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Índice

Folha de rosto
Pá gina de direitos autorais
Pá gina de Dedicaçã o
CONTEUDO
Capı́tulo 1
Capı́tulo 2
Capı́tulo 3
Capı́tulo 4
capı́tulo 5

Joana D'Arc
Hilaire Belloc

JOANA D'ARC

ISBN 0-911845-45-3
Para
Minha Filha Elizabeth

JOAN de ARC na Consagraçã o de Carlos VII: Ingres. (Louvre, Paris.)

JOAN de ARC: escultura de François Rude (1784-1855). (Louvre, Paris.)

CONTEÚDO

Capı́tulo 1
Capı́tulo 2
Capı́tulo 3
Capı́tulo 4
capı́tulo 5

1
F IVE cem anos atrá s, E MAIS, houve na França um louco rei velho cuja mulher
era uma prostituta alemã , zombando dele. Tudo em seu reino estava
distraı́do; pois quando a monarquia é fraca, os poderosos oprimem e
destroem. E entre as misé rias da é poca estava esta: que o reino foi
dividido por rivais.
O rei Joã o da famı́lia de Valois, o avô do velho rei louco (o mesmo
que lutou contra o rei da Inglaterra em Cré cy e fora feito prisioneiro em
Poitiers) fora bem defendido na batalha por um jovem ilho de seu
chamado Filipe , e para recompensá -lo, chamou-o de "Filipe, o Ousado"
e deu-lhe a grande Provı́ncia da Borgonha, a leste, para governar,
tornando-o duque da Borgonha, ele e seus ilhos depois dele. Mas isso
ele deveria manter em idelidade ao rei, seu pai, e mais tarde aos reis,
seus sucessores; o que ele fez.
Mas quando o rei Joã o morreu há muito tempo e seus netos eram
duque da Borgonha e rei da França, o novo duque da Borgonha icou
irritado com sua sujeiçã o ao primo, o rei da França; pois ele era
poderoso em seu pró prio paı́s e secretamente desejava quebrar a fé e
mantê -la sozinho e livre. Assim, quando foi visto que seu primo, o rei da
França, permaneceria de mente fraca, a Borgonha assumiu o direito de
governar em seu nome. Mas o pró prio irmã o do rei louco (que era
chamado de duque de Orleans) desa iou, e uma rixa amarga surgiu
entre eles sobre quem deveria governar em nome do rei louco; e o povo
da França e os padres e bispos e nobres, e os advogados e doutores das
universidades, izeram duas festas - algumas para a Borgonha e outras
para Orleans - entã o eles eram como duas naçõ es, até que, em um dia
ruim, a Borgonha teve Orleans assassinado.
Entã o, de fato, era guerra. E como o jovem duque de Orleans, ilho
do homem assassinado, havia se casado com a ilha de um forte senhor
do sul, chamado Armagnac, os de seu partido eram chamados de "Os
Armagnacs" e os da Borgonha, de "Os borgonheses" (em francê s,
"Bourgignon"); e eles lutaram uns contra os outros que deveriam
segurar Paris, a cidade principal do reino, e governar o rei, e eles
devastaram o reino entre eles com massacres e queimadas.
Agora, os reis da Inglaterra naqueles dias també m nasceram de
grandes prı́ncipes franceses, sendo da famı́lia de Plantageneta de Anjou,
e eles há muito a irmavam ser reis legı́timos da França por meio de uma
princesa da França, herdeira daquele paı́s (cuja lı́ngua també m falavam,
assim como seus nobres), e chamavam-se de mais direito do que a
famı́lia de Valois. Entã o, vendo o quã o perturbados e enfraquecidos
estavam os Valois por esta disputa mortal de Armagnac e Bourgignon,
Valois Orleans contra Valois Burgundy, o rei da Inglaterra, Henry
Plantagenet, quinto desse nome, veio para a França com um exé rcito
pequeno, mas muito bom. Ele derrubou o grande exé rcito dos
Armagnacs em Agincourt e fez prisioneiro o pró prio jovem duque de
Orlé ans (os borgonheses recusaram ajuda) e passou a tomar os castelos
e cidades muradas do norte um apó s o outro, até mesmo o grande
Rouen apó s um terrı́vel cerco ; e, mesmo estando tã o conquistador, os
Armagnacs, lembrando-se do assassinato do duque de Orlé ans mais
velho, mataram o duque de Borgonha por sua vez. Seu ilho, um soldado
poderoso, foi tomado pela vingança e juntou-se ao rei inglê s; dizendo
també m, consigo mesmo: "Entã o, serei mais livre quando o rei da
França morrer."
Mas este novo duque da Borgonha, de nome Filipe, tinha o espı́rito
mais forte entre os grandes de sua é poca, e tinha um rosto duro e á vido
como se fosse esculpido em madeira escura, e acima de seus olhos
havia sobrancelhas grossas e negras com pontas que se erguiam para
cima. , de modo que, quando ele estava com raiva, os homens diziam
que pareciam chifres.
Aquela prostituta alemã , a Rainha da França, havia dado ajuda
primeiro para um lado e depois para o outro, e agora que a Borgonha
era dona - pois ele mantinha Paris e com ele estava a Plantageneta - ela
declarou por ele (a quem ela apoiava por muito tempo ) e favoreceu seu
plano, que era o seguinte: que Henrique se casasse com sua ilha e fosse
regente da França, apoiando o poder da Borgonha, e que o ilho de
Henrique e sua ilha fossem rei da França quando o rei louco
morresse. Pois ela disse que esta ilha dela era a herdeira legı́tima,
sendo a verdadeira ilha do rei louco. E embora ela tivesse um ilho
també m vivo, chamado Charles (um homem muito jovem a quem os
Armagnacs protegiam e a quem de direito deveria cair o reino), esse
ilho, disse ela, nã o era um herdeiro verdadeiro.
Pois ela era tã o desavergonhada que o chamou de bastardo, dizendo
que o pobre rei nã o era seu pai; e ela era tã o devassa que muitos
acreditaram nela. Pois eles diziam: "Sua pró pria mã e o chamaria de
bastardo se ele nã o fosse assim?"
Mas ela mentiu, como sempre; pois aquele jovem era de fato o ilho
do rei louco e o verdadeiro herdeiro da França, de modo que era
chamado de Del im, tı́tulo agora herdado do prı́ncipe mais velho de
sangue real. Ele e os seus nã o tinham forças para resistir aos inimigos e
fugiu para o sul, alé m do Loire, quando, logo depois, no ano de Nosso
Senhor quatrocentos e vinte e dois, Henry Plantagenet, rei da
Inglaterra, morreu, deixando um bebê menino de nove meses, ilho dele
mesmo e daquela princesa francesa de casamento, a quem chamavam
de Henrique, o sexto desse nome. E dois meses depois, o velho rei louco
morreu també m. O menino Henrique deveria ter sido coroado em
Rheims, se de fato a Borgonha o tornasse rei da França, pois aquele era
o lugar legı́timo de coroaçã o e unçã o dos reis da França e estava no
poder da Borgonha. Mas o irmã o do falecido rei Henrique, duque de
Bedford, que havia sido deixado regente, nã o ousou levar uma criança
tã o jovem muitas lé guas atravé s do paı́s onde bandos de guerra
vagavam, e ele adiou para algum tempo posterior a solenidade de
Rheims, que sozinha fez um rei da França, o pró prio rei aos olhos de seu
povo.
No entanto, todas as coisas se opunham ao del im, Carlos de
Valois; pois a forte Borgonha dominava todo o leste e Bedford todo o
norte, e eles eram aliados, com Paris em seu domı́nio e favorecendo-
os. Suas pobres forças foram desencorajadas, seus capitã es erraram, ele
tinha apenas dezenove anos e sangue fraco com pernas fracas e uma
alma muito tı́mida, seus conselheiros tolos ou falsos e seu dinheiro
caindo. De seu pró prio povo, a cada dia mais o abandonava, e a Igreja,
antigo esteio de sua casa real, se dividia.
Pois dois papas e mesmo trê s tinham apenas recentemente
reivindicado um contra o outro, levando o Vicarship de Cristo ao
escá rnio; e os clé rigos izeram um grande conselho que se
autodenominou a Igreja e deu seu poder para fazer e desfazer o
senhorio dos homens cristã os e ser supremo até mesmo sobre a cadeira
de Pedro, e logo seria outro conselho, com a Borgonha e os Inglê s para
o conselho e o Dauphin Charles para o papa: tudo estava
confuso. Portanto, muitos bispos e grandes abades e a Universidade de
Paris, a cuja voz todos os homens compareciam, favoreceram seus
inimigos.
Nã o tinha aliados, exceto o povo escocê s, os incessantes inimigos da
Inglaterra. Estes, de fato, o enviaram soldados muito bons, mas poucos,
e em Verneuil, quando ele tentou desesperadamente sua chance na
batalha, seus batalhõ es foram espalhados. Seus homens ainda lutavam,
venceram uma escaramuça, aliviaram uma fortaleza; mas a escuridã o
cresceu. Cidade sobre cidade e castelo sobre castelo declarados para o
inimigo. St. Denis, o santuá rio dos reis e sua sagrada ori lamme, estava
nas mã os de seu inimigo, e as mirı́ades de Paris - ou seus chefes -
estavam contra ele. Ele nã o tinha esperança a nã o ser por ofertas de
desmamar seu primo Filipe da Borgonha de Bedford e o ilho
Plantageneta; uma intriga emaranhada sem problemas, pois ningué m
sobre ele poderia imaginar Borgonha, sua mente profunda e sutil.
As pessoas comuns do campo tinham realmente em si uma
memó ria da coroa e dos lı́rios, o coraçã o da cristandade desde os dias
dos pais de seus pais, desde os dias em que a fé primeiro se fortaleceu
em seus coraçõ es. Mas nenhum homem se moveu.
Assim as coisas continuaram quando, com o velho rei louco agora
morto há seis anos e o del im com vinte e cinco anos, Bedford avançou
para o lance inal. Ele tomaria Orlé ans sobre o Loire, a fortaleza que
proibia a passagem do rio; e depois de tomar Orlé ans, ele cruzaria o
riacho e manteria o sul e, inalmente, toda a França. No verã o, ele
reuniu forças na Inglaterra com muitas armas, grandes e pequenas. No
outono, ele traçou sua linha em torno de Orleans. Era outubro do ano
de quatrocentos e vinte e oito de Nosso Senhor.
Fechado em seu armá rio, sozinho, o Del im se desesperou. Ele icou
em dú vida se tais infortú nios nã o eram prova de que a histó ria era
verdadeira, e ele nã o tinha o sangue do rei. Ele orou ali, à parte, uma
oraçã o particular forte, bem lembrada, profundamente gravada em seu
coraçã o. Nessa oraçã o, ele orou para que, se de fato ele nã o fosse de
sangue real, mas um bastardo nascido como sua mã e havia proclamado,
que Deus removesse de seu coraçã o o desejo de soberania. Mas pelo
menos nã o para deixá -lo ser morto ou capturado, mas escapar para
salvaguardar na corte de Castela ou da Escó cia, amigos de antigamente
com os lı́rios. E ele implorou a Deus, se de fato ele fosse o del im da
grande linhagem, que lhe concedesse um sinal. Mas como um sinal
poderia ser dado? Entã o ele orou; e ele nã o falou a nenhum homem
vivo dessa oraçã o.

