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ISSN 1517-3747
Novembro, 2004
Uso de Antimicrobianos na
Producão de Bovinos e
I
Desenvolvimento de
Resistência
República Federativa do Brasil
Conselho de Administração
José Amauri Dimárzio
Presidente
Clayton Campanhola
Vice-Presidente
Diretoria-Executiva
Clayton Campanhola
Diretor-Presidente
Documentos
Uso de Antimicrobianos na
Producão
•
de Bovinos e
Desenvolvimento de
Resistência
Renato Andreotti
Maria Luiza Franceschi Nicodemo
Campo Grande, MS
2004
Exemplares desta publica ção podem ser adquiridos na:
I " edição
l ' impressão (2004) : 500 exemplares
Renato Andreotti
Médico-Veterinário, Ph .D., CRMV-MS N° 0510,
Embrapa Gado de Corte, Rodovia BR 262, Km 4, Caixa
Postal 154, 79002-970 Campo Grande , MS . Correio
eletrônico: andreott@cnpgc.embrapa.br
Resumo
Abstract
Introdução
O consumo per capita de carne bovina no país, que hoje está próximo a 37 kg,
aumentou apenas 3%, e está estagnado desde 2000, Ao mesmo tempo, o
consumo per capita na União Européia, maior cliente brasileiro, está se recupe-
rando , e o Brasil ainda trabalha pela abertura de novos mercados, Daí a impor-
tância em se trabalhar pela valorização da carne brasileira no mercado internacio-
nal (Rosa, 2003).
A produção certificada, com normas de produção animal bem definidas, deve ser
exercida de forma que as práticas correntes de produção animal sejam voltadas à
melhoria da qualidade dos produtos de origem animal. O uso responsável de
aditivos é um exemplo dessa prática que procura sa lvaguardar a credibilidade
dos consumidores no país e no exterior sobre a produção e tran sformação de
produtos de origem animal, atendendo todos os mercados indiscriminadamente.
Uso de antimicrobianos
banid os como promotor es do cresc im ento em 1986) e da Holand a, regi str and o
va lores m enores d e 2 4 0", a 6 0 00 n a Su éc ia.
Rat clift 120031 t ambém demon strou pr eocup açã o com o imp ac t o do b anim ent o
do s antibi ó ti cos como promotores de crescimento na produ çã o d e su ínos e ave s
n a Europ a. O autor ress altou qu e alguns produtores, ao lan ça rem mão de
aditivos nã o con v encionais Ic omo ac idos orgãni cos ; erv as e óleos essenciais;
manan-oligossac ar ídeo s) aliados a mudanç as estrat égic as no manejo e na
alimentaçã o dos animais, con se guiram manter ou até mesmo m elhorar o desem-
penho em relação ao obtido com promotores de crescimento.
Antibióticos
t etr acic lin as e qllinolonas. Em alimen t ação anim al pert encem às classes : beta -
lac t ams, tetr acic lin as, marcrolfdios, am ino glicosídeos e Slllfon amid as (M cDerm oll
et aI. , 2002) . Estima-se qu e de um a dez milhõ es de t one ladas de antibióticos
for am utili za dos no s últim os 60 anos, ocasionando um a alteração sig nifi cativa
no ambi ent e mi crobiano (Skold, 2000).
o m eca nismo an timi crobiano dos an tibi ó ti cos pode se r ag rup ado em quatro
ca t egori as: inibição da parede ce lular; alt eração da permeabilidade da membrana
ou transporte ati vo da membrana ce lul ar; inibição da sín t ese de proteína (inibição
da tr adu ção e tr ansc rição do m at eri al genético) e inibi ção d a síntese do ác ido
nucléico .
Alguns dos efeitos dos antibióticos podem ser atribuídos ao estado mais
saudável das mucosas do trato digestivo quando em tratamento, auxiliando a
absorção de nutrientes e evitando a passagem de bactérias patogênicas (Sewell,
1998) .
