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Adoção na CFW 

por

Gordon Haddon Clark

Seção I. Todos os que são justificados é Deus servido, em seu


único Filho Jesus Cristo e por ele, fazer participantes da graça
da adoção. [1] Por essa graça eles são recebidos no número dos
filhos de Deus [2] e gozam a liberdade e privilégios deles; têm
sobre si o nome deles, [3] recebem o Espírito de adoção, [4] têm
acesso com confiança ao trono da graça [5] e são habilitados, a
clamar “Abba, Pai”; [6] são tratados com comiseração, [7]
protegidos, [8] providos [9] e por ele corrigidos, como por um
pai; [10] nunca, porém, abandonados, [11] mas selados para o
dia de redenção, [12] e herdam as promessas, [13] como
herdeiros da eterna salvação. [14]

 
1. Ef. i. 5; Gal. iv. 4,5.
2. Rom. viii. 17; João i. 12.
3. Jer. xiv. 9; 2 Cor. vi. 18; Apoc. iii. 12
4. Rom. viii. 15.
5. Ef. iii. 12; Rom. v. 2.
6. Gal. iv. 6.
7. Sal. ciii. 13.
8. Prov. xiv. 26.
9. Mat. vi. 30,32; 1 Ped. v. 7. 
10. Heb. xii. 6.
11. Lam. iii. 31.
12. Ef. iv. 30.
13. Heb. vi. 12.
14. 1 Ped. i. 3,4; Heb. i. 14. 

O capítulo XII da Confissão de Westminster, sobre adoção, é


muito breve, consistindo de apenas uma seção; todavia, ela
indubitavelmente merece pelo menos uma breve discussão. A
seção declara que todos aqueles que são justificados são
também feitos filhos de Deus pela adoção e, através disso,
desfrutam de certas liberdades e privilégios.

A justificação, sendo um ato judicial, é inteiramente externa a


nós; ela dá uma nova posição diante de Deus, mas não efetua
nenhuma mudança subjetiva dentro de nós. Há, contudo,
certos concomitantes inevitáveis. A justificação é sempre, e sem
exceção, acompanhada pela regeneração, adoção e santificação.
Agora, regeneração e santificação, diferentemente da
justificação, produzem mudanças subjetivas em nós. Elas não
têm nada a ver com nossa posição objetiva diante de Deus. A
adoção, por outro lado, tem referência tanto à relação externa
da posição como às mudanças subjetivas de caráter. Ela é um
conceito completo que inclui fatores que ocorrem
separadamente tanto na justificação como na regeneração. A
adoção expressa a verdade de que “agora somos filhos de Deus”.
O capítulo na Confissão lista os fatores em filiação.

Durante os últimos cem anos, à medida que o modernismo se


desenvolvia, a doutrina da adoção tem sido menosprezada por
aqueles ministros infiéis que têm rejeitado a infalibilidade da
Bíblia. Em seu lugar eles têm pregado uma Paternidade natural
e universal de Deus e uma irmandade natural e universal do
homem. Agora, as Escrituras têm consideravelmente o que dizer
sobre a Paternidade de Deus, mas elas têm pouco ou nada para
dizer sobre uma Paternidade natural e universal.

Um versículo que pode ser assim entendido é o uso de Paulo de


uma citação de um poeta estóico: “pois somos também sua
geração”. Possivelmente o poeta tinha alguma noção de uma
Paternidade universal, mas Paulo usou a citação somente para
enfatizar que Deus é um Espírito e que os homens foram
criados à imagem de Deus. Outro versículo é Efésios 3:15: “De
quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a
terra”. Mas essa família é mais razoavelmente entendida como a
família dos redimidos do que como a raça humana como um
todo.

Em contraste com esses poucos e duvidosos versículos, a


Escritura fala muitas vezes e claramente da Paternidade de
Deus com relação a uma porção da humanidade. Dos fariseus,
Jesus disse: “Vós tendes por pai ao diabo”; mas ele ensinou
seus discípulos a orarem: “Pai nosso”. A figura de linguagem
mais popular pela qual a entrada na vida cristã é descrita é
aquela de um novo nascimento. Nem todos os homens, mas
somente alguns, são nascidos de novo, não por sua própria
vontade, mas de Deus; e assim Deus lhes dá autoridade para se
tornaram filhos de Deus. De uma forma absolutamente evidente
eles não nasceram como filhos naturais, de outra forma não
lhes seria necessário nascer de novo. Se os homens devem
nascer de novo, aqueles que não nascem de novo não são filhos
de Deus.