Enquanto esses males aconteciam, James d'Arc e sua esposa, Isabel


de Domré my nas Marcas de Lorena, nasceram para eles na Epifania, no
ano de Nosso Senhor de quatrocentos e doze, uma menina a quem
chamaram de Joana. o dia em que ela foi batizada na Igreja de Deus.
Ela cresceu alta e robusta, de corpo forte e mente clara, e vigorosa
em suas tarefas de iar e em todos os trabalhos domé sticos; ela cuidaria
de ovelhas e araria seus quinhentos acres, pois seu pai era um
camponê s. Alé m disso, ela era famosa em sua agulha. Quando criança
ela brincava ao redor da á rvore de faia das fadas no local, pendurando
guirlandas, cantando e dançando lá , ela e seus trê s irmã os e sua
irmã zinha Catherine e as outras crianças do vilarejo; e em casa sua mã e
ensinou-lhe a Ave Maria e o Pai Nosso e o Credo. Ficava em um vale
agradá vel com longas colinas de cada lado e bosques sobre elas, e o
jovem rio Meuse luı́a.
Uma manhã de verã o, quando ela tinha treze anos e alguns meses
mais, ela foi para o campo colher lores com seus companheiros e eles
correram juntos, até que ouviu um rapaz dizer: "Sua mã e precisa de
você ". Joan, portanto, voltou rapidamente para casa, pois ela era
mantida sob controle. Mas sua mã e se perguntou e disse que nã o a
tinha convocado; entã o Joan saiu novamente da porta para o jardim
fechado e icou ali por um momento olhando para o oeste na direçã o
das colinas pró ximas. Era meio-dia.
Enquanto ela estava assim, uma luz ofuscante brilhou por ela em
sua mã o direita, suplantando o dia, e ela foi tomada pelo terror; até que,
do meio da gló ria, veio uma voz que falava da fé e de sua observâ ncia, e
por im deu ordem para que ela procurasse o rei da França sem coroa,
despojado de seus inimigos, e o resgatasse e coroasse em Rheims. Na
terceira convocaçã o, ela viu Sã o Miguel em seu esplendor e sobre ele a
soldadesca do cé u.
Ela era tã o jovem e trê mula que nã o contou a ningué m (exceto mais
tarde, secretamente, ao padre), mas ela se voltou para uma nova
piedade à medida que se tornava mulher, cuidando dos pobres e em
suas oraçõ es continuamente até que sua devoçã o parecesse ridı́cula
para aqueles sobre ela. E ela havia jurado sua virgindade a Deus "pelo
tempo que Ele desejasse", mas també m nisto ela se calou.
O verã o passou e o inverno; sua convocaçã o de arautos da bem-
aventurança nã o a deixava em paz, mas a insistia. Chegaram Santa
Catarina e Santa Margarida, que se chamavam pelos seus nomes, e que
eram perfumadas, falando em vozes baixas e amá veis e ainda a
proclamando, e semana apó s semana, a cada dois ou trê s dias, ela vivia
nesta companhia , consagrado, hesitante, impelido. Havia o mundo em
torno dela, mas també m havia estes: "Eu os vi com os olhos do meu
corpo, tã o claramente como te vejo agora; e quando eles fossem
embora, eu choraria. Pois eu queria que eles me levassem comigo eles
"- para o paraı́so. Mesmo assim, ela os resistiu e icou em silê ncio. Só no
terceiro ano ela cedeu e falou.
Era a semana da Ascensã o, na mesma primavera em que Bedford
estava enviando mensagem para levantar aquelas novas forças na
Inglaterra, no ano quatrocentos e vinte e oito, no mê s de maio, e Joan
ainda nã o tinha dezessete anos.
No vale, a cerca de 20 quilô metros de Domré my, icava a pequena
cidade murada de Vaucouleurs, que Robert de Baudricourt (um homem
rude de espı́rito comum, um nobre e um bom soldado, rico,
francamente) defendia para o verdadeiro rei. Só essas paredes foram
mantidas em todo aquele campo. Pois toda Champagne, na extremidade
da qual icava Domré my, era do inimigo, e també m as fortalezas ao
redor, embora os campos estivessem abertos.
A uma hora de caminhada e menos de Vaucouleurs, em Little Burey,
vivia um Lassois, que teve por esposa o primo de Joan: mas ele era
muito mais velho do que ela. Agora Joan pretendia visitar Vaucouleurs
com um propó sito de inido e encontrou um apelo. A esposa de Lassois,
sua prima, estava para ter um ilho, e Joan perguntou a ele se ela nã o
poderia ser ú til na casa - se ela poderia sair sem impedimentos. Pois ela
temia o pai por causa de um sonho dele, que era este: dois anos antes,
ou quase dois anos, ele tinha sonhado que viu a ilha cavalgando com
homens armados, e quando acordou o sonho ainda o perturbava. Ele
interpretou mal, querendo dizer que ela estava destinada a seguir
vagamente alguma banda e disse: "Se ela izesse isso, eu a afogaria"; e
para seus ilhos: "Se eu nã o a afogar com minhas pró prias mã os, você
deve afogá -la." O sonho e sua falsa leitura estavam desaparecendo de
sua mente, mas ela ainda temia.
Na casa de Lassois ela primeiro falou e disse: "Você nã o ouviu como
a França, devastada por uma mulher, será restaurada por uma
criada?" E tal profecia realmente funcionou, mais velha do que ela; pois
uma mulher no sul o havia pronunciado muito antes, e durante a
terrı́vel ruı́na que a rainha o izera espalhar-se amplamente; e havia
ditados mais antigos e mais sombrios.
Em seguida, Joan mandou Lassois levá -la ao salã o do governador
em Vaucouleurs, e lá Baudricourt a viu, e com ele um homem na casa
dos trinta, um certo Poulengy, que mais tarde deu testemunho dela. Ela
veio vestida com a sarja á spera de vermelho escuro que usavam as
mulheres que trabalhavam no campo, e deu ao governador sua
mensagem - que era a seus ouvidos pura loucura. Mas ela acrescentou
isso, o que com o tempo deveria fazê -lo hesitar: "Mande um recado ao
del im, para que o proteja bem e tome cuidado para nã o lutar. Em
meados da Quaresma, Nosso Senhor lhe enviará ajuda".
Sua resposta foi pedir ao homem que a levasse de volta para seu
pai. Ele a mandou embora por ser um trapaceiro rú stico ou um idiota
dos sulcos.
Ela quebrou o silê ncio, mas ainda estava com medo de falar. Cinco
semanas depois, na vé spera de Sã o Joã o, ela disse a um menino da
aldeia como uma garota daquele vale coroaria o rei em Rheims "dentro
de um ano".
A histó ria correu por aı́. Um jovem passou pela aldeia em suas
viagens naquela temporada e ele també m ouviu e prestou testemunho
depois de trinta anos.
Durante aquele verã o, ele cresceu. Em julho, o inimigo enviou um
grupo de ataque contra o vale e para tomar Vaucouleurs. Fracassou -
mas os de Domré my se refugiaram em Neufchateau, ao sul, algumas
horas subindo o vale, e lá , na estalagem onde ela e seu povo se
hospedavam, a coisa era conhecida. Alguns dizem que foi por essa causa
que seu pai, nã o acreditando mais no mal de seu desejo de cavalgar,
mas querendo mantê -la em casa, a prometeu em casamento. Nó s nã o
sabemos. Mas ela foi declarada noiva e se inocentou na corte do bispo
em Toul, a um longo dia de cavalgada. Se outros lhe haviam prometido,
ela nã o consentiu. Ela havia se jurado a Deus.
No inal do verã o, surgiram rumores de movimento em regiõ es
distantes, no norte e no oeste. Os carregamentos da Inglaterra estavam
em marcha a partir do Canal da Mancha. Em outubro - no inal - veio a
notı́cia do lance inal. O cerco de Orleans havia começado. A histó ria de
sua fortuna chegou confusa à quele lugar remoto, mas um campesinato
está cheio de notı́cias de tropeiros e mercadores, e naquela é poca todos
ouviam e debatiam as coisas da comunidade. Muito mais e mais
distante era a insistê ncia das vozes e daqueles que conversavam com
ela: "Vá ! Vá ! Quando você encontrar o rei em Chinon, você terá o
sinal!" O comando a controlava e, no inal do ano, ela deve ir. Ela ansiava
"como mulher pelo parto".
Nã o se despediu do pai, da mã e ou dos jovens companheiros, salvo
que, ao passar, chamou a amiga sua pequena Hauviette, mas pela
segunda vez voltou o rosto para o norte, para Vaucouleurs. E ela nunca
mais viu a fumaça subindo de seu pró prio telhado, Domré my e a
loresta de casa.
Seis semanas (primeiro em Burey com o Lassois, depois na cidade,
na casa de um certo Leroyer) ela foi detida, esperando. Baudricourt nã o
se mexeu. O velho duque de Lorraine, curioso para ver maravilhas,
mandou chamá -la para Nancy, onde ela veio e o viu, tinha dele um
cavalo lamentá vel para cavalgar de volta, nenhum outro socorro. Mas,
nessa angú stia de demora, ela encontrou seu primeiro companheiro na
fé . Foi um jovem homem de armas, chamado "de Metz" e de sua terra
"Joã o de Nouillonpont", que perguntou a ela qual era seu chamado e se
o rei deveria cair. A quem ela respondeu: "Vim a uma cidade do rei para
implorar a Robert de Baudricourt que me envie ao meu rei. Ele me
despreza e nã o dá ouvidos ao que digo. No entanto, devo estar com meu
rei em meados da Quaresma, embora eu ando e coloco minhas pernas
até os joelhos, já que ningué m pode socorrê -lo - nem a ilha do rei
escocê s, nem duques, nem reis. Devo ir, pois meu Senhor assim o
deseja. "
"E quem é o seu Senhor?"
"Deus é meu Senhor", disse ela.
Entã o, este jovem, John de Nouillonpont, dez anos mais velho que
ela, jurou por entre as mã os que ele iria servi-la, dizendo: "Ajudando
Deus, eu o conduzirei ao rei."
E ela respondeu: "Melhor hoje do que amanhã , melhor amanhã do
que mais tarde ainda."
Entã o, pela ú ltima vez, ela falaria com Baudricourt. Mas agora ela
trouxe um sinal.
Era sá bado, 12 de fevereiro. Ela disse a ele que ele estava
gravemente doente para mantê -la atrá s, pois naquele mesmo dia os
exé rcitos de seu prı́ncipe sofreram derrota total antes de Orlé ans e o
perigo era alto. Agora, em uma semana e um pouco mais, chegou
cavalgando a Vaucouleurs um mensageiro do rei, Colet de Vienne, que
pressionava dia apó s dia e trazia notı́cias, cansado em um corcel
cansado. Houve derrota antes de Orleans e um campo perdido em
Rouvray, para o perigo da causa desesperadora; pois os ingleses,
trazendo provisõ es para seu exé rcito de cerco, encontraram seu
caminho barrado pelos homens do del im e seus aliados escoceses, mas
os derrubaram completamente; quanto ao dia, por que havia caı́do no
sá bado, dia 12, acabara de sumir. Ao ouvir isso, o governador parou e se
maravilhou, lembrando-se do que Joana havia dito enquanto aquela
luta ainda estava acontecendo. Entã o ele foi buscar um padre e,
invadindo a casa de Leroyer, mandou-o exorcizar. O sacerdote, em
estola e com livro, clamou ao que a enchia: "Se tu é s do Mal, vai-te, mas
se vem de Deus", e ela se adiantou de joelhos. Mas ela jurou que foi mal
feito, pois esse padre a confessou e a absolveu, e sabia que ela era de
Deus.
Entã o Baudricourt nã o pô de mais negar. Poulengy e Nouillonpont
compraram um cavalo (sem grande valor) para ela, e Baudricourt
permitiu que ela colocasse um vestido de homem e permitiu sua
escolta, de modo que na terça-feira, dia 22, ela estava pronta e na
manhã seguinte cavalgou para o oeste ao anoitecer, junto ao Portã o
Francê s, com seus companheiros, que eram o mesmo mensageiro do rei
que viera tã o recentemente e agora deveriam retornar, e Poulengy e
Nouillonpont, cada um com seu servo. Portanto, havia sete
companheiros cavalgando juntos para o rei.
Mas ela nã o podia chamá -lo de rei, mas apenas de Del im, pois ele
nã o foi coroado até que ela o coroasse. Aqueles que olharam para ela na
ú ltima luz do inverno enquanto ela cavalgava para o oeste (pois eles
viajariam no escuro por medo de bandos errantes) a viram montada em
seu traje de homem como tendo que se associar com homens e portar
armas; gibã o e boné pretos, tú nica cinza e meia-calça, polaina até os
joelhos e espora.
Eles cavalgavam por caminhos tortuosos e muito à noite, com medo
daqueles bandos armados que devastavam o campo (e muitas vezes
eles dormiam ao ar livre, porque temiam alarmes) para o mosteiro de
St. Urban sobre as colinas, para os azulejos de Auxerre , para Gien; dez,
quinze, lé guas de cada vez, e o tempo todo na terra do inimigo e
ouvindo missa onde podiam. Por im, em Gien, eles chegaram ao rio
Loire, alé m do qual estava a terra que o del im ainda possuı́a, e eles
estavam em segurança. No dé cimo dia, eles estavam naquele famoso
santuá rio de Santa Catarina de Fierbois, e em Chinon e na corte, apenas
trê s horas antes. Lá ela ouviu suas trê s missas, e dali ela enviou e
escreveu para ela (ela nã o costumava escrever, exceto seu nome) uma
carta para seu rei, na qual ela lhe disse que deveria conhecê -lo entre
todos os outros. Na manhã seguinte, eles desceram pela estrada até a
margem do rio e viram diante deles a colina e o telhado alto do salã o e
as longas paredes do castelo de Chinon e a cidade abaixo.
Eles haviam percorrido duzentas milhas e cinquenta e mais; e era
domingo, dia seis de março, deste ano de quatrocentos e vinte e nove de
Nosso Senhor.

J OAN E SEUS COMPANHEIROS, TENDO VINDO A Chinon, jantaram ali numa


estalagem de boa reputaçã o e teriam subido à tarde ao castelo do alto
para pedir uma audiê ncia a Carlos, o verdadeiro rei. Mas, porque ele
estava dando consultoria para ela vir, ela nã o foi entã o recebida, nem
no dia seguinte. Mas na terça-feira, depois que o sol se pô s, ela recebeu
uma mensagem e eles subiram a ladeira até o portã o do castelo.
Nesse caminho passou por eles um soldado a cavalo que, porque a
vinda da Donzela era conhecida e brigava na sala da guarda (alguns a
favor, outros contra), ou porque ela e seus companheiros saı́ram apenas
por um estreito des iladeiro na ponte levadiça, jurou alto no crepú sculo
em Joan; que respondeu gravemente:
"Em nome de Deus, você jura? E você está tã o perto de sua morte?"
E em uma hora, tendo caı́do a noite e sendo a escuridã o da lua, ele
errou o caminho e entrou na á gua e se afogou.
Mas Joana e seus companheiros subiram para o castelo, e ela foi
levada atravé s da passagem de pedra para o grande salã o que ica ao
lado da parede sul com vista para a cidade, e entã o entrou
repentinamente no grande salã o, ainda vestida com suas roupas de
homem em cinza meia e tú nica, mas com a jaqueta preta por cima, alta,
e seu cabelo escuro cortado redondo no pescoço como o de um homem.
Aquela sala alta estava muito cheia com todas as pessoas da corte,
todas esplê ndidas, cada um com as vestes de sua ordem e as joias e
ouro de suas propriedades, e as cores de suas sedas e veludos; e havia
luz de cinquenta cressets pendurados nas paredes. Nesse salã o estavam
Regnault de Chartres, Arcebispo de Rheims e Primaz do Reino; e aquele
homem barrigudo, La Tré moille, muito rico, intrigante, que tinha mais
poder com o rei hesitante; e Gaucourt, que fala daquele dia; e uma
multidã o alé m disso: trezentos ao todo, falando muito e se mexendo até
ela chegar. Mas, a meia semana de distâ ncia, Orlé ans sitiada, com as
obras inglesas a respeito; mesmo naquele dia, havia reforços para eles
vindos do norte, e seus canhõ es estavam falando. Ela desejava estar lá .
Foi Louis de Bourbon, conde de Vendome, de sangue real (pois ele
també m veio de St. Louis por meio de seus pais), que conduziu Joana,
nem ela icou envergonhada ou atrevida, mas simples e direta em sua
carruagem. Mas aqueles que ouviram como ela havia dito que ela
conheceria o rei pelo poder divino disseram-lhe, apontando enquanto
ela passava: "Olha! Lá está o rei!" e mostrou-lhe outro; ou ainda: "Olha!
Ele está aı́!" Para o rei, para julgá -la, teve o cuidado de nã o colocar
nenhuma marca de posiçã o ou se separar ou receber deferê ncia, mas
estava vestido como qualquer outro e misturado com a multidã o.
Mas ela foi direto até ele, como a uma marca, sem parar ou se virar,
e se ajoelhou diante dele, e disse, olhando em seu rosto:
"Deus te dê vida longa, nobre rei."
Charles disse a ela: "Eu nã o sou o rei."
Ela respondeu: "Em nome de Deus, senhor, você é o rei, e nenhum
outro! Dê -me tropas para socorrer Orlé ans e protegê -lo até Rheims
para ser ungido e coroado. Pois é a vontade de Deus."
Entã o Charles a desmontou um pouco e falou com ela em particular,
vendo que ela o conhecia. Mas o que eles disseram juntos nã o nos é
dito. No entanto, quer tenha sido entã o ou um pouco mais tarde, isto
sabemos: que o sinal pelo qual o rei deveria saber que ela era de Deus
foi dado, e sua mente foi mudada por isso. Pois o que Joan fez foi isso.
Ela contou a ele sobre a é poca em que ele, Carlos de Valois, Del im
da França e verdadeiro rei, de sangue real, havia, em um dia memorá vel,
se retirado de todos os outros homens e feito uma oraçã o especial em
seu orató rio totalmente sozinho, duvidando de sua pró pria linhagem e
seu direito. Se de fato ele nã o era de sangue real, mas um bastardo
nascido como sua mã e havia proclamado, entã o deixe Deus remover de
seu coraçã o o desejo de soberania. Mas pelo menos nã o o deixe ser
morto ou capturado, mas escape para salvaguardar na corte de Castela
ou da Escó cia, amigos de antigamente com os lı́rios.
Ora, isso nã o era conhecido de ningué m, a nã o ser dele mesmo que
orou, e de Deus, pois nenhum sussurro de tais dú vidas em seu coraçã o
poderia ser ouvido dele para vergonha. No entanto, Joan contou-lhe
sobre essa oraçã o, tendo tido conhecimento dela de seus parentes do
Paraı́so.
Esse era o sinal e era de poder.

