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CRETARIA DE ESTADO
DE
SEQUÊNCIA DIDÁTICA HÍBRIDA TERCEIRO BIMESTRE
ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO DE TEMPO INTEGRAL ESTER MAIA DE OLIVEIRA
PROFESSOR: COMPONENTE CURRICULAR: SÉRIE: TURMAS:
Déborah Carolyne Moreira de Souza Língua portuguesa 2ª A; B; C
Coordenadora CARAGA HORÁRIA PERÍODO DE EXECUÇÃO: SEMANAL
pedagógica: PREVISTA:
Adriana da 2h – com dois encontros híbridos
Silva Pessoa de 60 minuto cada

DELIMITAÇÃO TEMÁTICA
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA
1.Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e
mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social
e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de
explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
HABILIDADE DE RECOMPOSIÇÃO
(8o ano EF - EM13LP03) Comparação de opiniões e informações veiculadas em diferentes textos sobre um
mesmo assunto.
(9o ano EF - EM13LP36)
Análise dos interesses que movem o campo jornalístico, os efeitos das novas tecnologias no campo e as
condições que fazem da informação uma mercadoria, de forma a poder desenvolver uma atitude crítica
frente aos textos jornalísticos.
OBJETOS DE CONHECIMENTO
1. • Planejamento textual: seleção de informações, dados e argumentos a partir de fontes confiáveis;
2. • Textos noticiosos.

PROPOSTA DE ATIVIDADES

Aula 1 – Pós-verdade.

SITUAÇÃO 1: Ler artigo, em anexo (25 minutos)


Objetivo:
1. Ler
2. Analisar
3. Interpretar

SITUAÇÃO 2: Atividade - responder as perguntas relacionadas aos textos propostos (15 minutos)
Responder as perguntas no caderno:
1. Qual é a definição de pós-verdade de acordo com o Oxford, e como ela difere da simples ideia de tempo posterior a um
evento?
2. De que forma a pós-verdade influencia o campo político, jornalístico, judicial, econômico e a vida pessoal, conforme
mencionado no texto?
3. De acordo com Christian Dunker, como ele caracteriza o fenômeno da pós-verdade e por que ele considera que é mais
complexo do que uma simples suspensão completa de referência a fatos objetivos?
4. Segundo Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil, de que maneira o governo atual utiliza a pós-verdade, e qual é
o impacto dessa prática na busca por soluções para os problemas do país?
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SITUAÇÃO 3: Criar um mapa mental (resumo), através do texto (15 minutos)
SITUAÇÃO 4: Socialização - Enviar por email, WhatsApp ou presencial (5 minutos)

Aula 2 – Produção de peça publicitária


SITUAÇÃO 1: Escolher um aspecto específico relacionado à pós-verdade que mais chamou a atenção (por exemplo,
disseminação de fake news, uso de emoções para influenciar a opinião). (15 minutos)
SITUAÇÃO 2: Atividade de Análise e reflexão
Responda no caderno as seguintes questões sobre o tema escolhido: Como a pós-verdade é manifestada neste caso específico?
Quais são os possíveis impactos dessa manifestação de pós-verdade na sociedade?
Que estratégias poderiam ser adotadas para combater a disseminação da pós-verdade? (30 minutos)
SITUAÇÃO 3: Socialização – Enviar por email, WhatsApp (5 minutos)

INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO RECURSOS


HÍBRIDO
● Participação e cooperação com as atividades ● Tablet

propostas Ead; ● Celular


● Socialização/apresentação das ● Computador
atividades propostas, ou resoluções;
● Textos publicitários

DEVOLUTIVA DA COORDENAÇÃO
PEDAGÓGICA

Assinatura da coordenação Assinatura do(a) professor(a)

Rio Branco, AC, de de 2023


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ANEXO
Aula 1:
Pós-verdade
[...]
A explicação da palavra pós-verdade de acordo com o Oxford é de que o composto do prefixo ‘pós’ não se
refere apenas ao tempo seguinte a alguma situação ou evento – como pós-guerra, por exemplo –, mas sim
a ‘pertencer a um momento em que o conceito específico se tornou irrelevante ou não é mais importante’.
Neste caso, a verdade. Portanto, pós-verdade se refere ao momento em que a verdade já não é mais
importante como já foi.”

