Você está na página 1de 5

Introdução

O que nos interessa a nossa reflexã o de hoje é sobre uma das grande á rea ou ramo
da Antropologia que vamos estudar é Antropologia cultural que procuramos
enquadra-lo em uns dos nossos campo de acçao que é organizaçã o social que
dentro da organizaçã o social vamos fazer um estudo do parentesco sobre tudo da
linhagem matrilinear que é um dos sistemas de linhagem predominante em Africa
que é muito respeitadas principalmente nas comunidades tradicionais africanas na
questã o politica vale lembrar que a nossa reflexã o levo-nos a viajarmos a grande
escola culturalista escolhemos a escola culturalista porque ela é muito importante
para compreendemos a cultura num sentido mais amplo e mais cientifico. Para as
comunidades africanas a questã o do acesso e uso dos recursos é uma das questõ es
fundamentais dos nossos tempo. Acesso aos recursos significa acesso aos recursos
para o desenvolvimento, ou seja, acesso que permite à s pessoas, homens e
mulheres, viver em dignidade e liberdade. Apesar de protegidos por lei desde
1966, nomeadamente pelo Pacto Internacional dos Direitos Econó micos, Sociais e
Culturais, sabemos que a sua efetivaçã o e distribuiçã o equitativa, incluindo entre
homens e mulheres, está por concretizar e constitui um dos grandes desafios do
séc.XXI. A terra por todo o seu significado, socioeconó mico, cultural e religioso, é o
recurso mais valioso para a maioria das populaçõ es africana de forma particular as
populaçõ es angolanas. Ao longo da histó ria, a terra tem sido reconhecida como
uma das principais fontes de subsistência, riqueza, estatuto social, e poder. As
condiçõ es para exercer os direitos à terra nas comunidades africanas variam
essencialmente em funçã o das relaçõ es de parentesco e do género, embora outros
fatores como a idade e a fase do ciclo de vida também sejam importantes. As
normas de parentesco sã o pilares fundamentais da organizaçã o social,
nomeadamente em comunidades rurais, e influenciam significativamente o sistema
consuetudiná rio de gestã o e posse da terra que sabemos ser o dominante em
Africa. A questã o dos direitos à terra na perspetiva das relaçõ es de género remete-
nos ao fato de ser mulher ou homem constituir um fator determinante da
distribuiçã o de ativos, nomeadamente da terra, no seio da família e da comunidade
e também pelo Estado e pelo mercado. Existem vá rios argumentos a favor dos
direitos das mulheres à terra. Agarwal (1994:19) uma pioneira neste campo, e
outras autoras como Deere & Léon (2001), consideram o bem-estar das mulheres,
a eficiência, a igualdade e o empoderamento. Assim, será de esperar quando as
mulheres herdam terra que tenham mais empoderamento e um maior bem-estar.
De acordo com Mason (2003), o empoderamento dentro do agregado familiar é
fortemente influenciado pelo contexto social, dado que é mais fortemente
determinado pelas instituiçõ es sociais do que pelas características individuais.
Assim, Mason (2003) sugere que os estudos sobre o empoderamento das mulheres
se devem concentrar nos direitos, obrigaçõ es e recursos concedidos à s mulheres.

1
Antropologia

A Antropologia é a ciência que estuda o homem em todas as suas dimensõ es ou é o


estudo do homem e da humanidade de maneira totalizante. Ela se subdivide em
Antropologia cultural e social, Antropologia física ou bioló gica e em Antropologia
linguística o nosso estudo vai mergugulhar no campo da Antropologia cultural.

Para compreendemos o enquadramento do nosso campo de açã o que é a


organizaçã o social que vai dirigir a nossa reflexã o devemos fazer a dualidade á
duas á rea do que é Antropologia e a Sociologia sã o duas ciências sociais e humanas
que foram aqui reunidas com o intuito de compor a disciplina Fundamentos
Antropoló gicos e a Socioló gicos. O principal objetivo é alicerçar seu capital cultural
no que concerne ao conhecimento acerca da cultura, das interaçõ es sociais, das
relaçõ es sociais e dos fatos sociais. Isto porque a Antropologia dedica-se ao estudo
do homem enquanto possuidor de uma cultura, de uma crença, de uma simbologia
e a Sociologia, campo que parece ainda maior, se dedica ao homem em suas
interaçõ es sociais.

