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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

P A T O L O G I A F L O RE S T A L
ROTEIRO DE AULAS PRÁTICAS
(2a. Edição)

SIDNEY FERNANDO CALDEIRA

Eng. Florestal - CREA 2.919-MT - M. Sc. Fitopatologia

CUIABÁ - 1999
APRESENTAÇÃO

Esta segunda versão é publicada com o objetivo de


orientar os acadêmicos nas atividades práticas da
disciplina de Patologia Florestal do curso de
Engenharia Florestal.

A busca do conhecimento não deve ser limitada e esta


publicação apenas introduz um comportamento
laboratorial para subsídio nas análises das doenças
em espécies florestais.

Outra finalidade é estimular e orientar o aluno no


processo de consulta e pesquisa, apresentando
diversos títulos publicados que podem complementar
seu ensino e aprendizagem.

Como bem mencionou Francisco Alves Ferreira, nosso


amigo "Xyko", em seu livro sobre Patologia Florestal:
"este trabalho foi publicado para não ser rescrito".

PATOLOGIA FLORESTAL i
AGRADECIMENTOS

Aos
poucos que, de alguma forma, colaboraram.

A
todos que, de qualquer forma, incentivaram.

À
grande maioria que, pelo menos, não atrapalhou.

DEDICAÇÃO

À minha mulher e filhos,


pela paciência.

A você, leitor,
pela atenção.

PATOLOGIA FLORESTAL ii
ÍNDICE

AULA PÁGINA

1. Introdução à atividade laboratorial ................................... 1

2. Preparações microscópicas ................................................... 6

3. Medições microscópicas ......................................................... 11

4. Isolamento de fitopatógenos ............................................... 16

5. Inoculação de fitopatógenos ................................................ 29

6. Fungos inferiores – Mastigomycotina e Zygomycotina .. 38

7. Fungos superiores – Ascomycotina ..................................... 46

8. Fungos superiores – Ascomycotina ..................................... 57

9. Fungos superiores – Basidiomycotina ................................ 58

10. Fungos imperfeitos – Deuteromycotina ............................ 65

11. Outros agentes bióticos de fitomoléstias .......................... 74

12. Prescrição técnica ................................................................... 81

13. Defensivos agrícolas para a área florestal ........................ 89

Bibliografia ............................................................................... 93

PATOLOGIA FLORESTAL iii


LISTA DE FIGURAS

FIGURA PÁGINA

1. Maneira correta para depositar a lamínula sobre a lâmina .............. 8

2. Disposição das etiquetas e informações para identificação ............... 8

3. Conidióforo e micrômetro ocular, MO ................................................... 13

4. Clamidósporo e micrômetro ocular (acima); micrômetro ocular e


lâmina micrométrica (abaixo) .................................................................. 14

5. Seqüência da técnica de indução da esporulação ................................. 18

6. Seqüência da técnica de indução do crescimento micelial ................. 18

7. Seqüência da técnica de indução de diluição ......................................... 20

8. Seqüência da técnica de armadilha .......................................................... 20

9. Esquema da técnica de fluxo bacteriano ................................................ 22

10. Esquema da técnica de diluição ................................................................ 23

11. Esquema de montagem da técnica do funil de Buckmann ................. 24

12. Seqüência da técnica de peneiramento úmido ...................................... 25

13. Seqüência da técnica de centrifugação em suspensão de sacarose .. 26

14. Seqüência da técnica de aplicação direta de micélio em folha e em


colo de mudas ............................................................................................... 31

15. Seqüência da atomização com suspensão de esporos ou micélio


em folhas ....................................................................................................... 32

16. Seqüência da técnica de injeção em tecido lenhoso ............................. 32

17. Seqüência da técnica de infestação do solo com inóculo ................... 34

18. Seqüência da técnica de imersão de raízes em suspensão aquosa


de inóculo ...................................................................................................... 34

19. Diagrama do sistema de cinco Reinos proposto por Whittaker em


1969, segundo AINSWORTH & BISBY (1983) ...................................... 39

20. Chave simplificada dos fungos inferiores de importância para a


Patologia Florestal ....................................................................................... 42

PATOLOGIA FLORESTAL iv
FIGURA PÁGINA

21. Ciclo de vida típico de fungos de gênero Pythium, segundo GALLI


(1994) ............................................................................................................ 43

22. Ascomas típicos e estruturas de reprodução sexual e assexual da


subdivisão Ascomycotina, segundo AGRIOS (1979) ............................ 47

23. Ciclo do mal das folhas de Hevea sp., causado por Microcyclus
ulei, segundo GASPAROTTO & FERREIRA (1989) ................................ 51

24. Ciclo de Calonectria crotalariae (Cylindrocladium crotalariae),


agente causal de manchas de folhas em Eucalyptus sp., segundo 53
FERREIRA (1989) .........................................................................................

25. Ciclo de Apiosphaeria guaranitica, agente causal da crosta


marrom do ipê, segundo FERREIRA (1989) .......................................... 54

26. Ciclo da mancha aureolada da seringueira, causada por


Thanatephorus cucumeris, segundo GASPAROTTO & FERREIRA 60
(1989) ............................................................................................................

27. Ciclo da ferrugem do ipê-amarelo, causada por Prospodium


bicolor, segundo FERREIRA (1989) ......................................................... 62

28. Esquema e características das classes e ordens da subdivisão


Deuteromycotina ......................................................................................... 66

29. Ciclo de Oidium sp. em Eucalyptus sp. e diversas essências


florestais, segundo FERREIRA (1989) ..................................................... 69

30. Ciclo de Cercospora sp., agente de manchas foliares em diversas


espécies florestais, segundo FERREIRA (1989) ..................................... 70

31. Ciclo de Fusarium sp., agente causal de tombamento de mudas,


segundo FERREIRA (1989) ........................................................................
71

32. Os seis principais gêneros de fitobactérias e sintomas típicos,


Segundo GALLI et al. (1994), adaptado de Kiraly et al. (1970) ....... 75

33. Anatomia típica de nematóide macho e fêmea, fitoparasitos,


segundo AGRIOS (1971) ............................................................................ 78

PATOLOGIA FLORESTAL v
LISTA DE TABELAS

TABELA PÁGINA

1. Diluição e meios de cultura indicados para isolar fitopatógenos do


solo .................................................................................................................. 19

2. Classificação do reino dos fungos segundo AINSWORTH & BISBY


(1983) ............................................................................................................ 39

3. Classificação simplificada de classes, ordens, famílias e alguns


exemplos dos fungos inferiores ................................................................ 41

4. Associação de gêneros de Ascomycotina com Deuteromycotina ...... 47

5. Classificação simplificada de ordens, famílias e alguns exemplos de


fungos da subdivisão Ascomycotina ........................................................ 48

6. Classes da subdivisão Basidiomycotina segundo diferentes autores. 59

7. Resumo do ciclo de vida de um fungo causador de ferrugem .......... 61

8. Principais características dos gêneros de bactérias fitopatogênicas. 77

9. Nematóides fitoparasitos de algumas espécies florestais e


respectivo modo de ação ............................................................................ 77

10. Classificação de pulverização de acordo com o volume de calda


utilizado ......................................................................................................... 82

11. Algumas substâncias químicas utilizadas como fungicidas e


classificados quanto à sua geração e grupo químico ........................... 83

12. Princípio ativo e nome comercial de alguns nematicidas e alguns


antibióticos utilizados como bactericidas e fungicidas ....................... 84

13. Denominação, cor da faixa e equipamento obrigatório de acordo


com a classe toxicológica dos defensivos agrícolas .............................. 84

14. Dose e agrotóxicos para controle químico de doenças do Cacau


(Theobromae cacao) .................................................................................. 89

15. Dose e agrotóxicos para controle químico de doenças do Eucalipto


(Eucalyptus spp.) ......................................................................................... 89

16. Dose e agrotóxicos para controle químico de doenças do Ipê


(Tabebuia spp.) ........................................................................................... 90

PATOLOGIA FLORESTAL vi
TABELA PÁGINA

17. Dose e agrotóxicos para controle químico de doenças do Pinheiro


(Pinus spp.) ................................................................................................... 90

18. Dose e agrotóxicos para controle químico de doenças de plantas


ornamentais .................................................................................................. 90

19. Dose e agrotóxicos para controle químico de doenças da


Seringueira (Hevea spp.) ........................................................................... 91

20. Dose e agrotóxicos para controle químico de doenças de outras


espécies florestais ........................................................................................ 92

PATOLOGIA FLORESTAL vii


INTRODUÇÃO À ATIVIDADE LABORATORIAL

INTRODUÇÃO À ATIVIDADE LABORATORIAL

1. OBJETIVOS

Conhecer e saber as normas do Laboratório de Patologia Florestal e as técnicas de


coleta de amostras de material vegetal doente para análises patológicas.

2. CONSIDERAÇÕES

Nas aulas práticas de Patologia Florestal uma série de normas deve ser seguida
para atingir os objetivos propostos e o domínio técnico dessas atividades.

2.1. Normas de laboratório

É obrigatório o uso de guarda-pó em todas as aulas práticas e expressamente


proibido fumar nas dependências do laboratório.
Todo aluno deve ter para seu uso pessoal: esmalte incolor; estilete de ponta grossa
e de ponta fina; etiquetas gomadas; lâminas de barbear; lápis preto n.º 2 e borracha.
Somente utilize material e equipamentos que fizerem parte da atividade prática em
execução.
A assepsia é fundamental para atingir os objetivos propostos; o aluno deve lavar
suas mãos com sabão e limpar a bancada com álcool 70% e algodão, antes de iniciar seu
trabalho, além de limpar o seu local de trabalho, após o término da atividade.
Não deixe de resolver as questões propostas, consultar a literatura adicional e tirar
suas dúvidas, pois as atividades práticas farão parte das avaliações gerais e avaliações
práticas e somente serão aceitos relatórios dos alunos que participarem da execução da
atividade prática.

2.2. Noções de Microscópio

O microscópio é um equipamento de precisão e sensível; deve ser utilizado com


cuidado e mantido sempre limpo e coberto após o uso. Antes da utilização faça um ajuste
das lentes oculares de acordo com a sua acuidade visual e distância interpupilar.
Somente utilize para observação em microscópio o material devidamente montado
em lâmina. Qualquer outro tipo de material deve ser observado em microscópio

PATOLOGIA FLORESTAL 1
INTRODUÇÃO À ATIVIDADE LABORATORIAL

estereoscópio, a lupa, que é adequado para material volumoso.


Antes da observação abaixe a mesa do microscópio e após depositar a lâmina,
sempre com a objetiva de menor aumento, suba a mesa vagarosamente acionando o
parafuso macrométrico e observando à vista nua.
Olhe pela lente ocular e acerte o foco com o parafuso macrométrico e complete o
ajuste com o parafuso micrométrico. Faça as observações em outras objetivas e selecione
a que proporcionar a melhor visualização para desenhar as estruturas observadas.
Evite a utilização de máxima luminosidade, para não prejudicar sua visão e
diminuir a vida útil da lâmpada do aparelho.
Somente utilize a objetiva de imersão, a de 100 vezes, para observação de
esfregaço bacteriano, adicionando uma gota de óleo de imersão, óleo-de-cedro, sobre o
local a ser observado e após o exame efetue a limpeza da objetiva com algodão embebido
em xilol, secando posteriormente com algodão limpo e seco.
Ao término limpe a mesa do microscópio, desligue o aparelho, retire o plugue da
tomada e cubra o equipamento, eliminando as lâminas em recipiente adequado,
separando a lâmina da lamínula.
Quando for solicitado entregue a lâmina montada, devidamente etiquetada, junto
com o respectivo relatório dirigido, já preenchido.

2.3. Noções de Sintomatologia

Diagnose é a determinação de uma enfermidade e seu agente etiológico através do


exame de sintomas e sinais apresentados pela planta doente, associado às técnicas de
isolamento de planta doente e inoculação do patógeno em planta sadia, repetição dos
mesmos sintomas e sinais e o reisolamento do mesmo patógeno da planta inoculada.
De modo simplificado, sintoma é a exteriorização da doença, como resultado das
alterações fisiológicas e morfológicas no hospedeiro; sinal é a presença de estruturas ou
produtos da ação do patógeno junto ao tecido afetado.
Os sintomas observados em plantas doentes são assim agrupados: (a) necróticos,
caracterizados por morte do tecido infectado, observados como: amarelecimento, mancha,
murcha, seca, cancro, tombamento, gomose, morte dos ponteiros, podridão e resinose,
entre outros; (b) hiperplásticos ou hipertrofias, caracterizados por incremento no
número ou tamanho das células, observados como: galha, tumor, sarna e vassoura-de-
bruxa, entre outros e (c) hipoplásticos ou hipotrofias, quando apresentam redução no
desenvolvimento ou atrofia, como: albinismo, clorose, mosaico, estiolamento,
enfezamento e roseta, entre outros.
Os microorganismos que podem estar envolvidos nestes sintomas são os fungos,
bactérias, nematóides e vírus, denominados agentes de doenças patogênicas. É possível
observar alguns desses sintomas cuja causa são agentes não patogênicos, denominados de
desordens fisiológicas, causadas por: adversidade climática, deficiência nutricional,
poluentes e toxidez mineral, entre outros. Alguns desses sintomas podem ser causados
por insetos, o que implicará em procedimentos que não são objeto desta disciplina.
Quanto à localização os sintomas podem surgir nas folhas, flores, frutos, ramos,
galhos, troncos e raízes. Quando ocorrem no local da infecção são genericamente
denominados de sintomas primários e quando ocorrem em parte do vegetal diferente do

PATOLOGIA FLORESTAL 2
INTRODUÇÃO À ATIVIDADE LABORATORIAL

local da infecção, são denominados de sintomas secundários ou reflexos.


É importante observar que existem sintomas característicos em certas doenças:
como murcha, seca e podridão mas, de modo geral, ocorrem vários sintomas ou sinais no
processo doença. Esse conjunto de sintomas e sinais, que caracteriza determinada doença,
é denominado de quadro sintomatológico.

2.4. Recomendações para coleta de material doente

Para diagnosticar uma enfermidade é necessário que o material doente chegue em


condição de análise no laboratório e as amostras representem os sintomas e sinais que
estão ocorrendo no campo e envio imediato ao laboratório.
A forma adequada de coleta para cada parte do vegetal é a seguinte:
(a) material foliar: se for possível chegar ao laboratório em 48 horas, poderá ser
enviado à fresco em sacos de papel ou caixas de papelão com pequenos furos ou entre
folhas de papel de jornal. Quando exceder a 48 horas, o material deverá ser prensado e
secado à sombra. Não enviar em sacos plásticos.
(b) ramos, galhos, troncos ou suas partes: destacar a parte afetada, de forma
representativa, com faca ou ferramenta afiada e, quando necessário, proceder a lavagem
em água corrente e deixar secar ao sol, acondicionando em sacos de papel ou caixa de
papelão e completar o espaço vazio com papel amassado, para evitar movimento do
material. Não enviar em sacos plásticos.

(c) raízes: proceder a coleta, lavagem, secagem e acondicionamento de forma


semelhante ao item anterior. Efetuar coletas adicionais de 8 a 10 subamostras de solo
rizosférico, próximo das raízes doentes, em diversos locais e a diferentes profundidades;
misturar e retirar uma amostra composta com cerca de 500g e umedecer levemente, se
necessário, acondicionando em saco plástico bem vedado.
(d) frutos e órgãos suculentos: coletar e acondicionar amostras representativas em
vidro contendo álcool a 40% ou solução 1:1:1 de álcool a 90%, água e benzeno.
Junto com as amostras coletadas deverá ser respondido um questionário
complementar que acompanhará as amostras ao laboratório, com os recipientes
devidamente identificados com data e local de coleta, coletor, espécie e variedade
coletada.
Na coleta é importante tentar caracterizar o quadro sintomatológico existente;
nem sempre é possível amostrar totalmente este quadro em certas épocas e situações.
O treinamento visual do técnico é muito importante para uma correta diagnose,
principalmente para comparação com a literatura, herbário e outras fontes de consulta.

3. PROCEDIMENTOS

Efetuar uma coleta de material florestal doente, respondendo adequadamente ao


questionário. Efetuar a descrição dos sintomas e sinais observados.
Observar que este mesmo material poderá ser utilizado futuramente para
execução das técnicas de isolamento de fitopatógenos.

PATOLOGIA FLORESTAL 3
INTRODUÇÃO À ATIVIDADE LABORATORIAL

4. RESULTADOS

Entregar o material coletado, com a devida identificação acompanhado do


questionário informativo.

5. QUESTÕES COMPLEMENTARES

1. O que é assepsia e qual sua importância na atividade laboratorial para análise


das doenças florestais?
2. Quais as partes que compõem um microscópio óptico?
3. Que tipos de ajustes podem ser efetuados em um microscópio óptico para
otimizar a visualização do material a ser observado?
4. O que é um esfregaço e como é preparado?
5. Qual a função do óleo-de-imersão e quando este deve ser utilizado na rotina de
laboratório?
6. Quais são os principais erros cometidos na coleta de material para diagnóstico
de doenças florestais?
7. Qual a diferença entre sintoma e sinal?
8. O que é quadro sintomatológico?
9. Quais informações devem ser enviadas nas embalagens de material coletado
para exame fitopatológico?

PATOLOGIA FLORESTAL 4
INTRODUÇÃO À ATIVIDADE LABORATORIAL

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA N°. 01 Data: Sub-turma:

Aluno(a):

QUESTIONÁRIO INFORMATIVO - ANÁLISE DE FITOMOLÉSTIA


Interessado:
Endereço:
Cidade/UF: Telefone:

Espécie: idade: área plantada:


Variedade: espaçamento: área afetada:
Estágio: [ ]fruto; [ ]semente; [ ]estaca; [ ]muda; [ ]árvore jovem; [ ]árvore adulta
Parte(s) afetada(s):
Época observada: vegetação adjacente:

[ ] = Se o fato ocorreu, marque com um “ x ” e procure detalhar da melhor forma.


Sintomas observados:

[ ]em planta isolada; [ ]foco(s) isolado(s); [ ]em reboleira(s); [ ]generalizado


[ ]ocorrência anterior:
[ ]em outras espécies? Quais:

[ ]Temperatura alta [ ]frente fria [ ]falta de chuva


[ ]inundação - dias [ ]excesso de sombra [ ]insolação forte
tipo de solo: profundidade:
íons tóxicos no solo: pH do solo:
poluentes atmosféricos:

[ ]Calagem [ ]fertilizantes ou adubos [ ]irrigação


[ ]poda(s) [ ]desrama(s) [ ]desbaste(s)
[ ]capina/roçada, equipamento:
[ ]outras, especificar:
defensivos agrícolas (produto e dosagem):

[ ]Remessa anterior ao laboratório:


observações:

data da coleta: / / coletor:

PATOLOGIA FLORESTAL 5
PREPARAÇÕES MICROSCÓPICAS

PREPARAÇÕES MICROSCÓPICAS

1. OBJETIVOS

Recordar as técnicas rotineiras de preparações microscópicas para as análises


laboratoriais e saber as funções dos líquidos de montagem.

2. CONSIDERAÇÕES

O diagnóstico de uma enfermidade, na maioria das vezes, não pode ser feito pela
simples observação dos sintomas; podem ser necessários exames microscópicos de cortes
histológicos, de estruturas reprodutivas do patógeno ou raspagem da superfície de lesões,
além da execução dos postulados de Koch.
Somente é possível estabelecer a causa de uma fitomoléstia a um microorganismo
através dos postulados descritos por Robert Koch em 1881, que são: (a) associação
constante do patógeno e hospedeiro: presença do microorganismo em todas as plantas da
mesma espécie, observadas com os sintomas; (b) isolamento do patógeno das lesões
observadas no hospedeiro doente; (c) inoculação do patógeno isolado em planta sadia, da
mesma espécie e reprodução dos mesmos sintomas observados inicialmente no hospedeiro
doente, e (d) reisolamento do patógeno do hospedeiro sadio inoculado.

2.1. Líquidos de montagem

Além das técnicas de isolamento e inoculação, para execução do postulados de


Koch é necessária a identificação do microorganismo, o que é efetuado mediante estudo
de suas estruturas em preparações microscópicas.
Os líquidos de montagem utilizados nas preparações microscópicas têm as funções
de coloração, que objetiva um melhor contraste das estruturas com o meio circundante;
de fixação, cuja finalidade é conservar o material evitando a deterioração das estruturas
e, finalmente, da manutenção da umidade, para que o material não seque e mantenha a
forma original das estruturas.

Dentre os líquidos de montagem mais utilizados para observações rápidas, podem


ser citados: a água destilada e a glicerina a 20%; para preparações permanentes os mais
comuns são: lactofenol, azul de Amann e fuccina ácida, cujas formulações são
apresentadas a seguir.

