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Latin American Journal of Pharmacy Actualizaciones

(formerly Acta Farmacéutica Bonaerense)


Recibido el 9 de abril de 2007
Lat. Am. J. Pharm. 26 (4): 614-8 (2007) Aceptado el 21 de abril de 2007

Epibatidina: uma breve revisão


Miriam de BARCELLOS FALKENBERG*1 & Pablo ALBINO PEREIRA 1,2
1Programa de Pós-graduação em Farmácia, Centro de Ciências da Saúde,
Universidade Federal de Santa Catarina - Campus Universitário Trindade,
CEP 88040-900-Florianópolis, SC - Brasil.
2 Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí.

CEP 89160-000-Rio do Sul, SC - Brasil.

RESUMO. O presente artigo revisa a história do alcalóide epibatidina, isolado da pele de sapos do gênero
Epipedobates, encontrados na América Central e do Sul. A descoberta, a elucidação estrutural e a investi-
gação de aspectos farmacológicos da substância, que apresentou elevada potência analgésica e um meca-
nismo de ação até então desconhecido, são aqui apresentadas, bem como as tentativas de desenvolver fár-
macos analgésicos a partir da estrutura protótipo.
SUMMARY. “Epibatidine: A short review”. The present article revises the history of epibatidine, an alkaloid
which was isolated from the skin of Epipedobates tricolor, a frog found in jungles of Central and South America.
We present the discovery context, the structural elucidation and the pharmacological properties of this natural
product, which showed high analgesic potency and a new mechanism of action. The efforts to develop new anal-
gesic drugs from epibatidine as a lead compound are also described.

INTRODUÇÃO cou que a mesma apresentava um alcalóide re-


Entre os anfíbios com habitat nas florestas lativamente polar. A utilização de cromatografia
tropicais da América Central e do Sul encontra- gasosa acoplada a espectrometria de massas de-
se a família Dendrobatidae, com mais de 165 di- monstrou que a substância biologicamente ativa
ferentes espécies de sapos 1. Estes animais se- apresentava íons moleculares em m/z 208 e 210,
cretam um coquetel de alcalóides a partir de o que fez com que a substância fosse assim co-
glândulas granulares, localizadas em suas costas. dificada (208/210). A espectrometria de massas
Estas secreções servem como mecanismo de de- de alta resolução estabeleceu a fórmula empíri-
fesa, protegendo-os de predadores. Ao longo ca C10H13N2Cl, indicando a presença de 6 insa-
dos séculos, nativos de várias regiões do globo turações. O espectro de ultravioleta sugeria for-
têm usado toxinas de anfíbios como arma de temente a presença de uma estrutura parcial
caça, mergulhando as pontas de flechas nessas cloro-piridina 4,6.
secreções 2,3. A substância 208/210 foi purificada por cro-
Em 1974, John Daly (National Institute of matografia líquida de alta eficiência, rendendo
Health, NIH) coletou nas florestas do Equador, material para avaliação biológica. O alcalóide,
alguns exemplares de Epipedobates tricolor. Da batizado de epibatidina em função da sua ori-
pele dos animais foi extraída uma pequena gem, mostrou atividade analgésica em camun-
quantidade de uma mistura rica em alcalóides. dongos, no teste da placa quente, em doses en-
A administração intraperitonial da mistura em tre 20-50 µg/kg, sendo cerca de 200-500 vezes
camundongos elicitou um efeito do tipo Straub mais potente do que a morfina. Entretanto, veri-
tail 4, característico para opióides 5. Em 1976, ficou-se que atuava por um mecanismo não-
Daly coletou 750 exemplares do Epibatodes tri- opióide, pois seu efeito não era antagonizado
color, contudo a extração rendeu somente 750 pela naloxona 6.
µg do material ativo. A análise da amostra indi- Contudo, dispondo-se de uma amostra tão

PALAVRAS CHAVE: Analgésicos, Epibatidina, Epipedobates tricolor, Planejamento de novos fármacos.


