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ISSN 0100-7750

Novembro , 1985

NÚMERO 16

Epidemiologia e Controle de
Helmintos Gastrintestinais em
Bovinos de Corte nos Cerrados
2? Edição

DA AGRICULTURA - MA
. ')esqu isa Agropecuária - EM B RAPA
e Gado de Corte - CN PGC
IS SN 01 00-77 50
Cir cular Técn ica , 16 Nov emb r o , 1985

EPIDEMIOLOGIA E CONTROLE DE HELMINTOS GASTRINTESTINAIS


EM BOVINOS DE CORTE NOS CERRADOS
2";1 edição

Ivo Bianchin
Hermano J. H.de Melo

(õ)
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA - MA

~~
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-EMBRAPA
Cen',o N,eion,' de Pe,qui" de G,do de Co,'e -CNPGC
Campo Grande, MS
Exemplares desta publicação podem s e r solicitado s ao :
CNPGC
Rodovia BR 262, km 4
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João Camilo Milagres - Presidente
Fernando Paim Costa - Secretário Executivo
Antonio do Nascimento Rosa
Arthur da Silva Mariante
Jairo Mendes Vieira
José Marques da Silva
Jurandir Pereira de Oliveira
Maria Regina Jorge Soares
Raul Henrique Kessler

Editoração: Arthur da Silva Mariante


Datilografia: Eurípedes Valério Bittencourt
Desenho: Paulo Roberto Duarte Paes

BIANCHIN, I. & MELO, H.J.H.de. Epidemiologia e


controle de helmintos gastrintestinais em bo-
vinos de corte nos cerrados. 2~ ed. Campo
Grande, EMBRAPA-CNPGC, 1985. 60p. (EMBRAPA-
CNPGC. Circular Técnica, 16).

1. Bovinos de corte - Helmintoses - Epidemio-


logia. 2. Bovinos de corte - Helmintoses - Com-
trole. I. Melo, H.J.H.de, colab. 11. Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro Na-
cional de Pesquisa de Gado de Corte, Campo Gran-
de, MS. 111. Título. IV. Série.
CDD 636.089696

© EMBRAPA 1985
SUMARIO

pág.

RESUMO .................•.•.............•.•........ 5

ABSTRACT ••.........•.•.•.•..•......•...•.....••... 5

IIJTRODUÇÃO .......•..•..•...••.......•••.••.•.... 7

2 HiSTÓRiCO....................................... 8

3 LOCALIZAÇÃO E CLIMA............................. 9

4 PREVALENCIA DAS ESP~CIES . ... .••.. .•. .•.... ••..•. 9

5 CICLO EVOLUTIVO . . . .. . . . . . , . . . .. .. .. .. .. . .. . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 9

6 LARVAS NA PASTAGEM.............................. 14

7 DADOS DE OVOS POR GRAMA DE FEZES (OPG) ••........ 19

8 VARIAÇÃO DAS POPULAÇÕES DE HELMINTOS NOS ANIMAIS. 27

8.1 Dinâmica natural de inf~cções por nematódeos


em bezerros.................................................................. 27

8.2 Desmame precoce e nível de parasitismo. ..... 30

8.3 Helmintos em bezerros a partir da desmama... 30

8.4 Hipobiose 35

8.5 Interação 35
SUMARIO (Cont.)
pág .

9 CONTROLE DOS HELMINTOS .................... ..... 38


9.1 Dosificaçao estratégica em bezerros a partir
da de smama ................................. 38

9.2 Dosificação estratégica em novilhas ........ 42

9.3 Uso de anti-helmínticos em animais confina- 47


dos

9.4 Dosificação com sal medicado. ....... ... .. .. 54

9.5 Limitaç~es do controle estratégico .. ..... . .. 55


9.5.1 Modificaç~es cl imãticas que ocorrem
per i od i camente 55

9.5.2 Necessidade de concil iar com o manejo


geral da propriedade ........ . ........ 55

9.5.3 Efeitos a médio prazo ................ 56

10 REFERtNCIAS BIBLIOGRAFICAS ..................... 56


EPIDEMIOLOGIA E CONTROLE DE HELMINTOS GASTRINTESTINAIS
EM BOVINOS DE CORTE NOS CERRADOS

"
I v o Blanc h"l n 1 e Herman o J.H. d e Me I o 2

RESUMO - Apr e s enta-s e uma r e Vls ao dos co nh ec ime ntos so-


bre a e pidemi o lo g ia e co ntrol e de h e lmi nt os ga str i nt es t i -
nais em bovinos de c ort e na r egi ã o de ce rr a do . Os t ópic o s
discutidos inc luem as prevalênci as da s e sp éc i e s, ci c l o
evolutivo, larvas infect a nt es nas pa s t age ns, dad o s de ov os
por grama de fezes (OPG), dinâmi c a das populaç õe s de he l-
mintos, hipobiose, interação , dosi f i caç ões es tr a t ég icas e
uso de anti-helmínticos em anima is em confin ame nto.

EPIDEMIOLOGY AND CONTROL OF BEEF CATHE GASTRINTESTINAL


HELMINlHS IN lHE CERRADO REGION

ABSTRACT - This paper is a review of the actual


knowledgement of the epidemiolo gy and c ontrol o f the beef
cattle gastrintestinal helminth of the cerrado re g i on.
The discussion includes the prevalent spe c ies, li fe
cicIe, infective larvae on the pasture, e gg s pe r gram o E
feces (EPG), dinamics of helminth populati ons, hyp obiosis,
interactions, strategic drenches, and the use of
antihelmintics in feed lots.

lMéd. Vet., M.Sc. Pesquisador da EMBRAPA-CNPGC


2 -
Med. Vet., M.Sc. Professor da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul.

5
EPIDEMIOLOGIA E CONTROLE DE HELMINTOS GASTRINTESTINAIS
~ BOVINOS DE CORTE NOS CERRADOS

INTRODUÇÃO
A produção de carne e l ei t e no Brasil n ao tem alcançado
expansão equiparável à de outros setores da Agricultura,
do Comércio e da Indústria. As principais razões técnicas
desse bai xo desempenho residem nas flutuações estacionais
da produção das pastagens, no inefici e nte controle sani-
tário e no potencia l genético e repr od utivo do rebanho.
Apesar de não se poder quantificar com exatidão as per-
das econômicas ocasionadas pelos helmintos, sabe-se que
dentro da Saúde Animal eles são uma das principais cau-
sas do baixo desempenho animal Os efeitos dos helmintos
sobre os animais são os mais variados e dependem do grau
de infecção. Quando as infecções são maciças pod e m c ausar
grande mortalidade e, nesse caso,as perdas econômicas po-
dem ser melhor quantificadas. No entanto, em criações de
bovinos de corte, no Brasil Central, a mortalidade não é
a mais importante e sim a morbidade. Esse caráter crônico
de infecção se faz notar, principalmente, pelo baixo ín-
dice de crescimento dos animais, retardando o abate, e é
ma~s difícil de ser avaliado economicamente com exatidão.