Na parede cortina do Castelo de Chinon, erguia-se uma torre


chamada "A Torre de Coudray", onde hospedava um o icial da corte, um
certo William Bellier, e sua esposa. Lá , e com eles, foi Joana alojada e
dada uma famı́lia, como conseqü ê ncia, com um pequeno pajem de
quatorze anos, chamado Louis de Coutes, que muitos anos depois se
lembrou de suas oraçõ es e seu fervor, e que se maravilharia com o
grande homens entrando e saindo para falar com ela. Mais tarde,
també m, ela teve um cavaleiro como mordomo e companheiro de luta,
um homem de nascimento, famoso na luta, Joã o de Aulon, e um capelã o,
um certo John Pasquerel, um agostiniano que era seu confessor; mas ela
també m se confessava a outros e nã o tinha um diretor nas coisas da
alma. Pois sua mente nã o seguiria a mente de outra, exceto a de seus
visitantes, os santos que eram tã o bonitos e traziam consigo os ares do
cé u.
Naqueles dias havia na corte um jovem nobre, també m de sangue
real, formoso, muito valente e perpetuamente em batalha cavalgando
para as armas, o duque de Alençon. Ele també m estava mais perto da
coroa do que por primo do sangue real apenas, pois ele tinha que se
casar com a ilha de Orlé ans, prima-irmã do rei, e a mã e dela també m
era de sua casa. Ele havia lutado na derrota de Verneuil, cinco anos
antes, e fora capturado; mas quando lhe foi oferecida a liberdade se
renunciasse à sua lealdade e jurasse pela causa Plantageneta, ele nã o o
faria, mas preferia o pesado fardo de seu resgate. Por essa lealdade seu
nome era amado por todos, e já pela Donzela, embora ela nã o o tivesse
visto. Ele nã o estivera no corredor na primeira noite em que Joan
chegara, pois passara o dia rio acima, nos pâ ntanos, caçando
codornizes.
Ele veio na manhã seguinte, quarta-feira, e, ao se dirigir à presença,
encontrou Joana ali com o rei, que os deu a conhecer um ao outro, e ela,
vendo aquele jovem e formoso soldado, ordenou lhe dê as boas-vindas,
dizendo que quanto mais sangue real for reunido em torno da coroa,
melhor.
Na manhã seguinte, quinta-feira, 10 de março (naquele dia també m
os ingleses de Orleans começaram sua nova fortaleza, para bloquear a
estrada oriental daquela grande obra chamada "O Forte de Sã o Loup"),
ele a viu novamente.
Foi na capela do castelo na missa do rei, onde ela se levantou e fez
uma reverê ncia ao rei; e, depois da missa, naquela manhã , Carlos levou
a ele e a La Tré moille, cuja pesada carcaça estava sempre sobre o rei, e
pediu a Joana que també m viesse, e os quatro foram juntos a uma sala
privada do rei até o meio-dia, quando jantaram . Foi ali que Alençon
ouviu a Donzela falar abertamente sobre as coisas da França: como o
reino era mantido em idelidade a Deus, ú nico de quem Carlos era
vassalo e sub-senhor, como todos os seus pais o foram antes dele. (Pois
assim eles permaneceram desde aquele dia em que Robert, o Forte, cujo
local de nascimento e linhagem de pai nenhum homem conhecia, havia
mantido a França contra os pagã os muito tempo atrá s na noite dos
anos. Dele descendiam todos os reis, e aquela coroa Capetiana que era o
centro e sustentá culo do mundo e o olho da cristandade, agora em tã o
pesado perigo.) Que Charles (ela disse) rendesse seu feudo, o grande
reino, a Deus e o recebesse novamente como vassalagem para segurar
pelo Rei do Cé u ; e que ele continue vivendo em misericó rdia, perdoe
prisioneiros, seja bom para os humildes e grandes e até mesmo para
seus inimigos.
Alençon a ouviu falar e desde aquele dia acreditou que ela era de
Deus. E a partir desse dia, també m, eles se tornaram amigos de armas,
entendendo-se mutuamente.
Mas o gordo Tré moille, o quarto daquele grupo (ele mesmo quatro
anos depois de ser esfaqueado e resgatado naquela mesma torre),
estava sem visã o e base, ele que tinha muito poder sobre o rei. Ele era
daqueles (e eles eram a maior parte dos homens muito ricos
misturados em negociaçõ es e negó cios) que conheciam bem as coisas
deste mundo, e achavam absurdo, nem mesmo decente, que uma garota
tã o jovem, de baixa origem, analfabeta , ultimamente vindo do nada,
deve jogar o lı́der, nã o tendo nenhum terreno. Pois eles entendiam que
tipo de relaçã o os grandes cavalheiros mantê m com suas formas e
maneiras e seus planos de estado, e podiam ler os coraçõ es corruptos
dos governantes e seu ouro, Borgonha e Bedford e a vil rainha viú va,
Anjou de Bar, Lorraine e o resto . E seu deleite era o há bil jogo de
interesse e bajulaçã o, ameaça e pacto secreto e contra-pacto; mas o que
poderia aquela vilã , nem mesmo escriturá ria, saber dessas coisas? Com
ele, també m, nesse desprezo estavam Regnault de Chartres, arcebispo
de Rheims, primaz do reino a quem todos devem prestar atençã o, e
toda a confusã o dos exaltados. A saı́da deles das labutas em que
estavam os Armagnacs (pois aos seus pró prios olhos eram apenas
Armagnacs e nã o alcançavam visã o de toda a França, a terra maior) era
brincar com a Borgonha e suas brigas, retirá -lo de Bedford e dos
Plantagenetas , coloque cunhas na fenda. Por polı́tica e astú cia eles
seriam salvos, sendo hienas rindo de leõ es, e a vitó ria direta pela
espada perturbava suas tecelagens. Nem poderia o rei, embora fosse
gentil e muito comovido pela Donzela, resistir totalmente a eles.
Mas Alençon acreditou, e a fé em seus belos olhos permaneceu. Pois
ele lutou e conhecia a natureza da guerra e da vitó ria, como é da alma.
E agora era necessá rio que fosse feito um julgamento da
reivindicaçã o de Joana e de suas palavras e sua missã o; pois os homens
devem ser protegidos contra fraudes, e mesmo se seus poderes fossem
poderes de fato (como parecia que eram, pois como com seus
companheiros de Meuse, entã o aqui no portã o do castelo de Chinon e
no salã o com o rei, ela tinha conhecimento e profecia), mas deve ser
conhecido, para a honra da coroa e por sua pró pria segurança, se esses
poderes eram do cé u ou do inferno. Pois os homens daqueles dias nã o
eram como os homens agora, cegos para as coisas alé m do mundo, mas
conheciam bem a força de Deus e de Seus santos e també m do Prı́ncipe
das Trevas. Alé m disso, sua fama já havia se espalhado por toda a
cristandade, e os homens estariam escrevendo sobre ela na Itá lia e na
Alemanha, em Flandres e nas costas do mar.
Portanto, muitos homens eruditos e clé rigos, bem como grandes
senhores, vieram questioná -la na Torre de Coudray e mensageiros
foram enviados para a infâ ncia e cará ter e tudo o que poderia ser
Domré my para descobrir o que seu povo era e sua infâ ncia e cará ter e
tudo o que poderia ser conhecida, mas ela pró pria deveria ir a Poitiers e
lá ser examinada.
Pois em Poitiers havia uma universidade cheia de homens eruditos,
tanto da Igreja, aptos a tentar tais coisas, quanto de leigos, que podiam,
por meio de perguntas e respostas, peneirar completamente sua
histó ria e seu testemunho de si mesma. També m fugiram para lá os
poucos membros da grande Universidade de Paris que ainda eram leais
ao rei. Pois a maior parte daquele corpo poderoso, os principais
mé dicos do reino, apegavam-se ferozmente à Borgonha e aos
Plantagenetas, odiando os Armagnacs como ainda odiava a capital onde
eles se sentavam. Portanto, Joan foi enviada a Poitiers, nã o muito longe
dali, a dois dias de cavalgada ao sul, subindo o Vienne e o rio Clain, e
para lá també m foi aquele duvidoso, Regnault, o Primaz, e ali estavam
reunidos Sé guin, o dominicano do Limousin, instruı́do em coisas
ocultas, e aquele outro Seguin, o franciscano, e Machet, o confessor do
rei, e Aymeiri e Lombart, doutores nessas coisas, professores de direito
e teologia, e muitos outros escrivã es e leigos, presididos pelo primaz.
Quando foi avisada para a viagem, nã o sabia para onde a
mandariam e, quando ouviu, suspirou e disse: "Para Poitiers? Em nome
de Deus, carregarei um fardo su iciente - mas vamos embora." Pois seu
coraçã o ainda estava antes de Orleans, e a cada dia seu perigo
aumentava.
Entã o ela alcançou Poitiers e eles a alojaram na casa do advogado-
geral, um leigo. Rabuteau, cuja casa era chamada de "O Albergue da
Rosa", pois naquela é poca as casas particulares dos principais homens
tinham esses nomes, e nã o apenas pousadas.
A ela, nesta casa, vieram os inquisidores envolvidos no caso e
pressionaram-na de perto com perguntas e perguntas cruzadas para
experimentar sua missã o e sua reivindicaçã o. Mas isso a cansou. Pois de
um lado estava seu conhecimento certo do que vira e ouvira tã o
claramente quanto vemos e ouvimos as coisas deste mundo, mas, do
outro lado, havia apenas palavras e frases e a iaçã o de
argumentos. També m em seus ouvidos e diante de seus olhos,
freqü entes, voltando, estavam aqueles amigos de quem ela tinha
certeza como de companheiros cotidianos, e suas vozes nã o mais
erradas do que a fala de nossas famı́lias. Em tal companhia ela morou -
e o tempo foi curto. Pois eles lhe disseram que ela tinha apenas "um ano
e um pouco mais". E Orleans estava estrangulando.
Mesmo assim, ela respondeu abertamente e com franqueza, uma
alma com saú de e lidando com coisas reais. Tampouco icou comovida
até mesmo em loucura, exceto uma vez, quando aquele erudito Sé guin
do Limousin com seu estranho sotaque sulista e longos "o's" perguntou
a ela em que lı́ngua os adorá veis falavam com ela - como se tivessem
falado ela na fala ela nã o podia seguir! Ela respondeu com sua voz clara
de Lorraine: "Melhor francê s do que o seu!" O mesmo aconteceu
quando o erudito Lombart voltou a lhe fazer aquela velha pergunta:
"Por que você procurou o rei?" ela disse a eles o que todos sabiam e,
cansada de tanto repetir, disse o que disse em voz alta - um pouco alto
demais; e a Sé guin novamente quando perguntou: "Você acredita em
Deus?" ela respondeu com convicçã o: "Mais forte do que você !" pois ela
sabia que os eruditos sempre duvidam, perscrutando apenas uma
coisa. O erudito Aymeiri colocou-lhe a pergunta sempre feita à queles
que a irmam a ajuda divina: dizer que se fosse a vontade de Deus
libertar o reino, Ele poderia fazê -lo sem homens de armas. A quem ela
respondeu que, se eles lhe dessem alguns cavaleiros, eles cumpririam a
vontade de Deus muito bem.
Por im, pediram-lhe um sinal. Um sinal que ela deu. Mas nã o cabia
a ela falar dessa coisa secreta, para que a velha dú vida do rei sobre seu
sangue nã o se espalhasse, para sua vergonha.
"Podemos arriscar a vida de homens com sua palavra?" Um milagre
foi exigido para con irmar tais a irmaçõ es terrı́veis.
"Em nome de Deus, nã o vim aqui a Poitiers para fazer milagres. Em
Orleans você verá milagres o su iciente. Com poucos homens ou com
muitos, para Orleans eu irei."
Mas aqueles dias de testes e perguntas deram frutos. Ela recusou -
ou entã o nã o pô de conceder-lhes um sinal, disse ela. No entanto, um
sinal que ela deu a eles, embora eles nã o pudessem testá -lo naquele dia
ou naquele lugar. Foi um sinal que muitos que entã o ouviam viveram
para provar: pois ela profetizou.
Quatro coisas, disse a Donzela em uma nova solenidade, quatro
coisas aconteceriam.
Orlé ans, vou aliviar.
O Dauphin eu irei coroar em Rheims.
Paris vai voltar para seu verdadeiro rei.
O duque de Orleans, cativo na Torre de Londres, voltará para casa.
Nessa ordem ela deu as coisas que viriam. Nessa ordem eles
aconteceram.
O tribunal nã o foi duro nem se opô s. Eles a ouviram como juı́zes e
mantiveram seu estado. Mesmo aquele primata que em seu coraçã o a
desprezava fazia justiça entre a dú vida e a aceitaçã o. Ele admitiu o que
poderia ser admitido. Todos eles també m. Alguns dizem que foi porque
o rei assim o quis, alguns dizem que foi porque pesaram com justiça,
sendo treinados para tais coisas e nã o tendo causa contra ela (exceto o
sentimento dos eruditos contra os simples), e nisso eu vou acreditar. E
o tempo todo ela tinha muito mais certeza do que eles. Mais tarde, para
Alençon (a quem ela disse tantas coisas), ela disse que tinha mais
conhecimento concedido a ela e mais poder do que ela teria em
Poitiers; pois ela foi, em todo o seu breve tempo, cuidadosa na guarda
secreta de sua luz. Pois embora ela tivesse falado abertamente sobre as
vozes, a ningué m, exceto ao rei, ela falara de seus visitantes do
Paraı́so. També m em Poitiers ela nada disse a respeito deles, e foi bom
que o izesse, e foi devidamente orientada.
Todo aquele tempo em Poitiers, sempre que ela falava de Charles,
ela o chamava apenas de "Dauphin". Ela que tantas vezes o chamava de
rei, para proclamar seu direito. Eles perguntaram por que ela usava a
palavra "del im", que seus inimigos usavam para negar sua coroa. Ela
respondeu que até que o coroasse, como faria, ele nã o era rei. Portanto,
com estes, ela nã o usaria nenhum outro tı́tulo.
Mais uma vez, ela foi enviada a Poitiers, mas o veredicto inal foi
aberto o su iciente. Nã o deixe o rei rejeitá -la; tã o grande era o perigo
que a ajuda oferecida nã o deveria ser recusada levianamente. Que ele
nã o a tome cegamente. Que ele a experimente pelo pleno conhecimento
de sua vida e pela oraçã o, e aguarde um sinal. . . . Mas o rei havia
decidido.
Todos esses exames foram registrados. Nenhuma pesquisa
descobriu esse registro. Ele está perdido. Ou algum inimigo o
destruiu? Depois que ela falhou e morreu?
Antes da morte, ela apelou por isso, mas nã o foi trazido, ou seus
inimigos nã o iriam buscá -lo. Alguns dizem que o arcebispo, nunca seu
amigo, e (depois que ela partiu deste mundo) seu maligno, roubou o
"Livro de Poitiers". Nã o há provas. Pode ser que os homens ainda o
encontrem.
As lembranças de seus dias em Poitiers perduraram por muito
tempo. Thibault, um rapaz da casa de Rabuteau, lembrava-se dela, de
sua alegria e fala. Como ela deu um tapinha no ombro dele e disse que
poderia desejar muito mais dessa boa vontade. E muitos anos depois,
quando tudo havia se tornado um conto antigo, um homem persistente
no extremo da idade apontava para a coisa que vira na juventude, na
ladeira na esquina da rua de Santo Estê vã o. Foi apenas um momento; a
Donzela pulando da pedra para a sela e cavalgando naquele dia de
primavera quando ela deixou sua cidade de Poitiers para ir ao rei mais
uma vez, para libertá -lo e coroá -lo: pois ela havia dito: "Na verdade,
para isso eu nasci."
Era meados de abril. Quase seis semanas foram jogadas fora. Mas
agora a Donzela pode estar armada.