KEY WORDS: Analgesics, Drug design, Epibatidine, Epipedobates tricolor.
* Autor a quem a correspondência deve ser dirigida: E-mail: miriam@ccs.ufsc.br

614 ISSN 0326-2383


Latin American Journal of Pharmacy - 26 (4) - 2007

diminuta, as análises por ressonância magnética


nuclear (RMN) e espectrometria de massas (EM)
disponíveis naquela época não forneceram in-
formação suficiente para se propor uma estrutu-
ra 3,4,6. Em 1984, um tratado internacional colo-
cou o E. tricolor na lista de espécies ameaçadas
Figura 2. Estrutura da (-)-nicotina.
de extinção, restringindo assim a sua coleta. Na
tentativa de continuar a pesquisa, o animal foi SÍNTESE
criado em cativeiro. Todavia, os extratos da pele A estrutura singular da epibatidina e o inte-
destes animais não continham o material com resse despertado por sua potência analgésica fi-
atividade biológica, sendo uma das hipóteses zeram com que diversos grupos de pesquisa se
para explicação do fato, a possibilidade de que dedicassem à sua síntese. Inúmeros trabalhos
a substância ativa (ou seu precursor) proviesse foram publicados logo após a elucidação da sua
de artrópodes locais que compunham a dieta estrutura 10-13. Estes processos de síntese podem
dos sapos 4. Diante destes fatos, Daly, que já ser agrupados em 4 categorias principais, em
utilizara parte da amostra de epibatidina para os função da estratégia adotada 14: fechamento nu-
testes biológicos, tinha agora apenas resquícios cleofílico intramolecular do anel de derivados
de sua amostra e uma única possibilidade: espe- de ciclohexano 1-amino-4-substituído; reação de
rar. E ele esperou mais de 10 anos! pirróis N-substituídos com dienófilos ativados;
contração da tropinona via rearranjo de Favors-
A IDENTIFICAÇÃO kii e ciclização intramolecular de derivados de
Nas décadas de 1980 e 1990 houve avanços prolina.
consideráveis em relação à intensidade de cam-
po magnético e sensibilidade dos espectrôme- FARMACOLOGIA
tros de RMN. Com aparelhos operando em 500 Após a publicação da estrutura da epibatidi-
MHz, tornou-se possível obter espectros com al- na muitos grupos, inclusive o de Daly, determi-
ta resolução para amostras inferiores a 1 mg 7-9. naram que o efeito analgésico da mesma era
Esses avanços permitiram que a elucidação es- mediado por receptores nicotínicos da acetilcoli-
trutural da epibatidina fosse possível 4,6. na. A epibatidina não somente se ligava e ativa-
Para que análise do material ativo de E. tri- va esses receptores, como o fazia em concen-
color por RMN pudesse ser realizada, foi neces- trações muito baixas (Ki = 0,043 - 0,055 nmol/L).
sária uma nova purificação da amostra para reti- A analgesia induzida pela epibatidina é inibida
rar um outro alcalóide ainda presente (poste- por mecamilamina, mas não por hexametônio,
riormente identificado como alopumiliotoxina) e indicando que os receptores nicotínicos neuro-
impurezas inativas presentes em pequena quan- nais são ativados 15,16.
tidade. Isto foi feito através da acetilação da Os receptores nicotínicos da acetilcolina
amostra e subseqüente purificação da epibatidi- neuronais são estruturalmente relacionados
na acetilada, através de partição ácido-básica 6. àqueles presentes nos músculos esqueléticos.
A análise do espectro de 1H-RMN em 500 Entretanto, diferentemente do receptor muscu-
MHz (CDCl3) da N-acetil-epibatidina permitiu lar, o qual é formado pelas subunidades α, β, γ
elucidar a estrutura da epibatidina e inclusive e δ, num pentâmero, o receptor central parece
estabelecer a estereoquímica dos centros assi- ser formado somente pelas subunidades α e β
métricos 6. Desta maneira, caracterizou-se a epi- (receptores heteroméricos, com alta afinidade
batidina como sendo exo-2-(6-cloro-3-piridil)-7- pelos agonistas acetilcolina, nicotina e epibatidi-
azabiciclo [2,2,1]heptano (Fig. 1). A estrutura da na) e, às vezes, somente por α (receptores ho-
epibatidina pôde ser, então, relacionada com a moméricos, com baixa afinidade pelos agonis-
da nicotina, constatando-se uma semelhança tas, mas capazes de ligar a bungarotoxina) 17.
considerável (Figs. 1 e 2). Ensaios mostraram que a epibatidina é no
mínimo 20 vezes mais potente do que a (-)-ni-
cotina para o receptor de subtipo α4β2 e 150
vezes mais potente para o subtipo α7, do cére-
bro de ratos. Já no modelo experimental Torpe-
do, o qual é rico em receptores nicotínicos da
acetilcolina do tipo neuromuscular, a epibatidi-
Figura 1. Estrutura da (±)-epibatidina. na foi 300 vezes mais potente do que a (-)-nico-