Há evidências de que os helmintos são extremamente ~m­


portantes. Eles são muito adaptados aos hospedeiros e tam-
bém ao meio ambiente. E se quisermos efetuar sobre eles
controle estratégico eficiente e econômico, teremos que
observar com muito cuidado seus ciclos evolutivos, a di-
nâmica populacional na pastagem e no animal, hipobiose,
interações, emprego de anti-helmínticos e manejo (Bian-
chin 1979).
O presente trabalho visa reunir as informações disponí-
veis sobre epidemiologia e controle de helmintos gastrin-
testinais em bovinos de corte na região de Mato Grosso do
Sul, que podem ser transportados para a região de cerrado
do Brasil Central ou outras regiões com características
climáticas semelhantes.

7
2 HIST6RICO

1927 - Travassos e Muniz excursionaram ao pantanal do Ma-


-
to Grosso e descreveram um grande número de espe -
cies de helmintos de animais domésticos e s c lv a -
ge ns.

1941 - Pereira e Almeida fizeram observaç~es sobre he l-


mio tose hovina no Estado de Mato Grosso.

1971 .- Pim.entel Neto e Souza, juntamente com té cni cos de


outr~s instituiç~es do Estado, fiz e ram um levanta-
mento helmintológico em 54 municípios, realizando
186 visitas, 7.440 coletas de fezes e 55 ne c róp-
sias. Neste levantamento, foram encontradas as se-
guintes espécies e gêneros de nematóides de bovi-
nos: Haemonchus similis , Ha emonchus contor t us , Co-
oper,:a pectinata , Cooperia puncta ta , Bun os tol77W7l
ph le botol77W7l , Oesophagostomum radiatum, Trichuris
~p. e Dictyocaulus viviparus .

1971 - Grisi e Nuernberg utilizaram o material coletado


per Pime~tel Neto e Souza (1971) e publicaram os
~ e gtJ intes dados sobre incidência de nemat ói des gas-
trintestinais de bovinos no Estado de Mato Grosso:
Coq 1e ria spp. (C. punctata e C. pectinata) - 61,5 %
Haemonchus spp. (H. similis e H. contortus) - 53,8%
Oesophagos tol77W7l radiatum - 26,1%
8ur:.o.gtomum ph lebotol77W7l - 23,0 %
Trichu ris discolor 7,67,
Tri chostrongylus axei 6,1%

1972 - Ini c iado trabalho sobre Epidemiologia e Controle


de helmintose bovina na antiga Estação Experimen-
ta] do IPEAO-MT e continua no Centro Nacional de
PC: .f!lI i S8. de Gado de Corte (CNPGC), criado em 1975
01; 1 () 1977c).

8
3 LOCALIZAÇAo E CLIMA
o CNPGC está localizado no km 354 da BR 262 (antigo km
4) no trecho Campo Grande-Aquidauana, a 10 kmdocentro da
capital do Estado de Mato Grosso do Sul; longitude de
0 0
54 40W e latitude de 20 28S.
Campo Grande apresenta clima que tem como característica
fundamental a má distribuição das chuvas, freqüentes e
pesadas no período chuvoso (outubro a abril) e escassas e
leves no período seco (maio a setembro). Na Fig. 1 são
apresentados os dados da média de precipitação e tempera-
tura de um período de dez anos (1973 a 1982). Segundo a
classificação de Koppen, o clima é considerado subtipo AW
(clima tropical de savana). A temperatura média dos meses
mais frios está acima dos 18°C e nos meses mais quentes
0
a temperatura média mensal está em torno de 25 C.

4 PREVALtNCIA DAS ESPtCIES

A prevalência relativa das diferentes espeCles de nema-


tódeos gastrintestinais, conforme achados de necrópsias
de animais a partir da desmama, é mostrada na Fig. 2.
As espécies de nematódeos mais comumente observadas são:
Coope~ia spp. (c. punctata e C. pectinata) - 71%; Haemon-
chus spp. (H. similis e H. cont o ~tus) - 20%; T~ichos t ~o n­
gylus axei - 4%; Oesophagostomum ~adiatum - 4%; Bunos t o-
mum phlebot omum- 1%; Strongyloides papil lo sus que ocorre
em animais do nascimento até os 5-6 meses de idade. In-
fecções por T~ichuris discolo~ e Dictyocaulus vivipa ~u s
são esporádicas (Melo & Bianchin 1977; Melo et aI. 1978a).

5 CICLO EVOLUTIVO

o conhecimento dos ciclos evolutivos dos helmintos,


aliado cem as interrelações entre parasita, hospedeiro e

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FIG . 1. Pre ci pitaçã o pluvi omét ric a e t emperat ura s maXl ma


e mín i ma, mé dias mensais de um período de de z
a nos, d e 19 73 a 198 2 .

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FIG. 2. Prevalência relativa dos diferentes gêneros de


nematódeos gastrintestinais de bezerros zebus,
conforme achados de necrópsia (COOP = Cooperia
spp; HAEM = Haemonchus spp; TRICH = Trichos-
trongylus sp; OES = Oesophagostomum sp; BUN =
Bunostosmun sp).

11
meio ambiente, constituem fatores essenClalS para que se
programe um esquema de controle.
Dos helmintos comumente encontrados na reglao, o H. si-
milis era a única espécie cujo ciclo evolutivo e patoge-
nia não havia sido descrito. Em razão de ser este helmin-
to de grande importância na região e ter uma prevalência
de 80% em relação às outras espécies de Haemonc hus , foi
estudado o ciclo parasitário e alguns aspectos da patoge-
nia deste nematódeo.
Para reprodução experimental do ciclo, foram inoculados
artificialmente quatorze bezerros Nelore (6-7 meses de
idade) com 10.000 larvas infectantes. Após a inoculação,
os bezerros foram necropsiados um a um e os resultados
estão contidos na Tabela 1.
A dinâmica de infecção foi a seguinte: 3&/48 horas, lar-
vas de terceiro estádio (L3) desembainhadas; 76 horas,lar-
vas em quarto estádio inicial (L4I); 89 dia, larvas em
quarto estádio final (L4F); 189 dia, larvas em quinto es-
tádio (Ls); e 289 dia, helmintos adultos. O período pré-
patente foi de 27 a 28 dias. A congestão da mucosa do
abomaso foi marcante até o 139 dia, enquanto que o edema
aumentou gradativamente até a última necrópsia. Recupe-
rou-se maior quantidade de formas imaturas (L3 e L4I) na
digestão da mucosa até o 59 dia, indicando uma fase his-
totrófica curta. Foi observado que o H. simi l is tem um
ciclo parasitário semelhante ao do H. placei, mas difere
do H. contortus no que diz respeito ao período pré-paten-
te e à evolução de alguns estádios (Bianchin et aI. 1981).
Quanto às lesões microscópicas do abomaso, foram dis-
cretas e inconstantes nos primeiros dias de infecção,tor-
nando-se mais evidentes e constantes posteriormente. O
padrão geral de alterações foi constituído de microfocos
linfocitários na lâmina própria, ou pela dispersão de
linfócitos, neutrófilos e eosinófilos neste tecido (Bian-
chin et aI. 1980).

12
TABELA 1 . Medidas do comprimento total de acordo com grau
de desenvolvimento, e percentagem dos estádios
evolutivos do H. similis encontrados à ne cró psia.