T HEY feito para ela IN T NOSSA , PELO um armeiro DE daquela cidade, uma
armadura branca. Suas placas eram grossas e pesadas, e o elmo com
sua viseira també m era robusto e difı́cil para uma mulher usar. E foi
pago por aquela armadura tanto quanto trezentos acres de boa terra
renderiam em aluguel, o valor de meia vintena de cavalos fortes. Ela
tinha um grande cavalo dado a ela també m para carregá -la, tudo do rei.
E lá també m ela fez por seu comando um estandarte pelo qual ela
poderia ser conhecida em batalha. Pois naquela é poca os comandantes
precisavam de tal coisa, já que com a viseira abaixada nã o podiam ser
conhecidos por seus seguidores, a nã o ser pela bandeira. Mas esse
padrã o dela vinha de suas irmã s do Paraı́so, pois foram Santa Catarina e
Santa Margarida que lhe disseram, nas vozes que a arrebataram, de que
tipo deveria ser. Era para ser de linho branco ino, com os lı́rios do reino
espalhados e costurados, e deveria ser pintada sobre ela a igura de
Nosso Senhor com o mundo em Suas mã os, e de cada lado dois anjos
adorando, com o lema: "Jesus, Maria". E assim foi feito em seu longo
bastã o para ela segurar. Quanto ao brasã o em seu escudo, que era azul,
era uma pomba branca, com um pergaminho em seu bico, e escritas
neste pergaminho estavam as palavras: "Por ordem do Rei dos Cé us."
O rei també m lhe teria dado uma espada, nova, como a armadura
era. Mas ela tinha o propó sito de nunca matar ou ferir as pró prias mã os
em batalha e nã o teria essa espada. Mas, uma vez que algué m de armas
deve ter alguma espada, foi-lhe dada uma espada de poder; e foram
seus parentes do Paraı́so que descobriram que ela poderia dar um sinal
novamente.
Pois ela tinha uma carta escrita aos sacerdotes do santuá rio de
Santa Catarina de Fierbois, o dia de cavalgada alé m de Chinon, a mesma
em que ela rezou e ouviu trê s missas no momento em que cavalgava
pela primeira vez para o rei. Lá , perto do altar, eles deveriam cavar e
encontrariam enterrada há muito tempo na terra, mas nã o
profundamente, uma velha espada de poder. E para que eles soubessem
com que autoridade ela falava, ela disse-lhes que quando encontrassem
esta espada, veriam gravada nela cinco cruzes. Mas ela nã o viu o
homem a quem enviaram esta mensagem.
Entã o eles cavaram atrá s do altar daquele santuá rio como ela havia
ordenado e encontraram aquela velha espada enterrada lá na terra, mas
nã o profundamente, e as cinco cruzes estavam nela, como ela havia
dito. Mas estava enferrujado. Eles o poliram, portanto, até que brilhasse
e o enviaram de volta para ela em Tours. E o povo de Tours,
vangloriando-se deste novo sinal, deu-lhe duas bainhas para a espada,
uma de veludo para uso diá rio e outra de tecido de ouro para os
grandes dias. Mas ela tinha uma forte bainha de couro feita para esta
espada e a mantinha ao seu lado sempre que cavalgava em armas. No
entanto, embora muitas vezes estivesse em sua mã o, nunca tirou
sangue nem mesmo deu um golpe (exceto uma vez, quando, com a
parte plana, ela expulsou uma mulher solta do acampamento), mas foi
para ela um sinal de comando, com o qual em sua mã o direita, e o
bastã o de seu estandarte em sua esquerda e plantado, ela icaria no
calor da batalha gritando " Hardi! " ser ferido, mas nã o ferir.
E, de fato, como outro sinal, ela previu a primeira ferida que
sentiria. Pois ela disse ao rei naqueles dias:
"Orlé ans devo salvar e colocar em fuga os ingleses, e bem na cidade
uma lecha me ferirá , mas nã o mortalmente, e neste mesmo verã o você
será coroado em Rheims."
E isso ela disse em meados de abril, quando voltou de Pointiers para
ser armada.
Ora, havia na cidade de Lyon naquela é poca um Rotselaer, um
comerciante de Flandres que servia a prı́ncipes e cidades nas parcelas
daqueles tempos. E como todos agora falavam da Donzela em todo o
Ocidente e em toda a cristandade, també m nos Paı́ses Baixos (que eram
da Borgonha), de onde veio Rotselaer, sua causa foi muito debatida, a
favor e contra. Portanto, este homem escreveu uma carta para eles, de
Lyon, para Bruxelas em Brabant, que é a principal cidade dessas
partes. Esta carta ele marcou com o dia da escrita, que era sexta-feira,
dia vinte e dois de abril, e nela ele contou o que a Donzela havia dito ao
rei, como ela seria ferida por uma lecha diante de Orleans, mas nã o
mortalmente; pois a fama dessa prediçã o havia chegado ao lugar onde
ele jazia. Esta carta foi registada pelo Conservador do Tesouro de
Bruxelas e, portanto, deu testemunho.
Aconteceu que nestes mesmos dias de abril seus irmã os Joã o e
Pedro vieram se juntar a ela (pois eles haviam peregrinado com sua
mã e de Domré my ao santuá rio de Nossa Senhora de Le Puy nas
montanhas), e com eles estava o sacerdote Pasquerel, que se tornou seu
capelã o; e todos estes se juntaram a sua famı́lia, à qual també m foi
adicionado outro pajem, Raymond, com o cavaleiro John d'Aulnon e
seus constantes assistentes Nouillonpont e Poulengy, que cavalgaram
com ela desde as marchas de Lorena.
E agora ela iria partir. Mas antes de fazê -lo, ela enviou a Bedford, o
chefe dos ingleses, e ao inimigo antes de Orlé ans, uma convocaçã o,
como era o costume da cristandade, para que o sangue nã o fosse
derramado indevidamente por uma causa errada. Esta foi a convocaçã o
que ela proferiu palavra por palavra em Poitiers na terça-feira da
Semana Santa, há quase um mê s, e havia escrito por ela e assinado:
"Rei da Inglaterra, e você , Duque de Bethfort, que se autodenomina
regente do reino da França; William de la Poule Conde de Suffort, John
Lord de Thelabot e você , Thomas Lord de Escalles, que se
autodenominam tenentes do referido Duque de Bethfort, faça bem pelo
Rei do Cé u ao sangue real: entregue à Donzela que é enviada por Deus,
o Rei do Cé u, as chaves de todas as boas cidades que você tomou e
arrebatou na França. Ela veio aqui por ordens do Rei do Cé u para
redimir o sangue real; ela está pronta para fazer as pazes se você izer o
bem por ela e pela França, à qual você pode fazer justiça e retribuir o
que apreendeu. E você s, arqueiros e companheiros de quartel de
guerra, de nascimento nobre ou de baixo, que estã o diante da boa
cidade de Orleans, partam, em nome de Deus, para seu pró prio paı́s. Rei
da Inglaterra, se você nã o izer isso, eu sou um lı́der na guerra e em
qualquer lugar que eu possa encontrar seu povo na França, irei expulsá -
los à vontade, e quem nã o obedecer eu matarei e quem irá Eu obedeço,
vou poupar. Nem acredite que você pode segurar nada do reino da
França. Nã o, por Deus, o Filho de Maria! Carlos, o rei, vai segurá -lo, o
herdeiro certo. Pois Deus, o Rei do Cé u, assim o deseja, como a Donzela
revelou a ele. Ele chegará inalmente a Paris com uma boa
companhia. Se você nã o der ouvidos à s palavras de Deus pela boca da
Donzela, em qualquer lugar que o encontrarmos, faremos grandes
balanços e faremos um tumulto tã o violento como nã o foi criado na
França nestes mil anos. Entã o veremos qual tem direito melhor do Deus
do Cé u, nó s ou você ! "
E quando, mais tarde, ela veio para Orleans, dois arautos levaram
esta convocaçã o. Um, os comandantes do exé rcito de cerco mandam de
volta; a outra (Guienne era o nome dele) eles guardaram, dizendo que o
queimariam - sim, e se a pegassem, a Donzela també m. Quem ao ouvi-lo
disse: "Deixe-os queimar, se algum dia me segurarem, mas se eu tiver a
vitó ria, que vã o embora." No entanto, eles a seguraram no inal.
Antes que o ataque pudesse ser feito, primeiro pensou-se melhor
abastecer a cidade, e para isso um grande comboio foi preparado rio
abaixo, em Blois, uma cidade no poder do rei, distante de Orlé ans, trê s
dias de marcha, em marchas de um dezenas de milhas, mas em um
longo dia de cavalgada. E a razã o pela qual se achou melhor abastecer a
cidade foi esta:
Já há algum tempo, o duque da Borgonha tendo levado seus homens
embora com uma desculpa (ele nã o havia rompido com Bedford, mas
jogou rá pido e solto, ouvindo as intrigas em Chinon e observando onde
poderia estar sua melhor vantagem), o Os comandantes ingleses
enviaram reforços. E, estando agora livres para fazer o que fariam sem
interferir com a Borgonha (que reivindicou o lugar e quem poderia tê -
lo poupado), eles decidiram reduzi-lo sem mais demora. Alé m disso,
como nã o eram numerosos o su iciente para garantir um ataque a uma
cidade tã o grande, eles a fariam morrer de fome. Até entã o, eles haviam
observado apenas do lado de onde o socorro poderia vir, isto é , do
oeste, rio abaixo, olhando para Chinon e Tours; e assim, por outras
partes, a comida podia chegar aos sitiados. Mas agora eles construı́ram
obras no leste, també m, e tornaram o bloqueio mais reto; e logo,
quando mais homens os alcançassem, eles o completariam. Portanto,
havia pouco tempo para socorrer a cidade.

E agora deve ser visto como icava esta cidade de Orleans.


E sobre o rio Loire, que tinha entã o, antes de novos cais serem
construı́dos, cerca de dois está dios de largura ou um pouco mais de
margem a margem. O Loire vem do leste e lui para o oeste, e é na
margem norte que ica Orleans. Era grande para uma cidade daqueles
dias, estando perto de cinco está dios ou mais do rio até o portã o norte,
onde saı́a a estrada de Paris, e sete pelo menos do lado leste para o
oeste ao longo do rio; isto é , medindo da parte externa da vala, mas
menos de parede a parede.
O rio Loire, que o abastecia, nã o é como outros rios da França do
Norte. Pois estes sã o cheios e silenciosos o ano todo, mas o Loire corre
muito alto e cheio ou muito raso, tudo em poucos dias, conforme as
chuvas caem ou a neve derrete nas montanhas ao sul, onde nasce . Se
você o visse no inal de uma longa seca de verã o, nã o pensaria que se
trata de um rio, apenas ios de á gua entre grandes bancos de areia que
preenchem seu leito. Mas, depois das chuvas, sobe tanto que esconderia
uma casa, mas nã o por muito tempo. As chuvas cessam, a á gua escorre
rapidamente. Essa estranheza no rio també m tem o seguinte problema:
quando ele está equipado para transportar grandes barcos, entã o é uma
corrente violenta contra a qual apenas um vento forte levará os navios
para cima, e quando a corrente está fraca, entã o nã o há á gua para
embarcaçõ es profundas. Agora, as forças francesas estavam rio abaixo
e, para transportar mercadorias pelo rio até Orlé ans, elas deveriam
enfrentar a correnteza.
De Orlé ans até a margem oposta do sul, a grande estrada era
conduzida por uma ponte construı́da mais de duzentos anos antes dos
dias da Donzela, e esta ponte que os homens de Orleans quebraram nos
arcos de sua extremidade sul, para evitar o inimigo de entrar por ele. E
naquela extremidade sul, na margem direita, os ingleses haviam
fortalecido e segurado as duas torres de pedra que a defendiam,
chamadas de "Tourelles", e cavado um fosso na frente deles,
conduzindo a á gua do rio e passando por este fosso por uma ponte
levadiça, e do outro lado desta ponte levadiça um pouco para o interior,
eles colocaram um bastiã o, paliçada, para fazer uma proteçã o
adicional; e alé m disso novamente eles tiveram seu forte chamado "dos
Agostinianos".
Quanto à s outras obras, eram muitas, mas as principais eram
quatro. Uma fortaleza de montı́culo e paliçada a oeste da cidade perto
do rio, chamada "St. Laurence", e vigiando a estrada de Blois e rio
abaixo. Outro ao norte chamava-se "Paris", porque vigiava a estrada de
Paris. Entã o aquele ao sul (em frente a Tourelles e ao Bastiã o) chamou
os "agostinianos", de um mosteiro em ruı́nas no qual foi construı́do, e
vigiando a estrada do sul. E ultimamente os ingleses també m
construı́ram no leste, rio acima, um muito grande chamado "St. Loup",
do subú rbio onde ele icava. Observava a estrada do leste e rio acima.
Tal era o cená rio do exé rcito sitiante em torno de Orleans, mas
devemos entender que havia outras obras entre eles, fazendo um anel, e
