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O MÉTODO BARSI

AULA 1: Value Investing - Compre R$ 1 pagando só R$ 0,50


QUER GANHAR UMA BOLSA
INTEGRAL PARA CURSAR
DE GRAÇA O MBA EM VALUE
INVESTING COM LUIZ BARSI?

Deixe um comentário com a hashtag #ValueInvesting


explicando por que essa é a melhor técnica para ganhar
dinheiro com investimentos em ações. O comentário mais
criativo será premiado com uma bolsa integral para cursar
esse MBA que vamos lançar em alguns dias.

Um exemplo de comentário: #ValueInvesting –


Quando o Sr. Mercado estiver vendendo ações
a qualquer preço, aproveite para comprar R$ 1
pagando só R$ 0,50.

Deixe agora mesmo seu comentário na página de


transmissão do curso “O Método Barsi” ou no campo de
comentários do Youtube para tentar ganhar sua bolsa!

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INTRODUÇÃO
ESSA É A HISTÓRIA DA OPERAÇÃO MAIS LUCRATIVA DE LUIZ BARSI, O
MAIOR E MAIS BEM-SUCEDIDO INVESTIDOR INDIVIDUAL DA BOLSA. HÁ
POUCO MAIS DE 10 ANOS NINGUÉM QUERIA AS AÇÕES DE UMA EMPRESA
QUE VINHA PASSANDO POR UM GRANDE PROCESSO DE REESTRUTURAÇÃO.

Essa empresa era a Unipar, hoje líder na fabricação de cloro e soda e vice-
líder em PVC na América Latina. Há uma década as ações da Unipar eram
desprezadas pelos, que estavam céticos em relação à reinvenção do modelo de
negócios da companhia.

A Unipar nasceu na década de 1940 como uma refinaria e depois se concentrou


em investimentos no setor petroquímico em São Paulo, no polo petroquímico
de Camaçari e na Rio Polímeros. Em 2010, a empresa vendeu todas suas
participações nos negócios petroquímicos e decidiu se concentrar somente em
cloro, soda e PVC.

Mas em 2011 a empresa deuBARSI


LUIZ um passo na direção equivocada, comprando uma
participação numa empresa que fabricava pás para torres de energia eólica.
Nessa época a Unipar tinha um lucro muito baixo: o que ela ganhava com cloro e
soda era quase o mesmo tanto de dinheiro que ela perdia com as pás eólicas.

LUIZ BARSI

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Suas ações chegaram a ser negociadas por menos de R$ 2 e o valor de mercado
de toda a companhia em alguns momentos caiu abaixo de R$ 200 milhões.
O mercado achava que a Unipar não tinha nenhum futuro e atribuía uma alta
probabilidade de a empresa quebrar.

Os acionistas da Unipar que venderam suas ações naquela época estavam


jogando fora seu investimento como um fumante que dispensa a bituca quando
o cigarro acaba. Foi nessa época que o Luiz Barsi decidiu que era hora de montar
uma grande posição.

Foram anos em que a maior parte do mercado vendia ações da Unipar a


qualquer preço. Enquanto isso, o Barsi estava do outro lado comprando ações a
R$ 2 ou R$ 3. Durante a maior parte do tempo parecia que quem estava errado
era o Barsi, já que a empresa não conseguia colher frutos da reestruturação em
curso. Nessa época ele comprou quase 20% da Unipar pagando em média R$ 4
por ação.

Barsi gastou cerca de R$ 80 milhões para ter essa posição, que se multiplicou
por 23 vezes. Hoje essas ações valem cerca de R$ 1,85 bilhão, além de uns R$
280 milhões que ele recebeu em dividendos da Unipar desde então. Somando
dividendos e valorização, o Barsi já lucrou mais de R$ 2 bilhões com a posição.

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Não existe um único investidor
minoritário na Bolsa brasileira que
tenha obtido um lucro tão alto
investindo em uma única empresa.

O método utilizado pelo Barsi consiste em


encontrar ações bastante descontadas na Bolsa,
comparando o preço que uma ação está sendo
negociada no mercado com o valor intrínseco
daquele negócio. Quando encontra uma ação em
que acha que tudo de ruim já está precificado,
Barsi monta sua posição - independente do que
o mercado esteja falando sobre a empresa.

Quando os dividendos de sua carteira de ações


caem na conta, ele vai comprando mais ações.
E, se a ação segue caindo para valores cada vez
mais baixos e os fundamentos da empresa estão
melhorando, ele comemora, pois o mercado está
dando a ele a oportunidade de acumular mais
ações a um desconto ainda maior.