PATOLOGIA FLORESTAL 6
PREPARAÇÕES MICROSCÓPICAS

O lactofenol é preparado pela mistura de 10 ml de ácido láctico com 10 ml de


glicerina PA e mais 10 g de fenol cristalizado em 10 ml de água destilada. Já a fuccina
ácida ou lactofuccina é preparada pela mistura de 0,1 g de fuccina ácida em 100 ml de
ácido láctico PA.
Para preparar o azul de Amann basta adicionar o corante azul de algodão, "cotton
blue", na proporção de 0,05 a 0,1%, a partir de uma solução estoque a 0,5% em água
destilada, a um determinado volume de lactofenol, preparado segundo as indicações já
apresentadas.

2.2. Preparações microscópicas

As técnicas mais comuns para preparações microscópicas, são:


(a) fragmentação ou esmigalhamento de estruturas: indicada para corpos
frutíferos como apotécio, peritécio, picnídios, entre outros, através da pressão do
material acondicionado entre a lâmina e a lamínula;
(b) exame de culturas superficiais: após o acondicionamento do material em
lâmina e lamínula, retirado de meio de cultura com auxílio de estilete;
(c) raspagem da superfície de lesões: indicado para montagem de conídios,
conidióforos, picnídios, entre outros, desde que se apresentem superficialmente no tecido
do hospedeiro;
(d) corte histológico: efetuado com micrótomo ou à mão livre, é indicado para
observação de estruturas subepidermais no tecido do hospedeiro, como acérvulos,
picnídios, estromas e outros;
(e) fita adesiva: utilizada para observações de esporos ou frutificações superficiais
existentes no tecido do hospedeiro.
Em alguns casos é possível a observação direta do material afetado e identificação
do microorganismo, quando este apresenta-se sobre o tecido afetado com as estruturas
de frutificação. Isto é comum nas análises fitossanitárias de sementes e algumas doenças
de folhas e troncos, cuja frutificação pode ser estimulada pelo acondicionamento do
material em câmara úmida.
É importante observar que a montagem de boas lâminas depende de treinamento
e da tentativa repetitiva e cuidadosa, já que as estruturas são bastante pequenas e
sensíveis. Normalmente para obter-se uma boa lâmina devemos efetuar, pelo menos, três
montagens e selecionar a melhor estrutura.

3. PRODECIMENTOS

Observar os órgãos com lesões ou as placas com fungos que forem apresentados
em aula sob o microscópio estereoscópio até a completa visualização das estruturas do
patógeno.
Retirar com auxílio de um estilete flambado a estrutura do microorganismo e
acondicionar em uma gotícula de líquido de montagem sobre uma lâmina e cobrir
cuidadosamente com a lamínula, conforme o esquema apresentado na figura 1.

PATOLOGIA FLORESTAL 7
PREPARAÇÕES MICROSCÓPICAS

FIGURA 1 - Maneira correta para depositar a lamínula sobre a lâmina.

FIGURA 2 - Disposição das etiquetas e informações para identificação.

PATOLOGIA FLORESTAL 8
PREPARAÇÕES MICROSCÓPICAS

Se a estrutura for volumosa e interessar a observação de seu interior, efetuar o


esmigalhamento com o cabo do estilete, através de pressão ou batidas suaves sobre a
lamínula.
Após a observação da estrutura proceder a lutagem com o esmalte incolor e
somente após a secagem do esmalte desenhar a estrutura e colar a etiqueta anotando as
informações especificadas na figura 2.
Para as preparações em que o material estiver em placa de Petri, com meio de
cultura, o procedimento será idêntico, mas ao colocar o material no líquido de montagem
utilize dois estiletes para separar e posicionar o material na lâmina.
Cuidar para não exagerar na quantidade de líquido de montagem e quando isto
ocorrer, antes da lutagem, remover o excesso com lenço de papel ou papel borrão.
Nunca utilizar o óleo de imersão neste tipo de trabalho.

4. RESULTADOS

O aluno deverá executar a montagem de lâminas com os materiais entregues em


sala de aula, efetuar a lutagem, etiquetar, desenhar e identificar as estruturas observadas
em relatório próprio que será entregue juntamente com as lâminas montadas.

5. QUESTÕES COMPLEMENTARES

1. Qual a finalidade dos líquidos de montagem?


2. Qual o objetivo de se efetuar as preparações microscópicas nas análises
laboratoriais?
3. Qual a função do esmalte nas preparações microscópicas e que outros produtos
são utilizados para tal finalidade?
4. Quais os erros mais comuns cometidos na montagem de lâminas?
5. Citar dois líquidos de montagem e respectiva formulação, diferentes dos que
foram apresentados neste roteiro.
6. Porque devemos dar a localização das estruturas montadas em lâminas?
7. Quais são as técnicas mais utilizadas nas preparações microscópicas?

PATOLOGIA FLORESTAL 9
PREPARAÇÕES MICROSCÓPICAS

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA N°. 02 Data: Sub-turma:

Aluno(a):

Material 1:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

Material 2:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

PATOLOGIA FLORESTAL 10
MEDIÇÕES MICROSCÓPICAS

MEDIÇÕES MICROSCÓPICAS

1. OBJETIVOS

Aprender a calcular os coeficientes micrométricos e medir algumas estruturas de


microorganismos em microscópio binocular.

2. CONSIDERAÇÕES

Dentre as várias características utilizadas para a classificação de microorganismos,


a dimensão de suas estruturas vegetativas e reprodutivas é parâmetro de fundamental
importância na identificação de gêneros e espécies.
Para medição dessas estruturas é necessário utilizar determinado aparato junto ao
microscópio e a operação divide-se em duas fases: primeiro determinar os coeficientes
micrométricos, CM, e depois medir as estruturas.
Na primeira fase é utilizada a lâmina micrométrica, LM, junto com o micrômetro
ocular, MO, e na segunda fase é utilizado o mesmo MO e a lâmina montada com o
material a ser mensurado.
A LM caracteriza-se por ser reticulada de 10 em 10µ, ou com uma medida
conhecida, num total de 100 retículos. Já o MO é reticulado de forma eqüidistante, sem
uma medida definida, podendo ter um total de 50 ou de 100 retículos.
O MO é utilizado como um referencial para registrar os CM resultantes dos efeitos
da ampliação sofrida pela medida real da LM que, nas diferentes objetivas, geram
diferentes CMs. É importante salientar que cada lente objetiva terá um CM e seu valor
será inversamente proporcional à ampliação oferecida pelas lentes objetivas.
Como alguns microscópios apresentam diferentes lentes oculares, 10X, 15X e até
20X, e estas lentes influenciam na ampliação final obtida, ao se trocar de lente ocular ou
lente objetiva, ocorrerá alteração no valor do CM.
O cálculo do CM é dado pela equação:

CM = 10 x (LM) / MO

PATOLOGIA FLORESTAL 11
MEDIÇÕES MICROSCÓPICAS

onde:

LM = número de retículos considerados da LM


MO = número de retículos do MO que coincidiu com o número de retículos da LM

O valor do CM é dado em micros, não importando qual é o número de retículos


considerados; ele sempre terá o mesmo valor para um determinado conjunto de lentes
objetiva e ocular.
Finalmente, considerando que o valor dos CMs é sempre inversamente
proporcional à ampliação oferecida pelo conjunto óptico do microscópio, é possível
estimar com uma regra de três simples o valor de todos os CMs, a partir de um único
calculado.
Nesta estimativa poderão ocorrer pequenas diferenças em função das lentes ou da
passagem da luz pelo sistema óptico do microscópio mas, de modo geral, aparelhos de
mesma marca e mesmo modelo apresentam CMs cujos valores são bastante próximos para
os respectivos conjuntos de lentes ocular e objetiva.

3. PROCEDIMENTOS

Inicialmente o aluno deverá regular o microscópio à sua visão; acondicionar a LM


na mesa do microscópio, prendendo-a pela platina e o MO deverá ser instalado junto à
lente ocular direita do microscópio.
Observando com a objetiva de menor aumento efetuar a superposição dos
retículos iniciais da LM e do MO e localizar a superposição de qualquer outro retículo da
LM com outro do MO, efetuando a contagem do número de retículos contido entre estes
dois, tanto na LM como no MO.
Os valores encontrados deverão ser substituídos na equação apresentada
anteriormente para determinação do CM, especificando sempre para qual conjunto de
lentes objetiva e ocular foi efetuada esta determinação.
A operação deverá ser repetida para outros conjuntos de lentes objetiva e ocular,
Uma opção para este passo pode ser a estimativa dos CMs dos outros conjuntos de lentes,
com base nas ampliações oferecidas pelo microscópio.
Em seguida a LM deverá ser retirada da mesa do microscópio e em seu lugar
depositada a lâmina montada com a estrutura a ser medida, selecionando a lente objetiva
que oferecer a melhor visualização da estrutura.
O passo final é efetuar a contagem do número de retículos do MO que ocupam a
estrutura a ser medida, sendo este valor denominado de leitura, L, e para determinação
do tamanho da estrutura utilizar a seguinte equação :

T (obj.) = (CM) x (L)

PATOLOGIA FLORESTAL 12
MEDIÇÕES MICROSCÓPICAS

onde:
T (obj.) = dimensão da estrutura, em micros
CM = valor do coeficiente micrométrico, em micros
L = leitura correspondente ao número de retículos ocupados pela estrutura
medida

4. RESULTADOS

Apresentar o relatório com os cálculos ou estimativas de todos os CMs para o


microscópio que for utilizado, bem como o desenho das estruturas observadas, em
relatório próprio, e as dimensões encontradas.

5. QUESTÕES COMPLEMENTARES

1. Se um microscópio apresenta quatro objetivas: 4, 6, 60 e 100 e um conjunto de


três oculares: 5X, 10X e 20X, quantos CMs deverá ter a mais que outro que apresenta
somente três objetivas: 6, 10 e 60 e duas oculares: 10X e 20X?
2. Um microscópio apresenta o CM = 10, objetiva 10 com a ocular 10X. Qual será
o tamanho do conidióforo, fiálide e conídio, esquematizados na figura 3, abaixo, se sua
observação visual foi efetuada na objetiva 60 com a ocular 15X?

FIGURA 3 - Conidióforo e micrômetro ocular, MO.

PATOLOGIA FLORESTAL 13
MEDIÇÕES MICROSCÓPICAS

3. Um microscópio apresenta os seguintes CMs: 16,1 para a lente objetiva 10 com


a lente ocular 10X e 7,98 para a lente objetiva 10 com a lente ocular 20X. Qual o
tamanho provável de um objeto, se as Ls efetuadas foram, respectivamente: 20,2 e 39,5?
4. Sabe-se que um objeto mede 100 micros. Quais devem ter sido as Ls efetuadas
se o microscópio apresenta os seguintes CMs : 29,5, objetiva 4 com a ocular 15X, e 2,2,
objetiva 60 com a ocular 15X ? Se substituirmos a ocular 15X pela ocular 10X, quais
seriam os valores dos CMs e as respectivas leituras?
5. Um microscópio apresenta as objetivas 4, 10, 60 e 100 e as oculares 10X, 15X e
20X. Ao acondicionarmos a LM e o MO o observador constatou o campo visual
esquematizado na figura 4a; utilizando a objetiva 4 com a ocular 15X. Posteriormente
utilizando a objetiva 100 com a ocular 10X observou uma hifa com um clamidósporo,
esquematizados na figura 4b. Com estas informações pergunta-se : a) quais são os CMs
possíveis de serem calculados e/ou estimados para este microscópio ? b) qual será o
diâmetro do clamidósporo e a espessura da parede da hifa?

FIGURA 4 Clamidósporo e micrômetro ocular (acima); micrômetro ocular e lâmina


micrométrica (abaixo).

PATOLOGIA FLORESTAL 14
MEDIÇÕES MICROSCÓPICAS

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA N°. 03 Data: Sub-turma:

Aluno(a):

1. CÁLCULO DOS COEFICIENTES MICROMÉTRICOS (CMs)


QUADRO DE LEITURAS QUADRO DOS CMs
Lentes N°. de retículos Lentes Lentes Oculares
Objetivas LM MO Objetivas 10 X 15 X 20 X

OCULAR UTILIZADA:

2. DESENHO
Material :

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

3. CÁLCULO DA DIMENSÃO DAS ESTRUTURAS


QUADRO DE RESULTADOS
Estrutura CM Leitura Tamanho
1.
2.

PATOLOGIA FLORESTAL 15
ISOLAMENTO DE FITOPATÓGENOS

ISOLAMENTO DE FITOPATÓGENOS

1. OBJETIVOS

Conhecer e saber as principais técnicas de isolamento de fungos e bactérias


fitopatogênicas e as técnicas de extração de nematóides fitófagos, dos diferentes órgãos e
tecidos afetados do hospedeiro e também do solo.

2. CONSIDERAÇÕES

A presença do patógenos nos tecidos do hospedeiro ocasiona uma série de lesões


que, em alguns casos, são tão peculiares a ponto de possibilitar a diagnose da doença. Em
outros casos há necessidade de se isolar o microorganismo, principalmente para testar se
existe patogenicidade, através dos postulados de Koch, para determinar variedades
resistentes, ensaio com defensivos e outros testes.
Isolar um fitopatógeno consiste em transferi-lo do tecido vegetal atacado para
crescer isoladamente em meio de cultura. Observe-se que os parasitas obrigatórios
agentes de doenças conhecidas como ferrugens, por exemplo: Puccinia sp., Uromyces sp. e
outros; como carvões, por exemplo: Ustilago sp. e outros; como míldios, por exemplo:
Plasmopora sp., Peronospora sp. e outros e como míldios pulverulentos ou oidioses, por
exemplo: Erysiphe sp., Oidium sp. e outros, não crescem em meio de cultura artificial.
O isolamento é afetado pelos seguintes fatores: condição do material vegetal
doente, tipo de desinfetante superficial, meio de cultura utilizado, temperatura de
incubação e pela técnica de isolamento utilizada.

2.1. Isolamento de fungos fitopatogênicos

2.1.1. Indução da esporulação

A técnica de indução da esporulação é indicada para isolamento de fungos que


causam manchas foliares, como Cercospora sp., Colletotrichum sp., Helminthosporium
sp., Phoma sp., Septoria sp., entre outros. Contudo é comum o aparecimento de
Alternaria sp., Aspergillus sp., Cladosporium sp., Penicillium sp. e Trichoderma sp. que,
na maioria das vezes, são apenas contaminantes saprofíticos, mas que costumam
prejudicar essa técnica de isolamento.

PATOLOGIA FLORESTAL 16
ISOLAMENTO DE FITOPATÓGENOS

Esta técnica consiste em tomar pedaços quadrados de 1 a 2 cm da folha lesionada


na área de transição do tecido doente para o tecido sadio, cortados com lâmina flambada
e imersão em álcool a 70% por 1a 2 minutos; em seguida em hipoclorito de sódio a 2%
por 30 a 60 segundos e por mais três passagens sucessivas em água estéril para retirar o
excesso do hipoclorito de sódio. Em seguida retirar o excesso de água entre folhas de
papel de filtro esterilizadas e deposição em placas de Petri com meio de cultura ágar-água,
sempre com auxílio de pinça flambada.
As placa de Petri serão incubadas em ambiente ou estufa com observação diária.
Após o aparecimento da esporulação utilizar estilete flambado para repicar o fungo para
placa de Petri com meio de cultura BDA e montar a lâmina para identificação das
estruturas. O material poderá também ser repicado para tubo de ensaio quando se
desejar armazenar o fungo. A figura 5 apresenta um esquema deste procedimento
técnico.
Observa-se que a função do álcool, como solvente orgânico, consiste em eliminar
substâncias cerosas da folha vegetal que possam impedir o contato do desinfetante
superficial, o hipoclorito de sódio, com o tecido foliar, sendo que a menor ou maior
duração desta operação dependerá da espessura e estado do material.

2.1.2. Indução do crescimento micelial

Os organismos que atacam tecidos carnosos como galhos, madeira, raízes e frutos,
aqueles de difícil esporulação e os que causam tombamento de plântulas são geralmente
isolados a partir de pedaços internos do tecido afetado para crescer em meio de cultura
ágar-água ou meio de BDA acidificado. Esta técnica presume que nos tecidos internos
somente estará presente o fungo patogênico com ausência de saprófitas que usualmente
estão sobre a superfície dos tecidos afetados. É indicada para isolar Cryphonectria
cubensis, Sclerotium sp. e Armillaria mellea, entre outros.
A técnica consiste em lavagem externa da área afetada com água corrente e, se
necessário, com ajuda de escova de cerdas duras, retirar excesso de terra e secagem com
papel de filtro. A desinfestação externa pode ser efetuada com lavagem com ou passagem
de algodão embebido em álcool a 70% ou hipoclorito de sódio a 2% seguido de flambagem
externa. Com auxílio de bisturi é retirado um pedaço do tecido interno e acondicionado
em placa de Petri com o meio de cultura selecionado.

A incubação, observações diárias, repicagem para placa e tubo de ensaio além da


montagem de lâmina são semelhantes à técnica anterior e com os mesmos objetivos. A
figura 6 apresenta um esquema deste procedimento técnico.

2.1.3. Diluição

Esta técnica é indicada para isolar microorganismos que produzem grande número
de unidades reprodutivas, principalmente patógenos do solo, com Fusarium sp., bactérias,
actinomycetes e fermentos. Esta técnica pode ser afetada pela forma de coleta e
armazenamento do solo, pelas características do material utilizado e pelo meio de cultura
utilizado. A tabela 1 apresenta um resumo das diluições mais adequadas e respectivos
meios de cultura seletivos indicados para alguns fitopatógenos.

PATOLOGIA FLORESTAL 17
ISOLAMENTO DE FITOPATÓGENOS

FIGURA 5 – Seqüência da técnica de indução da esporulação

FIGURA 6 – Seqüência da técnica de indução do crescimento micelial

PATOLOGIA FLORESTAL 18
ISOLAMENTO DE FITOPATÓGENOS

A técnica consiste em tomar uma amostra de solo representativa, secar


naturalmente, moer em almofariz e após peneirar, retirar 10 g que serão diluídas em
água esterilizada, até atingir a diluição desejada. Em seguida alíquotas de 1 ml serão
depositadas em placas de Petri com o meio de cultura selecionado, conforme apresenta o
esquema da figura 7.

TABELA 1 - Diluição e meios de cultura indicados para isolar fitopatógenos do solo.


MICROORGANISMO DILUIÇÃO MEIO DE CULTURA SELETIVO
Actinomycetes 1/10 5
Ágar-água, caseína-glicerol
Bactérias 1/105 a 1/107 Ágar-nutriente, extrato de solo
Fungos 1/104 BDA-tergitol, V-8 Martin, DAES

Uma alternativa mais simples e que diminui a quantidade de vidraria, consiste em


tomar cerca de 0,005 a 0,15 g de solo devidamente preparado e misturar com 1 ml de
água em placa de Petri esterilizados, adicionando em seguida de 10 a 15 ml do meio de
cultura selecionado à temperatura de 40 a 45°C e com movimentos rotatórios misturar a
água com o solo com o meio de cultura.
Em qualquer desses dois procedimento, a incubação, observações diárias,
repicagem para placa e tubo de ensaio e montagem de lâmina são semelhantes às técnicas
anteriores e com os mesmos objetivos. É necessário corrigir o pH do meio de cultura para
4,00 a 4,50 se o objetivo for o isolamento de fungos e em torno de 7,00 se for para isolar
bactérias.

2.1.4. Em hospedeiros

Esta técnica é indicada principalmente para patógenos obrigatórios, sendo também


utilizada para infecções brandas e organismos de crescimento muito lento. Consiste em
crescer o hospedeiro em ambiente controlado e isento de outros microorganismos e
posteriormente transferir esporos da planta doente para esta planta sadia que é incubada
no mesmo local, com observações diárias e montagem de lâmina para identificar as
estruturas do fitopatógeno.

2.1.5. Armadilha

É indicada para fungos do solo que apresentam bom crescimento sobre certas iscas
como cenoura, tomate, sementes de alfafa do Nordeste, folhas de abacaxi, maçã, entre
outros. Consiste na utilização de um substrato preferencial, isca ou armadilha nutritiva,
para atraí-los, antes de outros, da microfauna do solo. Observa-se que o tempo de contato
entre o solo e o substrato não deve ser curto ou excessivo e o solo deve ser coletado de
amostras compostas sempre na rizosfera ou próximo ao colo da planta afetada.
De modo geral o enterro de hospedeiros suscetíveis sadios em solo infestado
também é considerado uma armadilha. A garantia do sucesso da técnica está na utilização
de um substrato adequado e na alta população desse patógeno no solo onde está a planta
doente.

PATOLOGIA FLORESTAL 19
ISOLAMENTO DE FITOPATÓGENOS

FIGURA 7 – Seqüência da técnica de indução de diluição.

FIGURA 8 – Seqüência da técnica de armadilha.