Como co ntr apo nto , deve ser co nsiderado que o s antibiót ic os pod em aumentar a
susce tibilid ade de animais à inf ecção pela supressão d a flora norm al, aumentan -
do a chanc e de patógeno s co loni zarem o loca l, e pela se leção de agentes
resis tentes . Embora não ex istam dado s compar áve is para animais , esti m a-s e que
de 3 % a 26 % das infecções por Salmonella resistente em seres humanos são
adquiridas por mecani smos de seleção assoc iado a tratamentos com antibióticos.
Esses agente s podem tamb ém prolongar a eliminação e aumentar a concentração
de pat ógenos resistentes nas fezes , o que seria um fator de aumento de risco
para os consumidores, ainda que ex istam relatos de redu çã o da carga de
patóg enos (McEwen & Fedorka-Cray , 2002) .
Resistência a antibióticos
/ . .. I •
--~~~~~~~~. .
Penici lin a 1940 1943 1940
Estr eptomicina 1944 1947 1947 , 1956
Tetracic lin a 1948 1952 1956
Eritromicina 1952 1955 1956
Van comicina 1956 1972 1987
Ácido nalidi xic o 1960 1962 1966
Gentamicina 1963 1967 1970
Fluoroquinolonas 1978 1982 1985
A se leção d e resist ência bacteriana no homem tem sido associada a res íduo s no s
alimentos d e orig em animai. causando o aumento do número de bactérias
resistentes colonizando o inte stino humano (Semjén , 20001. A maior parte da s
investigações sobre transf erência de re sistência de bact érias de animais para
bactérias do homem está relacionada com bac t érias gram-negativas causadoras
de infecções aliment ares, como Sa/monel/a sp., Campy/obacter sp. e Yersinia sp.
Mecanismos de resistência
As bactérias podem desenvolver resistência de maneiras diferentes , mas princi-
palmente por mutação direta e aquisição de genes de resistência por meio de
conjugação.
A maioria dos casos de resistência está relacionada com genes que residem em
plasmídios ou em transposons e que, desta forma podem ser rapidamente
disseminados entre diferentes gêneros de bactérias. Com o desenvolvimento da
engenharia genética, nos anos de 1970, mostrou-se a possibilidade de genes
heterólogos poderem ser expressos em bactérias que são extremamente distantes
na sua base evolucionária. Genes originários de bactérias gram-positivas são
prontamente expressos em microorganismos gram-negativos, mostrando, assim
as possibilidades de poo/ de genes resistentes de bactéria gram-positiva migran-
do para bacilo gram-negativo.
das fezes e esgotos (Witte et aI., 2000), e disseminada com clones de linhagens
bacterianas ou por transferência horizontal entre diferentes linhagens.
Tabela 2. Substâncias antibacterianas usadas como aditivo s alimentares em pr odu ção anim al n a Euro pa .
cVl
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Olaquinodi x Quino x alina Inibiçã o da síntese de DNA Sem redução? Outras quin oxa lin as Parad a em julho/1 999 '"
Q)
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Bacitracina Polipeptídeos
Inibe defosfo rila ção de Mutação es pont á· Desco nh ec id a Parada em janeiro/ 3
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de zinco ca rrea dor lipídi co (und ec a· nea, não c ara c teri - 1999 (3
prenilpirofo sfat o ) de pre· za d a ~
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Fl avomicina Fosfoglico Inibi çã o da sínt ese d a Desco nh ec ido Desco nh eci do Em uso O>
1i el!Le...?...,._
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"p ~de celul ar 1J
(3
Q.
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Monensina , lonóforos Desa greg açã o da m embr a- Desco nh ec ido D esc onh eci do Em uso -o
-- .
Q).
salinomicina na c itopl as m áti ca o
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Tilisina Macrolidio s Lig açã o à subunid ade M etil açã o de 23S Qu and o co nst it utivo; Parada em ja neiro/ '"
O"
t odo s m ac rolíd io s, 1999 o
ribos sô mi ca 50S inibi çã o d a RNAr na pos ição <
liga çã o de amino ac il -RNAt 2058 lin cosa mi d in as , S
o
Vl
e peptidil transf era se es tr ept og ramin a-B
'"
Q.