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HISTÓRIA
O marco zero do Value Investing pode ser considerado a publicação do livro
“Security Analysis” por Benjamin Graham e David Dodd em 1934. Eles eram
professores da Columbia University, em Nova York, até hoje considerada o
quartel-general do Value Investing no mundo.

BENJAMIN GRAHAM SECURIT Y ANALYSIS

No livro “Security Analysis”, pela primeira vez um investidor bem-sucedido reuniu


de forma sistemática o conjunto de regras que utilizava para escolher ações
com grande potencial de valorização. Depois da publicação do livro, o mercado
acionário começa a entrar numa fase de maior profissionalização.

Esse livro foi tão marcante para o Value Investing que no cinquentenário de sua
publicação, em 1984, ninguém menos que Warren Buffett foi à Universidade
Columbia, onde ele mesmo havia estudado com Graham, para fazer uma palestra
até hoje bastante lembrada.

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Essa palestra virou um paper chamado “Os Super Investidores de Graham-e-
Dodsville”. “Graham-e-Dodsville” era um lugar imaginário criado pela mente
do Buffett que seria a terra-natal de um conjunto de 9 investidores que vinham
obtendo excelentes resultados no mercado nas últimas décadas. Esses 9
investidores tinham algo em comum: todos eles haviam trabalhado na firma de
investimentos do Graham ou então com o Buffett.

Na palestra, Buffett mostrou em detalhes os excelentes resultados obtidos na


Bolsa por essas 9 pessoas. Todos seguiam os ensinamentos de Ben Graham e
procuravam discrepâncias entre o valor dos negócios e o preço de suas ações
transacionadas no mercado.

Em “Security Analysis”, Graham e Dodd defenderam que o mercado é racional


durante boa parte do tempo, mas em diversos momentos, em especial
em períodos de maior estresse ou de grande euforia, o mercado esquece
completamente a racionalidade e fecha transações por preços completamente
absurdos quando comparados ao valor dos negócios.

O mercado errava para cima nos momentos de euforia e para baixo nas
correções. E esses erros da manada criavam oportunidades para quem soubesse
a diferença entre preço e valor para se posicionar.

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Ao final de sua palestra, Buffett concluiu: “Grandes
discrepâncias entre preço e valor sempre existirão no
mercado, e aqueles que entenderam o que Graham &
Dodd tinham a dizer continuarão a prosperar”.

Em 1949, Graham publica um novo livro chamado “O


Investidor Inteligente”, que mais tarde foi classificado por
Buffett como “de longe o melhor livro sobre investimentos
já escrito”.

Em “Security Analysis”, Graham detalhou o conjunto


de regras técnicas que obedecia para selecionar ações
e lançou as bases do Value Investing, enquanto em
“O Investidor Inteligente” ele se aprofundou sobre o
arcabouço emocional do investidor de sucesso. Uma coisa
que Graham enfatizou muito em seus livros é que quanto
mais barato você paga por uma ação, menor será seu
risco.

No termo cunhado por Graham naquele momento: quanto


menos você paga pelas ações, maior será sua “margem
de segurança” no investimento. A função da margem
de segurança é, em essência, tornar desnecessária
uma estimativa precisa sobre o futuro de determinada
companhia: se a margem de segurança é grande, basta
presumir que os lucros futuros não cairão muito abaixo
dos resultados do passado para que o investidor fique
suficientemente protegido das oscilações do tempo.

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A FORMA MAIS FÁCIL
DE PAGAR BARATO
Para Graham, o mercado costumava dar ao investidor oportunidade para
comprar ações com grande margem de segurança em dois momentos:

01
Comprar ações em meio
às crises, quando ninguém
mais queria fazer isso;

02
Já exigia um pouco mais de técnica: o investidor
deveria ser capaz de identificar quando uma
ação ficou muito barata, com base em números,
raciocínio lógico e referência a experiências reais
– e não só em achismos.

Vamos começar pelas crises, porque esse é o jeito mais fácil de dar grandes
tacadas: sempre que a Bolsa cai 20%, 30% ou 40%, abre-se uma oportunidade
ao investidor de longo prazo. Nessas correções, aqueles investidores que estão
em busca de pequenos lucros de curto prazo somem da Bolsa e os preços
voltam aos patamares racionais ou até caem abaixo disso porque o comprador
marginal nestes momentos é sempre um investidor racional, que sabe a
importância de pagar barato.

