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da Matemática
Origens e Desenvolvimento do Cálculo
Curso de História
da Matemática
Origens e Desenvolvimento do Cálculo
Unidade 3
NEWTON E LEIBNIZ
FICHA CATALOGRÁFICA
elaborada pela Biblioteca Central da Universidade de Brasília
Baron, Margaret E.
B265h Curso de história da matemática: origens e desenvolvimento do
cálculo, por Margaret E. Baron e H. J. M. Bos. Trad. de José Raimundo
Braga Coelho, Rudolf Maier e M.• José M. M. Mendes. Brasília, Editora
Universidade de Brasília, 1985, cl974.
5v. ilust.
Título original: History of mathematics: origins and development of
the calculus.
51(09) 517(09)
Bos, H J M, , colab.
3.0. Introdução 5
3.1. Isaac Newton ( 1642-1727) 6
3.2. Os estudos matemáticos de Newton 8
3.3. A obra de Newton sobre o cálculo 12
3.4. O método das séries infinitas 14
3.5. De Analysi 19
3.6. As fluxões e os fluentes 25
3.7. As primeiras e as últimas razões 31
3.8. Que espécie de problemas Newton resolveu? 35
3.9. Resumo da contribuição de Newton ao cálculo 39
3.10. Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) 40
3.11. A charactl'ristica g<'nera/is 43
3.12. As raízes da descoberta de Leibniz 44
3.13. Aspectos de um processo de descoberta 52
3.14. Os conceitos do cálculo de Leibniz 58
3.15. A publicação do cálculo de Leibniz 61
3.16. Conclusão 68
Referências bibliográficas 73
Agradecimentos 74
Sir Tsaac New/on , uma gra vura de W. T. Fry ,
segundo um original de Kn eller (Manse/1
Col/ec rion) .
Q.A. 1
Leia Boyer 1 , p. 302-3, e faça anotações concisas sobre a
polêmica Leibniz-Newton. Dê uma razão pela qual a mate-
mática, na Inglaterra do século XVIII, se desenvolveu lenta-
mente.
R.A. 1
Q.A. 2 (opcional)
Leia Boyer, 3 itens 16.15, 16.19. 16.20, 16.21 e 19.1. Faça
anotações concisas com respeito ao desenvolvimento do tra-
tamento quantitativo da natureza e com respeito à dedução
das leis universais.
Notas
1 Essa conta está perdida.
2 Senior Sophister = aluno do último ano.
3 Os livros listados são os seguintes:
Schooten, F. van. Exercitationes mathematicae, Leyden,
1657. O quinto livro, o Miscellanae, foi o que despertou
um interesse especial em Newton.
Descartes, R. Renati Descartes Geometria, editio secunda,
Amsterdam, 1659.
Oughtred, W. Arithmeticae in numeris et speciebus ins-
titutio, Londres, 1631 (usualmente chamado o Clavis ou a
chave da matemática). Era um tratado elementar sobre a
aritmética e a álgebra.
Wallis, J. Arithmetica infinitorum, Oxford, 1656.
É evidente que Newton esteve em contato com algumas das
melhores obras de matemática daquele período. Nos seus
cadernos (guardados na biblioteca da Universidade de
Cambridge) podemos notar o cuidado e a atenção que ele
dedicou à leitura da Arithmetica de Wallis. à Geometria de
Descartes editada por Schooten em 1659, com a sua ines~
timável coleção de comentários e material suplementar. 5
Sem dúvida é formalmente correto afirmar que Newton foi
um autodidata. Também é verdade que o fundamento das
suas pesquisas significativas da primeira fase foi elaborado
nos meses em que a universidade fechou as suas portas,
mandando os alunos para casa pelo receio de uma infecção
durante os anos da peste.
As seguintes observações, que Newton fez dos livros que leu,
Q.A. 3
Reporte-se à unidade 2. Faça uma lista concisa das idéias
mais importantes que Newton possa ter aproveitado através
da leitura de:
6 NMP, I, p. 11-2.
7 NMP, I, p. 10.
Inverno de 1664/5: \
Procedimento de retificação Inverno de 1664;5: \
(Heuraet). Série binomial. \
\ Primavera de 1665: Método
\
\ de subtangentc para curvas
\ algébricas.
\
\
\
Primavera, verão de 1665: \ Primavera de 1665: Algoritmo di fcrencial:
Reconhecimento da natureza inversa notação com dois pontos para tkrivadas
entre a diferenciação e integração. totais.
1
Verão de 1665: Séries Verão de 1665: Tabulação 1 Maio de 1665: Tratamento
expansão da integral (hipérbole-úrea). sistemática de derivadas 1 algoritmo para curvatura
e integrais em colunas 1
de curvas algébricas;
1
paralelas. 1
notação com ponto para
--- ____ J derivadas parciais.
..... .....
--- .....
-- ..... Maio de 1666: T ratamcnto
geométrico rigoroso do
limite de movimento.
R.A. 3
(a) Uma discussão completa dos métodos das tangentes.
As regras de Hudde.
O método de Huygens para encontrar um ponto de in-
flexão.
A retificação da parábola semicúbica segundo Heuraet.
A notação de Descartes.
(b) Um problema inacabado, quer dizer, a quadratura do
círculo pela expansão de ~ em série.
Um relato completo do problema de quadratura.
A extensão do sistema de índices para inclusão de am!n,
quando m e n são inteiros (n =I= O e m/n +- 1).
(Outras respostas são possíveis, mas estes itens devem ser
incluídos.)
Q.A. 4
Faça uma lista de rev,sao dos títulos dos três tratados de
Newton que foram publicados. Indique as datas, quando
foram escritos e quando foram publicados.
