos. Em todas as eleições, são milhares os casos que chegam até A legislação também dá à Justiça Eleitoral a atribuição de julgar a
os tribunais regionais e ao T.S.E. A morosidade da Justiça no julgamento prestação de contas dos partidos. Este é um aspecto dominado por sombras. É
desses processos pode, contudo, constituir-se em um fator de desprestígio sabido que os partidos escondem a origem de seus financiamentos, fazem
da instituição, colocando em questão a legitimidade dos eleitos e, no limite, acordos entre si, gastam muitas vezes mais do que declaram e as provas são
dos organismos representativos. Levantamento realizado pelo jornal O difíceis de serem obtidas, já que o dinheiro não circula pelos meios normais.
Estado de S. Paulo, publicado em 1/10/95, mostrou que, entre os processos Em 1992, em entrevista aos meios de comunicação o Ministro Paulo Brossard
abertos em 1994 nos 27 tribunais regionais e no T.S.E., boa parte não referiu-se a essa situação como uma “beatificação do ilícito”.
chegou até a decisão final. No T.S.E., por exemplo, 64 ações abertas A inoperância da Justiça Eleitoral não se deve apenas às dificuldades
durante as últimas eleições aguardam sentença. Essa lentidão permite que, processuais e de recursos humanos e materiais para este tipo de julgamento.
presentemente, exerçam o mandato sete deputados e dois senadores cuja A demora excessiva para proferir a decisão final também compromete a
correção durante a campanha foi contestada na justiça. Caso estes imagem pública da Justiça Eleitoral e fornece argumentos aos que

75 76
desrespeitam a legislação. Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha CONSIDERAÇÕES FINAIS
de S. Paulo, em 10 de outubro de 1995, – um ano após as eleições de 1994 –
apenas 13 dos 27 tribunais regionais haviam enviado ao T.S.E. relatórios
sobre a contabilidade das campanhas dos candidatos ao governos estaduais,
A promulgação de uma nova Constituição em 1988 não encerrou o
ao Senado, à Câmara e às Assembleias Legislativas.
debate sobre o modelo institucional a ser adotado pelo país. Ao contrário, o
próprio texto constitucional deixou vários temas em aberto, prevendo em suas
“disposições transitórias” um plebiscito sobre a forma e o sistema de governo
para 1993 e uma revisão para cinco anos após a data de sua entrada em vigor.
A confirmação da república e do presidencialismo, bem como o pequeno
número de reformas aprovadas, quando o Congresso tinha possibilidades
legais de realizar modificações pelo voto da maioria absoluta de seus
membros, em sessão unicameral, não significaram um estreitamento da pauta
de reformas. É ampla a agenda de debates e poucos aspectos escapam de
críticas e da consequente justificativa sobre a necessidade de mudança.
A Justiça Eleitoral não se constitui em uma exceção e tem composto
o elenco de problemas. Trata-se, é bem verdade, de um item que provoca
reações menos apaixonadas e ideologizadas do que, por exemplo, a
previdência social, a questão do monopólio estatal, ou mesmo aspectos das
legislações eleitoral e partidária. Mas, de toda forma, têm ocorrido
crescentes manifestações no sentido de que ela deve ser alterada. Alguns
chegam, inclusive, a advogar uma profunda modificação, propondo um
modelo no qual os partidos políticos teriam participação ativa. Tais
pronunciamentos tendem a ser mais enfáticos em períodos de elaboração de
novas leis eleitorais ou quando da realização de eleições, épocas em que a
atuação da Justiça Eleitoral torna-se mais visível.
Costuma-se sustentar como prova do fracasso da Justiça Eleitoral,
entre outros aspectos, a persistência de eleitores fantasmas, de fraudes nos
procedimentos de apuração, de ineficiência na punição de desrespeitos à
legislação, particularmente, abuso do poder econômico. Mesmo um exame
superficial das últimas eleições mostra que as deficiências são de fato
graves e inaceitáveis para um país que pretende seguir na rota democrática.
Bastaria atentar para o que sucedeu nas eleições de 1994 no estado do Rio
de Janeiro, levando à anulação dos pleitos para deputado federal e estadual,
para convencer os mais otimistas e os avessos às reformas de que é
imperioso implementar alterações, sob o risco de comprometer a
legitimidade do processo eleitoral e dos eleitos.

77 78
Para bem dimensionar as deficiências imputadas à Justiça Eleitoral é Justiça Eleitoral para controlar algumas fases do processo eleitoral. Ao que
necessário, entretanto, não perder de vista a natureza dos problemas, para tudo indica, pela quantidade de denúncias que têm se tornado públicas, o
que não se endosse soluções que podem vir a dificultar as atividades de maior problema está em coibir os abusos do poder econômico. O senador
administração e controle do processo eleitoral. Cabe, deste ponto de vista, Pedro Simon (PMDB-RGS) sintetizou com propriedade a situação: “as leis
examinar a amplitude das mudanças, perguntando-se, antes de mais nada, se eleitorais parecem propiciar maiores dificuldades a quem procura obedecê-
elas devem atingir o modelo no qual se assenta a Justiça Eleitoral. las do que punição a quem não as cumpre. É por isso que as informações
oficiais sobre cada uma das eleições não passam, efetivamente, de um
Como sustentamos no último capítulo, muitos dos problemas debitados
exercício de ficção” (Folha de S. Paulo, 1/12/95). O mais recente episódio,
à Justiça Eleitoral têm origem em outras esferas. Assim, por exemplo, existe
popularmente conhecido como o “escândalo da pasta cor-de-rosa”, sobre
um quadro de incertezas, determinado pela instabilidade legal, que dificulta
listas de políticos supostamente beneficiados na campanha de 1990, com
tanto a atuação dos atores políticos como da própria Justiça Eleitoral. O fato
doações irregulares feitas pelo Banco Econômico, mostra cabalmente o
de o país elaborar uma lei para cada pleito torna menos previsível o processo
potencial explosivo de uma prática em que a lei é burlada. Ou, no dizer de
eleitoral – das normas que regulam a inscrição de candidatos até os
um deputado, de uma situação em que ninguém pode atirar a primeira
procedimentos de apuração dos votos, julgamento das contas de campanha e
pedra, porque todos, sem exceção, têm telhado de vidro.
diplomação dos eleitos. A elaboração das normas para a realização das
eleições municipais de 3 de outubro de 1996 não foi diferente. Ou seja, uma Admitir a existência de constrangimentos que interferem nas
vez mais não se chegou a uma lei permanente. A lei sancionada em 29 de atividades da Justiça Eleitoral não significa eximi-la de responsabilidades.
setembro de 1995 deverá esgotar-se no próximo pleito. Mais grave ainda, não Não há como desconhecer que ela tem cumprido de forma insatisfatória
é seguro até agora, final do ano de 1995, e, portanto a apenas 10 meses das suas atribuições, afastando-se de seu papel de árbitro do contencioso
próximas eleições, que se disponha de todos os parâmetros sobre as eleições. eleitoral, bem como que têm sido deficientes seus esforços de organização e
Assim, por exemplo, não se sabe se a tese da reeleição dos ocupantes de administração dos pleitos, verificando-se problemas em todas as fases do
cargos executivos será aprovada ou não. Desta forma, os atuais prefeitos – processo eleitoral, do alistamento de eleitores à diplomação dos eleitos,
que poderiam ser os primeiros beneficiados pela queda do veto legal à passando pela etapa mais crítica que é a da apuração dos votos.
reeleição – terão ou não condições de usufruir do direito de candidatar-se para
O reconhecimento das deficiências, entretanto, não deve minimizar a
um novo mandato? Independentemente do que se pense sobre a possibilidade
identificação dos ganhos representados pela Justiça Eleitoral. Sua criação e
de reeleição, deve-se sublinhar que há um excesso de incertezas sobre as
posterior institucionalização significaram uma mudança de qualidade nas
regras do jogo. Ora, uma das bases da democracia é a segurança sobre as
inúmeras tentativas de despolitizar a administração das eleições. Seu
regras, a confiança de que normas estáveis prevalecem sobre casuísmos. Esta
modelo, baseado na independência das forças políticas, tem evitado ou pelo
situação dificulta não só os candidatos, os eleitores, mas também a Justiça
menos minimizado problemas que sempre se colocam quando se trata de
Eleitoral. As regras que orientaram sua atuação nas eleições passadas já não
organizar embates eleitorais. Certamente não é por acaso que a maior parte
valem para as próximas e as próximas não constituirão experiência para as
das novas democracias tem procurado adotar um modelo bastante
seguintes. O desempenho dos juízes eleitorais dificilmente terá condições de
semelhante ao brasileiro. O fato do país já possuir uma instituição desta
escapar dos constrangimentos impostos por este quadro que estamos
natureza significa que já foi dado um importante passo na direção de um
caracterizando como marcado pela incerteza. Assim, cresce significativamente
processo eleitoral limpo e confiável. Cumpre aprimorá-la, reforçando suas
a probabilidade de que magistrados venham a romper com o seu papel
bases, sem descuidar da necessidade de aperfeiçoar o seu modo de operar.
clássico de estrita atuação como árbitros, acima dos interesses em disputa.
Neste último aspecto, os avanços tecnológicos devem ser incorporados. A
Além da ausência de uma lei eleitoral mais permanente, é necessário informatização poderá contribuir para reduzir as possibilidades de fraude no
reconhecer que são insuficientes os mecanismos colocados à disposição da ato eleitoral e na apuração, além de apressar a divulgação dos resultados.

79 80
Deste empenho dependerá o futuro da Justiça Eleitoral, e, sobretudo a
consolidação da confiança no processo eleitoral que, bem ou mal, ela foi ANEXO: CAPÍTULO 1
capaz de construir ao longo das últimas décadas.
Organismos eleitorais na América Latina
Este anexo foi preparado com o objetivo de trazer informações sobre
os organismos encarregados de administrar as eleições nos países da
América Latina. Trata-se de uma listagem, na qual contempla-se a
denominação de cada uma das instituições e sua composição.
ARGENTINA
Câmara Nacional Eleitoral
Integrada por três juízes designados pelo Poder Judiciário, dois
secretários com hierarquia de juiz nacional de primeira instância, um
secretário e um subsecretário. É um Tribunal de última instância, com
funções fundamentalmente jurisdicionais, de supervisão e administração.
BOLÍVIA
Corte Nacional Eleitoral
Integrada por um membro nomeado pelo Poder Executivo; quatro
indicados pelo Congresso Nacional. (Obs.: a composição deste organismo,
bem como suas atribuições, encontravam-se em discussão até recentemente.
Apenas nas eleições de 1993 houve, de fato, um respeito por parte de todas
as forças políticas em disputa à suas atividades. Antes disso, tratava-se de
uma instituição meramente formal, encarregada de proclamar resultados
previamente conhecidos).
BRASIL
Tribunal Superior Eleitoral
Integrado por três ministros do Supremo Tribunal Federal; dois juízes
do Superior Tribunal de Justiça e dois juízes nomeados pelo executivo entre
seis advogados indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
CHILE
Tribunal Qualificador de Eleições
Composto por cinco membros, sendo: três ministros ou ex-ministros
da Corte Suprema de Justiça, eleitos pela maioria absoluta de seus membros
em votações sucessivas e secretas; um advogado, com pelo menos 15 anos
de experiência, eleito pela Corte Suprema; um ex-presidente do Senado ou

81 82
da Câmara dos Deputados, que tenha exercido o cargo por um período de GUATEMALA
tempo não inferior a três anos, eleito por sorteio. Tribunal Superior Eleitoral
Serviço Eleitoral Composto por cinco magistrados, eleitos pelo Congresso da
República, com o voto de 2/3 de seus membros, a partir de uma lista de trinta
É um organismo administrativo-eleitoral, chefiado por um diretor candidatos propostos por uma Comissão de Postulação. Esta Comissão é
nomeado pelo executivo, com a aprovação do Senado. formada pelo Reitor da Universidade de San Carlos; um representante dos
COLÔMBIA reitores das universidades privadas; um representante do Colégio de
Conselho Nacional Eleitoral Advogados; o decano da Faculdade de ‘Ciências Jurídicas e Sociais da
Composto por sete membros, indicados pelos partidos políticos; Universidade de San Carlos; e um representante das faculdades de Ciências
sendo três por cada um dos dois partidos com a maior proporção de votos Jurídicas e Sociais das universidades privadas.
nas últimas eleições e o último deles pelo terceiro partido mais votado. HONDURAS
Todos os membros são eleitos pelo Conselho de Estado. Tribunal Nacional de Eleições
COSTA RICA Composto por um número ímpar de membros, sendo um designado
Tribunal Supremo de Eleições pela Corte Suprema de Justiça e os demais indicados por cada um dos
Composto por três magistrados titulares e seis suplentes, designados partidos legalmente inscritos. Caso a soma destes membros resulte em um
pela Corte Suprema de Justiça, por uma maioria qualificada de 2/3 de seus número par, a Corte de Justiça tem direito a indicar mais um integrante.
membros. MÉXICO
Tribunal do Contencioso Eleitoral
EL SALVADOR
Tribunal Supremo Eleitoral Composto por sete magistrados titulares e dois suplentes, indicados
Composto por cinco magistrados titulares e cinco suplentes. O pelos partidos políticos com assento na Câmara dos Deputados e nomeados
presidente do Tribunal é proposto pelo partido ou coligação que obtiver o pelo Congresso da União.
maior número de votos na última eleição presidencial. Dois são indicados NICARÁGUA
pelos partidos políticos ou coligações que obtiveram o segundo e o terceiro Conselho Supremo Eleitoral
lugar nas últimas eleições presidenciais. E os outros dois são propostos pela
Composto por cinco magistrados eleitos pela Assembleia Nacional, a
Corte Suprema de Justiça.
partir de listas propostas pelo Presidente da República, por um período de
EQUADOR seis anos.
Tribunal Supremo Eleitoral
PANAMÁ
Composto por sete membros, chamados vocais, eleitos pelo Tribunal Eleitoral
Congresso Nacional, obedecendo aos seguintes critérios: três membros não
Composto por três magistrados, sendo um indicado pelo Executivo,
pertencentes ao Legislativo, representando a cidadania; dois provenientes outro pelo Legislativo e o terceiro pela Corte Suprema de Justiça.
de indicação proposta pelo Presidente da República; dois de indicação
proposta pela Corte Suprema de Justiça. O Congresso também elege, da
mesma forma, um suplente para cada vocal titular.