Quando o único comprador que aparece é alguém treinado e disciplinado a


pagar barato, vê-se gráficos como o demonstrado abaixo, no qual é possível ver
que neste ano as ações brasileiras chegaram a ser negociadas por 5,3x lucro, o
menor patamar deste século.

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Na média, as maiores empresas brasileiras não ficaram tão baratas quanto
agora nem nos piores momentos, como na crise argentina de 2001, no
apagão, na primeira eleição do Lula, no mensalão, na crise do subprime, na
crise de Grécia, no impeachment da Dilma, no Joesley Day nem na primeira
onda de Covid-19. Esse é um claro indicativo que investir hoje na Bolsa
embute baixo risco porque, historicamente, quando as ações ficam tão
baratas geralmente elas se recuperam num momento seguinte.

Comprar quando está barato parece algo óbvio. Mas não é o que as pessoas
fazem. No ano passado, quando as ações estavam muito mais caras do que
estão hoje, os fundos de ações brasileiros captaram R$ 6 bilhões. Já agora,
com a Bolsa a preço de banana, os fundos de ações já sofreram resgates
de mais de R$ 50 bilhões neste ano. Se soa totalmente óbvio que é para
comprar quando está barato e vender quando está caro, por que tanta gente
faz o contrário?

A explicação é psicológica, química e biológica: quando o mercado está


subindo, geralmente sua recompensa será mais rápida, já que, seguindo
uma tendência de alta, você tem boas chances de ter um ganho inicial mais
rápido.

Os humanos são animais que procuram padrões mesmo onde eles


possam não existir. Após a ocorrência de um evento apenas duas ou três
vezes, regiões do nosso cérebro chamadas “cingulado anterior” e “nucleus
accumbens” passam a nos dizer que aquilo ocorrerá novamente.

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Compramos uma ação e ela sobe. Compramos outra ação e ela sobe de novo. Na
terceira vez, nosso cérebro já está cheio de dopamina e nos convencemos que
vai subir para sempre. Vamos aumentando a posição, vamos comprando cada
vez mais caro e plantamos nossas próprias enrascadas futuras.

Até que um dia a maré muda e as ações começam a cair: você, investidor cheio
de dopamina, vai achar que é mais um caso de “caiu, comprou” e, inicialmente,
não será capaz de enxergar que as condições mudaram. Mas vai seguir caindo,
caindo, caindo até que as perdas comecem a estimular sua amígdala, a parte do
cérebro que processa o medo e a ansiedade. Você vai sentir medo quando suas
ações estiverem derretendo e a dor vai ficando maior e maior à medida que as
correções de preço se aprofundam.

Vai doer tanto que você vai vender suas ações quando deveria estar comprando.
Os psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky, ganhadores do Prêmio Nobel
de Economia, demonstraram que perder US$ 1.000 provoca um golpe emocional
duas vezes mais forte do que a alegria de ganhar US$ 1.000. A maioria dos
investidores não vai conseguir resistir à dor e vai jogar a toalha.

AMOS T VERSKY DANIEL KAHNEMAN

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Os comentários na mídia vão deixar tudo pior: você vai ler nos
sites especializados ou nas redes sociais que a Bolsa despencou
5% num dia com o pessimismo dos investidores frente a uma
onda de notícias negativas. Mas o que você deveria estar lendo
na mídia é que as ações ficaram muito mais atraentes após a
Bolsa cair 5% num dia. Você também não vai ler que os analistas
estão otimistas porque os preços podem ficar ainda mais
atraentes nos próximos dias se a Bolsa continuar caindo.

Quando a Bolsa passar por uma correção de 30% em algumas


semanas, os repórteres já lerão as notícias financeiras com tom
de pesar. Já grandes investidores como Buffett e Barsi não vão
estar com cara de velório. Na verdade, eles vão estar eufóricos!

Eles não planejam vender ações no futuro próximo – pelo


contrário. Então essas quedas serão vistas por eles como
oportunidades para comprar mais ações pagando mais barato.
Enquanto a maior parte das pessoas só começa a perceber a
Bolsa como um mercado de risco após as fortes quedas, o Barsi
sabe que a própria desvalorização das ações se encarregou de
extirpar grande parte do risco do investimento em renda variável.