Virginia- Inibi çã o da mudan ça conf or-
Estrepto- O · hidro lase , O u t ras Parada em janeiro / '"
Vl
micina m ac io na I da protein aribo s-
gramina m eca ni smo de estrep t og ramin as 1999 '"J
som al 245, evitand o a port eiro? , o<
_ _ _ _ _ _ _ __ _ __ _! !t ensão da ~ e~ prot éica ;:-
ace til tra ns f er ase
3
M odifi caçã o de V anco mi ci na, t eico· Parada em ab nl /1997
'"J
Avoparcina Glicopeptídeos Inibição da transgli co liza ção Õ
prec urso r de pl anin a, d ap to · Q.
A mi stur a de es tr ep t og ramina s A e B ultr apa ssa a res ist ência a co mpo sto s B,
m as é in at ivada na res ist ência a compo stos A. A res ist ência contra
es treptogramin a A em Enterococcus é m ediad a por acet iltr ansferase Sat A da
es tr ept og ramin a. O co mp osto A da est reptogr amina dalfopri stina é est ru tu ralm en -
t e relacion ado co m a estreptogr amina vi rginia mi cin a, que é usada co mo promotor
de cresc iment o.
Resíduos de antibióticos
res ul tados de es tudos de to xi dez pad ron iza dos em anim ais de labo rat ório . O
NOEL para o crit ério ma is sen síve l, no rma lm ent e nas mai s se nsív eis es péc ies d e
anima is experim ent ais , é o ponto de partida . A ID A é en tã o calcu lada pela
divisão desse valo r por um fato r de seg ura nça, ge ralme nt e 100, assumi ndo qu e
hum anos são dez vezes mais sensíve is qu e animais e que na popu lação humana
há um a v ariação de dez vezes na fa ixa de se nsibilidade . A ID A rep resent aria ,
então , o total de res íduos de droga , na fo rm a or iginal e seus m etabó litos , qu e
pod eria se r consumid a d iari am ente com seg ur ança durante a v ida (A nadó n &
Martin ez -Larr anaga , 199 9 ).
A IDA pod e tamb ém ser calcul ada usando dado s f arm aco lóg icos o u
m ic robio lógico s dos níveis d e ef eitos não-farma co lóg ic os o bserva do s. Entret an-
to , o impacto de bai xos níveis de antibióti cos na flor a gas trint estin al não foi
examinado diretament e nesses estudos de to xic ologia . Para sub st ância s com
ati vidade m ic rob iológica, o que se usa é o principal efeito mi crobiológico
ad verso , ad vindo dos resíduos de drogas antimicrobi anas em alimentos d e
origem animal atuando na flora bacteriana do trato gastrintestinal humano ,
especialmente no cólon (Anadón & Martinez-Larran aga , 1999) . Já a capacidade
que têm os antimicrobianos de induzir resistência bacteriana, atuando diretamen -
te nas bactérias indígenas do TGI humano , é avaliada por meio da determinaç ão
in vitro ou in vivo da concentração inibitória mínima - CIM - de um
antimicrobiano (Organization Internationale des Epizooties - OIE - , 2001).
Entende-se por LMR de uma substância qurmica a quantidade dela que pode
estar presente em um quilo de alimento e que, se ingerida pelo ser humano
durante toda sua vida, não produza efeitos indesejáveis ou tóxicos (FAO,
1998). O máximo consumo d iário teórico - MCDT - também é calculado,
baseado na soma da ingestão média de cada produto e seu respectivo LMR
(Anadón & Martinez-Larranaga, 1999),
Join t Expe rt Co mmiu ee on Food Adi cti ves - JE CFA - , indi ca qu al o grau
aceit áve l de resídu os de m edi ca m ento s de u so ve t erin ári o em alimentos de
ori ge m an im al IFAO , 1993 ). Tes t es são necessá ri os para em basa r as dec isões
do Co d ex alimenrarius, em especia l qu anto aos ad itiv os em rações 10rganiz ati on
Int erna ti onale des Epizooti es, 2001) .