83 84
PARAGUAI VENEZUELA
Tribunal Eleitoral Conselho Supremo Eleitoral
Composto por três membros, que não tenham ocupado cargos Composto por nove membros, sendo um indicado por cada um dos
políticos partidários nos cinco anos anteriores à sua designação, indicados cinco partidos que tenham obtido os maiores percentuais de votos nas últimas
pelo Poder Executivo. Este organismo possui atribuições jurisdicionais. eleições legislativas nacionais; quatro membros independentes, sem filiação
Junta Eleitoral Central
partidária, eleitos pelo Congresso, com o voto de 2/3 de seus membros.

Composta por doze membros, designados pelos partidos políticos,


eleitos por maioria dos votos pela Câmara dos Deputados. O partido
majoritário tem direito a indicar nove membros; os demais resultam de
indicações dos demais partidos. Este organismo possui funções administrativas.
PERU
Jurado Nacional de Eleições
Composto por sete membros, sendo: um eleito pela Corte Suprema
de Justiça, entre seus membros suplentes ou aposentados; um membro
eleito pela Federação Nacional de Colégios de Advogados do Peru; um
membro eleito pelo Colégio de Advogados de Lima; um eleito pelos
decanos das Faculdades de Direito das universidades nacionais; três
membros escolhidos por sorteio entre cidadãos propostos pelos Jurados
Regionais do Norte, do Centro e do Sul da República.
REPÚBLICA DOMINICANA
Junta Central Eleitoral
Composto por três membros, designados pelo Senado, a partir de
proposta do Presidente da República.
URUGUAI
Corte Eleitoral
Composta por nove membros, sendo cinco designados pela
Assembleia Geral, em reunião de ambas as casas do Legislativo, por
maioria de 2/3 dos votos; quatro designados pela Assembleia Geral, pelo
sistema de duplo voto simultâneo, devendo corresponder dois para cada um
dos dois partidos que tenham recebido o maior percentual de votos nas
últimas eleições.

85 86
ANEXO: CAPÍTULO 3 ∗ História da Justiça Eleitoral brasileira:
estrutura e composição do Tribunal Superior Eleitoral – T.S.E.
História da Justiça Eleitoral brasileira: Período: 1932-1937
estrutura e composição do Tribunal Superior Eleitoral – T.S.E.
Estrutura Composição (Ministros efetivos)
e
I. 1932: O decreto nº 21076, de 24 de abril de I. 1932: Corte Suprema instalada em 20 de
Dados Biográficos de Ministros do Tribunal Superior Eleitoral – T.S.E. 1932, do governo revolucionário cria a Justiça maior de 1932:
Este anexo divide-se em duas partes. A primeira sintetiza a evolução Eleitoral atribuindo-lhe a tarefa de preparar as Nome / Origem
eleições para a Assembleia Nacional
da estrutura interna do Tribunal Superior Eleitoral, desde a criação da Constituinte. Tem como órgãos: um Tribunal Hermegenildo Rodrigues de Barros / S.T.F.
Justiça Eleitoral em 1932 até a Constituição de 1988, e traz a relação de Regional na capital de cada estado, no Distrito José Soriano de Souza Filho / S.T.F.
José Martins de Carvalho Mourão / S.T.F.
Ministros que ocuparam cargos efetivos no T.S.E. de 1932 a setembro de Federal, e na sede do governo do Território do
José Linhares / C.A. do DF
1995. Nesta parte, são indicadas as formas de composição desse Tribunal Acre, e juízes eleitorais nas Comarcas,
Distritos ou Termos Judiciários. Renato de Carvalho Tavares / C.A. do DF
adotadas pelas diferentes constituições do período e também é indicada a Afonso Augusto Moreira Penna Jr. / Jurista
Ao T.S.E. foi dada a seguinte estrutura: Prudente de Morais Filho / Jurista
procedência institucional de cada um de seus membros. Alguns critérios
foram adotados na elaboração da lista de Ministros: a) considerou-se apenas 1. Exerceria a Presidência o Vice-Presidente Afonso Celso / Jurista
do Supremo Tribunal Federal (S.T.F.);
aqueles que ocuparam cargos efetivos no Tribunal (total de 125 até 2. Dois ministros do S.T.F. sendo que um Sob a Presidência de Hermegildo Rodrigues de
setembro de 1995); b) a ordem de apresentação dos nomes e sua deles seria eleito Vice-Presidente; Barros foram eleitos para Vice-Presidente e
procedência institucional refere-se à primeira posse no T.S.E. A adoção de 3. Dois desembargadores da Corte de Procurador Geral, respectivamente, José
tais critérios levou em consideração que nem sempre ministros substitutos Apelação do Distrito Federal (C.A. do DF); Soriano de Souza Filho e Renato de Carvalho
4. Três juristas escolhidos pelo chefe do Tavares
chegam a se tornar membros efetivos. Também a procedência institucional Governo Provisório dentre 15 cidadãos de
de um mesmo Ministro pode variar no tempo, dado que a passagem por notório saber jurídico e reconhecida
diferentes órgãos judiciários permite que, encerrado seu primeiro mandato, idoneidade indicados pelo S.T.F.
ele retorne ao T.S.E., posteriormente, recrutado numa nova condição. Oito membros no total, dentre os quais um
seria eleito Procurador Geral da Justiça
A segunda parte desse anexo traz a relação dos Ministros do T.S.E. Eleitoral, todos com mandato mínimo de dois
abrangendo o período maio 1932/setembro 1995. Do total de 125 membros anos e no máximo dois biênios consecutivos.
efetivos (excluímos aqueles designados como substitutos), apresentamos II. 1933: O Decreto nº 23017, de 31 de junho II. 1933: Substituições ocorridas nesse
dados biográficos de 103 Ministros (82,4%). As biografias e currículo de 1933, reduz para 2 o número de membros período:
pesquisados foram sistematizados da seguinte forma: Nome, Ano de estranhos à magistratura (os juristas) e Nome / Origem
Nascimento, Naturalidade, Faculdade e Ano em que se bacharelou, Origem determina que as vagas dos juízes efetivos
seriam preenchidas pelos substitutos de mesma Eduardo Espínola substitui José Soriano de
da vaga ocupada no T.S.E. (ver legenda), Ano de Posse no Tribunal, Tempo categoria, à escolha do Tribunal. Souza Filho / S.T.F.
de Permanência (ver legenda), Principais atividades da carreira pública e Francisco Carneiro Monteiro de Sales substitui
Em 4 de maio de 1935 é promulgado o Novo Afonso Celso / Jurista
privada, Fonte biobibliográfica (ver legenda). Além disso, indicamos com Código Eleitoral através da Lei nº 48.
sinais especiais (*) os que chegaram à Presidência do Tribunal e indicamos Prudente de Morais Filho é exonerado por
As vagas destinadas a juristas passam a ser motivo de saúde. Nesse caso não ocorreu
a composição que encerra o período aqui estudado através da expressão preenchidas através de escolha do Presidente substituição em função do decreto que reduziu
“em exercício” no item Tempo de Permanência. da República com base em seis cidadãos o número de vagas dos juristas.
indicados pelo S.T.F.


Estes dados foram coligidos e organizados por Rogério Bastos Arantes.

87 88
III. 1934: A Constituição de 1934 instaura a III. 1934: Substituições ocorridas nesse Período 1945-1967
Justiça Eleitoral como órgão do Poder período:
Judiciário Federal e ratifica o Decreto de Estrutura Composição (Ministros efetivos)
Nome / Origem
31/06/1932 com relação ao número e origem V. 1945: A Lei Constitucional nº 9 de 28 de V. 1945: Corte Suprema instalada em 1º de
dos membros do T.S.E., bem como os critérios Plínio de Castro Casado substitui João Martins fevereiro de 1945 restabelece eleição direta junho de 1945:
para substituições. de C. Mourão / S.T.F. para Presidente da República, Câmera e
Artur Quadros Colares Moreira substitui Nome / Origem
Senados Federais. Para sua execução, foi
Renato de C. Tavares / C.A. do DF promulgado o Decreto-Lei nº 7.886 de maio de José Linhares / S.T.F.
José de Miranda Valverde substitui Afonso 1945 que, embora não estabelecendo Valdemar C. do Rego Falcão / S.T.F.
Penna Jr. / Jurista expressamente a Justiça Eleitoral, cria como Edgar Costa / T.A. do DF
João da Rocha Cabral substitui Francisco órgãos dos serviços eleitorais um Tribunal Antônio Carlos L. Andrada / T.A. do DF
Carneiro M. de Sales / Jurista Superior, um Tribunal Regional na capital de Antônio Sampaio Dória / Jurista
IV. 1937: Estado Novo. Com o advento da IV. Composição ao final desse período: cada Estado e no Distrito Federal, e Juntas Procurador Geral Eleitoral: Hahnemann
Carta Constitucional de 1937 fica extinta a Eleitorais e Juízos Eleitorais nas capitais, Guimarães (Procurador Geral da República)
Nome / Origem
Justiça Eleitoral Comarcas, Termos e Distritos.
Hermegildo Rodrigues de Barros / S.T.F.
Laudo Ferreira de Camargo substitui Eduardo Ao T.S.E. foi dada a seguinte estrutura: Substituições ocorridas com a elevação de José
Espínola / S.T.F. 1. Exerceria a Presidência o Presidente do Linhares à Presidente da República em
Plínio de Castro Casado / S.T.F. Supremo Tribunal Federal (S.T.F.) consequência dos acontecimentos de 29 de
Artur Quadros Colares Moreira / C.A. do DF 2. Um outro ministro do S.T.F. que exerceria a outubro de 1945:
José Ovídio Marcondes Romeiro substituí José Vice-Presidência; Nome / Origem
Linhares / C.A. do DF 3. Presidente do Tribunal de Apelação do
Valdemar C. do Rego Falcão substitui José
João da Rocha Cabral / Jurista Distrito Federal (T.A. do DF)
Linhares / S.T.F.
Cândido de Oliveira Filho substitui José de 4. Um outro desembargador do T.A. do DF;
Edgar Costa (agora membro do S.T.F.)
Miranda Valverde / Jurista 5. Um jurista de notório saber e reconhecida
substitui Valdemar C. do Rego Falcão / S.T.F.
reputação.
José Antônio Nogueira substitui Edgar Costa /
As vagas correspondentes aos itens 2, 4 e 5 T.A. do DF
seriam preenchidas pelo próprio Presidente do Júlio de Oliveira Sobrinho substitui Antônio C.
T.S.E. L. de Andrada / T.A. do DF
Obs.: Como Procurador Geral Eleitoral Francisco de Sá Filho substitui Antônio de
serviria o Procurador Geral da República. Sampaio Dória / Jurista
Essa composição presidiu e orientou as
eleições de 2 de dezembro de 1945 para
Presidente da República e para o Congresso
Nacional Constituinte