O jornalista Jason Zweig, do Wall Street Journal, diz que essa


parte psicológica é tão difícil de ser controlada que, antes de
comprar ações, as pessoas deveriam redigir e assinar uma carta,
com força de contrato, em que se declarariam investidores de
longo prazo, declarando saberem que se sentirão tentadas a
comprar ações quando o mercado estiver subindo e vender
quando estiver caindo – mas que não vão deixar o Sr. Mercado
tomar decisões por elas.

No carta, o investidor se comprometeria a usar as fortes quedas


a seu favor, aproveitando para aumentar a posição. O investidor
declararia ainda que planeja deixar o dinheiro aplicado por ao
menos 10 anos – a menos que haja algum tipo de emergência
de saúde, perda de emprego ou algo assim. Depois de imprimir
e assinar essa carta, você vai colá-la na parede de seu escritório
para nunca se esquecer sobre como deve agir quando for testado
pelo Sr. Mercado.

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ANÁLISE DE
FUNDAMENTOS
Pronto, agora você já sabe como agir nos momentos
de crise. Entretanto, na maior parte do tempo o mercado
não vai estar vivendo correções. Por isso, Graham também
propôs um conjunto de regras para o investidor seguir ao
comprar ações em tempos tranquilos.

Ele dizia que o investidor deveria adotar uma postura defensiva na Bolsa, sempre
com o objetivo de evitar grandes perdas.

O jeito de fazer isso seria seguir esses 8 conselhos:

01
Diversificação: você vai errar. Portanto, evite que seus
erros destruam seu portfólio. Mas não exagere. Uma
carteira com 10 a 30 ações seria o ideal;

02
Empresas bem protegidas e conservadoramente
financiadas. Graham gostava muito de investir em
monopólios naturais como ferrovias, empresas que
sempre têm demanda inelástica como concessionárias
de energia elétrica ou companhias que precisam realizar
baixo investimento em ativos fixos como bancos e
seguradoras.

03
Além da qualidade do negócio, Graham também buscava
administradores competentes e com boa conduta. Ele
aconselhava fugir de empresas em que a diretoria recebia
salários muito altos. Mas considerava que só executivos
competentes não eram motivo para investir numa ação.
Como já dizia Buffett: “Quando administradores com uma
reputação brilhante se envolvem com um negócio com
reputação ruim, é a reputação do negócio que permanece
intacta.”

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04
Força financeira e estrutura de capital da empresa: a
dívida está sob controle? Para Graham, a dívida de longo
prazo de uma empresa não deveria ser superior a 50% do
capital social.

05
Histórico longo de pagamentos de dividendos: Graham
filtrava as empresas que pagaram dividendos em
todos os últimos 10 anos – e preferia companhias com
dividendos crescentes no período.

06
Retorno em dividendos atraente: se a ação paga só 1%
em dividendos aos seus acionistas por ano, isso pode ser
um sinal de que a ação está cara.

07
Múltiplo razoável: o investidor não deveria pagar mais de
25x o lucro médio de uma empresa nos últimos 7 anos e
não mais que 20x o lucro médio dos últimos 12 meses.

08
Por último, Graham gostava de empresas que eram
negociadas abaixo de seu valor patrimonial. Ou seja, o
valor de mercado da empresa era inferior ao dinheiro que
foi investido pelos sócios no negócio. Ele desaconselhava
o investimento quando o preço das ações era superior a
1,5x o valor patrimonial.

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OS DISCÍPULOS
DE GRAHAM
Esse modelo de investimentos desenvolvido pelo
Graham influenciou muitos grandes investidores do
mercado acionário, como Buffett, Philip Fisher, Seth
Klarman e Luiz Barsi. Mas cada um fez suas próprias
adaptações ao Value Investing do Graham.

Philip Fisher, por exemplo, discorda parcialmente do Graham numa questão


importante. Graham defendeu enfaticamente que o investidor de sucesso deveria
comprar ações baratas para vendê-las mais caras. Mas – no livro “Common
Stocks and Uncommon Profits”, que em português seria algo como “Ações
Ordinárias e Lucros Extraordinários” – Fisher defendeu que muitas vezes o
melhor que o investidor teria a fazer era comprar ações de boas empresas a
preços descontados, mas com a perspectiva de segurá-las para sempre.

PHILIP FISHER

Se você fizer seu trabalho corretamente e comprar ações de empresas que vão
crescer por décadas adiante, a hora certa de vender quase sempre é nunca – a
não ser que a companhia comece a perder suas vantagens competitivas. Philip
Fisher diz que é lógico que se existisse um investidor capaz de comprar ações
sempre no fundo do poço e vendê-las sempre no topo histórico, ele teria uma
performance superior à de quem segura ações por 30 anos. O problema, disse
ele, é que nenhum ser humano possui essa habilidade de acertar topos e fundos
com consistência.