Necrópsia Amplitude x + s Estádio %

Horas ~ ~

36 551,1 a 709,8 637,9 + 38, 1 L 3/100


48 582,4 a 728,0 626,1 + 40,1 L3/100
76 855,4 a 1164,8 971,9 + 78,9 L41/100
Dias
05 9 11 , 1 a 1410,5 1191,9 + 154,5 L .. 1/100
08 1528,8 a 2693,6 a 2202,2 + 248,4 L .. 1/30
L.. 1/70
mm mm
cf 2,3 a 3,5 3,0 + 0,3
10 ~ + L.. F/l00
2,6 a 4, 1 3,5 0,4
cf 2,9 a 4,6 3,8 + 0,4
13 ~ + L.. F/l00
4,2 a 5, 1 4,6 0,3
cf 3, 1 a 4,6 3,9 + 0,4 L4F/80
15 ~ 4,5 a 5 , 5a 5,0 + 0,3 L5/ 20
cf 5,4 a 7,6 6,3 + 0,5
18 ~ + L5/100
6,0 a 9, 1 7,8 0,7
cf 6,6 a 8,9 7,7 + 0,6
21 + L5/100
~ 8,0 a 11 ,8 9,7 0,9
cf 6,9 a 9,7 8,2 + 0,8
24 L5/100
~ 8,0 a 11 , 7 la, 1 + 0,9
28
cf 9, 1 a 11 , 1 la, 1 + 0,5 L5/100
~ 11 ,7 a 15 , 3a 13,8 + 0,9 A/90

a Medidas correspondentes ao estádio de ma~or percentagem


L3 = Larva de terceiro estádio
L.. 1 = Larva de quarto estádio inicial
L.. F = Larva de quarto estádio final
L5 = Larva de quinto estádio ou adulto imaturo
A = Adulto

13
6 LARVAS NA PASTAGEM
Existem ~pocas do an o em qu e as co ndiç ;es de me i o ambi -
ente sio favor ~v ei s pa ra o d ese nvo lvime nt o e m i g r aç~u d e
larvas infectant e s de n ema t ôdeo s gas trint es tinais na s
pastag e ns. Em c on se q~ ~ n c i a ~ o bs e rv a da uma Elu t uaçio es -
tacionaI no número de l a r vas e nco ntr a das n as pastage ns .
O conhe c iment o da ~ p oca do a no em qu e as l a r vas oco rr em
em maior ou menor nume r o nas pas t age n s co n s t i tu i um dado
essencial para o ent e ndime nt o da dini mi ca po pu l ac i o na l
desses parasitos em det e rmin a da r eg i io e no es t a b e l ec ime n -
to de medidas ad e qu a da s pa r a se u co ntr o l e es tr a t ég i co .
-
A recuperaçio de larva s nas pa s t age n s fo i fe it a d e tre s
maneiras: 1) usando-se a nima is tr açado r es ; 2) co l e t a ma -
nual em zigue-zague; e 3) em par ce la s ex pe r i men t ais.
Utilizando-se animais tra ça do r es , o núme r o de he lmint os
recuperados em 1975/76 e sti o co ntido s na F ig . 3 .
Durante a estaçio s eca de 1976, a po pul ação d e l a r vas
infectantes recuperadas da pasta ge m e m z l g ue - zag ue es t ao
contidas na Fi g . 4.
O número de larvas r e cup e radas da s parc e l as ex pe rlln e n-
tais durante o período de 81/82 e 8 2/ 8 3 es t ão co nl id (ls nas
Figs. 5 e 6, respectivame nte.
Observa-se que, qualqu e r que s e ja o mét odo empr egad o
para a recuperação de larvas inf e ctantes das pas ta ge n s , o s
resultados são seme lhantes. Os estudo s sug e r em uma es-
treita relação do número de larvas r e cuperadas c om a pre-
cipitação pluviométrica. Isto é, em estações se cas nor-
mais, de maio a setembro, a quantidade de larvas recup e-
radas das pastagens é reduzid a , enquanto qu e nas estaç ões
chuvosas o número é grande. Quando as condições clim~ti­
cas no chamado período seco não são muito adversas, um
certo número de larvas infectantes de nematódeos gastrin-
testinais de bovinos, especialmente Coope~ia spp., estao
presentes na pastagem (Melo 1977a; Me l o c t aI. 1978c)
Bianchin & Gomes 1982b).

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FIG. 3. Número de helmintos encontrados à necrópsia de


bezerros zebus traçadores e precipitação plu-
viométrica no período de maio de 1975 a abril
de 1976.

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Jun . Jul. AQo. 5ot.

Meses

FIG. 4. Número de larvas infestantes de nematóides gas-


trintestinais de bovinos, recuperadas das pasta-
gens, durante a estação seca em Zona de Cerrado
do Sul de Mato Grosso, com as respe c tivas tempe-
raturas máxima e mínima e precipitação pluviomé-
trica durante o período de estudo (1976).

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FIG. 5. N~mero de larvas recuperadas das par ce las e pr eci -


pitação pluvi o métrica e médias de temperaturas má-
xima e mínima no p e ríodo de março/81 a março/82.
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FIG. 6. Número de larvas recuperadas das parcelas, preci-


pitação pluviométrica e médias de temperaturas ma-
xima e mínima no período de abril/82 a maio/83.

18
7 DADOS DE OVOS POR GRAMA DE FEZES (OPG)
Os dados de ovos por grama d e fezes (OPG) de bezerros
Nelore naturalmente infectados e sem sofrerem qualquer me-
dicação, do d es mame até os 24 meses de idade, nos dife-
rent es períodos estudados e s tão contidos nas Figs. 7,8 e 9.
Foram observados dois ápices de produção de ovos: um no
início da estação chuvosa (setembro-outubro) que corres-
ponderia basicamente ao "Spring-Rise" dos ovinos em re-
giões d e clima frio, isto é, início do período favorável
para o desenvolvimento e migração das larvas infectantes
nas pastagens, tanto por uma maior produção de ovos pelas
fêmeas adultas como pela maturação das formas hipobióti-
cas; e o segundo em janeiro-fevereiro (ápice da estaçao
chuvosa), devido à ingestão de um grande número de larvas
nas pastagens em outubro-novembro-dezembro, larvas estas
resultantes do desenvolvimento de ovos depositados no
início da estação chuvosa (Melo & Bianchin 1977).
- dosi-
As médias de OPG entre novilhas dosificadas e nao
ficadas nas lotações de 1,0; 1,4 e 1,75 U.A/ha durante a
estação seca de 1980, 1981 e 1982 são mostradas nas Figs.
10, 11 e 12, respectivamente.
Observa-se que em 1980 (Fig. 10), logo após o pique de
OPG de julho, o mesmo baixa bastante em agosto e torna a
crescer em outubro. As médias de OPG de 1981 e 1982(Figs.
11 e 12) foram semelhantes às observadas em 1980, porém o
último pique ocorreu em setembro. Por outro lado, os re-
sultados mostram o efeito do vermífugo, diminuindo o OPG
(Bianchin & Gomes 1982a).
Observação sobre "Pos-Parturient Rise" foi realizada em
dez vacas de primeira cria, doze vacas de segunda cria e
doze vacas de terceira cria. Os dados de OPG de duas co-
letas, u~ mês antes ~o parto, na semana do parto e a cada
semana pos-parto estao contidas na Fig. 13.
Observa-se um aumento após a primeira e segunda semana
pós-parto. As conseqüências epidemiológicas advindas à
contaminação das pastagens nesta época poderão ser signi-
ficativas.

