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REVISÃO DA

LITERATURA
COM APOIO DE
SOFTWARE
Contribuição da
Pesquisa Qualitativa
2ª EDIÇÃO

Organizador
ANTÓNIO PEDRO COSTA

Autores
CASSIA BALDINI SOARES
LUCIMARA FORNARI
ISABEL PINHO
ANTÓNIO PEDRO COSTA
REVISÃO DA
LITERATURA
COM APOIO DE
SOFTWARE
Contribuição da
Pesquisa Qualitativa
2ª EDIÇÃO

Organizador
António Pedro Costa

Autores
Cassia Baldini Soares
Lucimara Fornari
Isabel Pinho
António Pedro Costa

SPONSORS

Congresso Ibero-Americano de
Investigação Qualitativa

www.webqda.net www.ciaiq.org www.wcqr.info


REVISÃO DA
LITERATURA
COM APOIO DE
SOFTWARE
Contribuição da
Pesquisa Qualitativa

Ficha Técnica

Título: Revisão da Literatura com Apoio de Software: Contribuição da Pesquisa Qualitativa

Organizador: António Pedro Costa

Autores: Cassia Baldini Soares, Lucimara Fornari, Isabel Pinho e António Pedro Costa

Concepção Gráfica: Fábio Freitas

Capa: Fábio Freitas e Designed by starline / Freepik

Ano: 2019

Edição: Ludomedia
Rua Centro Vidreiro, 405
São Roque
3720-626 Oliveira de Azeméis
Aveiro - PORTUGAL

Revisão: Sónia Mendes, Sandra De Pinho

Revisão Científica: António Moreira, Emiko Yoshikawa Egry, Maria Cecília de Souza Minayo e João Amado

e-mail: info@ludomedia.org · web: www.ludomedia.org-

ISBN: 978-989-54476-1-9 (Suporte Eletrónico)

2ª Edição: Abril de 2021

O conteúdo desta obra é da responsabilidade dos respectivos autores.


Editora Ludomedia

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qualitativa e métodos mistos. Tem como visão contribuir para a construção de
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pela Inovação e Qualidade. A missão da Ludomedia é favorecer o avanço de todas as
áreas em que se aplica investigação qualitativa e os métodos mistos, quer em contexto
científico, quer empresarial, através de um portfólio integrado de eventos, publicações
e serviços.

Copyright © Ludomedia
ÍNDICE
Prefácio ........................................................................................................................... 7

Apresentação ................................................................................................................. 9

1. Revisão Qualitativa da Literatura com Enfoque na Revisão Sistemática ..


..........................................................................................................................................................13
1.1. Revisões Sistemáticas de Evidência Qualitativa .................................... 13
1.2. Tipos de Revisão Sistemática da Literatura ............................................. 15
1.3. Pesquisa Qualitativa .................................................................................... 17
1.4. Referenciais Teórico-metodológicos da Investigação Qualitativa ...... 20
1.4.1. Fenomenologia ................................................................................................. 20
1.4.2. Interacionismo Simbólico ............................................................................ 21
1.4.3. Teoria Fundamentada nos Dados ............................................................... 21
1.4.4. Etnografia .........................................................................................................21
1.4.5. Etnografia Crítica .......................................................................................... 22
1.4.6. Pesquisa-ação Crítica .................................................................................. 23
1.4.7. A Pesquisa-ação Emancipatória (PAE) ....................................................... 23
1.4.8. Pesquisa Feminista ....................................................................................... 23
1.4.9. A Pesquisa Qualitativa em Saúde ............................................................... 24
1.5. Revisão sistemática de Evidência Qualitativa ......................................... 25
1.6. Protocolos de Revisão Sistemática ........................................................... 26
1.6.1. Definição da Pergunta de Revisão de Evidência Qualitativa ............... 27
1.6.2. Elaboração da Introdução: para Problematizar o Fenômeno de Interesse ... 27
1.6.3. Critérios de Inclusão e Exclusão ................................................................ 28
1.6.4. Estratégias de Busca .................................................................................... 29
1.6.5. Avaliação da Qualidade Metodológica dos Estudos .............................. 29
1.6.6. Extração de Dados ....................................................................................... 30
1.6.7. Síntese de Estudos Qualitativos ................................................................ 31
1.6.8. Meta-agregação ............................................................................................. 32
1.7. Meta-etnografia: Síntese Interpretativa de Estudos Qualitativos ...... 33
1.8. Síntese Realista ou Revisão Realista ......................................................... 34
1.9. Revisão Integrativa ......................................................................................... 35
1.10. Fatores a Reter .............................................................................................. 36

2. Ferramentas Digitais para Revisão da Literatura .................................. 39


2.1. Otimização da Revisão da Literatura por meio de Ferramentas Digitais .. 39
2.2. Potencialidades das Ferramentas Digitais na Revisão da Literatura ... 41

3. Exemplos Práticos Baseados no webQDA ............................................. 49


3.1. Trabalhar os Dados e os Metadados ......................................................... 50
3.2. Questionar os Metadados .......................................................................... 53

4. Considerações Finais .................................................................................. 59

Referências .................................................................................................................. 63
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 7

PREFÁCIO

Fazer uma revisão de literatura é o primeiro passo para desenvolver uma boa
pesquisa científica. Porém muitas vezes ouvi de pesquisadores ao meu redor
que não era possível fazer revisão de pesquisa qualitativa. E tive que buscar
referências internacionais para orientar o processo.

Por isso valorizo essa obra de autores de língua portuguesa, António, Cassia,
Lucimara e Isabel, que se preocuparam em descrever o passo a passo de como
fazer revisão de literatura de pesquisas qualitativas e que servirá de guia para
outros pesquisadores.

Muitas vezes ouvi também críticas à pesquisa qualitativa em relação à não


possibilidade de generalização dos resultados, ao número pequeno de
participantes, e ao rigor e transparência. Acredito que a falta de conhecimento
sobre as potencialidades das metodologias qualitativas para compreender a
realidade fomente essas críticas.

O volume de dados produzidos por pesquisas qualitativas é enorme e segue


crescendo, a partir de entrevistas, grupos focais, narrativas, diários de campo
descritos e analisados por pesquisadores. Por isso é fundamental incorporar
mecanismos de confiabilidade nos resultados para compreender a interpretação
dos dados realizada pelos pesquisadores.

A partir dessa obra é possível entender como os resultados de pesquisas


qualitativas, realizadas com cuidado e métodos adequados, permitem
desenvolver revisões que dão voz a indivíduos e grupos, e expõem de forma
racional fenômenos complexos, invisíveis, de intrincado significado. E, ao
agregar ou configurar esses resultados, permite realizar sínteses para orientar a
prática baseada em evidências.

Dessa forma, essa obra pode ajudar tanto pesquisadores que desejam fazer
revisões quanto aqueles com interesse em aperfeiçoar a apresentação dos
resultados de suas pesquisas qualitativas, ao conhecer os instrumentos de
análise de dados utilizados em revisões.
8 | PREFÁCIO

Eu aprendi muito sobre pesquisa qualitativa fazendo revisão. E as primeiras


revisões que eu fiz, na maior parte, foram sem a ajuda de software. Por isso,
outra potencialidade dessa obra é apresentar as funcionalidades de diversos
software que atualmente podem ser utilizados para auxiliar o desenvolvimento
de revisões, especialmente o webQDA.

O progresso da ciência depende de resultados de pesquisas quantitativas,


qualitativas e mistas. Revisões ajudam a apresentar esses resultados de
forma sistematizada e aproximar as evidências da prática. Por isso destaco
a importância dessa obra como guia para orientar e divulgar a realização de
revisões de literatura de pesquisas qualitativas.

Mariana Cabral Schveitzer


Professora Doutora do Departamento de Medicina Preventiva
Escola Paulista de Medicina - EPM
Universidade Federal de São Paulo - Unifesp
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 9

APRESENTAÇÃO

A pesquisa constitui a estratégia adotada pela ciência para a produção do


conhecimento e se inicia pela inquietação do pesquisador, intrigado com
certas questões da realidade. Iniciantes na pesquisa, em geral, percorrem
diversas etapas como a de busca por um grupo de pesquisa e orientador com
experiência na temática, a de elaboração do projeto de pesquisa e da pesquisa
propriamente dita, até à entrega do relatório final e publicação do trabalho.
Essa finalização não indica, no entanto, que o objeto deixe de ser abordado
pelo pesquisador ou por outros pesquisadores, mas indica a terminalidade do
processo, que marca respostas a algumas perguntas, ou seja, que expõe algumas
descobertas parciais sobre a realidade (Salum, Queiroz, & Soares, 1999).

A revisão da literatura é etapa fundamental nesse processo, para todos


os pesquisadores, iniciantes ou não - afeitos às metodologias qualitativas,
quantitativas ou combinadas – pois seja qual for o referencial teórico-
metodológico adotado, é necessário conhecimento daquilo que a ciência já
produziu sobre o tema. O tema inicial vai sendo gradualmente transformado
frente aos dados trazidos pelos textos científicos, sejam eles teses, dissertações
ou artigos científicos publicados em revistas com revisão por pares, entre
outras formas de divulgação. Esse processo torna mais claras e objetivas as
perguntas de pesquisa, pois, para além de evidenciar os resultados obtidos,
mostra também como pesquisas anteriores foram conduzidas, na perspectiva
teórico-metodológica, e ainda quais são as lacunas existentes e as hipóteses
ou pressupostos levantados na área (Alves-Mazzotti & Gewandsznajder, 1999;
Salum, Queiroz & Soares, 1999).

Dessa forma, as revisões da literatura são conduzidas para conhecer as


várias dimensões que conformam o objeto de pesquisa. Em nossos dias, nas
diversas áreas do conhecimento, essas revisões que problematizam o objeto de
pesquisa e apoiam os pressupostos do pesquisador mostram-se cada vez mais
organizadas, com buscas amplas em bases de dados e clareza na seleção dos
estudos, e/ou na descrição e discussão dos achados. A revisão da literatura é
indicada na pesquisa qualitativa, com certa variedade de estratégias de acordo
com a vertente metodológica, sendo apresentada logo no início, como por
10 | INTRODUÇÃO

exemplo nos estudos críticos que exploram de maneira aprofundada as teorias


e os resultados de pesquisas anteriores, ou ao final como apoio, a partir da
identificação das categorias empíricas, como é o caso dos estudos guiados pela
teoria fundamentada em dados (Creswell, 2003). Mas isso também é motivo
de debate e observa-se que, mais recentemente, pesquisadores da teoria
fundamentada em dados defendem uma abordagem dinâmica, reflexiva e
integrativa de revisão da literatura, como prática contínua ao longo de todo o
processo de pesquisa (Hussein, Kennedy & Oliver, 2017).

Verifica-se atualmente uma diversidade considerável de tipos de revisão da


literatura, com miríade de expressões sendo usadas para representar diferentes
metodologias. Na área da saúde, por exemplo, encontrou-se que a expressão
“revisão da literatura” é definida como termo genérico que pode dizer respeito
a revisar a literatura em vários graus de amplitude e compleição, com resultados
tipicamente apresentados de forma narrativa, podendo ou não incluir avaliação
da qualidade metodológica dos estudos e diversidade de formas de análise
(Grant & Booth, 2009).

Dessa forma, pode-se dizer que a expressão “revisão da literatura” se refere a


revisões tradicionais ou narrativas, de caráter não sistemático, que objetivam
analisar criticamente a produção científica sobre um tema, compreender
os rumos dessa produção, mostrando tendências, demonstrando lacunas,
levantando hipóteses ou pressupostos, ou atualizando resultados (Soares,
Hoga, & Matheus, 2014).

A pesquisa qualitativa explora a realidade microssocial através da análise de


representações, crenças, experiências e interpretações individuais ou grupais,
podendo se reportar ao macrossocial, para compreender as relações sociais e
contradições estruturais mais amplas. Dessa forma, a interlocução com textos
que não se encontram na mesma tradição metodológica e, mesmo, textos que
estão relacionados ao fenômeno, ainda que não acadêmicos, acabam sendo
fundamentais. Assim, conforme o exemplo de Deslauriers e Kérisit (2012), das
ciências sociais, não se poderia realizar pesquisa qualitativa sobre os guetos
negros dos EUA, sem conhecer os romances de Toni Morrison.

Atualmente os pesquisadores dispõem de diversas ferramentas digitais que têm


a capacidade de apoiá-los no desenvolvimento da revisão da literatura. Estas
ferramentas apresentam, como finalidade, otimizar a organização e a produção
das sínteses qualitativas, assim como diminuir o tempo destinado para a
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 11

produção de evidências científicas de qualidade. Para tanto, os pesquisadores


precisam conhecer as potencialidades e os limites das funcionalidades
apresentadas pelas ferramentas digitais, a fim de ter subsídios para escolher
aquela que melhor atenda as suas necessidades.

Neste trabalho, o enfoque será dado à revisão sistemática de evidência


qualitativa ou síntese de evidência qualitativa (Sousa, Wainwright & Soares,
2019), de que tratar-se-á a seguir. No capítulo seguinte, abordar-se-á o uso de
ferramentas digitais específicas para apoio na revisão da literatura. Por fim, no
terceiro e último capítulo, será apresentado um exemplo prático com recurso
ao software webQDA.
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 13

Capítulo 1
REVISÃO QUALITATIVA DA
LITERATURA COM ENFOQUE NA REVISÃO
SISTEMÁTICA
Cassia Baldini Soares

Este capítulo objetiva expor conceitos, elementos-chave e etapas da revisão


qualitativa da literatura, tipo de estudo cada vez mais demandado nas áreas
sociais e da saúde. Procura-se diferenciar a metodologia de revisão sistemática
qualitativa de outros tipos de revisão sistemática. Apresentam-se alguns
preceitos fundamentais da pesquisa qualitativa, bem como alguns referenciais
teórico-metodológicos qualitativos, estressando-se a organicidade entre as
várias dimensões da pesquisa. Finalmente, se destacam, entre as etapas de
desenvolvimento de revisão qualitativa, alguns elementos essenciais para a
elaboração de revisão sistemática, para proceder à avaliação da qualidade
metodológica dos estudos e para realizar a metassíntese. Neste ponto se faz uma
inflexão, para dar lugar a tipos de metassíntese provenientes de outras formas de
elaborar revisões qualitativas da literatura, que se fundamentam em propósitos
diferentes daqueles das revisões sistemáticas de evidências. Apresenta-se ainda a
revisão integrativa, utilizada amplamente na tradição qualitativa da enfermagem.