PATOLOGIA FLORESTAL 20
ISOLAMENTO DE FITOPATÓGENOS

A utilização de cenoura como armadilha dá bons resultados com Agrobacterium


tumefaciens e Thielaviopsis basicola; a técnica com celofane têm sido utilizada para
Rhizoctonia sp.; a deposição de solo em buracos feitos em frutos de maçã ou o enterro de
folhas de abacaxi, sem ferimentos, em solo infectado por Phytophthora spp. atraí este
fitopatógeno; quando as folhas de abacaxi são feridas com estilete flambado e enterradas
atraem Pythium spp..
Para executar esta técnica, cortar com escalpelo flambado discos de cenoura
desinfestada superficialmente e depositar em placa de Petri com papel de filtro e água
esterilizados. Sobre o disco colocar cerca de 1g de solo e incubar por 24 a 48 horas; em
seguida retirar o solo com jatos de água esterilizada e incubar novamente os discos de
cenoura em câmara úmida, com observações diárias, repicagem e montagem de lâmina,
igual ao exposto anteriormente.
Em alguns casos é possível transferir para placas de Petri com meio de cultura,
pedaços da armadilha. A assepsia será fundamental para obter-se bons resultados. A
figura 8 apresenta um esquema deste procedimento.

2.1.6. Direto

Esta técnica é indicada especialmente para microorganismos que podem ser


encontrados em colônias puras e também para alguns de crescimento lento. Neste caso a
transferência da estrutura do microorganismo é direta do tecido vegetal afetado para
placa de Petri com meio de cultura e também para a montagem de lâminas, com auxílio
de um estilete flambado.

2.2. Isolamento de bactérias fitopatogênicas

As bactérias fitopatogênicas, seres unicelulares, encontram-se aos milhares no


tecido enfermo e as técnicas para seu isolamento procuram diminuir essa quantidade
através de diluições para tentar obter-se colônias puras e separadas, oriundas de uma
única célula. É importante dar oportunidade para que as bactérias fitopatogênicas possam
formar colônias individualizadas, pois estas crescem mais lentamente que as bactérias
saprófitas.
De modo geral as bactérias desenvolvem-se bem em meio de reação neutra com pH
entre 6,50 e 7,50 enquanto para os fungos o pH ideal está entre 4,50 a 5,50. O meio de
cultura mais utilizado para bactérias é o ágar-nutritivo preparado com 3 g de extrato de
carne, 10 g de peptona, 18 g de ágar e volume de água destilada para completar 1000 ml.
Se nesta formulação for retirado o ágar e adicionado 10 g de dextrose, este meio de
cultura é conhecido como caldo-nutritivo.
Existe uma rotina prática para diferenciar uma lesão de folha ou do sistema
vascular causada por bactéria. No caso das folhas basta cortar um pequeno pedaço de
cerca de 3 mm de lado, na área de transição entre o tecido sadio e o tecido afetado e
colocar com água estéril entre lâmina e lamínula e observar ao microscópio. Se existirem
bactérias as mesmas formarão um fluxo bacteriano de cor cinza claro, saindo das
nervuras, facilmente observável.

PATOLOGIA FLORESTAL 21
ISOLAMENTO DE FITOPATÓGENOS

No caso de doença vascular basta cortar pedaços de ramos ou caules, plano na


base e em bisel na parte superior, de tamanho variável e depositar imediatamente em pé
sobre uma placa de Petri com água esterilizada, cobrindo o conjunto com cuba de vidro. O
surgimento de pequenas bolhas na extremidade superior dos vasos, de coloração cinza
claro, será indicativo de fluxo bacteriano, conforme esquema da figura 9.

FIGURA 9 – Esquema da técnica de fluxo bacteriano

2.2.1. Plaqueamento em ágar

Esta técnica é semelhante àquelas descritas de indução da esporulação e indução


do crescimento micelial para isolamento de fungos fitopatogênicos, utilizadas de acordo
com o tipo de tecido afetado pelas bactérias.

2.2.2. Diluição

É a mesma técnica apresentada para isolamento de fungos fitopatogênicos, sendo


que para bactérias existe outra alternativa prática na rotina de laboratório, que consiste
em obter uma suspensão bacteriana e posteriormente diluir, por meio de estrias, no meio
de cultura ágar-nutritivo em placa de Petri. Inicialmente é feita a desinfestação superficial
do tecido lesionado com hipoclorito de sódio a 2% e retirada do excesso por lavagem com
água estéril.
Em um placa de Petri esterilizada depositar 3 a 4 gotas de água estéril e transferir
para cada gota um pedaço do tecido que foi desinfestado. Com bastão de vidro ou bisturi

PATOLOGIA FLORESTAL 22
ISOLAMENTO DE FITOPATÓGENOS

flambado triturar os tecidos para difusão das bactérias e deixar em repouso por 10 a 20
minutos. Com alça de platina flambada retirar uma gota da suspensão bacteriana e
depositar no canto de um placa de Petri contendo ágar-nutritivo e sem arranhar o meio
de cultura traçar estrias deslizando a alça de platina em ziguezague ou
perpendicularmente.
Outra variação é a deposição de 3 a 5 pedaços de tecido lesionado em 5 ml de água
esterilizada em tubo de ensaio e deixar repousar de 10 a 30 minutos, transferir uma gota
e fazer as estrias nas condições descritas anteriormente, conforme figura 10.

FIGURA 10 – Esquema da técnica de diluição.

2.2.3. Armadilha

Esta técnica também é igual àquela descrita para isolamento de fungos.

2.3. Extração de nematóides de solo e raízes

Os nematóides, animais naturais do solo, podem ser extraídos do solo ou de raízes


em função de sua mobilidade.

2.3.1. Funil de Buckmann

Esta técnica é indicada basicamente para extração de nematóides migradores,


tanto do solo como das raízes. O procedimento consiste em colocar uma quantidade

PATOLOGIA FLORESTAL 23
ISOLAMENTO DE FITOPATÓGENOS

representativa de solo e raiz da planta atacada sobre um papel de filtro, montado sobre
uma tela plástica na parte superior de um funil, contendo um tubo de ensaio com água
destilada na sua parte inferior, conforme ilustra a figura 11.

FIGURA 11 – Esquema de montagem da técnica do funil de Buckmann.

O solo deve ser levemente umedecido e após 24 a 48 horas os nematóides deverão


estar depositados no fundo do tubo de ensaio. O excesso de água é eliminado e o restante
com os nematóides colocado em vidro de relógio para coleta, também chamada de
“pescaria”, dos nematóides com estilete e montagem de lâmina.

2.3.2. Peneiramento úmido

É indicada tanto para nematóides migradores como para nematóides sedentários,


desde que no segundo caso as raízes sejam previamente trituradas em liquidificador por 2
a 3 minutos com água destilada para liberação dos nematóides.
A técnica consiste em tomar uma amostra de solo e raiz da planta atacada, com
cerca de 200 g, que deve ser misturada em aproximadamente 1000 ml de água destilada e
após agitação deixar decantar por alguns minutos. Em seguida a mistura deve passar por
uma peneira com 2 mm de malha, recolhendo o líquido peneirado e descartado o material
retido nesta peneira.
O líquido peneirado deve ser passado em outra peneira de 0,25 mm, sendo o
material retido na peneira coletado em vidro de relógio com auxílio de uma piseta com
água destilada. O líquido peneirado agora é descartado. O vidro de relógio é levado sob
microscópio estereoscópio e os nematóides são pescados, conforme figura 12.

PATOLOGIA FLORESTAL 24
ISOLAMENTO DE FITOPATÓGENOS

FIGURA 12 – Seqüência da técnica de peneiramento úmido.

Quando o material apresentar grande quantidade de matéria orgânica esta técnica


também pode ser associada à técnica de centrifugação em sacarose que consiste em
resuspender o material retido na segunda peneira em um tubo de centrífuga com uma
solução de sacarose, preparada pela diluição de 454 g de sacarose e volume completado
com água para 1000 ml, até 1 cm da borda do tubo. O tubo então é submetido à
centrifugação a 2.000-3.000 rpm por 3 minutos.
A suspensão é então novamente passada pela peneira de 0,25 mm, deixando-se o
material orgânico no fundo do tubo centrífugo e efetuada a lavagem do material retido
na peneira, com auxílio de uma piseta com água destilada, para remoção da solução de
sacarose. O material retido é então coletado em vidro de relógio e o procedimento é o
mesmo da técnica apresentada anteriormente. Uma seqüência da técnica está
esquematizada na figura 13.

2.3.3. Extração direta

Esta técnica é adequada para extração de nematóides sedentários. Consiste em


lavar as raízes em água corrente, secar com papel de filtro e depositar sob microscópio
estereoscópio em um vidro de relógio. Com auxílio de dois estilete finos é efetuado então
o dessecamento das galhas ou das lesões nas raízes até encontrar os nematóides que são
transferidos para outro vidro de relógio com água destilada, seguido de montagem de
lâmina.

PATOLOGIA FLORESTAL 25
ISOLAMENTO DE FITOPATÓGENOS

FIGURA 13 – Seqüência da técnica de centrifugação em suspensão de sacarose.

3. PROCEDIMENTO

Executar isolamento de fitopatógeno de material doente de sua livre escolha,


colhido no campo, ou o apresentado em laboratório, selecionando a técnica que julgar
adequada para operacionalizar.

4. RESULTADOS

Entregar um tubo de ensaio com o fitopatógeno isolado, bem como a montagem


de lâmina/lamínula, identificação e desenho em relatório dirigido.

5. QUESTÕES

1. Qual a importância do isolamento de fitopatógenos?


2. Como a condição do material doente pode afetar o isolamento?
3. Qual o objetivo de se utilizar álcool a 70% e hipoclorito de sódio a 2% e a água
esterilizada na técnica de indução da esporulação?
4. Qual é a garantia de sucesso quando é utilizada a técnica de indução do
crescimento micelial para isolamento de patógenos de tecidos carnosos?

PATOLOGIA FLORESTAL 26
ISOLAMENTO DE FITOPATÓGENOS

5. Quais são as vantagens e desvantagens da técnica de diluição para isolamento de


patógenos do solo?
6. Qual a vantagem e a desvantagem da técnica de armadilha sobre a técnica de
diluição para isolamento de patógenos do solo?
7. Em que se baseia a técnica de armadilha ou isca?
8. Qual é o princípio básico de todas as técnicas de isolamento de bactérias?
9. Quais são as principais características dos nematóides fitófagos?
10. Qual é o princípio envolvido na técnica de peneiramento úmido e na técnica de
centrifugação em sacarose para extração de nematóides?

11. Qual é o princípio da técnica do funil de Buckmann para extração de


nematóides do solo?
12. Quais as vantagens da técnica de peneiramento úmido sobre a técnica do funil
de Buckmann?

PATOLOGIA FLORESTAL 27
ISOLAMENTO DE FITOPATÓGENOS

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA N°. 04 Data: Sub-turma:

Aluno(a):

Material 1:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

Material 2:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

PATOLOGIA FLORESTAL 28
INOCULAÇÃO DE FITOPATÓGENOS

INOCULAÇÃO DE FITOPATÓGENOS

1. OBJETIVOS

Conhecer e saber as técnicas utilizadas para inoculação de fitopatógenos nos


tecidos e órgãos de hospedeiros florestais.

2. CONSIDERAÇÕES

Inóculo é qualquer tipo de propágulo do patógeno que possa causar infecção nos
tecidos da planta hospedeira. Os tipos mais comuns de propágulos dos fungos são hifas ou
pedaços de hifas, esporos sexuais como oósporo, zigósporo, ascósporo e basidiósporo,
além de esporos assexuados como conídio, esporangiósporo, escleródio e outros. Já as
bactérias propagam por suas células e algumas podem apresentar endósporos, enquanto
os vírus são propagados por suas próprias estruturas virais e, finalmente, os nematóides
através dos ovos, larvas e indivíduos adultos.
Inoculação é a transferência do Inóculo de sua fonte até os tecidos suscetíveis do
hospedeiro, onde deverá estabelecer o processo infeccioso pela colonização das células e
tecidos, após a penetração. O tempo decorrido desde a inoculação até o aparecimento dos
sintomas da doença no hospedeiro é denominado de período de incubação ou período
latente, enquanto o tempo que demora desde a inoculação até a reprodução do patógeno
é denominado de período de geração.
O potencial de inóculo refere-se à quantidade de propágulos que compõe o inóculo
ou seja, quanto maior for o número de propágulos maior será o potencial deste inóculo.
O aumento deste potencial resultará em mais lesões e doença sobre o hospedeiro, até
determinado limite, após o que qualquer outro aumento pouco afetará na variação da
quantidade de doença.
O objetivo básico da inoculação é testar a patogenicidade do microorganismo
através do estabelecimento dos postulados de Koch, mas também pode servir para
determinar variedades resistentes, determinar órgãos suscetíveis ou não do hospedeiro,
estudar formas de penetração, estudar influência de fatores externos no estabelecimento
da infecção, entre outros.
Alguns fatores podem afetar o sucesso da inoculação, como: a patogenicidade do
microorganismo; a suscetibilidade do hospedeiro; as condições ambientais e o potencial de
inóculo.

PATOLOGIA FLORESTAL 29
INOCULAÇÃO DE FITOPATÓGENOS

Dentre estes fatores é necessário destacar que as condições ambientais favoráveis


não devem ser somente durante o processo de inoculação, mas devem durar ainda algum
tempo após a efetiva penetração do patógeno no interior dos tecidos. Por esta razão esta
técnica é sempre efetuada em ambiente controlado como casa-de-vegetação e câmaras de
neblina ou câmaras úmidas, onde existe a possibilidade de manter alta umidade relativa e
temperaturas adequada à infecção, que pode demorar de 12 a 72 horas para doenças de
folhas ou frutos e até semanas para doenças de galhos ou troncos.
Na prática de inoculação é possível efetuar variações que facilitem a penetração do
patógeno, normalmente através de ferimentos com estilete flambado ou escarificantes
superficiais para eliminar a barreira que representam as células epidermais.

2.1. Inoculação de fungos

Os fungos apresentam distintas formas de penetração como aqueles que penetram


diretamente pelo rompimento da epiderme, os que penetram por ferimentos ou aberturas
naturais e aqueles que penetram por órgãos especiais como o Fusarium sp. que pode
penetrar pelo local de emissão de novas radicelas. O conhecimento prévio do tipo de
penetração facilita a execução destas técnicas.

2.1.1. Aplicação direta de micélio

A aplicação direta do micélio fúngico no campo de infecção, com disco de micélio, é


indicada principalmente para fungos de difícil esporulação, principalmente aqueles que
atacam a parte foliar, podendo ser ainda utilizada para ramos, galhos e tronco, como é o
caso de Cryphonectria cubensis em Eucalyptus spp..
Consiste em retirar cilindros de meio de cultura com micélio fúngico utilizando-se
um fura-rolhas flambado e depositar esses cilindros sobre o local de inoculação na planta
hospedeira que pode receber ou não ferimentos. Se a inoculação for em folhas estas
deverão ser cobertas com um saco plástico transparente contendo em seu interior um
pedaço de algodão embebido em água esterilizada por 24 a 48 horas, após o que o saco
deve ser retirado. Deve ser evitada exposição direta ao sol para não queimar as folhas
inoculadas.

Quando a inoculação é efetuada em mudas embaladas, pode ser necessária uma


armação de arame para sustentar o saco plástico. Já a inoculação de tecidos lenhosos pode
ser feita por aberturas na casca, com o mesmo fura-rolhas, com ferimento por estilete ou
ferramenta cortante flambado ou então sem qualquer tipo de ferimento, sendo o local
igualmente coberto com plástico e um pedaço de algodão embebido em água esterilizada
para garantir alta umidade. A figura 14 apresenta um esquema deste procedimento
técnico.

2.1.2. Atomização com suspensão aquosa de esporos ou micélio

A suspensão de esporos ou de micélio triturado é indicada para inoculação de


folhas, inflorescências e frutos, tanto com parasitas obrigatório como facultativos. Para
os parasitas obrigatórios a coleta de esporos é efetuada pela raspagem com pincel ou

PATOLOGIA FLORESTAL 30
INOCULAÇÃO DE FITOPATÓGENOS

escalpelo do local doente ou ainda a deposição dos tecidos com esporos diretamente sobre
a água esterilizada em um béquer. A concentração dos esporos deverá ser de 103 até 106
esporos por mililitro, o que é feito com auxílio de hematocitômetro ou câmara de
Neubauer. A inoculação é feita por atomização com pulverizador De Vilbs.

FIGURA 14 – Seqüência da técnica de aplicação direta de micélio em folha e em colo de


mudas.

Os parasitas facultativos devem ser previamente cultivados em placas de Petri com


meio de cultura adequado e após crescimento micelial o conteúdo da placa de Petri deve
ser triturado com água esterilizada em liquidificador. Quando o fungo apresentar
esporulação, um pouco de água esterilizada deve ser adicionada à placa de Petri seguido
de agitação para liberação dos esporos e a suspensão coletada em béquer para avaliação e
correção da concentração. A inoculação é semelhante ao descrito anteriormente e a figura
15 apresenta um esquema deste procedimento técnico.

2.1.3. Injeção com suspensão aquosa de esporos ou micélio

A injeção com suspensão aquosa de esporos ou micélio no caule de plantas pode


ser empregada para patógenos que causam murchas vasculares, como Ceratocystis ulmi e
C. fimbriata, com auxílio de uma seringa. Previamente deve ser efetuada uma abertura
longitudinal no caule, com 1 a 2 cm de comprimento, levemente inclinada, onde deve ser
injetada a suspensão. O preparo da suspensão e a correção da concentração são
semelhantes ao descrito na técnica anterior, conforme mostra a figura 16.

PATOLOGIA FLORESTAL 31
INOCULAÇÃO DE FITOPATÓGENOS

FIGURA 15 – Seqüência da atomização com suspensão de esporos ou micélio em folhas.

FIGURA 16 –Seqüência da técnica de injeção em tecido lenhoso.

PATOLOGIA FLORESTAL 32
INOCULAÇÃO DE FITOPATÓGENOS

2.1.4. Aplicação de esporos a seco

A inoculação com aplicação de esporos a seco é indicada principalmente para


doenças como oidioses e ferrugens, causadas por parasitas obrigatórios, cuja fonte de
inóculo são as próprias plantas hospedeiras infectadas. A inoculação pode ser efetuada
pela simples agitação de folhas doentes sobre as folhas sadias ou então retirar os esporos
da folha infectada com auxílio de um pincel seco que será passado em seguida sobre a
folha sadia a ser infectada.
As folhas a serem inoculadas poderão ser previamente nebulizadas com água
esterilizada, utilizando-se um pulverizador De Vilbs n°. 15 e, em seguida, permanecerão
em câmara úmida pelo período que for necessário, até o aparecimento dos sintomas.

2.1.5. Infestação do solo com inóculo

Esta técnica é indicada para inoculação de fungos que atuam no sistema radicular
ou no colo das plantas, além das infecções sistêmicas cujos patógenos penetram pelo
sistema radicular, como Cylindrocladium spp., Botrytis sp., Fusarium spp., Armillaria
mellea, entre outros.
Consiste em produzir previamente mudas sadias em vasilhames contendo solo
expurgado e a seguir infestá-lo por irrigação com um volume conhecido de uma
suspensão de inóculo também de concentração conhecida. Esta técnica pode ser efetuada
com ou sem ferimento do sistema radicular, o que pode ser feito por sucessivos furos
perpendiculares no solo, próximo ao colo das plantas, com estilete flambado.

Uma variação desta técnica é a infestação do solo com o inóculo seguido de


semeadura ou transplante do hospedeiro, também com ou sem ferimento do sistema
radicular. A figura 17 apresenta um esquema deste procedimento técnico.

2.1.6. Imersão de raízes em suspensão aquosa de inóculo

Esta técnica também é indicada para fungos que atacam as raízes e consiste na
retirada das plantas que estavam crescendo em vasilhame com solo previamente
expurgado, imersão das raízes por 1 a 5 minutos em um béquer com suspensão de
inóculo e replantio. Outra opção é a imersão de plântulas durante o processo de
repicagem. A figura 18 apresenta um esquema deste procedimento técnico.
De modo geral tanto o transplante como a repicagem são processos que causam
algum tipo de ferimento no sistema radicular, mas este processo pode ser intensificado
por ferimentos, com estilete flambado.

2.2. Inoculação de bactérias

As bactérias caracterizam-se por não apresentar penetração direta, só penetrando


por ferimentos ou por aberturas naturais. Este fato implicará na necessidade de
ferimentos ou de propiciar condições adequadas para o contato do inóculo com as
aberturas naturais no local de infecção do hospedeiro.

PATOLOGIA FLORESTAL 33
INOCULAÇÃO DE FITOPATÓGENOS

FIGURA 17 – Seqüência da técnica de infestação do solo com inóculo.

FIGURA 18 – Seqüência da técnica de imersão de raízes em suspensão aquosa de inóculo.