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FIG. 7. Média de OPG de Strongyloidea de bezerros zebus


desmamados e criados extensivamente em area de
cerrado sem medicação ant i-helmínt ica e precipi-
tação pluviométrica, no período de novembro de
1972 a dezembro de 1973.

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M e se s

FIG. 8. Média de OPG de Strongyloidea de bezerros zebus


desmamados, criados extensivamente em área de
cerrado, sem medicação anti-helmíntica e preC1-
pitação pluviométrica durante o ano de 1974.

21
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"ai Jun JIII ... Set Out _ Del ... F.v lotar AIIr YIIi
75 76
M e se.

FIG. 9. Média de OPG de Strongyloidea de bezerros zebus


desmamados, criados extensivamente em área de
cerrado, sem medicação anti-helmíntica e preci-
pitação pluviométrica, no período de ma~o de
1975 a maio de 1976.

22
Lotação 1.0
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M e 5 e 5

FIG. 10. Média de OPG de novilhos Nelore dosificados (D)


e não dosificados (ND) em Brachiaria decumbens
cv. Basilisk nas lotações, 1,0, 1,4 e 1,75 U.A/ha
durante a estação seca de 1980.

23
L o t a C õo 1.0
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Mai Jun Jul Ago SeI Oul

Me 5 e s

FIG. 11. Média de OPG de novilhas Nelore dosificados (D)


e não dosificados (ND) em Brachiaria decw.'1bena
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cv. Basilisk nas lotações, 1,0, 1,4 e 1,75 V.AI
ha, durante a estação seca de 1981.

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Moi Jun .lU 1 Aoo Set Out

M e 5 e 5

FIG. 12. Média de OPG de novilhas Nelore dosificadas (D)


e não dosificadas (ND) em Brachiaria decumbens
cv. Basilisk nas lotações, 1,0, 1,4e 1,75U.A/ha,
durante a estação seca de 1982.

25
Vacoa de Ir cria

250 lIOcal de 2!' c ri a

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Semanas

FIG. 13. Média de OPG de Strongyloidea de vacas zebus de


1~, 2~ e 3~ cria, duas semanas antes e oito se-
manas pós-parto, durante o ano de 1980.

26
8 VARIAÇAO DAS POPULAÇOES DE HELMINTOS NOS ANIMAIS
A espécie e número de helmintos pr~sentes nos anlmalS
são influenciados por vários fatores, tais como: idade,
sexo, raça, hipobiose, interação, auto-cura, resistência
e meio ambiente.

8.1 Dinâmica natural de infecções por nematódeos em be-


zerros

Fizeram-se estudos com o objetivo de conhecer o


curso natural de infecções por nematódeos gastrintesti-
nais em bezerros criados em condições extensivas, do nas-
cimento ao desmame. Na Fig. 14 são mostradas as análises
das coproculturas dos bezerros. Pode-se verificar que a
seqüência de gêneros nas coproculturas foi a seguinte: no
início, predominaram as larvas de Strongyloides spp.; a
partir de janeiro, quando a maioria dos animais estava em
torno dos três meses de idade, as larvas de Cooperia spp.
passaram a predominar; a partir de dezembro, as larvas de
Strongyloides sp. diminuíram, começando a surgir, em maior
proporção, as de Cooperia spp. e, em menor ocorrência, as
de Haemonchus spp. e Oesophagostomum spp. As larvas de
Tric hos trongylus sp. foram as últimas a aparecerem nas
coproculturas. Na Tabela 2 constam as cargas médias de
helmintos recuperados à necrópsia, dos bezerros de três a
oito meses de idade, no período experimental 78/79. De
acordo com a Tabela 2, o gênero Strongyloides só é encon-
trado nos bezerros de até cinco meses de idade. As cargas
médias de Cooperia, Haemonchus e Oesophagostomum tendem a
aumentar à medida que os animais se aproximam da de.smama,
embora as cargas de Haemonchus e Oesophagostomum sejam
bastante baixas, mesmo em bezerros desmamados (7-8 meses).
O número de Trichostrongylus sp. recuperado foi inexpres-
sivo, e exemplares de Bunostomum e Trichuris foram es-
poradicamente observados e não constam da Tabela (Melo
et a 1. 1978a; Melo et al. 1980).

27
o Stronoylo'd •• ~ Oe.opI'lO<,jG.tomum
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77 78
M e 5 e s

FIG.14. Pe r centa gem dos diferentes generos d e n ema t 6deos


ob tidos de coproc ultur as de beze rr os de 3 a
8 meses de idade, de n ovembr o/77 a julho/78 .

28
TABELA 2. Número médio de h elmintos recuperados de bezerros Nelore criados ex -
t ensivame nt e dos tres aos oito meses de idade; período experimental
de 1978/79.

[dade N9
Gê ner os de helmintos (x)
dos t o tal
bezerros de
Strongyl . Coop. Haem. Trich . Oesoph .
(meses) helmintos

3 134 403 11 3 551


N

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5 116 1 . 865 29 3 19 2 . 032

6 3 . 0 12 95 17 63 3 .1 87

7 4 . 486 280 9 28 4 . 803

8 9.76 6 238 20 92 10.116


8.2 Desmame precoce e nfvel de parasitismo

Foram desmamados bezerros com 90, 150 e 2 10 dia s d e


idade. Ap6s o ~ltimo desmame (210 dias ) foram necr ops i a -
dos quatro bezerros de cada idade de desmame pa r a co nt a -
gem e identificação de helm int os gastrint e stinais. Os r e-
sultados estão sumarizados n a Tabela 3 . Análi se dos r e-
sultados parece indi ca r que bezerros desmamado s ao s 150
dias adquirem uma carga maior de helmintos, no entant o
são r es ult ados d e um ano some nt e e devem ser vist o s co m
ce rto c uidad o (Me l o e t a lo 1978b).

8 . 3 Helmintos em bezerros a partir da desmama

O n~mero de helmintos r e c up erad o s de n ec r ó ps i as d e


bezerros sem dosifi cação depois da desmama a t é c e r c a d e 24
meses de idade durant e os anos de 72 /7 3 e 75 /76 e s t3 0 r e-
presentados nas Figs. 15 e 16 . Pode - s e observ a r um a alt a
carga de helmint os nos animais necropsiad o s dura nt e a es -
tação seca. Como conseqüência das flutu aç ões e sta c i on a is
de larvas infe c tantes de nematód eos gas tr i nt esti n ais nas
pastagens, as populaç õe s de vermes adul tos dentro do hos-
pedeiro devem também mostrar uma di s tribuição es t ac i onal .
No entanto, observa-se uma rel aç ão inversa,principalmente
no período seco (Fig. 17).
A alta carga de vermes encontrados nos anlmalS nos qua-
tro primeiro s meses do período seco pode se r explicada pe-
la grande ingestão de larvas inf ec tantes pelos be ze rr os
durante o período chuvoso precedente e a alta carga no fi-
nal do período seco, além do aspecto ant e rior, soma-se a
~aturação das formas hipobióticas ou desenvolvimento in-
terrompido presentes por todo o períod o seco (Melo &
Bianchin 1977).
Durante o período seco do ano, quando existe uma escas-
sez de forragem e uma grande população de helmintos no
animal, há um efeito somat6rio de subnutrição e verminose
(Melo & Bianchin 1979a).