Diante do rigor das etapas, comuns em boa medida aos diversos enfoques da
revisão da literatura de caráter qualitativo, da complexidade de todo o percurso
de síntese, da necessidade de transparência do processo e da ampla e complexa
dimensão que os dados qualitativos podem tomar, se sublinha a importância de
apoio de software para organizar as etapas da revisão e os achados, de forma
a obter sínteses coerentes e robustas, que contribuam com a produção de
conhecimentos nas diversas áreas.

1.1. Revisões Sistemáticas de Evidência Qualitativa


Revisões sistemáticas da literatura nas áreas sociais e em saúde são, em nossos
dias, publicamente reconhecidas como geradoras de sínteses de evidências
para informar a tomada de decisão no âmbito das práticas e das políticas. As
14 | Capítulo 1 | REVISÃO QUALITATIVA DA LITERATURA COM ENFOQUE NA REVISÃO SISTEMÁTICA

revisões apoiam e compõem, ao lado de outras metodologias, amplo movimento


de translação do conhecimento, que objetiva promover o preenchimento das
imensas lacunas geradas pelas desigualdades sociais, lacunas existentes entre as
necessidades em saúde dos diferentes grupos sociais e a pesquisa científica feita
para dar respostas a essas necessidades, lacunas entre o evidente crescimento
da pesquisa científica e a pífia disseminação e aplicação de evidências científicas
nas práticas, e de sua adoção pelas políticas. Esses elementos estão considerados
no modelo de cuidado à saúde informado por evidência do Instituto Joanna
Briggs (JBI), que integra conceitualmente a geração, síntese, transferência e
implementação de evidências (Jordan, et al., 2019).

Evidências em saúde podem ser compreendidas como práticas que se


mostraram potentes para responder a necessidades em saúde em dada situação,
experimental ou não, e dessa forma fornecem elementos para tomada de decisão
em outras situações. Esse conjunto de respostas podem ter origem em pesquisas
científicas, advir da experiência de profissionais, fazer parte da bagagem de
especialistas, ou, ainda, constituir recomendações de instituições de reconhecida
liderança internacional na saúde. Nesse sentido, embora o movimento primeiro
em torno da aplicação de evidências nas práticas em saúde tivesse se voltado
para a eficácia das intervenções, atualmente observa-se a inclusão de vários
tipos de evidência. Nesse contexto, o JBI incentiva a síntese de vários tipos de
evidências, acentuando que o tipo de evidência necessária, para dar respostas às
necessidades em saúde, depende da finalidade da prática a ser implementada.
Assim, os tipos de evidências a serem considerados no modelo do cuidado
informado por evidência do JBI, para além da eficácia da intervenção, referem-
se também à exequibilidade, ou potencial de aplicabilidade, à adequação ao
contexto, e ao sentido que a intervenção faz para os que a vivenciam (Jordan et
al., 2019).

Sínteses de evidências estão sendo consideradas recurso indispensável para a


formulação de políticas de saúde e fortalecimento dos sistemas de saúde, e cada
vez mais os que decidem sobre políticas demandam não somente revisões da
eficácia das políticas e das intervenções, mas também evidências contextuais,
para entre tantos objetivos apoiar a implementação de uma intervenção ou para
avaliar as percepções e os pontos de vista dos interessados sobre os desafios
específicos dos sistemas de saúde (Langlois, Daniels, & Akl, 2018).
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 15

A finalidade de reunir evidências em saúde ou de compreender a melhor


evidência é também considerada fundamental para que trabalhadores de saúde
e de outras áreas de prestação de serviços, como educação e serviço social,
especialmente os que estão nos países e espaços mais periféricos do capitalismo,
possam acessar resultados de trabalhos científicos nas suas práticas sociais
(Soares, Hoga, & Matheus, 2014; Soares & Yonekura, 2011).

A observância de etapas metodológicas rigorosas, transparentes e pré-


estabelecidas em protocolos, possibilita recomendar, mais ou menos fortemente,
as evidências sintetizadas nas revisões. As revisões sistemáticas se distinguem,
portanto, de outros tipos de revisão da literatura por adotarem procedimentos
padronizados e acordados pela comunidade científica, através de centros de
excelência que oferecem suporte, guia, monitoramento, legitimação através de
revisão por pares e publicação de protocolos e relatórios de revisão (Aromataris
& Munn, 2020; Higgins & Green, 2011).

Esse tipo de estudo, conhecido como secundário, apresenta crescente


complexificação, com o desenvolvimento de expressivo e diverso conjunto
de metodologias, capazes de sintetizar evidências provenientes de estudos
primários, ou seja, estudos desenvolvidos a partir de desenhos de pesquisa
empírica, bem estabelecidos pela ciência ou, na ausência destes, outros
documentos consensuados por especialistas, entre outras evidências que possam
estar disponíveis quando uma necessidade precisa de resposta (Aromataris &
Munn, 2020).

Diante da importância dessa modalidade de estudo, que segue com representação


crescente em relação à totalidade da produção científica, a comunidade científica
vem se organizando, cada vez mais, no sentido de legitimar a diversidade de
revisões sistemáticas que estão se desenvolvendo e acordar terminologias,
metodologias para o desenvolvimento, e mecanismos de avaliação da condução
de cada uma dessas modalidades.

1.2. Tipos de Revisão Sistemática da Literatura


Encontram-se disponíveis nos centros de excelência em revisão da literatura,
como a Colaboração Cochrane, o Instituto Joanna Briggs, a Colaboração Campbell
e a Rede Evipnet, vários tipos de revisão da literatura, com guias e diretrizes
claras sobre as etapas e a utilização de instrumentos de apoio disponíveis para o
desenvolvimento de revisões sistemáticas da literatura.
16 | Capítulo 1 | REVISÃO QUALITATIVA DA LITERATURA COM ENFOQUE NA REVISÃO SISTEMÁTICA

Em função de reconhecida liderança em incorporar e valorizar diferentes tipos


de evidências para informar o cuidado em saúde, de maior completude e clareza
com relação aos vários tipos de evidência, e também da familiaridade da autora
com o material, a seguir se procurará diferenciar, de maneira breve, os tipos de
revisão sistemática, conforme normatizados pelo guia do Instituto Joanna Briggs
(Aromataris & Munn, 2020):

a. Revisão sistemática de evidência qualitativa: sintetiza achados de estudos


primários com desenhos de pesquisa e metodologias qualitativas, por meio da
meta-agregação, que entre outros tipos de metassíntese será tratada adiante
com mais detalhe (Lockwood et al., 2020);

b. Revisão sistemática de efeito: a mais tradicional, conhecida como revisão


quantitativa ou de evidência quantitativa, sintetiza as melhores evidências
provenientes de estudos sobre a eficácia de uma intervenção, com ou sem
a utilização de meta-análise, a depender da condição dos estudos primários
reunidos (Tufanaru et al., 2020);

c. Revisão de textos e opiniões (evidência não relacionada à pesquisa): usada


para complementar ou suprir ausência de evidências provenientes de
estudos primários quantitativos ou qualitativos, reúne e sintetiza opinões de
especialistas, consenso, discurso atual, comentários, suposições ou afirmações
que aparecem em vários periódicos, revistas, monografias e relatórios. Dessa
forma, toma em consideração a experiência de profissionais que estão na
prática, de especialistas na temática e de políticas implementadas. O processo
busca sistematicamente localizar as principais conclusões de textos que
representam opiniões confiáveis (McArthur et al., 2020);

d. Revisão sistemática de estudos de prevalência e incidência: orienta a síntese


de dados de prevalência e incidência, especialmente dirigida a formuladores
de políticas, na medida em que dimensionam os problemas e agravos em
saúde (Munn et al., 2020);

e. Revisão sistemática de evidências de avaliação econômica: sintetiza as


melhores evidências relativas a custos de intervenção ou custo-efetividade
(Gomersall et al., 2020);

f. Revisão sistemática de etiologia e fatores de risco: avalia a associação entre


fatores e o desenvolvimento de doença, condição, ou outro desfecho em
saúde, com sínteses que podem informar o planejamento de cuidados de
saúde (Moola et al., 2020);
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 17

g. Revisão sistemática de métodos mistos: sintetiza as melhores evidências,


provenientes de diferentes tipos de pesquisa, integrando evidências de
natureza quantitativa e qualitativa (Lizarondo et al., 2020);

h. Revisão sistemática de acurácia diagnóstica: sintetiza evidências sobre o


desempenho de testes diagnósticos. As pesquisas desse tipo usam desenhos
específicos que exigem critérios diferentes para avaliação crítica, em
comparação com outras fontes de evidência quantitativa (Campbell et al.,
2020);

i. Revisão sistemática guarda-chuva ou revisão das revisões: sintetiza os


resultados das revisões sistemáticas disponíveis, incorporando revisões de
todos os tipos (Aromataris et al., 2020);

j. Revisão de escopo: cada vez mais úteis, esses mapeamentos da literatura


descobrem lacunas nas evidências, mostram tendências, examinam problemas
emergentes, esclarecem conceitos, bem como o uso de metodologias,
mapeiam políticas, fornecem visão ampla de um campo, entre outros (Peters
at al, 2020). Esse tipo de revisão conta com a extensão PRISMA-ScR para
orientar sua elaboração (Tricco et al., 2018).

k. Revisão sistemática de propriedades de medição: é realizada para sintetizar


evidências sobre a validade, confiabilidade e responsividade de instrumentos
usados para medir desfechos (Stephenson et al., 2020).

Vale mencionar ainda as revisões rápidas indicadas na World Health Organization


e Alliance for Health Policy and Systems Research (Tricco, Langlois & Straus, 2017)
e as sínteses de evidência para políticas da Rede Evipnet (Barreto & Toma, 2016;
Brasil, 2020), metodologias de revisão voltadas principalmente para responder
demandas dos que criam e implementam políticas sociais e em saúde.

1.3. Pesquisa Qualitativa

Elaborar revisões sistemáticas que sintetizam achados de estudos primários,


com desenhos metodológicos qualitativos, exige compreender a abordagem
qualitativa. Dessa forma, neste espaço se procurará apresentar algumas vertentes
teórico-metodológicas, que fundamentam as metodologias qualitativas.
18 | Capítulo 1 | REVISÃO QUALITATIVA DA LITERATURA COM ENFOQUE NA REVISÃO SISTEMÁTICA

A pesquisa qualitativa tem suas origens nas críticas das ciências sociais à tradição
positivista em ciência, cujo modelo provém das ciências naturais, e foi introduzida
para aprofundar a natureza das relações sociais, que não se submetem a leis
deterministas e à regularidade (Minayo, 2014). A pesquisa qualitativa se vale,
como as demais investigações, da razão para verificar as características da
realidade estudada, estabelecer relações e verificar nexos (Mendes-Gonçalves,
1994). Críticos marxistas enfatizam que a utilização de métodos das ciências
naturais no mundo social acaba fotografando a realidade de maneira estática e
fragmentada, acobertando a dinamicidade que põe em evidência o quadro de
determinação e a essência do que está em estudo (Soares, Campos, & Yonekura,
2013).

A pesquisa qualitativa é realizada nas áreas de ciências humanas, sociais e da


saúde, e busca captar elementos da realidade das relações sociais, conforme elas
se apresentam historicamente, no intuito de compreender essa realidade. Assim,
caracteriza-se por estudar objetos complexos e dinâmicos, expondo ângulos
intrincados ou de pouca visibilidade. Tem como tarefa apreender aspectos da
vida social com profundidade de maneira a expor representações e ideologias.
Ela se adapta à dinamicidade das relações sociais concretamente estabelecidas,
sendo flexível e permitindo ajustes durante o seu desenvolvimento, combinando
muitas vezes dados de várias fontes e usando várias estratégias de coleta
e análise. Valoriza-se o mundo empírico, ou seja, onde, quando e como os
fenômenos se concretizam, de tal forma que fotografias vivas do campo de
estudo, ou contexto, e o mergulho no tema são fundamentais (Pires, 2012). De
acordo com Minayo & Costa (2019), a pesquisa qualitativa busca compreender a
qualidade intersubjetiva das relações sociais.

A pesquisa qualitativa está enraizada em orientações teórico-metodológicas,


que guiam as convicções e as práticas dos pesquisadores (Amado, 2017),
e conformam diferentes vertentes. Desenvolvidas a partir do final do século
XIX, essas vertentes são geralmente designadas na vasta literatura sobre
metodologias qualitativas como paradigmas (Guba, 1990), seguindo a proposição
de Kuhn (2003), tratadas como tradições por Prasad (2015), e como vertentes do
pensamento por Minayo (2014), entre outras.

Esses paradigmas, tradições de produção de conhecimento científico, ou


vertentes do pensamento se erguem no alinhamento das diversas dimensões da
produção do conhecimento científico, e, portanto, não se restringem aos métodos
adotados na pesquisa. Tais dimensões estão amplamente tratadas na literatura
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 19

científica por autores como Creswell (2003), Crotty (1998), Guba (1990), Minayo
(2014), Prasad (2015), Willis (2007), Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1999),
entre tantos. Este texto se vale da síntese de Cordeiro (2016) para, de maneira
breve, mencionar o que caracteriza essas dimensões. A dimensão ontológica diz
respeito à natureza da realidade, se ela existe por si mesma, e se é cognoscível;
a epistemológica se refere a como se pode conhecer a realidade, ou seja, de que
forma o conhecimento sobre a realidade é produzido ou, em outras palavras,
como o pesquisador pensa que o conhecimento é produzido; a teórica aborda
as explicações sobre a realidade, sistematizadas através de estudos anteriores
sobre o objeto (parte da realidade) em estudo; a metodológica expõe a conexão
entre todas as dimensões da pesquisa, mostrando o caminho a percorrer para se
apreender e expor o objeto; e a metódica trata dos procedimentos e instrumentos
para coleta e análise de dados, a partir da perspectiva teórico-metodológica
adotada, valendo-se de todos os instrumentais que podem operacionalizar a
pesquisa adequada e confiavelmente.