Por que "o método das séries infinitas" era tão importante
para Newton? De que maneira ele o desenvolveu?
Deixemos Newton relatar a sua própria história: numa
carta de Oldenburg (secretário da Sociedade Real de Lon-
dres) enviada a Leibniz (24 de outubro de 1676), Newton
dá uma exposição das suas pesquisas na área das séries
infinitas:
Ao iniciar meus estudos matemáticos, tendo já conhecimento dos
trabalhos do nosso célebre Wallis sobre a série por intercalação,
cuja área do círculo e da hipérbole ele próprio enuncia, considerei
o fato de que, na série de curvas cujo eixo ou base comum é x e cujas
ordenadas são (1 - x 2 )º 2 , (1 - x 2 ) 1 2 , (1 - x 2 ) 2 2 , (1 - x 2 ) 3 ' 2 ,
+(-i-
vam numa progressão aritmética. Portanto, os primeiros dois ter-
mos das séries a serem intercaladas deveriam ser x - x 3) ,
_!_ - 1
2
6 - X OU
2 2
quer dizer,
1, 1 - x 2, 1 - 2x 2 + x 4, 1 - 3x 2 + 3x 4 - x 6 , etc.
poderiam ser interpolados do mesmo modo como as áreas geradas
por eles: e que nada foi requerido para essa finalidade a não ser
a omissão dos denominadores 1, 3, 5, 7, etc., que estão nos termos
que expressam as áreas; isto significa que os coeficientes dos ter-
mos da quantidade a ser intercalada, a saber, (l - x2)1 2 ,ou(J -x 2) 312 ,
8 ou em geral (1 - x 2 r,
surgem pela multiplicação repetida dos ter-
mos dessa série
m-1 m-2 m-3
m x--x --X etc.,
2 3 4
tal que (por exemplo)
1
(l - x2)1 ·2 é o valor de· 1 - -x-' - _l_ x 4 - _l_ x 6 etc.,
2 8 16
(1 - x2)1 3 o de 1 - 31 :e' - 91 x4 - 5 x ó,
81 etc.
- _l_ x2 - 1 x4 - 1 6
2 8 16 x etc.,
O- x2
- _!__,.
4
1
_ _ ,4 + _1 X6 + _1 XB
4 8 64
0 - -1x 6 - -1x 8
·s 64
1O Depois de ter esclarecido isso, abandonei totalmente a interpolação
de séries e usava somente essas operações, pois davam fundamen-
tações mais naturais. Tampouco existia um segredo qualquer acer-
ca da redução pela divisão que, em todo caso, é um assunto mais
fácil. 8
Notas
1. 1663/64; veja o fluxograma, p. 11 (veja também Wallis -
unidade 2, p. 24).
Newton "intercala" uma expressão entre duas expressões
dadas.
Integral
2. Curva Quadratura
y= (1-xz)o 2
equivalente
X r (l -x2)0 zdx
r
o
y=(l-x2)22 X - x 3/3 r
o
(l -x2)2 ·2 dx
y= (l -x2)6 2 x- 3x 3 /3 + 3x 5 /5-x 7 /7 r
o
o
(l -x2)6/2 dx
. . .mterca!d
na sene 3 , 23(1)
_ 21(1)
a a serao 3 , 25(1)
3 , ....
4. Este é o triângulo aritmético (conhecido como triângulo
de Pascal, porém familiar na Europa Ocidental muito antes
de Pascal). É usado para encontrar os coeficientes binomiais
(para algum expoente positivo inteiro):
(11 )º = 1
1 (11) 1 =11
2 1 (11) 2 = 121
3 3 1 (11) 3 = 1331
4 6 4 (11) 4 = "14641
Para as potências além de 4, a regra exige um reajuste.
(
m) = m(m - l)(m - 2) • ... • (m - r + 1)
r 1·2•3• ... •r
6. Para a série
J x
0
(1 - x 2 ) 1 / 2 dx temos m =2,
I m(m-1)
1•2
m(m-1) (m-2)
l •2 •3 16
e assim por diante.
Esses são os numeradores (os denominadores são sucessiva-
mente 1, 3, 5, 7, ... ), de sorte que, para a quadratura do
._ _____ X - - - - - ~
círculo, temos:
I
-X -X -X
2 1/1. d 2 8 16
X
o (1-x) X= 1-
X
-3- - -5- - -7-- ...
= 1 é dada
f
7. A quadratura da hipérbole retangular y 2 - x2
Q.A. 5
Faça um resumo das etapas pelas quais Newton foi levado
a descobrir a série binomial geral. Quais as operações que
ele preferiu posteriormente? Você pode sugerir por que e
para que ele queria a série?
R.A. 5
Newton dispõe-se a encontrar a quadratura do círculo pela
consideração de uma série de curvas da forma y = (1 - x 2 r.
Cada segundo membro da série tem uma quadratura conhe-
cida e assim Newton espera encontrar a quadratura das
outras por "interpolação", o que requer a consideração dos
coeficientes de termos consecutivos na série das áreas. Isso
conduz ao triângulo de Pascal e a uma regra para gerar os
coeficientes binomiais. Daí Newton passa para a série bi-
nomial.
Posteriormente ele preferiu um longo processo de divisão e a
extração de raízes. Isso era, como ele sentiu, um método mais
natural. Ele queria a série para a quadratura de certas curvas e
particularmente para a quadratura do círculo.
Exemplo 3. Se Jx 5 ( = x
5 3) = _r, então¾ x 8 3 ( = !.;jx8) = ABD.