30
TAB ELA 3 . N LV d' p .:I ra s LLi s mo d I: b 'Z I: U llS Nl: l u r l: , c r i .:I -
I S
d os c x t n i va me nL ' I: de s nliJma d os .:IUS 9 0 , 150 e
21 d i :lS (77/78) .

l d.J. d d d I: s m.J. me 150 2 10


Pu râm e tr os 90
Cdi.J. s )

N9 d e be z rr os 17 17 17
Tax.J de mo rbidad e C%) 29 O O

'l' ax3 d e mo r t a lidad e Cf;; ) O , 58 O O


Peso .:lO 2 10 dia s Ckg) 125 129 14 1
N9 de beze rr o s nec rop s i a do s 4 4 4

~I é d i a d e h e l mint os re c upe r a d os

00 (/ l ' a spp . 3 . 60 1 18 . 62 1 5 . 554


.r!aé!'IJ0 11c r'
~ pp . 365 23 8 232
T. ax ( /. 322 507 I () 1

B. pll leb0 1, 01f/wn 3 5 )

O. r-adi ai wn 172 262 132


Tr /' c " ~I r' i ,' spp . O 3 O
Formas Imatura s 924 25 6 10 3

Média Ge r a l 5 . 388 19 . 893;" 6 . 127

* Si gn ificativo a nív e l de 10%.

31
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Jun Jul A90. ' SeI I
O
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72 73

M e S e S

FIG . 15. Núme r o de helmin t os encontrados à necrópsia d e


beze rr os z ebu s s em ve r mifuga ç ão, com as res-
pec ti v a s precip itações pl uv i ométricas e temp e -
r a tura s c ompe nsadas me n s ai s, de ou t ub r o de
197 2 a novemb ro de 19 73.

32
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Set Out N~ Dez Jon
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M e 5 e 5

FIG . 16. Número de h e lminto s e n c ontrados à necropSla de


bezerros z e bus sem v c rmifugação, com as respec -
tivas pr e cipit a çõ es pluviométricas e temp e raturas
c ompensadas me nsais, de maio d e 1975 a abril de
1976 .

33
10 Animol
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Período chUYOIO Per :"0 40 '.CO flerlHo clluVOlo

M e 5 e I

FIG. 17. Relaçao entre a var1açao mensal numero do do


larvas na pastagem e a carga de vermes nos an1-
ma1S.

34
8.4 Hi["lob io se

o fe nômen o d e hip obi ose ou d e s e nv o lvime nt o int e r-


r ompid o modifi ca o c ur so no rmal das h e lmint oses . Como
co n se qü ê nc ia e pidemioló g i ca , essas formas in ibi d as t e nd em
a r e t ornar o se u d ese nv o lvime nt o no i ní c i o d a é poca c hu-
vosa, tra ze nd o como co nseq üê ncia maior população d e h e l-
mint os ac ult os nos a nimais e , co n se qü e nt eme nt e ,m ~ i o r co n-
t a min ação da past agem (Melo 1979).
Para se obs e rvar o f e n ôme no d e hip ob i ose fo r a m nec r o p-
siados do i s beze rr os , natur a lme nte inf ec t ados e s em med i-
cação , a ca da mês do período seco do a n o , d e mai o a se-
t embr o de 1977.
Na Tab e l a 4 são apr ese nt a dos os dad os r e lativos ao nu-
mero d e h e lmint os adultos e f o rmas imaturas do s principais
gê n e ro s e es pécie s de ne matód eos gas trint es tinais, recu-
pe r ados d e c ada um do s d e z beze rros necrop s iados. As es-
pécies ma i s fr e qü e nt eme nte observadas foram Haemonchus
simi l is , H. c on toY'tus , Coope ria punctata , C. pectinata,
TY'ichos t Y'ongy l u ~. ax ei e Oesophagos tomum radiatum. Tan-
to o núme r o t o tal de v e rm e s adultos c omo o de formas ima-
turas foram maiores nos be zerros sacrificados em junho e
julho. As observ a ções refer e ntes à inibição do desenvol-
vimento ficaram restritas aos gê neros Co ope Y'ia e Ha emon -
chus . Observa-se pela Fig. 18 que as formas imaturas vem
acompanhadas de uma população de adultos. A população de
formas imaturas de CoopeY' ia atinge o má ximo em junho/ju-
lho, enquanto que a do Haemonchus atinge o pique em a gosto
(Me lo 1977d).
Embora ocorra o fenômeno de hipobiose, o numero de for-
mas imaturas recuperadas foi bastante baixo, se comparado
a outras regiões de clima tropical e temperado (Melo &
Gomes 1979).

8.5 Interação

A interação entre helmint o s é um dos fatores inter-


nos que influem no desenvolvimento do parasitismo. No

35
TABELA 4. Número de vermes adultos e formas imaturas do. principai. gêneros e espêcie. de nalllatóide. ga.trinte.-
tinai. recuperados à necrópsia em bezerros Nolere desmamados. durante o perlodo de inverno •• co (aaio
a setembro de 1977) •

Data Bezerro Coop.ria spp . Ha e,.o. c hue spp. r. QZ6 i


O
Total de vara•• Total
rad i a t u,.
de n9 geral
Necróps1a Adultos FIa Adultos FIa Adultos FIa Adultos Adultos FI

24/5 01 2.741 10 80 50 45 37 2 . 866 97 2 . 963


27/5 02 1.733 70 80 10 23 50 1.886 80 1 . 966
W
o- 21/6 03 13. 401 ]07 ]8 162 47 10 110 13. 596 479 14 . 075
22/6 04 4.060 ] . 0]7 50 20 119 10 60 4.289 l. 067 7.]56
20/7 OS 22.921 2.014 299 150 776 6 120 24.116 2.170 26.286
21/7 06 13.186 6]6 278 150 209 110 13. 78] 791 14.574
19/8 07 9.988 150 474 19] 272 140 10 . 874 ]4] 11.217
20/8 08 7.466 291 46fi 221 991 60 8 . 98] 516 9 . 499
2] / 9 09 11.007 42 54] 10 240 160 11. 950 52 12. 002
24/9 10 761 1.420 172 10 320 2.673 10 2.683

aFormas imaturas em L4I . L4F e LSI


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77
Me ses

FIG o 18. Núme ros mé d i os me nsa i s de v ermes e formas imatu-


ras de Cooperia s pp . (a) e Haemonchus s pp. (b ) em
be zerros necrops i ados de maio a setemb r o, preci-
pi tação pluviométrica e temperaturas máxima e mí-
nlma.