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Outro discípulo que com o tempo foi fazendo adaptações à filosofia de
investimentos do Graham foi Warren Buffett. No início de sua carreira, Buffett foi
aluno de Graham e depois trabalhou com ele. Os dois faziam as coisas do mesmo
jeito. Como Graham era muito focado em preço, ele acabava comprando as
ações com os menores múltiplos da Bolsa. Ele mesmo chamava essas ações de
“cigar buts”, ou bitucas de cigarro, porque eram as ações que o mercado inteiro
estava jogando fora a qualquer preço. Buffett seguiu muito essa linha durante
suas décadas iniciais como investidor.

WARREN BUFFETT

Mas depois que ele se tornou um homem rico, gerindo muitos milhões de
dólares, uma coisa importante mudou em seu jeito de investir. Ao invés de
preferir as ações com os menores múltiplos da Bolsa, Buffett começou a procurar
preços descontados entre os melhores negócios dos EUA. Ele entendeu que por
trás de ações negociadas a múltiplos muito baixos geralmente havia negócios
ruins que poderiam continuar baratos para sempre.

Assim, Buffett começa a dar preferência a investir nas empresas que mais
criam valor. Essa mudança do Buffett ocorre depois que ele se aproxima de
Charlie Munger, que até hoje é seu parceiro inseparável nos investimentos.
Munger convence Buffett que, se ele quer investir em determinados negócios
por décadas ou às vezes até para sempre, é preciso escolher quem vai seguir
crescendo no longo prazo.

CHARLIE MUNGER

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Munger diz que “o dinheiro grande não está na compra e
na venda, mas está na espera”. Ao se debruçarem sobre
as empresas que devem seguir crescendo por anos ou
décadas, Munger e Buffett popularizam um conceito até hoje
bastante difundido, que é o dos “moats”. Na tradução literal,
“moat” é o fosso que ajudava a proteger um castelo, mas na
linguagem dos negócios, “moat” é o escudo competitivo de
uma empresa que vai impedir que seus rivais comecem a
tomar seu mercado.

Na teoria econômica, uma empresa que possui hoje uma


vantagem competitiva, que lhe permite ter margens muito
altas, com o tempo perderá espaço para os rivais. Isso
porque se uma companhia tem uma margem líquida de 30%,
muitos empresários também vão querer uma margem igual.
Eles vão investir seu capital no mesmo setor para construir
rivais dessa empresa e, no longo prazo, haverá tantos rivais
que a margem líquida de todos inevitavelmente vai cair para
um número mais normalizado, algo como 15%.

O que Buffett e Munger passaram a procurar eram negócios


tão especiais que seriam capazes de continuar crescendo e
reajustando preços mesmo com a chegada da concorrência.
Alguns “moats” que eles identificaram:

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Uma marca forte, que é quase sinônimo do produto
que vendem. A Coca-Cola e a Gillette são dois
investimentos históricos de Buffett que entraram na
carteira por sua força de marca.

Vantagem de escala: se uma empresa é muito


maior e mais eficiente que seus competidores,
dificilmente ela vai deixar de ganhar mercado
mesmo que aumente preços. Durante muito tempo,
esse foi o caso da Ambev no Brasil - até que a
Heineken quebrou esse padrão e se tornou um
incômodo.

Custos de troca: existem alguns fornecedores


que são muito difíceis de serem substituídos.
Por exemplo, se uma empresa usa o software de
gestão da SAP, mudar para outro software implica
em um custo de milhões de dólares em licenças
e milhares de horas perdidas em treinamento dos
funcionários. Então a SAP conseguiu reajustar
preços por muitos anos sem perder mercado.

Efeitos de rede: os clientes da Apple já estão


acostumados a deixar sua vida armazenada no
iCloud, usam iTunes, possuem smartphone, tablet
e laptop da empresa. O cliente dificilmente sai do
ecossistema da Apple mesmo com os seguidos
reajustes nos preços dos aparelhos.

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O MÉTODO
BARSI
Luiz Barsi bebe na fonte dos maiores gurus do Value Investing: no método que
ele desenvolveu tem um pouco do Graham, um pouco do Fisher e um pouco do
Buffett. De Graham, ele usa principalmente a importância de pagar barato por
ações e o gosto por dividendos, ou seja: ele está em busca de excelentes negócios,
com uma excelente administração, em que se vislumbra a perenidade do ativo e
que também possui um retorno em dividendos interessante.

