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HIGIENE DO TRABALHO

1.0 – CONCEITUAÇÃO

A Higiene do Trabalho, estruturada como uma ciência prevencionista, vem sendo aperfeiçoada dia a dia e
tem como objetivo fundamental atuar no ambiente de trabalho, a fim de detectar o tipo de agente prejudicial,
quantificar sua intensidade ou concentração e tomar as medidas de controle necessárias para resguardar a
saúde e o conforto dos trabalhadores durante toda sua vida de trabalho.
A Higiene Industrial é uma ciência e uma arte que tem por objetivo o reconhecimento, avaliação e o
controle daqueles fatores, agentes ou riscos ambientais ou tensões, originadas nos locais de trabalho, que
podem provocar doenças, prejuízos à saúde ou bem-estar, desconforto significativo e ineficiência nos
trabalhadores ou entre as pessoas da comunidade.
Da definição de Higiene e seus objetivos, fica claramente estabelecido que seus princípios e
metodologia de atuação são aplicáveis a qualquer forma de atividade humana, em que possam estar presentes
diversos fatores causadores de doenças profissionais. Por esse motivo vamos dar uma denominação mais
ampla a esta ciência, falando de Higiene do Trabalho, sendo esta denominação a utilizada no Brasil.

2.0 – OBJETIVOS

Como ciência indivisível da Segurança e Medicina do Trabalho os objetivos que mais se destacam são:
- A promoção e manutenção, no mais alto grau do bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores,
em todas as ocupações;
- A prevenção entre os trabalhadores de doenças ocupacionais por condições de trabalho;
- A proteção dos trabalhadores em suas atividades laborais, dos riscos adversos à saúde;
- A colocação e conservação dos trabalhadores nos ambientes ocupacionais, adaptados às suas aptidões
físicas e psicológicas.
Em resumo: “A adaptação do trabalho ao homem e de cada homem ao seu próprio trabalho”.
O trabalhador, no desempenho de suas atividades laborais, passa assim a desenvolver uma contínua
batalha no sentido de manter um saldo positivo contra os agentes ambientais que tendem a alterar o equilíbrio
de sua saúde. O sucesso irá se manifestar através de seus mecanismos de defesa contra os estímulos
ambientais que produzem doenças.

3.0 – RISCOS AMBIENTAIS

Riscos, Agentes ou Fatores Ambientais ou Ocupacionais são entendidos com o mesmo enfoque pelas
normas e legislação e pode ser descrita como sendo a “combinação da freqüência, ou da probabilidade, e da
conseqüência de uma situação de perigo específica”.
O reconhecimento, avaliação e controle de um risco envolvem algumas variáveis tais como tempo de
exposição, concentração ou intensidade, características físico-químicas – estudos qualitativo e quantitativo,
susceptibilidade individual (vias de entrada: inalação, absorção cutânea e ingestão quando os agentes forem
principalmente aerodispersóides).
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3.1 – Reconhecimento:

- Obtenção de informações sobre o processo:


Matérias-primas
Produtos intermediários
Subprodutos
Natureza cíclica do processo
- Visitas preliminares;
- Entrevistas com empregados.

3.2 – Avaliação

- Avaliação da concentração do agente no ar;


- Amostragem e análise;
- Registro das condições ambientais;
- Registro das condições operacionais.

3.3 – Controle

- Medidas relativas ao ambiente:


Substituição do produto;
Mudança ou alteração do processo e/ou operação;
Enclausuramento da operação;
Isolamento;
Ventilação local exaustora;
Ventilação local diluidora;
Manutenção dos processos.

- Medidas relativas ao Pessoal:


Equipamento de proteção individual – EPI;
Treinamento e controle médico;
Limitação da exposição;
Equipamentos de proteção coletiva – EPC.

4.0 – AGENTES AMBIENTAIS

Os agentes ambientais são classificados, de acordo com a NR9-PPRA, em:


Agentes Químicos,
Agentes Físicos;
Agentes Biológicos;
Agentes Ergonômicos;
Agentes Mecânicos.