PATOLOGIA FLORESTAL 34
INOCULAÇÃO DE FITOPATÓGENOS

As técnicas utilizadas para inoculação de bactérias são: picada com estilete


previamente mergulhado em suspensão bacteriana; injeção de suspensão de inóculo;
atomização de suspensão aquosa de inóculo, com ou sem ferimento e, finalmente, imersão
das raízes na suspensão de inóculo.
Exceto a primeira técnica, específica para bactérias, as outras são executadas de
modo semelhante àquele descrito para os fungos, observando-se que os meios de cultura
para bactérias são diferentes, sendo mais fácil obter a suspensão bacteriana pelo cultivo
da bactéria em meios líquidos, como o caldo nutritivo.
Quanto à picada com estilete previamente mergulhado em suspensão bacteriana é
necessário também criar um ambiente favorável à infecção, o que pode ser feito com uma
câmara úmida, também descrito anteriormente.

2.3. Inoculação de nematóides

Os nematóides são inoculados através de seus ovos, larvas ou adultos. Após


extração do solo e raiz; um volume, com concentração conhecida dessas estruturas, é
inoculado em solo previamente expurgado, em vasilhames onde estão crescendo as
plantas hospedeiras, sem necessidade de qualquer ferimento, considerando que este
microorganismo apresenta o estilete com o qual irá atingir as raízes do hospedeiro.
A execução desta técnica é semelhante àquela descrita para infestação do solo,
utilizada tanto para fungos como bactérias.

3. PROCEDIMENTO

Executar a inoculação com o material apresentado em sala de aula ou isolado na


prática anterior, selecionando a técnica mais adequada e respectivo local de infecção.

4. RESULTADOS

Entregar um relatório com observações diárias anotando somente nos dias em que
for observada presença ou variação de sintomas.

5. QUESTÕES

1. Qual a importância de executar a inoculação de fitopatógenos?


2. Conceituar inóculo, inoculação e potencial de inóculo.
3. Descrever uma técnica de inoculação para fungo fitopatogênico.
4. Como é possível avaliar o potencial de inóculo de fitopatógenos?
5. Quais são os cuidados que devem ser tomados na preparação do inóculo e nas
técnicas de inoculação?
6. Quais fatores podem afetar a técnica de suspensão aquosa de inóculo?

PATOLOGIA FLORESTAL 35
INOCULAÇÃO DE FITOPATÓGENOS

7. Qual o objetivo de se utilizar câmara úmida após a inoculação?


8. Que tipo de característica é fundamental distinguir quando é utilizada a mesma
técnica de inoculação para fungos e bactérias fitopatogênicos?
9. Quando é possível afirmar que uma técnica de inoculação foi satisfatoriamente
executada?
10. Qual a importância de se conhecer os períodos de incubação e inoculação de
determinada doença e como estes valores podem ser determinados?
11. Que resultado pode evidenciar que a técnica de inoculação foi mal executada?
Justifique sua resposta.

PATOLOGIA FLORESTAL 36
INOCULAÇÃO DE FITOPATÓGENOS

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA N°. 05 Data: Sub-turma:

Aluno(a):

RELATÓRIO DE INOCULAÇÃO
Hospedeiro:
Patógeno:

Técnica de inoculação:
Data da inoculação:
Tipo de inóculo: Potencial:

Localização da(s) planta(s) inoculada(s):

Parte vegetal inoculada: N°. de plantas inoculadas:


Outros procedimentos:

Data Sintoma(s) observado(s)


/ /

/ /

/ /

/ /

/ /

Período de incubação: Período de geração:

Observações:

PATOLOGIA FLORESTAL 37
FUNGOS INFERIORES - MASTIGOMYCOTINA E ZYGOMYCOTINA

FUNGOS INFERIORES - MASTIGOMYCOTINA E ZYGOMYCOTINA

1. OBJETIVOS

Conhecer e saber as espécies de fungos inferiores de importância patológica para


essências florestais, bem como montar lâminas, conhecer e identificar suas estruturas.

2. CONSIDERAÇÕES

Os fungos constituem um reino de seres vivos, segundo Whittaker (1969),


conforme o diagrama apresentado na figura 19. Tipicamente são seres heterotróficos
com célula eucariótica e multinucleada; apresentam estrutura vegetativa filamentosa,
denominada hifa, com presença ou não de septos e parede com quitina; um conjunto de
hifas é denominado micélio. A reprodução pode ser sexuada ou assexuada que pode
ocorrer em corpos de frutificação denominados esporocarpos.
A classificação que será adotada é a de AINSWORTH & BISBY (1983) que agrupa os
fungos em duas divisões: Myxomycota e Eumycota. A divisão Myxomycota contém sete
classes: Acrasiomycetes, Ceratiomyxomycetes, Dictyosteliomycetes, Labyrinthulomycetes,
Myxomycetes, Plasmodiophoromycetes e Protosteliomycetes, onde estão agrupados os
fungos amebóides e plasmódios. A segunda divisão apresenta cinco subdivisões,
denominadas: Ascomycotina, Basidiomycotina, Deuteromycotina, Mastigomycotina e
Zygomycotina, sendo que os fungos inferiores estão agrupados nas subdivisões
Mastigomycotina e Zygomycotina. A tabela 2 resume esta classificação.
Mastigomycotina apresenta três classes: Chytridiomycetes, Hyphochytriomycetes e
Oomycetes, enquanto Zygomycotina contém duas classes: Trichomycetes e Zygomycetes,
sendo que para este estudo interessam somente as classes Oomycetes e Zygomycetes.
Os fungos inferiores caracterizam-se por apresentar micélio cenocítico sem septo,
multinucleado, geralmente intercelular e com haustórios, sem grampo de conexão e sem
escleródios. Os esporos assexuais são endógenos produzidos em esporângios, denominados
esporangiósporos, e a reprodução sexual pode ocorrer por isogamia ou heterogamia.
Isogametas originam o zigósporo, típico da classe zygomycetes; heterogametas, o
masculino, anterídio, e o feminino, oogônio, originam o oósporo, da classe oomycetes.
Também é possível observar a presença de esporos móveis, denominados de zoósporos, e
as estruturas de resistência são os clamidósporos e especificamente em Zygomycotina
podem ser encontrados os azigósporos.

PATOLOGIA FLORESTAL 38
FUNGOS INFERIORES - MASTIGOMYCOTINA E ZYGOMYCOTINA

FIGURA 19 – Diagrama do sistema de cinco Reinos proposto por Whittaker em 1969,


segundo AINSWORTH & BISBY (1983).

TABELA 2 - Classificação do reino dos fungos segundo AINSWORTH & BISBY (1983).
DIVISÃO SUBDIVISÃO CLASSE
Myxomycota Não tem 1.1. Protosteliomycetes
(falsos fungos) 1.2. Ceratiomyxomycetes
1.3. Dictyosteliomycetes
1.4. Acrasiomycetes
1.5. Myxomycetes
1.6. Plasmodiophoromycetes
1.7. Labyrinthulomycetes

Eumycota 1. Mastigomycotina 1.1. Chytridiomycetes


(fungos verdadeiros) 1.2. Hyphochytriomycetes
1.3. Oomycetes
2. Zygomycotina 2.1. Zygomycetes
2.2. Trichomycetes
3. Ascomycotina Não reconhecidas
4. Basidiomycotina 4.1. Hymenomycetes
4.2. Gasteromycytes
4.3. Urediniomycetes
4.4. Ustilaginomycetes
5. Deuteromycotina 5.1. Coelomycetes
5.2. Hyphomycetes

PATOLOGIA FLORESTAL 39
FUNGOS INFERIORES - MASTIGOMYCOTINA E ZYGOMYCOTINA

Apesar da complexidade dos fungos inferiores, são poucas as espécies de interesse


para a Patologia Florestal. As principais enfermidades causadas pelos fungos inferiores são
o tombamento, também denominado "damping-off", queimas, podridões radiculares,
podridões de sementes e aquelas conhecidas como míldios.
A tabela 3 apresenta uma classificação simplificada das classes, ordens, famílias e
alguns exemplos dos fungos inferiores de interesse patológico, além de uma chave
simplificada apresentada na figura 20.

2.1. Ordem Peronosporales

Nesta ordem está a família Pythiaceae como a mais importante por apresentar os
gêneros Pythium e Phytophthora, que se caracterizam como parasitas facultativos, com
micélio intercelular com haustórios, presença de esporângios ovóides a esféricos, que
nascem isoladamente na extremidade do esporangióforo, como resultado da reprodução
assexual; a reprodução sexual ocorre pela presença de heterogametas que originam o
oósporo.
As espécies de Pythium caracterizam-se pela produção de vesícula no esporângio,
para onde passa a maior parte do conteúdo protoplasmático onde são formados os
zoósporos, típicos por apresentarem flagelos que permitem sua mobilidade em película de
água.
Após sua liberação os zoósporos “nadam”, deslocam-se, por alguns minutos no
filme de água no solo ou na superfície do hospedeiro, incistam e posteriormente
germinam através do tubo germinativo, produzem apressório e penetram diretamente
pela cutícula. Se isto ocorrer fora do hospedeiro o esporo não atingirá o hospedeiro e
poderá morrer. A sobrevivência destes fungos se dá no solo em restos culturais ou em
matéria orgânica em decomposição, na forma de hifas ou oósporos.
Estes fungos são importantes por causarem tombamento de plântulas na
sementeira, em várias essências florestais, principalmente quando ocorre condição de alta
umidade, associada a alta densidade de sementes ou plântulas; são exemplos: Pythium
ultimum em Eucalyptus spp. e Pythium spp. em espécies de Pinus. A figura 21, a seguir,
ilustra um ciclo de vida típico de fungos do gênero Pythium.
As espécies do gênero Phytophthora são responsáveis por inúmeras doenças de
grande importância, como a requeima da seringueira e a podridão parda do cacau
causada por P. palmivora; o cancro do painel da seringueira, Phytophthora spp.;
tombamento de Eucalyptus spp., P. palmivora e P. cinnamomi e, na Austrália, o "jarrah-
die-back" de E. marginata, causado por P. cinnamomi.

2.2. Ordem Glomales (Endogonales)

A família Endogonaceae também é importante, não por apresentar fungos de


importância patológica, mas sim por apresentar fungos que formam endomicorriza
vesicular-arbuscular, MVA, com as raízes de plantas superiores e, praticamente, com a
maioria das espécies, excetuando-se umas poucas famílias, como Pinaceae e Abietaceae,
que formam ectomicorriza. Alguns autores preferem a denominação apenas de MV, pois
nem todos os fungos desta associação apresentam arbúsculos.

PATOLOGIA FLORESTAL 40
FUNGOS INFERIORES - MASTIGOMYCOTINA E ZYGOMYCOTINA

TABELA 3 - Classificação simplificada de classes, ordens, famílias e alguns exemplos dos fungos inferiores.
CLASSE ORDEM (*) FAMÍLIA EXEMPLO
Chytridiomycetes 1. Chytridiales (9) 1.1. Synchytriaceae Synchytrium endobioticum
2. Harpochytriales (1)
3. Blastocladiales (4)
4. Monoblepharidales (2)
Hyphochytriomycetes 5. Hyphochytriales (3)
Oomycetes 6. Peronosporales (4) 6.1. Pythiaceae Phytophthora sp. e Pythium sp.
6.2. Peronosporaceae Peronospora spp. e Plasmopara spp. (míldio pulverulento)
6.3. Albuginaceae Albugo spp. (ferrugem branca)
7. Lagenidiales (3)
8. Leptomitales (2)
9. Saprolegniales (5)

Zygomycetes 1. Glomales (1) 1.1. Endogonaceae Acaulospora spp., Entrophospora spp., Gigaspora spp.,
Glomus spp., Endogone spp., Modicella spp., Sclerocystis
spp. e Scutellispora spp.
2. Mucorales (9) 2.1. Mucoraceae Choanephora spp. Mucor spp. e Rhizopus spp.
3. Entomophthorales (3) parasitas de insetos e nematóides
4. Dimargaritales (1)
5. Kickxellales (1)
6. Zoopagales (4) parasitas de fungos e nematóides
Trichomycetes 7. Harpellales (2)
8. Asellariales (1)
10. Amoebidiales (1)
11. Eccrinales (3)
(*) O número entre parênteses indica a quantidade de famílias apresentada em cada Ordem.

PATOLOGIA FLORESTAL 41
FUNGOS INFERIORES - MASTIGOMYCOTINA E ZYGOMYCOTINA

FIGURA 20 - Chave simplificada dos fungos inferiores de importância para a Patologia Florestal.

PATOLOGIA FLORESTAL 42
FUNGOS INFERIORES - MASTIGOMYCOTINA E ZYGOMYCOTINA

A MVA é uma associação simbiótica obrigatória, com benefícios para ambos


simbiontes. O fungo é beneficiado pelo habitat disponível e ambos são beneficiados
nutricionalmente, o vegetal principalmente pelo aumento da disponibilidade de fósforo,
sendo que o vegetal pode ter uma proteção maior contra patógenos do sistema radicular,
além de resistir melhor à passagem do fogo e à seca, quando comparado com planta da
mesma espécie, em condições semelhantes, mas não micorrizada.
Estes fungos caracterizam-se por apresentar infecção intracelular, com a presença
de vesículas e, em alguns casos, arbúsculos, características estruturais que determinam
sua denominação, sendo os arbúsculos relacionados com as trocas nutricionais com o
citoplasma celular e as vesículas estruturas de armazenamento de energia, principalmente
na forma de lípides.
A reprodução sexual por isogametas origina o zigósporo e a reprodução assexual
ocorre formando clamidósporo ou azigósporo, sendo que o azigósporo é um tipo especial
de reprodução assexual por gemulação da hifa próxima à vesícula, com migração do
conteúdo nutricional para este esporo, sendo comum observar a presença de vesículas
vazias remanescentes, após a produção do azigósporo.
Os gêneros desta família que formam MVA são: Glomus, Acaulospora,
Entrophospora, Gigaspora [Endogone], Sclerocystis, e Scutellispora , além dos gêneros:
Endogone e Modicella. Entre as espécies arbóreas que formam MVA, podem ser citadas
são: Araucaria cunninghamii, Cedrela odorata, Delonix regia, Eucalyptus spp., Hevea
spp., Jacaranda mimosaefolia, Michelia champaca, Chorisia speciosa, Tectona grandis e
Theobroma cacao, entre outras.

FIGURA 21 - Ciclo de vida típico de fungos de gênero Pythium, segundo GALLI (1994).

PATOLOGIA FLORESTAL 43
FUNGOS INFERIORES - MASTIGOMYCOTINA E ZYGOMYCOTINA

2.3. Ordem Mucorales

Os gêneros Rhizopus, Mucor e Choanephora pertencem à família Mucoraceae, com


importância patológica, sendo que Rhizopus sp., apesar de ser um fungo saprófita, é um
importante apodrecedor de sementes de essências florestais armazenadas de maneira
inadequada, geralmente em alta umidade e alta temperatura, além de causar podridão
mole em frutos e tubérculos ricos em carbohidratos.
Além disso, Rhizopus sp. é um importante contaminante de laboratório,
juntamente com o fungo Monilia sp., da subdivisão Deuteromycotina, e também
contamina sementes em testes de germinação, juntamente com os fungos Nigrospora sp.,
Aspergillus sp. e Penicillium sp., também da subdivisão Deuteromycotina.

3. PROCEDIMENTO

Examinar as culturas e os materiais apresentados, no microscópio estereoscópio e


montar lâminas para conhecer o esporangióforo, esporângio, esporangiósporo, vesículas,
zoósporos e outras estruturas dos fungos inferiores.

4. RESULTADOS

Desenhar e identificar as estruturas observadas, em relatório próprio, entregando


juntamente com as lâminas montadas.

5. QUESTÕES COMPLEMENTARES

1. Quais as principais doenças causadas pelos fungos inferiores em espécies


florestais?
2. Porque normalmente as sementes são armazenadas em condições de baixo teor
de umidade e baixa temperatura?
3. Como é caracterizada morfologicamente a endomicorriza do tipo vesicular-
arbuscular, MVA, ou simplesmente MV e qual a sua importância para espécies florestais?
4. Quais as características reprodutivas dos fungos denominados inferiores?
5. Citar, pelo menos, duas doenças diferentes das relacionadas neste relatório, em
espécies florestais, causadas por fungos inferiores.
6. Porque é importante o controle de condições ambientais no processo de
produção de mudas com semeadura seguida de repicagem?
7. Quais são as estruturas responsáveis pela sobrevivência dos fungos inferiores
durante a estação seca?
8. Quais as características que diferenciam as ordens e famílias dos fungos
inferiores, de importância patológica?

PATOLOGIA FLORESTAL 44
FUNGOS INFERIORES - MASTIGOMYCOTINA E ZYGOMYCOTINA

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA N°. 06 Data: Sub-turma:

Aluno(a):

Material 1:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

Material 2:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

PATOLOGIA FLORESTAL 45
FUNGOS SUPERIORES - ASCOMYCOTINA

FUNGOS SUPERIORES - ASCOMYCOTINA

1. OBJETIVOS

Conhecer e saber as espécies de fungos desta subdivisão de importância patológica


para essências florestais, além de montar lâminas, conhecer e identificar suas estruturas.

2. CONSIDERAÇÕES

Esta subdivisão é o maior grupo dos fungos contendo cerca de 28.650 espécies, em
2.770 gêneros. Estes fungos apresentam micélio septado, esporos assexuais exógenos na
fase conidial e esporos sexuais endógenos em asco. Além de fungos com micélio
desenvolvido também existem alguns unicelulares, como as leveduras. As estruturas de
resistência são os clamidósporos e ascósporos.
Na fase sexual podem produzir diferentes corpos de frutificação, denominados
genericamente de ascomas, onde estão arranjados os ascos, apresentando os seguintes
tipos: cleistotecial, peritecial, apotecial e estromaticial. Os gametas envolvidos na
reprodução sexual, basicamente por contato gametangial, são o anterídio e ascogônio,
que dão origem aos ascósporos, geralmente em número de 8, dentro de cada asco, mas
que podem ter de 1 até mais de 1000 ascósporos.
A presença ou não de opérculo, operculado e inoperculado, e tipo de túnica,
unitunicado ou bitunicado, nos ascos, arranjo dos ascos, tipo de ascoma e presença ou
não de camada himenial, himênio, são as características mais importantes para
classificação desses fungos. A figura 22 apresenta os ascomas e outros tipos de estruturas
apresentados por fungos desta subdivisão.
Nesta subdivisão encontram-se grande número de saprófitas, formadores de
liquens, fermentadores, produtores de antibióticos, comestíveis, simbiontes que formam
ectomicorriza, além de importantes patógenos para essências florestais. A maioria dos
fungos imperfeitos da subdivisão Deuteromycotina apresenta sua fase sexual nesta
subdivisão, conforme exemplos apresentados na tabela 4, a seguir.
Anteriormente, estes fungos eram agrupados em uma única classe denominada
Ascomycetes e respectivas ordens, famílias e assim por diante; posteriormente, com base
no arranjo dos ascos nos ascomas, estes fungos foram agrupados em seis classes:
Hemiascomycetes, Plectomycetes, Pyrenomycetes, Discomycetes, Laboulbeniomycetes e
Loculoascomycetes.

PATOLOGIA FLORESTAL 46
FUNGOS SUPERIORES - ASCOMYCOTINA

FIGURA 22 - Ascomas típicos e estruturas de reprodução sexual e assexual da subdivisão


Ascomycotina, segundo AGRIOS (1979).

Atualmente existem inúmeras classificações, sendo complexa a adoção de um


sistema, conforme AINSWORTH & BISBY (1983) que citaram doze diferentes
classificações de 1931 a 1983, sugerindo a adoção de 37 ordens sem agrupá-las em
classes, conforme a tabela 5 que apresenta uma classificação simplificada dessas, ordens,
famílias e alguns exemplos de interesse patológico.

TABELA 4 - Associação de gêneros de Ascomycotina com Deuteromycotina.


FASE PERFEITA (SEXUAL) FASE IMPERFEITA (ASSEXUAL)
Cryphonectria sp. Phomopsis sp.
Ceratocystis sp. Graphium sp.
Microcyclus sp. Fusicladium sp.
Cucurbitaria sp. Diplodia sp. e Phoma sp.
Elsinoe sp. Sphaceloma sp.
Glomerella sp. Colletotrichum sp.
Calonectria sp., Giberella sp., Nectria sp. Fusarium sp., Cylindrocladium sp.
Mycosphaerella sp. Cercospora sp., Cladosporium sp.,
Septoria sp.
Eurotium sp. e Sartoria sp. Aspergillus sp.
Eupenicillium sp. e Talaromyces sp. Penicillium sp.