o LMR es t abe lec id o para antibióticos se rve para proteger o con su midor . Por
exe mplo , as lactonas macrocíc li cas são um grupo de antibióticos larg amente
utilizados em medicina humana e anima l. Til osina é um antibiótico de sse grup o ,
ativo principalm ent e contra bact éri as gram -positi vas. Ut ili zada como agente
t erapêutico , reduz a incidência de abscesso de f ígado IAare strup et aI. , 1998 ;
Stock & M ader , 1998) . A ss im , par a prot eção do consumidor, em músculo
bovino o LMR da tilo sina é def inido em torno de 100 >Ig por kg I (Draisci et aI.,
200 1). Antibi óticos marcrolídios incluindo eritromicina e tilosina, são determina-
do s prin ci palment e por ensaios microbiológ icos, su fi cientes para as exigências
das autoridad es. Al ém desses ensaios , um método de ELISA está disponível para
reali zação de ava li ações de macrolídios em tecido animal (Draisci et aI., 2001).
no s produto s d e ori ge m an im al. Para a det ermin acão d esse pr azo d e ca rênc ia são
co lhida s amo str as em um dete rmin ado num ero mínim o d e anim ais por ponto de
am ostrage m d efinid o de aco rd o co m a esp éc ie. a interva los d e t emp o d efinido s
em fun cão do tempo de eliminação d a drog a IAnadón & M artin ez- Larran aga .
1999).
Gado de corte
Em bovino s de co rt e c ri ados em sist ema e x t en siv o . o u so d e antibi óti c os é
rea li za do co m bai xo índi ce de co ntro le. Ocorre gera lm ente . a partir de problema s
co m beze rr os . di arréia s e pn eum oni as. ou m esmo co m animais qu e apr ese ntam
f ebr e ou lesões es pec ífi cas. A ss im . o co ntrol e da n ecess id ade do u so espec ífi co
e os po ssíveis m onitor am ento s co m rela ção à res istênc ia bacte ri an a aos produto s
u sa dos são rea li za do s em uma esca la menor.
Carnes pro ve nient es de estoques comerciais são fontes pot enciai s de bactérias
res ist ent es a antibióticos. O uso indi sc rimin ado d e agentes antimicrobianos no s
rebanhos vem c ri ando um amp lo re servatório de Sa/monel/a ant ibi ótico -resisten -
te. Em uma amostragem feita em Washington , Estados Unid os, constatou-se que
20 % das carnes de bovino s, suínos e aves , comprad as em superm ercados,
estava m co ntamin adas co m Salmonel/a. Entr e as sa lmo n elas isoladas , foi
d etectada a cepa resistente à ceft ri axo n e e a ce pa Salmonel/a typhumurium
DTl 04 , relacionada com surto s de sa lmon elo se de origem alimenta r (Quirk ,
200 1 ).
Gado de leite
No gado leit eiro , antibi ót icos são u sados p ara tr atam ento prin c ip alm ente de
doencas de bezerros e de vacas adultas . As prin cipais do en ças de bezerro s que
n ecessitam a pr escrição de antibióticos são diarréias, pneumonias e tri steza
parasitária bo v in a. A últim a é uma doen ca ca u sada pr in c ip alm en t e pela assoc ia-
ção dos protozoários 8abesia spp . e da ri quétsia Anaplasma spp. , qu e pa rasitam
os eritró c itos dos anim ais. As espéc ies de an aplasm a são sensíve is às
tet racicl in as , que são usa das para o contro le da doen ça em assoc ia ção a age ntes
es pecíficos para a babesios e .
Os prin c ip ais mic roo rga ni sm os pat og êni co s assoc iad o s a doença s t ransmitid as
pelo leite são: Sa /m on el/a spp. , Esch erichia co /i , produt o ra d e enterot o xin a
se m elh ant e à de Shigel/a - STE C - , Lis teria mon oc ytogen es, Campy/ob ac ter
i ejuni , Ye rsinia enteroco /itica, S taph y/ococc us aureus, Bacil/us cereus e es péc ies
d e Brucel/a .
A m aiori a do s cas os d e into xicaçã o alim ent ar por STEC IE. c oli 0157 :H7) es t á
relac ion ad a co m co nsumo de carne bov in a, m as tê m sido relat adas infecções
assoc iad as ao co nsumo de leite c ru , qu eijo prep arado c om leite cru e algun s
casos relac ion ado s co m o c on sumo d e leit e pas t euri za do , o qu e m ostr a a
po ss ibilid ad e d e co nt amin açã o pós- p as t euri zação IT eub er & Perr et en , 2 000) .