89 90
VI. 1946: A Constituição de 1946 incluiu a VI. Ministros que ocuparam cargos efetivos no Período 1967-1988
Justiça Eleitoral como ramo do Poder período 1946-1967:
Judiciário Federal e determinou a seguinte Estrutura Composição (Ministros efetivos)
Nome / Origem
estrutura para o T.S.E.: VII. 1967: Após o golpe militar de 1964 e a VII. 1967: Ministros que ocuparam cargos
Hahnemann Guimarães / S.T.F. Constituição outorgada de 1967, ficou efetivos no período 1967/1988:
1. Dois ministros do Supremo Tribunal Alfredo Machado Guimarães Filho / Jurista
Federal (S.T.F.) que exerceriam a Presidente e determinada de seguinte forma a estrutura do Nome / Origem
Djalma Tavares da Cunha Mello / T.F.R. T.S.E.:
a Vice-Presidência; Francisco de Paula R. Lagoa Filho / T.F.R. Amarílio Aroldo Benjamin da Silva / T.F.R.
2. Dois ministros do Tribunal Federal de Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa / S.T.F. 1. Três ministros do Supremo Tribunal Federal Francisco M. X. de Albuquerque / Jurista
Recursos (T.F.R.) Augusto Saboia da Silva Lima / T.J. do DF (S.T.F.) dentre os quais seriam eleitos, pelo Cândido Colombo Cerqueira / T.J. do DF
3. Um desembargador do Tribunal de Justiça Amando Sampaio Costa / T.F.R. próprio T.S.E., seu Presidente e Vice- Armando Leite Rolemberg / T.F.R.
do Distrito Federal (T.J. do DF) Plínio Pinheiro Guimarães / Jurista Presidente; Cláudio Penna Lacombe / Jurista
4. Dois cidadãos de notório saber jurídico e Pedro Paulo Pena e Costa / Jurista 2. Dois ministros do Tribunal Federal de Eloy José da Rocha / S.T.F.
reconhecida reputação, nomeados pelo Vasco Henrique D’Avila / T.F.R. Recursos (T.F.R.); Djaci Alves Falcão / S.T.F.
Presidente da República dentre 6 indicados Frederico Sussekind / T.J. do DF 3. Dois advogados de notável saber jurídico e Antônio Neder / T.F.R.
pelo S.T.F. Afrânio Antônio da Costa / T.F.R. idoneidade moral, nomeados pelo Presidente Célio Silva / Jurista
Sete ministros no total, com mandato mínimo Luis Gallotti / S.T.F. da República dentre seis indicados pelo S.T.F. Raphael de Barros Monteiros / S.T.F.
de dois anos e máximo de dois biênios José Thomas da C. Vasconcelos Filho / T.F.R. Sete ministros no total, com mandato mínimo Hélio Proença Doyle / Jurista
consecutivos. José Duarte Gonçalves da Rocha / T.J. do DF de dois anos e máximo de dois biênios Moacyr Amaral dos Santos / S.T.F.
A Procuradoria Eleitoral seria exercida pelo Haroldo Teixeira Valadão / Jurista consecutivos. Carlos Eduardo de Barros Barreto / Jurista
Procurador Geral da República. Antônio Vieira Braga / T.J. do DF Carlos Thompson Flores / S.T.F.
Edmundo Macedo Ludolf / T.F.R. Inácio Moacir Catunda Martins / T.F.R.
1950: Fixação em definitivo da Justiça Nelson Hungria Hoffbauer / S.T.F. José Francisco Boseli / Jurista
Eleitoral com a promulgação do Novo Código Cândido Mesquita da Cunha Lobo / T.F.R. José Geraldo Rodrigues Alckmim / S.T.F.
Eleitoral (Lei nº 1.164, de 24 de julho de Artur de Souza Marinho / T.F.R. Álvaro Peçanha Martins / T.F.R.
1950). Ildefonso Mascarenhas da Silva / Jurista Firmino Ferreira Paz / Jurista
Plínio de Freitas Travassos / Jurista João Leitão de Abreu / S.T.F.
Ary de Azevedo Franco / S.T.F. José Néri da Silveira / T.F.R.
Guilherme Estellita C. Pessoa / T.J. do DF João Baptista Cordeiro Guerra / S.T.F.
Hugo Auler / T.J. do DF Pedro Augusto de Freitas Gordilho / Jurista
Cândido Motta Filho / S.T.F. Jarbas dos Santos Nobre / T.F.R.
Oswaldo Trigueiro de A. Melo / Jurista José Carlos Moreira Alves / S.T.F.
Nery Kurtz / Jurista Aldir Guimarães Passarinho / T.F.R.
Márcio Ribeiro / T.J. do DF José Fernandes Dantas / T.F.R.
Américo Godoy Ilha / T.F.R. José Maria de Souza Andrade / Jurista
Antônio Martins Villas Boas / S.T.F. Carlos Fulgêncio da Cunha Peixoto / S.T.F.
João Henrique Braune / T.J. do DF Carlos Alberto Madeira / T.F.R.
Décio Meirelles de Miranda / Jurista Pedro Soares Muñoz / S.T.F.
Henrique A. Diniz de Andrada / Jurista Evandro Gueiros Leite / T.F.R.
Antônio Gonçalves de Oliveira / S.T.F. José Guilherme Villela / Jurista
Oscar Saraiva / T.F.R. Luís Rafael Mayer / S.T.F.
Victor Nunes Leal / S.T.F. Antônio Torreão Braz / T.F.R.
Washington Bolívar de Brito / T.F.R.
Sérgio Gonzaga Dutra / Jurista
Oscar Dias Correia / S.T.F.
Carlos Mário da Silva Velloso / T.F.R.

91 92
William Andrade Paterson / T.F.R. Dados biográficos de Ministros do Tribunal Superior Eleitoral
Roberto Ferreira Rosas / Jurista
José Francisco Rezek / S.T.F. 1. Legendas:
Otto Rocha / T.F.R.
Sebastião Alves dos Reis / T.F.R. 1. Tempo de Permanência do Juiz no T.S.E.:
Antônio Villas Boas T. de Carvalho / Jurista
1. Menos de 2 anos;
Romildo Bueno de Souza / T.F.R.
2. Um biênio;
3. Entre 2 e 4 anos;
Período 1988-1995
4. Dois biênios;
Estrutura Composição (Ministros efetivos) 5. Mais de 4 anos.
VIII. 1988: Com a promulgação da VIII. 1988: Ministros que ocuparam cargos
Constituição de 1988, a estrutura do T.S.E. efetivos no T.S.E. a partir de outubro de 1988 Desde 1932, o mandato de Ministro do T.S.E. deve ser de no mínimo
permanece a mesma, com apenas uma até setembro de 1995. dois anos e no máximo dois biênios consecutivos. Entretanto, optou-se pela
modificação decorrente da extinção do Nome / Origem sistematização acima em função da ocorrência de casos em que Ministros
Tribunal Federal de Recursos. Os ministros
antes oriundos deste Tribunal passam a ser Miguel Jeronymo Ferrante / S.T.J. renunciam justificadamente antes do término do mandato de dois anos e/ou
recrutados no Superior Tribunal de Justiça, Sydney Sanches / S.T.F. do término do segundo biênio (casos 1 e 3). Além disso, verificam-se
criado pela nova Constituição. Luís Octávio Pires e A. Gallotti / S.T.F. também alguns casos em que Juízes atingem o limite de 2 biênios
Pedro da Rocha Acioli/ S.T.J.
1. Três ministros do Supremo Tribunal Célio de Oliveira Borja / S.T.F. consecutivos e, posteriormente, por se encontrarem em um outro Tribunal
Federal, dentre os quais são eleitos, pelo Hugo Gueiros Bernardes / Jurista Superior, retornam ao T.S.E. ocupando vagas nessa nova condição (caso 5).
próprio T.S.E., seu Presidente e Vice- Américo Luz/ S.T.J.
Presidente; Paulo Brossard / S.T.F. 2. Fontes biobibliográficas:
2. Dois ministros do Superior Tribunal de José Paulo Sepúlveda Pertence / S.T.F.
Justiça (S.T.J.), dentre os quais é eleito o Torquato Lorena Jardim / Jurista FGV – Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro: 1930/1983. Coord. de
Corregedor Geral Eleitoral; José Cândido de Carvalho Filho/ S.T.J. Israel Beloch e Alzira Alves de Abreu. Fundação Getúlio Vargas.
3. Dois advogados de notável saber jurídico e José Bonifácio Diniz de Andrada / Jurista Centro de Pesquisa e documentação de História Contemporânea do
reconhecida reputação escolhidos pelo Cid Flaquer Scartezzini/ S.T.J.
Presidente da República, dentre seis indicados Brasil. Rio de Janeiro. Ed. Forense-Universitária: FGV/CPDOC:
Marco Aurélio Mendes de F. Mello / S.T.F.
pelo S.T.F. Antônio de Pádua Ribeiro/ S.T.J. Financiadora de Estudos e Projetos-FINEP, 1984.
Sete ministros no total, com mandato mínimo Ilmar Nascimento Galvão / S.T.F. LCM – MELO, Luís Correia. Dicionário de Autores Paulistas. São Paulo.
de dois anos e máximo de dois biênios Jesus Costa Lima/ S.T.J.
consecutivos. Ed. Gráfica Irmãos Andrioli S.A. 1954.
O Procurador Geral da República atuará como CC – CORTEZ, C. Homens e Instituições no Rio. Rio de Janeiro, 1957.
Procurador Geral Eleitoral.
T.F.R. – Ministros do Tribunal Federal de Recursos. Dados Biográficos
1947/1987. N1. Brasília. T.F.R.. 1981.
LL – LAGO, Laurenio. Supremo Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal
Federal. Dados Biográficos. 1828-1978. Brasília. Biblioteca do
Exército – Editora. 1978.
ACB – BRANDÃO, Alonso Caldas e PALMEIRA, Delcílio. Repertório
Eleitoral. A. Coelho Branco Filho Editor. Rio de Janeiro. 1950.

93 94
T.S.E. – “Curriculum Vitae” consultado na biblioteca do T.S.E. Nome: Hermenegildo Rodrigues de Barros*
Nascimento: 1866 Principais atividades
S.T.F. – “Curriculum Vitae” consultado na biblioteca do S.T.F. Naturalidade: Januária (MG) 1886 – Promotor Público em Januária (MG)
Bacharelado: Faculdade de Direito de São
3. Procedência institucional: Paulo (1886)
1890 – Juiz de Direito no interior de MG

S.T.F. – Supremo Tribunal Federal; Procedência: S.T.F. 1903 – Desembargador do Estado de MG


T.F.R. – Tribunal Federal de Recursos; Posse no T.S.E.: 1932 1919 – Ministro do S.T.F.
Tempo de permanência: 5 1932 – Ministro do T.S.E.
S.T.J. – Superior Tribunal de Justiça;
Fonte: FGV. LL
C.A. do D.F. – Corte de Apelação do Distrito Federal;
T.A. do D.F. – Tribunal de Apelação do Distrito Federal; Nome: José Linhares *
T.J. do D.F. – Tribunal de Justiça do Distrito Federal; Jurista – Juristas. Nascimento: 1886 Principais atividades
Naturalidade: Baturité (CE) 1908 – Advogado no Rio de Janeiro
Considerou-se como procedência institucional a origem da vaga de Bacharelado: Faculdade de Direito de São
1913 – Juiz de Direito
Ministro efetivo quando este ingressou pela primeira vez no Tribunal. Nos Paulo (1908)
casos em que Ministros retornam ao T.S.E. sob nova condição, isso pode Procedência: C.A. do D.F. 1931 – Desembargador da C.A. do D.F.
ser observado através da descrição de suas principais atividades. Posse no T.S.E.: 1932 1932 – Ministro do T.S.E.
Tempo de permanência: 5 1937 – Ministro do S.T.F.
4. Principais Atividades: 1945 – Presidente (interino) da República
Fonte: FGV. LL 1946 – Presidente do S.T.F. e do T.S.E.
Procurou-se salientar os aspectos mais importantes da carreira dos
103 Ministros do T.S.E. sobre os quais obtivemos informações biográficas. Nome: José Soriano de Souza Filho
Deve-se registrar que, em geral, os dados apresentados referem-se às Nascimento: 1863 Principais atividades
atividades desenvolvidas pelo Ministro até a sua posse no T.S.E., e as Naturalidade: Recife (PE) 1887 – Promotor Público em PE
Bacharelado: Faculdade de Direito de
respectivas datas procuram demarcar apenas o início do desempenho de tais 1887 – Juiz de Direito substituto em Santos (SP)
Recife (1884)
atividades. Procedência: S.T.F. 1888 – Juiz de Direito em Uberaba (MG)
Nome: João Martins de Carvalho Mourão Posse no T.S.E.: 1932 1894- Juiz de Direito em Jaú (SP)
Nascimento: 1872 Principais atividades Tempo de permanência: 1 1896 – Juiz de Direito em Campinas (SP)
Naturalidade: São João Del Rei (MG) ? – Advogado em MG e RJ 1914 – Juiz do Tribunal de Justiça de São Paulo
Bacharelado: Faculdade de Direito de São 1927 – Ministro do S.T.F.
1900 – Advogado do Banco do Brasil Fonte: FGV, LL 1932 – Ministro do T.S.E.
Paulo (1892)
Procedência: S.T.F. 1914- Professor da Fac. de Direito do RJ
Nome: Renato de Carvalho Tavares
Posse no T.S.E.: 1932 1931 – Ministro do S.T.F.
Tempo de permanência: 2 1932 – Ministro do T.S.E.
Procedência: C.A. do DF
Fonte: FGV. LL
Posse no T.S.E.: 1932
Fonte: Biografia não encontrada

95 96
Nome: Afonso Augusto Moreira Pena Júnior Nome: Plínio de Castro Casado
Nascimento: 1879 Principais atividades Nascimento: 1870 Principais atividades
Naturalidade: Santa Barbara (MG) 1902 – Deputado Estadual Naturalidade: Porto Alegre (RS) 1893 – Promotor Público em Porto Alegre
Bacharelado: Faculdade de Direito de Minas Bacharelado: Faculdade de Direito de
1920 – Secretário do Interior de MG 1897 - Deputado Federal (RS) pelo Partido Federalista
Gerais (1902) São Paulo (1892)
Procedência: Jurista 1923 – Deputado Federal Procedência: S.T.F. 1900 – Assessor Jurídico da Prefeitura de Porto Alegre
1925 – Ministro da Justiça e Negócios Posse no T.S.E.: 1934 ? – Professor da Faculdade de Direito de Porto Alegre
Posse no T.S.E.: 1932
Interiores do Governo Artur Bernades Tempo de permanência: 3 1924 - Deputado Federal (RS) pela Aliança Liberal
Tempo de permanência: 2 1930 – Diretor do Banco do Brasil 1930 – Interventor Federal no RJ
Fonte: FGV 1932 – Ministro do T.S.E. 1931 - Ministro do S.T.F.
Fonte: FGV. LL 1934 - Ministro do T.S.E.
Nome: Prudente de Morais Filho
Nascimento: 1874 Principais atividades Nome: Francisco Carneiro Monteiro de Sales
Naturalidade: Piracicaba (SP) 1899- Advogado Procedência: Jurista
Bacharelado: Fac. de Ciências Jurídicas e 1914- Professor da Faculdade Livre de Posse no T.S.E.: 1933
Sociais do Rio de Janeiro (1897) Ciências Jurídicas e Sociais do RJ Fonte: Biografia não encontrada
Procedência: Jurista ? – Deputado Federal
Posse no T.S.E.: 1932 1932 – Ministro do T.S.E. Nome: Artur Quadros Colares Moreira
Tempo de permanência: 1 Procedência: C.A. do DF
Fonte: LCM Posse no T.S.E.: 1934
Fonte: Biografia não encontrada
Nome: Afonso Celso
Procedência: Jurista Nome: José de Miranda Valverde
Posse no T.S.E.: 1932 Procedência: Jurista
Fonte: Biografia não encontrada Posse no T.S.E.: 1934
Fonte: Biografia não encontrada
Nome: Eduardo Espínola
Nascimento: 1875 Principais atividades Nome: João da Rocha Cabral
Naturalidade: Salvador (BA) 1896 – Advogado Procedência: Jurista
Bacharelado: Faculdade de Direito da Bahia 1914 – Professor da Faculdade Livre de Posse no T.S.E.: 1934
(1895) Ciências Jurídicas e Sociais do RJ Fonte: Biografia não encontrada
Procedência: S.T.F. ? - Deputado Federal
Posse no T.S.E.: 1933 1932 - Ministro do T.S.E. Nome: Laudo Ferreira de Camargo
Tempo de permanência: 2 Nascimento: 1881 Principais atividades
Fonte: FGV Naturalidade: Amparo (SP) 1902- Advogado em Amparo
Bacharelado: Faculdade de Direito de
1905 – Promotor Público (SP)
São Paulo (1902)
Procedência: S.T.F. 1910 – Juiz de Direito (SP)
Posse no T.S.E.: 1935 1930 – Desembargador do T.J. de SP
Tempo de permanência: 1 1931 – Interventor Federal em SP
1931 – Desembargador do T.J. de SP
1932 - Ministro do S.T.F.
Fonte: FGV. LL 1935 - Ministro do T.S.E.