A figura de um novo nascimento é apropriada para a nova vida


que começa. Assim também é a figura da ressurreição. Os
homens que estavam mortos em pecado são ressuscitados em
Cristo para uma vida que eles não tinham previamente. Mas as
Escrituras também descrevem essa mudança como adoção.
Filhos de outro pai são adotados por Deus e se tornam uma
parte da família cristã. Aqui também as conclusões prévias
aparecem: se um homem se torna um filho de Deus por adoção,
ele não pode ter sido um filho de Deus por natureza. E pela
mesma razão é claro que a Bíblia não ensina a Paternidade
universal de Deus nem a irmandade universal do homem. Ela
fala sobre ovelhas e bodes, e sobre uma divisão final e
irremediável entre eles.

A adoção traz certos privilégios que são negados àqueles que


não foram adotados. Primeiro, eles recebem o nome de Deus, e
como membros da família podem agora chamar Deus de “Abba,
Pai”. Eles são tratados com comiseração, protegidos e providos.
Eles são algumas vezes corrigidos por Deus como por um pai,
“nunca, porém, abandonados, mas selados para o dia de
redenção, e herdam as promessas, como herdeiros da eterna
salvação”.

É confortante saber que o ato de adoção não pode ser anulado;


o novo nascimento nunca pode ser desfeito; a ressurreição para
novidade de vida nunca pode ser revertida. Mais adiante
na Confissão isso é mais plenamente declarado nos capítulos
sobre a certeza da salvação e a perseverança dos santos.

Rejeitando a posição escriturística, os liberais algumas vezes se


colocam em posições desconfortáveis. A noção deles da
Paternidade universal de Deus depende da unidade da raça
humana. Agora, os cristãos ortodoxos crêem na unidade da
raça humana sobre a base de que todos os seres humanos são
descendentes de Adão e Eva. Mas se os modernistas desejam
dizer que os capítulos introdutórios de Gênesis são falsos, e se a
neo-ortodoxia existencializa o relato e torna-o uma fábula dos
assuntos diários de hoje, então como eles podem estar certos de
que todos os homens são irmãos? Se eles substituem a criação
de Adão e Eva por uma mutação evolucionária a partir de
animais inferiores, como eles podem saber que houve somente
uma mutação? Por que tal evento evolucionário não pode ter
ocorrido diversas vezes? Há tanta evidência de que ele ocorreu
dezenas de vezes quanto de que ele ocorreu apenas uma vez.
Por conseguinte, a unidade da humanidade é deixada sem
suporte e assim também a Paternidade de Deus.

Certamente, há uma perplexidade mais profunda. A noção


modernista de uma Paternidade universal de Deus e de uma
irmandade universal do homem é um conceito estritamente
físico ou biológico. Não há nada espiritual nele. Se houvesse,
seria necessário concluir que Stalin ou Hitler estavam
espiritualmente relacionados com Deus da mesma forma como
Agostinho, Lutero e Calvino estavam. Agora, os cristãos
admitem que todos os homens nascem como pecadores.
Naturalmente falando, Stalin e Calvino eram irmãos. Mas Deus
adotou e regenerou Calvino; ele lhe deu uma nova natureza; ele
o ressuscitou da morte espiritual. O resultado é que — como
Santo Agostinho mostrou de maneira extensiva em seu livro A
Cidade de Deus — a graça de Deus quebrou a unidade natural
da raça humana e edificou em oposição ao mundo uma Cidade
de Deus. Se os modernistas ainda desejam reivindicar unidade
espiritual com Hitler e Stalin, nós não queremos. Nós fomos
adotados para uma família diferente.

[...]

Fonte: 

What Do Presbyterians Believe?, Gordon H. Clark, páginas 131-


133.

Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto


Cuiabá-MT, 14 de Outubro de 2005.

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