B
tão 2_ x 2 - 2 x3 + _!_ x 4 - x 5 = ABD.
2 3 4
I
I
I
I
I
/
'\\ ✓
/
\
\
\
\ A B
\
\
Segundos exemplos. Se x- 2 + x- 3 2 = y, então - x- 1 - 2x- 1 2 = CJ.BD.
'' '
F
Ou se
x- 2 - x- 3 · 2 = y, então - x- 1 + 2x- 1 : 2 = 'J.BD.
Se você mudar os seus sinais, terá um valor positivo (x- 1 + 2x- 1 • 2
ou x- 1 - 2x- 1 : 2 ) para a área '1.BD, contanto que ela esteja situada
inteiramente do lado superior da base ABCJ.; mas se uma parte qual-
A B quer dela estiver situada inferiormente (o que acontece quando a
~ . . ~
n
m .:·
IJI
7 então
A B PBDb = -1X 4 -
1 6 2 -3
-x + -X + -5X 2 ;<. -
49
-.
2 2 9 2 18
Finalmente, devemos notar que, se a quantidade x- 1 estiver envol-
vida no próprio valor de y, aquele termo (que gera um espaço hiper-
bólico) deve ser considerado separadamente do resto. Se x 2 + x- 3 +
+x-•=y: seja BF=x- 1 , FD=x 2 +x- 3 e A/J=I; temos
8 b<f>FD = _!_ + _!_ x 3 - _!_ x- 2 , visto que é gerado pelos termos
6 3 2
x 2 + x- 3 : portanto, se a área restante P</>FB, que é hiperbólica, for
<P ' ,, dada através de algum procedimento de cálculo, o total PBDb será
dado .
A Q B
-------
...... ..., F
Notas
1. "Quantidade de curvas" significa uma investigação geral
das propriedades de linhas curvadas ou "corcovadas".
2. Se r = axP. então
. f x
o
p+I
ydx = ~ e se p = m/n, a fórmula
p + 1
de Newton é aplicável, As dificuldades que surgem na apli-
cação da fórmula para p negativo são tratadas pela troca
das fronteiras de integração.
6. f2
1
(x 2 +x- 2 )dx = [x 3/3-x- 1/l]i = (8/3-1/2)
= 13/6 + 2/3
- (1 /3 - 1) = 17/6.
22 - CURSO DE HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
2 -3 5x2!5 ]X
+-x +--
9 2 1
Q.A. 6
Faça comentários concisos sobre a notação usada por Newton.
Newton demonstra alguma coisa?
R.A. 6
Você deve ter notado alguns dos seguintes pontos gerais:
(1) A notação x, y foi naturalmente introduzida por Des-
cartes; Newton está utilizando-a consistentemente para a
abcissa e a ordenada.
(II) Os eixos foram traçados de modo usual e em posição
retangular. Newton fez isso quase regularmente no caso das
curvas algébricas, se bem que ocasionalmente tenha usado
eixos oblíquos. Também usava de vez em quando coorde-
nadas polares e bipolares. Isso ele fez principalmente para
estabelecer a generalidade dos seus métodos, mas também
porque essas coordenadas são mais convenientes para certas
curvas.
(Ili) O uso da notação exponencial para potências negativas
e fracionárias (a qual Newton explica cuidadosamente) pro-
veio de Wallis (veja unidade 2, p. 25).
(IV) Não se usa um símbolo especial para denotar o processo
da integração. O integrando é uma ordenada, a integral é
uma área.
(V) Na "explicação concisa'' sobredita, Newton estava in-
teressado em enunciar regras. Isso foi a sua prática usual - as
demonstrações seguiram mais tarde. Para poder realizar essas
demonstrações ele teve que introduzir uma notação especial.
~ (x + 3 3x 2 o + 3xo 2 + o 3 ) = z 2 + 2zol' + o 2 ,· 2 .
9
Notas
l. A notação aqui encontrada é do mesmo tipo da usada por
Schooten (veja p. 8-10 e unidade 2, p. 36-8). O "o" pequeno
que Newton usa foi um substituto para o "E" de Fermat
(escrito como "e" por Schooten). Newton usou-o desde 1664.
A escolha de "o" para uma quantidade pequena, que sub-
seqüentemente deve ser colocada igual a zero, parece uma
boa idéia à primeira vista. Jean de Beaugrand usou-o por
volta de 1638 ao dar um relato sobre o método de tangentes
de Fermat; James Gregory também fez uso dessa notação
no mesmo sentido no Geometriae pars Universalis (1668).
IO NMP, 11, p. 243-5.
se y = f(x) = ~ então z =
dx
f y dx = f(x)).
Q.A. 7
Use o método de Newton para mostrar que se
z = J(a 2 + x 2) então y = x/J(a 2 + x 2 ).
R.A. 7
z=J(a 2 +x 2 ), z 2 =a 2 +x 2 , (z+ov) 2 =a 2 +(x+o) 2
z 2 +2ovz+o 2 v 2 =a 2 +x 2 + 2ox+o 2
2ovz + o 2 v 2 = 2ox + o 2
ZV =X= 2'J'. (\' = _\')
y=x ==x J(a 2 +x 2 ).
t'< h'll{'~ qn.nnit,HU~l ,, ;, ,, 1•, /;!,1 lu• fo1H JiHXiüni·-. qa.rn1 it uum
t t, 1 ., , i· ; fü.: l'ti: 1u,mt t t,;,, ~'nlidu .tft pvll\,m tlí l! u l\'ll\''i
Falta agora , como ilu stração dessa arte analí tica , ex pli citarmos al -
gun s problemas típi cos e tão es peci ais corno a natureza de curvas
que os represe ntam . Mas so bretudo cu observar ia que as di liculda-
des dessa espécie podem se r todas reduzidas a so mente do is proble-
mas que propore i co m vista ao espaço percorrido por qualquer mo-
vimento local acelerado o u retardado:
1 Dado o comprimento do espaço perco rrido continuamente (quer
Notas
Embora possa parecer útil expressar alguns dos enunciados
de Newton na notação do cálculo, devemos considerar que,
ao fazê-lo, correr-se-á o risco de distorcer o trabalho dele
ao dar-lhe um grau de clareza e rigor que ele não possui.
