Você está na página 1de 13

UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA

RELATÓRIO FERENTE A VIAGEM NA PROVÍNCIA DO


ZAIRE, MUNICÍPIO DE CUIMBA (SERRA DE CANDA)

Por

Géssica Combo Vemba

Orientador: Bortolami Gabriele

Trabalho de campo realizado pelos estudantes de Antropologia do 3º ano, diurno de 15 à 20 de


julho na cadeira de Métodos e Técnicas de Pesquisa em Antropologia.

Luanda, 2019
UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA

RELATÓRIO FERENTE A VIAGEM NA PROVÍNCIA DO


ZAIRE, MUNICÍPIO DE CUIMBA (SERRA DE CANDA)

Por

Géssica Combo Vemba

Orientador: Bortolami Gabriele

Trabalho de campo realizado pelos estudantes de Antropologia do 3º ano, diurno de 15 à 20 de


julho na cadeira de Métodos e Técnicas de Pesquisa em Antropologia.
Luanda, 2019
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, aproveito o ensejo para endereçar os meus agradecimentos à Deus pela


capacidade consedida para a realização desse trabalho. Aos meus pais pela força, coragem e
apoio financeiro. Agradecer a todos que contribuiram directa ou indirectamene para que este
trabalho se tornasse uma realidade. Agradecer ainda ao professor Bortolami pela capacidade e
pela visão ampla que teve por nos ter dado este trabalho bastante interessante e importante para o
estudo como futuros antropólogos.
RESUMO

O presente trabalho que utiliza como fundamentação teórica, conceitos em Antropologia,


é fruto de uma pesquisa realizada pelos estudantes de antropologia na província do Zaire,
município do Cuimba, aldeias de Lumueno e Lunguezi. Este relatório visa discutir e estudar uma
temática que tem sido fruto de muitas investigações, o modo de vida, suas principais
actividades, tradição, mitos, a sua cultura e história, numa área que é muito rica em termos
culturais. Nós conhecemos determinado povo estando em contacto directo com a sua cultura, ou
seja dentro da sua cultura é onde nós conseguimos perceber a essência de sua cultura. O texto
apresentado contextualiza o valor que os habitantes dão a sua cultura, sua importância e as
principais actividades praticadas pela população de Cuimba.

Palavras chaves: Antropologia, Cultura, Povo.


ABSTRACT

The present paper which uses as theoretical basis, concepts in Anthropology, is the result of a
research carried out by the students of anthropology in Zaire province, Cuimba municipality,
Lumueno and Lunguezi villages. This report aims to discuss and study a theme that has been the
result of many investigations, the way of life, its main activities, tradition, myths, its culture and
history, in an area that is very rich in cultural terms. We know certain people being in direct
contact with their culture, ie within their culture is where we can understand the essence of their
culture. The text presented contextualizes the value that the inhabitants give to their culture, its
importance and the main activities practiced by the population of Cuimba.

Key-words: Anthropology, Culture, People.


INTRODUÇÃO

Este trabalho se propõe a fazer uma análise das diferentes formas de


apresentação e actuação na cultura dos Bakongo da província do Zaire, município do
Cuimba, que é uma área que possui um grande potencial em termos culturais. Para a
elaboração desse relatório foi fundamental tanto um entendimento maior da teoria de
autores como Vagner Gonçalves da Silva quanto ao conhecimento de como actuar no
campo de investigação , em que um prévio conhecimento básico da Língua falada pelos
nativos era essencial, de forma a articular com clareza argumentos para solidificar as
posições defendidas.

Assim, tendo em conta a tendência quase inevitável que se verifica no mundo


moderno e em particular na província do Zaire, município de Cuimba, a transformações
que as culturas passam de tempo a tempo. Com este relatório pretendemos dar a
conhecer a diversidade cultural que esta região apresenta, as dificuldades pela qual a
população passa para sobreviver, os meios que elas utilizam determinadas actividades e
mitos da região. Este relatório irá fornecer algumas informações fruto da observação
feita nos ângulos de abordagem relacionados a Antropologia material.

Durante a nossa observação, constatamos vários problemas que a população infrenta


todos os dias, por isso, este relatório está dividido em duas partes, o primeiro capítulo
fala sobre
Formulação do problema

Como referido anteriormente, o município do Cuimba é uma área muito rica em termos
culturais, mas que em contrapartida a população ainda queixa-se de vários problemas
como a construção e reabilitação de estradas que facilita a circulação de pessoas e bens,
o porquê da pouca aderência da população ao sistema de ensino. São estes os vários
problemas que a população dessa zona tem passado.