Os riscos estão presentes nos ambientes de trabalho e em todas as demais atividades do nosso dia-a-
dia, comprometendo a segurança e a saúde das pessoas e a produtividade da empresa como um todo.
Antes de definirmos os tipos de riscos em um ambiente de trabalho, vamos definir e explicar as
diferenças entre risco e perigo.
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Risco: Uma ou mais condições de uma variável, com o potencial necessário para causar danos. Esses danos
podem ser entendidos como lesões à pessoa, danos a equipamentos ou estruturas, perda de material em
processo, ou redução da capacidade de desempenho de uma função pré-estabelecida. Havendo um risco,
persistem as possibilidades de efeitos adversos.

Perigo: Expressa uma exposição relativa a um risco, que favorece a sua materialização em danos.

4.1 – Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos de acordo com a sua
natureza e a padronização das cores correspondentes:

 RISCOS FISICOS – (Grupo 1 – Cor Verde): ruídos, vibrações, radiações ionizantes e não ionizantes,
frio, calor, pressões anormais, umidade.

 RISCOS QUÍMICOS – (Grupo 2 – Cor Vermelho): poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores,
substâncias compostas ou produtos químicos em geral.

 RISCOS BIOLÓGICOS – (Grupo 3 – Cor Marrom): vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas,
bacilos.

 RISCOS ERGÔMOMICOS – (Grupo 4 – Cor Amarelo): esforço físico intenso, levantamento e


transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido de produtividade,
imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas,
monotonia e repetitividade, stress.

 RISCOS DE ACIDENTES – (Grupo 5 – Cor Azul): arranjo físico inadequado, máquinas e


equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada,
eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, animais
peçonhentos, outras situações.

Dentro da classificação acima, vários riscos apresentados terão uma abordagem específica dada a
importância para a concorrência de medidas de controle. Esta abordagem insere uma revisão completa de
conceitos técnicos e científicos e para alguns riscos existem até normas e legislação regulamentadora
específica.
É necessário salientar que a simples presença de determinado produto ou agente no local de trabalho
não significa que, obrigatoriamente, existe perigo para a saúde do trabalhador. Este perigo dependerá de uma
combinação de fatores e condições, tais como a natureza do produto, a sua concentração, a intensidade e o
tempo de exposição a estes produtos. (Tais limites são dados pelas NRs).

Não há melhor ferramenta como medida de controle que o TREINAMENTO, quando


nele estão inseridos a autodisciplina, a predisposição em aprender, a existência de
práticas, procedimentos e rotinas para serem cumpridas, tudo claro e objetivo
compatibilizando com as atitudes prevencionistas e melhoria contínua.
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4.2 – DOENÇAS OCUPACIONAIS - Resumidamente, os grupos de riscos podem causar o
seguinte:

1º GRUPO – RISCOS FÍSICOS – COR VERDE

Tipos de Riscos Possíveis Conseqüências


Ruídos Cansaço, irritação, dores de cabeça, diminuição da audição, aumento
da pressão arterial, problemas do aparelho digestivo, taquicardia,
perigo de infarto.
Vibrações Cansaço, irritação, dores nos membros, dores na coluna, doença do
movimento, artrite, problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos
tecidos moles, lesões circulatórias.
Calor Taquicardia, aumento da pulsação, cansaço, prostração térmica,
choque térmico, fadiga térmica, perturbações das funções digestivas,
hipertensão, etc.
Radiações não-ionizantes Queimaduras, lesões nos olhos, na pele e em outros órgãos.

Radiações ionizantes Alterações celulares, câncer, fadiga, problemas visuais.

Iluminação deficiente Fadiga, problemas visuais, ofuscamento, etc.

Umidade Doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças da pele, doenças


circulatórias.

