GRANDE LOJA MACÔNICA DO ESTADO DE GOIÁS

LOJA SIMBÓLICA NASCENTE DAS ÁGUAS Nº 167

“Rito Escocês Antigo e Aceito”

TRABALHO REFERENTE À QUINTA INSTRUÇÃO DO

GRAU DE APRENDIZ MAÇOM

A SIMBOLOGIA DOS NÚMEROS 1, 2, 3 e 4

Ir.·. Bruno Pereira dos Santos.

Or.·. Cabeceiras, Goiás, 02 de março de 2020.

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QUINTA INSTRUÇÃO DO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM

Bruno Pereira dos Santos – Brunonng23@hotmail.com
A.·. R.·. L.·. S.·. Nascente da Águas nº 167
Cabeceiras, 02 de março de 2020

RESUMO: Trata-se do estudo a respeito da simbologia dos números 1, 2, 3 e 4, porém

também abordamos o estudo simbólico do número 0, que significa o espaço absoluto com
espirito de Deus imanifestado. Tratamos do estudo do número 1, representativo da
manifestação de Deus, sua forma material convertida na unidade primitiva; tratamos também
do número 2, considerado pela maçonaria como um número terrível, devido ao dualismo
presente na sua simbologia; o número três, considerado o número perfeito e que se encontra
presente em todo o ritual do grau de aprendiz maçom, representado pela figura do triângulo
equilátero e do Delta Sagrado. Por fim, estudamos a simbologia do número 4, representado
pela figura do quadrado e do tetragrama, além da simbologia da cruz de quatro braços.

PALAVRAS CHAVES: Simbologia; números; unidade; dualidade; trindade; triângulo; delta

sagrado; quadrado; maçom;

I – INTRODUÇÃO

A quinta e última instrução do grau de Aprendiz Maçom do REAA nos ensina a

simbologia dos números 1, 2, 3 e 4, presumindo-se que o aprendiz já conhece todos os
símbolos e alegorias presentes no painel do grau de aprendiz. A Ordem Maçônica entende
como necessário o seu aprendizado, principalmente em se tratando do seu conteúdo filosófico.

A ciência que estuda os números, como todos nós sabemos, denomina-se de

numerologia, estudo da filosofia dos números, diferentemente da matemática que estuda a
ciência exata.

Os números, por sua vez, estão presentes em todas as áreas do conhecimento e das
nossas vidas. Durante séculos eles foram considerados como as raízes que construíam o
universo e eram utilizados para explicar os ritmos da natureza e a história da criação.
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Não obstante, diversos rituais sagrados, como celtas, hindus, fenícios e tibetanos
fundamentavam-se em números. Filósofos da Grécia antiga estudavam os números
juntamente com o estudo do poder de Deus.

Por isso, cada um dos números tem um valor metafísico, com um significado e um
simbolismo próprio. Segundo as palavras do filósofo e irmão Pitágoras (582-507 a. C.),
conhecer os números seria o mesmo que conhecer a si mesmo; para ele os números seriam a
lei do universo.

Entretanto, o simbolismo dos números não era patrimônio de sabedoria apenas

dos famosos filósofos gregos, mas também dos povos orientais e, diga-se explicitamente, dos
israelitas. Para estes, os números costumavam significar a ordem, a harmonia. É o que explica
a afirmação na Bíblia Sagrada, em Sabedoria, 11:20, “Deus tudo dispôs conforme medida,
número e peso”.

Portanto, abordaremos agora a simbologia dos números 1, 2, 3 e 4, trata-se de um

trabalho elaborado através do estudo dos manuais e das doutrinas maçônicas, porém não se
trata de um trabalho aprofundado, visto que demandaria um estudo vasto, levando-se em
consideração a profunda simbologia e filosofia contida através da interpretação dos números,
que existem há milhares de anos.