As diferenças da pesquisa qualitativa com a pesquisa quantitativa se referem,


portanto, às formas de conceber a realidade, às formas de construir conhecimento
sobre a realidade, bem como às formas de explicar os fenômenos da realidade e
de compreender os objetos de pesquisa. Para Amado (2017), essas diferenças
estão marcadas pelo caráter antropológico da produção do conhecimento nas
ciências humanas e sociais.

As tradições da pesquisa qualitativa mais comumente reconhecidas são a


interpretativa e a crítica, e mais recentemente se acumula conhecimento
também sobre um bloco que se pode denominar de pós, o que inclui o pós-
modernismo, o pós-estruturalismo e o pós-colonialismo (Prasad, 2015). Cada
uma dessas tradições abriga diversos conjuntos de metodologias ou referenciais
teórico-metodológicos.

A denominação crítica se reporta à teoria crítica da Escola de Frankfurt,


por vezes chamada de neo-marxismo, mas o paradigma na verdade reuniria
marxistas tradicionais, que advogam a produção de conhecimento com base
no materialismo histórico-dialético, assim como feministas, os que advogam a
pesquisa-participante, o freireanismo, entre outras (Guba, 1990; Willis, 2007).

Neste texto se utiliza de maneira geral a expressão materialismo histórico-


dialético para identificar a vertente teórico-metodológica marxista clássica,
que fundamenta o desenvolvimento de algumas metodologias qualitativas. O
20 | Capítulo 1 | REVISÃO QUALITATIVA DA LITERATURA COM ENFOQUE NA REVISÃO SISTEMÁTICA

termo integra duas expressões que são, por vezes, usadas de forma separada por
autores referidos, por exemplo, Prasad (2015) utiliza a expressão materialismo
histórico (ver capítulo 8, pp. 139-166), enquanto Agostinone-Wilson (2013)
utiliza materialismo dialético (ver introdução, pp. 1-5). Compreende-se que
a expressão identifica de forma adequada as diretrizes do arcabouço teórico-
metodológico marxista de análise da realidade, pois enfatiza ao mesmo tempo
o caráter histórico do ser social e o eixo condutor de compreensão da realidade,
o método dialético. Ambas permitem estudar fenômenos em particular, através
da compreensão de sua determinação, ou seja, sua maneira particular de se
relacionar com a totalidade social (Viana, 2007).

Se, por um lado, os enquadramentos classificatórios ajudam a mostrar tendências


paradigmáticas, por outro acabam por colocar juntas diferenças fundamentais.
De forma que, neste texto deu-se preferência à apresentação de algumas
das metodologias mais conhecidas e consagradas em pesquisa qualitativa, e
comumente utilizadas na área da saúde, procurando-se articular, na medida do
possível, aspectos das várias dimensões da pesquisa.

1.4. Referenciais Teórico-metodológicos da Investigação


Qualitativa

1.4.1. Fenomenologia
Husserl e Heidegger são referências clássicas. Ancorada na vertente
interpretativa, que se fundamenta na convicção de que a realidade existe quando
há consciência humana sobre ela, a fenomenologia defende que a realidade
está condicionada por nossas experiências (Willis, 2007), sendo socialmente
construída (Prasad, 2015). Dessa forma, a ênfase dessa metodologia está em
apreender as interpretações subjetivas sobre os fenômenos da realidade, ou
seja, compreender, em profundidade, como o mundo é representado pelos
indivíduos que experimentam os fenômenos estudados. As entrevistas abertas
e em profundidade têm a preferência para entender tais interpretações (Prasad,
2015).
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 21

1.4.2. Interacionismo Simbólico


Blumer e Mead são referências clássicas. Também filiado à vertente interpretativa,
esse referencial ancora-se em conceitos fenomenológicos, de forma que as
interpretações que cada indivíduo faz sobre a realidade são centrais na análise
interacionista. Objetos, eventos e ações só têm o significado que lhes é atribuído
por cada indivíduo, que os simboliza através da sua autoimagem. A autoimagem
seria fruto de construção social, ou seja, seria construída através da interação
com os processos de socialização. Os interacionistas simbólicos têm, portanto,
necessidade de vigilância constante sobre o que está sendo pesquisado, para
garantir que a fluidez e a natureza dinâmica do cotidiano sejam compreendidas. As
entrevistas em profundidade, com controle dos entrevistados, têm a preferência
dos interacionistas, que desejam criar teorias a partir dos dados obtidos, no lugar
de ter pressupostos a partir de teorias anteriormente construídas (Prasad, 2015;
Amado, Crusoé, & Vaz‑Rebelo, 2017).

1.4.3. Teoria Fundamentada nos Dados


Glaser e Strauss são propositores dessa construção teórico-metodológica,
sendo que Strauss se dedicou ao interacionismo antes de se voltar para a teoria
fundamentada em dados. Filiada à vertente interpretativa, apresenta também
influência positivista, no que se refere à concretude da realidade. A teoria
fundamentada em dados assemelha-se ao interacionismo simbólico, na busca por
gerar teoria a partir da vivência de certa experiência, pretendendo teorizar sobre
o que significam certos processos (Prasad, 2015). Assim, no desenvolvimento
da pesquisa, coleta e análise sistemática de dados deve culminar em teorias, de
forma que os dados, por si mesmos, definem os limites e direcionam a teorização,
sem que se recorra a teorias pré-existentes. O pesquisador pode coletar dados
em várias etapas, de forma a confirmar a teoria formulada na primeira coleta e
análise. O objetivo é construir uma teoria para cada situação (Willis, 2007).

1.4.4. Etnografia
Autores reconhecidos na literatura da área são Malinowski, Levi-Strauss e
Margaret Mead, e mais recentemente Geertz e Clifford. Também ancorada
na vertente interpretativa, essa metodologia tem suas raízes na antropologia
culturalista, que estuda a cultura em contextos nativos, preocupando-se
em apreender o modo de vida de certos grupos, visto que se defende que a
22 | Capítulo 1 | REVISÃO QUALITATIVA DA LITERATURA COM ENFOQUE NA REVISÃO SISTEMÁTICA

cultura condiciona a consciência dos grupos que vivenciam a realidade. Os


pesquisadores costumam ficar imersos intensiva e longamente no campo para
compreender o cotidiano e os símbolos culturais, com observação participante
criteriosa. Na tradição etnográfica os pesquisadores procuram compreender o
significado cultural das práticas para o grupo em foco. Por isso, a descrição dos
dados é fiel a esses contextos (Prasad, 2015). Como atividade intersubjetiva, o
pesquisador vive a experiência de se deslocar de sua realidade para se aproximar
- olhar, ouvir e escrever - da realidade dos grupos que fazem parte do campo da
pesquisa e para, finalmente, ao se distanciar novamente da realidade estudada,
produzir modelo explicativo sobre o objeto de estudo (Nakamura, 2009).

1.4.5. Etnografia Crítica

Autores como Joe Bageant e Studs Terkel são, entre outros, citados por Agostinone-
Wilson (2013), como etnógrafos dialéticos, ou seja, pesquisadores que interpretam
dados para mostrar a interdependência entre cultura e modo de reprodução social,
conforme discute a autora ao tratar da contribuição dos métodos etnográficos
para a pesquisa qualitativa na vertente crítica e particularmente no materialismo
histórico-dialético. Nessa perspectiva, Prasad (2015) se reporta à filiação do
etnógrafo Michael Burawoy a esse referencial, autor que se dedicou a estudar a
categoria processo de trabalho através da observação participante em chão de
fábrica, em Chicago, fazendo parte do trabalho em si para averiguar como e porquê
os trabalhadores deram seu consentimento ao regime gerencial das relações de
produção e quais foram as implicações disso. Essa etnografia, de acordo com
Burawoy (1998), é submetida à aplicação da ciência reflexiva por meio do método
do caso ampliado, que permite correlacionar o singular ao geral, o micro ao macro,
e o presente ao passado, antecipando o futuro, a partir de uma teoria. Esse tipo de
etnografia foi utilizado em estudo de caso que, a partir da análise dos processos
de trabalho que envolvem a enfermagem hospitalar, buscou compreender as
conexões entre a estrutura organizativa dos hospitais e a flexibilização dos vínculos
contratuais dos profissionais de saúde (Souza & Mendes, 2016). Ainda, conforme
Prasad (2015), outros autores, como David Collinson e William Thompson,
encontram-se filiados à tendência crítica de produção do conhecimento, pois
ao mesmo tempo em que apreendem as práticas no dia-a-dia do trabalho pela
proximidade dos métodos observacionais, as analisam à luz da totalidade social,
ou seja, remetendo-as ao contexto das relações sociais de classe, da formação
ideológica e das formas de controle capitalista sobre o trabalho.
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 23

1.4.6. Pesquisa-ação Crítica


Autores amplamente mencionados são Kemmis e McTaggard nesse
desenvolvimento teórico-metodológico da pesquisa-ação. A tendência crítica,
representada por diferentes autores e proposições albergadas mais comumente
sob o guarda-chuva da Escola de Frankfurt, tem Marx como referência, mais ou
menos longínqua (Prasad, 2015). As pesquisas tendem a ter como finalidade
mudanças nas relações de poder, e nesse sentido enfatizam justiça social (Willis,
2007). Emancipação nesse caso se reporta a diferenças de poder que causam
opressão e têm, como horizonte, mudanças graduais (Prasad, 2015).

1.4.7. A pesquisa-ação Emancipatória (PAE)


Autores precursores da proposição teórico-metodológica de pesquisa participativa
são Freire, Falls Borda, entre outros (Cordeiro & Soares, 2018; Cordeiro, 2016;
Cordeiro, Soares, & Rittenmeyer, 2017). Fundamentada no marxismo tradicional,
parte da diretriz de que a ciência deve produzir conhecimento sobre a realidade
para transformá-la. O conhecimento, no entanto, não é condição suficiente para
que ocorra transformação, ele deve estar articulado ao correspondente processo
prático, com necessária disposição dos participantes para torná-lo, na prática,
projeto de transformação (Soares et al., 2013). Emancipação nesse sentido se
refere à superação da falsa consciência e à luta política para superar a exploração
e alienação no trabalho, e, em última instância, pela transformação das relações
sociais capitalistas. Assim, esse tipo de pesquisa exige disposição dialógica, pois é
realizada através da interação entre pesquisadores externos, que estão “do lado de
fora” e pesquisadores internos, que vivenciam o problema analisado. A efetivação
do processo é facilitada pelas oficinas emancipatórias, instrumento educativo que
permite a compreensão e proposição da superação da realidade (Soares et al.,
2018).

1.4.8. Pesquisa Feminista


De acordo com Prasad (2015), a pesquisa feminista encontra-se incrustada na
perspectiva crítica e analisa temas como discriminação e dominação de gênero.
A literatura das primeiras feministas, como Simone de Beauvoir e Betty Friedan e
os movimentos de liberação das mulheres estão na origem da pesquisa feminista.
Caracterizada por matizes diversos, existem alguns conceitos comuns a todos,
como gênero, patriarcado e divisão sexual do trabalho. A tradição feminista radical
24 | Capítulo 1 | REVISÃO QUALITATIVA DA LITERATURA COM ENFOQUE NA REVISÃO SISTEMÁTICA

se alimenta da teoria social marxista, tendo o materialismo como referência para


compreender a exploração e a opressão das mulheres. Nessa tradição a exploração
feminina está imbricada na estrutura social geral e, em particular, nas instituições
sociais, como a família, a escola, a ciência e a mídia. É referência central ao feminismo
radical, a organização da produção social e da própria vida social, o que inclui não
somente o trabalho, mas também a criação dos filhos, a manutenção da casa
(Prasad, 2015), entre outras responsabilidades atribuídas à mulher na sociedade
de mercado. Há diversidade de escolha de métodos nos estudos feministas, a
depender dos objetivos das pesquisas. Assim, utilizam-se observação participante
e entrevistas aprofundadas ou análise de discurso. A perspectiva radical da pesquisa
feminista quer expor a natureza de gênero das práticas e políticas organizacionais,
e para isso usa entrevistas, documentos e observação. Pesquisadores nas tradições
feministas também fazem pleno uso de documentos como boletins informativos
e relatórios anuais das empresas, explorando representações de gênero (Prasad,
2015).

1.4.9. A Pesquisa Qualitativa em Saúde


É importante notar que muitos métodos, construídos originalmente para expor
objetos em uma dada vertente teórico-metodológica, podem ser utilizados
independentemente de sua filiação paradigmática, ou seja, sem que se adotem
os fundamentos teórico-metodológicos da vertente que deu origem ao método,
sendo comum que uma vertente tome métodos emprestados de outra (Willis,
2007). Por exemplo, a entrevista aprofundada é um método originário de
referenciais teórico-metodológicos orgânicos às vertentes interpretativas;
porém, um pesquisador crítico pode valer-se da entrevista aprofundada
para compreender a ideologia ou as representações cotidianas de um grupo
social sobre um dado objeto, construindo, a partir desse referencial teórico-
metodológico, sequências de perguntas que melhor exponham as convicções
do grupo pesquisado (Soares et al., 2011; Viana, 2018). Da mesma forma, da
perspectiva crítica, a pesquisa qualitativa no referencial marxista pode incluir
métodos de quantificação de certos aspectos da realidade que ajudarão a expor
o objeto na sua relação com a totalidade social (Agostinone-Wilson, 2013;
Soares et al., 2013).