2º GRUPO – RISCOS QUÍMICOS – COR VERMELHO

Tipos de Riscos Possíveis Conseqüências


Poeiras minerais (Sílica, Carvão, Silicose (quartzo), asbestose (amianto), pneumoconiose dos minérios
Asbestos, etc.). de carvão (mineral).
Poeira Vegetal (algodão, bagaço de Bissinose (algodão), bagaçose (cana-de-açúcar).
cana-de-açúcar).
Poeiras Incômodas Podem interagir com outros agentes prejudiciais presentes no
ambiente de trabalho, aumentando a sua nocividade.
Fumos Metálicos Doença pulmonar obstrutiva, febre de fumos metálicos, intoxicação
específica de acordo com o metal.
Névoas, Gases e Vapores. Ácido Clorídrico, ácido sulfúrico, soda cáustica – irritação das vias
aéreas superiores.
Hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno, dióxido de carbono
– dor de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma, morte.
Butano, propano, aldeídos, cetonas, cloreto de carbono,
tricloroetileno, benzeno, tolueno, álcoois, precloroetileno, xileno –
ação depressiva sobre o sistema nervoso e ao sistema formador do
sangue.
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3º GRUPO – RISCOS BIOLÓGICOS – MARROM

Tipos de Riscos Possíveis Conseqüências


Bacilos, bactérias, fungos, protozoários, Tuberculose, intoxicação alimentar, brucelose, malária, febre
parasitas, vírus. amarela.

4º GRUPO – RISCOS ERGONÔMICOS – COR AMARELO

Tipos de Riscos Possíveis Conseqüências


Trabalho físico pesado, posturas Cansaço, dores musculares, fraqueza, hipertensão arterial, úlcera
incorretas e posições incômodas. duodenal, doenças do sistema nervoso, alterações do ritmo normal de
sono, problemas de coluna, etc.
Ritmos excessivos, monotonia, trabalho Cansaço, dores musculares, fraqueza, alterações do sono, hipertensão
em turnos, jornada prolongada, arterial, taquicardia, angina, infarto, diabetes, asma, doenças
conflitos, ansiedades, etc. nervosas, tensão, ansiedade, medo, etc.

5º GRUPO – RISCOS DE ACIDENTES – COR AZUL

Tipos de Riscos Possíveis Conseqüências


Arranjo físico deficiente Acidente, desgaste físico excessivo.

Máquinas sem proteção. Acidentes graves.

Instalações elétricas inadequadas. Curto-circuito, choque elétrico, incêndio, queimaduras, acidentes


fatais.
Matéria prima sem especificação e Acidentes, doenças profissionais, queda da qualidade de
inadequada. produção.
Ferramentas defeituosas ou inadequadas. Acidentes, principalmente nos membros superiores.

Falta de EPI ou EPI inadequados. Acidentes, doenças profissionais.

Transporte de materiais, peças, Acidentes.


equipamentos sem as devidas precauções.

5.0 – HIGIENE INDUSTRIAL


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5.1 – TEMPERATURAS EXTREMAS – EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO CALOR

5.1.1 – Conceitos Gerais

Calor – energia cinética das moléculas ou energia da agitação molecular ou energia térmica.

Ocorrências – Na maioria dos ramos de atividade industrial, desde a construção civil, atividades extrativas,
indústria mecânica, de vidros, materiais refratários e cerâmicos, até a metalurgia onde a siderurgia se destaca.

Principais fontes de calor – carga solar para atividades a céu aberto, caldeiras, fornos de tratamento térmico,
de aciaria (de aços), altos fornos, fornos cerâmicos, refratários e estufas para diversas finalidades.

5.1.2 - Elementos da transferência de Calor

A maneira pela qual um corpo ou sistema troca calor com outro ou sistema, é estudado em física e engenharia
como “transferência de calor”. A troca de calor entre quaisquer corpos que tenham entre si diferença de
temperatura pode ocorrer de uma das seguintes maneiras:
- Condução:
- Radiação: fenômeno da propagação das ondas eletromagnéticas, caloríficas, luminosas, etc.
- Convecção: transmissão de calor acompanhado por um transporte de massa efetuado pelas correntes
que se formam no seio do fluido.
- Irradiação: que tem o efeito de irradiar-se;
- Ou pela combinação de mais de um desses processos.