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BARCELLOS FALKENBERG M. de & ALBINO PEREIRA P.

tina 18. O efeito analgésico da mistura racêmica


da epibatidina, assim como dos enantiômeros
(+) e (-) isoladamente, foi confirmada em uma
variedade de modelos pré-clínicos. O isômero
de ocorrência natural, (+)-epibatidina, apresen-
tou nos primeiros testes o dobro da potência
analgésica em relação ao outro isômero 16, mas
em outros estudos os dois enantiômeros foram
eqüipotentes 19,20. É comum que enantiômeros
apresentem diferença de afinidade pelos recep- Figura 3. Sobreposição da nicotina e epibatidina (hi-
tores, como conseqüência da diferente configu- drogênios omitidos), após minimização de energia
ração de substituintes importantes para a ligação com MM2, obtida com o Chem3D 8.0.
ao receptor, conforme já foi descrito para inú- truturais relevantes para a atividade, análogos
meros fármacos e substâncias endógenas 21. da epibatidina foram sintetizados, na tentativa
Embora a epibatidina tenha efeitos antinoci- de obter compostos com melhor índice terapêu-
ceptivos pronunciados em modelos utilizando tico.
roedores, ela também produziu hipotermia e Um exemplo interessante é o da epiboxidina
ataxia, efeitos também elicitados pela nicotina (Fig. 4), um fármaco híbrido, resultante da com-
em doses antinociceptivas 22. Além disso, a epi- binação de elementos estruturais da epibatidina
batidina produziu convulsões em doses um com outros da substância ABT-418 (Fig. 5). Sua
pouco superiores às necessárias para antinoci- estrutura foi “desenhada” através da substituição
cepção, provocando também letalidade pela ad- do anel piridínico da nicotina por um anel meti-
ministração repetida em doses que não apresen- lisoxazólico, podendo ser considerada um isós-
tavam significativa toxicidade aguda 23. tero da nicotina. ABT-418 apresentou atividade
Percebe-se, portanto, que a epibatidina é um analgésica e também proporcionou melhoria da
ligante potente de todos os subtipos de recepto- capacidade cognitiva 23. Esse mesmo tipo de
res nicotínicos, sendo a pequena diferença entre substituição isostérica foi utilizado na epibatidi-
as doses analgésicas de epibatidina e as doses na, substituindo o anel cloro-piridínico pelo me-
que produzem efeitos tóxicos devida justamente tilisoxazol, produzindo-se, assim, a epiboxidina.
à falta de especificidade 18.
Assim, a partir dos vários estudos realizados,
evidenciou-se que a epibatidina possui um baixo
índice terapêutico, que a torna imprópria para uso
como analgésico. Por outro lado, essa substância
também revelou-se uma ferramenta importante no
estudo dos receptores nicotínicos 23.
Figura 4. Estrutura da epiboxidina.
A EPIBATIDINA COMO PROTÓTIPO NA BUS-
CA DE NOVOS FÁRMACOS ANALGÉSICOS
Um dos primeiros insights sobre o mecanis-
mo de ação da epibatidina resultou da compa-
ração das estruturas da nicotina e epibatidina.
Ambas possuem um átomo de nitrogênio básico
ligado por 1 ou 2 carbonos a um anel piridínico
e ambos os nitrogênios básicos são parte de um
anel de 5 membros. A demonstração de que Figura 5. Estrutura do ABT-418.
modelos moleculares energeticamente minimiza-
dos podiam ser sobrepostos, de modo que os Esta substância apresentou maior afinidade
principais grupos funcionais ficassem em po- para os receptores nicotínicos da acetilcolina (Ki
sições similares no espaço (Fig. 3), foi o primei- = 0,6 nmol/L) do que a própria nicotina (Ki = 1
ro experimento de modelagem molecular a nmol/L) e ABT-418 (Ki = 10 nmol/L). A epiboxi-
mostrar que a epibatidina e a nicotina poderiam dina apresentou menor potência como agonista
interagir com os mesmos receptores de forma na ligação em diferentes tipos de receptores ni-
similar 24. cotínicos, mas também apresentou menor toxici-
Com o conhecimento das características es- dade do que a epibatidina 23.