Mulher na cultura africana

A mulher bantu ocupa um lugar específico e honroso pela sua vocaçã o pela
maternidade, os filhos e agricultura outorgam-lhe prestígios e uma situaçã o
favorá vel familiar e social. Como quase todo esses povos seguem a
matrilinearidade, desvanece-se o conceito de mulher-escrava, de mulher-objeto de
compra e venda que os desconhecedores destas sociedades propagaram apoiados
em aná lises e observaçõ es superficiais ou em deduçõ es patriarcais depois de
fazerem comparaçõ es com as sociedades ocidentais. A mulher mã e-agricultora-
doadora de sangue-linhagem goza de posiçã o social, porque é sobretudo mã e
ocupa lugar primá rio na família. Como mã e-agricultora concretiza a â nsia, a força e
o mistério da fecundidade que realiza a vida.

A mulher bantu responsabiliza-se pela vida quem vem dos antepassados e


conserva a tradiçã o e os fios sagrados que unem, dentro do grupo, e sem soluçã o
de continuidade a solidariedade, vivos e mortes e vivo entre si. Conserva e guarda
o sangue e o lar e por isso o seu papel preponderante da continuidade a
solidariedade «Na Africa negra a mulher ocupa o primeiro lugar apesar da
influencia arabo- berbere e depois a europeia, e das civilizaçõ es nó madas, o seu
papel nã o diminuiu e ocupando o primeiro lugar. Este papel explica-se pelo
caracter agrá rio do mundo negro.

A mulher africana bantu ela ocupa necessariamente o centro dinâ mico,


constitutivo da comunidade. «Compreende-se porque que uma mã e é sagrada e
goza de um respeito ilimitado, de uma verdadeira veneraçã o. Nã o há maior nem
pior injuria a uma pessoa do que a que implica a sua mã e; ataca a raiz do ser, a

2
origem da raça, o começo da histó ria». A mulher bantu a sua dedicaçã o a terra
obedece uma relaçã o mítica com a sua fecundidade; as suas fertilidades vêm
relacionadas magicamente. A mulher é o ventre e berço agrícola; a dona dos filhos
e mestre da terra.

M. Eliade (citado por Raul Altuna na sua obra Cultura tradicional Bantu) deteta no
conjunto dos povos «primitivos» uma solidariedade mística entre as mulheres e a
terra. «o parto apresenta-se como uma variante, a escala humana, da fertilidade
telú rica». Todas as experienciais religiosas em relaçã o com a fecundidade e o
nascimento têm uma estrutura có smica. A sacralidade da mulher depende da
santidade da terra a fecundidade feminina tem um modelo có smico, o da Terra
Mater, A mulher africana, mesmo depois do casamento, conserva toda sua
personalidade e os seus direitos; esta continua a usar o nome de sua família,
contrariamente a mulher indo-europeia perde o seu para adoptar do seu marido
(Check Anta Diop; Unidade Cultural da Africa Negra).

As mulheres em comunidades matrilineares têm mais direitos à terra que as


Mulheres em comunidades patrilineares; para tal estudaremos o acesso à terra
através do mecanismo de herança e o controlo sobre a mesma a partir da tomada
de decisã o sobre a Terra. As mulheres em comunidades matrilineares têm mais
empoderamento dentro do agregado familiar do que as mulheres em comunidades
patrilineares; medido essencialmente a partir da participaçã o na tomada de
decisõ es. É por vezes assumido que em á reas matrilineares as mulheres
desempenham papéis mais fortes e tem maior influência, nomeadamente nos
assuntos relacionados com a terra, mas isso nem sempre acontece.

Matrilinearidade

Douglas argumenta que as regras matrilineares de definiçã o de direitas


responsabilidades resultam numa certa abertura e ambiguidade nos papéis,
incluindo dupla lealdade, o que tem funçõ es sociais importantes no seio de uma
extensa rede de parentesco. Essas relaçõ es tendem a envolver os fluxos contínuos
de recursos tanto de trabalho como de alimentos - entre o grupo do marido e
grupo da esposa apó s o
Casamento.

O sistema matrilinear parece mais humano para mulher e até para os filhos,
origina maior igualdade no matrimó nio. Na patrilinear, o marido pode maltratar a
esposa, tiranizar, o lar e os filhos chegam a serem educado em regime despó tico,
visto poderem ser competidores do pai, pois herdam os seus bens e condiçõ es
sociais. No matrilinear a mulher deve ser respeitada, pois os seus parentes
masculinos defendem-na de possíveis abusos do marido, goza prerrogativas de
uma mã e.