Ao valorizar empresas que pagam bons dividendos, o investidor já vai deixar de


priorizar diversos investimentos especulativos. Por exemplo: ouro, dólar e bitcoin
são considerados investimentos, mas não geram fluxo de caixa e não pagam
dividendos. Na concepção do Barsi, esses são ativos com características mais
especulativas. Como não há dividendos, só há ganho se você conseguir vender
esse ativo a um preço superior ao que pagou.

Muitas vezes isso acaba descambando na teoria do tolo maior, ou seja: o investidor
topa comprar um ativo mesmo pagando caro porque acha que sempre vai existir
um tolo maior que vai pagar mais caro ainda. Isso é legal enquanto funciona. Até o
dia que para de funcionar e você descobre que o tolo maior foi você.

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Essa mesma lógica do ouro, do dólar ou do bitcoin também vale para empresas
em que você paga 500x ou 1.000x lucro por suas ações. Numa empresa assim os
dividendos serão irrisórios e a companhia está precificada à perfeição – qualquer
resultado trimestral mais fraco pode provocar um terremoto na cotação. Por isso,
geralmente o Barsi não compra empresas com múltiplos muito elevados.

Ele também gosta de dividendos porque eles geram fluxos de caixa que
permitem que ele siga comprando mais e mais ações todos os meses. Barsi tem
a filosofia de acumular: ele não tem uma meta de possuir uma fortuna de R$ 5
bilhões ou de R$ 10 bilhões, mas sempre pensa nos dividendos que recebe como
uma forma de comprar 5 milhões de ações de uma empresa, 10 milhões de ações
de outra etc. E os dividendos permitem que ele esteja sempre injetando dinheiro
novo na compra de mais ações para sua carteira. O investidor não pode controlar
o valor das ações, mas controla o tamanho da posição em número de ações - e é
nisso que o Barsi se concentra.

Outra vantagem dos dividendos é que eles são um percentual do fluxo de caixa
gerado pela companhia. E o fluxo de caixa revela melhor o que está acontecendo
numa empresa do que seu Ebitda ou seu lucro líquido. O problema desses
2 números é que eles podem ser razoavelmente manipulados na hora que
a companhia apresenta seu balanço. Diversas empresas divulgam balanços
classificando diversos itens como não-recorrentes ou extraordinários, e a partir
disso informam um Ebitda ajustado ou um lucro líquido ajustado. Em seguida,
essas empresas dão grande destaque a esses números ajustados nos releases
de resultados.

Já vimos empresas divulgarem lucros pro forma como se não tivessem pago
dividendos, não tivessem feito um investimento ruim, não tivessem que arcar
com impostos. É como se a empresa estivesse dizendo algo assim: se não
tivesse ocorrido nada ruim, esse balanço não teria sido ruim. E pior: muitas vezes
o bônus dos executivos será pago com base nesses números ajustados. Um
balanço todo torto produzido pela diretoria serve para justificar uma remuneração
maior à diretoria pelos maus serviços prestados.

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O fluxo de caixa livre e os dividendos são muito menos
manipuláveis que o lucro líquido ou o Ebitda. Geralmente, quando
uma empresa distribui dividendos, é porque gerou riqueza e
realmente sobrou dinheiro no caixa.

Por último, o Barsi gosta de dividendos gordos porque eles são um


indicativo de que você pode estar pagando barato por uma ação.
Por exemplo, imaginemos uma empresa que distribui todo seu lucro
em dividendos e sua ação garante ao investidor um retorno de 20%
ao ano em dividendos. Ora, se a empresa lucra 20% de seu valor de
mercado a cada ano, significa que ela negocia a 5x lucro na Bolsa.

Não necessariamente trata-se de um ótimo investimento, mas é


inegável que uma ação que negocia a 5x lucro e paga 20% de
retorno em dividendos está barata quando comparada à média
do mercado. Talvez haja um bom motivo para a empresa estar tão
barata, então é preciso estudar o caso.

Mas, para o Barsi, esse cenário é melhor que quando você investe
em uma empresa que paga 1% ao ano em dividendos. Não
necessariamente esse é um mau investimento: existem ações
que renderam excelentes lucros a seus investidores e que nunca
pagaram dividendos, como a Amazon. Mas dividendo muito
baixo ou inexistente é sinal de um investimento de caráter mais
especulativo, pois você só vai ganhar dinheiro se houver valorização
da ação. E como o Barsi não gosta do risco de perder dinheiro, ele
geralmente deixa para outras pessoas esses tipo de investimento.