97 98
Nome: José Ovídio Marcondes Romeiro Nome: Antônio Carlos Lafayette Andrade *
Procedência: C.A. do DF Nascimento: 1900 Principais atividades
Posse no T.S.E.: 1935 Naturalidade: Barbacena (MG) 1925 – Curador Especial de Acidentes no Trabalho
Fonte: Biografia não encontrada Bacharelado: Faculdade de Direito da
1934 – Juiz de Direito
Universidade do Rio de Janeiro (1923)
Nome: Cândido de Oliveira Filho Procedência: T.A. do DF 1943 – Desembargador do T.A. do DF
Procedência: Jurista Posse no T.S.E.: 1946 1945 - Ministro do T.S.E.
Posse no T.S.E.: 1936 Tempo de permanência: 4 1945 - Ministro do S.T.F.
Fonte: Biografia não encontrada Fonte: FGV. LL 1946 - Ministro do T.S.E.
Nome: Valdemar Cromwell do Rego Falcão * Nome: Antônio de Sampaio Dória
Nascimento: 1895 Principais atividades Nascimento: 1883 Principais atividades
Naturalidade: Baturité (CE) 1917 – 1º Delegado de Polícia de Fortaleza Naturalidade: Belo Monte (AL) 1908 – Professor de Ensino Secundário
Bacharelado: Faculdade de Direito do Bacharelado: Faculdade de Direito de 1920 – Diretor Geral da Instituição Pública do
1921 – Professor da Faculdade de Direito do Ceará
Ceará (1916) São Paulo (1908) Estado de São Paulo
Procedência: S.T.F. 1932 – Advogado no Rio de Janeiro 1924 – Professor da Faculdade de Direito de São
1933 - Deputado Estadual pela Liga Eleitoral Procedência: Jurista
Posse no T.S.E.: 1945 Paulo
Católica Posse no T.S.E.: 1945 1934 – Procurador Regional Eleitoral (SP)
Tempo de permanência: 1 1934 - Deputado Federal pela LEC Tempo de permanência: 1 1945 - Ministro do T.S.E.
1935 – Senador pelo Ceará Fonte: FGV 1945 - Ministro da Justiça
1937 – Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio
1941 - Ministro do S.T.F. Nome: José Antônio Nogueira
Fonte: FGV. LL 1945 - Ministro do T.S.E. Procedência: T.A. do DF
Posse no T.S.E.: 1945
Nome: Edgar Costa * Fonte: Biografia não encontrada
Nascimento: 1887 Principais atividades
1907 – Diretor do Gabinete de Identificação e Nome: Júlio de Oliveira Sobrinho
Naturalidade: Vassouras (RJ)
Estatística de Polícia (RJ) Nascimento: 1888 Principais atividades
Bacharelado: Fac. de Ciências Jurídicas e 1911 – Subprefeito do Departamento de Alto Purus
1911 – Advogado
Sociais do Rio de Janeiro (1909) Naturalidade: ? (CE) (AC) e Delegado de Polícia em Serra Madureira
Procedência: T.A. do DF 1917 – Juiz de Direito no DF (AC)
1925 – Secretário do Conselho Supremo da C.A. do Bacharelado: Faculdade de Direito da 1912 – Procurador dos Feitos da Fazenda do Estado
Posse no T.S.E.: 1945 Universidade do Rio de Janeiro (1909) do Ceará
DF
Tempo de permanência: 5 1931 – Secretário do Interior e Justiça do RJ Procedência: T.A. do DF 1912 – Advogado no Rio de Janeiro
1932 – Juiz do T.R.E.-RJ Posse no T.S.E.: 1945 ? – Juiz de Direito em Xapuri (AC)
1934 – Desembargador do T.J. do DF Tempo de permanência: 1 1921 – Advogado no Rio de Janeiro
1945 - Ministro do T.S.E. 1928 – Promotor Público
1945 - Ministro do S.T.F. 1940 – Desembargador do T.J. do DF
Fonte: FGV. LL 1951 – Presidente do T.S.E. Fonte: ACB 1945 - Ministro do T.S.E.

99 100
Nome: Francisco de Sá Filho Nome: Francisco de Paula Rocha Lagoa Filho *
Nascimento: 1891 Principais atividades Nascimento: 1895 Principais atividades
Naturalidade: Ouro Preto (MG) 1914 – Oficial do Gabinete do Ministério da Agricultura Naturalidade: Ouro Preto (MG) 1916 – Delegado de Polícia
Bacharelado: Faculdade de Direito da Bacharelado: Faculdade de Direito de
1915 – do Ministério da Fazenda 1919 - Deputado Estadual
Universidade do Rio de Janeiro (?) Minas Gerais (1915)
Procedência: Jurista 1922 – do Ministério da Viação Procedência: T.A. do DF 1924 – Promotor Público no RJ
Posse no T.S.E.: 1945 1924 - Deputado Federal (BA) Posse no T.S.E.: 1946 1931 – Juiz de Direito no RJ
Tempo de permanência: 4 1939 – Proc. Geral da Fazenda Pública Tempo de permanência: 5 1940 – Desembargador do T.A. do DF
Fonte: ACB 1945 - Ministro do T.S.E. 1947- Ministro do T.S.E.
Nome: Hahnemann Guimarães 1947 - Ministro do T.F.R.
Nascimento: 1901 Principais atividades 1950 - Ministro do T.S.E.
Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1923 – Advogado Fonte: FGV. LL, T.F.R. 1950 - Ministro do S.T.F.
Bacharelado: Fac. Nacional de Direito Nome: Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa *
1926 – Professor do Ensino Secundário
da Universidade do Brasil (1923) Nascimento: 1897 Principais atividades
1932 – Professor da Faculdade de Direito da Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1918 – Professor do Ensino Secundário
Procedência: S.T.F.
Universidade do Brasil Bacharelado: Faculdade de Direito do
Posse no T.S.E.: 1945 1941 – Consultor Geral da República 1927 – Juiz de Direito
Rio de Janeiro
Tempo de permanência: 5 1945 – Procurador Geral da República Procedência: S.T.F. 1942 – Desembargador do T.A. do DF
1946 - Ministro do S.T.F. Posse no T.S.E.: 1947 1945 – Chefe de Polícia do DF
Fonte: FGV. LL. 1946 - Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: 4 1945 – Juiz do T.R.E. do DF
Nome: Alfredo Machado Guimarães Filho 1946 - Ministro do S.T.F
Nascimento: ? Principais atividades Fonte: FGV. LL 1947 - Ministro do T.S.E.
Naturalidade: ? 1915 – Advogado Nome: Augusto Saboia da Silva Lima
Bacharelado: Faculdade de Ciências Nascimento: 1894 Principais atividades
? – Promotor Público Adjunto do DF
Jurídicas e Sociais do RJ Naturalidade: Petrópolis (RJ) 1918 – Juiz de Direito
Procedência: Jurista 1937 - Procurador Geral da República Bacharelado: Faculdade de Ciências
Posse no T.S.E.: 1946 1946 - Ministro do T.S.E. 1939 – Desembargador do T.J. do DF
Jurídicas e Sociais do RJ (1915)
Tempo de permanência: 5 Procedência: T.J. do DF 1947 - Ministro do T.S.E.
Fonte: ACB Posse no T.S.E.: 1947
Nome: Djalma Tavares da Cunha Mello Tempo de permanência: 1
Nascimento: 1906 Principais atividades Fonte: ACB
Naturalidade: Recife (PE) 1928 – Promotor Público no interior de São Paulo Nome: Amando Sampaio Costa
Bacharelado: ? 1930 – Promotor Público em Recife Nascimento: 1893 Principais atividades
Procedência: T.F.R. 1932 – Curador Geral do Estado de PE Naturalidade: Maceió (AL) 1918 – Tabelião Público e Escrivão
Posse no T.S.E.: 1947 1932 – Juiz de Direito em PE Bacharelado: Faculdade de Direito de 1931 – Secretário de Estado dos Negócios do Interior,
Tempo de permanência: 5 1937 – Juiz Federal no Estado do RJ Recife Educação e Saúde de Alagoas
1938- Professor na Faculdade de Direito do Recife Procedência: T.F.R. 1931 – Secretário Geral do Estado de Alagoas
1939 – Procurador Regional da República no RJ Posse no T.S.E.: 1950 1933 – Deputado Federal (AL) pelo Partido Nacional
1947 - Procurador Geral da República Tempo de permanência: 2 1947 - Ministro do T.F.R.
1947 - Ministro do T.S.E. 1950 - Ministro do T.S.E.
Fonte: T.F.R. 1947 - Ministro do T.F.R. Fonte: FGV, T.F.R. 1952 – Presidente do T.F.R.

101 102
Nome: Plínio Pinheiro Guimarães Nome: Luis Gallotti *
Procedência: Jurista Nascimento: 1904 Principais atividades
Posse no T.S.E.: 1950 Naturalidade: Tijucas (SC) 1927 - Deputado Estadual
Fonte: Biografia não encontrada Bacharelado: Faculdade de Direito do Rio
1929 – 2º Procurador da República
de Janeiro (1926)
Nome: Pedro Paulo Pena e Costa Procedência: S.T.F. 1945 – Interventor Federal em SC
Procedência: Jurista 1947 – Subprocurador Geral da República junto
Posse no T.S.E.: 1951 Posse no T.S.E.: 1953
ao Tribunal Federal de Recursos
Fonte: Biografia não encontrada Tempo de permanência: 5 1947 - Procurador Geral da República
1949 - Ministro do S.T.F.
Nome: Vasco Henrique D’Avila
Fonte: FGV, LL 1953 - Ministro do T.S.E.
Nascimento: 1905 Principais atividades
Naturalidade: Rio Pardo (RS) 1930 – Secretário da Presidência do Estado de SC Nome: José Thomas da Cunha Vasc. Filho
Bacharelado: Faculdade de Direito do Rio Nascimento: 1902 Principais atividades
1930 - Procurador Geral do Estado de SC
de Janeiro (1931) 1923 – Oficial de Gabinete do Governo do
Procedência: T.F.R. 1945 – Juiz do T.R.E. –SC Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ)
Território do Acre
Posse no T.S.E.: 1951 1947 - Ministro do T.F.R. 1927 – Secretário do Tribunal de Apelação do
Bacharelado: ?
Tempo de permanência: 5 1951 - Ministro do T.S.E. Território do Acre
1954 – Presidente T.F.R. Procedência: T.F.R. 1933 – Promotor Público Adjunto no DF
Fonte: T.F.R. 1962 - Ministro do T.S.E. 1937 – Juiz Federal do Estado do RN e do T.R.E.-
Posse no T.S.E.: 1955
RN
Nome: Frederico Sussekind Tempo de permanência: 4 1940 – Juiz de Direito no RJ
Nascimento: 1890 Principais atividades 1945 – Juiz do T.R.E-DF
Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) ? – Advogado (RJ) 1947 – Ministro do T.F.R.
Bacharelado: ? ? – Promotor Público (RJ) Fonte: T.F.R. 1955 – Ministro do T.S.E.
Procedência: T.J. do DF ? – Juiz de Direito (RJ)
Posse no T.S.E.: 1951 ? – Desembargador do T.J. do DF Nome: José Duarte Gonçalves da Rocha
Tempo de permanência: 4 1951 - Ministro do T.S.E. Nascimento: 1866 Principais atividades
Fonte: CC Naturalidade: Igaraçu (PE) ? – Promotor Público
Bacharelado: Faculdade de Direito de
Nome: Afrânio Antônio da Costa ? – Juiz de Direito
Recife (1908)
Nascimento: 1892 Principais atividades 1927 – Diretor da Instituição Pública do Estado do
Procedência: T.J. do DF
Naturalidade: Macaé (RJ) 1913 – Advogado (RJ) Rio de Janeiro
Bacharelado: Faculdade de Ciências Posse no T.S.E.: 1955 1931 – Juiz do T.R.E.-DF
1931 – Juiz de Direito (RJ)
Jurídicas e Sociais do RJ (1912) Tempo de permanência: 4 1945 – Embaixador no Equador
Procedência: T.F.R. 1940 – Desembargador do T.A. do DF 1949- Corregedor de Justiça do DF
Posse no T.S.E.: 1952 1945 – Juiz do T.R.E.-DF 1955 – Desembargador do T.J. do DF
Tempo de permanência: 4 1947 – Ministro Presidente do T.F.R. Fonte: CC 1955 - Ministro do T.S.E.
Fonte: T.F.R. 1952 - Ministro do T.S.E.