1. Ses= f(f), onde t é o témpo e .1· é a distância, ache a veloci-
dade, isto é, "= ds = j'(f).
dt
Q.A. 8
Se y = x 3 , qual é a fluxão de x? Qual é a fluxão de y? Qual
é o relacionamento entre a fluxão de x e a fluxão de y? Como
se chamam x e y? Que variável foi escolhida por Newton
para se mover uniformemente?
R.A. 8
x; y; y = 3x 2.x; x
e y são chamados os fluentes, x possui um
movimento uniforme tal que x = k (k, usualmente, toma-se
igual a I).
Notas
l. O minúsculo "o" que conhecemos como incremento geral
do De analysi tornou-se agora '"um período de tempo infi-
nitamente pequeno", ou seja, ôr.
2. Todas as variáveis são quantidades fluentes e os seus mo-
mentos são correspondentemente expressos pelos produtos
das suas respectivas velocidades e o tempo "o". Podemos
pensar em xo, yo como sendo (dx/dr)ôr, (dy/dt)ôr, ...
3. Se j(x, y) = O expressa uma relação entre x e y, o que é
válido em todos os instantes, então
f(x, y) = f(x + xo, y + yo)
= j(x + (dx/dr)br, y + (dy/dt)ôt)
4. x 3 - ax 2 + axy - y 3 = O
= (x+xo) 3 - a(x+xo) 2 + a(x + xo) (y + yo)-
- (y + yo)3.
Q.A. 9
Verifique o resultado acima por qualquer método, usando
qualquer notação que você conheça.
P R l N C. I P l ~\
Notas
1. Os indivisíveis são rejeitados: o movimento é central.
2. Newton refere-se à geração de um retângulo pelo movi- ----------►--------- e
mento de um segmento de linha (digamos BC) ao longo de
uma linha (digamos AB). Não fica claro a quais dos "antigos"
ele se refere.
3. As quantidades são geradas por movimento; as velocidades
dos movimentos são chamadas de fluxões e as quantidades
geradas de fluentes. Em notação moderna, se x, y, z são os A B
fluentes, dx/dt, dy/dt, dz/dt (representados por y, z) são x,
as fluxões.
4. Essa passagem poderá ser melhor compreendida se con-
siderarmos o exemplo que Newton expõe: as áreas ABC,
ABDG (veja a figura na p. 31) são geradas pelo movimento
das ordenadas BC, BD. Como a linha BCD move-se unifor-
memente sobre a base AB, temos que
fluxão de ABC BC
-------=
fluxão de ABDG BD
Um aumento é um incremento pequeno, nascente significa
"chegar a existir". Newton diz que as razões das fluxões são
muito parecidas aos aumentos. Se você der uma olhada na
figura, perceberá que a razão dos aumentos atuais é dada por
área
- --BC- cb, porem,
, se cons1.derarmos as pnme1ras
· · - d os
razoes
área BbdD
aumentos, quer dizer, as razões quando chegam à existência,
então
-fluxão
--- de ABC . .
- - - = a primeira _ d
razao os aumentos nas-
tluxão de ABDG centes
isto é
fluxão de ABC BC
fluxão de ABGD BD
13 lbid., p. 142-3.
Q.A. 10
Teste se você compreendeu os terrnosjluxão,jluente,primeira
razão, aumento, aumento nascente, aumento ínfimo, primeira
razão de aumentos nascentes, última razão de aumentos ínfimos.
Qual é a dificuldade principal na doutrina newtoniana das
primeiras e das últimas razões?
R.A. 10
O problema real, como o leitor vai ver depois de ter tratado
cuidadosamente esta. passagem (e as observações), é se os
aumentos (ou incrementos) realmente desaparecem, tornam-se
finalmente iguais a zero, ou se eles somente tornam-se cada
vez menores? Newton diz que desaparecem e ao fazerem isso
têm uma última razão. Mas como é possível que duas quanti-
dades (ambas iguais a zero) tenham uma razão? O leitor verá
que, depois da morte de Newton, a fundamentação dada ao
"método das fluxões" pelas primeiras e as últimas razões
tem sido fortemente criticada.
Uma digressão
C'
Talvez o leitor não tenha encontrado o conceito da curvatura
antes, portanto. é necessário digressionarmos rapidamente a
fim de explicarmos o que Newton estava investigando.
Intuitivamente, é claro, uma linha reta tem a sua curvatura
igual a zero, isto é, ela não se curva em ponto algum; um círcu-
lo, por outro lado, parece se curvar uniformemente. Se cons-
truirmos as normais em dois pontos vizinhos P e Q numa curva
Q.A. 11
Use a fórmula de Newton para achar o raio de curvatura
da parábola ay = x 2 no ponto (a, a).
Integração
Os dois problemas centrais tratados aqui referiam-se à qua-
dratura de curvas e à retificação de arcos. Ambos foram
reduzidos ao problema 2, p. 36 (dada uma relação entre as
fluxões, ache os fluentes), através do conceito de momento.