37
abomaso de bovinos são encontradas as seguint es espécies
de nematódeos: Haemonchus simi lis , H. contortus e Trich os-
t rongylus axei . Existe uma competição entre os gê n e ros
Haemonchus e Trichostrongy l us , causando uma aut o-c ura
heteróloga, onde um atua contra o outro (Bianchin 1978a) .
Em regiões em que ocorre parasitismo comum de Haemonchus
e Trichostrongylus não é aconselhável o uso de medicaç ão
anti-helmíntica de pequeno espectro. Em uma propri ed a d e
considerada de alta tecnologia, formada de capim coloni ão ,
com lotação de 4 cab/ha, que vinha utilizando como anti-
helmíntico o 2,6-Diiodo-4-nitrofenol que atua bem sobre
Haemonchus, foi verificado um grande problema em vacas,
causado pelo Trichostrongylus axei (Bianchin 1978b; Bian-
chin et aI. 1982).

9 CONTROLE DOS HELM!NTOS

Baseados em dados epidemiológicos tanto no animal como


na pastagem, foram determinadas e testadas dosificações
estratégicas, em maio, julho, setembro e dezembro, emani-
mais a partir da desmama até os 20-24 meses de idade. Du-
rante o período seco, verificou-se o efeito da dosifica-
ção estratégica em novilhas com idade inicial em torno de
22 meses e também um possível efeito do uso de anti-hel-
mínticos em animais em confinamento.

9.1 Dosificação estratégica em bezerros a partir da


desmama

Em 1975/76, dois lotes de dez animais cada foram


colocados em piquetes separados em pastagem de jaraguá,
sendo que um lote (Cl) foi dosificado estrategicamente e
outro lote (C2) não dosificado. O resultado é mostrado na
Fig. 19.
Verificou-se que a diferença final em peso foi de 43,4
kg a favor do lote dosificado. Os animais dosificados per-

38
dl ram me n os p eso dur a nt e o p e rí o d o seco e ga nh a r a m maiS
ur a nt e o per íod o c huv os o. De v e - se res s a lt a r, po r é m, qu e
os l o t es d e a nimais p e rma n ece r a m d ur a nt e t o d a a f a s e ex-
pe rime nt a l em p i qu e t es se p a r a d o s (emb o r a c ontí g uos ) d e ja-
r ag uá e é poss ív e l qu e a l g um efe it o d e p a st o t e nha oc or -
rid o , i nflu e n c i a nd o o ganh o de p eso d o lot e tratado. Con-
s id e r a nd o - se qu e o s a nima is d e a mb os os l o t es p e rd e ram
pe s o dur a nt e a es t ação sec a e qu e , dur a nt e o p e rí o d o c hu-
v oso , as pas ta ge ns d e j a r ag u á e r a m qu a litativa e quanti-
ta t i vam e nt e sa tis f atór ias e m amb o s os piquet e s, a aplica-
ção d e ant i -he lmínti co d e v e t e r tid o um e feit o decisivo
na c urva d e g anho d e p eso d o l o t e tr a tado (Me lo & Bianchin
1977 ; Me l o & Bianchin 1980).
Em 1977, quatro lot e s d e d o ze b eze rros Nelor e , desmama-
dos com ce r c a d e o nz e me s e s de id a d e e com p e s o inicial
mé dio d e 160 k g , naturalment e inf ec t a d o s por nematódeos
ga strint e st i n a i s e past e jando junt o s em pastagem d e capim
jaraguá, f o ram submetid o s aos seguint e s e squ e mas d e tra-
tamento com anti-h e lmíntico de amplo espe c tro: Lote I -
t est e munha; Lot e 11 - tratado com tetramisol injetáv el no
iní c io e final do período seco (maio e setembro); Lot e
111 - tratado estrategicamente com tetramisol em maio,ju-
lho, setembro e dezembro; Lote IV - tratado com tetrami-
sol mensalmente. Os resultados podem ser visual i zados na
Fig. 20 (Me lo & Bianchin 1979b).
Verifica-se que os animais tratados estratégica ou men-
salmente perderam menos peso durante a estação seca, e
ganharam mais peso durante as águas que os animais não
tratados ou tratados somente em maio e setembro, e que o
tratamento estratégico foi tão efetivo quanto aquele dado
mensalmente. O esquema tradicional (maio e setembro) re-
v elou-se o pior deles, uma vez que os animais deste lote
c hegaram ao final do experimento com peso médio inferior
ao do lote testemunha, embora não houvesse diferença es-
tatisticamente significativa entre ambos (Melo 1977b).
Houve diferença de apenas 15 kg em favor dos lotes tra-
tados estratégica e mensalmente em relação ao lote teste-
munha. Esta diferença difere do experimento anterior que

39
o

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1
240
lote trotodo
lote tntemumo
2

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5 5 6 1 8 li 10 " I " ~ " "
75 76
M e s e s

FIG. 19. Média de ganho de peso de dois lotes d e bezerros


Nelore desmamados e c riad os e xt e ns i v ament e
(± erro padrão), um deles tratado estrategi c a-
mente t om Tetramisol (D = Dosif i cação).

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~~--------~~~-------------------~
Per íodo .. co 76 ~rí... chuv... 77

M e s e s

FIG . 20 Variação do peso vivo de quatro lotes de animais


e precipitação durante o período experimental
(D = Dosificação).

41
foi de 43,4 kg. Isto poderia ser explicado por dois fato-
res: em p rimeiro lugar, os animais pastejaram juntos du-
rante todo o período experimental, o que prejudicou o
efeito dos tratamentos sobre a contaminação da pastagem.
Os lotes testemunha e tratado pelo esquema tradicional
pe rmaneceram depositando grande número de ovos na pasta-
gem, expondo todos os lotes experimentais a um mesmo ní-
vel de reinfecção. Isso, inclusive, explica os ganhos mo-
derados dos lotes tratados, em relação ao testemunha, no
ápice da precipitação pluviométrica (Fig. 20). Em segundo
lugar, no experimento anterior pode ter havido, como já
dissemos anteriormente, diferença entre pastos.
A análise econômica dos resultados revela que o trata-
menta estratégico é economicamente viável (Melo 1977b;
Melo & Bianchin 1977; Melo & Bianchin 1979b).

9.2 Dosificação estratégica em novilhas

Este experimento tem como objetivo verificar a efi-


caCla da medicação anti-helmíntica estratégica na época
seca do ano em novilhas com idade média inicial de 22 me-
ses, em pastejo de 8r achiar ia decumbens em diferentes lo-
tações. Foram utilizadas 72 novilhas, distribuídas em três
lotações (1,0; 1,4 e 1,75 U.A/ha) com quatro repetições,
sendo dosificados (em maio, julho e setembro) os anlmalS
de duas delas, permanecendo o s outros como lotes teste-
munhas. são apresentados os dados preliminares de
1980/81/82.
O número de larvas/kg de pasto recuperadas durante a
estação seca de 1981 (Fig. 21) mostra que todos os trata-
mentos tiveram seu pique máximo no mês de agosto. Por
outro lado, nos piquetes dos animais dosificados, o núme-
ro de larvas recuperadas foi bem menor do que nos plque-
tes não dosificados (Bianchin & Gomes 1982a).
Os dados de ganho de peso estão contidos nas Tabelas
5, 6 e 7.