3
Relaçao do sistema matrilinear com a economia de mercado

A ideia é que as economias de mercado implicam a transaçã o de grandes somas de


dinheiro, a concentraçã o nas culturas de rendimento, o trabalho assalariado e a
Emigraçã o. Todos estes elementos levariam a um enfraquecimento dos grupos de
descendência e ao fortalecimento da família nuclear, com consequente
desaparecimento dos sistemas matrilineares. Douglas (1969:121-135) começa o
seu artigo vendo a matrilinearidade como uma instituiçã o frá gil e o seu futuro em
risco. Mas mais à frente afirma que a matrilinearidade é totalmente compatível
com a concorrência de uma economia em expansã o. Douglas argumenta que é a
escassez e nã o os excedentes que motivaram uma mudança de direçã o rumo à
patrilinear É geralmente aceite que as mudanças econó micas, nomeadamente a
passagem de uma economia de subsistência rumo à economia de mercado e ao
capitalismo, levam à desintegraçã o do sistema matrilinear, uma vez que esta
mudança econó mica enfraquece a economia tradicional, particularmente a agrá ria,
em que tais sistemas existem. Gough (1961) argumenta que o contacto com as
naçõ es industrializadas ocidentais através de economia de mercado é a principal
razã o para a desintegraçã o do sistema matrilinear, mais do que o contacto com
religiõ es (Cristianismo e Islamismo) que promovem o
sistema patrilinear.

I.2.4 Os padrões de residência na matrilinearidade

Os grupos matrilineares sã o normalmente Os grupos matrilineares ou matrilocais,


mas outros arranjos (ex.neolocais) sã o possíveis e há mesmo casos de ausência de
residência conjugal comum, em que os homens podem periodicamente visitar as
suas esposas e manter a relaçã o conjugal, enquanto continuam a ser membros
residenciais do grupo de parentesco das suas irmã s.

A uxorilocalidade pode consolidar o poder das mulheres no agregado familiar


Porque a mulher está rodeada dos seus parentes, enquanto o marido é um
estranho na casa ou mesmo na aldeia, levando as mulheres a estarem em melhor
posiçã o para Influenciar o que acontece e para manter uma maior independência
de seus maridos. O irmã o da mulher desempenha um papel particularmente
importante nos lares matrilocais no seio de comunidades matrilineares. Em
contraste, a virilocalidade no seio de comunidades matrilineares pode aumentar o
poder e as opçõ es dos maridos, porque lhes pode ser dada alguma terra na sua
aldeia natal para trabalhar. A forma de residência marital para casais matrilineares
é também determinada pela riqueza relativa dos esposos e pelo nú mero e género
dos irmã os/ã s que eles têm.

4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aberle, D. F. (1961). Matrilineal descent in cross-cultural comparison. In Schneider,


& Gough, K. (Eds.), Matrilineal kinship (pp. 655–730). Berkeley: University of

Agarwal, B. (1994). A Field of One’s Own: Gender and Land Rights in South Asia.

Augé, M. (Dir.). (2003[1975]). Os domínios do Parentesco: Filiação, Aliança


Matrimonial, Residência. Lisboa: Ediçõ es 70.

Casimiro, I. (2012). Mulher, Pesquisa, Acçã o e Mudança. In Silva, C. T., Coelho, B. P.


J., & Souto, N. A. (Org.), Como Fazer Ciências Sociais e Humanas em África -
Questões Epistemológicas, Metodológicas, Teóricas e Políticas (Textos do
Colóquio em Homenagem a Aquino de Bragança) (pp.211-226).
.

Douglas, M. (1969). Is matriliny doomed in Africa? In Douglas, M., & Kaberry, P. M.


(Eds.), Man in Africa (pp.121-135). London: Tavistock Publications.
Dube, L. (1997). Women and Kinship: Comparative Perspectives on Gender in South

Gough, K. (1961). The Modern Disintegration of Matrilineal Descent Groups. In


Schneider, D., & Gough, K. (Eds.), Matrilineal kinship (pp. 631-655). Berkeley:

.
Kabeer, N. (1999). Resources, Agency, Achievements: Reflections on the
Measurement
of Women’s Empowerment. Development and Change, Vol. 30, pp.435-464.

Mariano, S. A. (2008). Modernidade e crítica da modernidade: a sociologia e alguns


desafios feministas à s categorias de aná lise. Cadernos Pagu, 30, 345-372.
Mason, O. K. (1998). Wives' Economic Decision-Making Power in the Family: Five

Miranda, S. (2011). Relatório Género e Agricultura em Quatro Distritos de Timor-


Leste
(Bobonaro, Ermera, Manatuto e Viqueque). Díli, Timor-Leste: Secretaria de
Estado para a Promoçã o da Igualdade.

Narciso, V., & Henriques, P. D. S. (2011). Funçõ es da terra para as comunidades


rurais
de Timor Leste. In Silva, K., Sousa, L. (Orgs.), Ita mau alin. Afinidades
Antropológicas em torno de Timor-Leste (pp. 241-255). Lisboa: Ediçõ es Colibri.

Você também pode gostar