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De modo geral, estes resultados foram consi- Em numerosos ensaios de analgesia, o ABT-
derados promissores e a estratégia de hibridi- 594 apresentou desempenho superior à morfina.
zação molecular entre epibatidina e ABT-418, No hot box test, o ABT-594 foi 30-70 vezes mais
utilizada na síntese da epiboxidina, também foi potente na elicitação de efeito antinociceptivo
adotada por outros grupos de pesquisa, que dose-dependente e, no ensaio da formalina, blo-
tentaram outras modificações. A associação da queou a hiperalgesia nociceptiva associada com
estrutura parcial cloro-piridina (epibatidina) com injúria tecidual com uma potência 70 vezes su-
a subunidade 3-metil-isoxazol do ABT-418, so- perior à da morfina. O ABT-594 também foi há-
mada ao prolongamento da cadeia que une os bil em reduzir a nocicepção, independentemen-
dois anéis levou a uma série de análogos, den- te de ser mediada por fibras C (dor aguda) ou
tre os quais, a 2-(3-metil-5-isoxazolil)piridina foi A-β (dor neuropática) 29.
a mais potente 25. A cascata da dor é promovida pela ativação
Muitos outros análogos da epibatidina, nos de fibras primárias aferentes por estímulos noci-
quais o anel azabicicloeptano foi alterado, fo- vos, os quais podem induzir a liberação de neu-
ram sintetizados e testados. Entre estes, in- rotransmissores, tais como peptídeo gene-rela-
cluem-se a homoepibatidina, a bis-homoepibati- cionado a calcitonina, glutamato e substância P
dina e um análogo azabiciclooctano 12. De todas de terminais nervosos do corno dorsal. Estes,
as substâncias sintetizadas na década de 90, a então, ativam neurônios secundários no corno
mais bem sucedida foi ABT-594 (Fig. 6), obtida dorsal, de forma a facilitar a transmissão noci-
por pesquisadores da empresa farmacêutica Ab- ceptiva para níveis supra-espinhais. O efeito
bott. Esta substância foi escolhida entre mais de analgésico dos opióides deve-se, em parte, à di-
500 obtidas por química combinatória 26. minuição da liberação destes neurotransmisso-
res no corno dorsal. O ABT-594 mostrou reduzir
de forma dose-dependente a liberação de
substância P 29.
Foi observado também, que o ABT-594 po-
dia, seletivamente, inibir a transmissão de sinais
aferentes de dor sem afetar outras modalidades
sensórias como o tato. Outros estudos foram
conduzidos para determinar se o ABT-594 pro-
Figura 6. Estrutura do ABT-594. duzia dependência física observável, com admi-
nistrações repetidas, e se elicitava sinais de abs-
A substância ABT-594, obtida por otimização tinência quando descontinuado. Os resultados
de uma série de éteres de piridila, apresentou demonstraram que a substância não causou sín-
atividade antinociceptiva em uma variedade de drome de abstinência opióide-mimética, em ra-
modelos de dor aguda, persistente e neuropáti- tos. Ainda em contraste com a morfina, em do-
ca 18 e, uma vez que algumas condições de dor ses antinociceptivas, o ABT-594 não diminuiu a
neuropática são resistentes ao tratamento com motilidade gástrica em ratos 29.
opióides, a possibilidade de ampliação dos re- O melhor perfil do ABT-594 foi atribuído à
cursos para seu alívio pareceu promissora. Esta sua relativa seletividade para os receptores nico-
substância possui afinidade similar à da epibati- tínicos do subtipo α4β2 30. Apesar do perfil pré-
dina para o subtipo α4β2 no cérebro de ratos clínico promissor, os estudos com o ABT-594 fo-
(Ki = 0,037 e 0,043 nmol/L para o ABT-594 e ram abandonados, devido aos efeitos adversos
(±)-epibatidina, respectivamente). Entretanto, no sistema gastrointestinal apresentados na fase
ABT-594 possui afinidade 60 vezes menor para I dos testes clínicos 31. Entretanto, a partir do
o subtipo α7, em cérebro de ratos, e 3000 vezes ABT-594, a empresa Abbott desenvolveu outra
menor para os receptores do tipo neuromuscu- substância com índice terapêutico 30 vezes su-
lar, no modelo Torpedo, do que a epibatidina perior àquele, em modelos pré-clínicos de dor
18,27. Dessa forma, ABT-594 mostrou uma maior neuropática, a qual foi codificada como ABT-
seletividade em relação a epibatidina e ensaios 894. Esta substância está sendo avaliada na fase
in vivo em camundongos avaliando efeitos anal- I de teste clínicos 32.
gésicos e adversos do ABT-594 em diferentes
modelos, bem como a avaliação da dose letal CONSIDERAÇÕES FINAIS
média, confirmaram que o índice terapêutico do A administração sistêmica de opióides per-
ABT-594 é significativamente maior que o da manece como o meio mais efetivo de aliviar a
epibatidina 28. dor severa em uma ampla gama de situações,