PATOLOGIA FLORESTAL 47
FUNGOS SUPERIORES - ASCOMYCOTINA

TABELA 5 - Classificação simplificada de ordens, famílias e alguns exemplos de fungos da subdivisão Ascomycotina.
ORDEM (*) FAMÍLIA EXEMPLO
1. Coryneliales (1) 1.1. Coryneliaceae Corynelia sp.
2. Diaporthales (5) 2.1. Gnomoniaceae Endothia sp. (Cytospora sp.)
2.2. Valsaceae Cryphonectria sp. e Diaporthe sp. (Phomopsis sp.) e Valsa sp.
3. Dothideales (52) 3.1. Aulographaceae Aulographina sp.
3.2. Botryosphaeriaceae Botryosphaeria sp. (Botryodiplodia sp., Dothiorella sp. e Lasiodiplodia sp.)
3.3. Capnodiaceae Capnodium sp.(Polychaeton sp.) - Fumagina
3.4. Cucurbitariaceae Cucurbitaria sp. (Diplodia sp. e Phoma sp.)
3.5. Elsinoeaceae Elsinoe sp. (Sphaceloma sp.)
3.6. Dothideaceae Microcyclus sp. e Mycosphaerella sp. (Cercospora sp.. e Septoria sp.)
3.7. Masarinaceae Massarina sp. (Coniothyrium sp.)
3.8. Melanommataceae Melanomma sp. (Aposphaeria sp.)
3.9. Meliolaceae Meliola sp.
3.10. Pleosporaceae Pleospora sp. (Alternaria sp. e Phoma sp.)
3.11. Pyrenophoraceae Cochliobolus sp. e Pyrenophora sp. (Drechslera sp. e Helminthosporium sp.)
4. Elaphomycetales (1) 4.1. Elaphomycetaceae Elaphomyces sp. – ectomicorriza
5. Endomycetales (4) 5.1. Saccharomycetaceae Saccharomyces sp. – levedo
6. Erysiphales (1) 6.1. Erysiphaceae Erysiphe sp. (Oidium sp. – míldio pulverulento) e Uncinula sp.
7. Eurotiales (3) 7.1. Trichocomaceae Eupenicillium sp., Eurotium sp. e Talaromyces sp. (Aspergillus sp.)
8. Helotiales (11) 8.1. Sclerotiniaceae Sclerotinia sp. (Sclerotium sp.)
9. Hypocreales (2) 9.1. Hypocreaceae Giberella sp. (Cylindrocladium sp.) e Nectria sp. (Fusarium sp.)
10. Ophiostomatales (1) 10.1. Ophiostomataceae Ceratocystis sp. (Cephalosporium sp. e Graphium sp.)
11. Pezizales (13) 11.1. Pezizaceae saprófitas em madeira e ectomicorriza
12. Polystigmatalaes (1) 12.1. Phyllachoraceae Apiosphaeria sp., Catacauma sp. e Glomerella sp. (Colletotrichum sp. e
Gloeosporium sp.) e Phyllachora sp.
13. Rhytismatales (4) 13.1. Hypodermataceae Davisomycella sp. e Laphodermium sp.

PATOLOGIA FLORESTAL 48
FUNGOS SUPERIORES - ASCOMYCOTINA

TABELA 5 - Classificação simplificada de ordens, famílias e alguns exemplos de fungos da subdivisão Ascomycotina (continuação).
14. Sordariales 14.1. Chaetomiaceae Chaetomium sp.
14.2. Sordariaceae Sordaria sp.
15. Sphaeriales (4) 15.1. Xylariaceae Rosellinia sp. e Xylaria sp.
16. Taphrinales (2) 16.1. Taphrinaceae Taphrina sp.
17. Arthoniales
18. Ascosphaerales
19. Caliciales
20. Clavicepitales
21. Cyttariales
22. Ciatrypales
23. Graphidales
24. Gyalectales
25. Gymnoascales
26. Laboulbeniales
27. Lecanidiales decompositores de madeira
28. Lecanorales
29. Microascales
30. Opegraphales
31. Ostropales saprófitas de madeira e caule de herbáceas
32. Peltigerales
33. Pertusariales
34. Pyrenulales saprófitas em madeira
35. Spathulosporales
36. Teloschistales
37. Verrucariales
(*) O número entre parênteses indica a quantidade de famílias apresentada em cada Ordem.

PATOLOGIA FLORESTAL 49
FUNGOS SUPERIORES - ASCOMYCOTINA

Aqui serão apresentadas algumas características e somente exemplos das ordens


com fungos de importância patogênica e aqueles que podem formar ectomicorriza:

2.1. Ordem Coryneliales

Apresenta apenas uma família Coryneliaceae, ex.: Corynelia sp., parasita de folhas
de árvores da família Podocarpaceae e coníferas. Não constatado no Brasil.

2.2. Ordem Diaporthales (Valsales)

Os fungos apresentam ascoma peritecial com rostro, imerso em estroma e asco


unitunicado. Contém cinco famílias, destacando-se duas: Gnomoniaceae (Obryzaceae), ex.:
Endothia sp., agente de cancros em espécies arbóreas e a família Valsaceae
(Diaporthaceae), ex.: Cryphonectria cubensis [Diaporthe cubensis], agente do cancro do
Eucalyptus sp. e Valsa sp., agente de cancro em diversas espécies arbóreas.

2.3. Ordem Dothideales (Asterianales, Capnodiales, Chaetothyriales, Dothiorales,


Hysteriales, Melanommatales, Meliolales, Myriangiales, Perisporiales, Pleosporales e
Pseudosphaeriales)

Nesta ordem são classificados fungos que caracterizam-se por apresentar asco
bitunicado em lóculos dentro de tecido estromático. É a ordem que apresenta maior
número de famílias, cinqüenta e duas, destacando-se diversas delas com fungos agente de
doenças florestais:
Na família Aulographaceae, ex.: agente de mancha de folha de Eucalyptus sp.,
Aulographina eucalipti, cuja fase anamórfica é Thyrinula eucalyptina, enquanto na
família Botryosphaeriaceae, ex.: Botryosphaeria sp. presente em cancros arbóreos com
estrias que pode ser de causa fisiológica. que agrupa as formas perfeitas da fase
anamórfica Botryodiplodia sp., Lasiodiplodia sp., Dothiorella sp. e Fusicoccum sp..
Na família Capnodiaceae, ex.: Capnodium sp. é responsável pela fumagina dos
citros e diversas espécies de plantas; na família Cucurbitariaceae, ex.: Cucurbitaria sp.,
que na fase imperfeita apresenta-se como Diplodia sp. e Phoma sp. enquanto na família
Elsinoeaceae, ex.: Elsinoe heveae (Sphaceloma heveae) agente da antracnose maculada da
seringueira e Elsinoe sp. agente da verrugose dos citros.
Em Dothideaceae (Mycosphaerellaceae), ex.: Microcyclus ulei [Dothidella ulei] é o
agente do mal das folhas da seringueira, cuja fase imperfeita em Deuteromycotina é
conhecida como Fusicladium macroscoporum [Aposphaeria ulei]; A figura 23 apresenta
o ciclo de vida do agente do mal das folhas de Hevea sp.
A espécie Mycosphaerella pini [Scirrhia pini] fase perfeita de Dothistroma
septospora [D. pini], é o agente da queima das acículas de Pinus sp. É importante
destacar que o gênero Mycosphaerella pode também ser a fase perfeita dos gêneros
Cercospora, Ramularia, Ascochyta, Phoma e Septoria, entre outras espécies.
Em Massarinaceae, ex.: Massarina sp., cuja fase anamórfica é Coniothyrium sp.; Na
família Melanommataceae, ex.: Melanomma sp., cuja fase anamórfica é Aposphaeria sp.;
Em Meliolaceae, ex.: Meliola sp.; Em Pleosporaceae, ex.: Pleospora sp. cuja fase anamórfica

PATOLOGIA FLORESTAL 50
FUNGOS SUPERIORES - ASCOMYCOTINA

pode ser Alternaria sp.; e finalmente Pyrenophoraceae, ex.: Pyrenophora sp., e


Cochliobolus sp. fases perfeitas de Helminthosporium sp., Drechslera sp., e Curvularia
sp..

FIGURA 23 - Ciclo do mal das folhas de Hevea sp., causado por Microcyclus ulei, segundo
GASPAROTTO & FERREIRA (1989).

2.4. Ordem Elaphomycetales

Apresenta uma única família Elaphomycetaceae, ex.: Elaphomyces sp., destaca-se


por apresentar espécies que podem formar ectomicorriza com espécies arbóreas.

2.5. Ordem Endomycetales (Ascoideales, Cephaloascalaes, Dipodascales,


Spermophthorales);

Esta ordem não tem importância patológica para espécies florestais, contudo, a
família Saccharomycetaceae contém os fungos denominados leveduras como o
Saccharomyces cerevisiae.

2.6. Ordem Erysiphales

Esta ordem apresenta apenas a família Erysiphaceae, ex.: Erysiphe sp., agente de
doença conhecida como míldio pulverulento, cuja forma imperfeita é o gênero Oidium sp.,
razão pela qual a doença também é conhecida como oidiose. Esta doença é comum em

PATOLOGIA FLORESTAL 51
FUNGOS SUPERIORES - ASCOMYCOTINA

viveiros de Eucalyptus sp., em mudas passadas, mas já foram constatados alguns surtos
em plantios adultos. Em Mato Grosso sua ocorrência é comum em urucum. Outros
gêneros importantes: Uncinula sp. e Phyllactinia sp., formas perfeitas de Ovulariopsis
sp.

2.7. Ordem Eurotiales (Aspergillales, Plectascales)

Esta ordem caracteriza-se por apresentar ascoma cleistotecial sem himênio, com
ascos arredondados cuja parede decompõe. Apresenta três famílias, destacando-se:
Trichocomaceae, ex.: Eupenicillium sp., Eurotium sp. e Talaromyces sp. formas perfeitas
de Aspergillus sp., Paecilomyces sp. e Penicillium sp..

2.8. Ordem Helotiales

Esta ordem caracteriza-se por apresentar ascoma apotecial com asco unitunicado.
Apresenta 11 famílias, destacando-se a família Sclerotiniaceae, ex.: Sclerotinia sp., como
agente de podridão de raízes, cuja fase anamórfica é Sclerotium sp.; Aqui também são
classificados os gêneros Monilinia sp., Botryotinia sp. e Diplocarpon sp., cujas fases
anamórficas são, respectivamente, Monilia sp., Botrytis sp. e Marssonina sp..

2.9. Ordem Hypocreales

Os fungos desta ordem caracterizam-se por apresentar ascoma peritecial colorido,


rostrado ou não sem ostíolo, agrupado sobre ou imersos em estroma. Apresenta duas
famílias e destaca-se: Hypocreaceae (Nectriaceae) que inclui fungos do gênero Hypocrea,
cuja fase anamórfica é Trichoderma sp., importante fungo antagônico por parasitismo e
antibiose a diversos fitopatógenos; Calonectria, cuja fase anamórfica é Cylindrocladium
spp., agentes de tombamento, podridão de raízes e estacas e de manchas foliares em
diversas espécies florestais, conforme é apresentado na figura 24.
Também destacam-se, ainda; Gibberela, cuja fase anamórfica é Fusarium sp., e
finalmente o gênero Nectria sp., agente de cancros e "die-back", fase anamórfica
Tubercularia sp., ou ainda apresenta fases anamórficas como Verticillium sp., agente de
manchas vasculares e também como Fusarium sp., agente de damping-off, podridão de
raízes, murchas vasculares e deterioração de sementes.

2.10. Ordem Ophiostomatales

Nesta ordem os fungos caracterizam-se por apresentar ascoma peritecial, ostiolado


ou não, com uma única família: Ophiostomataceae, ex.: Ceratocystis fimbriata, agente do
mofo cinzento da seringueira, da seca da mangueira e do cancro de Gmelina arborea. Em
outros países: Ceratocystis fagacearum, causador da seca do carvalho, Ceratocystis ulmi,
agente da seca do olmo holandês, cujos ascósporos e conídios são disseminados por
coleópteros; As formas imperfeitas são os gêneros Cephalosporium e Graphium, em
Deuteromycotina.

PATOLOGIA FLORESTAL 52
FUNGOS SUPERIORES - ASCOMYCOTINA

FIGURA 24 - Ciclo de Calonectria crotalariae (Cylindrocladium crotalariae), agente


causal de manchas de folhas em Eucalyptus sp., segundo FERREIRA (1989).

2.11. Ordem Pezizales

Esta ordem contém treze famílias cujos fungos caracterizam-se pela presença de
ascoma peritecial e são importante por apresentar fungos que formam ectomicorriza e
saprófitas em madeira.

2.12. Ordem Polystigmatales (Phyllachorales)

Esta ordem apresenta uma única família com fungos que apresentam ascoma
peritecial imersos no tecido do hospedeiros com asco unitunicado. Phyllachoracea, ex.:
agente da crosta marrom do Ipê, Apiosphaeria guaranitica; conforme ciclo de vida
apresentado na figura 25. Destaca-se ainda Glomerella cingulata forma perfeita de
Colletotrichum sp., que causa a antracnose da seringueira; Phyllachora huberi
[Catacauma huberi], agente da crosta negra da seringueira e Coccostroma sp.
[Catacauma torrendiella], agente da lixa negra do coqueiro. Podem apresentar ainda na
fase anamórfica o gênero Gloeosporium.

2.13. Ordem Rhytismatales (Phacidiales)

Ascoma apotecial e asco unitunicado, com quatro famílias, destacando-se a família


Hypodermataceae, ex.: Davisomycella ampla e Laphodermium pinastri, agentes de
manchas nas acículas de Pinus spp..

PATOLOGIA FLORESTAL 53
FUNGOS SUPERIORES - ASCOMYCOTINA

FIGURA 25- Ciclo de Apiosphaeria guaranitica, agente causal da crosta marrom do ipê,
segundo FERREIRA (1989).

2.14. Ordem Sphaeriales (Xylariales)

Esta ordem apresenta quatro famílias cujos fungos apresentam ascoma peritecial
tipicamente ostiolado, carbonáceo e asco unitunicado cilíndrico em himênio, destacando-
se a família Xylariaceae, ex.: Rosellinia sp. e Xylaria sp. agentes de podridão de raízes em
espécies arbóreas. O gênero Hypoxylon, observado como agente de cancro em árvores em
outros países, foi observado no Brasil como saprófita em toras de Eucalyptus sp.
empilhadas.

2.15. Ordem Taphrinales (Protomycetales)

Nesta ordem os fungos apresentam micélio vegetativo dicariótico, ascoma ausente


e a camada de ascos é produzida na superfície das folhas do hospedeiro. Apresenta duas
famílias e em Taphrinaceae, ex.: Taphrina coerulescens, agente do encrespamento da
folha do Quercus sp., carvalho, em outros países.
As outras ordens desta subdivisão são: Arthoniales; Ascosphaerales (Pericystales);
Caliciales; Clavicipitales (Hypomycetales); Cyttariales; Diatrypales; Graphidales;
Gyalectales; Gymnoascales (Onygenales); Laboulbeniales; Lecanidiales; Lecanorales;
Microascales; Opegraphales; Ostropales; Peltigerales; Pertusariales; Pyrenulales;
Sordariales (Chaetomiales, Coronophorales); Sphathulosporales; Teloschistales; e
Verrucariales.

PATOLOGIA FLORESTAL 54
FUNGOS SUPERIORES - ASCOMYCOTINA

3. PROCEDIMENTO

Examinar o material apresentado ao microscópio estereoscópio e montar lâminas.


Com o material vegetal efetuar cortes histológicos e examinar em microscópio.

4. RESULTADOS

Desenhar e identificar as estruturas observadas, em relatório próprio, entregando


juntamente com as lâminas montadas.

5. QUESTÕES COMPLEMENTARES

1. O que é forma imperfeita de um fungo?


2. Como podemos diferenciar um peritécio de um cleistotécio?
3. Como podemos diferenciar um apotécio de um ascostroma?
4. O que é um asco nu e um asco truncado?
5. O que é camada himenial, onde ela se localiza e qual sua importância na
classificação dos fungos de Ascomycotina?
6. O que é tecido estromático ou estroma?
7. Citar três doenças causadas por fungos de Ascomycotina, com os respectivos
agentes.
8. Qual é a forma imperfeita de Glomerella cingulata e a forma perfeita de
Fusicladium macrosporum?
9. Porque o número de ascósporos em um asco é geralmente 2, 4, 8 ou 16?
10. Qual é a importância da fase assexual ou imperfeita para os fungos da
subdivisão basidiomycotina?
11. Qual a importância e a doença causada por Ceratocystis fimbriata em
Gmelina arborea?
12. Qual a doença causada por Davisomycella ampla em Pinus sp.?

PATOLOGIA FLORESTAL 55
FUNGOS SUPERIORES - ASCOMYCOTINA

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA N° 07. Data: Sub-turma:

Aluno(a):

Material 1:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

Material 2:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

PATOLOGIA FLORESTAL 56
FUNGOS SUPERIORES - ASCOMYCOTINA

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA N°. 08 Data: Sub-turma:

Aluno(a):

Material 1:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

Material 2:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

PATOLOGIA FLORESTAL 57
FUNGOS SUPERIORES - BASIDIOMYCOTINA

FUNGOS SUPERIORES - BASIDIOMYCOTINA

1. OBJETIVOS

Conhecer e saber as espécies de fungos superiores de importância para a patologia


florestal, além de montar lâminas, conhecer e identificar as estruturas típicas desta outra
subdivisão de fungos superiores.

2. CONSIDERAÇÕES

Os fungos aqui agrupados caracterizam-se por ter micélio septado e bem


desenvolvido, podendo apresentar grampo de conexão. A reprodução sexual dá origem a
esporos exógenos, chamados basidiósporos, produzidos sobre uma hifa claviforme especial
denominada basídio. Os esporos de sobrevivência são clamidósporos, teliósporos e o
probasídio. Os basídios podem ser produzidos em corpos de frutificação, os basidiocarpos
ou basidiomas.
Os fungos aqui classificados podem ser benéficos, como os comestíveis, chamados
de cogumelos; como aqueles que formam ectomicorriza, além de um grande número de
saprófitas. Entre os prejudiciais estão os saprófitas sobre madeira, agentes de podridões
radiculares, além dos agentes de doenças conhecidas como ferrugens e carvões,
normalmente sobre folhas e frutificações de vegetais.
Esta subdivisão contém quatro classes: Hymenomycetes, Gasteromycetes,
Urediniomycetes e Ustilaginomycetes; existem classificações diferentes, de outros autores,
podendo ser comparados três exemplos apresentados na tabela 6. Aqui serão abordadas
apenas as classes de interesse patológico para espécies florestais.

2.1. Classe Hymenomycetes

Nesta classe encontram-se alguns fungos de importância patológica, fungos


comestíveis e formadores de ectomicorriza, mas em sua grande maioria são saprófitas,
importantes apodrecedores de madeira e matéria orgânica depositada no solo,
destacando-se algumas espécies xilófagas: Lenzites trabea, Polyporus sp., P. fumosus,
Poria sp., Xiloborus sp. entre outras.
Esta classe está dividida em duas subclasses: Phragmobasidiomycetidae,
caracterizada pela presença de fungos gelatinosos com basídio septado e a segunda,

PATOLOGIA FLORESTAL 58
FUNGOS SUPERIORES - BASIDIOMYCOTINA

Holobasidiomycetidae, que apresenta os cogumelos e orelhas-de-pau, cujo basídio não é


septado. Enquanto a primeira apresenta três ordens: Auriculariales, Septobasidiales e
Tremellales; a segunda já apresenta nove ordens: Agaricales, Aphyllophorales
(Polyporales), Boletales, Brachybasidiales, Cantharellares, Dacrymycetales, Exobasidiales,
Russulales (Asterosporales) e Tulasnellales.

TABELA 6 – Classes da subdivisão Basidiomycotina segundo diferentes autores.


AINSWORTH & BISBY (1983) CMI (1983) GALLI et al. (1995)
1. Hymenomycetes 1. Hymenomycetes
1.1. Holobasidiomycetidae 1. Holobasidiomycetes
1.2. Phragmobasidiomycetidae 2. Phragmobasidiomycetes
2. Gasteromycetes 2. Gasteromycetes
3. Urediniomycetes 3. Hemybasidiomycetes
4. Teliomycetes 3. Teliomycetes

Podem ser destacadas quatro ordens da subclasse Holobasidiomycetidae:

2.1.1. Ordem Agaricales

Esta ordem contém onze famílias, das quais destacam-se: Agaricaceae e


Amanitaceae, respectivamente pela presença de fungos comestíveis, como Agaricus
campestris e de fungos que podem formar ectomicorriza com Pinus spp., tais como:
Amanita sp. e Suillus sp.; Já na família Tricholomataceae, destacam-se as espécies
Armillaria mellea, agente de podridão radicular em espécies florestais, principalmente
Pinus spp., além de Crinipellis perniciosa [Marasmius perniciosus], agente da vassoura-de-
bruxa em Theobromae cacao.

2.1.2. Ordem Aphyllophorales (Polyporales)

Nesta ordem destacam-se três famílias de vinte e duas: Thelephoraceae, ex.:


Thelephora terrestris, que pode formar ectomicorriza com Pinus spp..
Na família Corticiaceae, destacam-se ex.: Thanatephorus cucumeris [Pellicularia
filamentosa], cuja fase anamórfica é Rhizoctonia solani, agente da mancha aureolada da
seringueira, cujo ciclo é apresentado na figura 26, além de causar tombamento em várias
espécies florestais; Destaca-se também Corticium salmonicolor, agente de rubelose da
seringueira e doença rosada de Eucalyptus spp.; além do agente de mancha foliar de
seringueira na Amazônia, Pellicularia koleroga, doença conhecida também como queima-
do-fio.
Finalmente, na família Polyporaceae, ex.: Ganoderma philippii [G. pseudoferreum],
Rigidoporus lignosus e Phellinus noxius [Fomes noxius], respectivamente agentes das
podridões vermelha, branca e parda que ocorrem nas raízes da seringueira.