II – O NÚMERO ZERO E O NÚMERO UM

O ritual de Aprendiz Maçom do REAA inicia os ensinamentos dos números

através do número UM, porém, entendemos viável começarmos o presente trabalho
explicando um pouco a respeito da simbologia do número ZERO. Os doutrinadores
maçônicos se referem ao número zero como sendo o número que representa o NADA, com a
presença imaterial do espírito de Deus, posto que ainda não havia se manifestado.

Em gênesis, 1:02, fala-se que “a terra era sem forma e vazia: havia trevas sobre a
face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”. Nesse versículo podemos
compreender que mesmo sem forma e fazia, no espaço absoluto, já existia o Espírito de Deus.
Portanto, o NADA não era um vazio em termos absoluto, pois nele pairava o espírito daquele
que seria o GADU.

Por isso, o número zero também representa Deus.

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O ZERO representa Deus, pois assim como o NADA, nós não temos uma ideia,
uma definição de como seria Deus; no NADA havia o espírito de Deus imaterializado, algo
incompreensível aos seres humanos; não há uma definição exata do que seria o NADA, assim
como também não temos uma definição exata de como seria Deus.

Portanto, o zero representa o espaço absoluto, intangível e incompreensível para a

mente humana, com o espírito de Deus presente.

Por sua vez, o número UM representa a Unidade, representa a materialização de

Deus; no número UM temos o espírito de Deus materializado quando da criação do seu céu e
da terra. O princípio de tudo! O intangível e incompreensível, se torna palpável e capaz de ser
entendido como uma forma real. Por isso se torna tão necessária a compreensão do número
zero para depois estudarmos o número UM.

O número UM representa a UNIDADE, que é o Reino de Deus dentro de nós,

nossa consciência, e não devemos aprender essa UNIDADE, mas, antes, senti-la através das
várias apresentações de nossos atos e dela termos consciência.

Assim, o zero representa o Deus imanifestado, enquanto que o número UM

representa Deus em plena manifestação; o zero representa, portanto, o “antes do princípio” e
UM representa “no princípio”.

II – O NÚMERO DOIS

O número DOIS é o número do DUALISMO. Segundo nosso ritual do grau de

aprendiz Maçom, o número DOIS seria um número terrível, causador da dúvida, do
desequilíbrio e da contradição. Por isso, segundo o ritual não seria interessante que o aprendiz
maçom se aprofundasse em sua simbologia, visto a falta de conhecimento. Em caso de um
estudo profundo, o número dois poderia levar o aprendiz maçom ao caminho do dualismo,
causando incerteza quanto ao caminho do bem e o caminho do mal.

Não obstante, até mesmo na aritmética, uma das sete ciências da Ordem
Maçônica, o número DOIS causa confusão: 2 + 2 = 2 x 2. O número DOIS representa o bem e
o mal, a verdade e a mentira, a luz e as trevas, a inércia e o movimento, enfim, todos os
opostos.
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III – O NÚMERO TRÊS

No número TRÊS, toda a incerteza, toda a dúvida e contradição que existem no

número dois cessam, dando lugar a uma TERCEIRA UNIDADE; o número TRÊS é
considerado o número perfeito, por resultar da soma da UNIDADE com a DUALIDADE,
conduzindo ao equilíbrio dos contrários e realizando os propósitos de Deus, que é a elevação
do homem.

Em se tratando do número TRÊS, o mais importante símbolo que possa retratá-lo,

será o triangulo, e não é apenas a Maçonaria que cultua o simbolismo desta figura. As
religiões também o fazem, principalmente nas religiões cristãs, representado através da
trindade divina – Pai – Filho – Espírito Santo.