S taph y/ococcus aure us e es péc ies d e Staphy/o c occus c oagul ase negati v o
re sist ent es a antibiótico s foram isol ados d e diferente s tipos d e qu eijo s prepar a-
dos a partir d e leit e c ru e d e produto s prepar ad os d e ca rn e c rua . A s re sist ênc ias
m ais fr eqü ent es e ca ract eri zad as no nível molec ul ar for am par a c loranfenicol ,
t etr ac ic lin a, eritromi c in a e lin co mi c in a. O s genes de res ist ênc ia a c loranf enicol
f o ram loca liz ado s em S. x y/osus e S. caprae em pla smídio s de 3 , 8 a 4 , 3 kb ,
express ando c loranfeni col acetiltran sf era se. Tod as as amo stras res istent es à
t etra c ic lina apres entavam pla smídio s de 4,4 kb ex pre ss ando a proteína de eflu x o
de tetraciclina TetK IBrito , 2003).
Em gado de leite, a mastite bovina é não somente respons ável pela maior parte
34 Uso de antimicrobianos na produ ção de bovinos e desenvolv im ento de res istênc ia
do uso de antib ióticos, como também a ca u sa m ais comum de apa rec im ento de
resíduos de antibi óti cos no lei t e. Mais de 135 espéc ies, sub espécies e so rotip os
de mi croo rgani sm os já foram isolados de infecções da glând ul a m am ári a bo v in a,
mas a maioria das infecções é ca u sada po r es péc ies de Staphylococcus,
Streptococcus, Corynebacterium e bactérias gram-negativas , princ ipalmente do
grupo dos co lif ormes IBrito , 20 03) .
Por ser um dos age nt es ma is freqüentement e iso lados, S. aureus tem sido obj eto
de numerosos estud os de res istên c ia a ant imi c rob iano s n os ú ltim os 20 an os.
Estudos de larga escala , real iza do s em diversos p aíses, mostram que a res istê n-
cia à penic ilin a está em torno de 60 % . Na A lem anh a, a res ist ên c ia à tetrac ic lina ,
ca n amicina, neomicina e su lfonamidas decresceu ent re 1992 e 1997 , se nd o
detect ada em m en os de 15 % dos iso lados em 1997. Ob se rvaçã o seme lh ante
quanto ao aumento de su scet ibilid ade foi feita para iso lados d a França, Bélg ica e
EU A. A aval iação da suscet ibilid ade de S. aureus de 11 países mo strou qu e a
pre va lên cia de amostras re sistentes a di ve rsos ant ib acteri anos, usados ro tin eira-
mente para tratamento da m ast it e, foi , em ge ral, bai xa, ind epend ente do país d e
origem IErskine et aI. , 2002).
Sistemas de alimentação
Nutrição
A nutri ção é um a determinante da res posta imunológica e a má-nutriç ão é a
m aior ca usa de imunodefici ência no mundo. Má-nutrição ocorre quando a
qualidade da dieta, mas não necessariamente a quantidade, é in adequada para
atender aos req ui sito s nutricion ais . Proteínas, aminoácidos , ác id os graxos,
minerai s ou v itamina s podem estar em quantidades inad equadas, ou pode haver
desequilíbrios que reduzam a utilizacão de um nutriente IBrown, 1994).
A defic iênc ia de um único nutri ent e t ambém rbs ult a em alteraçã o d a resposta
imun ológ ica, observada m es mo em defi c iênc ias branda s. Influ ênc ias sign ifi ca ti -
vas d e zin co, selê ni o, cob re, vit amin as A, C, E e 86 e de ác id o f ó li co na res po s-
ta imune for am obse rvada s (Chandra , 1997).