5.1.3 - Fatores que influenciam na exposição ao Calor

Umidade do ar – influi na troca térmica que é realizada entre o organismo e o meio ambiente, pelo
mecanismo da evaporação. Pode ser:
- Umidade absoluta: quantidade de vapor d’água contida no ar, expressa em gramas de vapor d’água por
centímetros cúbicos de ar.
- Umidade relativa: quantidade de vapor d’água contida no ar em relação à atmosfera saturada de vapor
à mesma pressão e temperatura.
- Ponto de orvalho: temperatura na qual o vapor d’água do ar chega ao ponto de saturação

Velocidade do ar – A movimentação das massas de ar influenciam nas trocas térmicas entre o organismo e o
ambiente, principalmente no mecanismo da convecção-condução. Exemplo: quando as camadas de ar
próximas à superfície do corpo são movimentadas, acelera-se o fluxo de calor da pele para o ar aumentando-
se a transferência de energias térmicas.

Temperatura do ar – Tem importância significativa nas avaliações ambientais ocupacionais, que devem ser
realizadas no verão. O estudo do fluxo de calor do indivíduo para o meio ocorre da seguinte maneira: quando
a superfície da pele está com temperatura superior à do ambiente, cederá calor a este; quando está com
temperatura inferior, acontece o inverso, o organismo ganha calor, somando com o calor gerado pelo
metabolismo.

5.1.4 - Reação do Organismo ao Calor


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O homem possui a sua temperatura interna constante (36 a 37ºC), controlada pelo mecanismo
termorregulador localizado no hipotálamo, extremamente sensível à temperatura do ambiente. Este centro
envia constantes mensagens ao organismo, adaptando o mesmo às variações das situações térmicas criadas
por mudanças ambientais e atividades metabólicas.
Quando o indivíduo é submetido a uma sobrecarga térmica, é o centro termorregulador que comanda
as alterações fisiológicas necessárias para conseguir o equilíbrio energético, preparando o organismo para
aquela situação.
Dentre essas reações chamadas termorreguladoras, a vaso dilatação periférica é uma das mais
importantes, e se caracteriza por dilatar os vasos periféricos do corpo, permitindo uma maior irritação
sanguínea, com isto transporta o calor aumentado pela atividade celular intensa (metabolismo), para ser
dissipado ao nível da pele, através dos mecanismos da radiação, condução e convecção, tendo a convecção
importante papel na evaporação do suor.
Quando o trabalhador é submetido a uma situação térmica em que recebe o calor do ambiente em
quantidade superior à capacidade do seu mecanismo termorregulador, ou que sua carga metabólica (energia) é
dissipada sem tempo de reposição, o homem sofrerá danos à saúde, assim como a falta de líquidos, perdidos
pela evaporação poderá trazer danos irreparáveis a sua integridade física.

5.1.5- Medidas de controle

Na Fonte: 1 – Isolamento térmico do equipamento nas manutenções ou reforma;


2 – Anteceder – opinar na compra ou na modificação das instalações;
3 – Nas atividades a céu aberto – NR 21

Controle no ambiente: Sendo o calor radiante uma emissão ondulatória de corpos que estão em temperatura
acima do 0º absoluto, são, portanto radiações eletromagnéticas na faixa do infravermelho. Para interromper a
trajetória dessas ondas, empregamos barreiras, principalmente refletoras.

Barreiras Refletoras: Quando se tratar de calor radiante intenso, utilizamos barreiras refletoras de
metal polido para refletir os raios incidentes, que poderão ser de alumínio polido ou aço inoxidável voltado
para a fonte térmica e no lado oposto pode-se revestir a chapa de metal com material isolante térmico, tais
como: lã de rocha, lã de vidro, placas de material refratário ou tijolos refratários.

Ventilação: Quando o calor se transmite por condução-convecção, insuflar ar fresco no ambiente


aquecido ou exaurir o ar aquecido. O processo mais eficiente é a combinação insuflação/exaustão, usando o
efeito chaminé. O ar quente deverá ser removido pela parte superior do prédio ou galpão, por meio de
exaustores ou lanternis.

Uso de Correntes: Em fornos de aciaria, liga metálica, etc., podem-se utilizar cortinas de correntes
fixas ou rotativas, reduzindo a passagem da onda de calor radiante.