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Os dividendos são um pilar importante do Método Barsi que veio de Graham. De
Philip Fisher, veio a filosofia de segurar ações por longos períodos. As pessoas,
em geral, decidem botar o lucro no bolso quando uma ação em que investiram
se valoriza 50% ou 100%. Já o Barsi acha que, se você está se associando a um
projeto empresarial de sucesso, não há motivo para se desfazer do investimento
porque ele se valorizou.

Ele tem diversas ações há várias décadas na carteira, como a Klabin, que
já se valorizou mais de 10.000% em suas mãos e ele nem pensa em vender.
Recentemente, a filosofia de Barsi de quase nunca vender suas ações rendeu
frutos inusitados: o BTG anunciou a compra da massa falida do Banco
Econômico, que havia quebrado em 1995. O Barsi tinha ações do Econômico
em 1995 e não vendeu nem mesmo depois da falência da instituição. As ações
estavam lá esquecidas em algum lugar e o próprio Barsi achava que elas não
valiam quase nada. Mas agora, com essa venda do Banco Econômico, o Barsi vai
receber quase R$ 50 milhões do BTG.
É válido ressaltar: para comprar ações com o objetivo de nunca mais vendê-las,
você não pode comprar qualquer coisa e deve tomar cuidado com o que compra.

O Barsi não costuma falar de “moats” como o Buffett, mas fala muito no conceito
de perenidade: se você planeja comprar uma ação para segurar por décadas,
deve ser um negócio que não deve sucumbir à competição nem quebrar nos
próximos anos. É por isso que o Barsi gosta tanto dos setores que na AGF
chamamos de BEST.

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Best em inglês é “melhor”. Mas BEST, em nosso caso,
também é um acrônimo:
O “B” são os Bancos.
O “E” é de Energia.
O “S” é de Saneamento e Seguros.
E o “T” é de Telecom.

Para o Barsi, as empresas desses setores têm capacidade de sobreviver


mesmo nos piores ciclos econômicos, governos e crises. Bancos são tão
perenes que os maiores são tidos como “too big to fail”, ou seja, “grandes
demais para quebrar”.

Energia, Saneamento e Telecom são setores com demanda bastante


inelástica: você provavelmente não vai desligar a luz da sua casa, parar
de usar água ou cortar o celular e a internet nem se perder o emprego.
E Seguradoras são empresas que não apenas não fazem pesados
investimentos em ativos fixos. São companhias que recebem antes de
prestar o serviço. Elas ficam sentadas numa pilha de caixa – os prêmios dos
seguros - e só precisam controlar a sinistralidade e administrar bem esse
dinheiro dos prêmios.

BEST são 5 setores que na AGF chamamos de “5 à Prova de Balas”. Outra


vantagem de focar mais nesses setores é que você não presta tanta atenção
em outros setores que podem lhe render muitos problemas.

Quem segue o método BEST não vai olhar muito para o varejo. Muitas
grandes varejistas brasileiras já quebraram: Mappin, Mesbla, Arapuã,
Ricardo Eletro, Casa & Vídeo… Neste momento muita gente já questiona a
viabilidade financeira da Via. Outro setor que você vai ficar de fora: aviação.
Entre as companhias aéreas que quebraram no Brasil estão Vasp, Varig,
Transbrasil, Avianca e Itapemirim.

Incorporação de imóveis é outro setor pródigo em falências: se, na década


de 90, a quebra da Encol traumatizou muitos mutuários que ficaram
sem receber seus apartamentos, na década passada vimos o pedido de
recuperação judicial da PDG, que no auge do bull market de 2007 chegou a
ser a maior incorporadora brasileira.

23
CARREIRA NO MERCADO
FINANCEIRO
O Método Barsi serve tanto para quem quer construir patrimônio
investindo em ações quanto para quem deseja trabalhar no
mercado financeiro como analista de investimentos.

O analista é o profissional responsável por encontrar na Bolsa os investimentos


com maior potencial de valorização. O trabalho para analisar ações costuma ser
o mesmo, seja para gerir a carteira própria, seja para selecionar ações para os
clientes de um fundo, de uma casa de research ou de uma corretora.