42
o
10

-..
V
O
a. E
u E
...
Il.
OOlirieadol
5. I, o LIA IheI
1,4 UA/heI
1,75 LlAI hei

-
o
",
O
a.

Nio dOlifieallol
1,0 UA I hei
1.4 UA I ha
li) 8.000 1,75 UA I ha
O

...>o

o,
Z

Jun Jul AliO Set Out

M e s e s

FIG. 21. Número de larvas/kg de pasto recuperadas em pas-


tagem de Brachiaria decumbens cv. Basilisk com
novilhas Nelore dosificadas (D) e não dosificados
(ND) nas lotações, 1,0, 1,4 e 1,75 U.A/ha, du-
rante a estação seca de 1981.

43
TABELA 5. Ganho de peso de novilhas Nelore dosificadas (D) e nao dosificadas
(ND), com idade inicial de 18 a 24 meses, durante a estação seca, em
pastagem de Brachiaria decumbens cv. Basilisk, na lotação de 1,0; 1,4
e 1,75 U.A/ha - 1980.

1 , O U.A/ha 1,4 U.A/ha 1 ,75 U.A/ha

~ D ND D ND D ND
~

Número de animais 12 12 12 12 12 12
Período experimental (d ias) 150 150 150 150 150 150
Peso inicial (kg) 232,2 230,0 231,6 228,0 231,3 228,2
Peso final (kg) 274,5 270,0 274,9 260,2 264,4 260,8
Diferença (kg) 42,3 40,0 43,3 32,2 33, 1 32,6
TABELA 6. Ganho de peso de novilhas Nelore dosificadas (D) e não dosificadas
(ND), com idade inicial de 18 a 24 meses, durante a estaçao seca, em
pastagem de Brachiaria decumbe ns cv. Basilisk, na lotação de 1,0; 1,4
e 1,75 U.A/ha - 1981.

1 , O U.A/ha 1 ,4 U.A/ha 1 ,75 U.A/ha

D ND D ND D ND
.t:"-
Vl

Número de an~ma~s 12 12 12 12 12 12
Período experimental (dias) 150 150 150 150 150 150
Peso inicial (kg) 218,7 213,5 211 , 7 2 14,8 2 17,3 21 2 ,5
Peso final (kg) 241 ,6 240,9 230,7 216, 1 223,6 204 ,8
Diferença (kg) 22,9 27,4 19 1 ,7 6,3 - 7,7
TABELA 7. Ganho de peso de novilhas Nel o re do s ifi cadas (D) e nã o dosifi c ad a s
(ND), com idade inicial de 18-24 me s e s, durant e a est a ção s ec a, em
pastagem de 8r achiaria decwnb e ns cv. nas ili s k, na l o t ação de 1,0; 1,4
1,75 U.A/ha - 1982

1,0 U.A/ha 1,4 U.A/ha 1,75 U.A/ha

D ND D ND D ND

Número de an~ma~s 12 12 12 12 12 12
período experimental (dias) 173 173 173 173 173 173
Peso inicial (kg) 184,3 182,3 185,2 183,6 184,4 184, 2
Peso final (kg) 247,4 240, 1 253,4 238,9 242,9 234,2
Diferença (kg) 63,1 57,9 68,2 55,3 58,5 50
EllJ 1980 n él () h u u v c d i r c r ~ n C; a s n1.::l r c a n t s n o g a n h o d.:.: p s o
e ntr~ os a ni ma i s lr a t ad s ~ n ~o ~ r ata d os nas 1 t ac;~ es de
1, 0 e 1, 75 U.A/h:t, pn r êm na 10 ta ç.Jo de 1, 4 U. i\/ h.J os '::lIli-
ma i s dosifi cadu ' ga nharam e m m6d i a 11 kg a ma i s . Em 198 1,
us a nim a i s t es t emunh as na l u tac;5ü d~ 1, 0 LI. A/h a ga nh a r am
em m6dia 4 , 5 k g a ma i s do qUL' os do s i f i ca c\ os , .:.: nqu a nt o qu e
na s l o t ações de 1,4 e 1, 75 LI . A/ha os an imai s d os i fi ca d os
ga nh aram em mé dia 17, 3 e 14 kg r es pect i vamen t e e m r e l ação
aos t es t e munh as . F.m 1982 , os a nimai s c\ ns i f i ca d os nas l o -
ta ções d e 1, 0 ; 1, 4 e 1, 75 U.A /ha ga nh a r am a mai.s em média
5 , 2 ; 12 ,9 e 8, 5 kg r es pec ti va ment e em re l ação aos não do-
s iri ca d l1S .
Us r es ultad os ob tid os a t é o mom e nt o par ece m indi ca r a
necess idade d e me di l' ação anti -h e lmínti c.J nll S .IIIII1lcii S ,
prin c ip a lme n te nas l o taç ~es de 1,4 e 1, 75 U.A/ha (Bia n-
c hin & Gomes 198 2a) .

9.3 Uso de anti-helmínticos em animais confinad os

oobjetivo foi testar a viabilidad e do uso de anti-


h e l.mínticos em bovinos da raça Ne l o re e alguns c ru za men -
tos, confinados e alimentados com po nta d e ca na e paní c u-
la de sorgo sacarino, subprodutos da mi c rodestil ar i a de
álcoul, e outras supl e mentaç~ es e ne r gét icas e protéicas.
A cada ano eram feit os d o is l otes de animais: Lo t e A -
não dosificado e Lo t e H - dosificad o . Os animais tinham
em média 34 meses de idad e . Os r es ultados de ganh o d e pe -
so e análise econômica d e 1981/82 /83 es tão contidos na s
Tabelas de 8 a 13.
Os resultados sug e r em que o us o de a nti-h .:.: Lmínt i u)s (>m
animais confinados pod e s e r l' co nômi co nas condic; ~es tra-
balhadas, embora n~o ha .j a diferença estatisticamente SIg-
nificativa de ganho d e peso e ntr e os lotes c nl nl.' nhum ano
e xperimental (8ianchin 198 2) .

~7
TABELA 8. Média de ganho de peso de dois lotes de animais confinados, não dosi-
ficados (lote A) e dosificados (Lote B), durante a estação seca de
1981 .

Lotes* A B

Número de an1ma1S 20 20
Período de alimentação (dias) 120 120
~
(Xl
Peso inicial (kg) 335,7 335,7
Peso final (kg) 410,3 417,9
Diferença (kg) 74,6 82,2
Ganho diário (kg) 0,622 0,685

*Não houve diferença estatisticamente significativa entre os lotes (Teste F).


TABELA 9. Análise econômica da diferença do ganho de pe s os dos anlmalS con f ina-
dos, não dosificados (Lote A) e dosificad os (Lote B) durant e a e sta-
ção seca de 1981.

Custo tratamento Ganho de Ganh o ad i cional


Lote N9 de doses
p/animal (Cr$)1 pe s o (kg)2 Cr $ c abeças 3

.t>-
\O
A O O O O
B 256 , 00 7,6 4 . 277 ,00

1preçú medicamento (Cr4 12,8/ml: dose utilizada = 20 ml


2n iferença de ganho final em relação ao testemunho
3Ganho de peso (rendimento d e carcaça 53 %) x preço da arroba ( 17 . 00 0, 00) - c us-
to do tratamento outubro de 1983.
TABELA 10. Média de ganho de peso de dois lotes de animais conf i nados, não dosi-
ficados (Lote A) e dosificados (Lote B), durante a estação seca de
1982.