Desta forma, surge a seguinte pergunta: qual é o valor cultural que o município de
Cuimba apresenta em termos de conservação e da sua identidade.

Formulação das hipóteses

Populações que vivem no centro da cidade tendem a apresentar melhores condições de


vida em relação a populações que vivem fora da cidade, os problemas e as prioridades
para a resolução dos problemas é diferente.

A importância do estudo

A grande importâcia do estudo nessa área surge no intuito de que cada cultura é uma
cultura, com os seus hábitos, costumes, rituais, mitos, uma zona específica, uma língua
e um padrão de vida identificado. Uma zona com bastante curiosidades e muito atraente
para uma pesquisa.

Delimitação de estudo

Limitação espacial

Província do Zaire, município de Cuimba. Aldeias de Lumueno, Lunguezi e Serra de


Kanda.

Limitação temporal

Foram dois dias de trabalho de campo. O primeiro dia visitamos a aldeia de Lumueno,
no dia 17, o segundo dia fomos a aldeia de Lunguezi, dia 18.
Objectivos do estudo

Objectivos Gerais:

Conhecer os objectos de uso específico entre os povos de Mbanza Congo e da Serra de


Canda.

Objectivos Específicos:

Observar e verificar em campo os conceitos e teorias de autores, bem como colocar em


prática as teorias estudadas em aula;

Compreender a história e os mitos de origem e de fundação da região de Mbanza Kongo


e Serra de Canda;

O sistema de organização social, interação e de convivência da população;

Analisar os objectos que constituem a cultura material da região;

Identificar e Interpretar os elementos que sustentam as crenças religiosas e a medicina


tradicional;

Metodologia

A metodologia empregada no presente relatório é a observação participante e não


participante a qual foi objetivada com revisões bibliográficas. A metodologia dialogal,
mas no caso concreto desse relatório tínhamos de ter um tradutor/informante, em função
da língua Kikongo que é falada naquela região.

Dificuldades encontradas

Como qualquer coisa na vida, foram várias as dificuldades encontradas. Em


primeiro lugar foi a não preparação em relação aos conteúdos bibliográficos e de
documentos que nos serviriam de base para a realização do relatório. O questionário
praticamente foi feito no local da pesquisa de campo, o que nos dificultou muito porque
as questões foram feitas em cima da hora e algumas improvizadas, facto que determinou
que algumas questões importantes não fossem colocadas e respondidas.
O acesso a determinadas áres foi impossível pelas estradas não apresentarem-se
em boas condições, o autocarro ficou preso uma vez no caminho para a aldeia de
Lumueno, facto que determinou que andássemos longas distâncias.
No campo de pesquisa, foi muito difícil a comunicação e a interação com a população
da zona, pelo factor língua (kikongo), que foi um impasse grande, tanto que tivemos de
recorrer a tradutores.
Em algumas zonas não foi possível o carro circular pelo facto de as estradas não
apresentarem condições para a circulação da mesma, por isso tivemos de percorrer
distâncias de até 5 a 10 km para chegarmos nas aldeias.

1.1 OBJECTOS DE USO ESPECÍFICOS

Normalmente as pessoas das aldeias de Lumueno e de Lunguezi praticam a


agricultura, a pesca e a caça como principais actividades, sendo o artesanto pouco
praticado. Para a realização da pesca é usada o anzol, que é produzido pelos homens da
região, alguns são comprados apartir do centro de Cuimba. A pesca é praticada por
homens.

A actividade agrícola é a mais frequente nessa zona, onde a população quase que
sobrevive dessa prática. São vários os objectos usados para essa prática como, a catana,
a enxada, faca, entre outros. Segundo Sebastião Eduardo, um dos moradores da aldeia
de Lunguezi, dizia-nos: “a agricultura é a actividade de sobrevivência nessa aldeia, as
nossas terras são muito férteis”, alguns produtos eles não conseguem produzir e vão
comprar no centro da cidade. Pela manhã por volta das 7 da manhã vãoa lavra e só
regressam normalmente as 16 horam dependendo muito de cada tempo, há tempos que
por exemplo quando a colheita é muita, só chegam em casa as noites. A agricultura é
praticada por homens e mulheres, normalmente as crianças ajudam na hora da colheita e
em alguns casos na preparação da terra se assim um mais velho o permitir.