103 104
Nome: Haroldo Teixeira Valadão Nome: Cândido Mesquita da Cunha Lobo
Nascimento: 1901 Principais atividades Nascimento: 1894 Principais atividades
1929 – Professor da Faculdade de Direito da Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1931 – Juiz de Direito
Naturalidade: São Paulo (SP)
Universidade do Rio de Janeiro Bacharelado: Faculdade de Direito do Rio de
1939 – Desembargador do T.A. do DF
Bacharelado: Faculdade de Ciências Janeiro
1932 – Procurador Criminal da República
Jurídicas e Sociais do RJ (1921) Procedência: S.T.F. 1950 - Ministro do T.F.R.
Procedência: Jurista 1934 – Procurador Regional Eleitoral Posse no T.S.E.: 1958 1958 - Ministro do T.S.E.
1940 – Professor da Fac. Nacional de Direito da Tempo de permanência: 4
Posse no T.S.E.: 1955
Universidade do Brasil Fonte: T.F.R.
Tempo de permanência: 4 1947 – Consultor Geral da República
1955 - Ministro do T.S.E. Nome: Artur de Souza Marinho
Fonte: FGV 1967 - Procurador Geral da República Nascimento: 1899 Principais atividades
1922 – Adjunto da 2ª Promotoria Pública do
Nome: Antônio Vieira Braga Naturalidade: João Pessoa (PB)
Recife
Procedência: T.J. do DF 1930 – Secretário de Estado da Justiça e
Bacharelado: Faculdade de Direito de Recife
Posse no T.S.E.: 1955 Negócios Interiores de PE
Fonte: Biografia não encontrada Procedência: T.F.R. 1935 – Juiz Federal e do T.R.E. (SE)
1937 – Oficial Administrativo do Ministério
Nome: Edmundo Macedo Ludolf Posse no T.S.E.: 1959
do Trabalho, Indústria e Comércio
Nascimento: 1892 Principais atividades Tempo de permanência: 1 1939 – Juiz de Direito do DF
Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1915 – Oficial da Secretaria do Governo do MT 1952 – Desembargador do T.J. do DF
Bacharelado: ? 1916 – Delegado de Polícia de Cuiabá e Promotor Público 1954 - Ministro do T.F.R.
Procedência: T.F.R. 1920 – Procurador Geral do Estado do MT Fonte: T.F.R. 1959 - Ministro do T.S.E.
Posse no T.S.E.: 1956 1921 – Juiz Federal do Estado de MT
Tempo de permanência: 2 1923 – Juiz Federal do Estado de AL Nome: Ildefonso Mascarenhas da Silva
1934 – Juiz Federal do Estado de MT Procedência: Jurista
1936 – Juiz Federal do Estado de MG Posse no T.S.E.: 1959
1937 – Juiz de Direito no DF Fonte: Biografia não encontrada
1947 - Ministro do T.F.R.
Nome: Ary de Azevedo Franco *
Fonte: T.F.R. 1956 - Ministro do T.S.E.
Nascimento: 1900 Principais atividades
Nome: Nelson Hungria Hoffbauer * Naturalidade: Vassouras (RJ) 1928 – Juiz de Direito
Nascimento: 1891 Principais atividades Bacharelado: Faculdade de Direito do Rio de 1931 – Professor da Faculdade de Direito do
Naturalidade: Distrito de Augustura, Janeiro (1922) Rio de Janeiro
1918 – Advogado e Promotor Público Procedência: S.T.F. 1946 – Desembargador do T.A. do DF
município de Além Paraíba (MG)
Bacharelado: Faculdade de Direito Posse no T.S.E.: 1959 1951 – Juiz do T.R.E.-DF
1921 – Delegado de Polícia no RJ
do Rio de Janeiro (1931) Tempo de permanência: 4 1956 - Ministro do S.T.F.
Procedência: S.T.F. 1935 – Juiz de Direito Fonte: FGV. LL 1959 - Ministro do T.S.E.
Posse no T.S.E.: 1957 1935 – Professor da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro
Tempo de permanência: 4 1944 – Desembargador do T.A. do DF
1947 – Corregedor da Justiça do DF
1951 - Ministro do S.T.F.
Fonte: FGV 1957 - Ministro do T.S.E.

105 106
Nome: Guilherme Estellita Cavalcanti Pessoa Nome: Nery Kurtz
Nascimento: 1894 Principais atividades Procedência: Jurista
Naturalidade: Fortaleza (CE) ? – Professor da Faculdade Nacional Posse no T.S.E.: 1962
Bacharelado: Faculdade Nacional (1917) ? – Juiz de Direito no DF Fonte: Biografia não encontrada
Procedência: T.J. do DF ? – Desembargador do T.J. do DF Nome: Márcio Ribeiro
Posse no T.S.E.: 1959 1959 - Ministro do T.S.E. Nascimento: 1910 Principais atividades
Tempo de permanência: 2 Naturalidade: Lavras (MG) 1933 – Promotor Público em MG
Fonte: CC Bacharelado: Faculdade de Direito de Minas
1937 – Juiz de Direito
Nome: Hugo Auler Gerais (1932)
Procedência: T.J. do DF 1951 – Juiz do T.R.E.- MG
Procedência: T.J. do DF
Posse no T.S.E.: 1962 1953 – Desembargador do T.J. de MG
Posse no T.S.E.: 1960
Tempo de permanência: 5 1960- Desembargador do T.J. do DF
Fonte: Biografia não encontrada
1962 - Ministro do T.S.E.
Nome: Cândido Motta Filho * 1965 - Ministro do T.F.R.
Nascimento: 1897 Principais atividades Fonte: T.F.R. 1971 - Ministro do T.S.E.
1919 – Juiz de Paz do Bairro de Santa Cecília, Nome: Américo Godoy Ilha
Naturalidade: São Paulo (SP) jornalista e integrante do Partido Republicano
Nascimento: 1903 Principais atividades
Paulista
Naturalidade: Cachoeira do Sul (RS) ? – Advogado
Bacharelado: Faculdade de Direito de 1930 – Fundador da “Ação Nacional” do PRP
Bacharelado: Faculdade de Direito de Pelotas ? – Vereador e Prefeito de Erechim (RS) pelo
São Paulo (1919) inspirado em Alberto Torres
(1936) Partido Republicano Rio Grandense
1934 - Deputado Estadual pelo Partido
Procedência: S.T.F. Procedência: T.F.R. 1947 - Deputado Estadual no RS (PSD)
Constitucionalista
Posse no T.S.E.: 1963 1950 - Deputado Federal pelo RS (PSD)
? – Chefe da seção paulista do Departamento de
Posse no T.S.E.: 1961 Tempo de permanência: 4 1954 - Deputado Federal pelo RS (PSD)
Imprensa e Propaganda do Estado Novo
1946 – Chefe de Gabinete do Ministério do 1959 - Ministro do T.F.R.
Tempo de permanência: 5 Fonte: FGV, T.F.R. 1963 - Ministro do T.S.E.
Trabalho
1954 – Ministro da Educação e Cultura Nome: Antônio Martins Villas Boas *
1956 - Ministro do S.T.F. Nascimento: 1896 Principais atividades
Fonte: FGV. LL 1961 - Ministro do T.S.E. 1924 – Promotor de Justiça e Delegado de
Naturalidade: Visconde do Rio Branco (MG)
Polícia em Patos de Minas (MG)
Nome: Oswaldo Trigueiro de A. Melo
Bacharelado: Faculdade de Direito de Minas
Nascimento: 1905 Principais atividades 1927 – Juiz Municipal de Miraí (MG)
Gerais (1923)
Naturalidade: Alagoa Grande (PB) 1925 – Promotor Público em MG Procedência: S.T.F. 1930 – Prefeito de Araxá
Bacharelado: Faculdade de Direito de Posse no T.S.E.: 1963 1931 – Procurador Federal em MG
1931 – Advogado no Rio de Janeiro
Recife (1924) Tempo de permanência: 4 1932 - Procurador Geral do Estado
Procedência: Jurista 1935 – Prefeito nomeado de João Pessoa 1936 – Desembargador do T.J. de MG
Posse no T.S.E.: 1961 1947 – Governador eleito da PB (UDN) 1939 – Professor da Faculdade de Direito de
Tempo de permanência: 4 1950 - Deputado Federal pela PB (UDN) Minas Gerais
1954 – Embaixador do Brasil na Indonésia 1945 – Secretário de Finanças de MG
1961 - Ministro do T.S.E. 1945 – Desembargador do T.J. de MG
1964 - Procurador Geral da República 1957 - Ministro do S.T.F.
Fonte: FGV. LL 1965 - Ministro do S.T.F. Fonte: FGV, LL 1963 - Ministro do T.S.E.

107 108
Nome: João Henrique Braune Nome: Oscar Saraiva
Procedência: T.J. do DF Nascimento: 1903 Principais atividades
Posse no T.S.E.: 1964 1928 - Procurador Geral do Conselho Nacional
Fonte: Biografia não encontrada Naturalidade: São Paulo (SP) do Trabalho, do Ministério da Agricultura,
Indústria e Comércio
Nome: Décio Meirelles de Miranda * Bacharelado: Faculdade de Direito da 1951 - Procurador Geral da prefeitura de
Nascimento: 1916 Principais atividades Universidade do Rio de Janeiro (?) Brasília
Naturalidade: Belo Horizonte (MG) 1938 – Advogado no RJ e em MG Procedência: T.F.R. 1955- Juiz do Tribunal Superior do Trabalho
Bacharelado: Faculdade Nacional de Direito Posse no T.S.E.: 1966 1960 - Ministro do T.F.R.
1964 - Ministro do T.S.E.
da Universidade do Brasil (1938) Tempo de permanência: 2 1966 - Ministro do T.S.E.
Procedência: Jurista 1967 - Procurador Geral da República Fonte: T.F.R.
Posse no T.S.E.: 1964 1969 - Ministro do T.F.R.
Tempo de permanência: 5 1976 - Ministro do T.S.E. Nome: Victor Nunes Leal
1978 - Ministro do S.T.F. Nascimento: 1914 Principais atividades
Fonte: FGV. LL, T.F.R. 1981 - Ministro do T.S.E. Naturalidade: Carangola (MG) 1936 – Advogado
Bacharelado: Faculdade de Direito da 1939 – Oficial de Gabinete do Ministro da
Nome: Henrique Augusto Diniz de Andrada Universidade do Rio de Janeiro Educação e Saúde
Procedência: Jurista Procedência: S.T.F. 1943 – Professor da Fac. Nacional de Filosofia
Posse no T.S.E.: 1964 Posse no T.S.E.: 1966 1955 – Professor da Escola Superior de Guerra
Fonte: Biografia não encontrada 1956 - Procurador Geral da Justiça do DF e
Tempo de permanência: 3
chefe do Gabinete Civil de JK
Nome: Antônio Gonçalves de Oliveira * 1959 – Consultor Geral da República
Nascimento: 1910 Principais atividades 1960 - Ministro do S.T.F.
Naturalidade: Curvelo (MG) 1935 – Advogado no Rio de Janeiro 1962 – Professor da UnB
Bacharelado: Faculdade de Direito de Minas Fonte: FGV. LL 1966 - Ministro do T.S.E.
1938 – Promotor Público no DF
Gerais (1935)
1940 – Professor da Faculdade Nacional de Nome: Amarílio Aroldo Benjamin da Silva
Procedência: S.T.F.
Direito da Universidade do Brasil Nascimento: 1910 Principais atividades
1942 – Consultor Jurídico do Ministério da 1932 – Juiz Preparador em Rio de Contas e
Posse no T.S.E.: 1965 Naturalidade: Castro Alves (BA)
Viação e Obras Públicas Saúde
Tempo de permanência: 4 1954 – Consultor Geral da República Bacharelado: Faculdade de Direito da Bahia
1937 – Advogado em Jacobina e Salvador
1960 - Ministro do S.T.F. (1932)
Fonte: FGV 1965 - Ministro do T.S.E. Procedência: T.F.R. 1946 - Deputado Estadual(BA)
1955 – Secretário do Interior e Justiça do
Posse no T.S.E.: 1967
Estado da Bahia
Tempo de permanência: 2 1955 – Desembargador do T.J. da Bahia
1960 - Ministro do T.F.R.
Fonte: T.F.R. 1967 - Ministro do T.S.E.

109 110
Nome: Francisco M. Xavier de Albuquerque * Nome: Eloy José da Rocha *
Nascimento: 1926 Principais atividades Nascimento: 1907 Principais atividades
Naturalidade: Manaus (AM) 1949 – Advogado em Manaus Naturalidade: São Leopoldo (RS) 1928 – Juiz de Direito (RS)
Bacharelado: Faculdade de Direito do Bacharelado: Faculdade de Direito de Porto 1931 – Professor da Fac. de Direito de Porto
1953 – Professor da Fac. de Direito do AM
Amazonas (1949) Alegre (1928) Alegre
1964 – Professor da UnB e advogado junto ao Procedência: S.T.F. 1945 - Deputado Federal (RS) pelo PSD
Procedência: Jurista
Banco do Brasil e junto ao S.T.F. 1947 – Secretário da Educação e Cultura do
Posse no T.S.E.: 1969
Posse no T.S.E.: 1968 1968 - Ministro do T.S.E. RS
Tempo de permanência: 5 1972 - Ministro do S.T.F. Tempo de permanência: 4 1950 – Retomou o mandado de Dep. Federal
Fonte: FGV. LL 1973 - Ministro do T.S.E. 1952 – Desembargador do T.J. do RS
1966 - Ministro do S.T.F.
Nome: Cândido Colombo Cerqueira Fonte: FGV. LL 1969 - Ministro do T.S.E.
Procedência: T.J. do DF
Posse no T.S.E.: 1968 Nome: Djaci Alves Falcão *
Fonte: Biografia não encontrada Nascimento: 1919 Principais atividades
Naturalidade: Monteiro (PB) 1944 – Juiz de Direito (PE)
Nome: Armando Leite Rolemberg Bacharelado: Faculdade de Direito de Recife
Nascimento: 1921 Principais atividades 1957 – Desembargador do T.J. de PE
(1943)
Naturalidade: Usina Topo, município de Procedência: S.T.F. 1965 – Juiz do T.R.E.-PE
1946 – Chefe de Polícia do Estado de SE
Taparatuba (SE) Posse no T.S.E.: 1969 1967 - Ministro do S.T.F.
Bacharelado: Faculdade de Direito de Minas 1950 - Deputado Estadual pelo Partido Tempo de permanência: 4 1969 - Ministro do T.S.E.
Gerais (1943) Republicano (SE)
Fonte: FGV. LL
1954 - Deputado Federal pela Aliança Social
Procedência: T.F.R.
Democrática (PSD e PR) Nome: Antônio Neder
Posse no T.S.E.: 1968 1958 – Reeleito Deputado Federal Nascimento: 1911 Principais atividades
Tempo de permanência: 4 1962 – Reeleito Deputado Federal Naturalidade: Além Paraíba (MG) 1937 - Promotor Público no RJ
1963 - Ministro do T.F.R. Bacharelado: Faculdade de Direito da
1968 - Ministro do T.S.E. 1946 – Juiz de Direito no RJ
Universidade do Brasil (1937)
Fonte: FGV, T.F.R. 1971 - Presidente T.F.R. ? – Professor da Fac. de Direito da
Procedência: T.F.R.
Universidade Católica em Petrópolis
Nome: Cláudio Penna Lacombe Posse no T.S.E.: 1969 ? – Desembargador do T.J. do DF
Procedência: Jurista Tempo de permanência: 4 1964 - Ministro do T.F.R.
Posse no T.S.E.: 1968 1969 - Ministro do T.S.E.
Fonte: Biografia não encontrada 1971 - Ministro do S.T.F.
Fonte: FGV. LL, T.F.R. 1979 – Presidente do S.T.F.

