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TEORIA DA BUROCRACIA:

características e disfunções
Jéssica da Silva Rosa
Universidade Federal do Rio Grande doSul

WEBER, Max. Burocracia: Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan,


1982. 530 páginas.

A Teoria da Burocracia surgiu na década de 1940, escrita pelo filósofo alemão Max Weber.
Essa teoria surgiu principalmente pela fragilidade das teorias anteriores, como a Teoria Clássica e
a Teoria das Relações Modernas, pois havia uma necessidade de uma abordagem mais global,
que olhasse a administração como um todo, não em partes. Para Weber, a burocracia funciona de
acordos com alguns princípios:
I – Rege o príncipio de áreas de jurisdição fixas e oficiais, ordenadas de acordo com
regulamentos, ou seja, por leis ou normas administrativas. II – As atividades regulares
necessárias aos objetivos da estrutura governada burocraticamente são distribuídas de forma
fixa como deveres oficiais. III – A autoridade de dar as ordens necessárias à execução
desses deveres oficiais se distribui de forma estável, sendo rigorosamente delimitada pelas
normas relacionadas com os meios de coerção, físicos, sacerdotais ou outros, que possam
ser colocados à disposição dos funcionários ou autoridades.  IV- Tomam-se medidas
metódicas para a realização regular e contínua desses deveres e para a execução dos
direitos correspondentes; somente as pessoas que tem qualificações previstas por um
regulamento geral são empregadas. (WEBER, 1982, p. 229)
A burocracia é a organização mais característica da sociedade moderna democrática e das
grandes empresas. Podemos dizer que a burocracia é uma maneira de organização humana que
tem como primórdio tudo ser realizado de maneira racional, ou seja, na criação de regulações que
tem como base os objetivos planejados, a fim de se certificar que se haja máxima eficiência para o
alcance das metas propostas. A obediência não é a alguma pessoa, mas a um conjunto de regras
e normas legais que são definidos. Ela foi criada com o intuito de resolver a ineficiência das
organizações, mas em vários pontos podemos achar falhas nessa Teoria.
De forma resumida, podemos citar algumas características da burocracia. A primeira
característica é o caráter legal que engloba as normas e regulamentos, a legislação própria,
abrangência em todas as áreas e principalmente o fato de tentar prever tudo que pode acontecer.
A segunda característica é o caráter formal, que diz respeito às comunicações serem escritas,
tudo é registrado, existem rotinas e formulários. A terceira característica é o caráter racional, ou
seja, existe uma divisão de trabalho, uma busca de eficiência com adequação dos meios aos fins.
Os cargos são bem definidos e suas responsabilidades também. A quarta característica é a
impessoalidade. As tarefas são definidas de acordo com cada cargo, ou seja, podem mudar as
pessoas, mas as tarefas são pertencentes ao cargo. A quinta característica é a hierarquia de
autoridade. Cada cargo tem a sua posição, há uma definição de chefias e regras que regem o que
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cada um faz.
Nessas descrições de características já conseguimos ver como há falhas que na época
Weber ignorou. A questão levantada para o debate de que a burocracia é o meio mais eficiente de
dominação das massas e que acaba desumanizando pessoas é real. Para Weber a burocracia
"tem um caráter 'racional': regras, meios, fins e objetivos dominam sua posição" (WEBER, 1982, p.
282). Ou seja, as pessoas acabam se modelando totalmente a ponto de atender o que está
ordenado pelas regras, pela sua chefia e pelo que a organização busca. A inflexibilidade domina,
pois para quem vive em um meio burocrático, não há exceções, para elas apenas há regras e elas
devem ser seguidas de maneira rigorosa.

Para Max Weber era necessário um padrão de organização racional que conseguisse
prever e também descrever todo e qualquer tipo de situação que pudesse ocorrer, e também
prever e descrever o comportamento das pessoas perante situações, e esse modelo sendo
possível utilizar em qualquer tipo de organização humana, inclusive empresas. Para essa Teoria,
a pessoa pode receber uma remuneração para agir e se comportar de acordo com as regras da
empresa previamente estabelecidas, a qual deve ser cumprida com exatidão e em hipótese
alguma permitindo que as emoções interfiram no seu desempenho. Para ele, "O cumprimento
"objetivo" das tarefas significa, primordialmente, um cumprimento de tarefas segundo regras
calculáveis e sem relação com pessoas” (WEBER, 1982. p. 250). Os seres humanos são as
pessoas mais maleáveis, mais espontâneas, e essa Teoria barra totalmente a autonomia de cada
pessoa poder ter um olhar mais específico de cada situação dentro de uma organização, e isso
com certeza traz prejuízos a longo prazo, pois acaba gerando insatisfação do cliente e
reclamações devido a tamanha inflexibilidade, sendo que muitas vezes o ideal seria olhar cada
caso com exclusividade, dar a devida atenção, não apenas em seguir regras e protocolos.

Referências

WEBER, Max. Burocracia: Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan,


1982. 530 páginas.

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