ainda que o nú mero de sitiantes até agora nunca tinha sido su iciente
para impedir que provisõ es entrassem à s vezes atravé s do lacunas
entre os pontos fortes. Alé m disso, por manterem tantos fortes
espalhados, eles ainda nã o tinham o su iciente em nenhum deles para
espantar qualquer grande corpo que tentasse entrar na cidade; mas
eles estavam esperando novas forças e já haviam bloqueado tanto as
estradas que a comida estava icando escassa e logo seria ainda mais
escassa.
Na quinta-feira, dia 28 de abril, entã o, a quinta-feira antes da
Semana da Ascensã o, esse comboio foi reunido em Blois para revitalizar
Orleans.
Uma grande coluna foi com ele: de guerreiros equipados e
disciplinados talvez nã o mais do que quatro mil, mas com eles muitos
mais de tropas rudes; faná ticos por acaso també m, e o clero em uma
grande banda cantando o " Veni Creator " A frente deles cavalgava Joan
com estandarte e pajem, em sua armadura branca, que naquele dia de
sua chegada antes de Orleans (era quinta-feira, dia 28 de Abril) ela usou
pela primeira vez em tantas horas.
Eles passaram pela margem sul, para sua raiva. Pois ela desejava ir
pelo norte e vir direto para a cidade. Os capitã es frustraram esse
plano; pois o inimigo mantinha Beaugency e Meung no meio, e seu
acampamento principal icava perto do rio, fora do portã o oeste da
cidade. Ela havia dito que os ingleses nã o sairiam de seus fortes ou
acampamento - e ela estava certa; pois sua força em pequenos
destacamentos nã o era su iciente e eles con iavam, por reduzir a
cidade, aos seus canhõ es, por enquanto, e ao lado do reforço que
chegaria em poucos dias. Se a Donzela tivesse cavalgado naquele dia,
ela teria satisfeito seu coraçã o com seu zelo.
Portanto, quando aquele que comandava a guarniçã o de Orleans
cruzou as á guas para encontrá -la na margem sul, ela ainda estava
furiosa e perguntou a ele por que a mudança havia sido feita.
Ele disse a ela que os capitã es mais sá bios achavam que era o
melhor. Ela respondeu: "Aqueles que me guiam sã o muito mais sá bios."
Ele era o Bastardo de Orleans, meio-irmã o do duque que estava
prisioneiro na Inglaterra e tio da esposa de Alençon. Mais tarde, ele
seria chamado de Conde de Dunois - e desde o inı́cio ele acreditou na
Donzela, pois ele era um soldado. Mas havia algo por vir, dentro de uma
hora, que o faria acreditar com mais irmeza.
Os barcos carregados com o abastecimento para Orleans estavam
na costa. Eles deveriam subir o riacho cinco milhas até a aldeia de
Ché cy e de lá suas cargas deveriam vir por estrada até o portã o leste,
chamado de "Borgonha". Pois pelo portã o oeste o inimigo era mais
numeroso, mas aqui, no leste, apenas o forte de St. Loup com trezentos
homens ameaçava a rodovia, e que poderia ser coberto por forças que
seriam transportadas de balsa.
Mas nã o era possı́vel fazer os barcos carregados subirem essas
cinco milhas contra o forte riacho, pois um forte vento soprava rio
abaixo do leste, onde Ché cy jazia.
Quando, portanto, o Bastardo disse a ela que a sabedoria dos
capitã es havia frustrado seu plano e ela respondeu a ele, ela també m
usou estas palavras:
"Você está enganado - melhor socorro eu trago do que nunca veio
para a cidade ou homem de armas, pois é a ajuda do Rei dos Cé us."
E imediatamente aquele vento leste caiu e, apó s uma pausa, soprou
repentinamente e com violê ncia do oeste; nem poderia o Bastardo em
quase trinta anos apagar aquele momento de sua mente. Mas, em sua
idade, ele prestou testemunho da admiraçã o que se apoderou dele,
chamando o que havia acontecido de um milagre de Deus.
Pois o vento agora estava tã o violento do oeste que cada barcaça a
vela poderia rebocar duas outras, e todos vieram naquele dia para
Ché cy, onde nenhum homem depois da manhã esperava vê -los, e Joan
cruzou com duzentas lanças e dormiu que Quinta-feira à noite em Reilly
pró ximo à mã o, na casa de um Guy de Chailly, de quem isso é dito, que
só dos mortais antes ou depois dele, naquela noite, foi concedida a
visã o dos celestiais sobre ela e foi abalado.
No dia seguinte, sexta-feira, eles a fariam segurar com força em
Reilly durante o amanhecer; mas quando a escuridã o caiu, uma hora
apó s o pô r do sol, ela cavalgou à direita do Bastardo, esplendidamente
montada, e viu, quando se aproximou do Portã o da Borgonha, grande
luz de muitas tochas e ouviu o barulho de uma multidã o, pela cidade
estava derramando para conhecê -la. Ela mudou o coraçã o dos
homens; as arrecadaçõ es de cidadã os agora se moveriam; a guarniçã o
já nã o temia; os homens de armas sentiram o cheiro da vitó ria; e no
comando de Talbot estava acumulando o medo de coisas
sobrenaturais. Eles pensaram que Joan uniu-se a poderes terrı́veis e
seus espı́ritos falharam.
Quando ela entrou pelas ruas com a gritaria do povo, e sua pressã o
e clarõ es de tochas, mulheres e homens e crianças subindo contra seus
estribos para tocar e beijar sua cota de malha, uma chama pegou seu
estandarte. Ela abaixou o cajado para deixar a coisa bordada tocar o
chã o e moveu seu cavalo sobre ela para apagar a chama, entã o a ergueu
novamente.
Eles passaram lentamente em seus milhares de gritos para a Igreja
da Verdadeira Cruz para dar graças, e entã o a carregaram para a casa de
Boucher, o tesoureiro do Duque, pelo portã o oeste chamado "Regnart"
no outro lado da cidade. Ela o havia percorrido de ponta a ponta, e já
em espı́rito a causa estava vencida.
No dia seguinte, ela convocou Glasdale em Tourelles, prometendo
paz. Mas eles zombaram dela como uma camponesa; depois, durante
todo o domingo, dia de maio, e també m no dia seguinte e no dia
seguinte, ela esperou, a multidã o aplaudindo em volta de sua casa; pois
o Bastardo e suas tropas partiram para encontrar um novo comboio. Na
quarta-feira, eles chegaram pela manhã com as provisõ es e ela cavalgou
com seus homens para recebê -los. Mas quando ela voltou, ela estava
cansada de sua armadura e se deitou para descansar, sua an itriã ao
lado dela; enquanto em um sofá naquela sala estava D'Aulnon, seu
cavaleiro.
Ela dormiu. Mas suas vozes a chamaram e a acordaram. Ela gritou
para seus companheiros que havia uma luta em andamento. Ela
amaldiçoou sua pá gina por deixá -la dormir. Ela se apressou em sua
armadura, gritando por seu cavalo, e quando ela estava montada, ela
chamou na porta da rua seu estandarte, que em sua pressa ela havia
deixado para trá s, e o rapaz o deu por uma janela. Entã o ela galopou
com D'Aulnon até o portã o leste, as faı́scas voando das ferraduras até
que, com certeza, ela chegou onde, a trê s quilô metros de distâ ncia, os
homens do Bastardo estavam trovejando ao redor das obras de St.
Loup; a quem ela se juntou, até que o forte foi tomado e todos os
ingleses nele levados ou mortos.
Tempo pressionado. Eles tinham notı́cias de que Fastolf e seus
reforços ingleses estavam muito avançados em direçã o a Orleans na
estrada de Paris. Naquela noite - era quatro de maio - ela disse que
dentro de cinco dias o cerco seria levantado: isto é , no oitavo dia.
Mais uma vez, poré m, Joan convocaria os Tourelles. Ela seguiu
perigosamente ao longo da ponte até onde estavam os arcos quebrados
e teve sua mensagem disparada por uma lecha no porã o inglê s. Mas
aqueles que o pegaram gritaram de volta: "Notı́cias da prostituta dos
Armagnacs!" - palavra que ela chorou, mas seus divinos a confortaram.
O dia seguinte era quinta-feira, a Festa da Ascensã o e uma tré gua de
armas. Na manhã seguinte, sexta-feira, começou o triunfo.
Se o posto meridional alé m do rio, o Tourelles, caı́sse, o cerco seria
rompido; visto que, se assim fosse, haveria daı́ em diante toda a frente
ribeirinha aberta para o acesso à cidade. Ela ordenou que eles a
acordassem ao amanhecer.
Nesta margem sul icava o forte principal dos sitiantes, os
agostinianos, guardando a estrada sul para a ponte com um forte menor
de um lado; entre ela e a ponte, a muralha lançada para proteger os
Tourelles; atrá s da muralha novamente, na beira da á gua, no inal da
ponte que dava para os arcos quebrados, as torres de pedra dos
pró prios Tourelles, Glasdale segurando-as.
Naquela manhã de sexta-feira, a milı́cia da cidade cruzou primeiro o
rio, rio acima, e Glasdale retirou seus homens do forte lateral e atacou
os agostinianos, de onde uma investida atirou os cidadã os de volta em
um rebanho. Mas naquele momento a pró pria Donzela pousou e os
reuniu. Ela, D'Aulnon e os cavalheiros de armas agora pousavam,
montados, carregados com lanças e, nã o sem confusã o, os carregadores
carregados por sua vez sobre o portã o dos agostinianos - tal coragem
tinha o fogo daqueles dias para eles, e Joan está vindo. Diante dela, em
uma grande multidã o, a luta balançou, com a qual ela se misturou até
que, inalmente, os agostinianos caı́ram e com ela todos os homens que
estavam ali foram capturados ou mortos. Naquele dia, no calor do dia,
ela desmontou, incitando-os, e seu pé machucou-se em um caltrop. Ela
cruzou de volta para Orleans para a vitó ria do dia seguinte, quando os
pró prios Tourelles deveriam cair, e embora fosse sexta-feira ela
quebrou o jejum, pois a armadura a oprimiu, e o trovã o da batalha
todas aquelas horas.
Nas primeiras horas da manhã daquele grande dia de amanhã ,
sá bado, sé timo dia de maio, ela ouviu a missa e, saindo com arreios,
disse ao capelã o: “Hoje serei ferida, acima do peito esquerdo. devo
voltar; e pela ponte. " Com quais ú ltimas palavras ele se perguntou
ainda mais, pois a ponte estava quebrada.
Entã o ela cavalgou e atravessou a á gua até a outra margem, onde os
vencedores da vé spera acamparam nos campos. O Bastardo estava com
ela, La Hire, todos os capitã es; e dentro das Tourelles ou segurando a
muralha sem, seiscentos: ingleses dos ingleses. Pois no rol de Glasdale e
seus capitã es havia nomes como estes: Tom Reid, Pat Hull, Jack Burford,
Dick Hawke, Tom Jolly, Black Harry, Hall e Sand.
Hora apó s hora daquela manhã , as paredes de pedra da muralha
enxamearam com escadas de escalada cheias de homens arremessados
para baixo, e assalto apó s assalto repelido, e a Donzela no meio com seu
estandarte; quando, ao meio-dia, uma lecha atingiu a ombreira branca
sobre seu seio esquerdo e ela caiu.
Eles cobriram a ferida com ó leo; antes do rubor do dia ela havia
retornado. Mas embora a luta ainda continuasse, o sol se pô s sobre o
lugar invicto, e Talbot, observando do outro lado do rio, poderia ter
certeza de que havia resistido. "Nó s, soldados, garantimos que o lugar
fosse invencı́vel." Nã o tinha acontecido até o inal do dia? E Talbot alé m
do rio ouviu as trombetas do Bastardo soando a chamada.
Mas Joan foi para um campo separado para orar; e depois de orar,
ela incitou o comandante, o Bastardo, até que, embora a escuridã o
estivesse caindo, ele deu contra-ordens e convocou uma ú ltima
investida contra aquela pedra. Na vala do fosso, D'Aulnon entregou seu
estandarte para um basco segurar. Enquanto este descia a encosta e a
muralha o escondia, ela pensou que tinha perdido e, avançando, entrou
na vala e agarrou-o, e lutou com os outros em direçã o à parede. Eles
podiam ver o branco daquele estandarte na escuridã o, e ela gritou alto:
"Quando a bandeira tocar a pedra, tudo é seu!" E quando o branco dele
tocou a parede à meia-luz, a defesa caiu e o assalto se espalhou. Sobre a
ponte levadiça em chamas, os homens voando para os Tourelles
tropeçaram e morreram afogados (seu lı́der Glasdale entre eles), exceto
alguns poucos que correu para as torres. Alé m do Tourelles, uma
estreita passagem de tá buas fora projetada sobre a abertura de arcos
quebrados e as torres foram cercadas. Eles caı́ram como já era noite, e
todos dentro foram pegos ou mortos.
Entã o, Joan, ferida, veio pela ponte na escuridã o para Orleans
libertado, e Talbot ouviu os sinos tocando durante a noite e soube o que
havia acontecido, e que Orleans estava perdido para ele.