Controle no Homem: Realizar exames de aptidão para trabalhos em ambientes com fontes térmicas. De
acordo com a NR-7, portaria 3214/78 do MTb. Realizar os exames médicos admissionais, periódicos,
demissionais e mudanças de função e retorno ao trabalho.

Aclimatação: Os iniciantes devem passar por treinamento prévio e adaptação gradativa, no início 50%
depois 80% da jornada de trabalho levando em média duas semanas para completa adaptação.
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Ingestão de Água e Sal: Os líquidos perdidos pela sudorese deverão ser repostos, bem como o cloreto
de sódio evitando a desidratação e câimbras. O cloreto de sódio em água na proporção de 0,1%, ou seja, 1 g/l,
de acordo com “Astrand e Rodahl”, deve ser ingerido 150 ml/min, à temperatura de 15ºC. Pode-se usar tablete
de sal dissolvido na água na proporção de 1 tablete por litro de água pura.

Limitação do Tempo de Exposição: Constatada a insalubridade devido à sobrecarga térmica, adotar


tempos de descanso alternados com tempo de trabalho, sendo o local de descanso uma cabine isolada do calor
radiante e ventilada. Esta medida não exclui as anteriores. Depois de tomada esta providência, efetuar novas
medições para verificar a eficácia das medidas adotadas.

Educação Sanitária: é necessário que a empresa forneça ao empregado informações das condições de
limpeza, com instalações higienizadas para banhos, após os turnos. Orienta-los quanto ao uso de fumo e
álcool, que debilitam o organismo e os dispõem para doenças e acidentes.

Equipamento de Proteção Individual - EPI: Especificar os mais adequados para cada caso, tais como
óculos com tonalidade apropriada e protetores faciais contra a radiação infravermelha, luvas, aventais, mangas
ou braceiras, calçados do tipo chanca para pisos aquecidos.
Para exposição em fornos de fundição ou tratamento térmico, e outros locais extremamente quentes,
usar capuz, protetor e roupas aluminizadas, empregando também neste caso a ventilação com circulação de ar
fresco.

5.2 - EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AOS CONTAMINANTES QUÍMICOS

5.2.1 – Conceito Geral

Contaminante químico é toda substância orgânica ou inorgânica, natural ou sintética que durante a
fabricação, manuseio, transporte, armazenamento ou uso, pode incorporar-se no ar ambiente em forma de
poeiras, fumos, gases ou vapores com efeitos irritantes corrosivos, asfixiantes ou tóxicos e em quantidades
que tenham probabilidades de comprometer a saúde das pessoas que entram em contato com elas.

5.2.2 – Vias de entrada dos Contaminantes Químicos

O homem frente à natureza é protegido eficazmente pela pele que o cobre totalmente. A pele é
considerada um verdadeiro órgão que possui funções específicas e a de produzir compostos que anulem a
ação de agentes agressivos, químicos ou microbianos.
As principais vias de penetração de contaminantes industriais no organismo são: a pele, aparelho
respiratório, aparelho digestivo e via parental (lesão da pele).
A entrada dos contaminantes químicos por via respiratória é a mais importante do ponto de vista da
toxicologia industrial. O aparelho respiratório é constituído por um conjunto de órgãos responsáveis pela
respiração, sendo o mais importante, o pulmão.

5.2.3 – O Pulmão e suas funções


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O pulmão é o órgão do corpo que realiza a “respiração”, ou seja, faz a troca e a renovação do oxigênio
(O2) com o ar atmosférico, eliminando ainda o gás carbônico (CO 2) produzido pelas células do nosso corpo e
que deve ser eliminado.
Em resumo, quando respiramos, nossos pulmões se enchem de ar havendo uma troca de gases: o
oxigênio do ar passa para a circulação sanguínea do pulmão e o gás carbônico sai do sangue para o ar que é
expirado, ou exalado.
O ar para chegar à parte mais profunda do pulmão, os alvéolos, faz o seguinte trajeto: nariz >> faringe
>> traquéia >> brônquios >> bronquíolos >> alvéolos. Essa última estrutura, a unidade final na qual a troca
gasosa ocorre, assemelha-se a um cacho de uvas, cada uva representa um alvéolo ligado a um tubo fino de ar
– o bronquíolo.
Geralmente, respira-se cerca de doze vezes por minuto, aspirando 500 ml (meio litro) de ar de cada
vez, um total de seis litros de ar por minuto, quantidade suficiente quando estamos numa atividade leve. Num
exercício físico ou num trabalho mais pesado ou vigoroso, esse volume poderia chegar a cinqüenta, e até cem
litros por minuto. Note que o pulmão é um órgão com uma capacidade de reserva muito grande.