O cuidado em saúde é uma área que não pode prescindir da pesquisa qualitativa,
situando-se antes de tudo no contexto da relação entre pessoas; a pesquisa em
saúde não pode prescindir de compreender a essência humana. Nesse sentido,
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 25

para compor o cuidado em saúde, é necessário sintetizar e avaliar evidências


relativas tanto às experiências e significados que situações ou problemas da
realidade social colocam para os indivíduos, quanto aos contextos culturais
que amoldam as condutas, crenças e representações de certo grupo sobre
determinado fenômeno, entre outros aspectos simbólicos e interpretativos.
Assim, compreender o significado de viver condições crônicas estigmatizantes,
por exemplo, é condição sine qua non para integrar ao cuidado elementos que
fazem parte da condição humana, como consciência, emoções, afetos, entre
tantos (Soares, Hoga, & Matheus, 2014).

Ademais, o cuidado em saúde é histórico e depende das relações concretas que


se estabelecem na sociedade, que são relações desiguais. É, portanto, necessário
incorporar ao cuidado em saúde evidências sobre a relação dialética entre a
dimensão coletiva das experiências e sua condição histórico-estrutural. Pode-se
citar, como exemplo, evidências que relacionam os desgastes dos trabalhadores
nos processos de trabalho aos aspectos estruturais da organização do trabalho
(Santos, Soares, & Campos, 2007; Soares, Souza, & Campos, 2016), o que impõe
medidas em saúde, como políticas públicas de fortalecimento dos trabalhadores,
que evidenciem os problemas advindos da exploração e alienação no trabalho,
condições sobre as quais se ergue o capitalismo (Soares et al., 2018).

1.5. Revisão Sistemática de Evidência Qualitativa


Há consenso na literatura quanto à necessidade de rigor e transparência em
todas as etapas das revisões, na medida em que esse processo as torna confiáveis
(Pearson, 2004; Soares, Hoga, & Matheus, 2014).

Assim como o Instituto Joanna Briggs, outros centros que desenvolvem sínteses
de evidência orientam as etapas de elaboração de revisão sistemática qualitativa,
como é o caso da Colaboração Cochrane, que considera que esse tipo de síntese
pode ser conduzida quando vinculada a uma revisão de eficácia, que está
sendo elaborada simultaneamente, ou que já tenha sido publicada na biblioteca
Cochrane , entre outras (Noyes et al., 2015).

Conforme Sousa, Wainwright & Soares (2019), além do âmbito dessas


organizações, inúmeras sínteses de evidências qualitativas são continuamente
produzidas e publicadas em diferentes revistas. É interessante consultar o guia
sucinto elaborado por essas autoras para orientar a condução de sínteses de
evidências qualitativas.
26 | Capítulo 1 | REVISÃO QUALITATIVA DA LITERATURA COM ENFOQUE NA REVISÃO SISTEMÁTICA

1.6. Protocolos de Revisão Sistemática


Protocolos são considerados essenciais, correspondendo a um dos primeiros
critérios de definição de uma revisão sistemática. Eles são indicados pelos
centros de revisão e considerados imprescindíveis para a publicação de revisões
nesses centros. O protocolo define os objetivos e métodos a serem utilizados na
revisão sistemática; possíveis mudanças entre ele e o relatório de revisão devem
ser justificadas (Aromataris & Munn, 2020; Higgins & Green, 2011).

Protocolos de revisão na área da saúde podem ser registrados no PROSPERO,


base de dados internacional que teve início em fevereiro de 2011, com o intuito
de aumentar a transparência de revisões sistemáticas, motivando autores a
antecipar desafios metodológicos, através do registro de revisões sistemáticas
a serem desenvolvidas nas diversas áreas relacionadas à saúde. A base inclui
registros de todo o planeta, assinalando a contribuição de mais de 100 países,
com rápido crescimento observado entre 2011 e 2017 (Page, Shamseer, &
Tricco, 2018). O registro permite que o protocolo fique disponível online (Centre
for Review and Dissemination, 2016).

Protocolos que recebem revisão por pares, rigorosa e anônima, podem ser,
dentre outros espaços, publicados em:

I. Cochrane Library: a base de dados da Colaboração Cochrane inclui protocolos


das revisões que utilizam as metodologias Cochrane.

II. Joanna Briggs Institute (JBI): o JBI também publica protocolos de revisão, que
utilizam as metodologias propostas pelo instituto, através do JBI Evidence
Synthesis.

III. Campbell Collaboration: publica protocolos e revisões sistemáticas sobre


intervenções sociais, políticas públicas em educação, justiça criminal, bem-
estar social, entre outras, das áreas concernentes à saúde pública.

Esses protocolos podem também ser publicados em várias revistas especializadas


em revisão sistemática.
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 27

1.6.1. Definição da Pergunta de Revisão de Evidência


Qualitativa
O JBI incentiva o uso do mnemônico PICo para ajudar a formular a pergunta
de revisão. O “P” se refere aos participantes e suas características relevantes
para o fenômeno de interesse; por exemplo, pacientes com câncer, pacientes no
pós-operatório, mulheres portadoras de fibromialgia, recém-nascidos internados
em UTI, lactentes recebendo imunizações, crianças em situação de rua, jovens
cumprindo medida sócio-educativa, mulheres com câncer de mama, entre tantos.
O “I” se refere ao fenômeno de interesse, relativo à experiência, percepção ou
significado de um problema de saúde próprio, de familiares, de grupos, ou ainda
com a atenção à saúde, como o trabalho em equipe, o uso de contracepção
de emergência, o aborto provocado, o consumo de tabaco, a visita domiciliar,
entre tantos. E o “Co”, que identifica elementos importantes do contexto, tanto
do ponto de vista social, como cultural, relativos ao tipo de serviço ou mesmo
do ponto de vista geográfico, como atenção primária em saúde, escolas de
ensino fundamental, centros de terapia intensiva, periferia das grandes cidades,
maternidades, favelas, entre tantos (Lockwood et al., 2020).

Tomando-se como exemplo a revisão que objetivou levantar as melhores


evidências sobre as experiências e significado compartilhado do trabalho em
equipe e colaboração interprofissional, no âmbito da Atenção Primária em Saúde,
observa-se que o P corresponde aos profissionais de saúde, o I ao trabalho em
equipe e colaboração interprofissional e o Co aos cuidados primários em saúde
(Sangaleti et al., 2017).

Preliminarmente à definição da pergunta de revisão, é importante tentar


encontrar ao menos um estudo exemplar, que trate do fenômeno de maneira
plena, com os participantes focalizados e no contexto de interesse. Ele deve
oferecer dicas valiosas para a consecução de todo o processo de revisão.

1.6.2. Elaboração da Introdução: para Problematizar o


Fenômeno de Interesse
Na introdução deve-se problematizar o objeto, apresentando a complexidade,
bem como a gravidade e a envergadura do problema, a depender do fenômeno
de interesse. É muito importante discutir resultados de revisões anteriores,
no caso de terem sido identificadas em buscas preliminares à elaboração do
protocolo. Nesse sentido, deve-se identificar as lacunas e as necessidades a
28 | Capítulo 1 | REVISÃO QUALITATIVA DA LITERATURA COM ENFOQUE NA REVISÃO SISTEMÁTICA

serem respondidas a partir dela; justificar a necessidade da revisão; deixar clara


sua finalidade, ou seja, como se espera que os resultados sejam integrados ao
cuidado em saúde; e também explicitar as definições com as quais se vai trabalhar
(Lockwood et al., 2020; Matheus, Hoga, & Soares, 2014).

A problematização não deve se restringir a estudos nacionais sobre o tema, a


menos que o fenômeno de interesse seja circunscrito de alguma forma, o que
deve ser claramente discutido, se este for o caso.

1.6.3. Critérios de Inclusão e Exclusão

Entre os critérios de inclusão, deve-se definir a conformação de cada um dos


elementos do PICo, tratando-se de especificar (Lockwood et al., 2020):

• os participantes: mostrar claramente se entre eles existem alguns a serem


excluídos e explicando a lógica dessa exclusão. Por exemplo: os participantes
podem ter sido definidos amplamente como jovens, mas excluindo-se os
que estão cumprindo medidas socioeducativas, ou os que têm diabetes tipo
1 e assim por diante.

• o fenômeno de interesse: mostrar claramente se o objeto tem variações e


se todas serão incluídas ou se há razões para excluir alguma; por exemplo, o
fenômeno de interesse pode ter sido definido como o consumo prejudicial
de drogas, mas excluindo-se o álcool.

• o contexto: mostrar claramente se o contexto é amplo ou tem alguma


especificidade; por exemplo o contexto de interesse são as instituições
sociais, mas não as que são relacionadas ao cumprimento de medidas
socioeducativas.

É também importante esclarecer se todas as metodologias qualitativas serão


incluídas e se há razões para excluir alguma delas.
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 29

1.6.4. Estratégias de Busca


Como nos demais tipos de revisão sistemática, as estratégias se referem às
bases de dados que serão utilizadas e aos termos de busca. Bases de dados
em saúde podem usar termos do Medical Subject Headings (Mesh), mas bases
muldisciplinares, como Scopus, apresentam vocabulário próprio de assunto
e, portanto, as estratégias de busca serão variadas. É importante apresentar
termos e palavras-chave relativos a todos os itens do PICo, procurando certa
especificidade. O boleano AND usado entre as palavras que representam
os elementos do PICo deve ajudar a especificar a busca, enquanto o uso do
boleano OR com os sinônimos de cada termo deve trazer mais sensibilidade. Por
exemplo, no MEDLINE, se o contexto for a atenção primária em saúde, pode-se
usar “Primary Health Care” [Mesh] OR “Family Health” [Mesh] OR “Community
Health Services” [Mesh] OR “Health Maintenance Organizations” [Mesh].

Espera-se que a busca recupere toda a literatura sobre o fenômeno de interesse,


independente do período. A delimitação do período pode ser justificada caso o
objeto seja datado. Outras estratégias para proceder à busca exaustiva da literatura
devem compor o processo, como a verificação das referências bibliográficas dos
artigos selecionados nas bases de dados; a busca em sociedades científicas
específicas; a busca de internet e bases de teses e dissertações podendo-se, se
houver necessidade de informações complementares, contatar os pesquisadores
por meio de portais e email (Matheus et al., 2014; Peters et al., 2020; Lockwood
et al., 2020). Nessa fase, a ajuda de um bibliotecário é fundamental.

O uso do Prisma - Flow Diagram (http://prisma.thetacollaborative.ca/ ) e o controle


das buscas, com data e salvamento dos estudos levantados, é recomendação
universal em revisões da literatura sejam elas sistemáticas ou não.

A seleção dos estudos levantados nas estratégias de busca passa por três etapas
iniciais, que avaliam os títulos, os resumos e o trabalho na íntegra, sempre
aquilatados por pelo menos dois revisores (Aromataris & Munn, 2020).

1.6.5. Avaliação da Qualidade Metodológica dos Estudos


Hannes (2011) chama pelo texto de Lincoln e Guba (1985) para expor a
necessidade de estabelecer a confiabilidade da pesquisa qualitativa através
de critérios. Os critérios desenvolvidos pelos autores especificamente para
pesquisas qualitativas são: credibilidade, que diz respeito à confiança no quanto os
30 | Capítulo 1 | REVISÃO QUALITATIVA DA LITERATURA COM ENFOQUE NA REVISÃO SISTEMÁTICA

resultados são verdadeiros, ou seja, o quanto a representação dos dados se ajusta


às opiniões dos participantes estudados, o que pode ser avaliado pelos excertos
das falas dos entrevistados que são trazidas pelo estudo; a transferibilidade, que
diz respeito à aplicabilidade dos resultados em outros contextos, o que pode ser
avaliado pela descrição do contexto em estudo e dos participantes trazidos pelo
estudo; a segurança, que diz respeito à consistência da pesquisa, avaliando-se a
lógica interna das decisões tomadas pelos pesquisadores; e a confirmabilidade,
ou extensão em que os resultados de um estudo são moldados pelos dados e até
que ponto a análise se pauta nos dados, o que pode ser avaliado fornecendo-se
informações sobre o pesquisador como a vertente paradigmática a que se filia,
entre outras que o localizam historicamente.

Cochrane recomenda o uso de ferramentas (checklists) de avaliação da qualidade


metodológica dos estudos primários reunidos na revisão, porém confere ao
pesquisador a decisão sobre o melhor instrumento a utilizar no contexto
da análise que está desenvolvendo. Nesse sentido, disponibiliza links para
vários instrumentos, como o do Instituto Joanna Briggs, o do EPPI-reviewer
desenvolvido pelo EPPI Centre, o Critical Appraisal Skills Programme (CASP),
entre outros. Recomenda ainda que pesquisadores com experiência limitada
à pesquisa quantitativa busquem a expertise de pesquisadores qualitativos
(Hannes, 2011).

O JBI indica ferramenta específica para avaliação da qualidade metodológica dos


estudos primários. Esta ferramenta enfatiza a verificação da congruência entre a
epistemologia, a metodologia e os métodos empregados para realizar a pesquisa
empírica, a avaliação dos elementos que situam o pesquisador por referência
à pesquisa e aos participantes, e a verificação da adequada representação dos
participantes da pesquisa e de suas vozes (Lockwood, Munn, & Porritt, 2015;
Soares, Hoga, & Matheus, 2014).

1.6.6. Extração de Dados

No caso da metodologia do JBI, a extração de resultados deve ser fidedigna


e auditável, constituindo-se processo transparente que não modifique os
achados. Todos eles devem ser acompanhados de excertos ilustrativos dos
posicionamentos dos participantes da pesquisa. Isso é importante para julgar
se o tema está bem justificado e será usado em etapa posterior quando
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 31

se gradua a evidência. Assim, a representação adequada do tema às falas


dos participantes é avaliada como inequívoca, plausível, ou inadequada
(Lockwood et al., 2020).