PATOLOGIA FLORESTAL 59
FUNGOS SUPERIORES - BASIDIOMYCOTINA

FIGURA 26 - Ciclo da mancha aureolada da seringueira, causada por Thanatephorus


cucumeris, segundo GASPAROTTO & FERREIRA (1989).

2.1.3. Ordem Boletales

Esta ordem apresenta seis famílias, destacando-se a família Boletaceae com várias
espécies formadoras de ectomicorriza, como Boletus aureus em Eucalyptus spp..

2.1.4. Ordem Exobasidiales

Nesta ordem existe uma única família Exobasidiaceae cujos fungos caracterizam-se
por parasitismo obrigatório, semelhante àqueles da Ordem Taphrinales da subdivisão
Ascomycotina. Não apresentam basidioma e apenas camadas de basídio na superfície do
hospedeiro. Causam distorção e crescimento excessivo em folhas de ornamentais e não há
citação de sua ocorrência em espécies florestais.

2.2. Classe Gasteromycetes

Os fungos desta classe caracterizam-se por apresentar basídio com quatro esporos
e massa de esporos dentro do basidioma, glabra, dividido em lóculos e sem himênio.
Apresenta as ordens: Galtieriales, Hymenogastrales, Lycoperdales, Melanogastrales,
Nidulariales, Phallales, Podaxales, Sclerodermatales e Tulostomatales, destacando-se:

PATOLOGIA FLORESTAL 60
FUNGOS SUPERIORES - BASIDIOMYCOTINA

2.2.1. Ordem Hymenogastrales

Esta ordem apresenta oito famílias, destacando-se duas, principalmente pela


presença de fungos que formam ectomicorriza: Hydnangiaceae e Rhizopogonaceae, ex.:
respectivamente: Hydnangium sp. que forma micorriza com Eucalyptus sp. e Rhizopogon
sp. que forma micorriza com Pinus sp., Picea sp., Cupressus sp. e Pseudotsuga sp..

2.2.2. Ordem Lycoperdales

Aqui são encontradas cinco famílias, destacando-se Lycoperdaceae, ex.: Bovista sp.,
Calvatia sp. e Lycoperdon sp. que podem formar ectomicorriza com Pinus sp. e Picea sp..

2.2.3. Ordem Sclerodermatales

Esta ordem apresenta quatro famílias, destacando-se fungos que podem formar
ectomicorriza com Pinus sp., Picea sp., Cupressus sp., Eucalyptus sp., Larix sp. e
Pseudotsuga sp., apenas da família Sclerodermataceae, ex.: Pisolithus tinctorius e
Scleroderma sp., que se caracterizam, respectivamente, por perídio fino e esporos
marrons e perídio espesso e esporos negros.

2.3. Classe Urediniomycetes

Nesta classe encontram-se os agentes de doenças conhecidas como ferrugens cuja


denominação advém da coloração das pústulas com esporos, produzidas sobre a folha do
hospedeiro, de coloração amarelo-ouro que lembra um material enferrujado. Contudo,
nem todas as ferrugens apresentam esta coloração típica.
Estes fungos caracterizam-se como parasitas obrigatórios e apresentam alta
especificidade, com a presença de formas especiais, formae speciales = f.sp., e de raças
fisiológicas (RF). O micélio é intercelular com presença de haustórios, produzindo várias
formas de esporos em estágios específicos, conforme apresentado na tabela 7.

TABELA 7 - Resumo do ciclo de vida de um fungo causador de ferrugem.


ESTÁGIO TIPO DE TIPO DE ESPORO NÚMERO DE VARIAÇÃO
ESTRUTURA CROMOSSOMOS MORFOLÓGICA
0 Espermagônio Hifas receptivas n pouca
ou Pícnio e espermácios
I Écio Éciósporos n + n (*) pouca
II Uredo Uredósporos n+n muito pouca
III Télio Teliósporos n+n bastante
IV Basídio Basidiósporos n --
(*) n + n = dicariótico

PATOLOGIA FLORESTAL 61
FUNGOS SUPERIORES - BASIDIOMYCOTINA

As ferrugens podem ser classificadas, quanto ao seu ciclo de vida, em macrocíclicas


quando apresentam todos os estágios especificados no quadro anterior, podendo ser
exemplificada com a ferrugem do Ipê amarelo e a ferrugem fusiforme dos Pinus sp., esta
segunda não constatada no Brasil; ou em microcíclicas quando está ausente pelo menos
um dos estágios, como é o caso da ferrugem do Eucalyptus sp. causada por Puccinia
psidii.
As ferrugens ainda podem ser classificadas, quanto ao número de hospedeiros, em
autóicas que são aquelas cujo ciclo de vida ocorre sobre apenas um hospedeiro, como a
ferrugem do Ipê; ou em heteróicas, quando necessitam de mais de um hospedeiro para
completar seu ciclo de vida, como a ferrugem fusiforme dos Pinus sp., que passa parte do
seu ciclo de vida sobre o Pinus sp. e outra sobre o Quercus sp..
Esta classe apresenta apenas a ordem Uredinales com duas famílias. Em
Melampsoraceae encontram-se: Cronartium fusiforme, agente da ferrugem fusiforme dos
Pinus sp., C. ribicola, agente da ferrugem dos Pinus sp., além de espécies de Coleosporium
sp., Melampsora sp. e Uredinopsis sp..
Na segunda família Pucciniaceae encontram-se: Puccinia psidii, agente da ferrugem
do Eucalyptus spp. e outras Mirtaceae; Prospodium bicolor [P. tecomicola], agente da
ferrugem do ipê-amarelo, cujo ciclo é apresentado na figura 27; Prospodium
appendiculatum, agente da ferrugem do ipê de jardim (Tecoma stans);
Sphaerophragmium acaciae, agente da ferrugem da acácia-branca; Uleiella paradoxa,
agente da ferrugem de Araucaria angustifolia; além de espécies de Gymnosporangium
sp., Phragmidium sp. e Uromyces sp..

FIGURA 27 – Ciclo da ferrugem do ipê-amarelo, causada por Prospodium bicolor, segundo


FERREIRA (1989).

PATOLOGIA FLORESTAL 62
FUNGOS SUPERIORES - BASIDIOMYCOTINA

2.4. Classe Ustilaginomycetes

Nesta classe encontram agentes de doenças denominadas carvões. Estes fungos


ainda não foram constatados em espécies florestais no Brasil. Caracterizam por atacar
frutificações e outras partes provocando hipertrofia e imensa produção de clamidósporos
de cor negra ou cinza, característica de sua denominação. Nesta classe encontram-se as
ordens: Sporidiales com as famílias: Sporidiaceae e Sporidiobolaceae e Ustilaginales com
três famílias: Graphiolaceae, Tilletiaceae e Ustilaginaceae.

3. PROCEDIMENTO

Examinar as culturas e os materiais apresentados, no microscópio estereoscópio e


montar lâminas com cortes histológicos, para conhecer os diferentes tipos de estruturas e
esporos apresentados nesta subdivisão.

4. RESULTADOS

Desenhar e identificar as estruturas observadas, em relatório próprio, entregando


juntamente com as lâminas montadas.

5. QUESTÕES COMPLEMENTARES

1. Qual a importância patológica da subdivisão Basidiomycotina?


2. Quais são as partes que compõem a estrutura de reprodução sexual dos fungos
classificados na subdivisão Basidiomycotina?
3. Quais são as estruturas de resistência apresentadas pelos fungos da subdivisão
Basidiomycotina?
4. O que é grampo de conexão e como ele é formado?
5. Quais são as principais características dos fungos causadores das doenças
conhecidas como ferrugens?
6. Apresentar um ciclo de vida de um fungo agente de ferrugem?
7. Qual a importância de se determinar se uma ferrugem é autóica ou heteróica?
8. Qual é a fase de reprodução repetitiva dos agentes das ferrugens e sua
importância para o incremento da doença?

PATOLOGIA FLORESTAL 63
FUNGOS SUPERIORES - BASIDIOMYCOTINA

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA N°. 09 Data: Sub-turma:

Aluno(a):

Material 1:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

Material 2:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

PATOLOGIA FLORESTAL 64
FUNGOS SUPERIORES - DEUTEROMYCOTINA

FUNGOS IMPERFEITOS - DEUTEROMYCOTINA

1. OBJETIVOS

Conhecer e saber as espécies de fungos imperfeitos de importância fitopatológica,


além de montar lâminas, conhecer e identificar suas estruturas.

2. CONSIDERAÇÕES

Os fungos agrupados nesta subdivisão caracterizam-se por apresentar micélio


septado e bem desenvolvido, com reprodução assexual, denominada fase anamórfica,
típica de conídios sobre conidióforos, com exceção da classe Agonomycetes. Os
conidióforos podem ser livres, agrupados em sinêmios ou esporodóquios ou, ainda, em
frutificações conhecidas como conidioma, que são os picnídios e acérvulos. As estruturas
de dormência ou resistência são clamidósporos, escleródios e microescleródios.
A denominação de imperfeitos é do fato de, em alguns casos, não se conhecer a
reprodução sexual e em outros, por ser dificilmente observada. Em sua grande maioria, a
fase sexual, denominada teleomórfica, resulta na produção de ascósporos dentro de ascos
sendo então classificados em Ascomycotina. Alguns poucos da classe Agonomycetes tem a
fase sexual em Basidiomycotina pois apresentam produção de basidiósporos sobre
basídios. Por isto esta subdivisão é considerada artificial, em termos taxionômicos.
Aqui são encontrados muitos fungos de importância patogênica, saprófitas e
parasitas de insetos e animais. É comum sua presença em sementes. Alternaria sp., A.
tenuis, Aspergillus sp., Cladosporium sp., Curvularia cymbopogonis, C. lunata,
Drechslera hodoles, D. sorghicola, Epicoccum nigrum, Fusarium oxysporum, F.
semitectum, F. moniliforme, F. solani, Fusicoccum sp., Graphium sp., Nigrospora sp.,
Penicillium sp., Periconia sp., Pestalotia sp., Peyronellaea sp., Phoma sp., Phomopsis sp.,
Pithomyces chartarum, Trichoderma sp., Trichothecium sp. e Verticillium sp., têm sido
encontrados em sementes de essências florestais, tais como: Angico vermelho, Cabreúva,
Canafístula, Cássia, Cedro, Ipê Branco, Jacarandá e outras.
Os fungos aqui agrupados estão divididos em duas classes: Coelomycetes com três
ordens: Melanconiales, Sphaeropsidales e Pycnothyriales; enquanto a classe Hyphomycetes
(Hyphales), apresenta quatro ordens: Agonomycetales (Mycelia sterilia), Hyphomycetales,
Stilbellales e Tuberculariales. A figura 28 apresenta um esquema das classes, ordens e
famílias desta subdivisão.

PATOLOGIA FLORESTAL 65
FUNGOS IMPERFEITOS - DEUTEROMYCOTINA

FIGURA 28 - Esquema e características das classes e ordens da subdivisão Deuteromycotina.

PATOLOGIA FLORESTAL 66
FUNGOS IMPERFEITOS - DEUTEROMYCOTINA

2.1. Ordem Melanconiales

Esta ordem caracteriza-se por apresentar conidioma acervular, também


denominado acérvulo, que se caracteriza por conidióforos e conídios sobre um estroma
subepidérmico que ao desenvolver-se rompe a epiderme do vegetal. Os conídios podem ser
expelidos em camada mucilaginosa que os une denominada cirros. Alguns acérvulos
podem apresentar-se com cerdas ou setas.
Além das famílias Coryneaceae e Stilbosporaceae, merece destaque a família
Melanconiaceae onde é classificado o fungo Colletotrichum gloeosporioides, agente da
antracnose da seringueira, mangueira, eritrina, entre outras espécies, cuja forma perfeita
é Glomerella cingulata. Manchas foliares e cancro nos frutos de Oiti são causados por
Gloeosporium sp.; além de alguns parasitas de pequena virulência, como Pestalotia sp.,
normalmente associados a infecções secundárias ou em plantas debilitadas.

2.2. Ordem Sphaeropsidales (Phomales, Phyllostictales)

Esta ordem caracteriza-se pela presença de conidioma picnidial, também


denominado picnídio, estrutura semelhante aos peritécios, mas sem rostro e com ostíolo,
por onde são liberados os conídios; podem ter várias formas, geralmente escuros e
surgem superficiais ou subepidermais.
Destaca-se aqui a família Sphaerioidaceae (Phomaceae, Sphaeropsidaceae), onde
são classificados: Phomopsis sp., cuja forma perfeita é Cryphonectria cubensis [Diaporthe
cubensis], agente do cancro do Eucalyptus spp.; o fungo Dothiorella sp. agente de lesões
em tronco de Eucalyptus spp. e fungo Coniella fragariae sp. agente de manchas da
folha de Eucalyptus spp..
Também aqui são classificados: Sphaeropsis sapinea [Diplodia pinea] agente da
seca dos ponteiros de Pinus spp., além do agente da queima das acículas de Pinus spp.,
Dothistroma septospora [D. pini] e o fungo Hendersonula sp. agente de doença em
Pinus spp... Em essências nativas são observados os gêneros Septoria e Phyllosticta,
agentes de manchas foliares; Polychaeton sp, fungo fumagíneo observado em ipê-
amarelo, cuja fase perfeita é Capnodium sp..
Já em Hevea sp. ocorre Botryodiplodia sp. e Lasiodiplodia sp. agentes do cancro
do enxerto e podridão da casca de seringueira, além de Botryodiplodia theobromae
agente do cancro do cacaueiro. As outras famílias são: Asbolisiaceae, Discellaceae,
Excipulaceae, Leptostromataceae e Nectrioidaceae (Zythiaceae).

2.3. Ordem Pycnothyriales

Esta ordem caracteriza-se por apresentar conidioma picniotirial, também


denominado de pícnio, podendo ser citadas as seguintes famílias: Pycnothyriaceae,
Microthyriopsidaceae, Peltopycnidiaceae, Actinothyriaceae, Actinopeltaceae,
Rhizothyriaceae e Peltasteraceae. Contudo, aqui não são encontrados fungos de interesse
patológico para espécies florestais.

PATOLOGIA FLORESTAL 67
FUNGOS IMPERFEITOS - DEUTEROMYCOTINA

2.4. Ordem Agonomycetales (Mycelia Sterilia)

Esta ordem caracteriza-se por apresentar micélio estéril com ausência de conídios.
O período de resistência ocorre no solo com a produção de escleródios, microescleródios
ou clamidósporos.
Apresenta uma família Agonomycetaceae, ex.: Rhizoctonia solani, cuja forma
perfeita é o fungo Thanatephorus cucumeris, agente de tombamento em Eucalyptus
spp., Pinus spp. e outras espécies florestais; este mesmo fungo é o agente da mancha
aureolada da seringueira, além de atacar Leucaena leucocephalla, no Espírito Santo.
O fungo Sclerotium sp. é o agente tanto de tombamento em sementeiras, já
observado em aroeira e cedro Australiano, em Mato Grosso, como agente de podridão de
raízes. A espécie S. rolfsii causa anelamento das partes basais de mudas de ipê além de
podridão de raízes em reboleiras de Araucaria excelsa, enquanto a espécie S. coffeiculum
causa mancha foliar em Gmelina arborea, Bawinia sp. e outras espécies florestais na
Amazônia.

2.5. Ordem Hyphomycetales (Moniliales)

Esta ordem caracteriza-se por apresentar conidióforos livres, com apenas duas
famílias. A família Moniliaceae caracteriza-se por hifas e esporos hialinos, onde podem ser
encontrados inúmeros patógenos: Oidium spp., parasita obrigatório que apresenta a fase
perfeita como Erysiphe sp., é agente de míldio pulverulento ou oidiose em seringueira,
sete-copas, urucum entre outras; enquanto a espécie O. eucalipti é agente de oidiose em
Eucalyptus spp.; também já foi observado Ovulariopsis sp. no Rio Grande do Sul, agente
de oidiose em ipê-roxo. A figura 30 apresenta o ciclo de Oidium sp. em Eucalyptus sp..
Também destacam-se espécies do gênero Cylindrocladium como agentes de várias
doenças: C. scoparium, tombamento de mudas de Eucalyptus spp., Pinus spp., algaroba
entre outras, além de podridão de estacas de Eucalyptus spp.; C. clavatum , tombamento
de mudas de Eucalyptus spp. e podridão de raízes de Pinus spp. e Eucalyptus spp.
principalmente quando a planta está debilitada por outros fatores; C. pteridis, queima das
acículas de Pinus spp.; C. crotalariae, mancha da folha de Swietenia macrophylla e
Eucalyptus spp.; C. ilicicola, podridão do colo e também mancha da folha de Eucalyptus
spp. e C. quinqueseptatum, agente de mancha foliar em Eucalyptus spp., cuja forma
perfeita é Calonectria quinqueseptata.
Destaca-se ainda Verticillium spp. que, além de parasitar outros fungos superiores,
é agente de murchas vasculares em diversas espécies, como o cacau; a espécie V. albo-
atrum é agente da seca do Carvalho. Também pode ser citado Botrytis cinerea,
anelamento das partes basais e lesões em folhas mais baixas em viveiro de Eucalyptus spp.
e outras essências nativas.
Neste família ainda são encontrados Aspergillus sp., Penicillium sp. e Monilia sp.,
contaminantes de laboratório; Trichoderma sp., saprófita do solo e promissor para
controle biológico; Paecilomyces sp., hiperparasito da lagarta do ipê; Metarhizium
anisopleae, parasita de insetos como Zulia entririana e cigarrinhas de pastagem.

PATOLOGIA FLORESTAL 68
FUNGOS IMPERFEITOS - DEUTEROMYCOTINA

FIGURA 29 – Ciclo de Oidium sp. em Eucalyptus sp. e diversas essências florestais,


segundo FERREIRA (1989).

A família Dematiaceae apresenta hifas e esporos negros ou coloridos, destacando-


se os seguintes agentes de doenças: Fusicladium macrosporum, mal das folhas de Hevea
sp.; Corynespora casiicola, manchas foliares de seringueira, cacau, ipê, paineira, entre
outras espécies, além de Drechslera heveae [Helmilthosporium heveae], mancha olho-de-
pássaro em Hevea sp.
Outras espécies importantes são: Cercospora eucalypti e C. meliicola,
respectivamente agentes de manchas foliares em Eucalyptus spp. e cinamomo; e,
finalmente, Cercospora sequoiae, agente da seca dos ramos de Cupressus sp. e
Cryptomeria sp., sendo apresentado o ciclo na figura 31.
Finalmente, Alternaria sp., mancha da folha de Eucalyptus spp. e em mudas de
seringueira; Periconia manihoticola, mancha concêntrica da folha de seringueira;
Thielaviopsis sp., agente da seca da mangueira, além de inúmeras espécies saprófitas,
contaminantes de laboratório, principalmente em testes de patologia de sementes, como
Nigrospora sp., Cladosporium sp., Curvularia sp., entre outros.

2.6. Ordem Stilbellales

Esta ordem caracteriza-se por apresentar conidioma sinematoso, também chamado


sinêmio, que são feixes de conidióforos inteiramente ligados em forma de coluna, onde
encontra-se a família Stilbellaceae, destacando-se o gênero Graphium sp., forma
imperfeita de Ceratocystis sp.; também podem ser citados Briosia sp. e Stilbum sp.,
saprófitas de madeira.

PATOLOGIA FLORESTAL 69
FUNGOS IMPERFEITOS - DEUTEROMYCOTINA

FIGURA 30 – Ciclo de Cercospora sp., agente de manchas foliares em diversas espécies


florestais, segundo FERREIRA (1989).

2.7. Ordem Tuberculariales

Esta ordem caracteriza-se por apresentar conidioma esporodoquial, também


chamado de esporodóquio, que é uma massa de tecido estromático, em forma de
almofada, sobre a qual são produzidos os conidióforos em forma de paliçada e, sobre
estes, os conídios.
Destacam-se diversas espécies do gênero Fusarium sp., agente de tombamento e
murchas ou doença vascular em várias espécies florestais; na forma perfeita denomina-se
Nectria sp., cujo ciclo de vida típico é apresentado na figura 32; em Mato Grosso foi
observado em sementes e plântulas de Magonia pubescens, timbó, e plântulas de
Caryocar brasiliensis, pequizeiro, como agente de tombamento.
Também pode ser citado Tubercularia sp., que atua como saprófita na
decomposição de madeira, além dos gêneros Pucciniopsis e Volutella, todos desta mesma
ordem.