A habilid ad e do s animai s lid arem com inf ecções pode ser influ enc iada pela
defi c iênc ia mineral , parti c ul arm ente pe lo s macroe lem entos Mg e P, e os
micro elem ento s Zn, Fe , Cu e Se . Defi c iênc ia s de Zn, Fe, Cu e Se res ult aram em
m enor resistência a doença s por m eio d e red ução na res posta imun e ou função
leucocitá ri a def eitu osa (Mill er, 1985) . O pape l do se lênio na ação bacteri c id a de
fagó c it os, por exe mplo, es tá assoc iad a co m fun ções o xid ativas important es para
a morte da bactêria fago c it ada (Miller , 1985) .
A integ ridade celul ar é fund am enta l para rece pção e res po sta a men sa gens
necessá ri as na coo rd enação da resposta imun e . A integridade ce lul ar é afet ada
pel a deficiência de age ntes antiox id antes (L ats haw, 1991). Agent es ox id antes
podem danificar tecidos se os antio x id antes estão defic ientes. Esses ox idantes
são produzido s durante o m etaboli smo e pod em aumentar sub st ancialm ente
durante o exe rcíc io , est resse, lesões aos tecidos , infecção e deto xicação de um a
gama de compostos.
Probióticos e prebióticos
Vários supl em entos alimentares podem contribuir para o melhor desempenho dos
animais em crescimento e terminação. A população microbiana de bactérias
produtoras de ác ido lático no intestino depende do tipo d e anim al e do regime
36 Uso de anti mi c ro bianos na produ ção de bovino s e des envolv im ent o de resis t ênc ia
alim entar , co nsistindo de vá rio s gêneros e es péc ies. Lactobacilo s são bac t éria s
anaeróbicas facultativas , e podem utilizar a maioria do s carboidr atos como fonte
de energia; o principal produto final de fermentação é o ácido lático .
do s: O anim al supl em entado deve es t ar sob es tr esse - ass im , anim ais m antid os
em co ndições sa nit ári as muit o bo as t êm m enor pr o babilid ade de respond er á
supl em ent ação co m Lac tobaciflus ; as bac t érias deve m se r ca pazes d e alcança r e
co loni za r o tr at o int es tin al (r es ist ência ao ác id ú c lo rídri co, ác id os bili ares,
li soz im a, feno l e líquid o rumin al) ; a bac t éri a d eve apr ese nt ar alt a t axa d e produ -
ção de ác id os; d eve h aver prese nça d e núm ero su f ic ien te d e bac t éria s viáve is, e
as bac t éri as deve m ser rapid am ent e ativ adas e aprese nt ar alta t axa d e cre sc im en-
t o (Ni cod em o, 2 001) .
M esmo a supl em ent açã o d o extr ato c om Lactobaciflus não v iáve is ta mbém pod e
se r benéfi ca . Nas prim eir as sem ana s d e supl em ent açã o é qu e o efeito de
Lac tobaciflus é m ais significa ti vo e a supl em ent ação com es t e redu z con sistent e-
m ente a in c id ênc ia de di arr éia no s bezerro s (Ni c od em o , 2001) .
Medidas de controle
ser co ntrolada. A ss im , baixo níve l d e res istênc ia na f lora in t es t inal de anim ais
ut iliza dos na alim ent ação hum ana passa a ser co n sid erado um a ca rac t erísti ca d e
se guranca desejáve l e uma m arca d e qu alid ade em produto s anim ais.
Esse o bjeti vo só pod e ser al canç ado co m a redu çã o d o uso de ant ibi óti co s para
anima is. A ex igênc ia d e antib iót icos na terap ia veter in ári a e na prev ençã o d e
infecções bac t erian as em anim ais pode ser minimi zad a pela m elhori a nas t éc nicas
de m anejo uti liza da s, err adi cação de doe nças, uso ot im iza do das va c in as
di sponíveis e desenv olvim ento de novas v ac in as. Se ant ibi óti cos for em necessá -
ri os , d eve ser prio ri za do o u so d e m o léc ul as d e pequ eno es pec tro. A s m ed id as
qu e co nt ri bu em para a sa úd e do rebanho inc luem qua rent enas , vac in ações e
tr ata m ent o de en do e ec t opar asitos , se leç ão genéti ca para ru st ic id ade e uso d e
ant i-sé pti cos e prob iót icos. A redu ção d o ris co de inf ecções co m impa cto nas
infec cõ es sec undárias, dim inui a nec ess idade d e t erap ia com an tib iót ic o
(M c Ew en & Fedorka-Cra y, 200 2 ).