Lotes* A B

Número de animais 40 40
VI Período de alimentação (dias) 126 126
o
Peso inicial (kg) 373,5 373,3
Peso final (kg) 416,1 418,5
Diferença (kg) 42,6 45,2
Ganho diário (kg) 0,338 0,358

*Não houve diferença estatisticamente sign i ficativa entre os lotes (Teste F).
TABELA 11. Análise econômica da diferença do ganho de pesos dos animais confina-
dos, não dosificados (Lote A) e dosificados (Lote B) durante a esta-
ção seca de 1982.

Custo Ganho
Ganho de
N9 de tratamento adicional
Lote peso
doses p/animal (kg)2
cabeça
(Cr$)l (Cr $) 3

A o o o o
B 256 2,6 1.36 4 ,00

lpreço medicamento (Cr$ 12,8/ml: dose utilizada = 20 ml

2 Diferença do ganho final em relação ao testemunho

3Ganho de peso em (rendimento carcaça 55 %) x preço da arroba (17 . 000,0 0) - c usto


do tratamento outubro de 1983.
TABELA 12. Média de ganho de peso de dois lotes de animais confinados, não dosi-
ficados (Lote A) e dosificados (Lote B), durante a estação seca de
1983.

Lotes 1 A B

Número de an~ma~s 36 36
V1
Período de alimentação (dias) 100 100
N
Peso inicial (kg) 358,3 358,2
Peso final (kg) 399,5 403,4
Diferença (kg) 41 ,2 45,2
Ganho diário (kg) 0,412 0,452

lNão houve diferença estatisticamente significativa entre os lotes (Teste F)


TABELA 13. Análise econômica da diferença do ganho de pesos dos animais confi-
nados, não dosificados (Lote A) e dosificados (Lote B) durante a es-
tação seca de 1983.

Custo
Ganho de
N9 de tratamento adicional
Lote peso
doses p/animal (kg)2
cabeça
(Cr$)l (Cr$)3

V1
w
A O O O O

B 256 4,0 2 .056,00

lpreço medicamento (Cr$ 12,8/ffil: dose utilizada = 20 ml


2 . • -
Dlferença do ganho flnal em relaçao ao t e stemunho
3Ganho de peso em (rendimento carcaça 51 %) x preço da arroba (17.000,00) - custo
do tratamento outubro de 1983.
9 .4 Dosificação com sal me di ca do

o produ to r e n f r ent a di fic uld a des em compat ibi li za r


o us o e strat égico do ve r mí f ugo com o ut ras a t ividade s de
manej o do s animai s r esu lt a nd o , mui tas vezes , na a dmi n is-
tração do ant i -h e lmín tico em épo cas i nade qu adas e , co m
isto, perde o efei t o eco nômico do t r atament o . O uso de sa l
medicad o c om um pro du t o a nti-helmí nt i co é um do s me l OS
que o pecua r is t a te r ia pa r a r ed u z ir o ma nej o ar.imal em
condições expr e s s i vas. Nes t e cas o , dois fator e s são c rí -
tic o s: a ) a t axa de co n s umo do pr od ut o; b) a p r o po r çã o de
anlmal S que não co nse gu em c on s umir s u ficien t e sal me dica -
do no co cho .
Com objetivo de e studa r est es dois fa t o r es com r elaçã o
a o us o de sal me d icado com Fe nbendazo l e fo r am fei t os t r ê s
experiment o s de campo ( Hon e r e t a I. 198 5) , t odos e m con-
dições extensivas e co m bovino s ne lor a do s . Experime n t o 1,
150 novilhas com peso mé di o de 300 kg ; Ex p ~ r imen t o 2 , com
42 touros com pes o médi o de 380 kg e Ex pe rime nt o 3 , 400
bezerros de 160 k g de mé dia. Os r e sultado s obtid o s pe rm i -
tem concluir que:
I - O acess o a font e s minerai s natu r ais õe sal pode l n-
terferir com o tratament o d e animais por me lO de
sal medicado ( Ex perimento 1) ;
II - nos experimentos 2 e 3 a redução do ope foi de 100%
e 91 %, respectivamente; e
III - no experimento 3 onde tinha bezerros de divers o s
tamanhos, alguns animais, os mais fracos, permane-
ceram positivos. Pode-se pensar que em rebanhos mai s
ou menos uniformes haverá menor número de anlmalS
positivos, e que o uso de sal medicado com Fenben-
dazole será uma alternativa viável para tratar ani-
mais em condições extensivas, levando-se em consi-
deração as dificuldades de manejo de certas catego-
rias dos animais em diferentes épocas do ano.

54
9.5 Limitações do controle estratégico

Alguns fator es limit a m a utilizaçio do esquema es -


trat ég ico d e co ntr o le da verminose na r egião .

9.5.1 Modificações cl imáticas que ocorrem periodi-


camente

Grandes variações c limáticas podem ocorrer de ano


para ano, modificando a dinâmica de populaçio de larvas
nas pastage ns e , em consequencia, as cargas de helmintos
nos animais. Por ex e mplo, no ano de 1982 ocorreram chuvas
na época de inverno seco, trazendo como conseqüência sur-
tos de di c tiocaulose em áreas onde nunca havia sioo diag-
no sticado o probl e ma. Nestes casos, há necessidade de se
utili z arem medic ações anti-h e lmínticas adequadas, adicio-
nadas àqu e las previstas no esquema estratégico. Em alguns
países já funciona um serviço de previsâo de surtos de al-
gumas helmintoses, de acordo com as variações de tempera-
tura e prec ipitaçio, com o objetivo de alertar os criado-
res e os té cnicos de campo sobre a ocorrência de surtos em
determinado an o .

9.5.2 Necessidade de conciliar com O manejo geral


da propriedade

Entre várias práticas de manejo do rebanho pode-se


citar: desmame, castraçao, vaClnaçoes, mudanças de pasto,
descarte, etc.
O esquema estratégico de controle nâo pode depender de
outras atividades de manejo da propriedade, como por exem-
plo, a vacinaçio anti-aftosa, porque as épocas estratégi-
cas de apl icaçio de anti-helmínticos dever ser estabele-
cidas lia priori" pelos resultados da pesquisa. Entretan-
to, isto não significa que o controle estratégico deva
ser encarado como uma atividade isolada dentro do Sistema
de Produção.

55
9.5.3 Efeitos a médio prazo

o controle estratégico da verminose é essencialmen-


te preventivo. Ele visa principalmente à redução dos ní-
veis de contaminação das pastagens e, com isso, evitar que
os animais adquiram altas cargas de helmintos que venham
comprometer a produtividade do rebanho. Sendo assim, os
efeitos positivos do controle estratégico só podem servi-
sualizados depois de um certo tempo após a sua aplicação,
talvez três a quatro anos. Ao contrário dos esquemas tra-
dicionais utilizados pelos criadores, o esquema estraté-
gico de controle deve ser repetido anualmente, em épocas
previamente determinadas e em todos os animais do rebanho.

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