Muito concisamente (uma vez que isso já foi discutido com
algum detalhe), se y = f(x) e a área= z, então~= L1 , i = y,
X
X
Uá que x = 1) e z = f fydx = J(x)dx, sendo que os extre-
mos do intervalo são determinados pela forma da curva.
Em notação modernas=
p. 45).
fJO + f'(x) 2 )dx (~eja unidade 2,
Q.A. 12
Tente dar respostas concisas às seguintes questões:
1. Que es~cie de regras Newton formulou?
2. Até que ponto essas regras constituíram um avanço da
obra dos seus predecessores?
3. Qual foi a importância do "método das séries infinitas"?
4. Como Newton estabeleceu.o vínculo entre a diferenciação
e a integração?
5. Newton introduziu uma notação específica?
6. Quais foram as idéias fundamentais nas quais o cálculo
fluxional foi baseado?
Q.A. 13
(a) Verifique que f(x) = log(l + ~) satisfaz à equação dife.
rencial
(1 + x)f'(x) = I
e que f(O) = O.
(b) Escreva f(x) = ax + bx 2 + cx 3 + dx 4 + etc. (omitindo um
teimo constante já que f(O) = O) e calcule f (x) por diferen-
ciação, termo por termo.
(c) Insira em (I) a expressão em série para f encontrada em (b)
e calcule os coeficientes a, b, e, d, etc.
(d) Escreva a expansão em série para log(l + x).
R.A. 13
I
(a) f (x) = - - , de sorte que (1 + x)f'(x) = 1;
x+I
f(O) = log 1 = O.
(b) f'(x) =a+ 2bx + 3cx 2 + 4dx 3 + etc.
então
xf'(x) = ax + 2bx 2 + 3cx 3 + etc.
e
(I + x)f'(x) = a+ (a+ 2b)x + (2b + 3c)x 2 +
+ (3c + 4d)x 3 +etc.= 1.
(c) Portanto a = l ; a + 2b = O; 2b + 3c = O; 3c + 4d = O etc.
de onde segue
a l 2b 1 3c 1
a=l; b=-2=- 2; c=-3=3; d=-4=-4;
etc.
(d) A expansão em série geral para f(x) torna-se
1 2 1 3
Iog (1 +x)=x--x +-x - -1x4 +etc
2 3 4
(0 leitor acaba de usar o método dos coeficientes indetermi-
nados para a determinação da expansão em série de log(l + x ).
Exceto pela diferença na notação, Leibniz publicou este
método em 1693. Com seu auxílio ele deduziu expansões em
séries para a função logarítmica, a função exponencial, o
seno e o co-seno.)
Q.A. 14
A regra de Leibniz, em notação moderna, é
(uv)<n) = u<n>v< 0 > + nu<n- I >v< 1 ) + ...
...
n(n-l)
+ - --U
<n-2><2>+n(n-I)
V ---U
<2><n-2>+
V
2 2
+ nu(! )V(n- 1) + u<º\,(n)
Seqüência de diferenças
No outono de 1672 Huygens pediu a Leibniz que resolvesse
o problema de somar a série cujos termos são os valores
recíprocos dos números triangulares. Os números triangula-
res são 1, 3, 6, I O, I 5, ... , r(r + l), etc. (veja unidade 1, p. I 5-9).
2
Assim Huygens pediu a Leibniz que calculasse I -- 2- .
r=l r(r+l)
n 2 n (2 2 ) 2
r ~1 r (r + l) = r~ 1 7 - r + l - 2 - n+ l
f
,=!
_2_= 2.
r(r+l)
Leibniz deduziu muitos resultados sobre a adição de seqüên-
cias semelhantes juntando-as no chamado triângulo harmô-
nico, a contrapartida do triângulo aritmético de Pascal como
ilustrado na figura (veja Boyer p. 264-7 e p. 293-4). O tri-
ângulo de Pascal abrange os coeficientes binomiais (:) ; os
(n+l)•(:)r'
Toda seqüência diagonal é a sequencia das diferenças da
diagonal acima tal que todas as espécies de fórmulas sobre
a adição podem ser obtidas diretamente no esquema:
por exemplo:
1 1 1 1 1 1
-+-+-+-+-+ ... =-
3 12 30 60 105 2
2 2
1 1 1
- - -
3 6 3
1 1 1
- - -
4 12 12 4
1 1 1
- - -
5 20 30 20 5
1 1 1 1 1
- - - - -
6 30 60 60 30 6
1 1 1 1 1
- - - - -
7 42 105 140 105 42 7
Q.A. 15
Antes que Huygens lhe perguntasse a questão discutida
acima, Leibniz observou _que, relacionado às seqüências de
diferenças, todo número ímpar poderia ser escrito como a
diferença de dois quadrados. Imagine como ele achou esse
resultado.
R.A. 15
Leibniz considerou a seqüência dos quadrados com a sua
seqüência de diferenças:
o 4 9 16 25 36
3 5 7 9 11
x2
Y=-
a Q.A. 16
Considere a parábola y = x 2 /a. Tome sucessivamente a/2 e
a/3 como unidades e determine as aproximações correspon-
dentes para o declive da tangente em C(a, a).
R.A. 16
O triingulo característico
Huygens, satisfeito com os resultados de Leibniz sobre a
adição de séries, observou que este possuía limitados co-
nhecimentos das obras de outros autores sobre cálculo in-
finitesimal. Aconselhou-lhe que estudasse as obras de
Descartes, Sluse, Pascal, Gregory e outros. Seguindo esse
conselho, Leibniz encontrou uma passagem nas anotações
de Pascal na qual ocorre o "triângulo característico" (a pas-
sagem é discutida em Boyer p. 294-5, §7; o termo "caracte-
rístico" deve-se a Leibniz).