O número três é o número da luz, representa o fogo, a chama e o calor; Três são
os pontos que o maçom deve apor ao escrever o seu nome; o numero três também representa
as três principais qualidade que um maçom deve ter: vontade, amor/sabedoria e inteligência; o
número três também representa a família, através do pai, da mãe e do filho; também
representa as três colunas que sustentam a nossa Loja: Força, Sabedoria e Beleza,
representadas pelo 1º Vigilante, Venerável Mestre e 2º Vigilante. Além disso, são três batidas
que o neófito deve dar na Pedra Bruta quando iniciado. Três também é o número dos graus
simbólicos existentes em uma Loja, Aprendiz, Companheiro e Mestre. Enfim, o número três é
sem dúvida o número do aprendiz maçom, toda sua simbologia está presente neste grau, por
isso a importância de se conhecer esse número, e toda sua simbologia maçônica.

Jesus Cristo quando veio a terra, deixou claro que ele e Deus eram UM e orava a
Deus para que concedesse essa união a “Eles”, referindo-se à humanidade. Portanto, quando
temos Jesus, Deus e a humanidade, juntos, temos então a UNIDADE PERFEITA, pois o
triângulo está completo.

O número três ainda pode ser representado pelo Delta Sagrado ou Delta Luminoso
posicionado atrás do altar do Venerável Mestre, sendo composto por um triângulo equilátero,
possuindo em seu centro um “olho humano” ou a letra G, ou, ainda, a letra hebraica YOD que
se apresenta como uma vírgula, letra cabalística que significa Deus. O olho aposto ao centro
do Delta Sagrado representa que Deus está presente em nossas vidas e que tudo ele pode ver e
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acompanhar, nos trazendo a noção de que não há nada que Deus não possa ter conhecimento.
A letra “G” representa GOD, nome de Deus em inglês.

O Delta Sagrado foi visto pela primeira nas ruinas do Templo de Salomão, por
Hugo de Payns e mais oito Cavaleiros Templários, isso no século XII. Os Templários se
aprofundaram no estudo do Delta Sagrado e acreditavam que o triângulo representava a
perfeição. No plano espiritual, eles acreditavam que o Delta Sagrado simbolizava a mente, a
alma e o espírito.

No olho presente dentro do Delta Sagrado temos ciência da presença Divina em

uma Loja Maçônica, ou seja, a presença de Deus; essa presença Divina não representa apenas
a presença de Deus no exterior de uma Loja, mas também dentro de cada um de nós, no
interior de nossas almas. Deus acompanha seus passos e lê seus pensamentos, ele é
conhecedor de seus desejos e lamentações, isso que o “olho que tudo vê” significa.

Portanto, o número TRÊS é o número da UNIDADE DIVINA, o número perfeito,

resultado da soma da UNIDADE PRIMITIVA com a DUALIDADE, representado pela figura
do triângulo.

IV – DO NÚMERO QUATRO

O último número a ser estudo é o número QUATRO, aqui simbolizado

inicialmente pela letra YOD, sendo esta uma das letras que compõem o Tetragrama IEVE. O
Tetragrama é composto de QUATRO letras, sendo elas YOD-HE-VAU-HE e é de notar-se
que nele há, apenas, três letras diferentes, ou seja, o YOD, o HE e o VAU. Isto simboliza, no
Plano Material, as três dimensões dos corpos, ou sejam; o comprimento, a largura e a altura e
no Campo Espiritual significam a Grande Evolução do “que existiu”, do “que existe” e do
“que existirá”.

Em hebraico a palavra YOD significa Deus. No passado, os hebraicos eram

proibidos de falar a palavra YOD e por isso a substituíam pela palavra ADONAI, cujo
significado seria o mesmo: Deus.

As quatro letras do Tetragrama são relembradas através das quatro provas que o
neófito é obrigado a enfrentar quando da iniciação, ou seja, o fogo, o ar, a água e a terra. No
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campo espiritual, esses quatro elementos estão presentes no homem e para que ele alcance a
evolução, é preciso controlá-los. O quadrado ainda representa o templo de Deus no homem.

O número quatro também pode ser representado pela cruz, cujos seus QUATRO
braços representam os quatros elementos que formam a matéria. Em razão disto,
especialmente com a cruz, é um número de grande importância.