1.6.7. Síntese de Estudos Qualitativos

Metassíntese, expressão que remete à integração de estudos qualitativos,


alberga diferentes metodologias de síntese de pesquisa qualitativa (Thorne et
al., 2004). Como se viu anteriormente, estudos qualitativos são desenvolvidos
mediante diferentes filiações teórico-metodológicas, em função do que cada
uma delas busca descobrir; consequentemente as metodologias de sínteses de
estudos qualitativos propostas devem ser coerentes com esses referenciais. As
primeiras sínteses de estudos qualitativos em âmbito internacional vieram da
sociologia, como extensões da teoria fundamentada em dados. Já a expressão
meta-etnografia foi forjada pela educação, para sintetizar resultados de estudos
sobre aprimoramento do ensino, sendo posteriormente absorvida também pela
sociologia (Hoga, Matheus & Soares, 2014).

A ascensão do cuidado à saúde informado por evidências trouxe a adoção de


sínteses de evidências qualitativas para informar a prática e as políticas em saúde.
Nesse universo, os estudos primários incluídos na síntese são devidamente
avaliados quanto à sua qualidade metodológica, sendo a síntese produzida
a partir dessa avaliação. Trata-se, portanto, da combinação de resultados de
estudos empíricos incluídos em revisões qualitativas da literatura e pode se
restringir ou não aos resultados de estudos que compartilham a mesma diretriz
teórico-metodológica (Hoga, Matheus, & Soares, 2014).

Dentre tantas metodologias disponíveis na literatura (síntese interpretativa


crítica; síntese de teoria fundamentada em dados; meta-etnografia; meta-
interpretação; meta-estudo; meta-resumo; análise qualitativa de casos cruzados;
síntese temática; síntese realista; síntese narrativa) (Ring, et al., 2010), optou-se
neste capítulo por apresentar algumas metodologias selecionadas para a síntese
de estudos qualitativos: a meta-agregação, bastante utilizada em revisões
sistemáticas da literatura para sintetizar todos os achados; a meta-etnografia,
metodologia de síntese de natureza interpretativa; e a síntese realista que inclui
estudos qualitativos, embora não exclusivamente. Finalmente, será abordada a
revisão integrativa, conforme vem sendo utilizada na área da enfermagem.
32 | Capítulo 1 | REVISÃO QUALITATIVA DA LITERATURA COM ENFOQUE NA REVISÃO SISTEMÁTICA

1.6.8. Meta-agregação
A meta-agregação, processo de metassíntese preconizado pelo JBI, é também
indicada por outros centros de revisão de evidências em saúde, como Cochrane, e
se caracteriza pela combinação dos resultados dos estudos incluídos em revisões
sistemáticas qualitativas, quando se reúne mais de um estudo. Os achados, em
geral representados por categorias empíricas obtidas em função do método de
análise adotado nos estudos empíricos reunidos na revisão - como análise de
conteúdo e análise de discurso -, são fielmente extraídos dos estudos primários
e reunidos por similaridade. Os revisores agregam esses achados similares
em categorias por eles criadas para representar da maneira mais adequada
possível aqueles resultados. O agrupamento de categorias deve produzir uma
metassíntese. Em uma meta-agregação é possível se obter várias metassínteses
(Hoga, Matheus, & Soares, 2014; Lockwood et al., 2015).

A finalidade da meta-agregação é produzir afirmações na forma de linhas de


ação, evidências que serão graduadas de forma a serem indicadas para a prática
do cuidado em saúde. A indicação mais ou menos forte da evidência encontrada
dependerá dessa classificação, que deverá ser feita por instrumento apropriado
(Hoga, Matheus & Soares, 2014; Lockwood et al., 2015).

Dessa forma, voltando-se novamente ao exemplo da revisão de Sangaleti et al.,


(2017), que objetivou sintetizar as melhores evidências sobre as experiências e
significado compartilhado do trabalho em equipe e colaboração interprofissional,
no âmbito da atenção primária em saúde, observa-se a inclusão de 21 estudos,
dos quais se extraíram 223 achados que por sua vez foram agregados em 15
categorias, obtendo-se três (3) sínteses por meta-agregação.

Elas podem ser descritas como: práticas da equipe que são desencadeadas por
necessidades dos usuários; importância de uma filosofia de cuidado; práticas
determinadas pelo paradigma biomédico, pela divisão social do trabalho, pela
prestação de serviços na rede de referência e por formação específica sobre
trabalho em equipe, por meio da graduação e no local de trabalho (Sangaleti et
al., 2017).

Ainda que se tenha sido rigoroso em todas as etapas da revisão para chegar
a sínteses confiáveis (buscas amplas e sensíveis, número considerável de
estudos incluídos, extração de mais de duas centenas de achados), e, ainda que
os pesquisadores fossem experientes no tema e considerassem os achados
plausíveis frente à teoria já acumulada e sua adequação à realidade, a aplicação
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 33

do sistema de avaliação quanto ao grau de confiança nos achados, recomendada


pelo JBI (ConQual) (Munn et al., 2014), classificou as evidências como baixas
(low).

Os principais critérios do instrumento ConQual para avaliar o grau de confiança


da evidência baseiam-se em padrões de confiabilidade e credibilidade e se
operacionalizam pela verificação de: a) presença de informações nos estudos
primários que localizam o pesquisador ou mostram sua influência sobre a
pesquisa; e b) presença, nos estudos primários, tanto de achados considerados
plausíveis como achados considerados inequívocos. Os achados considerados
inequívocos, como o nome diz, são aqueles claramente observáveis pelos
revisores, aqueles que são acompanhados de ilustrações referentes aos discursos
dos participantes do estudo e os retratam fielmente. Já os achados considerados
plausíveis são aqueles que os revisores não consideram plenamente coerentes
com o discurso dos participantes e que não mostram clara associação, o que
demonstra limitação da análise feita no estudo primário ou da qualidade do
relatório de pesquisa publicado (Munn et al., 2014).

Outro instrumento para avaliar a confiança de achados individuais em sínteses de


evidência qualitativa foi desenvolvido por subgrupo do GRADE Working Group,
o GRADE-CERQual, e se baseia nos seguintes critérios: presença de limitações
metodológicas nos estudos qualitativos que contribuem para um achado da
revisão; relevância para a questão de revisão dos estudos que contribuem para
um achado da revisão; coerência do achado da revisão; e adequação dos dados
que apoiam o achado (Lewin et al., 2015; Lewin et al., 2018). Essa abordagem se
aplica a qualquer tipo de síntese qualitativa (Sousa, Wainwright & Soares, 2019).

1.7. Meta-etnografia: Síntese Interpretativa de Estudos Qualitativos


Trata-se de método de síntese interpretativa proposta por Noblit & Hare
(1988) e, como o nome indica, configura-se como metodologia coerente com
a etnografia, de tradição interpretativa. Baseia-se fundamentalmente em três
métodos que são utilizados para correlacionar os estudos primários: o método da
reciprocidade (análise translacional recíproca), que traduz os temas, conceitos e
metáforas de um estudo para o outro, caso os estudos sejam similares; o método
da oposição (síntese refutacional), que deve ser feito para aqueles estudos que
se contradizem, e o método na linha argumentativa , que deve ser usado para
aqueles estudos que se complementam formando uma linha de raciocínio.
34 | Capítulo 1 | REVISÃO QUALITATIVA DA LITERATURA COM ENFOQUE NA REVISÃO SISTEMÁTICA

A meta-etnografia, diferentemente da meta-agregação, resulta de interpretações


realizadas a partir dos dados das pesquisas primárias incluídas, com a finalidade
de propor teorias ou modelos compreensivos de desenvolvimento desse
conhecimento novo, que contribuam para entender o fenômeno de interesse,
extrapolando a compilação de resultados (Hoga, Matheus & Soares, 2014).

1.8. Síntese Realista ou Revisão Realista


Esse tipo de síntese é relativamente recente e combina diversos tipos de dados,
incluindo-se os provenientes de pesquisa qualitativa. Vem atender à necessidade
de subsidiar intervenções sociais complexas, com vários componentes, como as
que precisam ser adotadas no âmbito das políticas de saúde (Ring et al., 2010;
Wong, 2018; Yonekura et al., 2019).

O realismo, como filosofia da ciência, fundamenta esse tipo de síntese, o que


implicitamente leva a valorizar a compreensão dos elementos da ação concreta
dos seres humanos sobre a realidade, como produtores de mudanças nas
instituições sociais. Assim, trabalha-se com a fórmula Contexto (C) + Mecanismo
(M) = Resultado (O), ou seja, para qualquer resultado, há processos causais,
chamados de mecanismos, que só se tornam ativos em certos contextos.
Todos esses elementos precisam ser tomados em consideração quando se
deseja compreender por que, como e em que circunstâncias os programas
sociais funcionam. Assim, os revisores procuram ter teorias a priori sobre o
funcionamento de um programa, que são cotejadas com os dados reunidos
da literatura. Ao final, espera-se ter uma teoria explicativa sobre o fenômeno
particularmente estudado (Wong, 2018).

As etapas da revisão realista, a seguir, têm sentido didático, pois os processos


podem ocorrer concomitantemente: localizar teorias existentes para desenvolver
uma perspectiva teórica inicial do programa; pesquisar dados na literatura;
selecionar documentos para inclusão na revisão; fazer indagações como quais
dados são relevantes para a construção e/ou teste da teoria sobre o programa?
Os métodos usados para gerar os dados relevantes são confiáveis? Ainda, há
etapas como a de extração e organização dos dados, podendo-se usar planilha
para coletar os elementos descritivos e software de análise dos dados qualitativos;
analisar e sintetizar os dados; testar a teoria do programa, ou seja, confirmar,
refutar ou refinar a proposta inicial do programa com a finalidade de desenvolver
uma teoria mais refinada para explicar os resultados. Essa teoria teria potência
para ser transferida a outras realidades (Wong, 2018).
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 35

1.9. Revisão Integrativa


Na área da enfermagem, particularmente, é comum encontrar publicações de
revisões integrativas da literatura, adotadas principalmente por acadêmicos
de tradições qualitativas de pesquisa (Whittemore & Knafl, 2005). Elas se
caracterizam por sintetizar literatura para responder a perguntas complexas, que
se referem a diferentes ângulos de certo fenômeno da realidade, ângulos que, ou
são melhor expostos pela mensuração, ou expõem em profundidade aspectos
das relações sociais e das experiências individuais (Soares, Hoga, & Matheus,
2014).

Atente-se que a integração de achados provenientes de estudos


metodologicamente distintos depende substancialmente do conhecimento
e da experiência do pesquisador a respeito da temática de interesse. Como
processo teoricamente orientado, o pesquisador deve estar encharcado pelo
referencial teórico para proceder à análise crítica dos estudos selecionados.
Esse referencial garantirá a reunião dos achados a partir de categorias teóricas.
Consequentemente, é fundamental compreender os resultados considerando-
se as afiliações teóricas das investigações. Além de estudos empíricos, a revisão
integrativa pode agregar dados da literatura teórica ou metodológica. Todas essas
características conferem potencialidade para produzir novos conhecimentos
(Soares et al., 2014).

Revisão integrativa nessa perspectiva pode ser exemplificada, pelos objetivos


dos seguintes trabalhos: 1) compreender os objetivos e outras caraterísticas de
jogos educativos sobre drogas voltados a jovens, para verificar sua aproximação
e distanciamento da educação emancipatória e estabelecer recomendações
para seu desenvolvimento nessa perspectiva (Pasquim, Soares & Santoro,
2016); 2) explorar as estratégias governamentais e de ONGs contra o tráfico de
crianças em regiões da Ásia, que visam os determinantes sociais do tráfico de
crianças, e identificar os elementos do modelo socioecológico abordados por
essas estratégias (Gautam Poudel & Barroso, 2018) 3) sintetizar os conceitos e a
metodologia da revisão realista na área da saúde (Yonekura et al., 2019).

Em termos operacionais, os procedimentos da revisão integrativa se assemelham


aos das revisões sistemáticas e estão em contante aprimoramento. Dessa forma,
é esperado que as buscas sejam abrangentes, e que os critérios de inclusão
e exclusão sejam claros. É recomendado que os revisores componham um
instrumento de extração de dados, desenhado especialmente para transcrever
36 | Capítulo 1 | REVISÃO QUALITATIVA DA LITERATURA COM ENFOQUE NA REVISÃO SISTEMÁTICA

dos estudos primários originais aquelas categorias consideradas primordiais


para compreender as respostas às perguntas formuladas quando definidos os
objetivos da revisão. Indica-se apresentar o diagrama PRISMA para mostrar o
fluxo entre os estudos levantados e os incluídos. Espera-se ter dois grupos de
revisores para as diversas etapas de forma a ter dupla checagem das decisões
relativas à busca, seleção, extração e análise dos dados. Indica-se trazer a lista
dos estudos que foram excluídos e os motivos de exclusão, após leitura na
íntegra. E, ainda, a avaliação qualitativa dos estudos incluídos, em particular dos
estudos empíricos, que contam com diversos instrumentos para essa finalidade,
como os disponibilizados pelo Instituto Joanna Briggs (https://joannabriggs.org/
critical-appraisal-tools) (Soares, et al., 2014).

Vale notar que a análise dos dados é um fase crucial da revisão integrativa.
Whittemore & Knafl (2005) explicam detalhadamente esse processo a partir da
ordenação dos dados até a síntese que integra esses dados. As autoras sugerem
que os métodos de análise de estudos primários do tipo métodos mistos/
combinados e qualitativos são aplicáveis no contexto da revisão integrativa,
e indicam os processos de: redução, exibição visual e gráfica, e, finalmente,
comparação dos dados; o processo de comparação deve mostrar a relação entre
os dados e identificar temas.

As limitações da revisão, e as implicações para a prática e as políticas, bem como


para a pesquisa devem compor o relatório final (Whittemore & Knafl, 2005).