Leibniz viu que o uso desse triângulo por Pascal no caso do
círculo e a sua relação a outros triângulos na figura poderia e
ser generalizado e aplicado a curvas arbitrárias. A figura
OcC é uma curva arbitrária, r = cg é a tangente em e e n = ce
é a normal em e. Tome e' na tangente perto de e, tal que
numa boa aproxim.ação, cc' possa ser considerado coinci-
dente com a curva. O triângulo pequeno cdc' é o "triângulo
característico" em e. Ele é semelhante aos triângulos grandes
cbe e gbc:
cd: de' : cc' = y : v:n = t : y : r.
A transmutação
Leibniz utilizou o triângulo característico para deduzir uma
regra geral de transformação para as áreas sob curvas, que
ele chamou "a transmutação". O teor dessa regra, que encon-
trou em 1673, pode ser resumido da seguinte maneira: a
área sob uma curva pode ser considerada como sendo a soma
das áreas de retângulos pequenos, mas também como sendo
'
area O CC ' = - l CC ' X O'P.
2
O triângulo característico cdc' é semelhante ao l:::,.Ops, de
sorte que
cd : cc' = Op : Os
o logo
1 cc' x Op = cd x Os.
Q.A. 17
Seja a curva OC (veja a figura) a parábola
y=fo.
Calcule a equação da curva correspondente OQ. Depois
verifique se a regra de transmutação ajuda, neste caso, achar
a quadratura OCB da parábola.
OS= _!_BC 14 .
2
Daí, sendo BQ = z, obtemos
1 1
Z=-y=-fo.
2 2
A regra de transmutação fornece
Q.A. 18
R.A. 18
A curva OqQ pode ser dada analiticamente: e
cq = X~
dx
tal que
d)'
bq=z=y-x-.
d~
Portanto a regra de transmutação pode ser traduzida assim:
Jxo
o
y dx = 2
1 fxº z dx +
o
1
2 x 0 _r 0 =
= 2I IXº ( y -
0
dy)
x ~ dx + 2I x 0 y0 (1)
-
2
1 f
xo
y dx + -1
2
f Yo 1
x dy = - XoYo,
2
(2)
o o
cujo resultado é equivalente à integração por partes.
As vantagens da regra na fórmula (1) comparadas com a
sua enunciação em palavras e diagramas são:
1. Esta formulação dispensa a necessidade de descrever a
nova curva OqQ mediante uma construção geométrica.
2. A formulação acarreta a demonstração da regra; parti-
cularmente na fórmula (2) a regra é tão óbvia que quase se
torna trivial.
(Observação: como veremos depois, a notação usada na
R.A. 18 foi inventada por Leibniz em 1675, dois anos depois
da descoberta da regra de transformação. Uma das primeiras
coisas que fez depois da invenção da notação foi exatamente
o· que exigimos que o leitor fizesse nesta questão: traduzisse
a regra de transformação para o novo simbolismo.)
A série para n
Leibniz aplicou a transmutação a um grande número de
curvas. Com sua ajuda, ele pode deduzir facilmente, por
exemplo, a quadratura das parábolas e das hipérboles su-
periores. Porém, o mais importante foi a aplicação da trans-
mutação à quadratura do círculo, através 'da qual ele en-
controu a famosa série
1
C=Q
n
1- - + -1 - -1 + -1 - -1 + ... etc.
4 3 5 7 9 11
Leibniz chamava isso "a quadratura aritmética do círculo".
Na Europa a série é assim chamada em homenagem a Leibniz;
na Inglaterra ela se chama "a série de Gregory", já que
Gregory de fato a encontrou mais cedo (em 1671 ). Daremos
uma paráfrase de como Leibniz deduziu a série mediante a
transmutação: seja OcC um círculo de raio a. A sua equação é
y2 = x(2a-x) = 2ax - x 2 .
Constroe-se a curva correspondente OqQ tomando-se a tan-
gente cg. determinando-se a sua interseção s com o eixo-y
e colocando-se : = Os. Já que /:::,.sOB ~ /:::,.cbL, temos
= \' ~ ~
-; = 2a--x = ✓~ = ✓ 2~'
de sorte que a equação da curva OqQ é
2az 2
X= -2--2.
a +z
50 - CURSO DE HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
De acordo com a regra de transmutação:
= a2 ( 1 - ~ + ~ - ~ + !-.. etc.) .
. . _ xw
( pe1a su bstitmçao az)
=az, w =-; e
(pela substituição xw = a, w = ; ) .
e' um 1ogantmo
. (nos
' d"mamos
' Iªdx
-_;- = 1og x para a1guma
Q.A. 19
Leibniz também deduziu da sua fórmula fundamental a
relação
a a a
omn. - n x, omn. - 2 - omn.omn. ----, .
X X :C
R.A. 19
a
Pelo uso da substituição 1r = -xz .
NB. Todos esses teoremas são verdadeiros para séries nas quais as
diferenças dos termos impõem aos próprios termos uma razão que é
menor do que uma quantidade qualquer determinável f x2 = x 3/3.
nominador:
diferenças de ya = ;.
na forma f x 2 dx = x 3 /3.
R.A. 20
1. O tratamento analítico das transformações de quadratu-
ras mediante o simbolismo de Cavalieri.