Na Bíblia, o Livro do Apocalipse indica a ideia de universalidade do número

QUATRO. Nesse livro são mencionadas situações em que é frequente a presença do número.
Assim, são QUATRO os cavaleiros que trazem as QUATRO pragas maiores. São QUATRO
os anjos destruidores que ocupam lugar nos QUATRO cantos da terra. São também
QUATRO os campos das doze tribos de Israel, entre outros. São QUATRO os evangelistas
(autores que escreveram sobre a vida de Jesus): Mateus, Marcos, Lucas e João.

O número QUATRO ainda representa as QUATRO estações do ano: primavera,

verão, outono e inverno.

Portanto, o número QUATRO é representado pelo Tetragrama, pelo quadrado e

pela cruz, sendo um número de grande simbologia, principalmente no campo espiritual.

V – DA CONCLUSÃO

Vimos, portanto, que a numerologia faz parte da maçonaria e que os números

possuem uma simbologia enorme, principalmente quando interpretarmos para o campo
espiritual. O número zero, em nossa concepção, associado ao número três, são os números
mais importantes nesse início de trajetória maçônica. Embora não se faça menção ao número
ZERO no ritual do aprendiz maçom, é possível notar a simbologia desse número através do
espaço absoluto, quando ainda não havia a manifestação do espírito divino. Com a
manifestação divina, tem-se o início, aqui representado pelo número UM, que significa a
UNIDADE PRIMITIVA, o início de todas as coisas.

O número DOIS, por sua vez, representa a DUALIDADE, e por isso recomenda-
se ao aprendiz que não se aprofunde no seu estudo, sob pena de caminhar ao fracasso. A união
da UNIDADE PRIMITIVA com a DUALIDADE, chega-se ao número TRÊS, a TRINDADE
divina, o número perfeito, o número do Aprendiz maçom, como podemos ver através da
iniciação e de todo o ritual do grau. Sem dúvida, o número três é o número mais importante,
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visto que toda simbologia maçônica está voltada para figura do triângulo, presente no templo
através da figura do Delta Sagrado, como já tivemos a oportunidade de explicar. O triângulo é
uma figura cuja simbologia é extremante relevante.

Por fim, tivemos a oportunidade de aprofundarmos no estudo do número

QUATRO, representado pela Tetragrama IEVE, pela figura do quadrado e dos QUATRO
elementos, além da sua ligação com a cruz. Aqui, acreditamos que o número QUATRO
simbolizado pela cruz, composta por seus QUATRO braços não representa a morte, como
alguns cristão acreditam, mas representa a vida em sua plenitude. O maçom deve controlar os
quatro elementos que compõe a matéria, dominando suas paixões e emoções para alcançar a
evolução. Essa é a simbologia dos QUATRO primeiros números.

Or.·. de Cabeceiras – GO, 02 de março de 2020.

Apr.·. M.·. Bruno Pereira dos Santos

CIM: 13.856

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

1. Peça de Arquitetura de Autoria do Ir.·. Frederico Cesar Mafra Pereira “As

viagens simbólicas da iniciação do aprendiz” - Agosto de 2013 E.·. V.·.

A.·. R.·. L.·. S.·. Ordem e Progresso nº 133, Belo Horizonte – MG- Disponível em:
https://www.maconaria.net/as-viagens-simbolicas-da-iniciacao-do-aprendiz/;

ASTRO, Boanerges B. O Simbolismo dos Números na Maçonaria. 3º ed. São Paulo:

Paulo Fuchs, 2002.

2. CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do Primeiro Grau: Aprendiz. 5º ed. Rio

de Janeiro: Aurora, 1992;
3. G.·.L.·.E.·.G.·., Ritual do Simbolismo Maçônico, APRENDIZ-MAÇOM.
Administração 2017/2019 4ª Edição.
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