W HEN Estas coisas tinham foi feito e O RLEANS libertado, o an itriã o Inglê s
retirou-se das fortes demais, e no dia seguinte se puseram em batalha
na planı́cie. Mas em pouco tempo eles se viraram e foram embora; e
embora os franceses tivessem atacado, a Donzela os proibiu de dizer:
"Você os terá no dia seguinte." Mas ainda mantinham cidades muradas
sobre o rio acima e abaixo: Jargeau, Meung e Beaugency, com a ponte e
a cabeça de ponte alé m, na costa sul. E assim, se os ajudassem, eles
poderiam cruzar o Loire em força até as terras de Carlos e talvez ainda
vencê -lo.
Portanto, Joana teria carregado aquelas cidades e pontes de uma
vez e as invadido, e, quando elas fossem tomadas, marchar diretamente
para Rheims para a coroaçã o e unçã o do rei.
Mas o tribunal demorou; eles ainda se enredavam em redes de alta
polı́tica e pensavam em fazer tudo bem por meio de tratados com a
Borgonha, pois os homens diziam com sinceridade: "Se a Borgonha
abandonar Bedford, em breve nã o restará um ú nico inglê s guerreiro em
toda a França". Mas a Borgonha, aquele prı́ncipe forte, controlando toda
a parte oriental do reino do direito, e tendo també m as cidades ricas
dos Paı́ses Baixos e suas mercadorias, poderia aguardar sua vez e era
muito mais astuto do que eles. Entã o ele ainda jogou com eles e os
capitã es ingleses, e Bedford seu regente, um contra os outros como um
mestre em xadrez joga peças no tabuleiro: "Eu vou fazer com que cada
um ique tã o ansioso por mim que cada um faça a minha vontade.
dominarei meu pró prio paı́s e nã o terá nenhum rei sobre mim, seja meu
primo Valois ou Plantageneta. E meus ilhos depois de mim governarã o
um reino oriental pró prio com total soberania. " E, de fato, em seu lazer,
ele escolheu mais tarde fazer uma tré gua com Charles, mas apenas por
um tempo determinado e por um dia determinado, nem pegou em
armas contra Bedford, de modo que ainda manteve os dois.
Alé m disso, aquele falso conselheiro, La Tré moille, reprimiu o gentil
rei, desprezando a Donzela; e porque teve uma briga com Richemont, o
grande soldado, irmã o da Bretanha e condestá vel, ele afastou a força
que aquele capitã o comandava e nã o permitiu que Carlos a usasse para
a recuperaçã o de seu trono. E embora Carlos tivesse dado sua palavra
real de que aceitaria Richemont de volta, La Tré moille o fez quebrar
essa palavra, pois ele tinha o Del im em dı́vida com ele e també m temia
dele. E Richemont e todos os seus homens foram excluı́dos da mente do
rei.
Mas Joan estava febril com tal demora, sabendo que ela tinha
apenas um ano. Alé m disso, suas vozes a convidaram a marchar com
urgê ncia; e os altos do Cé u sã o mais sá bios do que os homens.
Entã o, em um dia, enquanto eles ainda estavam conspirando em
Loches, ela veio com o Bastardo de Orleans, e bateu na porta da sala do
conselho, e, entrando, caiu diante do rei e agarrou seus joelhos,
dizendo: "Del im , nobre del im, nã o demore aqui em conselho com
muitas palavras, mas venha a Rheims e seja coroado. Pois a voz me
chama: 'Vá em frente, ilha de Deus; eu estou com você . Vá ! Vá !' "
Por im, entã o, persuadido, o tı́mido Valois deu ordens reais para
que as cidades fossem limpas, mas já havia se passado um mê s desde o
grande dia de Orleans. Pois apenas na quinta-feira, nono dia de junho,
eles partiram, o Bastardo de Orleans e Alençon e Joan com seu
cavaleiro, D'Aulnon, e seu pajem, e toda a sua companhia e o an itriã o ao
seu redor. E com eles estavam dois jovens da Bretanha, nascidos
nobres, Guy e Andrew, ilho do Senhor de Laval na Bretanha, cujos pais
foram senhores daquela alta fortaleza e cidade por quatorze geraçõ es,
homens famosos. Eles e tantos outros vieram em auxı́lio de Charles sem
ser intimados, em homenagem à Donzela. Pois eram os jovens que a
amavam e sabiam que ela era do cé u.
Foi em Selles, em Berry, que eles se conheceram, e lá , enquanto ela
servia vinho para eles e bebia com eles, ela disse alegremente: "Em
breve você (ou nó s) beberemos em Paris ainda!" E eles viram que ela
era divina.
Alé m disso, eles escreveram na é poca as coisas que haviam
acontecido em sua reuniã o: como Joan se postou bravamente nas
portas em sua armadura branca, mas sem capacete, tendo lança e
lâ mula e um pequeno machado de aço como distintivo de comando em
sua mã o direita. Como, també m, um grande cavalo negro foi trazido
para ela montar, e como o cavalo empinou e empinou, para nã o ser
manejado. E como ela disse: "Leva-o à cruz ali diante de nó s junto à
igreja"; onde o carregador icou imó vel para ela montar. E entã o ela
cavalgou para o norte para Orleans e todos os homens de armas ao seu
redor.
Primeiro eles carregariam Jargeau. Mas antes de Jargeau, os
franceses já haviam fracassado, nã o tendo a Donzela entre eles, e agora
novamente os capitã es temiam que ela resistisse e suas paredes
resistissem. Mas Fastolf no mesmo dia havia deixado Paris com reforços
para Jargeau, onde Suffolk comandava, e Fastolf tinha sob seu comando
muitos canhõ es e provisõ es para socorrer a cidade, entã o deveria ser
tomado agora ou nunca.
Bem, Jargeau era de Orleans a dois dias de marcha pela margem do
rio, entã o, saindo na quinta-feira, eles compareceram no sá bado, 11 de
junho, antes do anoitecer, e a Donzela chamou a cidade. Alguns teriam
negociado e deixado a guarniçã o livre se Suffolk cedesse a cidade, mas
Joan na manhã seguinte, no domingo, levantou-se para ver o disparo do
grande canhã o trazido de Orlé ans, e quando, pelos golpes dele , uma
torre caiu, Alençon temeu a brecha, pensando que ainda nã o era larga o
su iciente e muito alta com pilhas de pedras; mas ela lhe disse: "Para a
brecha e nada tema! Esta é a hora da vontade de Deus; e você nã o se
lembra como eu disse a sua esposa em Tours que iria trazê -lo para
casa?"
E ela mesma correu para frente, enquanto Suffolk na parede ainda
negociava. E ela estava com o pé na escada de escalada, quando uma
pedra a atingiu no elmo e a derrubou; mas ela se levantou e gritou: "Em
amigos, em! Coraçõ es altos! Nó s os temos nesta hora!" E a cidade foi
carregada; a guarniçã o, voando para as pontes, foi massacrada na
perseguiçã o e o pró prio Suffolk levado cativo. E naquela noite Alençon e
a Donzela cavalgaram de volta em triunfo a Orleans, por todo o
caminho, com os lacaios atrá s.
Entã o, com grande pressa, ela levaria Meung també m pela estrada
oeste, rio abaixo, e no dia seguinte ao dia seguinte, terça-feira (os
lacaios tinham vindo marchando na vé spera, sua marcha de dois dias
de Jargeau), ela nã o se seguraria , mas usou a chama da é poca, e disse a
Alençon: "Amanhã , depois da refeiçã o do meio-dia, devemos todos por
Meung. Dê ordens." Assim, naquela quinta-feira partiram con iantes, ela
com um belo casaco de Cramoisy (isto é , vermelho intenso) e verde-
escuro sobre a armadura branca, cujo casaco (sendo as cores dele) o
prisioneiro duque de Orlé ans pagou com sua honra com treze moedas
de ouro, um tecido que vale muitos cavalos. E naquele mesmo dia à
noite eles carregaram a cabeça de ponte e seguraram-na, e no dia
seguinte, incansá veis, avançaram para Beaugency mais abaixo no
riacho.
Mas a guarniçã o em Beaugency, vendo Richemont vir em auxı́lio dos
franceses e em nú mero muito maior do que eles, abandonou a cidade e
a ponte e foi para o castelo. No entanto, alguns entre os capitã es
franceses ainda defendiam Richemont e recusaram sua ajuda, visto que,
pressionando o inimigo de Richemont, La Tré moille, o rei ordenou. Mas
Joana recebeu Richemont, amando seus modos e sua condiçã o de
soldado, pois ele havia dito: "Joana, dizem que você me repeliria. Agora,
se você é de Deus ou do Diabo, eu nã o sei. Mas se de Deus eu nã o temo
nada, pois Ele sabe que meu coraçã o é leal; mas se for do diabo, entã o
nã o temo de você . " E naquela noite o castelo se rendeu.
Agora, no dia seguinte, sexta-feira daquela semana de gló rias,
chegaram a notı́cia de patrulhas a galope que o grande Talbot estava
voltando com um novo hospedeiro para socorrer Beaugency que ele
nã o sabia que havia caı́do, e que ele estava a um dia de marcha ou um
pouco mais para o norte, marchando para a frente. E tã o terrı́vel era seu
nome que muitos temeram encontrá -lo e teriam recuado. E assim foi
també m no acampamento de Talbot, onde Fastolf se juntou a ele; pois
Fastolf achava que o inimigo era muito forte e seus homens icaram
abalados, sabendo da queda de Jargeau (embora ainda nã o de
Beaugency) e temendo alé m de tudo o que consideravam os
encantamentos da Donzela, a quem acreditavam ser uma feiticeira e em
aliança com Inferno; como agora també m Bedford, e todos os
ingleses. Mas Talbot havia dito: "Por Deus e Sã o Jorge! Eu
atacarei." Entã o ele avançou, um capitã o poderoso, dedicado à vida da
guerra, e a cair em cabelos brancos, muito velho, vinte anos depois no
ú ltimo ataque de seu povo, para o sul, pelo distante Chastillon.
E no acampamento francê s, també m, Joan os incitou, gritando: "Em
nome de Deus, devemos lutar contra eles! Se estivessem pendurados
nas nuvens, ainda deverı́amos arrastá -los para baixo." E naquela noite
ela estava com seu an itriã o em uma pequena colina que se eleva lá fora
da planı́cie, e quando o sol estava baixo eles se posicionaram em ordem
naquela altura esperando pelo dia seguinte, com o exé rcito inglê s nã o
muito longe, mas invisı́vel, por havia muitos bosques e cercas vivas
altas. Antes que anoitecesse, os arautos ingleses chegaram, oferecendo
duelos de trê s cavaleiros contra trê s, para uma provaçã o, para cumprir
a questã o. Mas aqueles sobre a Donzela deram-lhes esta resposta dela:
"Vá descansar: amanhã veremos você bem perto, se Deus e Nossa
Senhora quiserem."
E mais tarde ela disse aos de sua empresa: "Você s tê m esporas
boas?"
"Por que?" eles responderam, "voar?"
"Nã o!" ela disse, "para perseguir."
Na manhã seguinte, Talbot e Fastolf voltaram para a estrada de
Paris (seja para uma posiçã o melhor ou porque poderiam encontrar
reforços, ou por conselho de força muito grande contra eles, nã o
sabemos), enquanto Joan e seu exé rcito seguiam para o norte, ainda
encontrando nada naquele paı́s cego de bosques e sebes altas onde o
inimigo estava, até que eles viram diante deles a torre da aldeia de
Lignerolles e à esquerda uma cidade chamada Patay, pequena mas um
mercado, de onde a batalha que estava por vir teve lugar nome. E o
tempo todo o inimigo ia adiante deles sem ser visto, tendo à frente um
cavaleiro com um estandarte branco; ao lado dele as armas e os muitos
vagõ es; depois, as tropas da Picardia e outros do norte que estavam sob
a lealdade da Borgonha e dos Plantagenetas; e por ú ltimo, por meio da
retaguarda, onde estava o perigo, um corpo escolhido, todo inglê s.
Agora Talbot, sabendo que os franceses estavam por perto (embora
eles ainda nã o tivessem visto um de seus homens, tã o bem ele tinha
escolhido cobertura para sua marcha), escolheu uma força de arqueiros
escolhidos - pois o arco inglê s há muito era invencı́vel - e os pô s fora
com ordens de ixar suas estacas diante deles, escondidos atrá s de uma
cerca alta e espessa, para que eles pudessem voar na primeira linha de
seus inimigos por onde deveriam vir. Mas o corpo de Fastolf ainda
estava um pouco distante. E aconteceu que os cavaleiros franceses,
batedores para a frente, lançaram um veado em um matagal, que saltou
em direçã o à s sebes atrá s das quais aqueles arqueiros ingleses estavam
escondidos, ainda preparando suas estacas, mas ainda nã o as tendo
ixado. Agora, quando os arqueiros, espiando por entre as sebes, viram
o cervo, eles, amando o esporte, ergueram o "alô -mirante", e os
batedores franceses na loresta, ouvindo-o, reconheceram sua presa:
eles haviam encontrado!
Entã o, eles cavalgaram de volta em alta velocidade e avisaram seus
capitã es, e, em um momento, os homens de armas franceses foram
posicionados e atacaram aqueles arqueiros despreparados, e os
quebraram em pedaços.
No entanto, esta era apenas uma linha e apenas um dé cimo de todo
o corpo, embora fosse a melhor; e Fastolf, surgindo antes de seus
lacaios, com a força montada principal, galopou forte para se juntar aos
homens que estavam atrá s dos arqueiros e a quem o cavaleiro com o
estandarte branco liderava. Mas aquele que segurava o estandarte
branco, vendo a poeira e a carga subindo, pensou que era o inimigo
vindo sobre ele e seu corpo desprevenido, entã o ele se retirou, e a linha
galopante de Fastolf, quando eles reinaram, se encontraram no campo
sozinhos , e seus lacaios estavam muito distantes, e todo o exé rcito
francê s diante deles. Entã o, aqueles redondos Fastolf disseram a ele que
oferecer batalha era loucura. Ele mesmo teria se levantado e descido,
mas eles o puxaram; e o inimigo, vendo tamanha confusã o, atacou
novamente todos alinhados com suas lanças armadas, e destruiu todos
os homens de infantaria e os da cavalaria que estavam de pé , e eles
foram totalmente derrubados.
Naquele dia de Patay, sá bado, 18 de junho, pela primeira vez as
ileiras do Plantageneta foram derrotadas em campo aberto, e foi de
forte augú rio. As armas foram perdidas e o longo trem de bagagem, e de
todo o exé rcito daquela manhã , nenhum homem em cinco, mas foi
levado ou morto.
O pró prio Talbot sendo levado cativo diante de Alençon, aquele
jovem soldado, que se lembrava de sua pró pria captura em Verneuil,
cinco anos atrá s, e do pesado resgate que pagou, disse a Talbot:
"Esta manhã você nã o pensou em ver essas coisas?"
Mas Talbot respondeu: " Fortune de guerre ".
No entanto, Talbot, mais tarde, Alençon se libertou sem resgate; Ele
reverenciava tanto aquele capitã o.
Fastolf, vindo para Bedford em Corbeuil, contou tudo, e eles o
despojaram de sua Jarreteira, e seu nome tem sido uma zombaria
daquele dia em diante; mas injustamente.
Naquela noite, Joan dormiu em Lignerolles e no dia seguinte ela e o
exé rcito com ela cavalgaram de volta para Orleans, onde os habitantes
da cidade rugiram vitó ria e sinalizaram a rua, e todos acreditaram que
o Del im viria e daquela cidade marchará imediatamente para Rheims .
Mas mesmo agora o tribunal ainda estava em dú vida quanto à
polı́tica. Pois entre Rheims e eles havia fortes cidades muradas, que os
borgonheses mantinham, e talvez ainda pudessem usar contra eles, ou
talvez com o tempo compartilhassem se eles inalmente izessem um
acordo com a Borgonha: Auxerre e Troyes e Chalons, e a pró pria
Rheims, um cidade bem murada e muitos castelos. Eles pensaram
també m em sua falta de provisõ es e tesouros para uma marcha por
cerca de cem lé guas de terra. E tudo isso o falso La Tré moille recitou,
atrasando o rei em Sully, sua casa.
Portanto, Charles nã o partiu para Orlé ans, mas Joan deve ir
procurá -lo; e eles se encontraram em Sã o Bento, no Loire, e lá Joana
implorou que ele fosse imediatamente à coroaçã o. Pois, como ela disse
a ele depois que se conheceram, Sã o Luı́s e Sã o Carlos Magno estavam
orando de joelhos diante do trono de Deus por ele, do sangue real, a
quem ungido, todo o reino cairia, até que a França fosse restaurada em
esplendor e a cristandade em repouso das guerras.
A quem, tã o suplicante, o gentil Del im, perturbado, só podia dar
grande agradecimento por suas maravilhas e suas vitó rias brilhantes, e
disse que ela deveria repousar um pouco de tanto trabalho. Mas, por
im, ela o moveu e ele partiu para Gien, de onde partiria para o norte em
sua estrada.
Ainda assim, em Gien por uma semana ou mais, eles
permaneceram. Pode ser que o dinheiro deva ser recolhido ou
provisionado - o que eles faltaram terrivelmente e faltaram durante
todo aquele adiantamento - ou que, homens vindos do interior ao
ouvirem sobre o movimento e em honra da Donzela, quiseram
aumentar seu nú mero . Pois todos os dias cavalgavam para Gien os
cavalheiros de seus feudos aqui e ali, e cavaleiros-aventureiros e
companhias de homens; mas de pagamento eles poderiam ter pouco ou
nada. E durante todos aqueles dias Joana se irritou como um rio que é
retido pela tempestade por á rvores caı́das, ou como um cã o na coleira
que se esforça na propriedade do noivo, até que, em um domingo (era
vinte e seis dias de junho) ela sabia que o avanço estava pró ximo, e no
dia seguinte ela pró pria cavalgou alegremente para o norte com seus
homens, seu rosto voltado para Rheims, e com ela o an itriã o, seu
cavaleiro, D'Aulnon e Alençon e o Bastardo, e todos os companheiros, La
Hire e os jovens pajens, e ela com o estandarte nas mã os; dia a dia ao
ritmo dos lacaios. E dois dias depois, o del im cavalgou com sua famı́lia
para se juntar a eles, e todo o exé rcito estava em marcha para
Rheims. Até que chegaram à primeira cidade forte em seu caminho, e
mais uma vez Joan viu, em seu amplo vale de prados de verã o recé m-
aparados da foice, os ladrilhos vermelhos de Auxerre e as paredes de
pedra ao redor, como ela os tinha visto sob o clima de inverno, trê s
meses passados, naqueles primeiros dias em que ela cavalgava de
Domré my para encontrar seu rei.
Bem, Auxerre era uma cidade submissa à Borgonha, mas teria
cedido. E a Donzela poderia tê -lo pego, se tivesse recusado. Mas,
secretamente, o falso La Tré moille havia levado duas mil moedas de
ouro para poupá -lo e mostrou como era melhor lidar com delicadeza
com os borgonheses. Entã o ela foi derrotada. Mas a cidade consentiu
em vender a comida que o an itriã o devia ter, e entã o novamente depois
de trê s dias eles foram para a frente, deixando-a para trá s.
E em seguida eles chegaram ao campo ao redor de Troyes, a
principal cidade em seu caminho. De longe mais forte do que Auxerre, e
com grandes muralhas e populosas, e tendo uma guarniçã o dos
borgonheses com alguns ingleses, també m. Eles se deitaram diante dele
em Sã o Paulo no dia 4 de julho à noite, e na manhã seguinte a Donzela
enviou-lhes intimaçõ es, em nome do Rei do Cé u, para que prestassem
lealdade ao verdadeiro rei que, por im, manteria todos as cidades da
Santa França seu reino, e assim fazer uma paz duradoura. Mas os
burgueses de Troyes eram orgulhosos e disseram que haviam jurado
pelo Corpo do Senhor que nunca cedessem a cidade.
Agora, havia em Troyes naquela é poca um franciscano chamado
irmã o Richard, que fez maravilhas e disse que o Juı́zo Final estava
pró ximo. Alguns o chamavam de louco, mas outros santo. Este homem
saiu da cidade em direçã o à Donzela, fazendo sinais da Cruz e
aspergindo á gua benta, para que ela nã o tivesse poderes malignos. Mas
ela riu e disse: "Venha sem medo!" e assim o convenceu de que voltou
para dentro dos portõ es de Troyes e pregou ao povo que deveriam dar a
cidade a ela. Mas eles nã o o fariam; falando muito alto e sabendo que o
rei nã o tinha cauda de cerco e estava precisando de pã o.
Nessa parada, quatro dias depois de terem se apresentado à cidade,
o rei reuniu o conselho e Regnault, o arcebispo primaz de Rheims,
pediu a retirada. Tinham chegado a quase cem milhas de Gien, a comida
estava baixa e nã o tinham nenhum tesouro, e se Auxerre nã o pudesse
ser tomado, como poderia Troyes cair, que era uma das cidades mais
fortes do mundo? Mas um ali no conselho, Macon, que tinha sido
chanceler em seu tempo, ordenou que mandassem chamar a Donzela,
que disse, ao ouvir seus argumentos:
"Del im bem-nascido, você dá cré dito a isso? Espere apenas dois
dias e a cidade será sua."
Disse o primata: "Poderı́amos durar apenas seis - se tivé ssemos
certeza." Mas ela pediu-lhes que tivessem fé .
Entã o, durante todo aquele dia, que era oito de julho, ela andou ao
redor do an itriã o e durante toda a noite e todo o dia seguinte,
incitando-os como um enxame de abelhas para trabalharem juntos com
zelo e boato, e para fazer fascinas e escudos de madeira o ataque, e para
reunir as provisõ es que restaram. E no dia seguinte novamente - o
dé cimo, um domingo - ela veio ao fosso com seu estandarte, gritando
"Para eles!" e deu a ordem de lançar os fascinos e encher o fosso. Mas,
com a chegada do derrame, o coraçã o dos habitantes da cidade falhou
(o bispo també m favoreceu secretamente o verdadeiro rei) e, na mesma
hora, eles se renderam; assim, quando o exé rcito do del im entrou pelo
portã o oeste, a guarniçã o marchou pelo portã o leste, e Troyes era deles,
e reabastecimento; e sua força nã o barrava mais o caminho.
Depois de Troyes, tudo icou claro. Pois Chalons, tendo Troyes caı́do,
cedeu com bastante alegria; e Rheims, a seguir, a dois dias de distâ ncia,
estava pronto para receber o rei.
No sá bado, dia 16 daquele mê s, o an itriã o estava diante da cidade
sagrada da coroaçã o e do Del im em Sept-Saulx, a aldeia dos salgueiros
no riacho calcá rio, de onde as torres quadradas dessa catedral se
erguem ao norte contra o cé u.
No domingo, dé cimo sé timo dia de julho do ano de Nosso Senhor de
quatrocentos e vinte e nove, o Del im Charles veio com sua companhia
para a coroaçã o, enquanto todas as pessoas nas ruas gritavam "Noel!" E
o pai de Joana, Tiago d'Arc, tinha vindo ali, deitado na Estalagem do
Burro Listrado na praça da catedral, e homens e mulheres de todo o
paı́s.
Direto para a igreja alta pelas grandes portas escancaradas cavalgou
Carlos, ainda montado, e toda a sua companhia com ele até os degraus
do coro, e lá estava ele ungido e coroado Rei em meio aos gritos do povo
e as trombetas soando. as abó badas, e ao lado dele estava Joan com o
estandarte.
Mas quando ele foi coroado e ungido, e inalmente Rei, ela se
ajoelhou aos pé s dele com fortes e muitas lá grimas, e disse:
"Rei nascido no alto, agora é a vontade de Deus cumprida. Pois foi
Ele quem ordenou que eu libertasse Orlé ans e o trouxesse aqui a esta
cidade de Rheims para seu sacrifı́cio, para anunciar que você é o Senhor
de Direito. E agora o Reino da França é seu. "