2. A introdução do novo símbolo f-
3. A introdução do símbolo d para a operação inversa de f-
4. A exploração das regras para f e d.
Q.A. 21
O que mostram essas pesquisas sobre o método de Leibniz
com relação aos símbolos e à notação?
R.A. 21
(a) Diferenciais
A diferencial de uma variável y é a diferença infinitamente
pequena entre dois valores consecutivos de y. Para uma
curva traçada em relação a um eixo-x e a um eixo-y (veja
a figura) Leibniz considera a seqüência das ordenadas y e
a seqüência correspondente das abcissas x. As ordenadas
estão situadas infinitamente próximas; dy é a diferença infi-
nitamente pequena entre duas ordenadas y e dx é a dife-
rença infinitamente pequena entre duas abcissas x; portan-
to, dx é a distância entre duas ordenadas y consecutivas.
Q.A. 22
Determine, pelas regras do cálculo, a subtangente t da cur-
va conhecida como "folium de Descartes", axy = x 3 + y 3 .
R.A. 22
d(axy) = d(x 3 + y 3 )
axdy + aydx = 3x 2 dx + 3y 2 dy
(ax - 3y2)dy = (3x 2 - ay)dx.
Daí
y dy 3x 2 - ay
dx 3y 2 - ax'
tal que
3y2 - ax
1=-y~-c----
3x2 - ay ·
dica a área entre O ex. Não existem regras gerais pelas quais
f ydx possa ser calculada em todos os casos ou reduzida
a integrais conhecidas. Porém, existem muitas regras e tru-
o ques especiais que são aplicáveis aos casos especiais.
A diferencial da área OCB (a diferença de dois valores con-
secutivos daquela área) é o retângulo ydx à extrema direita:
d f ydx = ydx
f dy = y
que é imediatamente evidente.
Normalmente supõe-se que os dx's sejam iguais entre si
(ordenadas eqüidistantes) mas isso não é necessário. Se
na figura todos os dx's forem iguais, os dy's serão diferen-
tes (caso contrário a curva seria uma reta). Assim, quando
tratarmos de curvas, os dx's e os dy's, não ambos, poderão
ser iguais. Portanto, não existe nenhuma razão para supor-se
que em todos os casos os dx's sejam iguais. Realmente, às
vezes os dx's são supostos iguais, às vezes os dy's e às vezes
os ds's. Isso depende do que é natural e útil no problema
que está sendo tratado. Isso significa que as próprias dife-
renciais são variáveis; elas dependem do local ao longo da
curva onde estão situadas.
Q.A. 23
Quais suas objeções, concernentes ao rigor matemático dos
conceitos do cálculo de Leibniz descritos acima?
R.A. 23
As quantidades infinitamente pequenas não foram definidas
e não foi provado que podem ser desprezadas com respeito
às quantidades finitas. Portanto, não esclarece se tais quan-
tidades existam e se os resultados obtidos através do uso de
tais quantidades são corretos.
'f
~;,l ,t,~•h?>epr,.•bc ne,i,n l,1m, a1l't •í\ oi.uh• ptó Í\'l(U
~M11,m»1 i;,"j,!"'nc.ttJ4't dtllttto,1aln,Jtf-..il'! Jl,,lhdtn, .,.,i~,: 1111,n•,
& f'"l l r,,,b, . .. :&ub, .,d.,
vt 6 A4,u,it,:tl'. & 1uhtc~•
ft<l :aJ t~"Cftl\ v1[oovu
\Nl"'lnU'1•1-'<lt•illlJ''NMiH1'<<1,>l1" $d;~> t'1tl\ ~f'J'4-• >f>
Exrraído do arrigo de Leibniz do Acta sobrr lli<lllJf&Hll!fU1,Am••· •li '111Hlt> !lll'llUr Ítím{~\tíO
·· Um novo , m é rodo para máximos e mínimos "(}" ,a
assim como rangenres . . :· , 1684 (Turn er Collec-
rion , Universiry of Keele).
16 " Nova meth odus pro maximus et minimi s ... " /11 : A cra erudiror111n .
outubro de 1684.
17 " De geometria recondita ... " ln : A era erudiro r111n. junho de 1686.
Agora a divisão: d -v ou ( se z = -v ) , dz = +
- vdy + ydv . 18
y y yy
Notas
1. As "quantidades fracionais ou irracionais" referem-se ao ca-
so de regras para tangentes (por exemplo a de Sluse na p. 40-1)
que foram aplicáveis somente quando a curva foi escrita na
forma (Laiixixi = O). Quer dizer, antes que uma tal regra pu-
2
desse ser aplicada a uma equação como y = -ª-
x+y
- Ja 2 - x2,
·a fração deve ser removida por uma multiplicação e a raiz
por uma quadratura. No método de Leibniz isso não era
necessário (veja a Q.A. 24).
2. Agora segue a definição das diferenciais.
3. Neste ponto o artigo originalmente contém um erro muito
confuso, a saber, ao invés de "XB (ou XC, ou XD, ou XE)"
continha "VB (ou XC, ou YD, ou ZE)". Corrigimos o erro.
4. "Voltar": significa que, para qualquer equação, se pode
achar a equação diferencial através de uma aplicação das
regras. Calcular a equação original a partir da equação di-
ferencial é um outro problema, para o qual não existem re-
gras umversais.
Agora segue uma longa seção sobre> a escolha dos sinais na
última fórmula. A ambigüidade foi causada pela definição
da diferencial de Leibniz, que não associa um sinal à subtan-
gente (veja a figura). Tanto em C quanto em C' a subtan-
gente é tomada positivamente. Por outro lado, ao trabalhar
com as regras do cálculo, os sinais estão sendo introduzi-
dos na fórmula, tal que, particularmente no caso das fra-
ções, deve-se ajustar os sinais por argumentos ad hoc.