Por fim, é importante justificar a escolha do tipo de revisão conduzida. Com o


estabelecimento de métodos claros e rigorosos para a condução de revisões
sistemáticas qualitativas, de escopo e de métodos mistos, os pesquisadores
dispõem de opções metodológicas para a integração qualitativa de evidências
empíricas ou de natureza teórico-metodológica, a serem ponderadas diante das
perguntas que os inquietam.

1.10. Fatores a Reter


Como se pode verificar neste capítulo, desenvolver sínteses de estudos
qualitativos é um desafio que exige trabalho complexo e árduo, envolvendo
mais de um revisor, sendo desejável contar com uma equipe. O conjunto de
metodologias qualitativas em pesquisa corresponde às diversas vertentes
teórico-metodológicas de produção do conhecimento abrigadas nos amplos e
diversificados paradigmas interpretativo, crítico, e mais recentemente o pós-
moderno. Ainda que haja diversos tipos e finalidades para realizar uma revisão
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 37

qualitativa da literatura, pode-se verificar similaridades quanto à necessidade de


coerência interna, abrangência na busca de estudos, transparência e rigor nas
etapas. Diante do rigor e transparência exigidos nas etapas, da complexidade
de todo o percurso de síntese, e do amplo conjunto de dados de uma revisão
sistemática, ressalta-se a importância de apoio de software para organizar as
etapas e os achados, de forma a produzir sínteses coerentes e robustas.
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 39

Capítulo 2
FERRAMENTAS DIGITAIS
PARA REVISÃO DA LITERATURA
Lucimara Fornari e Isabel Pinho

A utilização de ferramentas digitais como apoio para o desenvolvimento de


pesquisas é uma temática emergente no campo das ciências, uma vez que
otimiza o processo de trabalho dos pesquisadores. Todavia, as potencialidades
e os limites destas ferramentas precisam ser conhecidos pelos pesquisadores,
a fim de que possam optar pelo produto que responda da melhor forma às
suas questões de pesquisa. Para tanto, esse capítulo apresenta, como objetivo
principal, abordar as principais funcionalidades das ferramentas digitais em
relação ao percurso metodológico da Revisão da Literatura.

2.1. Otimização da Revisão da Literatura por Meio de Ferramentas


Digitais
A Revisão da Literatura consiste em uma importante etapa para o
desenvolvimento de novas pesquisas, uma vez que permite verificar as
potencialidades e os limites do conhecimento a respeito de determinada
temática (Cardoso, Alarcão, & Celorico, 2010). Para tanto, os pesquisadores
precisam buscar e consultar um significativo número de estudos publicados,
com o intuito de encontrar respostas para a pergunta de pesquisa. Após a
identificação das publicações que versam sobre determinada temática, há
que fazer a seleção das consideradas relevantes. A partir da perspetiva de
Pinho e Leite (2014) é possível considerar “a revisão da literatura como uma
investigação qualitativa utilizando a técnica da análise de conteúdo” (p. 377).

Independentemente do tipo de revisão, cabe aos pesquisadores tratar e


analisar os dados provenientes das publicações, produzindo uma síntese desse
conhecimento. A síntese da investigação envolve um conjunto de métodos
responsáveis por sumarizar, integrar, combinar e comparar os resultados das
diversas publicações a respeito de um tópico específico contido na pergunta
de pesquisa (Cruzes & Dyba, 2011).
40 | Capítulo 2 | FERRAMENTAS DIGITAIS PARA REVISÃO DA LITERATURA

A síntese da investigação pode ser realizada de diversas maneiras, de acordo com


as preferências do pesquisador ou da equipe de pesquisa. Estudo realizado por
Huang e colaboradores (2018), apresentou quatro tipos de síntese: descritiva,
narrativa, temática e análise de conteúdo. Para estes autores, há fatores que
influenciam a escolha do tipo de síntese: o primeiro está relacionado à questão
de investigação que requer uma síntese qualitativa agregativa ou interpretativa;
o segundo está associado ao método de investigação das publicações; o terceiro
está ligado ao tamanho da amostra documental; e o quarto está relacionado à
experiência dos pesquisadores com o tema e o processo de trabalho da revisão.
A metassíntese é o produto de sucessivas sínteses, do resultado do debate e da
interação da equipe. Por outro lado, a Revisão da Literatura pode abarcar várias
fases que integram os diversos tipos de revisão; na primeira fase poder-se-á
realizar uma revisão exploratória ou seminal; com os resultados desta pode-
se realizar uma revisão sistemática e posteriormente uma revisão integrativa
(Pinho & Leite, 2014).

No que se refere ao tamanho da amostra documental, considera-se que o


avanço das ferramentas digitais de análise tornou possível aos pesquisadores
a utilização de um maior volume de informações científicas, adicionalmente à
capacidade de aprofundar o tratamento, a interpretação e a síntese dos dados.

Há evidência de que as ferramentas digitais de análise otimizam o processo


de elaboração das revisões, uma vez que se apoiam na organização dos dados,
e, consequentemente, no tempo de duração das pesquisas, na transparência
do percurso metodológico e no trabalho colaborativo estabelecido entre os
pesquisadores (Dixon-Woods et al., 2009).

No que diz respeito ao trabalho colaborativo, estudos ressaltam que o uso de


ferramentas digitais beneficia o processo de trabalho estabelecido entre os
membros da equipe de pesquisa geograficamente dispersos. Nesta perspectiva,
salienta-se o crescimento dos espaços virtuais de trabalho que visam agregar os
conhecimentos fornecidos por especialistas através de pesquisas multicêntricas
(Briner & Denyer, 2012; Mayordomo & Onrubia, 2015).

O presente capítulo foi elaborado a partir da experiência das autoras na


pesquisa intitulada “Systematic Literature Review with Support of Digital Tools”
(Fornari et al., 2019) e na pesquisa intitulada “Revisão da Literatura com Apoio
do Software webQDA” (Fornari, Pinho, & Costa, 2019). A primeira pesquisa
apresentou, como objetivo, conhecer as ferramentas digitais utilizadas para
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 41

o apoio da Revisão Sistemática da Literatura. A segunda pesquisa teve como


objetivo identificar as funcionalidades do software webQDA de acordo com as
etapas da Revisão da Literatura.

O capítulo irá abordar as principais funcionalidades das ferramentas digitais


específicas para revisão, que têm a capacidade de otimizar o desenvolvimento
das Revisões da Literatura de abordagem qualitativa.

2.2. Potencialidades das Ferramentas Digitais na Revisão da


Literatura
Conforme verificado no primeiro capítulo deste livro, a Revisão da Literatura
é constituída por etapas que apresentam como resultado a produção de uma
metassíntese de evidência científica. Essas etapas podem ser apoiadas e
desenvolvidas por meio de ferramentas digitais que visam otimizar o processo
de trabalho dos pesquisadores.

Na etapa de importação dos metadados, as ferramentas digitais permitem


realizar o trabalho de forma manual, por meio dos gestores de referências (tais
como EndNote, Zotero, Refworks e Mendeley) ou através da ligação direta
com determinadas bases de dados. No caso dos gestores de referências, os
utilizadores têm a possibilidade de salvar os metadados, principalmente nos
formatos de arquivo BibTeX, RIS ou XML.

A importação dos metadados, através de formatos específicos de arquivos,


facilita a inserção de grande volume de dados de forma sincronizada nas
ferramentas digitais. Também otimiza o armazenamento, a identificação e a
seleção dos metadados, principalmente quando duplicados, direcionando-os
para uma pasta específica criada pela própria ferramenta. Apesar de a verificação
de duplicidade poder ser realizada de modo automático, é aconselhável fazer
uma verificação manual, pois a semelhança entre os títulos, por exemplo, pode
não ser reconhecida durante a leitura do software.

Esta limpeza dos dados (verificação de duplicidade) é necessária, principalmente,


quando, na fase de identificação das publicações, se tenham usado vários
bancos de dados que têm diversas formas de organização dos metadados,
como, por exemplo, apresentarem variações no número de páginas, no
formato das abreviações e erros ortográficos (Soilemezi & Linceviciute, 2018;
Tsafnat et al., 2014).
42 | Capítulo 2 | FERRAMENTAS DIGITAIS PARA REVISÃO DA LITERATURA

Uma vez definido o corpus (conjunto de material bibliográfico selecionado),


torna-se necessário fazer a sua triagem, ou seja, identificar as publicações
consideradas relevantes para responder à questão de pesquisa. Se for
necessário acessar cada publicação, o trabalho apoiado pelo software garante
acesso rápido ao título e resumo dos metadados importados. Assim, a tarefa
de selecionar as publicações que serão incluídas e excluídas é rápida e fácil de
se executar. Os metadados incluídos avançam para a próxima etapa da revisão,
enquanto os excluídos são retirados do corpus.

No processo de seleção dos títulos e resumos, a tomada de decisão pela inclusão


ou exclusão da publicação é orientada por meio dos critérios de elegibilidade
definidos no protocolo de revisão. As ferramentas digitais permitem a descrição
desses critérios nas fases de pré-triagem ou triagem, com o intuito de assinalar
o motivo pelo qual a publicação foi excluída da revisão, em que pese a existência
de critérios de inclusão e exclusão previamente definidos.

O processo de revisão por pares é reforçado por meio do uso da ferramenta digital,
uma vez que a etapa de seleção envolve, na maior parte dos casos, expressivo
número de metadados. A evidência das congruências e das divergências, de
forma justificada, auxilia na validação e composição final das publicações.

Na etapa de importação dos estudos, as ferramentas digitais permitem incluir


publicações de modo integral no formato Portable Document Format (.pdf).
Assim, os utilizadores têm acesso ao conteúdo completo dos textos, bem como
às referências bibliográficas.

O protocolo deve ser preenchido antes de fazer a pesquisa nas bases de dados,
mas poderá ser objeto de alteração durante o processo de revisão. Denota-se
que as ferramentas digitais devem possibilitar a elaboração e a edição deste
protocolo em qualquer momento de pesquisa, a fim de atender as demandas
dos pesquisadores.

O protocolo de revisão permite verificar a consistência e a integridade das


publicações. Todos os itens presentes no protocolo buscam garantir que a
questão de pesquisa seja respondida de forma coerente, imparcial e apropriada
(Tsafnat et al., 2014).

As ferramentas digitais específicas para revisão possibilitam aos utilizadores


a disponibilidade do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic reviews
and Meta-Analyse) ou de diagramas, demonstrando as frequências dos estudos
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 43

selecionados em cada etapa da revisão. Estes dois tipos de figuras ilustram


o processo de trabalho realizado pelos revisores e favorecem a transparência
do percurso metodológico, pois apresentam aos leitores como as publicações
foram selecionadas para composição da síntese de evidência qualitativa.

Além disso, as ferramentas digitais específicas para revisão apoiam no processo


de verificação da qualidade das publicações por meio da criação de domínios
ou sessões, ou através da disponibilidade de instrumento para avaliação.
Os utilizadores realizam a leitura de cada publicação na íntegra, levando em
consideração determinados aspetos que indicam se o estudo apresenta ou não
relevância para composição da revisão.

Conforme apresentado no primeiro capítulo, observa-se que atualmente os


pesquisadores dispõem de instrumentos validados que buscam verificar a qualidade
das publicações, como é o caso do Critical Appraisal Skills Programme (CASP) e
do GRADE Working Group (GRADE-CERQual). Dessa forma, as ferramentas
digitais podem apresentar link de acesso, espaço para inserção dos resultados ou
disponibilizar o próprio instrumento em uma das abas de trabalho do software.

O processo de avaliação geralmente é realizado por dois revisores de forma


independente. Deste modo, as ferramentas digitais permitem estabelecer
comparações entre as ações realizadas por cada utilizador. Essa funcionalidade
beneficia a credibilidade dos resultados produzidos, na medida em que reduz o
risco de viés interpretativo.

Na etapa de extração dos resultados, as ferramentas digitais permitem


a elaboração de sumário contendo uma lista dos códigos descritivos e
interpretativos. Os códigos são criados pelos utilizadores a partir do método
e dos resultados das publicações. A ampliação desta análise acontece através
da matriz de cruzamento, que possibilita comparar ou associar as informações
codificadas, ou por meio da busca de palavras-chave, assim como verificar a
frequência de determinados conceitos no texto.

A extração dos dados na Revisão da Literatura pode ser realizada através de


formulários padronizados ou de instrumentos específicos desenvolvidos pelas
equipes de pesquisa. Essas duas formas de extração orientam os revisores sobre
os dados que deverão ser extraídos e a ausência de informações, garantindo a
consistência e a comparação dos resultados (Soilemezi & Linceviciute, 2018).
Salienta-se que os dois formatos de arquivos para extração dos dados podem
ser incorporados às ferramentas digitais.
44 | Capítulo 2 | FERRAMENTAS DIGITAIS PARA REVISÃO DA LITERATURA

Na etapa de construção das categorias para a metassíntese, as ferramentas


digitais oferecem aos utilizadores autonomia para criar, editar e excluir
informações no decorrer da revisão. Esse aspeto reforça a importância da
participação do pesquisador na elaboração da Revisão da Literatura, mesmo
quando está apoiada em um software de análise.

Na etapa de visualização da metassíntese, as ferramentas digitais permitem


representar a síntese da revisão de diferentes maneiras: tabelas, gráficos,
matrizes comparativas, diagramas e mapas conceituais. Estas representações
favorecem a ampliação da análise e interpretação da síntese, bem como
proporcionam aos leitores novas possibilidades para compreensão e
visualização dos resultados da revisão.

Na etapa de exportação dos resultados, as ferramentas digitais possibilitam a


extração de dados tratados e analisados por meio dos formatos de documento
mais comuns, como .docx, .xml e .png, para o caso das imagens.

