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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

FACULDADE MINEIRA DE DIREITO

Rogério Sampaio

Projeto Ler no Direito do Livro ”Torto Arado”

Trabalho Direito do trabalho II


1- Não, o art. 149 do CPB trata do trabalho em condição análoga a de
escravidão, no caput e nos incisos II e III, onde o trabalhador recrutado, geralmente
pessoas simples e de baixa escolaridade, são submetidos ao trabalho árduo e duro,
por longas jornadas e sem quaisquer direitos trabalhistas, geralmente são
empregados de grandes fazendas no norte do país ou de carvoarias localizadas no
norte de Minas Gerais ou no Estado da Bahia. São recrutados para trabalhar e
morar no mesmo local, em fazendas e carvoarias e geralmente moram em
alojamentos precários, sem condições mínimas de higiene, onde trabalham em troco
de moradia e de alimentação, e não recebem nada em salário ou pecúnia, aceitam
esta situação degradante porque sua vida anterior ao trabalho adquirido, era ainda
pior pois passavam até fome onde moravam com suas famílias e o que é pior, sem
nenhuma perspectiva de melhora de condições de vida. Desta forma diante da total
falta de condições mínimas de sobrevivência os obriga a aceitar uma “condição de
vida menos pior do que a anterior” por isto vemos na fala proferida por Zeca Chapéu
Grande: “ Dinheiro não tinha, mas tinha comida no prato e mostrando a mata ao seu
redor, Aqui não nos falta nada”. De que mais precisamos então? E é esta a
realidade que nos remete ao Brasil do interior e da grande concentração de renda na
mão de poucos, dos grandes latifúndios da região norte, das grandes grilagem de
terras de reservas indígenas, e de terras devolutas da União Federal.

A situação é tão comum que em uma ação conjunta dos Auditores fiscais do
trabalho, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Ministério Público Federal e
Defensoria Pública da União, resgataram 942 trabalhadores em condições análogas
ao trabalho escravo em uma fazenda de criação de gado no sul do estado do Pará.
Isto sem falar nas inúmeras outras ações de libertação de trabalhadores em
carvoarias clandestinas no norte de Minas Gerais, e em outros estados da União.

2- No “Truck System” o empregador mantém a dependência do empregado em


trabalho de “Servidão” por fornecer alimentos, roupas e diversos outros produtos
com a clara intenção de fazer o empregado contrair dívidas, que jamais poderá
pagar. Ao mesmo tempo que o empregado por gratidão por ter um patrão tão
“Bonzinho” nunca traía sua confiança e vá embora deixando para trás as dívidas
contraídas.
O Art. 462 caput da CLT garante ao que é vedado ao empregador descontar em seu
salário quaisquer desconto, exceto o adiantamento de salário se houver.

1
Sim, pag. 197, “Sutério o novo proprietário da fazenda, no início se mostrava
solidário, conquistando a confiança das pessoas com falsas promessas. Depois
montou um barracão de mantimentos, resolveu criar porcos, e quem estivesse
disposto a trabalhar teria direito a salário, porém nunca as pessoas receberiam de
fato, pois os dias de trabalho eram pagos com as retiradas de mercadorias, e ao sair
de lá os moradores terminavam deixando uma dívida maior do que o pagamento que
tinham para receber”

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