Na Esc andin áv ia , há relatos de po ucos efe ito s nega ti v os da ret irada de ant ibióti -
co s co m o promoto res de cre sc imento , ao m es mo tem po em que se ob se rvou
redu ção significa ti va na resi st ênc ia bact eri ana . Nos Estado s Un ido s, es tima -s e
qu e 60 % do s bo v ino s de cort e receb am diet as med ica d as com an ti mic rob ianos.
Ainda ass im , es pera -se que os produtore s qu e adotam boa s pr áti c as de ma nejo
não sejam afetados sign if icat iv am ente pe la retirada desses agentes do siste m a de
produç ão, em parte po rque promo t o res de crescim ento ant imic rob ianos não são
part ic ul armente ef etivos a não ser qu e os anim ais es t ejam so b est resse em
co nd ições san itári as precá ri as (M c Ewe n & Fed orka- Cr ay, 2002 ).
A bordagens para min imizar o desen vo lvim ento de resis t ênc ia a antibióti c os
in c lu em prog ram as de vig il ância, uso de reco m enda ções co nse rva do ras e
campan has ed ucati va s. Recomenda-se o estabe lecim ento de um prog ram a
nac io nal de monitoram ento de resist ênc ia a antibióti co s para bac t éri as de orig em
anim al.
Esses prog ram as - dota dos de proc ed im entos padroniza do s d e c olh eit a, cultura
de iso lados e m et odolog ias para os t estes - pod em au xili ar na aqu isição sist em á-
ti ca d e dados desc riti v os do uso de antibiótico s, ext en sã o e t end ênci as t empo-
rais d e suscet ibilidade a antibi óti co s d as es pécies e sorotip os de bac t érias
esco lhidas como indi ca doras, a id entifi caçã o de resi st ênc ias em seres hum anos e
anim ais quando surg em , prom ovendo o uso crit erio so de antibióticos e id entifi-
Uso d e an timi c ro bi ano s na p ro du çã o d e bov in os e d ese nv o lv im ent o d e resis t ênc ia 39
Biossegurança
M ostro u- se c omo, para redu zir o des envo lv imento de res istência, algun s países
res tring iram o uso de ag entes antimicrob iano s em alim entos. O Bras il d efine as
norma s de inspeção e fi sca lizaç ão d e produtos d es tinad os à alim entação anim al
na Lei n° 6 . 198, de 2 6 de dezembro d e 1974 e se u sub se qü ente Dec reto n°
76 .98 6, de 6 de jan eiro de 1976.
Du as port ari as mini st eri ais regu lam entam o u so d os antimic robi anos, qu e sã o: a
Portaria n° 193, de 12 d e m aio d e 1998, qu e tr at a da proibi çã o do uso de
40 Uso de antimi crobianos na produ ção d e bovin os e dese nvolvimento de res ist ên c ia
cloranfenico l, peni cilin as, t etraciclinas e sulfonamidas sist êmicas (em sub st ituição
à Portaria n° 159) , e a Portari a n° 448, de 10 de setembro de 1998, proíbe o
uso , fabri cação e importação de cloranfenico l, furazolidona e nitrofurazo na como
aditivos em ra ções animais .
bac teri ó f agos es t á su a espec ifi c id ad e: as en zimas de su a ca ud a fi bro sa (ade sin as)
só int eragem co m rece pto res m olec ul ares es p éc ie es pec ífi cos n a sup erfíc ie d a
b ac t éri a. Por isso , bac t eri ó f ago s não ca u sa m d an o às b ac t éri as no rm ais do tr ato
gas trinl es tin al, que pod em ser aniquil ad as p or antibióti cos.
Enqu anto a co nce ntracão de antibi ó ti cos dec lin a a partir do mom ento de su a
admini str ação, bac t eri ó f agos f azem o opos to, mul t iplica ndo-se rap id amente.