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BARCELLOS FALKENBERG M. de & ALBINO PEREIRA P.

que incluem dor aguda, inflamatória persistente Crouch & G.E. Martín (1994) Tetrahedron Lett.
e neuropática. Apesar do amplo espectro de 35: 4919-22.
ação analgésica, o uso clínico dos opióides é li- 10. Broka, C.A. (1993) Tetrahedron Lett. 34: 3251-4.
11. Clayton, S.C. & A.C. Regan (1993) Tetrahedron
mitado por efeitos colaterais, como depressão Lett. 34: 7493-6.
respiratória, constipação e dependência física. 12. Xu, R., D. Bai, G. Chu, J. Tao & X. Zhu (1996)
O isolamento da epibatidina proporcionou a Bioorg. Med. Chem. Lett. 6: 279-82.
descoberta de um novo mecanismo de ação 13. Trost, B.M. & G.R. Cook (1996) Tetrahedron Lett.
analgésica e demonstrou mais uma vez o poten- 37: 7485-8.
14. Strong, S. Altering Chemistry: Epibatidine a Novel
cial dos produtos naturais como protótipos para Alkaloid, Disponível em: < http://wwwchem.
o desenvolvimento de novos fármacos. Dentre csustan.edu/chem4400/sjbr/strong98.htm>, aces-
os vários análogos produzidos a partir da estru- so em 03 de março de 2006.
tura da epibatidina, destacou-se o ABT-594, cujo 15. Qian, C.; Li, T.; Shen, T.Y., Libertine-Garahan, L.,
desenvolvimento foi abandonado devido a efei- Eckman, J., Biftu, T. & Ip, S. (1993) Eur. J. Phar-
macol. 250: R13-R14.
tos adversos; no seu lugar, vem sendo avaliado 16. Badio, B. & J.W. Daly (1994) Mol. Pharmacol. 45:
o ABT-894, com índice terapêutico significativa- 563-9.
mente superior e que é considerado um candi- 17. Gotti, C. & F. Clementi. (2004) Prog. Neurobiol.
dato promissor dentro da nova classe de fárma- 74: 363-96.
cos analgésicos nicotínicos. 18. Decker, M. W. & M. D. Meyer (1999) Biochem.
Pharmacol. 58: 917-23.
O potencial de alívio da dor e do sofrimento 19. Tongchuan, L., Q. Changgeng & J.O. Eckman
faz com que os analgésicos estejam entre os fár- (1993) Bioorg. Med. Chem. Lett. 12: 2759-64.
macos mais valorizados por profissionais de sa- 20. Damaj, M.I., K.R. Creasy, A.D. Grove, J.A. Rose-