Nome: Célio Silva


Procedência: Jurista
Posse no T.S.E.: 1969
Fonte: Biografia não encontrada

111 112
Nome: Raphael de Barros Monteiro * Nome: Carlos Thompson Flores *
Nascimento: 1908 Principais atividades Nascimento: 1911 Principais atividades
Naturalidade: Areias (SP) 1930 – Advogado em São Paulo Naturalidade: Montenegro (RS) 1933 – Juiz de Direito no RS
Bacharelado: Faculdade de Direito de São Bacharelado: Faculdade de Direito de Porto
1935 – Juiz de Direito (SP) 1945 – Juiz do T.R.E.-RS
Paulo (1930) Alegre (?)
Procedência: S.T.F. 1949 – Desembargador do T.J. de SP Procedência: S.T.F. 1953 – Desembargador do T.J. do RS
1956 – Professor da Faculdade de Direito da Posse no T.S.E.: 1972 1954 – Juiz do T.R.E.-RS
Posse no T.S.E.: 1969
USP e da PUC-SP 1956 – Corregedor Geral da Justiça do Estado
Tempo de permanência: 4
Tempo de permanência: 4 1958 – Juiz do T.R.E.-SP do RS
1967 - Ministro do S.T.F. 1968 - Ministro do S.T.F.
Fonte: FGV. LL 1969 - Ministro do T.S.E. Fonte: FGV. LL 1972 - Ministro do T.S.E.

Nome: Hélio Proença Doyle Nome: Inácio Moacir Catunda Martins


Nascimento: 1921 Principais atividades Nascimento: 1915 Principais atividades
Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1947 – Advogado no Rio de Janeiro Naturalidade: Santa Quitéria (CE) 1941 – Advogado em Fortaleza
Bacharelado: Faculdade de Direito da UFMG Bacharelado: Faculdade de Direito do Ceará
1961 – Advogado em Brasília 1942 – Juiz de Direito
(1946) (1940)
Procedência: Jurista 1965 – Conselheiro da NOVACAP Procedência: T.F.R. 1961 – Desembargador do T.J. do CE
1967 – Vice-diretor da Faculdade de Direito Posse no T.S.E.: 1972 ? – Juiz do T.R.E.-CE
Posse no T.S.E.: 1970
do CEUB (Brasília) Tempo de permanência: 4 1966 - Ministro do T.F.R.
Tempo de permanência: 4 1970 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.F.R. 1972- Ministro do T.S.E.
Fonte: T.S.E.
Nome: José Francisco Boseli
Nome: Moacyr Amaral dos Santos Nascimento: 1918
Nascimento: 1902 Principais atividades Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ)
Naturalidade: Capivari (SP) 1927 – Advogado em São Paulo Bacharelado: Faculdade Nacional de Direito
Bacharelado: Faculdade de Direito de São 1936 – Diretor Geral da Câmera Municipal de da Universidade do Brasil (1942)
Paulo (1925) São Paulo Procedência: Jurista
1938 – Chefe da Procuradoria Geral Judicial Posse no T.S.E.: 1974
Procedência:S.T.F. do Dpto. Jurídico da Municipalidade de São Fonte: T.S.E.
Paulo
Posse no T.S.E.: 1971 1950 – Professor da Universidade Mackenzie Nome: José Geraldo Rodrigues Alckmin *
1954 – Professor da Universidade de São Nascimento: 1915 Principais atividades
Tempo de permanência: 1
Paulo Naturalidade: Guaratinguetá 1940 – Juiz de Direito (SP)
1967 - Ministro do S.T.F. Bacharelado: Faculdade de Direito de São
1958 – Juiz do Tribunal de Alçada de SP
Fonte: S.T.F., LL 1971 - Ministro do T.S.E. Paulo (1937)
Procedência:S.T.F. 1964 – Desembargador do T.J. de SP
Nome: Carlos Eduardo de Barros Barreto Posse no T.S.E.: 1975 1972 - Ministro do S.T.F.
Procedência: Jurista Tempo de permanência: 4 1975 - Ministro do T.S.E.
Posse no T.S.E.: 1970 Fonte: FGV. LL
Fonte: Biografia não encontrada

113 114
Nome: Álvaro Peçanha Martins Nome: José Neri da Silveira *
Nascimento: 1912 Principais atividades Nascimento: 1932 Principais atividades
Naturalidade: Salvador (BA) 1936 – Advogado em Salvador Naturalidade: Tabuleiro em Lavras do
1955 – Advogado em Porto Alegre
Bacharelado: Faculdade de Direito da Bahia 1950 – Assistente Jurídico do Ministério da Sul (RS)
(1936) Justiça Bacharelado: Faculdade Direito da PUC-
1960 – Professor da PUC-RS
Procedência: T.F.R. 1954 - Deputado Federal (BA) RS (1955)
Posse no T.S.E.: 1975 1967 – Juiz Federal (BA) Procedência: T.F.R. 1963 – Consultor Jurídico do Estado do RS
Tempo de permanência: 2 1969 - Ministro do T.F.R. Posse no T.S.E.: 1976 1963 – Professor da Faculdade de Direito da UFRS
Fonte: T.F.R. 1975 - Ministro do T.S.E. Tempo de permanência: 5 1967 – Juiz do T.R.E.-RS
1969 - Ministro do T.F.R.
Nome: Firmino Ferreira Paz 1976 - Ministro do T.S.E.
Nascimento: 1912 Principais atividades 1981 - Ministro do S.T.F.
Naturalidade: Teresina (PI) ? – Promotor Público em Teresina Fonte: T.F.R. 1984 - Ministro do T.S.E.
? – Presidente do Conselho Penitenciário do
Bacharelado: Faculdade de Direito do Piauí (?) Nome: João Baptista Cordeiro Guerra *
Piauí
Procedência: Jurista ? – Professor da Faculdade de Direito do Piauí Nascimento: 1916 Principais atividades
Posse no T.S.E.: 1976 ? – Juiz do T.R.E.-PE Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1940 – Promotor substituto no DF
Tempo de permanência: 4 1970 – Procurador da República Bacharelado: Faculdade Nacional de
1944 – Promotor Público DF
Direito da Universidade do Brasil (1937)
? – Subprocurador Geral da República
Procedência: S.T.F. 1962 – Procurador Geral da Justiça da Guanabara
? Procurador Geral da República
Posse no T.S.E.: 1977 1974 - Ministro do S.T.F.
Fonte: S.T.F. 1976 - Ministro do T.S.E.
Tempo de permanência: 4 1977 - Ministro do T.S.E.
Nome: João Leitão de Abreu Fonte: FGV. LL
Nascimento: 1913 Principais atividades Nome: Pedro Augusto de Freitas Gordilho
1948 – Diretor Geral da Secretaria de Nascimento: 1938 Principais atividades
Naturalidade: Cachoeira do Sul (RS)
Educação e Cultura do RS
Naturalidade: Salvador (BA) 1961 – Advogado em Brasília
Bacharelado: Faculdade de Direito de Porto
1952 – Professor da PUC-RS 1963 – Procurador Geral do Estado da Bahia junto
Alegre (1946) Bacharelado: Faculdade de Direito da
ao S.T.F.; Advogado da prefeitura de Salvador junto
1964- Chefe do Gabinete Civil do Governo Bahia (1960)
Procedência: S.T.F. aos Tribunais Federais em Brasília
Ildo Meneghetti (RS)
Procedência: Jurista 1978 - Ministro do T.S.E.
1966 – Chefe de Gabinete do Ministro da
Posse no T.S.E.: 1976 Posse no T.S.E.: 1978
Justiça, Mem de Sá
Tempo de permanência: 4
1969 – Ministro de Estado Extraordinário para
Fonte: T.S.E.
Tempo de permanência: 4 os Assuntos do Gabinete Civil da Presidência
da República (Governo Médici) Nome: Jarbas dos Santos Nobre
1974 - Ministro do S.T.F. Nascimento: 1915 Principais atividades
1976 - Ministro do T.S.E. Naturalidade: Belém (PA) ? - Oficial de Administração do Ministério da Fazenda
Fonte: FGV. LL 1981 – Chefe do Gabinete Civil do Presidente Bacharelado: Faculdade de Direito da ? – Delegado Fiscal do Tesouro Nacional em São
Figueiredo. Universidade de São Paulo (1942) Paulo
Procedência: T.F.R. ? – Professor da Universidade Mackenzie
Posse no T.S.E.: 1978 1967 - Juiz Federal substituto do Estado de São Paulo
Tempo de permanência: 2 1969 - Ministro do T.F.R.
Fonte: T.F.R. 1978 - Ministro do T.S.E.

115 116
Nome: José Carlos Moreira Alves Nome: José Maria de Sousa Andrade
Nascimento: 1933 Principais atividades Nascimento: 1930 Principais atividades
Naturalidade: Taubaté (SP) 1957 – Professor da Universidade Gama Filho Naturalidade: Santos (SP) 1959 – Advogado em São Paulo
Bacharelado: Faculdade Nacional de Bacharelado: Faculdade de Direito da USP
1963 – Advogado do Banco do Brasil 1966 – Advogado em Paranavaí (PE)
Direito da Universidade do Brasil (1955) (1959)
1964 – Professor da Fundação Getúlio Vargas 1971 – Consultor Jurídico do Banco do Brasil
Procedência: S.T.F.
(RJ) em Brasília; Advogado dos Bancos
Procedência: Jurista
Posse no T.S.E.: 1978 1965 – Professor da Fac. Nacional de Direito Econômico S.A., do Nordeste do Brasil S.A. e
Tempo de permanência: 4 1968 – Professor da Fac. de Direito da USP do Estado da Bahia
1970 – Chefe de Gabinete do ministro da Justiça, Posse no T.S.E.: 1979 1979 - Ministro do T.S.E.
Alfredo Buzaid Tempo de permanência: 4
1972 - Procurador Geral da República Fonte: T.S.E.
1975 - Ministro do S.T.F.
Nome: Carlos Fulgêncio da Cunha Peixoto
Fonte: FGV 1978 - Ministro do T.S.E.
Nascimento: 1911 Principais atividades
Nome: Aldir Guimarães Passarinho * Naturalidade: Teófilo Otoni (MG) 1935 – Advogado em Ibiá (MG)
Nascimento: 1921 Principais atividades Bacharelado: Faculdade de Direito de Minas 1946 – Consultor Jurídico da Secretaria de
Naturalidade: Floriano (PI) 1950 – Advogado no Rio de Janeiro Gerais (1935) Finanças de Minas Gerais
Bacharelado: Faculdade de Direito da 1964 – Subchefe do Gabinete Civil do Presidente Procedência: S.T.F. 1953 – Professor da PUC-MG
Universidade do Rio de Janeiro (1950) Castelo Branco Posse no T.S.E.: 1980 1958 – Desembargador do T.J. de MG
Procedência: T.F.R. 1967 – Juiz Federal Tempo de permanência: 1 1975 - Ministro do S.T.F.
Posse no T.S.E.: 1979 1974 - Ministro do T.F.R. Fonte: T.S.E. 1980 - Ministro do T.S.E.
Tempo de permanência: 5 1978 - Ministro do T.S.E.
Nome: Carlos Alberto Madeira
1982 - Ministro do S.T.F.
Nascimento: 1920 Principais atividades
Fonte: T.F.R. 1985 - Ministro do T.S.E.
Naturalidade: São Luís (MA) 1957 – Advogado no Rio de Janeiro
Nome: José Fernandes Dantas Bacharelado: Faculdade de Direito de São Luís 1961 – Membro do Conselho Consultivo da
Nascimento: 1928 Principais atividades (1955) Fábrica Nacional de Motores S.A.
Naturalidade: Pau dos Ferros (RN) 1955 - Promotor Público (Pau dos Ferros) 1966 – Juiz auditor da Justiça Militar do
Procedência: T.F.R.
Bacharelado: Faculdade de Direito de Maranhão
1959 – 1º Promotor de Justiça em Natal Posse no T.S.E.: 1981 1967 – Juiz do T.R.E.-MA
Maceió (1954)
1963 – Defensor Público do Ministério Público do Tempo de permanência: 2 1977 - Ministro do T.F.R.
Procedência: t.f.r. 1981 - Ministro do T.S.E.
DF
1967 – Promotor substituto do Ministério Público Fonte: T.F.R. 1985 - Ministro do S.T.F.
Posse no T.S.E.: 1979
do DF
Tempo de permanência: 2 1969 - Procurador da República
1975 – 1º Subprocurador Geral da República
1976 - Ministro do T.F.R.
Fonte: T.F.R. 1979 - Ministro do T.S.E.