“Pela definição do dicionário [Oxford], pós-verdade quer dizer ‘algo que denota circunstâncias nas quais
fatos objetivos têm menos influência para definir a opinião pública do que o apelo à emoção ou crenças
pessoais’. Em outros termos: a verdade perdeu o valor. Não nos guiamos mais pelos fatos. Mas pelo que
escolhemos ou queremos acreditar que é a verdade. (...) O terreno da internet tem se revelado fértil para a
propagação de mentiras – sempre interessadas –, trincheira dos haters. Levamos tanto tempo para
estabelecer uma visão ‘científica’ dos fatos, construir a isenção do jornalista, a independência editorial e,
de repente, vemos que o debate político se dá entre ‘socos e pontapés’. A pós-verdade arrasta a política, o
jornalismo, a justiça, a economia, a nossa vida pessoal...”
“Segundo Braga (2018, p. 205), o fenômeno das fake news pode ser entendido como ‘a disseminação, por
qualquer meio de comunicação, de notícias sabidamente falsas com o intuito de atrair a atenção para
desinformar ou obter vantagem política ou econômica’. Por essa ótica, pode-se considerar que há, por
parte do(s) sujeito(s) que veicula(m) tais notícias, uma certa vontade de desinformar o seu interlocutor e
levá-lo, ao menos potencialmente, a um estado de dissuasão referente à sua disposição de espírito
anterior acerca de qualquer assunto. Em contrapartida, Christian Dunker (2017) acentua que: [...] alguns
consideram que o discurso da pós-verdade corresponde a uma suspensão completa de referência a fatos e
verificações objetivas, substituídas por opiniões tornadas verossímeis apenas à base de repetições, sem
confirmação de fontes. Penso que o fenômeno é mais complexo que isso, pois ele envolve uma
combinação calculada de observações corretas, interpretações plausíveis e fontes confiáveis em uma
mistura que é, no conjunto, absolutamente falsa e interesseira (DUNKER, 2017, p. 38). Há nesses
discursos, por assim dizer, enunciados comprovadamente verdadeiros, relação a fatos efetivamente
comprovados, interpretações plausíveis, induções verossímeis, o que confere ao fenômeno da pós-
verdade traços para além da velha mentira política.”

“O que se acentua na era da pós-verdade, entretanto, é a indisponibilidade ao diálogo entre as distintas


opiniões, pela consideração, valorativa, por certo, de já se conhecer a ‘única verdade possível’ sobre
determinada questão. Isso se dá devido à existência de um conjunto de vieses cognitivos, dentro dos quais
o viés de confirmação, a saber, a tendência em tratar, preferencialmente, as informações que confirmem
nossas crenças em detrimento das que as invalidam (BRONNER, 2013). A pós-verdade evocaria, assim,
um autoritarismo da interpretação, que impele os sujeitos a já predisporem de determinada leitura cativa
dos fatos, rejeitando o que distingue, compartilhando o que assemelha, sem maiores reflexões acerca do
que ali é informado como verdade. Há, portanto, algo de bastante retórico, não meramente pela questão da
(im)persuasão possível de ser observada nesse fenômeno, mas, sobretudo, pelo caráter retórico desde a
percepção da realidade, pelo movimento cognitivo e argumentativo de seleção do que se divulga e do que
se rejeita.”

“De acordo com Katia Maia, diretora-executiva da organização [Oxfam Brasil], ‘o governo atual se
especializou em disseminar o pós-verdade para eximir-se da responsabilidade pelos graves problemas que
o país enfrenta, e isso em nada contribui para que tenhamos as soluções necessárias’.”
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“O semanário The Economist deu a capa de sua última edição para uma interessante reportagem sobre a
política ‘pós-verdade’. Ilustra o conceito com Donald Trump afirmando que Barack Obama é o criador do
Estado Islâmico e a campanha do Brexit dizendo que a permanência do Reino Unido na União Europeia
custa US$ 470 milhões por semana aos cofres britânicos. Não é preciso mais do que alguns neurônios e
um computador para descobrir que ambas as afirmações são falsas, mas, ainda assim, elas prosperaram.”

Informações complementares:

Para o Dicionário Oxford, pós-verdade (eleita a palavra do ano de 2016 pela equipe deste dicionário) é um
adjetivo que significa ‘relacionado a ou que indica circunstâncias em que fatos objetivos são menos
influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e à crença pessoal’.

Segundo este dicionário, o vocábulo pós-verdade já existia desde a década anterior, mas houve um
aumento na frequência de uso no ano de 2016, no contexto do referendo de saída do Reino Unido da
União Europeia (Brexit) e da eleição presidencial nos Estados Unidos. E o prefixo “pós”, em pós-verdade,
não se refere a ‘tempo posterior’ mas a ‘tempo em que o conceito especificado [verdade] tornou-se sem
importância ou irrelevante’. Essa acepção parece ter se originado em meados do século XX, em formações
como pós-nacional (1945) e pós-racial (1971).

