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Depois da repetição da doutrina calcedonense sobre a pessoa de Cristo, a definição se expressa assim:]
Pregamos também duas vontades naturais nele, bem como duas operações naturais
(enérgeiai), sem divisão, sem mudança, sem separação, sem partilha, sem confusão. Isto
pregamos de acordo com a doutrina dos santos padres. Duas vontades naturais, não
contrarias (que Deus o afaste), como afirmam os ímpios hereges, mas sua vontade humana
seguindo a vontade divina e onipotente, não lhe resistindo, nem se lhe opondo, mas antes
sujeita à vontade divina, segundo o sapientíssimo Atanásio. Porque assim como se diz que
sua carne pertence a Deus Verbo, como de fato pertence; ele mesmo o diz: “Desci do céu
não para fazer minha própria vontade, mas a vontade do Pai que me enviou” (Jo 6.38),
designando como “própria” a vontade da carne, visto que a carne se tornou sua própria
carne.
Portanto, assim como sua santíssima e imaculada carne, vivificada pela alma, não foi
destruída ao ser deificada, mas continuou no seu próprio estado e esfera, assim também sua
vontade humana não foi destruída ao ser deificada, mas antes foi preservada, como diz
Gregório, o teólogo: “Pois o querer que entendemos ser um ato da vontade do Salvador não
é contrário a Deus, mas inteiramente deificado”.
Henry Bettenson, Documentos da Igreja Cristã (SP: ASTE/Simpósio, 1998), pp. 161-162.