No que se refere ao trabalho grupal, considera-se que as Revisões da


Literatura envolvem momentos de trabalho invidual e grupal. O trabalho
individual está associado a seleção e avaliação dupla cega das publicações
e dos trechos do texto codificados. O trabalho colaborativo está ligado a
discussão das informações que se mostram divergentes, a fim de alcançar o
consenso e a produção da síntese qualitativa. Dessa forma, as ferramentas
digitais permitem a rastreabilidade das ações realizadas por cada utilizador e
possibilitam espaços específicos para a formalização dos acordos.

Na Revisão da Literatura é importante a auditoria das decisões e discordâncias


entre os revisores, respeitando os critérios de elegibilidade das publicações
definidos para cada etapa do percurso metodológico. Além disso, o processo
de triagem das publicações realizado por pelo menos dois revisores diminui o
viés interpretativo e a probabilidade de perder estudos relevantes, e aumenta
o rigor metodológico (Soilemezi & Linceviciute, 2018).

Dentre outras potencialidades das ferramentas digitais para o apoio no


desenvolvimento de Revisões da Literatura, destaca-se a possibilidade de criar
notas associadas ao texto no formato .pdf, de aplicar filtros que permitem
procurar palavras e frases de acordo com a frequência no texto e o mapeamento
das palavras-chaves descritas pelos autores dos artigos selecionados.
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 45

As ferramentas digitais específicas para Revisão da Literatura foram


desenvolvidas com o intuito de atender às especificidades do percurso
metodológico. Esta secção irá apresentar as principais ferramentas,
evidenciando as suas funcionalidades de acordo com as etapas envolvidas
na Revisão da Literatura. Para melhor compreensão por parte dos leitores,
será demonstrada na Tabela 1 a comparação entre cinco tipos de ferramentas
digitais específicas para revisão: Covidence (Cochrane, 2019a), EPPI - Review
(EPPI-Centre, 2019), JBI Sumari - System for the Unified Management,
Assessment and Review of Information (The Joanna Briggs Institute, 2019),
RevMan - Review Manager (Cochrane, 2019b), StArt - State of the Art through
Systematic Review (Lapes-UFSCAR, 2019).

Tabela 1 - Caracterização das ferramentas digitais específicas para revisão e principais etapas da
Revisão da Literatura.

Covidence EPPI-Reviewer JBI Sumari RevMan StArt


Formato do arquivo:
RIS.
Formato do Bases de
arquivo: RIS, CSV Manual Formato do
dados:
ou XML. arquivo: RIS.
Formato do Scopus e
Gestor de referência arquivo: XML. Web of
Gestor de Gestor de Science.
Importação das
referência Bases de dados: referência
referências
PubMed, ERIC e Identifica
Identifica psycINFO. automati-
Bases de dados:
automaticamente camente
PubMed e
referências referências
Identifica MEDLINE.
duplicadas. duplicadas.
automaticamente
referências
duplicadas.

Opções: incluir,
Opções: incluído e excluir e deletar.
excluído. Opções: incluído,
excluído, Opções:
Triagem do título Opções: sim, não e Na exclusão aguardando incluir e
e resumo talvez. Na exclusão permite permite ao classificação ou em excluir.
ao utilizador escrever utilizador andamento.
justificativa. escrever
justificativa.

Possibilita
Possibilita
Possibilita adicionar Possibilita adicionar
adicionar texto Possibilita adicionar
Importação dos texto na íntegra adicionar o texto texto na
na íntegra em o texto na íntegra
estudos em .pdf salvo no na íntegra em íntegra em
.pdf salvo no em HTML.
computador. HTML. .pdf salvo no
computador.
computador.
46 | Capítulo 2 | FERRAMENTAS DIGITAIS PARA REVISÃO DA LITERATURA

Covidence EPPI-Reviewer JBI Sumari RevMan StArt


Gestão do
projeto de
acordo com o
tipo de revisão. Campo
específico
Gestão dos para
critérios de Campo
inserção do
inclusão e exclusão Gestão dos critérios específico para Gestão do projeto
protocolo na
Protocolo de dos textos de de inclusão e inserção do por meio de
íntegra.
revisão modo flexível. exclusão dos textos protocolo na protocolo de
de modo flexível. íntegra. pesquisa externo.

Apresenta as
etapas da revisão
com espaço para
inserção das
informações.

Permite a
classificação dos
Apresenta secção estudos.
Permite criar específica para
domínios de avaliação da Permite a
avaliação. qualidade das Fornece classificação dos
publicações. protocolo de estudos.
Avaliação da avaliação da Permite a
qualidade dos Permite comparar qualidade de classificação
estudos os estudos Permite revisão dupla cada arquivo. Fornece protocolo dos estudos.
com resultados cega de todas as de avaliação da
contraditórios etapas da revisão, qualidade de cada
em relação aos com possibilidade Permite revisão arquivo.
revisores. de comparação dos dupla cega, com
estudos. possibilidade de
comparação dos
estudos.

Fornece diagrama
com as etapas e o Permite tra-
número de artigos Não fornece balhar com
selecionados. fluxograma Fornece diagrama. fluxograma
Fluxograma das específico para Tem duas opções: da revisão,
Fornece o PRISMA
etapas de seleção identificação baseado no modelo mas parece
automaticamente. O diagrama ilustra o
dos estudos do número PRISMA ou no estar em
fluxo de trabalho e de estudos modelo em branco. desenvolvi-
o número de artigos selecionados. mento nesta
correspondentes a área.
cada etapa.

Os artigos na íntegra
possuem o mesmo
Sumário processo de triagem
previamente da etapa dos títulos e
definido. resumos.

Cada item Apresenta triagem


específica para A
(identificação, Permite marcação
a extração dos Dividido em itens codificação
método, do texto e
dados (descrição com campos parece ser
Extração dos população, atribuição de notas.
da intervenção, abertos para ainda muito
resultados intervenção e
plano e processo de preenchimento limitada
resultado) tem
medida, qualidade manual. e pouco
caixa de texto
da avaliação flexível.
aberta para
preenchimento dos resultados,
manual. dados/efetividade
dos resultados,
classificação
dos resultados,
informação
contextual).

Permite
Permite construção Permite construção
Construção de Preenchimento do Permite construção
das categorias construção das das
categorias para a sumário para cada das categorias de
analíticas e categorias de categorias
metassíntese texto selecionado. forma manual.
descritivas. forma manual. de forma
manual.
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 47

Covidence EPPI-Reviewer JBI Sumari RevMan StArt


Permite criar
Permite visualizar sínteses dos Permite fazer
através de tabelas e resultados. a síntese dos
gráficos de diferentes Permite
Apresentação por resultados através apresentar
formatos. de tabelas.
Visualização da meio de matriz Permite criar os
metassíntese formada pelos diagrama com resultados
itens do sumário. Ilumina no texto o todas as etapas por meio de
trecho codificado da revisão. redes.
de acordo com a
categoria.

Permite exportar
resumo, texto na
íntegra, textos
incluídos, excluídos Permite exportar
e irrelevantes. qualquer sessão
Exporta dados em Extração de
Exportação dos preenchida pelo
Word ou Excel. formato CSV e dados para
resultados A exportação é utilizador da
Excel. gráficos.
realizada por meio ferramenta no
dos gestores de formato .docx.
referência, do
Excel, CSC ou
RevMan.

Na abertura do
projeto permite
convidar outro Permite o
revisor. trabalho
colaborativo
Permite o trabalho entre os
Através do
colaborativo revisores. A
histórico é possível Permite
Trabalho entre os revisores, ferramenta Permite trabalho
identificar as ações trabalho co-
colaborativo identificando as requer a colaborativo.
de cada revisor. laborativo.
etapas realizadas por indicação de
cada um no projeto. dois revisores
Os revisores da como critério
pesquisa têm local para abertura do
específico para projeto.
discussão dos
consensos.

Permite atribuir
notas.

Permite recuperação
de códigos.
Permite atribuir
notas. Apresenta
Permite realizar
buscas de acordo as etapas Permite atribuir
Dispõe de filtro com item da triagem. sequencialmente notas.
Permite
para busca dos dispostas no identificar
artigos. software. Permite construção agrupa-
Pesquisa de palavras-
chave. de gráficos. mentos de
Outros
Busca por palavras Permite a criação referências e
no título e resumo. de diagrama a Pesquisa de navegar por
Permite criar
partir da meta- palavras-chave. esta estru-
matrizes com
Pesquisa de agregação. tura.
a informação
palavras-chave. dos códigos,
possibilitando
comparar as
metassínteses
através de colunas.

Permite a construção
de diagramas.

Fonte: Autoras, São Paulo e Aveiro; 2019. Revisado e atualizado em 2020.


REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 49

Capítulo 3
EXEMPLOS PRÁTICOS
BASEADOS NO webQDA
António Pedro Costa

O webQDA é um software direcionado a investigadores que necessitem de


analisar dados qualitativos, individual ou colaborativamente, de forma síncrona
ou assíncrona, em diversos contextos. O webQDA segue o desenho estrutural
e teórico de outros programas disponíveis no mercado, diferenciando-se destes
pela intuitividade e versatilidade, para apoiar diferentes tipos de investigação.
Com o webQDA, o pesquisador pode editar, visualizar, interligar e organizar
documentos. Simultaneamente, pode criar categorias, codificar, controlar,
filtrar, procurar e questionar os dados com o objetivo de responder às questões
que emergem na sua investigação.

Souza, Costa e Moreira (2010; 2011) explicam que cada projeto no webQDA
pode ser configurado de acordo com as necessidades do investigador, ou seja, o
software não se direciona para um tipo específico de desenho de investigação.
É importante compreender os elementos que organizam a sua lógica de
funcionamento, para orientar a organização, considerando os quatro sistemas
que o constituem: o Sistema de Fontes, o Sistema de Codificação, o Sistema de
Questionamento e o Sistema de Gestão. Além de compreender essas quatro
áreas, nesta fase é relevante que o pesquisador possa organizar previamente
os seus metadados, exportá-los, importá-los para o webQDA, identificar as
dimensões de análise, entre outros.

No contexto da Revisão da Literatura, as funcionalidades definidas neste


capítulo partiram de um estudo que tinha como objetivo identificar, comparar
e sintetizar as diversas tarefas para realizar uma revisão da literatura (Fornari
et al., 2019); posteriormente, foi realizado um estudo onde se apresentou
a implementação de novas funcionalidades específicas para apoio à revisão
da literatura, no software webQDA, recorrendo a processos iterativos e
incrementais (Fornari et al., 2019).
50 | Capítulo 3 | EXEMPLOS PRÁTICOS BASEADOS NO webQDA

Na continuidade dos casos apresentados no livro “Análise de Conteúdo


Suportado por Software” (Costa & Amado, 2018) e no livro “Técnicas que
Fazem Uso da Palavra, do Olhar e da Empatia: Pesquisa Qualitativa em Ação”
(Minayo & Costa, 2019) apresenta-se, aqui, exemplos práticos que liguem os
pressupostos teóricos (técnicas e métodos) com a exploração de ferramentas
digitais, como é o caso do software webQDA (Costa, Moreira, & Souza, 2019).

Como recurso exemplificativo usar-se-á um projeto fictício designado “Revisão


Sistemática de Literatura”. Neste projeto, foram importados metadados
diretamente do Mendeley.

3.1. Trabalhar os Dados e os Metadados


A inserção/importação dos metadados no Sistema de Fontes constitui a
primeira ação do pesquisador com o webQDA (por exemplo: texto, imagem,
vídeo e/ou áudio). Esta área pode ser organizada de acordo com a necessidade
do investigador e dos tipos de documentos. Neste exemplo, o trabalho inicial
do investigador passa por exportar os metadados diretamente das Bases de
Dados ou de Gestores de Referências Bibliográficas (ver Figura 1).

Figura 1 – Organização e Exportação dos metadados a partir do Gestor de Referências


Bibliográficas
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 51

A importação dos metadados para o webQDA pode ser realizada em três tipos
de formato: BibTeX (*.bib); XML (*.xml) ou RIS (*.ris) – Research Information
Systems. Esta importação tem de ser realizada através das Notas (Carregar
Metadados), funcionalidade que está inserida dentro das Anotações no Sistema
Fontes. A importação é realizada para uma pasta designada por “Revisão de
Literatura” e, quando aberta, pode ser consultada a informação referente a
cada publicação (Figura 2).

Figura 2 – Exemplo da importação de metadados


52 | Capítulo 3 | EXEMPLOS PRÁTICOS BASEADOS NO webQDA

A partir das leituras dos metadados o investigador pode decidir se necessita


de importar o texto integralmente. Nesse caso, poderá fazê-lo importando o
arquivo no formato pdf. diretamente para as Fontes Internas e, caso pretenda,
associar como “Nota” o metadado respetivo.

Nota: destaque-se que quando os metadados são importados diretamente


das bases de dados, como, por exemplo, Scopus ou Web of Science (Figura 3),
será conveniente que se realize um filtro dos atributos (ano, autores, palavras-
chave, tipo de publicação, resumo, entre outros) a importar de acordo com o
número de metadados, de forma a que o processamento seja célere.

Figura 3 – Scopus e Web of Science


REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 53

Quando os metadados são importados, o webQDA cria automaticamente


uma pasta nos Descritores (Sistema de Codificação) e, mediante a seleção
do utilizador, classifica-os por Tipo de Publicação, Ano, Autor e Palavras-
Chave (Figura 4). Além disso, o webQDA identifica e guarda numa pasta os
metadados duplicados. Também é possível definir quais serão utilizados na
revisão (incluídos) e quais não serão necessários (excluídos) apesar de terem
sido importados.

Figura 4 – Criação automática de Descritores através da importação de metadados

Uma das principais potencialidades do webQDA, ao permitir analisar os


metadados, é o cruzamento do referencial teórico com o que foi recolhido e
analisado empiricamente.