117 118
Nome: Pedro Soares Munoz Nome: Luís Rafael Mayer *
Nascimento: 1916 Principais atividades Nascimento: 1919 Principais atividades
Naturalidade: Fazenda São Joaquim em Herval Naturalidade: Monteiro (PB) 1944 – Advogado em Recife
1943 - Promotor Público (RS)
do Sul (RS) Bacharelado: Faculdade de Direito de
1945 - Promotor Público (PE)
Bacharelado: Fac. de Direito da Universidade Recife (1943)
1945 – Juiz de Direito
do Rio Grande do Sul (1942) 1952 – Promotor Auxiliar da Procurador Geral do
Procedência: S.T.F.
Procedência: S.T.F. 1945 – Prefeito interino de São Gabriel Estado
Posse no T.S.E.: 1981 1962 – Desembargador do T.J. do RS Posse no T.S.E.: 1982 1955 – Subprocurador Geral do Estado
Tempo de permanência: 4 ? – Juiz do T.R.E.-RS Tempo de permanência: 4 1961 – Professor da UFPE
1977 - Ministro do S.T.F. 1962 – Professor da PUC-Recife
Fonte: LL 1981 - Ministro do T.S.E. 1965 – Assessor de Gabinete do Ministro da
Fazenda
Nome: Evandro Gueiros Leite 1967 – Consultor Jurídico do Ministério do Interior
Nascimento: 1920 Principais atividades 1974 – Consultor Geral da República
Naturalidade: Canhotinho (PE) 1947 – Advogado em Recife 1978 - Ministro do S.T.F.
Bacharelado: Faculdade de Direito de Fonte: FGV 1982 - Ministro do T.S.E.
1952 – Advogado no Rio de Janeiro
Recife(1943)
Procedência: T.F.R. 1967 – Juiz Federal no RJ Nome: Antônio Torreão Braz
Posse no T.S.E.: 1981 1967 – Juiz do T.R.E-RJ Nascimento: 1928 Principais atividades
Tempo de permanência: 4 1977 - Ministro do T.F.R. Naturalidade: Princesa Isabel (PB) 1956 - Promotor Público (PB)
Fonte: T.F.R. 1981 - Ministro do T.S.E. Bacharelado: Fac. de Direito da 1961 – Governador interino do Território de
Universidade Federal de Pernambuco (?) Roraima
Nome: José Guilherme Villela Procedência: T.F.R. 1963 - Promotor Público no DF
Nascimento: 1936 Principais atividades Posse no T.S.E.: 1983 1965 - Procurador da República
Naturalidade: Manhuaçu (MG) 1959 – Advogado Tempo de permanência: 2 1973 - Subprocurador Geral da República
Bacharelado: Faculdade de Direito da 1962 – Procurador do Tribunal de Contas do 1977 - Ministro do T.F.R.
Universidade Federal de Minas Gerais (1959) DF 1983 - Ministro do T.S.E.
Procedência: Jurista 1962 – Professor de Direito na UnB Fonte: T.F.R. 1989 - Ministro do S.T.F.
Posse no T.S.E.: 1982 1982 - Ministro do T.S.E.
Tempo de permanência: 4 Nome: Washington Bolívar de Brito
Fonte: T.S.E. Nascimento: 1928 Principais atividades
Naturalidade: Jequié (BA) 1950 – Advogado na Bahia
Bacharelado: Faculdade de Direito da
1959 – Vereador em Jequié (BA)
Universidade da Bahia (1950)
1961 – Defensor Público no Ministério Público no
Procedência: T.F.R.
DF
Posse no T.S.E.: 1983 1963 - Promotor Público no DF
Tempo de permanência: 4 1977 - Ministro do T.F.R.
1983 - Ministro do T.S.E.
Fonte: T.F.R.

119 120
Nome: Sérgio Gonzaga Dutra Nome: William Andrade Paterson
Nascimento: 1929 Principais atividades Nascimento: 1936 Principais atividades
Naturalidade: Petrópolis (RJ) 1953 – Advogado no Rio de Janeiro 1963 – Assistente Jurídico da Consultoria
Naturalidade: Amargosa (BA)
Bacharelado: Faculdade de Direito do Rio de 1960 – Advogado em Brasília junto aos Geral da República
Janeiro (Catete) (1953) Tribunais Superiores Bacharelado: Fac. Brasileira de Ciências 1967 – Assessor do Gabinete do Consultor
Procedência: Jurista 1970 – Vice-Presidente da OAB-DF Jurídicas / RJ (1961) Geral da República
Posse no T.S.E.: 1984 1984 – Ministro do T.S.E. Procedência: T.F.R. 1978 – Consulto Geral da República
Tempo de permanência: 4 Posse no T.S.E.: 1985 1979 – Ministro do T.F.R.
Fonte: T.S.E. Tempo de permanência: 3 1985 - Ministro do T.S.E.
Fonte: T.F.R.
Nome: Oscar Dias Correia *
Nascimento: 1921 Principais atividades Nome: Roberto Ferreira Rosas
Naturalidade: Itaúna (MG) 1947 - Deputado Estadual (MG) pela UDN Nascimento: ? Principais atividades
Bacharelado: Faculdade de Direito da 1969 – Procurador do Tribunal de Contas do
1947 – Professor da PUC-MG Naturalidade: ?
Universidade de Minas Gerais (1943) DF
Procedência: S.T.F. 1950 - Deputado Estadual (MG) pela UDN Bacharelado: Faculdade Nacional de Direito
1971 – Advogado do BNDES
Posse no T.S.E.: 1983 1950 – Professor da UFMG (1964)
Tempo de permanência: 4 1954 - Deputado Federal (MG) pela UDN Procedência: Jurista 1986 - Ministro do T.S.E.
1958 – Reeleito Deputado Federal Posse no T.S.E.: 1986
1961 – Secretário de Educação de MG Tempo de permanência: 4
1962 – Reeleito Deputado Federal Fonte: T.S.E.
1966 – Professor da UnB
Nome: José Francisco Rezek *
1976 – Diretor da Faculdade de Direito da
Nascimento: 1944 Principais atividades
Univ. Estadual do Rio de Janeiro
Naturalidade: Cristina (MG) 1970 – Professor da UFMG
1982 - Ministro do S.T.F.
Bacharelado: Faculdade de Direito da UFMG
Fonte: FGV 1983 - Ministro do T.S.E. 1971 – Professor da UnB
(1966)
Nome: Carlos Mário da Silva Velloso * Procedência: S.T.F 1972 – Procurador da República
Nascimento: 1936 Principais atividades 1976 – Professor do Instituto Rio Branco do
Posse no T.S.E.: 1987
Naturalidade: Entre Rios de Minas (MG) 1964 – Advogado Ministério das Relações Exteriores
Bacharelado: Faculdade de Direito da UFMG Tempo de permanência: 3 1979 - Subprocurador Geral da República
1964 – Promotor de Justiça em MG 1981 – Assessor do Ministro Chefe do
(1963)
Procedência: T.F.R. 1966 – Juiz Federal (MG) Gabinete Civil da Presidência da República,
Posse no T.S.E.: 1985 1969 – Juiz do T.R.E.-MG João Leitão de Abreu
Tempo de permanência: em exercício 1977 - Ministro do T.F.R. 1983 - Ministro do S.T.F.
1985 - Ministro do T.S.E. 1987 - Ministro do T.S.E.
1990 - Ministro do S.T.F. 1990 – Ministro das Relações Exteriores do
Governo Collor
Fonte: T.S.E., T.F.R. 1992 - Ministro do T.S.E.
Fonte: T.S.E. 1992 - Ministro do S.T.F.

121 122
Nome: Otto Rocha Nome: Romildo Bueno de Souza
Nascimento: 1918 Principais atividades Nascimento: 1929 Principais atividades
Naturalidade: São João Nepomuceno (MG) 1951 – Advogado no Rio de Janeiro Naturalidade: Aguaí (SP) 1953 – Advogado em São Paulo
Bacharelado: Faculdade de Direito do Rio de 1957 – Assistente do Consultor Geral da Bacharelado: Faculdade de Direito da 1964 – Defensor Público do Ministério
Janeiro (1950) República Universidade de São Paulo (1953) Público do DF
1960 – Representante da Rede Ferroviária Procedência: T.F.R (S.T.J.) 1966 – Professor da UnB
Procedência: T.F.R.
Federal em Brasília Posse no T.S.E.: 1988 1967 – Juiz de Direito do DF
Posse no T.S.E.: 1987 1967 – Juiz Federal do DF Tempo de permanência: 2 1971 – Juiz Eleitoral no DF
Tempo de permanência: 1 1969- Juiz do T.R.E.-DF 1975 – Juiz do T.R.E.-DF
1983 - Ministro do T.F.R. 1980 - Ministro do T.F.R.
Fonte: T.F.R. 1987 - Ministro do T.S.E. 1988 - Ministro do T.S.E.
Fonte: T.F.R. 1988 - Ministro do S.T.F.
Nome: Sebastião Alves dos Reis
Nascimento: 1918 Principais atividades Nome: Miguel Jeronymo Ferrante
Naturalidade: Rio Espera (MG) 1967 – Juiz Federal em MG Nascimento: 1920 Principais atividades
Bacharelado: Faculdade de Direito da UFMG Naturalidade: Rio Branco (AC) 1945 – Advogado em Rio Branco (AC)
1969 – Juiz do T.R.E.-MG
(1944) Bacharelado: Faculdade de Direito do Pará
Procedência: T.F.R. 1980 - Ministro do T.F.R. ? – Secretário da Educação e Cultura do Acre
(1945)
Posse no T.S.E.: 1987 1987 - Ministro do T.S.E. 1963 – Consultor Jurídico do Ministério da
Procedência: T.F.R. (S.T.J.)
Tempo de permanência: 1 ? – Professor da UFMG, PUC-MG e UnB Justiça em Brasília
Fonte: T.F.R. 1967 – Assessor de Gabinete do Ministro da
Posse no T.S.E.: 1988
Justiça
Nome: Antônio V. Boas Teixeira de Carvalho Tempo de permanência: 2 1968 – Juiz Federal em São Paulo
Nascimento: 1946 Principais atividades 1977 – Juiz do T.R.E.-SP
1970 – Advogado da Usiminas e da 1980 - Ministro do T.F.R.
Naturalidade: Belo Horizonte (MG)
Companhia Força e Luz de MG Fonte: T.F.R. 1988 - Ministro do T.S.E.
Bacharelado: Faculdade de Direito da 1973 – Escrivão da Corregedoria Geral do
Universidade de Brasília (1969) T.S.E. Nome: Sydney Sanches *
1973 – Advogado da Telecomunicações de Nascimento: 1933 Principais atividades
Procedência: Jurista Minas Gerais S.A. e da Companhia Telefônica Naturalidade: Rincão (SP) 1959 – Advogado em São Paulo
Brasileira Bacharelado: Faculdade de Direito da
Posse no T.S.E.: 1988 1979 – Advogado da Telebrás 1963 – Juiz de Direito em SP
Universidade de São Paulo (1958)
Tempo de permanência: 4 1988 - Ministro do T.S.E. 1972 – Juiz Auxiliar da Presidência do T.J. de
Fonte: T.S.E. Procedência: S.T.F.
SP
1978 – Juiz do Tribunal de Alçada Criminal de
Posse no T.S.E.: 1989
SP
Tempo de permanência: 2 1980 - Desembargador do T.J. de SP
1984 - Ministro do S.T.F.
Fonte: T.S.E. 1988 - Ministro do T.S.E.

123 124
Nome: Luís O. P. e Albuquerque Gallotti * Nome: Hugo Gueiros Bernardes
Nascimento: 1930 Principais atividades Nascimento: 1930 Principais atividades
1954 – Assistente do Procurador Geral da Naturalidade: Catanduva (SP) ? – Advogado
Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ)
República 1965 – Assistente Jurídico do Ministério do
Bacharelado: ?
Bacharelado: Faculdade Nacional de Direito 1956 – Procurador do Ministério Público junto Trabalho
da Universidade do Brasil (1952) ao Tribunal de Contas da União Procedência: Jurista 1970 – Vice-Presidente da OAB-DF
1973 – Ministro do Tribunal de Contas da Posse no T.S.E.: 1990 1975 – Juiz substituto do T.R.E.-DF
Procedência: S.T.F.
União Tempo de permanência: 2 1990 - Ministro do T.S.E.
Posse no T.S.E.: 1989 1985 - Ministro do S.T.F. Fonte: T.S.E.
Tempo de permanência: 2 1989 - Ministro do T.S.E.
Nome: Américo Luz
Fonte: T.S.E.
Nascimento: 1928 Principais atividades
Nome: Pedro da Rocha Acioli Naturalidade: São Sebastião do Paraíso (MG) 1954 – Deputado Estadual no RS (PL)
Nascimento: 1925 Principais atividades Bacharelado: Faculdade de Direito da PUC-RJ
1958 - Deputado Estadual no RS (PL)
Naturalidade: Murici (AL) 1951 – Advogado em Maceió (1951)
Bacharelado: Faculdade de Direito de Alagoas Procedência: S.T.J. 1962 - Deputado Estadual no RS (PL)
1953 – Juiz de Direito em AL Posse no T.S.E.: 1990 1966 – Deputado Federal pelo RS
(1952)
Procedência: S.T.J. 1967 – Juiz Federal substituto em AL Tempo de permanência: 4 1974 – Senador pelo RS
Posse no T.S.E.: 1990 1974 – Juiz Federal em AL 1985 – Consultor Geral da República
Tempo de permanência: 2 1980 - Ministro do T.F.R. 1986 – Ministro da Justiça do Governo Sarney
1988 - Ministro do S.T.F. 1989 – Ministro do S.T.F.
Fonte: T.F.R. 1990 - Ministro do T.S.E. Fonte: T.F.R. 1991 – Ministro do T.S.E.
Nome: Paulo Brossard *
Nome: Célio de Oliveira Borja *
Nascimento: 1924 Principais atividades
Nascimento: 1928 Principais atividades
Naturalidade: Bajé (RS) 1952 – Advogado no Rio de Janeiro
Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1961 – Professor
Bacharelado: Faculdade de Direito de Porto
Bacharelado: Faculdade de Direito da 1967 – Juiz Federal
Alegre (1947)
Universidade Estadual do Rio de Janeiro 1963 - Deputado Estadual
(1951) Procedência: S.T.J. 1979 – Juiz do T.R.E.-RJ
Procedência: S.T.F. 1971 - Deputado Federal Posse no T.S.E.: 1990 1980 - Ministro do T.F.R.
Posse no T.S.E.: 1990 1975 - Deputado Federal Tempo de permanência: 4 1988- Ministro do S.T.F.
Tempo de permanência: 2 1979 - Deputado Federal Fonte: T.F.R. 1990 - Ministro do T.S.E.
1986 - Ministro do S.T.F. Nome: José Paulo Sepúlveda Pertence *
1990 - Ministro do T.S.E. Nascimento: 1937 Principais atividades
Fonte: T.S.E. 1992 – Ministro da Justiça do Governo Collor 1961 – Assistente Jurídico da Prefeitura do
Naturalidade: Sabará (MG)
Distrito Federal
Bacharelado: Faculdade de Direito da UFMG
1965 – Secretário Jurídico do S.T.F.
(1960)
Procedência: S.T.F. 1969 – Conselheiro da OAB-DF
Posse no T.S.E.: 1991 1977 – Vice-Presidente da OAB
Tempo de permanência: 3 1985 – Procurador Geral da República
1989 - Ministro do S.T.F.
Fonte: T.S.E. 1991 - Ministro do T.S.E.