3. PROCEDIMENTO

Examinar as culturas e os materiais apresentados, no microscópio estereoscópio e


montar lâminas para conhecer as estruturas dos fungos desta subdivisão.

PATOLOGIA FLORESTAL 70
FUNGOS IMPERFEITOS - DEUTEROMYCOTINA

4. RESULTADOS

Desenhar e identificar as estruturas observadas, em relatório próprio, entregando


juntamente com as lâminas montadas.

FIGURA 31 – Ciclo de Fusarium sp., agente causal de tombamento de mudas, segundo


FERREIRA (1989).

5. QUESTÕES COMPLEMENTARES

1. Quais são as características da subdivisão Deuteromycotina e sua importância


na classificação dos fungos?
2. O que é a forma imperfeita de um fungo e sua fase perfeita ou teleomórfica?
3. Qual a diferença entre sinêmio e esporodóquio?
4. Quais são as estruturas de resistência que os fungos da subdivisão
Deuteromycotina podem apresentar?
5. Citar seis espécies de fungos associadas a sementes florestais?
6. Quais as doenças florestais causadas por fungos do gênero Cylindrocladium?
7. Quais são as características morfológicas dos fungos inferiores utilizadas para
sua classificação em ordens?
8. Quais as principais características dos fungos da família Agonomicetaceae?

PATOLOGIA FLORESTAL 71
FUNGOS IMPERFEITOS - DEUTEROMYCOTINA

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA N°. 10 Data: Sub-turma:

Aluno(a):

Material 1:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

Material 2:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

PATOLOGIA FLORESTAL 72
FUNGOS IMPERFEITOS - DEUTEROMYCOTINA

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA N°. 10-A Data: Sub-turma:

Aluno(a):

Material 1:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

Material 2:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

PATOLOGIA FLORESTAL 73
OUTROS AGENTES BIÓTICOS DE FITOMOLÉSTIAS

OUTROS AGENTES BIÓTICOS DE FITOMOLÉSTIAS

1. OBJETIVOS

Conhecer e saber espécies de bactérias, nematóides e parasitas de plantas


superiores como agentes de fitomoléstias e conhecer suas estruturas.

2. CONSIDERAÇÕES

Apesar dos fungos serem os responsáveis pela maioria das fitomoléstias, existem
outros seres vivos que também podem retirar a energia necessária para seu
desenvolvimento de células ou tecidos de espécies florestais, como algumas bactérias,
nematóides e parasitas de plantas superiores.
Convém destacar que estas referências são somente relativas às doenças de origem
infecciosa, pois existem as de origem não infecciosa, denominadas genericamente como
desordens fisiológicas, que podem ter como causas: temperaturas muito altas ou muito
baixas; falta ou excesso de umidade no solo; falta ou excesso de luz; falta de oxigênio no
solo, associada ao excesso de umidade no solo; poluição do ar; deficiências nutricionais;
toxidez mineral; acidez ou alcalinidade excessiva no solo; toxidez por agrotóxicos; além de
práticas culturais ou silviculturais inadequadas.
Ainda é possível observar competição intra e interespecífica entre plantas, por luz,
água e nutrientes; alelopatia, que consiste na eliminação de substâncias fitotóxicas a
outros vegetais; mal formação anatômica; anormalidades genéticas, como albinismo e,
finalmente, ação de ventos, raios e chuvas de granizo.

2.1. Bactérias

As bactérias fitopatogênicas, seres unicelulares e procarióticos, encontram-se aos


milhões no solo, no ar, na superfície e nos tecidos enfermos. Geralmente são bastonetes
com 1 a 3 µ de comprimento que se reproduzem por fissão binária transversa ou
cissiparidade, sendo classificadas como protistas inferiores, segundo classificação proposta
por Whittaker em 1969.
Algumas são móveis por meio de flagelos, sendo que as espécies fitopatogênicas
não apresentam endósporos; algumas apresentam cápsulas ou camada mucilaginosa que
conferem maior resistência a condições adversas do meio.

PATOLOGIA FLORESTAL 74
OUTROS AGENTES BIÓTICOS DE FITOMOLÉSTIAS

Caracterizam-se como heterotróficas, a maioria são aeróbias com algumas


anaeróbias facultativas, crescendo bem em meios de cultura artificiais, apesar das
bactérias saprófitas desenvolverem-se mais rápido que as fitopatogênicas o que, muitas
vezes, mascara o resultado de isolamentos. Apresentam o melhor desenvolvimento em pH
neutro em torno de 6,50 a 7,50, enquanto os fungos preferem pH em torno de 4,50 a
5,50.
As bactérias também são importantes por produzirem antibióticos; podem ser
utilizadas em controle biológico, como é o caso de Bacillus thuringiensis que ataca
lagartas de Lepidópteras. Algumas espécies de Bacillus estão sendo testadas para
controlar Cylindrocladium spp., agentes de diversas doenças em espécies florestais.
As principais bactérias fitopatogênicas são: Agrobacterium tumefaciens, agente de
galhas em Eucalyptus spp.; Agrobacterium radiobacter pv. tumefaciens, agente de galhas
aéreas em ramos de Inga sp.; Pseudomonas solanacearum, agente de murcha em
Eucalyptus spp. na Amazônia; Xanthomonas campestris pv. cordiae, agente da mancha
angular das folhas de Cordia goeldiana.
Como observou-se acima, as bactérias podem apresentar variação patogênica
denominada de patovar, cuja abreviação é “pv.” . Merecem destaque os gêneros de
bactérias fitopatogênicas, com suas principais características resumidos na tabela 8.
A figura 32, abaixo, apresenta as características de disposição de flagelos das
bactérias fitopatogênicas e os sintomas das doenças que podem causar.

FIGURA 32 – Os seis principais gêneros de fitobactérias e sintomas típicos, segundo GALLI


et al. (1994), adaptado de Kiraly et al. (1970).

PATOLOGIA FLORESTAL 75
OUTROS AGENTES BIÓTICOS DE FITOMOLÉSTIAS

2.2. Nematóides

Os nematóides, animais naturais do solo, são multicelulares, geralmente


microscópicos, que apresentam os sistemas digestivo, reprodutivo, nervoso e muscular,
mas com ausência dos sistemas respiratório e circulatório. A reprodução é por ovos e,
pelo menos, quatro ecdises no estágio larval até a fase adulta; algumas fêmeas
apresentam, quando adultas, forma diferente dos machos, denominada dimorfismo.
Os nematóides que se caracterizam como fitoparasitos apresentam uma estrutura
típica denominada estilete bucal, especializada para retirar os nutrientes do hospedeiro.
Aqueles que são transmitidos por sementes apresentam característica de anidrobiose,
podendo paralisar seu metabolismo mas conservando-se vivo por algum tempo dentro das
sementes.
Os nematóides podem prejudicar os vegetais por traumatismos, pela retirada de
nutrientes e por ação tóxica, que se manifesta pela ação típica de vários grupos como:
causadores de galhas, migradores, cavernículos, espiralados e outros.
De acordo com o tipo de parasitismo, os nematóides podem ser endoparasitas
quando adultos se instalam e colocam seus ovos no interior dos tecidos vegetais; semi-
endoparasitas quando se fixam junto às raízes mas efetuam postura no exterior do
vegetal e ectoparasitas quando vivem no solo todo seu ciclo de vida mas alimentando-se
do hospedeiro vegetal.
Quanto à mobilidade podem ser sedentários, quando se fixam no tecido vegetal e
não se movem mais e migratórios, quando se locomovem no solo para a planta e vice-
versa, em qualquer fase de seu ciclo de vida.
A figura 33 apresenta respectivamente as anatomias típicas de um nematóide
fêmea e um nematóide macho fitoparasitos.
A tabela 9 resume alguns nematóides fitoparasitos de algumas espécies florestais e
respectivo modo de ação.

2.3. Parasitas de plantas superiores

Alguns vegetais têm a habilidade de parasitar outras plantas e dependem de seus


hospedeiros para conseguir água e todos os minerais para sua síntese, através de
haustórios que se fixam e anastomosam com o tecido do hospedeiro. Este parasitismo
aparece em diferentes níveis quanto à dependência do hospedeiro.
No Brasil, destacam-se Psittacanthus dichrous, Psittacanthus spp., Struthanthus
rhynchophyllus, S. syringifolius, S. flexicaulis e Struthanthus spp., conhecidos como erva-
de-passarinho, que atacam inúmeras espécies arbóreas, como oiti, sete-copas, teca, unha-
de-vaca, pau-de-bicho e outras. Também pode ser citada Cuscuta epithymum, conhecida
como cipó-de-chumbo ou fio-de-ouro, sobre diversas espécies florestais e ocasionando alta
mortalidade em mudas de Eucalyptus grandis em cartuchos laminados.
Em regiões de clima temperado Arcenthobium sp. parasita coníferas de um modo
geral, enquanto, na América do Norte, a espécie Phorandendron flavescens e, na Europa,
a espécie Viscum album, são parasitas em galhos de espécies florestais como Juniperus sp.
e Cupressus sp..

PATOLOGIA FLORESTAL 76
OUTROS AGENTES BIÓTICOS DE FITOMOLÉSTIAS

TABELA 8 - Principais características dos gêneros de bactérias fitopatogênicas.


GÊNERO MOBILIDADE DISPOSIÇÃO DE FLAGELO COR DA COLÔNIA GRAM TIPO DE DOENÇA

Agrobacterium Imóvel e móvel Átrica e monótrica branca - Hipertrofia (tumores ou galhas)


Clavibacter Imóvel Átrica creme + Infecção sistêmica (murchas) e cancros

Curtobacterium Móvel Lofótrica creme + Infecção sistêmica (murchas)

Erwinia Móvel Perítrica branca - Lesões e manchas na parte aérea (queima de

ponteiro) e podridões mole em bulbos e tubérculo

Pseudomonas Móvel Lofótrica cinza claro - Manchas foliares e Infecção sistêmica (murchas)

Xanthomonas Móvel Monótrica amarela - Manchas foliares e outros órgãos e Infecção

sistêmica (murchas)

TABELA 9 - Nematóides fitoparasitos de algumas espécies florestais e respectivo modo de ação.


Tipo de ação
Espécie Florestal Causadores de galhas Migradores Espiralados Outros
Eucalyptus sp. Pratylenchus brachyurus
Hevea sp. Meloidogyne incognita Pratylenchus brachyurus Helicotylenchus sp.

Theobromae cacao Meloidogyne thamesi Pratylenchus sp. Helicotylenchus sp.

Outras espécies Meloidogyne sp. Pratylenchus sp. Helicotylenchus sp. Criconema sp.

Criconemoides sp.

Heterodora sp.

Trichodorus sp.

Xiphinema sp.

PATOLOGIA FLORESTAL 77
OUTROS AGENTES BIÓTICOS DE FITOMOLÉSTIAS

FIGURA 33 – Anatomia típica de nematóide macho e fêmea, fitoparasitos, segundo


AGRIOS (1971).

2.4. Outros agentes bióticos

É certo que outros seres vivos também podem atacar espécies vegetais, como
alguns protozoários, micoplasmas (MLO) e vírus, contudo estes não foram ainda relatados
em espécies florestais no Brasil, exceto uma ocorrência isolada, em 1982, de carlavirus em
seringueira, de material oriundo da Amazônia.
Ainda não se tem casos relatados de importância destes agentes sobre espécies
florestais no Brasil. Quando aos protozoários fitopatogênicos, ex.: Phytomonas sp. da
família Trypanosomatidae, tem sido observado mais associados no Brasil a espécies de
Palmae, como agente de murcha.

PATOLOGIA FLORESTAL 78
OUTROS AGENTES BIÓTICOS DE FITOMOLÉSTIAS

Os micoplasmas fitopatogênicos, chamados MLO (“Mycoplasma Like Organism),


são procarióticos, sem parede celular, com 60 até 1.100 n:, mas exercem função própria
de manutenção e reprodução por gemulação ou fissão binária transversa. De outros lado,
vírus é um conjunto formado por uma ou mais moléculas de ácido nucleico, normalmente
envolto por uma capa protetora de proteína ou lipoproteina (Matthews, 1991).

3. PRODECIMENTOS

Preparar lâmina com o material apresentado com presença de bactérias e observar


a formação do fluxo bacteriano e posteriormente montar um esfregaço em lâmina para
observação com lente de imersão. Adicionar óleo-de-cedro e posteriormente limpar a
objetiva com xilol e algodão seco.
Extrair um nematóide do material apresentado, montar lâmina com água e efetuar
um rápido aquecimento para paralisar o nematóide, observando a seguir suas principais
estruturas. Os parasitas de plantas superiores serão observados diretamente no campo.

4. RESULTADOS

O aluno deverá montar lâminas com o material entregue, desenhar e identificar as


estruturas observadas em relatório próprio entregue juntamente com as lâminas.

5. QUESTÕES COMPLEMENTARES

1. Quais são as principais características das bactérias fitopatogênicas?


2. Qual a importância da forma de penetração das bactérias para seu controle?
3. Como são classificadas as bactérias e quais suas principais características
morfológicas?
4. Quais são as principais doenças florestais cujo agentes são bactérias?
5. Quais as principais características que diferenciam o gênero Agrobacterium do
gênero Pseudomonas?
6. Quais as principais características dos nematóides fitoparasitos?
7. Quais as espécies de nematóides fitoparasitos importantes para espécies de
Eucalyptus sp. e Hevea sp.?
8. Que tipo de prejuízo pode causar um nematóide às espécies hospedeiras?
9. O que é o fenômeno de anidrobiose nos nematóides fitoparasitos?
10. Quais as principais características dos parasitas de plantas superiores e as
espécies mais importantes?

PATOLOGIA FLORESTAL 79
OUTROS AGENTES BIÓTICOS DE FITOMOLÉSTIAS

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA N°. 11 Data: Sub-turma:

Aluno(a):

Material 1:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

Material 2:

Subdivisão:

Classe:

Ordem:

Família:

Gênero:

Espécie:

Estruturas observadas:

Lâmina n°.: Abs. X ord.: Ampliação:

PATOLOGIA FLORESTAL 80
PRESCRIÇÃO TÉCNICA

PRESCRIÇÃO TÉCNICA

1. OBJETIVOS

Conhecer e saber os principais defensivos agrícolas utilizados na área florestal, as


informações técnicas contidas nos rótulos das embalagens e as informações necessárias
para a confecção do receituário florestal.

2. CONSIDERAÇÕES

Uma das formas de se prevenir ou controlar fitomoléstias é a utilização de


produtos químicos com princípios tóxicos para os microorganismos. Apesar dos plantios
florestais apresentarem rotação mais longa e microclima mais estável durante mais
tempo, ainda assim povoamentos homogêneos em grandes áreas podem exigir a utilização
desses produtos, além de outras medidas preventivas. Também nas práticas de
armazenamento de sementes e produção de mudas pode ser necessária a utilização desses
produtos conhecidos como defensivos agrícolas ou agrotóxicos.
De qualquer forma é importante utilizar de forma integrada as diferentes formas
de controle das fitomoléstias e somente utilizar esses defensivos quando estritamente
necessário, observando todas indicações técnicas, ou seja: sempre prescrever o produto
químico através do receituário florestal; discriminar todas as informações qualitativas e
quantitativas exclusivas para o problema analisado, não permitindo qualquer tipo de
extrapolação; discriminar a época, forma e equipamento adequados para aplicação do
produto e, finalmente, indicar os cuidados necessários na operação, armazenamento e
eliminação de embalagens, bem como informar os perigos de intoxicação.
Apesar de existirem muitos produtos no mercado, poucos são os que já vêm com
indicações para doenças florestais. Muitas vezes é necessário recorrer a resultados de
instituições de pesquisas, como as Universidades, EMBRAPA e CEPLAC, ou à literatura
especializada, como FERREIRA (1989), GRUPO PAULISTA DE FITOPATOLOGIA (1986),
Revista Fitopatologia Brasileira e anais dos Congressos Brasileiros de Fitopatologia da
Sociedade Brasileira de Fitopatologia, revista Agropecuária Brasileira e outras, para
conseguir referências técnicas para controle das fitomoléstias florestais.
Empresas que produzem agrotóxicos costumam distribuir para profissionais da
área os guias de produtos com especificações técnicas para orientar sua utilização. Em
1998, a Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior, ABEAS, juntamente com o

PATOLOGIA FLORESTAL 81
PRESCRIÇÃO TÉCNICA

Ministério da Agricultura, lançaram um software, denominado Agrofit 98, contendo


especificações técnicas da maioria dos agrotóxicos comercializados no Brasil.
É importante destacar que os defensivos agrícolas ou agrotóxicos são substâncias
que não podem ser utilizadas em área urbana. Uma alternativa para as fitomoléstias que
ocorrem em quintais, jardins e vasos, é a utilização da publicação “Receituário Caseiro,
alternativa para controle de pragas e doenças de plantas cultivadas e de seus produtos”,
editado pela EMBRATER em 1985.
Quando não for possível encontrar tais referências ou não houver disponibilidade
de produtos no mercado, pode ser necessário testar alguns produtos, alertando ao
profissional que qualquer tipo de prejuízo sempre será de sua inteira responsabilidade
técnica, por isso é recomendável seguir alguns critérios: testar produtos indicados para
doenças semelhantes; testar doses sempre partindo da menor indicação; adequar o
volume de calda de acordo com a área foliar do plantio e observar claramente se o
controle ocorre e não há sintomas de fitotoxidez.
Sintomas de fitotoxidez costumam se expressar por enrugamento, encharcamento,
queimadura ou secamento de folha ou partes tenras como os meristemas; neste caso é
necessário irrigar intensamente as plantas tratadas, interromper o tratamento e procurar
outra opção.
Tratamentos químicos em povoamentos adultos normalmente exigem um volume
de calda muito superior ao recomendado para culturas de menor porte ou então para
viveiro ou jardins clonais, conforme apresenta a tabela 10, a seguir.

TABELA 10 - Classificação de pulverização de acordo com o volume de calda utilizado.


VOLUME DE CALDA (l/ha)
DENOMINAÇÃO PEQUENO PORTE PORTE ARBÓREO
Alto volume (AV) mais de 600 mais de 1.000
Médio volume (MV) 200 a 600 500 a 1.000
Baixo volume (BV) 50 a 200 200 a 500
Muito baixo volume (MBV) 5 a 50 50 a 200
Ultra baixo volume (UBV) até 5 até 50

Outra observação importante diz respeito à forma de aplicação e do tipo de


equipamento utilizado nos povoamentos adultos que podem exigir pulverizadores canhão,
termonebulizadores ou mesmo aplicação aérea. Em povoamentos jovens, viveiros e jardins
clonais é possível a utilização de pulverizadores costais manual ou motorizado, barra de
pulverização ou irrigação manual ou por equipamentos.

2.1. Defensivos agrícolas

Os defensivos agrícolas podem ser agrupados segundo seu modo de ação ou


princípio de controle envolvido em: protetores ou residuais de folhas; erradicantes ou de
contato para parte aérea; erradicantes para tratamento do solo; fungicidas residuais ou
de contato para tratamento de sementes; fungicidas curativos sistêmicos e fungicidas

PATOLOGIA FLORESTAL 82
PRESCRIÇÃO TÉCNICA

residuais ou de contato para tratamento pós-colheita. Este último grupo está mais
relacionado com a atividade agrícola, pois na atividade florestal o tratamento de madeira
é estudado em tecnologia da madeira, com uso de substâncias preservativas.
Quanto ao seu desenvolvimento e à origem química, os fungicidas podem ser
agrupados em primeira, segunda e terceira geração. A tabela 11 apresenta alguns
produtos, respectivos grupos químicos e substâncias químicas.

TABELA 11 - Algumas substâncias químicas utilizadas como fungicidas e classificados


quanto à sua geração e grupo químico.
GERAÇÃO GRUPO QUÍMICO SUBSTÂNCIA QUÍMICA
À base de enxofre Enxofre
Primeira Cúpricos Sulfato de cobre, oxicloreto de cobre, hidróxido
de cobre e óxidos cuprosos
À base de estanho e outros Binapacril, curzate, dithianon, iprodione,
sumilex, vinclozolin, entre outros
Ditiocarbamatos Ferban, mancozeb, maneb, propineb, thiram,
zineb e ziram
Segunda Guanidinas Dodine
Nitrogenados heterocíclicos Captafol, captan e folpet
Produtos aromáticos Bifenil, clorotalonil, dicloran, dinocap,
fenaminosulf, hexaclorobenzeno, PCNB ou
quintozene, pentaclorofenato de sódio, e outros
Quinonas Cloranil e diclone
Acilalanina Metalaxyl
Benzimidazole Benomyl, carbendazim, thiabendazol, tiofanato
metílico, entre outros
Carboximida Carboxim
Terceira Imidazole Imazalil
Morfolina Dodemorph e tridemorph
Organo-fosforados Ediphenphos, kitazim e pirazophos
Outros grupos A.L., chloroneb, efosite, entre outros
Piperazim Triforine
Pirimidina Dimethirimol, ethirimol, entre outros
Triazole Triadimefon

Além desses fungicidas é necessário relatar alguns nematicidas seu princípio ativo e
nome comercial além de alguns antibióticos utilizados como bactericidas e outros que são
utilizados como fungicidas, apresentados na tabela 12.