Leibniz também menciona a condição dy = O para valores
extremos assim como condição para convexidade, concavi-
dade e pontos de inflexão. Essas condições envolvem dife-
renciais da segunda ordem. Depois disso ele prossegue uti-
lizando as regras dos cálculos:
l _ 3dx
por exemplo, se w = -, entao dw =
x 3 x4
As raízes: d d;r,;-' já
1/7 = !!._b dx ~ '(daí d !jy = 2,;, que neste
y
1
mesmo que - ; da natureza dos expoentes numa progressão geo-
. . JT
metnca, e
y
1 1
- = i1..' d br.;ii =
y ~y Vx' b V
- adx
br:;ãIT'.
x•+•
19
19 lbid., p. 275.
20 lbid., p. 276.
R.A. 24
Seja h 2 + ex + mx 2 u
Então temos
d(/u-1;2) = /d(u-112) + u-112d(y2)
Notas
1. A relação pdy = xdx segue diretamente da consideração
do triângulo característico (veja a figura). O resultado aqui
deduzido era bem conhecido, já que apareceu na obra de
Barrow; Leibniz só usa-o como exemplo para seu cálculo.
2. Parece que Leibniz refere-se aqui ao uso de letras espe-
cíficas (como "o" e "a") para indicar as diferenciais. Seus
dx e dy têm a vantagem de indicar a relação com x e y res-
pectivamente. Além disso, se as equações para as curvas en-
volverem expressões diferenciais ou integrais, essas equações
ainda envolverão somente x e y como variáveis. Em se-
guida Leibniz dá um exemplo de tais equações.
3. Curvas transcendentes são curvas não-algébricas.
Q.A. 25
R.A. 25
Para as coordenadas da ciclóide temos
X
y=u+s
onde u é a ordenada do círculo, s o comprimento de arco
correspondente. Assim
U = j2x - XX
21 lbid., p. 282.
s= I J2xd~ xx
é a equação da ciclóide.
A influência imediata dos dois artigos de Leibniz foi insig-
nificante devido à dificuldade de compreensão enfrentada
pelos leitores da época.
Q.A. 26
Justifique por que os artigos de Leibniz foram dificeis de se
compreender.
R.A. 26
1. A matéria era nova.
2. Existiam erros tipográficos, particularmente na de(inição
da diferencial.
3. O estilo de Leibniz era muitas vezes deliberadamente com-
pacto e quase obscuro (por exemplo a referência às diferen-
ciais infinitesimais).
4. A definição da diferencial foi inconsistente com o seu
nome (segundo a definição no primeiro artigo, a diferencial
não é uma diferença). Também a definição não estava de
acordo com o uso das diferenciais no cálculo integral.
'\
Apesar dessas dificuldades, alguns matemáticos estudaram
e compreenderam os primeiros artigos de Leibniz. Foram
os irmãos Jakob e Johann Bernoulli que dominaram o cál-
culo entre 1687 e 1690. Essa parte da história do cálculo
será tratada na unidade 4.
3.16. CONCLUSÃO
Q.A. 27
Dê exemplos de predecessores de Leibniz e Newton que:
(i) desenvolveram métodos de tangentes e de quadraturas
para uma classe restrita de curvas;
(ii) sabiam sobre a relação inversa entre a quadratura e as
tangentes;
(iii) desenvolveram um sistema de notação.
Considere em cada um dos casos se a pessoa em questão
pode ser considerada como o inventor do cálculo.
R.A. 27
II Os conceitos fundamentais
da fluxão e da diferencial
Intimamente ligada às diferenças na concepção das quanti-
dades variáveis está a diferença no conceito fundamental de
V Notação
3. As fundamentações do cálculo
Tanto no cálculo de Newton quanto no cálculo de Leibniz
existiam problemas graves sobre a consistência lógica dos
conceitos fundamentais - a lluxão (definida por razões úl-
timas) e a diferencial (como diferença infinitamente pequena).
No cálculo moderno essas dificuldades quanto aos funda-
mentos são esclarecidas pelo uso de um conceito bem de-
finido de limite. Por isso não encontramos no cálculo moder-
no as quantidades infinitamente pequenas.
Como qualquer progresso matemático de importância, a obra
de Newton e de Leibniz incentivou intensos desenvolvimen-
tos posteriores. O cálculo foi estendido, foi amplamente
aplicado e depois de longas discussões os seus fundamen-
tos foram finalmente concretizados. Esses desenvolvimentos
posteriores serão o conteúdo das unidades 4 e 5.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Texto
Harvard University Press, para excertos do D.J. Struick
(ed. ), A source book in mathematics 1200-1800 ©
copyright 1969 by the President and Fellows of Harvard
College; Toe Johnson Reprint Corp., New York, Cam-
bridge University Press e o editor para D.T. Whiteside
(ed.), The mathematical works of Isaac Newton, Cam-
bridge University Press, 1964; The Royal Society para
excertos de H.W. Turner (ed.) The correspondence of
Isaac Newton., v. II, Cambridge University Press, 1959;
Cambridge University Press e ao editor para tabelas
e excertos do The mathematical papers of Isaac Newton,
Cambridge University Press, 1967.
Ilustrações
University of Keele; Mansell Collection; Ronan Picture
Library; Royal Astronomical Society; Trinity College,
Cambridge.
Fotolitos e Impressão
H GRÃACA
EDITORA
HAMBURG
Aven<la Bogaert, 64
Vila das Mercês São Paulo
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