125 126
Nome: Torquato Lorena Jardim Nome: Cid Flaquer Scartezzini
Nascimento: 1946 Principais atividades Nascimento: 1929 Principais atividades
Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) ? – Advogado Naturalidade: São Paulo (SP) 1951 – Advogado em São Paulo
Bacharelado: Faculdade de Direito da UFRJ Bacharelado: Faculdade de Direito de São
1977 – Professor da UnB 1960 – Vereador em Santo André (SP)
(1973) Paulo (1953)
Procedência: Jurista 1992 - Ministro do T.S.E. Procedência: S.T.J. 1967 – Juiz Federal em São Paulo
Posse no T.S.E.: 1992 Posse no T.S.E.: 1992 1969 – Professor de Direito da FMU
Tempo de permanência: em exercício Tempo de permanência: 2 1969 – Juiz do T.R.E.-SP
Fonte: T.S.E. 1981 - Ministro do T.F.R.
1988 - Ministro do S.T.F.
Nome: José Cândido de Carvalho Filho Fonte: T.F.R. 1992 - Ministro do T.S.E.
Nascimento: 1924 Principais atividades
Naturalidade: Boa Viagem (CE) 1951 – Advogado em Ilhéus Nome: Marco A. Mendes de Farias Mello
Bacharelado: Faculdade de Direito da UFBA Nascimento: 1946 Principais atividades
1959 – Advogado em Salvador
(1950) Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1978 – Juiz do Tribunal Regional do Trabalho
Procedência: S.T.J. 1959 - Deputado Estadual (BA) Bacharelado: Faculdade de Direito da UFRJ 1981 – Ministro do Tribunal Superior do
Posse no T.S.E.: 1992 1962 - Deputado Estadual (BA) (1973) Trabalho
Tempo de permanência: 2 1967 – Juiz Federal (BA Procedência: S.T.F. 1990 - Ministro do S.T.F.
1969 – Juiz do T.R.E.-BA Posse no T.S.E.: 1993 1993 - Ministro do T.S.E.
1973 – Professor da Faculdade de Direito da Tempo de permanência: em exercício
UFBA Fonte: T.S.E.
1974 – Juiz do T.R.E.-BA
1980 - Ministro do T.F.R. Nome: Antônio de Pádua Ribeiro
1988 - Ministro do S.T.F. Nascimento: 1940 Principais atividades
Fonte: T.F.R. 1994 - Ministro do T.S.E. Naturalidade: Torneiros, em Pará de Minas
1967 – Advogado em Brasília
(MG)
Nome: José Bonifácio Diniz de Andrada Bacharelado: Universidade de Brasília (1967) 1971 – Professor de Direito do CEUB
Nascimento: 1928 Principais atividades Procedência: S.T.J. 1972 – Procurador da República no DF
Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ) 1951 – Advogado Posse no T.S.E.: 1994 1979 – Subprocurador-Geral da República
Bacharelado: Faculdade de Direito da PUC-RJ Tempo de permanência: em exercício 1980 - Ministro do T.F.R.
1959 – Vereador (DF)
(1950) 1988 - Ministro do S.T.F.
Procedência: Jurista 1963 - Deputado Estadual (Guanabara) Fonte: T.F.R. 1994 - Ministro do T.S.E.
Posse no T.S.E.: 1992 1971 - Deputado Federal (MDB)
Tempo de permanência: em exercício 1992 - Ministro do T.S.E.
Fonte: T.S.E.

127 128
Nome: Ilmar Nascimento Galvão
Nascimento: 1933 Principais atividades BIBLIOGRAFIA
1964 – Diretor de Organização e Controle da
Naturalidade: Jaguaquara (BA)
Secretaria de Planejamento do Estado do Acre
Bacharelado: Faculdade Nacional de Direito ANTILLÓN, Rafael Villegas – El Tribunal Supremo de Elecciones y el
1965 – Diretor Presidente do Banco do Acre
da Universidade do Brasil (1963) Registro Civil de Costa Rica (Análisis Jurídico-Estructural y
Procedência: S.T.F. 1965 – Professor de Direito da UFAC Técnico) (Costa Rica, CAPEL, 1987).
Posse no T.S.E.: 1994 1967 – Juiz Federal no Acre
Tempo de permanência: em exercício 1975 – Juiz do T.R.E.-AC ASSIS Brasil, J. F. de – Democracia Representativa – Do Voto e do Modo
1979 – Juiz Federal no DF de Votar (4ª edição, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1931).
1985 - Ministro do T.F.R.
1988 - Ministro do S.T.F. BARQUIN, Manuel – La Reforma Electoral de 1986-1987 en México –
Fonte: T.F.R. 1994 - Ministro do T.S.E. Retrospectiva y Análisis (Costa Rica, CAPEL e IIDH, 1987).
Nome: Jesus Costa Lima BRAGA, Antônio Carlos Alves – “Os desafios da Justiça Eleitoral
Nascimento: 1926 Principais atividades brasileira” in Reforma Eleitoral e Representação Política,
Naturalidade: Itaiçaba (CE) 1953 – Promotor de Justiça (CE) H.Trindade (org.) (Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1992).
Bacharelado: Faculdade de Direito da UFCE
(1952)
1956 – Juiz de Direito, interior e capital (CE) CAMPANHOLE, Adriano e H. Lobo CAMPANHOLE – Todas as
Procedência: S.T.J. 1972 – Juiz Federal (CE) Constituições do Brasil (2ª edição, São Paulo, Atlas, 1976).
Posse no T.S.E.: 1944 ? – Juiz do T.R.E.-CE, T.R.E.-DF, T.R.E.-AM CAPEL – Legislación Electoral Comparada – Colombia, México, Panamá,
Tempo de permanência: em exercício 1981 - Ministro do T.F.R.
Venezuela y Centroamérica (Costa Rica, CAPEL, 1986).
1988 - Ministro do S.T.F.
Fonte: T.F.R. 1994 - Ministro do T.S.E. ______ Segunda Conferencia de la Asociación de Organismos Electorales
de Centroamérica y el Caribe, tema El Registro Electoral, (Costa
Rica, CAPEL, 1988).
CARVALHO, José Murilo de – “Sistemas Eleitorais e Partido do Império”
in O Balanço do Poder – Formas de Dominação e Representação,
Lima Junior, Olavo Brasil (org.) (Rio de Janeiro, Rio Fundo
Ed.,1990).
______ “O Sistema Eleitoral no Império” in Sistemas Eleitorais no Brasil,
Peixoto, J. P. e Porto, W. Costa (org.), (Brasília, Instituto Tancredo
Neves – Fundação Friedrich Naumann, 1987).
CARVALHO, Orlando – Ensaios de Sociologia Eleitoral (Belo Horizonte,
Ed. RBEP, 1958).
CASTAN- OS, Edgar Valverde – “Legislación Electoral en Bolivia”, in
Legislación Electoral Comparada, Vanossi et al. (Costa Rica,
CAPEL, 1988).

129 130
CAVALCANTE, Themístocles B. Cavalcanti e outros (ed.) – O Voto ______ “Authoritarian Brazil revisitado: o impacto das eleições na abertura
Distrital no Brasil (Rio de Janeiro, Ed. FGV, 1975). política brasileira”, in Democratizando o Brasil, Alfred Stepan (org.)
(Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988).
CERDAS, R. RIAL, J. ZOVATTO, D. (org.) – Una Tarea Inconclusa:
Elecciones y Democracia en América Latina: 1988 – 1991 (Costa ______ e Muszynski, J. – “Brasil” in Enciclopedia Electoral
Rica, IIDH – CAPEL, 1992). Latinoamericana y del Caribe, Nohlen (org.) (Costa Rica, IIDH,
1993).
CORRÊA, Gilberto Niederauer – “Justiça Eleitoral: perspectivas e novos
desafios” in Reforma Eleitoral e Representação Política, H. Trindade LEAL, Victor Nunes – Coronelismo, Enxada e Voto (2a edição, São Paulo,
(org.) (Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1992). Alfa-Omega, 1975).
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves – Comentários à Constituição LIMA JR, Olavo Brasil (org.) – O Balanço do Poder – Formas de
Brasileira (São Paulo, Ed. Saraiva, 1986). Dominação e Representação (Rio de Janeiro, Rio Fundo Ed., 1990).
FERREIRA, Manoel Rodrigues – “A Evolução do Sistema Eleitoral MUÑOZ, Pedro Soares – “Código Eleitoral e Justiça Eleitoral” in Revista
Brasileiro” in Boletim Eleitoral, T.S.E., setembro 1956. de Direito Administrativo (Rio de Janeiro, out/dez 1983).
GOTZ, Graeme – Managing the election: responsibilities, capacities and NOGUEIRA, Octaciano – “O Sistema Eleitoral na 1ª República” in
political will (Johannesburg: Centre for Policy Studies, 1995). Sistemas Eleitorais no Brasil, Peixoto, J. P. e Porto, W. Costa (org.)
(Brasília, Instituto Tancredo Neves – Fundação Friedrich Naumann,
______ Buying in, staying out: the politics of registration for South Africa’s
1987).
first democratic local government elections (Johannesburg: Centre
for Policy Studies, 1995). NOHLEN, Dieter et alli – Poder Electoral y Consolidación Democrática:
Estudios sobre la Organización Electoral en América Latina (Costa
JARAMILLO, Jan Fernando – “Las Cortes Electorales en Ame rica Latina.
Rica, CAPEL, 1989).
Un Primer Intento de Análisis Comparativo con base en los casos de
Argentina, Costa Rica y República Dominicana” in Elecciones y NOHLEN, Dieter (org.) – Elecciones y Sistemas de Partidos en America
Sistemas de Partidos en America Latina, Nohlen (org.) (Costa Rica, Latina (Costa Rica, IIDH, 1993).
IIDH, 1993).
NOHLEN, Dieter (org.) – Enciclopedia Electoral Latinoamericana y del
KINZO, Maria D’Alva Gil – Representação Política e Sistema Eleitoral no Caribe (Costa Rica, IIDH, 1993).
Brasil (São Paulo, Ed. Símbolo, 1980).
PRIETO, Justo – “Legislacion Electoral del Paraguay” in Legislación
LAMOUNIER, Bolívar – “Apontamentos sobre a questão democrática Electoral Comparada, Vanossi et al. (Costa Rica, CAPEL, 1988).
brasileira” in Como Renascem as Democracias, Rouquié, Lamounier
PORTO, Walter Costa – O Voto no Brasil – da Colônia à 5ª República
e Schvarzer (orgs.) (São Paulo: Ed. Brasiliense, 1985).
(Brasília, Gráfica do Senado Federal, 1989).
______ “O sistema Eleitoral Hoje” in Sistemas Eleitorais no Brasil,
RIBERO, Fávila – Direito Eleitoral (Rio de Janeiro, Forense, 1976).
Peixoto, J. P. e Porto, W. Costa (org.), (Brasília, Instituto Tancredo
Neves – Fundação Friedrich Naumann, 1987). ROMERO, Miguel Acosta – Reflexiones sobre el Tribunal de lo
Contencioso Electoral Federal de México (Costa Rica, CAPEL e
______ “Perspectivas da consolidação democrática: o caso brasileiro” in
IIDH, 1989).
Revista Brasileira de Ciências Sociais, n° 4, 1987.

131 132
ROSAS, Roberto – “O Sistema Eleitoral após 1930” in Sistemas Eleitorais
no Brasil, Peixoto, J. P. e Porto, W. Costa (org.) (Brasília, Instituto
Tancredo Neves – Fundação Friedrich Naumann, 1987).
SADEK, M. Tereza – “A Administração do Processo Eleitoral”, in Cem
Anos de Eleições Presidenciais, Textos IDESP, 1990.
______ “A Justiça Eleitoral no Processo de Redemocratização” in De
Geisel a Collor: o Balanço da Transição, B. Lamounier (org.) (São
Paulo: Editora Sumaré, 1990).
SÁEZ, M. A. e FLORIA, C – Democracia, transición y crisis en Argentina
(Costa Rica, CAPEL, 1990).
SOARES DE SOUZA, Francisco Belisário – O Sistema Eleitoral no Brasil
– Como funciona, como tem funcionado, como deve ser reformado
(Rio de Janeiro, Tipografia do Diário do Rio de Janeiro, 1872).
URRUTY, Carlos A. – “A Justiça Eleitoral na República Oriental do
Uruguai”, in Reforma Eleitoral e Representação Política, Trindade
H. (org.) (Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1992).
VALLE, Rubén Hernández – Costa Rica: Elecciones de 1986 (Costa Rica,
CAPEL, 1986).
VANOSSI, Jorge Reinaldo – “Legislación Electoral Argentina” in
Legislación Electoral Comparada, Vanossi et al. (Costa Rica,
CAPEL, 1988).
VIANNA, Oliveira – Problemas de Política Objetiva (São Paulo, Cia.
Editora Nacional, 1930).

133

Você também pode gostar