2.2. Rótulo dos defensivos agrícolas

As informações mínimas que devem conter o rótulo das embalagens dos defensivos
agrícolas são definidas por legislação específica do Ministério da Agricultura.

PATOLOGIA FLORESTAL 83
PRESCRIÇÃO TÉCNICA

TABELA 12 - Princípio ativo e nome comercial de alguns nematicidas e alguns antibióticos


utilizados como bactericidas e fungicidas.
TIPO DE PRODUTO PRINCÍPIO ATIVO NOME COMERCIAL
Aldicarb Temik
Nematicidas Carbofuram Furadan
Dazomet Basamid G
Fensulfothion Dasanit, terracur P
Bactericidas Estreptomicina Distreptine 20
Tetraciclina Aureomicina, terramicina
Ciclohexamida Actidione PM
Fungicidas Blasticidina-S Bla-S
Kasugamicina Kasumim

O rótulo deve conter os nomes técnico e comercial do produto e seu ingrediente


ativo, também denominado nome químico ou composição, com a respectiva quantidade,
normalmente expressa em porcentagem. Quase sempre os números apresentados com o
nome comercial indicam a composição do ingrediente ativo. Por exemplo: delsene 750
indica que existe 750 g de carbendazim em cada quilograma do produto comercial ou
75% de princípio ativo; orthodifolatan 50 indica que o produto comercial tem 50% de
princípio ativo ou 500 g do princípio ativo em cada quilograma do produto comercial.
A classificação do produto também aparece no rótulo especificando se trata de um
fungicida, fungicida sistêmico, herbicida, inseticida, nematida, acaricida, entre outros;
também aparece a indicação do tipo de formulação apresentada: pó seco (PS), pó
molhável (PM), líquido, entre outros; bem como a indicação a classe toxicológica,
detalhada na tabela 13, a seguir:

TABELA 13 - Denominação, cor da faixa e equipamento obrigatório de acordo com a


classe toxicológica dos defensivos agrícolas.
CLASSE DENOMINAÇÃO COR DA FAIXA EQUIPAMENTO OBRIGATÓRIO
I Altamente tóxico Vermelha máscara, óculos, luvas, chapéu, botas, macacão
com mangas compridas e avental impermeável
II Medianamente Amarela mesmo da classe I
tóxico
III Pouco tóxico Azul mesmo da classe I, podendo dispensar óculos e
avental impermeável
IV Praticamente Verde mesmo da classe III
atóxico

Ainda aparecem no rótulo outras informações como: prazo de validade para


aplicação, quantidade contida na embalagem, empresa que produz ou comercializa o
produto que, na maioria das vezes estão na frente da embalagem.

PATOLOGIA FLORESTAL 84
PRESCRIÇÃO TÉCNICA

Na parte posterior da embalagem normalmente encontram-se as instruções de uso,


indicação de culturas, respectivas doenças e doses, forma e intervalo de aplicação e
volume de calda a ser utilizado, expresso por hectare. Também podem aparecer
informações acerca da limitação de uso, precauções no manuseio, período de carência,
bem como sintomas, antídotos e cuidados no caso de intoxicação.
Estes produtos tóxicos podem penetrar via oral, por ingestão; via respiratória, por
inalação; via dérmica, através da pele ou provocar irritações externas, entre outros. Para
isto existe o seguinte equipamento de segurança para proteção: máscara, óculos, luvas,
chapéu, botas, macacão com mangas compridas e avental impermeável.
A restrita obediência às indicações dos rótulos é de responsabilidade exclusiva do
técnico que faz a prescrição técnica, lembrando que prescrições inadequadas podem
implicar em sanções civis, no caso de prejuízo ao proprietário ou ao trabalhador rural,
sanções penais, no caso de morte, sanções trabalhistas, no caso de utilização de mão-de-
obra imprópria ou descumprimento da legislação trabalhista e, cumulativamente ou não,
sanções éticas se o profissional infringir ao Código de Ética do Engenheiro.

2.3. Receituário florestal

O receituário florestal é o documento técnico-legal para se efetuar as prescrições


técnicas ou seja, a indicação de produtos químicos com princípios tóxicos para controle de
doenças de espécies florestais. O receituário florestal foi instituído pela Portaria n°. 238
de 1°. de setembro de 1982 do Ministério da Agricultura, em consonância ao receituário
agronômico instituído em 13 de janeiro de 1981 através da Portaria n°. 07 do mesmo
Ministério, que deve ser também utilizado pois ali constam os detalhes técnicos
operacionais para tal instrumento.
Desde que o profissional atenda às disposições mínimas contidas na Portaria n°.
07, ele mesmo poderá confeccionar seu próprio talão de receituário. De qualquer forma,
os Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, CREAs, em suas
respectivas jurisdições, também podem fornecer blocos de receituário já vinculados à
Anotação de Responsabilidade Técnica, ART, para facilitar esta atividade ao profissional e
da própria fiscalização; a Empresa de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural de
Mato Grosso, EMPAER, também utiliza modelo próprio para seus extensionistas.

Segundo esta legislação o receituário deve conter: (a) informações do requerente e


do problema fitossanitário, como: espécie afetada, área total plantada e a tratar, além do
diagnóstico; (b) informações do tratamento, como: nome técnico e dose do produto para
o diagnóstico efetuado, quantidade total a ser adquirida, número, forma e intervalo entre
cada aplicação, quantidade de calda em litros por hectare, equipamento envolvido e
condições de aplicação; (c) recomendações, como: carência, classe toxicológica, toxidade,
equipamento de proteção e cuidados operacionais e, finalmente, (d) informações do
profissional, como nome, formação, endereço e registro do profissional junto ao CREA da
jurisdição competente.
Na indicação do produto deve ser sempre utilizado o nome técnico e suas
respectiva dosagem, podendo ser citado o nome comercial, mas sempre após o nome
técnico, tomando-se o cuidado para não confundir a dosagem do princípio ativo, PA, com
a dosagem das embalagens, normalmente expressa para o produto comercial, PC.

PATOLOGIA FLORESTAL 85
PRESCRIÇÃO TÉCNICA

No verso do receituário podem ser impressos de forma complementar as medidas


de prevenção de acidentes, primeiros socorros, medidas de proteção ambiental e, se for o
caso, telefones e endereços para emergências.
O Relatório dirigido, ao final deste roteiro, apresenta um modelo genérico de
receituário, observando-se que as discriminações contidas no item tratamento são apenas
para orientação didática, não devendo constar do modelo definitivo. O receituário deve
ser confeccionado em, pelo menos, quatro vias sendo a primeira para o requerente, a
segunda e terceira vias ficam na empresa que comercializa os produtos e a última via no
bloco do profissional. Das duas vias que ficam para o comerciante, uma é seu
comprovante e a outra fica disponível para os órgãos de fiscalização do estado ou da
fiscalização da atividade profissional. Os receituários devem ser numerados
seqüencialmente.
O estado de Mato Grosso já possui legislação específica sobre o assunto, através da
Lei 1.011aprovada e sancionada em janeiro de 1984 que trata da comercialização desses
produtos, dando competência de fiscalização às Secretarias de Agricultura e da Saúde.
Nas tabelas 14 a 20 são apresentadas informações de alguns agrotóxicos que
podem ser utilizados para controle de doenças em espécies florestais, segundo indicações
de FERREIRA (1989) e GASPAROTTO et al. (1990).

3. PROCEDIMENTOS

Examinar os rótulos dos produtos químicos em aula prática e identificar cada uma
das informações ali contidas. Examinar os modelos de receituários e aprender seu correto
conhecimento, efetuando inicialmente os cálculos dos problemas propostos.

4. RESULTADOS

Resolver os problemas propostos em sala de aula e após a correta execução dos


cálculos apresentar o seu receituário preenchido, no modelo do próprio relatório.
Apresentar uma lista com cinco defensivos agrícolas que podem ser utilizados na área
florestal, tipo de utilização, preço por embalagem e o nome da loja em que este
levantamento foi efetuado.

5. QUESTÕES COMPLEMENTARES

1. Quantas gramas de um fungicida com 75% de cobre metálico deve ser


misturado com 20 litros de água, sabendo-se que este produto é recomendado para
pulverizações a 0,3% do princípio ativo ? Como será indicada a mesma dosagem se for
tomado por base o produto comercial?
2. Qual é a legislação pertinente ao Engenheiro Florestal que for trabalhar em
Mato Grosso e necessitar fazer prescrições técnicas?

PATOLOGIA FLORESTAL 86
PRESCRIÇÃO TÉCNICA

3. No mercado existe o produto comercial Coprantol com 50% de oxicloreto de


cobre e a recomendação de se utilizar 1.250 g do princípio ativo em 1.000 litros de água.
Para tratar 2.000 m2 de canteiros com pulverização a médio volume, qual será o volume
de calda e a quantidade do produto comercial necessários para três aplicações?
4. Qual é a diferença entre os produtos químicos denominados de fungicidas de
primeira, segunda e terceira geração?
5. Utilizando-se um pulverizador com 20 litros de capacidade quantas gramas do
produto comercial Kumulus, enxofre PM, você deverá utilizar se a dosagem recomendada
é de 0,2%. Se toda área a tratar é de 2.500 m2 e a pulverização for a baixo volume, quais
serão os volume mínimo e máximo de calda com os respectivos consumos do produto
comercial?
6. Qual a importância de se utilizar o receituário florestal e quais são as
implicações do uso incorreto desta indicação técnica?
7. Para se utilizar Benomyl na dosagem de 0,35% do princípio ativo para mudas
em viveiro, qual a quantidade do produto comercial com 75% de princípio ativo deverá
ser gasta para preparar 600 litros de calda ? Quais serão as áreas mínimas e máximas
que poderão ser tratadas se a pulverização for efetuada a médio volume ? Se a aplicação
for mudada para irrigação na proporção de 1 l/m2 qual o tamanho da área que poderá
ser tratado com este mesmo volume de calda?
8. Quais são os principais sintomas de fitotoxidez que podem ser observados na
aplicação de defensivos agrícolas e como é possível diminuir seus efeitos?
9. Um viveiro produz 300.000 mudas/ano, com tempo médio de 100 dias e
apenas 30 dias favoráveis à ocorrência de tombamento. O processo de produção é de
semeadura direta de três sementes por embalagem e a espécie apresenta 1.200
sementes/kg. Utilizando-se embalagens que ocupam cerca de 150 cm2 e rendimento
médio operacional de apenas 75%, em função da doença, solicita-se: (a) citar dois
produtos que podem ser utilizados para tratamento das sementes e outros dois para
pulverizações preventivas dos canteiros com os respectivos preços e doses; (b) calcular o
custo de aplicação de cada um dos produtos, de acordo com o número de aplicações
necessárias para os 30 dias favoráveis à doença; (c) qual será a melhor combinação
desses produtos para tratar as sementes e para tratar as mudas ? (d) supondo-se que
cada muda é vendida por R$0,20 qual será o prejuízo sem qualquer tipo de tratamento?
10. O que significa dose letal ou DL-50 e qual a relação desta informação com a
toxidade dos produtos utilizados como defensivos agrícolas?

PATOLOGIA FLORESTAL 87
PRESCRIÇÃO TÉCNICA

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA N°. 12 Data: Subturma:

Aluno(a):

NOME DO PROFISSIONAL OU DA EMPRESA


(Endereço completo)
RECEITUÁRIO FLORESTAL N°. ....
Interessado:
Endereço completo:

Espécie florestal: Áreas total e a ser tratada:


Diagnóstico:

Tratamento:

Carência: Classe toxicológica:


Toxidade:

Observações:

Local e data
Assinatura
Nome do profissional
Formação profissional e CREA

PATOLOGIA FLORESTAL 88
PRESCRIÇÃO TÉCNICA

TABELA 14 – Dose e agrotóxicos para controle químico de doenças do Cacau (Theobromae cacao).
DOENÇA PATÓGENO AGROTÓXICO FORMA DE APLICAÇÃO, DOSE E OBSERVAÇÃO
Antracnose Colletotrichum Cxicloreto de cobre Pulverização semanal, 600 l/ha a 0,2 a 0,4%
gloeosporioides Mancozeb Pulverização quinzenal, 600 l/ha a 0,15 a 0,3%
Podridão parda Phytophthora spp. Vide observação Mesma indicação dada para antracnose
Rubelose Corticium salmonicolor Oxicloreto de cobre Pulverização semanal, 600 l/ha de 2,5 a 3,0kg/ha
Vassoura-de-bruxa Crinipellis perniciosa Vide observação Mesma indicação dada para rubelose

TABELA 15 – Dose e agrotóxicos para controle químico de doenças do Eucalipto (Eucalyptus spp.).
DOENÇA PATÓGENO AGROTÓXICO FORMA DE APLICAÇÃO, DOSE E OBSERVAÇÃO
Doença rosada Corticium salmonicolor Oxicloreto de cobre Pulverização semanal, 600 l/ha a 0,2% nas chuvas
Ferrugem Puccinia psidii Oxicloreto de cobre Pulverização semanal, 600 l/ha a 0,15 a 0,25%
Maneb Pulverização semanal, 600 l/ha a 0,18 a 0,3%
Mancha foliar Botrytis sp., Captan Pulverização a cada 3 a 5 dias, 500 l/ha a 0,2 a 0,25%
em mudas Hendersonula sp. Captafol Pulverização semanal, 500 l/ha a 0,2 a 0,25% nas mudas
Diplodia sp. e outros Tiofanato metílico Pulverização semanal, 500 l/ha a 7,0 a 10,0% nas mudas
Podridão basal Sclerotium rolfsii Brometo de metila Fumigar o solo do canteiro com 20 a 40 cc/m2
Captan + PCNB + thiran Pulverização semanal, 400 l/ha a 0,05 + 0,075 + 0,07%
Podridão de estacas Cylindrocladium Benomyl (benlate) Irrigar o porta-estacas 5 dias antes da coleta e antes do
em casa de Crotalariae plantio passar a base da estaca em calda a 0,035%
vegetação
Hipoclorito de sódio Imergir estacas por 1 minuto antes do plantio em solução
a 10%

PATOLOGIA FLORESTAL 89
PRESCRIÇÃO TÉCNICA

TABELA 16 – Dose e agrotóxicos para controle químico de doenças do Ipê (Tabebuia spp.).
DOENÇA PATÓGENO AGROTÓXICO FORMA DE APLICAÇÃO, DOSE E OBSERVAÇÃO
Ferrugem Prospodium tecomicola Oxicloreto de cobre Pulverização a cada 4 a 7 dias de 600 l/ha a 0,18 a 0,3%
Mancha foliar Corynespora casiicola Benomyl Pulverização quinzenal de 200 a 400 l/ha a 0,03 a 0,035%
Podridão de estacas Cylindrocladium Benomyl Irrigar o porta-estacas 5 dias antes da coleta e antes do
em casa de crotalariae plantio passar a base da estaca em calda a 0,035%
vegetação
Hipoclorito de sódio Imersão das estacas, 1 minuto antes do plantio em solução
a 10%

TABELA 17 – Dose e agrotóxicos para controle químico de doenças do Pinheiro (Pinus spp.).
DOENÇA PATÓGENO AGROTÓXICO FORMA DE APLICAÇÃO, DOSE E OBSERVAÇÃO
Queima das acículas Cylindrocladium pteridis Ferban Pulverizar 2 vezes por semana 600 l/ha a 0,15 a 0,3%
Zineb Pulverizar 2 vezes por semana 600 l/ha a 0,25 a 0,3%
Queima das acículas Dothistroma pini Oxicloreto de cobre Pulverizar 2 vezes no período chuvoso 600 l/ha a 0,2 a
0,5%

TABELA 18 – Dose e agrotóxicos para controle químico de doenças de plantas ornamentais.


DOENÇA PATÓGENO AGROTÓXICO FORMA DE APLICAÇÃO, DOSE E OBSERVAÇÃO
Oidiose Oidium sp. Enxofre Pulverização semanal de 500 l/ha a 0,2 a 0,5% (controla
ácaro)
Tiofanato metílico Pulverizar a cada 7 a 10 dias 700 a 800 l/ha a 0,07%
Manchas foliares Botrytis sp., e outros Tiofanato metílico Pulverizar a cada 7 a 10 dias 700 a 800 l/ha a 0,07%

PATOLOGIA FLORESTAL 90
PRESCRIÇÃO TÉCNICA

TABELA 19 – Dose e agrotóxicos para controle químico de doenças da Seringueira (Hevea spp.).
DOENÇA PATÓGENO AGROTÓXICO FORMA DE APLICAÇÃO, DOSE E OBSERVAÇÃO
Mal das folhas Microcyclus ulei Benomyl a 0,1% - Viveiro e jardim clonal: pulverização semanal nas chuvas e
Triadimefon a 0,12% quinzenal na seca de 200 a 400 l/ha, nas doses indicadas.
Tiofanato metílico 0,15% - Plantio com mais de 4 anos pulverização semanal de 800 l/ha,
Mancozeb a 0,4% nas doses indicadas, durante o reenfolhamento até a maturidade
Carbendazin a 0,12% dos folíolos, pulverizador tipo canhão ou termonebulizadores.
Mancha aureolada Thanatephorus cucumeris Oxicloreto de cobre Pulverização semanal de 500 a 800 l/ha a 0,3%
Triadimefon Utilizar o produto a 0,12%
Requeima Phytophthora spp. Oxicloreto de cobre Pulverização semanal de 500 a 800 l/ha a 0,3%
Captafol Utilizar o produto a 0,2%
Antracnose Colletotrichum Oxicloreto de cobre Pulverização semanal de 500 a 800 l/ha a 0,3%
gloeosporioides Clorotalonil Utilizar o produto a 0,3%
Cancro do painel Phytophthora spp. Captafol a 2% Preventivo: pincelar ao mês e após o corte; curativo: remover o
tecido afetado e pincelar; desinfestar a faca em suspensão a 1%
Mofo cinzento Ceratocystis fimbriata Benomyl a 1,0% Preventivo: pincelar Benomyl 0,25% ou tiofanato metílico a 0,5%;
Thiabendazole a 1,25% Curativo: remover o tecido afetado, pincelar nas doses indicadas e
Tiofanato metílico a 0,7% desinfestar a faca com Benomyl a 0,5% após cada corte
Rubelose Corticium salmonicolor Tridemorph Remover os tecidos afetados e pincelar solução a 2% até 30 cm
além do ferimento
Cancro do enxerto e Lasiodiplodia theobromae Oxicloreto de cobre Remover os tecidos afetados e pincelar solução a 0,3%
podridão da casca
Escaldadura Oxicloreto de cobre Remover os tecidos afetados e pincelar solução a 0,3% com
caiação no caule de todas as plantas
Podridão vermelha e Ganoderma philippii e Tridemorph Misturar 10% do produto com 85% de piche e 5% de querosene e
Podridão parda Phellinus noxius pincelar as raízes remanescentes
Podridão branca Rigidoporus lignosus PCNB a 75% Misturar 20% do produto com 75% de piche e 5% de querosene e
pincelar as raízes remanescentes

PATOLOGIA FLORESTAL 91
PRESCRIÇÃO TÉCNICA

TABELA 20 – Dose e agrotóxicos para controle químico de doenças de outras espécies florestais.
DOENÇA PATÓGENO AGROTÓXICO FORMA DE APLICAÇÃO, DOSE E OBSERVAÇÃO
Tombamento de Cylindrocladium Brometo de metila Fumigar a sementeira com 20 a 40 cc/m2 ou fumigar o
mudas de várias scoparium, solo para embalagem com 150 cc/m3
espécies Rhizoctonia solani,
Pythium spp.
Fusarium spp. e outros PCNB Irrigar 2 l/m2 de sementeira a 0,4% 24 horas antes da
semeadura
Captan Irrigar 1 l/m2 de sementeira a 0,1% 24 horas antes da
semeadura
Benomyl Pulverização quinzenal do viveiro, quando necessário, 0,2 a
0,3%
Maneb ou zineb Pulverização semanal do viveiro, quando necessário, 0,2 a
0,3%
Lesan ou PCNB ou Tratar sementes, via seca, com 3 a 5 g/kg de semente;
captan ou Lesan + Pulverização semanal de 200 a 400 l/ha a 0,3 a 0,5%
PCNB
Captan + PCNB + Utilizar a mesma indicação dada para podridão basal
thiram causada por S. rolfsii em Eucalyptus spp.
Podridão de estacas Cylindrocladium Para Cutieira, A. excelsa e outras, utilizar a mesma
em casa de crotalariae indicação apresentada para esta doença em Eucalyptus
vegetação spp.
Mancha foliar Corynespora casiicola Para Paineira e outras espécies, utilizar a mesma indicação
apresentada para esta doença em Ipê

PATOLOGIA FLORESTAL 92
BIBLIOGRAFIA

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