5.2.3.1 – Mecanismo de Defesa do Pulmão

O ar que respiramos contém, além do oxigênio (aproximadamente 20%) que se deseja, uma série de
outros elementos, ou seja, outros gases, vapores, fumos e poeiras que geralmente são indesejáveis e podem ser
prejudiciais ao organismo e ao próprio pulmão, que possui, no entanto, formas de evitar a absorção destes
elementos.
A maior parte das partículas e poeiras existentes no ar não conseguem chegar aos alvéolos ficando
retidas, como em um filtro, no seu trajeto pelos brônquios cada vez mais estreitos. Só as partículas muito
pequenas, menores que dez mícrons (invisível aos olhos) conseguem chegar e permanecer nos alvéolos. No
caso das fibras (como o amianto), aquelas menores que cinco mícrons de diâmetro e menores que duzentos
mícrons de comprimento.
A tubulação toda, a começar pelo nariz até os bronquíolos pequenos, possui um muco (um catarro) em
sua parede, onde a poeira gruda, então uma corrente de cílios (pequenos cabelos como os do nariz) “varre”
esse muco até a faringe onde é engolido ou escarrado.
Os alvéolos possuem ainda, células de defesa, os macrófagos que absorvem parte da poeira que lá
chega, eliminando-a. A tosse e o espirro também participam dessa tarefa de proteger e eliminar, das vias
respiratórias, partículas indesejáveis.
Uma substância poderá ser prejudicial e até provocar uma doença quando essas defesas não forem
utilizadas. Ex: op hábito de respirar pela boca e não pelo nariz. Doenças como a bronquite e em especial o
cigarro, diminuem e até destroem parte desses mecanismos, tornando os pulmões mais frágeis e sensíveis.
(Obs – 01 mícron = 0,001 milímetro, ou seja, um mícron é igual à milésima parte do milímetro.).

5.2.3.2 – Fatores predisponentes

Para que alguma dessas doenças possa ocorrer não basta, tão somente, entrar em contato ou respirar as
fibras ou partículas. Há uma série de fatores que devem existir para que surjam as condições necessárias para
o seu aparecimento e desenvolvimento, tais como:
- Dimensão das partículas ou fibras;
- Concentração das mesmas;
- Tempo de exposição.

5.2.4 – Avaliação dos Riscos Químicos


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A presença de substâncias agressivas no ambiente de trabalho pode constituir um risco para a saúde
dos trabalhadores. Isto não significa que todo pessoal exposto irá contrair uma doença profissional. Como já
dito anteriormente, sua ocorrência dependerá fundamentalmente de fatores tais como:
a) Concentração do contaminante no ambiente de trabalho;
b) Tempo de exposição;
c) Características físico-químicas do contaminante;
d) Susceptibilidade pessoal.
Portanto, para avaliar o risco de exposição a um agente químico em um ambiente de trabalho, deverá
determinar-se, da forma mais correta possível, a concentração do contaminante no ambiente, cuidando para
que as medições sejam efetuadas com aparelhagem adequada, e que sejam o mais representativas possível da
exposição real a que estão submetidos os trabalhadores.
O tempo de exposição deve ser estabelecido por meio de uma análise de tarefa do trabalhador. Esta
incluirá todos os movimentos efetuados durante as operações normais e considerará o tempo de descanso e a
movimentação do trabalhador fora do local de trabalho.

5.2.5 – Medidas de controle para Agentes Químicos

A prática tem demonstrado a efetividade de uma série de medidas que, em conjunto ou


individualmente, podem ser de serventia na redução dos riscos a que estão expostos os trabalhadores. Podem
ser separadas em duas classes distintas: medidas relativas ao ambiente, nas quais o controle dos agentes é feito
nas fontes (máquinas, processos, produtos, operações) e na trajetória desses agentes até o trabalhador; e
medidas relativas ao trabalhador, que é receptor involuntário desses agentes.