Embor a algu n s autores cons id erem qu e b ac t eri ó f agos são auto li mit antes, isto é,
são elimin ado s qu ando as b ac t éri as-a lvo d esa p arecem (M acG rego r, 2003 ),
o utr os afirm am qu e os b ac teri ó f agos pod em so br ev iv er, aux ili ando a m anter o
h os p edeiro em boa s co ndi ções sa nit ári as (R and erso n , 2003). Bac t eri ó f agos n ão
d ese nca deiam alergi as, provo ca m pou cos ef eit os co laterais, sã o b arato s e fáceis
d e se produz ir .
Escherichia co/i O 157:H7 é uma das principai s res pon sáve is por envenenamento
alim enta r em algumas regiões. Três quartos do s casos podem se r relac ion ados
co m os animai s dom és ticos, que ho spedam a bactéri a sem ficarem doentes. A
ca rn e pode se r contam inada durante o abate, sendo as fezes também uma via d e
infecção. Pesquisadores encon tra ram em carne iro s um bacteriófago (CEV 1) capaz
42 Uso de antlm lc robi anos na produção de bovinos e des envolvimento de res istê nc ia
Pré-abate
A lgumas pr áti cas d e man ejo podem au x ili ar na redu ção da ca rga de bacté ri as na
ca rcaça. São elas: reduç ão na quantidad e d e m arcas tag no co uro na fa se
anteri or ao abate; limpeza dos coc hos de alim ent ação e d e bebedouro s co m
freqü ênc ia, de m odo a red uzir a co ntamin ação f eca l; armazenam ento do alimento
v isa ndo à redu ção d a co nt amin ação co m fe zes pe lo s anim ais; bo as pr áti cas de
man ejo d e dejet os; uso d e es terco compostado preferencialmente ao esterco
bruto em jardin s e c ultura s; e acesso à ág u a de beb id a c lorada e filtrad a, es pec i-
alm ent e pa ra tr abalhadore s rur ais e sua s f am íli as (Donk ersgoed, 2000 ).
Processamento pós-abate
o co uro e as vísce ras d e bovino s qu e entram no m atado uro sã o fontes potenci-
ais d e co ntami nação da ca rcaça c om bactérias patogênicas. Em cond ições
norm ais, a conta min ação via v ísce ras é ev itad a pela remoção do s co mp onent es
v iscerais int actos. Se a evisceraçã o é feita co rretamente, os co nteúdo s v iscerais
não co ntribu em muito para a contamin ação geral da ca rcaça .
Considerações finais
Estr at égi as par a redu zir ou minimizar a emergê nc ia e di sse m in ação de res ist ên c ia
an t imic robi an a na agric ultura e m edic in a t êm se t orn ado um a pri orid ade em
esca la intern ac ion al.
o aum ento d a in c id ênc ia d e res ist ên c ia b ac t eri an a aos an t imi crobi an os por
ba cté ri as pato gê nicas te m sêri as impli cações no tr ata m ento e pr evenção de
doen cas infecc iosas em anim ais e n o h om em . Embora muitas inform ações
est ejam d isponíveis, algun s aspec t os eco lóg icos no desenvo lv ime n to e di ssemi -
n ação da res ist ênc ia bac t er iana aind a sã o d esc onh ec id os.
A tran sf erênci a de bac t éria res istente n ão est á restrit a a uma área em particular . O
merca do de produtos c árneo s e a di sse minaçã o de bactéria s com genes de
re sistência transferív eis alcançam um c aráter mundial. Assim , a prevenção ou
diss emina ção de resist ência a antibióticos a partir de bactéria s da flora intestinal
anim al por meio da c arne , leite e seus subprodutos requer uma regulamentação
mundial.
Este te xto não pretende esgotar o assunto, apenas contribuir para a discussão
sobre o control e dos antimicrobianos em bovinos, levantando informações
di sponíve is na literatura internacional e as tendências das regulamentações para
esse tópi co, par a anali sar o uso de antibióticos na nutrição animal com enfoque
em bo v inos de c orte . Dessa forma, contribuir na construção de ações que
permitam minimizar a transferên c ia da resist ência microbiana , a contaminação
mi crobiana do s alimentos de origem anima l e os riscos para a saúde humana.
Uso de antimicrobianos na produ ção de bovin os e dese nvolvimento de res istên cia 45
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