úde e pacientes. Curiosamente, esta nova classe crans & B.R. Martin (1994) Brain Res. 664: 34-40.
de analgésicos teve sua origem em uma 21. Hutt, A.J, S.C. Tan (1996) Drugs 52 (suppl. 5):1-
12.
substância obtida a partir de sapos, animais que 22. Lloyd, G.K & M. Williams (2000) Pharmacol. Ex-
tradicionalmente são pouco apreciados pela cul- perim. Therap. 292: 461-7.
tura ocidental e que na tradição de vários povos 23. Badio, B., H.M. Garraffo, C.V. Plummer, W.L.
são tidos como peçonhentos. Padgett & J.W. Daly (1997) Eur. J. Pharmacol.
As dificuldades encontradas pelos pesquisa- 321: 189-94.
24. Dukat, M., M.I. Damaj, W. Glassco, D. Dumas,
dores durante a descoberta da epibatidina evi- E.L. May, B.R. Martin & R.A. Glennon (1994)
denciam também a importância da abordagem Med. Chem. Res. 4: 131-9.
racional e integrada na pesquisa de produtos 25. Silva, N.M., J.L.M Tributino, A.L.P. Miranda, E.J.
naturais, bem como da preservação da biodiver- Barreiro, C.A.M. Fraga (2002) Eur. J. Med. Chem.
sidade e da prospecção responsável da mesma, 37: 163-70.
26. Holladay, M.W., J.T. Wasicak, N.H. Lin, Y. He,
no sentido de possibilitar que inúmeras outras K.B. Ryther, A.W. Bannon, M.J. Buckley, D.J.B.
substâncias ativas venham a se constituir em no- Kim, M.W. Decker, D.J. Anderson, J.E. Campbell,
vas alternativas na terapêutica das mais diversas T.A. Kuntzweiler, D.L. Donnelly-Roberts, M. Piat-
doenças. toni-Kaplan, C.A. Briggs, M .Williams & S.P. Ar-
neric (1998) J. Med. Chem. 41: 407-12.
27. Donnelly-Roberts, D.L., P.S. Puttfarcken, T.A.
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log. Evol. 15: 34-40. Arneric. (1998) J. Pharmacol. Exp. Ther. 285:
2. Daly, J.W., G.B. Brown, M. Mensah-Dwumah & 777-86.
C.W. Myers (1978) Toxicon 16: 163-88. 28. Decker MW, A.W. Bannon, M.J. Buckley, D.J.B.
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5. Nath, C., M.B. Gupta, G.K. Patnaik & K.N. Dha- 29. Bannon, A.W., M.W. Decker, M.W. Holladay, P.
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