Mas também há algumas diferenças importantes: o analista profissional de


investimentos geralmente vai se dedicar em tempo integral à atividade. Já o
investidor pessoa física costuma ter outro emprego e vai estudar ações nas horas
vagas. Ao contrário do investidor, o analista vai ter uma remuneração adicional
por seu trabalho que vai além dos ganhos obtidos na Bolsa. E aqui vale a pena
entrar em detalhes porque as remunerações são realmente atrativas.

Vamos usar os números do Guia Salarial 2022, da consultoria de recrutamento


Robert Half: essa pesquisa mostra que a maioria dos analistas de ações
brasileiros que trabalham em corretoras, casas de research ou gestoras de fundos
ganha algo entre R$ 14.550 e R$ 22.200.
Esse valor considera apenas o salário fixo e ainda não inclui os bônus - que no
mercado financeiro costumam ser bastante agressivos.

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Mas caso o analista se destaque e seja promovido a diretor de análise, seu salário
vai variar de R$ 27.100 a R$ 41.400.

Já o gestor de portfólio numa asset ganha entre R$ 23.600 e R$ 36.050, ainda de


acordo com a Robert Half.

Vale lembrar que, além dos bônus que não estão nesse cálculo da Robert Half,
outra importante fonte de renda dos analistas pode vir de dividendos, pois esses
profissionais, quando se destacam na empresa onde trabalham, costumam virar
sócios da companhia.

Gestoras grandes recebem dezenas de milhões de reais em taxas de


performance nos anos bons e, depois, boa parte desse dinheiro é distribuído para
os analistas na forma de dividendos. Em anos bons é bem comum que mesmo
analistas com menos de 5 anos de experiência recebam bônus milionários.

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Então, acredite, você será muito bem remunerado caso se torne
um analista bem-sucedido. Outros atrativos da profissão são:

 01. Você vai trabalhar no mercado financeiro cercado


de muita gente inteligente e construirá networking
de alto nível, tendo acesso a diretores de
empresas listadas na Bolsa;

 02. Você trabalha em empresas muito rentáveis, que,


por isso mesmo, oferecem muitas oportunidades
de crescimento a seus funcionários;

 03. Você tem um trabalho intelectualmente


desafiador, em que não vai faltar motivo para
chegar ao escritório motivado;

 04. Você não precisa ter feito uma faculdade


específica para ingressar nessa profissão. Todo
conhecimento técnico necessário pode ser
aprendido ao longo de um MBA;

 05. E talvez o mais importante de tudo: você tem


um propósito. Um analista de investimentos que
faz seu trabalho bem feito ajuda os clientes a
construir patrimônio. A multiplicação do capital
vai possibilitar que os clientes possam realizar
mais rápido seus sonhos, como um imóvel
próprio, mandar o filho estudar nos Estados
Unidos, garantir uma aposentadoria confortável
ou o que for do desejo do cliente. Você contribui
para a realização dos sonhos dos clientes!

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TALVEZ VOCÊ ESTEJA SE PERGUNTANDO: MAS HÁ
ESPAÇO PARA QUE NOVOS ANALISTAS DE AÇÕES
POSSAM TRABALHAR NO MERCADO FINANCEIRO?

Há muito espaço, porque tem pouca gente boa fazendo isso


direito no Brasil. Poucas pessoas ficaram muito ricas ou até
bilionárias investindo na Bolsa no Brasil. Poucas gestoras de fundos
de ações batem com consistência o Ibovespa. E poucas casas de
análise divulgam relatórios que realmente agregam valor aos clientes.

Como já dizia o Philip Fisher: “O mercado de ações está repleto de


indivíduos que sabem o preço de tudo e o valor de nada.” Se você
aprender a técnica mais efetiva para encontrar o valor intrínseco das
empresas negociadas na Bolsa, conseguir um bom emprego e ganhar
dinheiro nunca mais serão problemas para você.

Na segunda aula do “Método Barsi”, o próprio Barsi vai em detalhes a


fórmula que usou para se tornar o investidor mais bem-sucedido do
Brasil. Não perca!

E não esqueça de deixar seu comentário com a hashtag


#ValueInvesting explicando por que essa é a melhor técnica para
ganhar dinheiro com ações.

A resposta mais criativa vai ganhar uma bolsa de estudos integral


para cursar de graça o MBA em Value Investing que vamos lançar na
próxima semana.

Então abra agora mesmo a página de transmissão da aula


1 ou o vídeo no Youtube e deixe seu comentário!

Vemos você na próxima aula!

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