N OW DE R Heims DO M AID teria marcharam que o exé rcito de Paris, uma


semana, ou um pouco mais. Pois Paris era o chefe e capitã o do reino, a
cidade do rei de toda a França; e aquele que o sustentava era
manifestamente Chefe e Senhor. Para que os homens ainda digam que o
an itriã o deveria ter feito direito a Paris apó s o triunfo de Patay e talvez
ter entrado, vendo que o inimigo depois daquela matança e derrota foi
abalado até a medula e pensou que todo o Inferno tinha se levantado
contra eles com Joana por seu servo. Mas as vozes ordenaram que
Rheims deveria vir primeiro, e a coroaçã o, pois eles sabiam de sua
sabedoria que pelo espı́rito tudo está decidido, e agora o Rei foi ungido
e sobre esse sacramento poderia ser construı́da a vitó ria
completa; mas lentamente, depois de vinte anos.
Alé m disso, depois que as trombetas soaram e a grande igreja icou
em silê ncio, as vozes nunca mais deram ordens para o campo; mas tudo
o que Joana fez desde entã o, ou desejou e aconselhou para o inı́cio da
guerra, veio sozinha, incerta. Desde o inı́cio em Domré my, eles diziam:
"Levante o cerco de Orlé ans e coroe seu prı́ncipe em Rheims." Mas, da
batalha alé m, eles nã o disseram nada. No entanto, estavam seus irmã os
do Paraı́so em plena comunhã o com ela, sustentando-a atravé s dos
males deste mundo, e ela ainda conversava com eles, vendo-os com
seus olhos, e era amparada por sua presença brilhante no inal.
Em Rheims, o rei permaneceu, quatro dias e cinco; a corte em torno
dele ainda decidia sobre a polı́tica e a conquista da Borgonha para o
lado deles, e o afastamento da Plantageneta, do menino Henrique da
Inglaterra e do governo de Bedford; pensando que isso poderia ser feito
e nã o vendo que a Borgonha era a mais astuta.
Em seguida, partiram, mas de forma tortuosa, sem seguir direto
pela estrada de Paris, nem tendo Joan no conselho. Eles passaram para
Soissons e receberam aquela cidade e depois para Châ teau-Thierry,
onde havia uma ponte com torres que davam passagem sobre o rio
Marne, atravé s da qual o rei e seu exé rcito foram como se voltassem
para o sul, apesar de a insistê ncia da Donzela e con iar na paz por meio
de palavras com a Borgonha, em vez de pelas armas; pois a Borgonha
ainda negociava para enganá -los, e fez uma tré gua de quinze dias e
falou em ceder Paris a eles sem batalha.
E eles continuaram ainda para o sul e para longe de Paris para
receber a forte cidade de Provins, e ainda foram para o sul. Mas,
barrando seu caminho, uma força inglesa havia se apoderado da ponte
de Bray sobre o rio Sena. Entã o eles viraram para o norte novamente e
chegaram a Cré py no Valois e a Ferté perto do grande bosque.
Quanto à pró pria Paris, eles o adiaram; embora abertamente nã o o
falassem, mas diziam em seus coraçõ es: "O lugar é muito grande e forte,
muito mais em circuito do que qualquer outra cidade da França, de
modo que esse cerco nã o podemos fazer, sendo tã o poucos e sem
má quinas para espancar nem grandes armas, mas apenas pequenas.
Alé m disso, dentro daquelas paredes, as mirı́ades da cidade nos odeiam
pelos Armagnacs ainda, e se apegam à Borgonha. Vamos esperar até
que a cidade caia sobre nó s por meio de sua amizade. "
Mas Joan, agora que, forçosamente, o exé rcito havia enfrentado o
norte novamente, acreditava que eles alcançariam Paris e, portanto, ela
poderia escrever para eles sobre Rheims, que estavam cheios de
pressá gios com os atrasos do tribunal:
"Bons amigos e homens leais da França e verdadeiros, a Donzela
manda notı́cias de si mesma que nunca na vida ela irá abandoná -lo.
Escrita da estrada para Paris."
Naqueles dias - e agora desde a coroaçã o quase um mê s se passou -
enquanto ela cavalgava entre o Bastardo de Orleans e Regnault, o
Arcebispo, ela disse em sua alegria com a torcida do povo pelo Rei:
"Aqui está gente boa, e aqui estaria eu enterrado nesta terra deles,
quando eu morrer. " Mas ela nunca deveria estar em paz na terra cristã
ao lado dos mortos abençoados, mas com mais brilho, atravé s do fogo,
para atingir o Paraı́so.
Regnault disse a ela: "E onde, Joan, você pensa em morrer?"
A quem ela respondeu: "Quando Deus quiser. O lugar e a hora eu
nã o conheço mais do que você . Ah, que Deus me deixasse agora, agora,
depor as armas e voltar para meu pai e minha mã e para ministrar a eles
e aos dobrar suas ovelhas! " Pois ela viu dentro de seu coraçã o o vale
onde ela nasceu e o jovem Meuse luindo.
O Bastardo de Orleans, cavalgando em suas ré deas, que a conhecia
pelo que ela era desde o dia em que a encontrou pela primeira vez, em
armadura branca, em frente a Orlé ans à beira do rio, disse a si mesmo:
"A missã o dela é realizado." Mas, se ela mesma sabia disso, nenhum
homem pode dizer.
No dia seguinte eles chegaram perto de Senlis, e lá eles encontraram
na festa da Assunçã o de Nossa Senhora, os ingleses em um
acampamento, forti icado com uma paliçada; e Bedford já havia enviado
um desa io muito insolente, chamando Charles de "você que se
autointitula rei", e dizendo sobre a Donzela que ela era uma mulher de
vida perdida e uma prostituta. Pois ele se enfureceu contra ela para que
o reino escorregasse de suas mã os; e seu grupo a chamava de bruxa, e
ele mesmo a chamava de membro de Sataná s, e eles sempre disseram
que se ela caı́sse diante deles, eles a queimariam. Quando Bedford o
desa iou, ele esperava que a força do rei se desperdiçasse contra um
inimigo entrincheirado e protegido, como eles haviam se dividido em
desastre em Rouvray meses atrá s, antes da chegada da Donzela. Eles
nã o caı́ram nessa loucura naquele dia. Mas Joan cavalgou até a paliçada
e golpeou-a com sua espada.
Quando o exé rcito inglê s partiu, Senlis recebeu o rei com alegria, e
Beauvais també m, de onde fugiu Peter Cauchon, seu bispo, jurando
vingança; pois ele foi um grande homem na causa dos Plantagenetas, e
mais tarde, por meio dele, a Donzela iria morrer.
Mas mais do que Beauvais ou Senlis e de principal importâ ncia para
a causa certa, Compiè gne, a cidade forte, també m se entregou de bom
grado ao rei, e de como foi Compiè gne que serviu e salvou a coroa por
conta pró pria, apesar de virmos a isso mais tarde sobre.
No dia 23 de agosto, Alençon, com um bom banco de cavaleiros,
deixou Carlos em Compiè gne e partiu inalmente para Paris, levando
consigo a Donzela; que em sua alegria disse, avançando: "Por minha
roca! Gostaria de ver Paris mais perto!" E no quarto dia eles chegaram a
St. Denis, sem as paredes, onde ica o santuá rio da ori lamme, a
bandeira sagrada do reino, e onde os reis da França jazem enterrados
sob o diadema de Carlos Magno. Lá os homens do comando de Alençon
e a Donzela com eles izeram uma estadia, juntando fascines e outros
materiais como se para um ataque à muralha de Paris, onde estavam os
homens armados da Borgonha, e alguns poucos ingleses carregando a
bandeira de Sã o Jorge. No entanto, a corte do rei Carlos nã o desejava
tomar a cidade, mas permitir que o jovem Alençon, em seu zelo, izesse
uma demonstraçã o ali com a Donzela para apaziguá -la; mas
secretamente eles planejaram o contrá rio.
Pois foi isso que eles izeram. Ainda em sua loucura, eles
procuraram a paz mais uma vez na Borgonha e izeram uma nova
tré gua com ele para durar todo aquele ano, e foi acrescentada, até a
Pá scoa do pró ximo. E eles disseram que a Borgonha poderia manter
Paris, na esperança de inalmente torná -lo seu amigo, e até mesmo lhe
disseram que ele poderia guarnecer Compiè gne. Mas os de Compiè gne
nã o teriam nenhuma força borgonhesa dentro de suas paredes, vendo
com mais clareza do que viam os conselheiros de Carlos.
Isso també m acontecia em St. Denis naquela é poca. A espada de
Joana, a espada de Santa Catarina de Fierbois, foi quebrada por azar.
Foi na quinta-feira, oitavo dia de setembro daquele ano
quatrocentos e vinte e nove, sendo o aniversá rio da Mã e de Deus, que o
ataque condenado começou; mas tardiamente. Só partiram ao meio da
manhã , e só na segunda hora depois do meio-dia os canhõ es
soaram; mas de longe, essas armas també m nã o eram do tamanho de
quebrar a parede.
Quando, portanto, a Donzela e Alençon vieram com muito poucos
homens ao redor deles, ao Portã o de St. Honoré de Paris, era muito
tarde, e apenas para uma escaramuça; mas a Donzela o teria feito bem,
embora seus conselheiros internos nã o a tivessem chamado, nem
aconselhado, nem proibido.
Ela continuou, portanto, sob a chuva de lechas atravé s da vala seca
externa e sobre a muralha, pedindo a todos que a seguissem, até que ela
chegou ao fosso fora das torres e obras do portã o, e lá ela experimentou
a profundidade de a á gua com sua lança. Mas enquanto ela o sondava,
gritando por fascinas, uma lecha de besta a atingiu atravé s da
armadura da coxa e ela caiu; e deitada ali, ferida, ela ainda incitava seus
homens, mas a luz estava falhando e o ataque desesperado havia
falhado. Dali, quando a escuridã o se acumulou, Alençon a carregou para
longe, por toda a sua oraçã o para permanecer lá e seu pedido de mais
um golpe.
Nos dias que se seguiram, Carlos de Valois escreveu a todas as suas
cidades, dizendo que agora tinha paz com seu bom primo da Borgonha
e assim poderia e voltaria e "perseguiria o que me resta conquistar, a
plena recuperaçã o de meu herança." E tendo assim escrito, seus
conselheiros, os homens de polı́tica e conspiraçã o, enganados e
enredados, interromperam a guerra e voltaram para o sul, para o Loire,
em retirada daquela campanha que havia prometido tã o grandes
coisas. Mas a Donzela tirou sua armadura branca e colocou-a sobre o
altar de Nossa Senhora na catedral de St. Denis, e sendo curada de sua
ferida cavalgou de volta para o sul tristemente para o Loire com o rei.
Durante todo aquele outono e inverno, eles permaneceram no paı́s
ao sul do Loire, com armas, mas raramente soando, e Joan estava com
eles, levada a este castelo e à quele, realmente elogiada e lisonjeada, mas
tendo em torno de si olhares como ela podia entender.
Por enquanto, diziam a si mesmos que ela havia sobrevivido a seu
breve efeito e que nã o conseguia entender a polı́tica que haviam
alcançado, e que sua simplicidade e simples golpes de braço poderiam
arruinar tudo.
Assim, eles lhe dariam roupas inas e grandes cavalos e fariam sua
companhia no cansaço dos grandes, mas ela pró pria, sua alma interior,
nã o foi usada e foi deixada de lado. Se a usaram, foi para mantê -la longe
de coisas maiores e para empregar suas mã os para que seu espı́rito nã o
se rebelasse. Eles a deixaram levar a cidade de St. Pierre para tal
passatempo, e falhar mais uma vez (porque ela falhou) em La Charité
no sul e no leste, e sem nenhum serviço para a causa. Nem para
nenhum dos dois lugares suas vozes a enviaram, mas sim para as da
corte, que eram cegas para as coisas alé m deste mundo.
Sua famı́lia foi enobrecida, com um casaco e um brasã o, dois lı́rios
em um campo azul-celeste e uma espada com uma coroa. Ela pró pria
nã o se importava com essas coisas, mas implorou que sua aldeia de
Domré my e Greux, seu vizinho, icasse isenta de impostos para sempre:
um privilé gio ainda desconhecido. Assim, eles icaram livres, até que,
em um dia mau, depois de quatrocentos anos, algum funcioná rio da
tesouraria, desprezando tais antiguidades, acabou com eles; e logo
depois a coroa caiu para sempre.
Mas Joan esperava a primavera, e de Sully, a casa da falsa La
Tré moille, onde o rei jazia, ela o deixou sem aviso ou despedida,
determinada à guerra. Foi nos ú ltimos dias de março, e a Pá scoa e o im
da tré gua com a Borgonha estavam pró ximos. Ela cavalgou para o norte
com apenas duas ou trê s lanças, uma companhia de menos de vinte,
rumando para Lagny na parte de Paris onde alguns ainda travavam uma
boa guerra contra os ingleses. E na Semana da Pá scoa, que era a terceira
semana de abril daquele ano, quatrocentos e trinta, com a primavera ao
seu redor, ela estava nas muralhas de Melun, e mais uma vez ela estava
ciente da grande luz e de seus santos abençoados Catharine e Margaret
estavam diante dela falando com suas doces vozes uma coisa nova: pois
assim é o que diziam:
"Antes do Solstı́cio de Verã o, você será levado cativo, pois assim está
decretado. Mas nã o tenha medo, nem trabalhe, mas aceite tudo bem,
pois Deus será o seu auxı́lio."
Daı́ em diante, quase diariamente, ela ouviu isso contado. E ela orou
para que na hora de sua captura ela pudesse morrer e ser poupada, da
graça, de longa prisã o. Mas eles disseram a ela que prisã o ela deveria
suportar, e quando ela perguntou a hora desse destino, eles icaram em
silê ncio. Daquele dia em diante ela tinha essas coisas em seu
coraçã o; no entanto, ela cavalgou e cavalgou, e continuou para
Compiè gne.
Agora, quanto a Compiè gne - com a qual o rei pensara em subornar
a Borgonha, mas os homens de Compiè gne nã o aceitariam - ele o havia
dado a La Tré moille, que o governava, para receber os seus
rendimentos como seu senhor. Mas La Tré moille nomeou ali como
capitã o das forças do rei um Guilherme de Flavy, bandoleiro mas
valente, e determinado a nã o ceder; um bom suporte de paredes. E a
razã o pela qual a Borgonha cobiçou Compiè gne foi esta, que era o
baluarte de Paris.
Pois, até que a Donzela libertasse Orleans ou coroasse o Rei em
Rheims e tomasse as muitas cidades do Norte, tudo em Paris estava sob
os Plantagenetas e seus aliados da Borgonha, e Bedford estava seguro
na posse de sua capital para o menino seu sobrinho Henrique, o rei da
Inglaterra e a Borgonha podiam entrar e sair à vontade e manter sua
guarniçã o ali bem abastecida e segura. Mas depois que tantas cidades
ao redor de Paris caı́ram nas mã os dos Valois, a grande cidade foi
prejudicada, principalmente por meio de Compiè gne. Pois Compiè gne
icava bem no rio Oise e na estrada ao longo de suas margens, estrada e
rio que eram as rodovias da Picardia e das Terras Baixas, o pró prio paı́s
da Borgonha, a Paris por á gua e por terra, para homens em marcha e
para carregamentos de barcos e muniçõ es de todos Gentil.
Portanto, quando a tré gua terminou, com o Dia da Pá scoa, que caiu
em 16 de abril daquele ano quatrocentos e trinta, a Borgonha fez uma
grande preparaçã o para tomar Compiè gne. E, portanto, també m Joan
cavalgou até lá para socorrê -lo. E durante a primeira semana de maio e
a segunda, ela subiu e desceu pelos campos para tomar pontes e porõ es
e impedir o cerco; por enquanto, em Compiè gne, como antes em
Orleans, pendia a causa.
Mas, no caso de Compiè gne, suas vozes nã o lhe deram ordens.
Agora, quando foi descoberto que as forças da Borgonha haviam
trabalhado tanto e conquistado pontes e devastado tanto o campo que
nã o havia mais sustento para seu pequeno exé rcito, ele foi
dissolvido; mas ela mesma entraria em Compiè gne com uma pequena
companhia e, por seu nome e presença, daria â nimo, e ao amanhecer de
terça-feira, dia 23 de maio, ela entraria.
A cidade icava, assim como Orleans, bem na margem do rio, mas
olhando para o norte; e era muito parecido com Orleans. Alé m disso,
sua parede corria ao longo da margem do rio, e no meio dela havia um
portã o, chamado Portã o das Aguas, com vala, ponte levadiça e ponte
levadiça, levando a uma longa ponte indo para o norte atravé s do Rio
Oise; e na costa norte mais distante havia uma cabeça de ponte
forti icada e, dali, em diante, um passadiço de estrada difı́cil passando
por prados de á gua em direçã o à s terras mais altas alé m; e nesta terra
mais alta estavam os homens da Borgonha, ameaçando a cidade.
Quando já era noite daquele dia, mas o sol ainda estava alto, a
Donzela cavalgou com eles de Compiè gne e sua pró pria companhia,
pelo Portã o das Aguas e sobre a ponte e ao longo do passadiço para
espancar os bairros da Borgonha e persegui-los, para que ela pudesse
confundir seu inı́cio de trabalho com a cidade. Mas naquela mesma
hora eles foram reforçados por novas companhias com alguns dos
ingleses, també m, e ela recuou com seu comando pela ponte em direçã o
à ponte, ela mesma na retaguarda, segurando a pressã o do inimigo e se
mostrando clara em seu casaco bordado acima de sua armadura.
Mas a força da Borgonha cresceu e icou tã o forte que inundou essa
coluna que se retirava até que eles fugiram, com o inimigo todos
misturados entre eles, pela ponte para o Portã o das Aguas alé m. E
enquanto voavam desordenadamente, Flavy, para impedir a entrada da
massa de inimigos que os perseguia, puxou a ponte levadiça e baixou a
ponte levadiça. Mas alé m da ponte nos prados de á gua distantes, Joan,
sua companhia e seu cavaleiro, D'Aulnon, e Peter seu irmã o, e o resto,
estavam cercados enquanto lutavam desesperadamente para conter a
maré . E o arqueiro de um capitã o que servia à quele senhor caolho, Joã o
de Luxemburgo (braço direito de Borgonha), agarrou-a pelo casaco e
arrastou-a do cavalo e a levou cativa. Entã o o dia acabou. E Compiè gne
ainda aguentou.