3.2. Questionar os Metadados


O webQDA tem diversas ferramentas para apoiar o processo de questionamento
e de pesquisa de respostas. Essas ferramentas permitem efetuar pesquisas, nos
dados, que não seriam viáveis, ou, até mesmo possíveis, sem tais recursos. Não
dão respostas diretas às perguntas do utilizador, mas oferecem um conjunto
de indicadores que o auxiliam a construí-las. Uma das vantagens do uso do
webQDA é que permite voltar e refazer parte do processo, com o intuito de
melhorar a validade interna da análise.
54 | Capítulo 3 | EXEMPLOS PRÁTICOS BASEADOS NO webQDA

O Sistema de Questionamento disponibiliza as seguintes ferramentas para


auxiliar o pesquisador a questionar os dados: 1) Palavras mais Frequentes, 2)
Pesquisa de Texto, 3) Matrizes e 4) Pesquisa de Código. No exemplo, pode-
se iniciar a indagação dos dados a partir do cruzamento das codificações
descritivas. No questionamento, o utilizador poderá indagar os dados, usando
operadores boleanos, como por exemplo ||E||intersecção, ||OU|| reunião, e
||NÃO|| exclusão. Além disso, no questionamento aos dados, o utilizador
pode filtrar de que Fontes ou de que Códigos pretende visualizar resultados.
Exemplos de perguntas que podem ser formuladas aos dados:

1. O que é que está codificado simultaneamente na “categoria 1” e na


“categoria 2”? – Aqui se utiliza o operador intersecção ||E|| e neste tipo de
pergunta é comum utilizar-se a funcionalidade “Matrizes”. Também poderia
ser utilizada a funcionalidade “Pesquisa de Código”.

2. O que é que está codificado na “categoria 1” que não faz parte da “categoria
2”? – Aqui é utilizado o operador exclusão ||NÃO|| e neste tipo de pergunta
é comum o uso da funcionalidade “Matrizes”. Também poderia ser utilizada
a funcionalidade “Pesquisa de Código”.

3. Qual a relação das categorias 1 e 2 com as minhas categorias descritivas


(Atributos)? – Aqui é utilizado o operador intersecção ||E|| e neste tipo de
pergunta é comum ser usada a funcionalidade “Matrizes”.

4. Combinando as categorias 1 e 2 para obter uma terceira, qual a sua relação


com uma quarta categoria? – Aqui é utilizado o operador intersecção ||E||
e neste tipo de pergunta é comum ser usada a funcionalidade “Pesquisa
de Código”.

A seguir, serão apresentados alguns exemplos para o uso das diferentes


funcionalidades. A pesquisa de “Palavras mais Frequentes” e a “Pesquisa de
Texto” são duas funcionalidades que podem ser usadas em qualquer fase
da análise de dados. No caso dos metadados importados, quando definido
à partida que existem categorias emergentes, pode-se, através da leitura
dos dados, usar a pesquisa de “Palavras mais Frequentes” para identificar os
termos mais usados nos títulos e nos resumos. O resultado de uma pesquisa
de “Palavras mais Frequentes” é uma lista de palavras (número de repetições
e número de carateres). Esta lista pode ser visualizada em forma de Nuvem
de Palavras (ver figura 5), ser exportada para uma folha de cálculo ou para um
documento pdf.
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 55

Figura 5 – Pesquisa das 20 palavras mais frequentes nos metadados importados

A “Pesquisa de Texto” é um complemento à funcionalidade anterior, em que


o pesquisador pode procurar determinadas palavras, famílias de palavras
ou expressões. Por exemplo, se pretender saber quais os metadados que se
referiram, no decorrer das suas entrevistas, às palavras Literature e Review,
deve inserir nos termos de pesquisa as duas palavras e o respetivo operador
boleano: Literature ||E|| Review (Figura 6).

Figura 6 – Resultado da Pesquisa de Texto “Literature ||E|| Review”


56 | Capítulo 3 | EXEMPLOS PRÁTICOS BASEADOS NO webQDA

O resultado da Pesquisa de Texto pode ser guardado num código previamente


criado e selecionado pelo investigador. Também é possível visualizar o resultado
através de um gráfico de barras e de um mapa circular (Figura 7).

Figura 7 – Visualização do resultado da Pesquisa de Texto através de um gráfico de barras e de


um mapa circular

A partir do resultado da Pesquisa de Texto o investigador pode verificar o número


de ocorrências, por exemplo de determinadas palavras-chave, nos resumos ou
nos artigos importados na íntegra. O questionamento que se deve formular
para estruturar o desenvolvimento das Matrizes é uma das mais importantes
e versáteis ferramentas de que o utilizador dispõe no webQDA. Contudo, a
exploração desta funcionalidade por parte dos pesquisadores ainda está aquém
das suas potencialidades (Costa, 2018). No nosso exemplo, podemos inicialmente
cruzar apenas codificações descritivas que foram criadas automaticamente
aquando da importação dos metadados. No exemplo de questão, “O número
por tipo de publicações varia significativamente por ano de publicação?” (Figura
8), usamos os seguintes Descritores: Ano e Tipo de Publicação. Dependendo
do tipo de perguntas que podem ser realizadas aos dados codificados existe
a possibilidade de, na opção `Relação´, selecionar um dos três operadores
booleanos: E, OU, NÃO. Nesta opção, é possível estabelecer a relação entre os
vários critérios suscetíveis de serem selecionados. Nas `Linhas´ e `Colunas´ da
matriz podem ser selecionadas opções dos Sistemas de Fontes e de Codificação.
O separador `Restrições´ é comumente utilizado nas matrizes “triplas”. A matriz
base é bidimensional, em que existe um cruzamento de Linhas com Colunas. As
Restrições permitem acrescentar pelo menos mais uma variável.
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 57

Figura 8 – Criação de uma matriz baseada numa pergunta norteadora

O resultado inicial de uma matriz é numérico. Contudo, quando o utilizador clica


na célula, tem acesso às respetivas referências. Este cruzamento, dependendo
do operador boleano, pode ser uma expressão, uma palavra proveniente de duas
referências com uma mancha de texto maior. O utilizador também pode visualizar
as relações e resultados através da geração de um mapa conceptual (figura 9).

Figura 9 – Mapa conceptual gerado através de uma Matriz


58 | Capítulo 3 | EXEMPLOS PRÁTICOS BASEADOS NO webQDA

Tal como nas ferramentas de questionamento até agora descritas, a Pesquisa


de Código é uma funcionalidade que auxilia o utilizador a encontrar indícios
que o ajudem a construir uma resposta para as suas perguntas de prospeção
da codificação, com vista a responder às questões de investigação. O grau de
aprofundamento da análise de dados leva a que alguns pesquisadores consigam
perceber que, cruzando dois códigos (por exemplo, duas categorias), obtêm um
novo código. No webQDA, esta ação é realizada através da funcionalidade Pesquisa
de Código. O resultado da Pesquisa de Código é equivalente a uma célula de uma
matriz com suas referências abertas num documento. Este resultado pode ser
gravado nos Códigos Livres e, a partir daí, ser cruzado com códigos já existentes.

De forma similar aos livros anteriores (Costa & Amado, 2018; Minayo &
Costa, 2019), não pretendemos alongar-nos sobre o que é possível realizar
com o auxílio do software webQDA. O objetivo principal foi o de apresentar
alguns exemplos sobre como explorar as funcionalidades da ferramenta, sem
esquecer os referenciais teóricos que serviram e servem de base ao processo de
investigação. Desta forma, sobre revisão de literatura recomendamos a leitura
do artigo “Literature Review with Support of Digital Tools” (Fornari et al., 2019)
e o artigo “Revisão da Literatura com Apoio do Software webQDA” (Fornari,
Pinho, & Costa, 2019). Aos leitores interessados nos estudos realizados nos
últimos 5 anos em torno do webQDA, listam-se algumas publicações: 1) (Auto)
Aprendizagem (Freitas et al., 2018; Freitas et al., 2016; Freitas et al., 2017a;
Freitas et al., 2017b); 2) Usabilidade e Experiência de Utilizador (Costa et
al., 2017; 2018); 3) Métodos Visuais (Rodrigues & Costa, 2017); 4) Estudos
comparativos (Andrade et al., 2019; Reis, Costa, & Souza, 2016; Rodrigues,
Costa, & Moreira, 2019); 5) Investigação/Trabalho Colaborativo (Costa, 2016;
Costa, Souza, & Souza, 2016; Costa & Costa, 2017).
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 59

Capítulo 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS

No capítulo 1, discutiu-se que a tradicional revisão da literatura, que


problematiza o objeto de estudo e justifica os caminhos escolhidos para o
desenvolvimento da pesquisa, pode ser definida, também, como metodologia
de pesquisa. As metodologias de revisão da literatura variam nas diversas áreas
e têm-se aprimorado, conforme se avolumam os estudos primários, e conforme
se necessita fazer conexão crítica entre eles, de forma a dar saltos qualitativos
na produção de conhecimento. Revisões qualitativas sintetizam resultados
de pesquisas primárias qualitativas, que hoje representam um contingente
expressivo do que é produzido em áreas que necessitam das metodologias
qualitativas, para ampliar e adensar o conhecimento sobre processos dinâmicos
que envolvem a realidade.

No capítulo 2, os leitores conheceram as principais ferramentas digitais


específicas para Revisão da Literatura, bem como suas funcionalidades que
permitem otimizar o desenvolvimento do percurso metodológico dos diferentes
tipos de revisões. Observou-se que as ferramentas digitas específicas facilitam
principalmente as etapas de elaboração do protocolo de revisão e seleção
dos estudos. Neste sentido, salienta-se que o ideal, para os pesquisadores,
é escolher um software que possibilite a implementação da maior parte das
etapas previstas para a elaboração das revisões, como, por exemplo, desde a
elaboração do protocolo de revisão até à síntese dos estudos qualitativos.

Nunca é demais realçar que o utilizador é o ente ou personagem principal na


exploração das funcionalidades do software. Se, por um lado, o software deve
estar focalizado numa melhoria contínua do serviço prestado, por outro lado é o
utilizador que vai realizar esse serviço, e a sua perceção sobre essa experiência
vai condicionar os resultados obtidos. A escolha do software deve levar em
conta o investimento em tempo da sua aprendizagem, a sua facilidade de uso
e a sua ubiquidade em diversas plataformas. A possibilidade de um trabalho
colaborativo transparente, organizado e controlado deve também ser um dos
critérios a levar em conta nessa tomada de decisão, tal como é demonstrado
nos exemplos práticos do capítulo 3.
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 61

NOTAS BIOGRÁFICAS

António Pedro Costa  é um dos investigadores do software de


apoio à análise qualitativa webQDA (www.webqda.net), área em
que tem publicados, em co-autoria, diversos artigos em congressos
nacionais e internacionais e revistas, bem como capítulos de livros.
Leciona unidades curriculares de metodologias de investigação. É
o Coordenador do Congresso Ibero-Americano em Investigação
Qualitativa (www.ciaiq.org) e da World Conference on Qualitative Research (www.wcqr.
info). Foi editor convidado de diversas edições especiais sobre Investigação Qualitativa,
destacando-se a co-organização de alguns livros intitulados “Computer Supported
Qualitative Research” publicados pela editora Springer. É investigador do Centro
de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF),
Departamento de Educação e de Psicologia, da Universidade de Aveiro e colaborador do
Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência de Computadores (LIACC), da Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto. As suas áreas de interesse contemplam a Investigação
Qualitativa e Métodos Mistos, com ênfase no estudo de métodos, técnicas de recolha
e análise de dados para implementação no software webQDA. Complementarmente,
tem realizado estudos neste campo sobre representação e visualização de dados, ética,
tomada de decisão, satisfação de clientes/utilizadores, entre outros.

Cassia Baldini Soares - Graduada em Enfermagem pela Universidade


de São Paulo, Mestre em Saúde Pública pela Universidade de Illinois,
em Chicago, Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo.
Líder do Grupo de Pesquisa Fortalecimento e desgaste no trabalho
e na vida: bases para intervenção em Saúde Coletiva. Membro do
Centro Brasileiro para o Cuidado à Saúde Informado por Evidências:
Centro de Excelência do Instituto Joanna Briggs - JBI Brasil, do qual foi diretora entre 2011
e 2016. Editora Associada da Revista da Escola de Enfermagem da Universidade de São
Paulo (REEUSP). Aposentada, foi professora do Departamento de Enfermagem em Saúde
Coletiva da Escola de Enfermagem da USP de 1997 a 2021 (http://orcid.org/0000-0002-
8457-3775).

Isabel Pinho - Graduada em Geografia pela Universidade do Porto;


Mestre em Gestão da Informação; Mestre em Gestão Pública e
Doutora em Gestão pela Universidade de Aveiro (Portugal). Com
Pos-Doc em Educação Superior pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (Brasil) e Membro do grupo de pesquisa InoVaval;
62 | NOTAS BIOGRÁFICAS

Membro do Centro de Investigação em Governança, Competitividade e Políticas Públicas;


Colaboradora do CIPES e membro do Latin American Studies Association. Com
experiência empresarial na área de gestão de empresas e experiência académica em
investigação qualitativa em temas nas áreas de gestão do conhecimento, redes de
pesquisa, avaliação da pesquisa, avaliação da aprendizagem entre outros; participa na
equipe do software webQDA. (https://orcid.org/0000-0003-1714-8979).

Lucimara Fabiana Fornari - Graduada em Enfermagem pela


Universidade Estadual do Centro-Oeste/Paraná (2010). Mestre em
Enfermagem pela Universidade Federal do Paraná (2014). Doutora
em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação Interunidades de
Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
(USP). Membro do grupo de pesquisa Gênero, Saúde e Enfermagem
(USP). Tem experiência na área de Enfermagem, atuando principalmente nos seguintes
temas: pesquisa qualitativa, violência de gênero, cuidado de enfermagem e tecnologias
educativas. Atualmente participa como colaboradora na equipe do software webQDA
(https://orcid.org/0000-0002-8655-6549).
REVISÃO DA LITERATURA COM APOIO DE SOFTWARE | 63

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