Da prática da agricultura existem produtos que mais são comercializados, como


a mandioca, a banana, o milho, a batata-doce, entre outros.

A caça é muito praticada por jovens do sexo masculino, onde são usados várias
técnicas para pegar um determindo animal. Para caçr um rato por exemplo é colocado
um armadilha feita de um tronco fino de uma árvore e amarrada como um arco e lhe é
colocada um grão de arroz ou um pouco de madioca nas extremidades, só depois disso é
colocado na terra, num buraco pequeno. A armadilha dura normalmente um dia para
que a presa fique colada nela, segundo um dos jovens na aldeia de Lumueno, Pedro
Kimwene. É usado para caçar outros objectos como a faca, fio plástico, catana. A
maioria dos povos dessas aldeias usa a lenha para cozinhar os seus alimentos, a madeira
é um material muito usado, está presnte sempre na vida dessa população.

O povo do de Cuimba é um povo que consegue se enquadrar rapidamente em


um determinado lugar, um povo muito acolhedor. É produzido uma bebida muito
famosa naquela zona chamada lunguila, que feita a base de cana de açúcar.

1.2 Um olhar atento aos hábitos e costumes

Os grupos marginalizados sempre foram o centro de discussões sobre o universo


urbano, seja nos estudos que visavam ora os elementos de dominação, ora os seus
elementos de resistência. Estes mesmos grupos, de um modo geral, sempre foram
investigados a partir de perspectivas mais ou menos isolacionistas, considerando-os
independentes, em contra partida, os grupos da zona rural são os que possuem a
característica não isolacionistas, é a parte que depende da zona urbana para algumas das
suas necessidades, não significando que a zona urbana não necessite de alguma coisa da
zona rural.

Uma questão que o povo dessas localidades vivem é sobbre o papel sócio-
político e cultural da escola. Mediante um cenário em que uma gama considerável de
núcleos fragmentados encontra-se em permanente contacto e busca de auto-afirmação,
falar de uma escola meramente reprodutora de um conhecimento único
institucionalizado é no mínimo estar fora do contexto da população. Claro que este é um
terreno pantanoso, e tratar o tema da educação e ensino com leviandade seria o mesmo
que realizar uma pesquisa etnográfica inconseqüente. Mas uma auto-reflexão é
imprescindível, mesmo que ela surja da discussão que nossos grupos observados travem
a nosso respeito. A população percorre kilómetros só para chegar as escolas, sendo que
as mesmas nem apresentam condições para a frequência nem da metade da população.
O número de escolas não corresponde ao número de crianças a serem enquadradas no
sistema de ensino.

Uma outra questão que chamou-nos a atenção foi ao observar os motivos que
levavam pessoas daquela comunidade dentro da provínci ado Zaire a procurar a cura
para suas enfermidades em terrenos de Umbanda, ou ainda a mdicina tradicional dos
doentes quanto ao invés do tratamento oferecido pela medicina acadêmica. O tratamento
frio, distante, técnico e desinteressado por parte dos médicos da rede pública foi um dos
factores cruciais apontados pelos entrevistados, para evitarem se tratar nos hospitais e
abrigarem-se nos terrenos de Kimbanda. Centros médicos que só apresentam dois
médicos para atender cerca de 200 habitantes ou mais, por isso muitas dessas
populaçãoe recorre ao tratamento caseiro e tradicional ou ainda ao Kimbanda.
CONCLUSÃO

Os campos de atuação da Antropologia se diversificaram muito nos últimos anos, e


poderíamos citar inúmeras linhas de pesquisa envolvendo não só seus objetos clássicos
de estudo, mas também aquelas que, interconectando-se com outras áreas, têm
desenvolvido trabalhos rituais de passagem, sobre a cultura em geral, memória coletiva
e Antropologia social, nutrição, saúde, economia, e muitas outras ramificações. Mas o
espaço é demasiado limitado para a discriminação de todas elas e não é esse o intuito
deste trabalho. Nosso foco principal consiste na constatação do modo de vida e os
objectos de uso entre os povos dessa zona, na busca de respostas (ainda que longe de
um desfecho definitivo) para os diversos questionamentos que assolam aquela
comunidade, e que constante e indevidamente, são criticados e/ou negligenciados por
parte de profissionais de outras áreas das Ciências Sociais principalmente.

.
ANEXOS

Figura 1- Em confraternização com os mais velhos da aldeia de Lumueno

Figuua 2. Aldeia de Lunguesi, com alguns jonvens da aldeia.

Você também pode gostar