Acredita-se que a palavra pós-verdade tenha sido empregada pela primeira vez neste sentido em um
ensaio de 1992 do falecido dramaturgo sérvio-americano Steve Tesich na revista The Nation. Refletindo
sobre o escândalo Irã-Contras e a Guerra do Golfo Pérsico, Tesich lamentou que “nós, como um povo livre,
decidimos livremente que queremos viver em um mundo pós-verdade”. Há evidências de que o vocábulo
pós-verdade tenha sido usado antes do artigo de Tesich, mas aparentemente com o significado de ‘depois
que a verdade foi conhecida’, e não com o novo sentido de que a própria verdade se tornou irrelevante.

Em 2004 foi lançado o livro The Post-Truth Era, de Ralph Keyes, e em 2005 o comediante americano
Stephen Colbert popularizou uma palavra informal relacionada ao mesmo conceito: truthiness, definida
pelo Dicionário Oxford como ‘a qualidade de parecer ou ser percebido como verdade, mesmo que não seja
necessariamente verdade’. A pós-verdade estende essa noção a uma característica geral de nossa época.

https://www.academia.org.br/nossa-lingua/nova-palavra/pos-verdade
Mapa mental. Ex.:
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Aula 2 :

Jornalista britânico reflete sobre a era da pós-verdade


[...]

O jornalista britânico Matthew D’Ancona, colunista do “The Guardian”, tem o mérito de ter sido o primeiro a
lançar um livro inteiro dedicado à reflexão sobre o tema: “Pós-verdade – A nova guerra contra os fatos em
tempos de fake news” (Faro Editorial, 148 pgs. R$ 29,90). Mas ele próprio reforça algumas dúvidas sobre o
conceito com sua argumentação, ao tomar partido em disputas como o Brexit e a vitória de Donald Trump
na última eleição americana – como se a verdade estivesse de um lado (o dele) e a pós-verdade do outro
(o de quem votou em Trump e no Brexit).
Ainda assim, o livro de D’Ancona traz diversas contribuições importantes ao debate sobre a pós-verdade.
Uma de suas premissas é que o termo descreve o processo pelo qual as emoções e convicções pessoais
passam a ter mais importância que os fatos objetivos, sobretudo nas escolhas políticas. Isso é
particularmente verdadeiro no Brasil, dominado há anos por uma polarização na qual os fatos importam
pouco ou nada, atropelados que são pelas narrativas dos campos em disputa.
A pós-verdade só pode prosperar em um ambiente no qual a indignação das pessoas diante da
desonestidade e da falsidade dos políticos dá lugar à indiferença e, em seguida, à conivência. Em um
mundo no qual a mentira é percebida como regra, e não exceção, é como se todos fossem mentirosos,
mesmo quem fala a verdade. Assim, o que nos resta é escolher a mentira mais adequada aos nossos
interesses, ou aquela que nos traz mais segurança emocional. Estabelece-se, assim, uma falsa
equivalência entre todas as narrativas: um artigo de um cientista pode valer até menos que um post
viralizado nas redes sociais.
Como, diante da avalanche de notícias e opiniões que nos assaltam na mídia e nas redes sociais, ficou
cada vez mais difícil distinguir o verdadeiro do falso, o objetivo do subjetivo, nossas escolhas passam a ser
feitas com base no sentimento de conforto e adequação ao grupo social. As convicções importam mais que
os fatos; as emoções, crenças e ideologias se sobrepõem à verdade; e a reiteração de frases feitas e
palavras de ordem agressivas e debochadas substitui, no debate político, a argumentação racional fundada
no respeito ao outro e à diferença.
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Não se trata, portanto, de mentir ou falsificar os fatos, mas de assumir que a verdade tem importância cada
vez mais secundária: o que interessa é manipular e enraizar na opinião pública os valores e convicções
que nos beneficiam. É por isso que, mesmo quando são desmentidos, os militantes teimam em repetir a
sua versão dos fatos. Eles sabem que, na maioria das vezes, o enganosamente simples prevalece sobre o
honestamente complexo. Mas, à medida que esse comportamento se espalha e os fatos alternativos
ganham primazia sobre a realidade, os próprios fundamentos da democracia ficam em risco.

https://g1.globo.com/pop-arte/blog/luciano-trigo/post/2018/05/27/jornalista-britanico-reflete-sobre-a-era-da-pos-verdade.ghtml

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