Você está na página 1de 2

Data Título Veículo Seção Assunto UF

2022/07/28 Morre o bailarino e coreógrafo Rubens Barbot... O Globo Cultura Deborah_Colker RJ

URL original: https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2022/07/morre-o-bailarino-e-coreografo-rubens-barbot-aos-72-anos.ghtml

Morre o bailarino e coreógrafo Rubens Barbot, aos 72 anos


Gaúcho era referência da dança negra no Brasil e estava acamado desde 2019
Por Ricardo Ferreira — Rio de Janeiro

28/07/2022 12h46 Atualizado há uma hora

Rubens Bardot — Foto: Divulgação

Morreu nesta quinta-feira (28), aos 72 anos, de parada cardíaca, o bailarino e coreógrafo gaúcho Rubens Barbot, referência na dança
negra brasileira. Ele estava internado no Hospital Municipal Souza Aguiar, Centro do Rio, e vinha num quadro de saúde debilitado desde
2019. O velório será nesta sexta-feira (29), a partir das 8h, no Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), na Gamboa. O
enterro será na sequência, às 14h30, no Cemitério São Francisco de Paula, no Catumbi

Nascido na cidade de Jaguarão, criado em Rio Grande (RS) e radicado no Rio desde 1989, Rubens Barbosa dos Santos fundou a
Companhia Rubens Barbot de Teatro e Dança, considerada a primeira companhia negra de dança contemporânea do Brasil, e dedicou
mais de trinta anos à pesquisa de movimentos dos corpos negros no país. Nos anos 1990, criou um espaço dedicado à arte negra
carioca, o Terreiro Contemporâneo, no Centro.

Iniciou seus estudos na dança no final dos anos 1960, em Porto Alegre com João Luiz Rolla. Antes de vir para o Rio de Janeiro, passou
pela Escola de Ballet Contemporâneo, em Buenos Aires, a convite do bailarino Tony Abbott. Já no Brasil, com sua companhia, montou
dezenas de espetáculos, entre eles "Suspeito silêncio" (1990), "Dança Naná" (1993), "Não é mar, mas é salgado" (2000) e "Quase uma
história" (2006).

Ao GLOBO, o dançarino Carlinhos de Jesus disse que chegou a trabalhar com Barbot em algumas ocasiões e falou sobre sua
importância na dança afro-brasileira:

— Tive o prazer de conhecer Rubens Barbot e até estivemos juntos em alguns poucos trabalhos que me permitiram conhecer sua
genialidade. A importância dele para a Dança Negra Contemporânea foi grande trazendo conhecimentos e valores para a dança afro
brasileira — afirmou Carlinhos de Jesus.

De Portugal, a coreógrafa e pesquisadora Ana Vitória Freire destacou o estilo de Rubens Barbot, que segundo ela era dono de uma
dança "visceral, intercultural e diaspórica":

— Era uma figura excepcional, icônica, que deu para a dança do Sul do Brasil uma oportunidade de alargamento, uma interculturalidade
que poucas ou raras vezes se viu no Brasil. No Rio, marcou seu território, ou seu terreiro, de forma muito singular. A sua dança visceral,
intercultural e 'diaspórica' sempre foi um deleite para nós, coreógrafos — disse Ana Vitória.

A também coreógrafa Deborah Colker lamentou a perda do amigo e lembrou que sempre conversava com Barbot quando os dois se
encontravam:

— Quando eu comecei, Barbot já dançava, já pensava sobre corpo, sobre representatividade, sobre identidade, sobre respeito, sobre a
força de cada um. Sempre dançou a dança negra, a força da ancestralidade. Eu brincava com ele dizendo que às vezes parecia que ele
tinha mil anos, e outras parecia que ele tinha 10 anos. Era muita história concentrada. Ele viu todos os meus espetáculos, sempre
conversamos muito, sempre trocamos muito. Pram mim, sempre foi muito importante como ele olhava, como ele se misturava, como ele
tinha a força negra, mas como também como se diluia e renascia, misturava tudo, as cores, as culturas. Só tenho a agradecer.

Responsável pelo longa "Um filme da dança", documentário de 2013 que apresentava a situação dos dançarinos negros no Brasil, a
cineasta, coreógrafa, dramaturga e professora Carmen Luz classificou Barbot como um dançarino "inesquecível e elegante":

— Dançava com a alegria e a concentração de uma criança que desde de cedo soube que sua poesia estava no corpo — disse Luz.

O Sindicato dos Profissionais de Dança do Rio de Janeiro manifestou pesar diante da morte de Rubens Barbot: "Hoje é um dia triste para
a Dança Negra Contemporânea, o querido e inigualável Rubens Barbot fez sua passagem para o Orum", diz o comunicado postado no
Instagram. No Twitter, a deputada federal Benedita da Silva também homenageou o gaúcho, a quem chamou de "ícone da dança" e
"incrível coreógrafo". O ator, diretor e ativista Sidney Santiago, por sua vez, disse que Barbot foi "um homem fundamental na criação,
manutenção e luta - anunciação das artes negras".

sidney_santia…
View profile
23.2K followers


  
 

Aviso importante: O Superclip é um serviço de localização de notícias veiculadas na Internet.

As notícias cadastradas são de propriedade de seus autores e respectivas fontes de origem.

Produzido pela Superclip

Você também pode gostar