Quando se soube que a Donzela estava prisioneira, um grande boato


espalhou-se e correu por todo o norte. Carlos de Valois enfureceu-se,
desta vez na vida, e prometeu vingança. Mas logo seus cortesã os
baixaram seu tom. O pró prio Borgonha triunfou e, para Bedford e os
ingleses, parecia um im. A Universidade de Paris exultou, sendo feroz
contra os Valois, mas a maioria deles fez que o Bispo Peter Cauchon
exultasse, a quem a universidade considerava um chefe e protetor e
que, pela Donzela, os Valois expulsaram de seu bispado de Beauvais em
o verã o passado, quando as cidades estavam voltando para seu rei. Ele
era um homem cheio de forte maldade e, mais do que qualquer outro
homem, trabalharia para servir a quem quer que se opusesse ao sangue
real: Borgonha ou Bedford ou outro.
Ele subia e descia clamando pela custó dia da Donzela, e a
universidade exigia que ela fosse julgada em Paris, por heresia, por
bruxaria, por idolatria.
Mas, pelas leis da guerra, ela era o prê mio de Luxemburgo, sendo
ele o senhor daqueles que a levaram. Entã o, primeiro ele a trouxe,
depois de cerca de duas semanas ou trê s em outros lugares, para seu
forte castelo de Beaurevoir perto de Le Catelet, e lá ela foi
protegida; mas nã o com aspereza, pois as damas de Luxemburgo, sua
tia e esposa, eram gentis com ela. E todo o tempo Cauchon viajou para
cá e para lá , bem pago por Bedford, para Flandres, antes de Compiè gne
para ver a Borgonha, para o pró prio Beaurevoir, exigindo a Donzela. E
ele tinha a missã o de pleitear que o rei inglê s pudesse reclamar Joana
de direito como sua prisioneira, sendo soberana, e sendo contra os
ingleses que ela havia usado sua feitiçaria. Mas sua sú plica nã o teria
valido nada se ele també m nã o tivesse oferecido ouro. Pois Bedford
havia levantado um grande imposto na Normandia, e com isso separou
vinte mil libras para comprar a Donzela. E esse Cauchon ainda oferecia,
até que em outubro, antes de Martinmas, a barganha foi fechada e
Luxemburgo concordou que Joana deveria ser desistida e vendida por
aquele dinheiro.
Mas ela ouviu falar disso, lá na torre de Beaurevoir, e ela odiava cair
nas mã os dos ingleses e temia pelo destino de Compiè gne que
escaparia da torre alta, amarrada com panos, embora Santa Catarina
tivesse proibiu diariamente e disse-lhe que por Martinmas Compiè gne
seria libertado. Nunca antes ou depois ela desobedeceu. Ela caiu e icou
deitada sem sentido no chã o, até que a trouxeram de volta ao
cativeiro. E agora ela fora vendida, e daı́, para o pesar das damas de
Luxemburgo, ela foi levada embora por aquelas que a compraram e sob
a guarda inglesa.
Levaram-na por Drugy para as cidades marı́timas, por Crotoy e pela
baı́a rasa até St. Valé ry, atravé s do arco onde agora ica a estrada
deserta, para Eu, para Dieppe, e daı́ por Arques e Longueville para
Rouen, onde ela estava ser julgado por bruxaria. E lá eles a
aprisionaram de perto, no inal do ano, no castelo da cidade,
acorrentada pelo pescoço e ambas as mã os e ambos os pé s em uma
masmorra estreita, e guardada por cinco cavalariços comuns da
guarniçã o de Warwick. Estes se revezaram, trê s para icarem parados e
dormirem naquele covil estreito, dois para vigiarem do lado de fora; e
eles zombaram dela e zombaram dela, e com insultos intolerá veis
tornaram sua vida infernal daı́ em diante, até que ela morresse. E com
medo deles e de sua lascı́via, ela guardou suas roupas de homem e nã o
quis tomar as de uma mulher.
Em seguida, por ordem de 3 de janeiro, ordenou-se a realizaçã o do
julgamento eclesiá stico; era por heresia, feitiçaria e blasfê mia que ela
deveria ser julgada: pois do Diabo estava seu poder, e Carlos de Valois
deve ser colocado em aliança com coisas sujas, o inimigo da
humanidade, e encoberto pela vergonha. E ela mesma deve carregar a
infâ mia para sempre em vingança pelas derrotas dos ingleses que ela
havia guiado. Agora, como ela deveria ser julgada por um tribunal da
Igreja, ela deveria estar na prisã o da Igreja, e com apenas uma mulher
ao seu redor. Mas Cauchon, que ardera tudo, quebrou aquela lei
sagrada, pois Bedford mandou avisar que mesmo que ela fosse
absolvida em seu julgamento perante os padres, ela nã o deveria ser
deixada em liberdade, mas devolvida à guarniçã o de Rouen e Warwick
seu comandante.
Por cinco meses, o caso prosseguiu, Cauchon e o vice-inquisidor Le
Maitre sendo os juı́zes, e convocando ao tribunal mais de quarenta
bispos, abades e doutores do direito da Igreja como assessores. Mas Le
Maitre teria se retirado, até que, sob ameaça, ele cedeu; e embora os
avaliadores fossem cuidadosamente escolhidos para o trabalho, mesmo
entre eles alguns poucos pareciam nã o subservientes; e sendo
ameaçados també m, eles fugiram. Em primeiro lugar, aquele tribunal
reuniu testemunhos durante algumas semanas, questionando-a e
enviando para a maté ria à pró pria Domré my e a todos os lugares onde
ela tinha estado e onde seus mensageiros pudessem ter acesso,
juntando tudo o que ela tinha feito, e as maravilhas para mostrar que
eles foram feitos por feitiçaria, e sua garantia em seus irmã os do
Paraı́so de que eles poderiam fazer isso por orgulho e um desa io a
Deus.
Em seguida, eles realizaram uma sessã o pú blica na capela do
castelo, quarenta e dois, com Cauchon presidindo, e questionaram-na
com armadilha e armadilha. Mas ela respondeu irmemente dia apó s
dia, ainda clara por todas as suas noites e dias abominá veis. Pois eles
ainda a acorrentaram por um mê s e outro e outro naquele calabouço,
com guardas tã o asquerosos, até que sua alma se afogou em agonia e
entorpeceu; nem tinha ela qualquer mulher ou qualquer amigo, ou
qualquer cessaçã o de abominaçõ es de palavra e açã o na metade do dia
daquela escuridã o, e nas noites terrı́veis. Mas ainda assim ela se
manteve irme.
Alé m disso, quando eles a tiraram, um dia e outro, para fazer
perguntas, ela ainda falou alto, avisando Cauchon do perigo que corria
para sua alma. Ela contou a histó ria de suas vozes e suas visõ es, simples
e fortes, em resposta aos seus exames, e em um famoso dia de março
ela deu um sinal mais uma vez, dizendo:
"Dentro de sete anos os ingleses perderã o um prê mio maior do que
Orleans; e entã o, toda a França." E, de fato, no sexto ano Paris caiu e no
oitavo a ú ltima batalha foi travada em Formigny.
E ela deu mais um sinal, que ela mesma nã o compreendeu; pois ela
contou como suas vozes a aconselharam a nã o dar atençã o a seus
sofrimentos, pois daı́ ela deveria vir para o reino do Paraı́so, e dentro de
trê s meses ela estaria livre. Agora, dentro de trê s meses, faltando um
dia para a hora em que ela falou assim, ela foi de fato libertada deste
mundo amaldiçoado. Mas porque suas vozes falaram de liberdade, ela
pensou que eles haviam prometido resgate, e ela pensou que viria
talvez por uma vitó ria ou em um tumulto.
Ela també m deu outro sinal. Pois ela disse que logo, por um grande
arranjo, todo o reino deveria agir junto, e isso també m se tornou
realidade. Pois um ú ltimo e irme tratado entre a Borgonha e o rei foi
assinado, pelo qual dentro de trê s anos o poder inglê s foi extinto.
Por um lado, ela nã o quis falar, pois se considerava obrigada a
proteger a honra de seu rei. Era o segredo do rei que ela nã o lhes daria:
aquela oraçã o na qual ele duvidou do sangue real. Mas, sendo
pressionada alé m da capacidade de suportar, ela lhes deu uma pará bola
e disse-lhes que o segredo era a vinda de um anjo, um mensageiro do
Cé u a Chinon, trazendo para ele uma coroa, que era o sinal. "E aquela
coroa ele ainda tem." Mas era apenas uma igura. Por aquele
mensageiro, Joan se referia a si mesma, e a coroa era a coroa do reino
com o qual Carlos de Valois, seu del im, fora coroado em Rheims.
Eles nã o a torturaram com racks e parafusos, embora tenham
debatido sobre isso. Eles votaram em outro. Mas eles a levaram ao
limite da resistê ncia, até que ela caiu na doença; quando Warwick
chamou o mé dico para avisá -lo de que ela nã o devia morrer por
natureza. E ainda assim eles a cansaram.
Entã o, inalmente, em Whitweek, ela tendo icado naquele
calabouço imundo quatro meses, e já fazia um ano desde sua captura
(pois era quarta-feira, dia 23 de maio, e à noite), Peter Maurice, um
padre que havia servido em o julgamento, veio e falou com ela com
razã o, e exortou-a na lealdade a Deus, e na honra militar para aceitar a
autoridade e se submeter. També m, talvez, ele nã o mentiu em sua alma,
mas pensou que ela estava realmente iludida e desejou por piedade
salvá -la do fogo. E durante toda aquela noite terrı́vel ela tinha essas
coisas em que pensar, esperando o dia seguinte.
E naquele dia seguinte, quinta-feira, vinte e quatro de maio,
prepararam aquela cerimô nia pú blica, que em tais julgamentos
eclesiá sticos foi chamada de "a abjuraçã o". Pois, se os acusados se
retratassem, suas vidas foram poupadas e todos deveriam ter
oportunidade de se salvar do incê ndio. Era a lei e a prá tica
ininterruptas e, portanto, foi feito; embora para alguns de seus captores
fosse doloroso, para que ela nã o cedesse e eles a perdessem. Mas
Cauchon conhecia bem sua parte e como, por alguma con issã o forçada
de bruxaria dela, ela e seu rei poderiam primeiro ser infames, e como
mais tarde, por mais um inferno, ela poderia ser incendiada; e assim
ambos os seus objetivos seriam cumpridos - destruir o nome dela e
tomar vingança corporal.
Há nesta cidade de Rouen uma grande igreja chamada St. Ouen, e ao
lado dela havia um cemité rio, um vasto campo, pois icava a leste na
parte externa da cidade; e aqui foi colocado um edifı́cio ao qual Joana
deveria ser conduzida, para que pudesse ser vista por toda a
multidã o. E enquanto Joana estava sentada nesta plataforma com uma
escrivaninha diante dela, foi lida para ela uma longa lista e perto de
seus erros e crimes de heresia e bruxaria, que, tendo ouvido isso, ela
poderia dizer se ela abjuraria entã o ou nã o. Mas ela nã o conseguia
entender tudo.
Entã o um certo Erard, o o icial para aquela tarefa, leu para ela um
pequeno artigo de oito linhas, nã o mais longo do que um Pater Noster ,
onde - como se supõ e - ela foi obrigada apenas em palavras gerais a
confessar o mal e a abjurá -lo; e eles prometeram por palavras (mas
tiveram o cuidado de nã o tê -lo por escrito) que, se ela assinasse e
vestisse roupas de mulher em prova de arrependimento, eles a tirariam
da abominaçã o de sua prisã o e daqueles homens vis e tirariam as
correntes e colocá -la, como tinha sido seu direito desde o inı́cio, na
prisã o do bispo, onde deveria ser cuidada apenas por mulheres, como a
lei da Igreja exige. E Joan pô s o seu sinal neste papel, tendo, ao fazê -lo,
no rosto um sorriso, cujo signi icado nã o podemos saber.
Mas quando a multidã o viu que ela havia assinado, alguns, que
tiveram pena dela, icaram contentes por ela ter escapado do fogo; e
outros, muito poucos, que a consideravam sagrada, entristeceram-
se; mas muitos, e especialmente os senhores ingleses e seus soldados,
icaram loucos de raiva, pensando que ela havia escapado deles. E
pedras foram atiradas, e houve um tumulto, e Joana foi levada
embora. Mas quanto a Cauchon, ele quebrou sua palavra e os fez levá -la,
nã o para a prisã o da Igreja, desencadeada, com mulheres para cuidar
dela, mas para a masmorra do castelo, acorrentada, e para a companhia
daqueles cavalariços pelo horror de quem ela tinha assinado. E eles
deram suas roupas de mulher, e ela as vestiu, estando agora à mercê
daqueles cavalariços.
E certos sacerdotes, desejando interrogá -la ainda mais, foram no dia
seguinte ao pá tio do castelo, mas lá os soldados de Warwick os
amaldiçoaram por falsos Armagnacs que haviam salvado a bruxa do
fogo; eles nã o sabiam como, naqueles mesmos dias, o pró prio Cauchon
dissera aos senhores que o repreenderam: "Ainda vamos pegá -la!"
Agora, no domingo de manhã , ela se levantaria e disse aos
cavalariços: "Soltem minhas correntes, pois preciso me levantar." Entã o
uma delas tirou seu vestido de mulher que estava na cama e trouxe, em
uma bolsa, o vestido de homem que ela usava antes de sua abjuraçã o; e
ele puxou-o para fora da bolsa e colocou-o na cama diante dela. Entã o
ela nã o se levantaria, visto que ela só tinha isto para vestir; pois ela
disse: "E proibido a mim." Mas, quando já era meio-dia, ela nã o
aguentou mais e vestiu o vestido de homem como antes.
E quando se soube no dia seguinte que ela estava vestida assim, oito
de seus juı́zes vieram e perguntaram por que ela havia vestido
novamente roupas masculinas; e eles disseram a ela que isso era uma
recaı́da. Mas ela disse que por estar entre esses homens ela foi
compelida, e ela contou com o rosto des igurado e lá grimas amargas os
ultrajes tentados. E ela repreendeu seus juı́zes por sua violaçã o de
fé . No dia seguinte, novamente, sendo terça-feira, Cauchon reuniu sua
tribo sobre ele e eles a condenaram por uma recaı́da renegada, a ser
entregue na manhã seguinte ao braço secular e ao fogo.
Agora, quando chegou a manhã , sendo quarta-feira, trigé simo dia de
maio do ano de Nosso Senhor de quatrocentos e trinta e um, os dois
dominicanos que estiveram com ela durante o julgamento vieram dizer-
lhe que ela deveria morrer, e em que morte. E ao ouvir isso, ela caiu em
um violento soluço e gemido, contorcendo-se e arrancando seus
cabelos e clamando que ela preferia ter morrido sete vezes pelo
machado do que seu corpo puro e nã o corrompido deveria ser
queimado.
Entã o Peter Cauchon, aquele bispo malvado, entrou na masmorra e
ela disse-lhe: "Bispo, é por ti que eu morro! Se me tivesses posto na
prisã o da Igreja com mulheres para me protegerem como era de direito,
isso nã o tem sido. Eu o convoco diante de Deus, o grande Juiz. "
Eles perguntaram a ela també m se ela agora nã o acreditava que
suas vozes eram falsas, visto que ela nã o havia encontrado nenhuma
libertaçã o. Mas se em amargura ela murmurou sim, ou se ela respondeu
com uma palavra cautelosa, nã o podemos dizer; pois o testemunho é
confuso. Era a hora do mal e os poderes das trevas estavam por toda
parte. Mas isto nó s sabemos: que ela tinha ouvido seus santos
repreendendo-a por aquele lapso dela quando ela assinou, e que, por
causa deles, ela se arrependeu.
Qualquer que seja sua resposta, eles cederam na questã o da
Comunhã o, que ela havia sido negada por tanto tempo. A missa, pela
qual ela havia desejado durante todo aquele abandono, ela poderia nã o
ouvir; mas ela recebeu o Corpo do Senhor.
Em seguida, colocaram nela um longo vestido branco e a colocaram
na confusã o com o dominicano que icaria com ela até o im. E quando
ela subiu para a tumbril, ela perguntou a Peter Maurice, que estava
perto:
"Mestre Maurice, onde devo estar esta noite?"
Quem respondeu: "Você nã o con ia em Deus?"
E ela disse: "Sim. Hoje estarei no Paraı́so."
Agora, eles haviam colocado uma guarda em torno dela de duzentos
homens com bastõ es e lanças, que iam antes dela atravé s de uma
multidã o de pessoas nas ruas de ambos os lados, e eles, avançando
lentamente, desceram com ela em direçã o à praça do mercado; e
quando ela foi e avistou a cidade, ela disse: "Ah! Rouen, Rouen, eu
morro aqui em você , e você vai ser minha ú ltima habitaçã o?"
E quando eles entraram na praça do mercado, havia um grande
aglomerado de muitos milhares esperando por eles, e no meio (mas um
pouco para o lado oeste) estava uma pilha de argamassa muito alta,
endurecida em pedra, e uma estaca alta em pé ele, e os fagots
empilhados em torno dele. Depois que um representante pregou para
ela, ela montou sem vacilar e foi acorrentada à estaca. Mas estando ali,
acima do povo, e vista por todos, ela perdoou seus inimigos e implorou
a cada sacerdote daquela multidã o que rezasse uma missa por sua
alma.
Entã o ela pediu uma cruz, e um soldado inglê s amarrou dois
gravetos e ergueu-os para ela pegar, os quais ela beijou e colocou no
peito de sua tú nica branca. Ela pediu també m um cruci ixo da igreja em
questã o, e este foi encontrado e dado a ela. E quando ela ergueu isto
diante de si e beijou-o també m com fervor, enquanto os senhores
ingleses clamavam pelo atraso, a tocha foi posta nos gravetos, e no meio
da fumaça eles a ouviram proclamar com irmeza que de fato sua
missã o era de Deus, e eles a ouviram orando aos santos; até que em
pouco tempo, uma voz alta veio do meio da queima, o Santo Nome
Jesus, chamado tã o alto que cada homem ouviu até o im da praça. E
depois disso houve silê ncio, e nenhum som alé m do crepitar do fogo.
Foi dada ordem para que as brasas fossem despedaçadas para que
todos vissem que ela estava morta. Mas, para que suas relı́quias nã o
fossem adoradas, os homens foram convidados a carregar suas cinzas
para o rio Sena, que corria por perto. Entã o eles jogaram no rio as
cinzas daquela Donzela - e seu coraçã o, que o fogo nã o consumiu.

JOAN da ARC na estaca: Por Lepneveu no Panteã o

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