5.2.5.1 – Medidas Relativas ao Ambiente

A) Substituição do Produto Tóxico ou Nocivo

A substituição de um material tóxico não é sempre possível, entretanto, quando o é, representa a


maneira mais segura de eliminar ou reduzir um risco.
Entre os numerosos exemplos que podem ser citados no emprego deste método, está a troca do
chumbo por óxido de titânio e zircônio, e por sais de zinco, em esmaltes vitrificados e pinturas. Como é
sabido, o chumbo era usado como constituinte em esmaltes vitrificados e, tendo a propriedade de solubilizar-
se em soluções cítricas (limonada) ou acéticas (vinagre), teve de ser substituído na fabricação de artigos de
louça para uso doméstico. Nas pinturas, a substituição teve de dar-se notadamente na fabricação de
brinquedos.

B) Mudança ou alteração do Processo ou Operação

Uma mudança de processo oferece, em geral, oportunidades para a melhoria das condições de
trabalho. Naturalmente, a maioria das mudanças ou alterações são feitas no sentido da redução de custos e
aumento de produção, e só ocasionalmente favorecem o meio ambiente. Entretanto, deve o profissional de
segurança saber tirar partido dessas mudanças, orientando-as de maneira a conseguir também os seus
objetivos e lutando por alterações específicas que visem o ambiente de trabalho. Entre as operações, cujos
riscos essas medidas eliminam ou reduzem significativamente, podemos citar as seguintes:
- Utilização de pintura por imersão em vez de pintura a pistola;
- Processos úmidos no lugar de operações “a seco”, para o controle de suspensões de partículas;
- Mecanização do empastamento de placas de baterias.

C) Encerramento ou Enclausuramento da Operação


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Esta medida, como se auto-explica através da designação, consiste no confinamento da operação,


objetivando-se, assim, impedir a dispersão do contaminante por todo o ambiente de trabalho. O confinamento
pode incluir ou não o trabalhador. Como medida indicada para processos que produzem grandes quantidades
de contaminantes, quando o trabalhador tiver que estar forçosamente incluído no enclausuramento, a ele deve
ser fornecido equipamento adequado de proteção pessoal, independentemente de haver sistema de exaustão na
câmara. Como exemplo, pode-se citar: as câmaras de jateamento abrasivo e o manuseio de solventes
altamente tóxicos.
Quando o operador não está incluído no enclausuramento, e só tem acesso à operação através de
aberturas especiais, temos as chamadas “glove boxes” (caixas com luvas). As caixas que envolvem a operação
são de materiais transparentes ou dotadas de visores e as aberturas de manuseio ‘vestem’ luvas impermeáveis
no operador, isolando totalmente o processo. São exemplos: o esmerilhado e gravação de cristais, caixas de
jateamento abrasivo, e certos processos da indústria química.
Adicionalmente, o enclausuramento de um processo nocivo, quando automatizado ou semi-
automatizado, é das medidas mais eficientes. Exemplo: máquinas de jateamento abrasivo com granalha de
aço.

D) Segregação da Operação ou Processo

A segregação ou isolamento é particularmente útil para operações limitadas, que requerem um número
reduzido de trabalhadores, ou onde o controle por qualquer outro método é muito dificultoso. A tarefa é
isolada do restante das operações e, portanto, a maioria dos trabalhadores não é exposta ao risco especifico;
aqueles que realmente estão envolvidos na operação receberão proteção especial individual e/ou coletiva,
tornada, em geral, economicamente viável pela própria ação de segregação.
A segregação pode ser feita no espaço ou no tempo. Segregação no espaço significa isolar o processo à
distância; segregação no tempo significa executar uma tarefa fora do horário normal, reduzindo igualmente o
número de expostos.
Exemplos: Setores de jateamento de areia na indústria em geral e na construção naval (segregação no
espaço); manutenção e reparos que envolvem altos riscos (segregação no tempo).

E) Ventilação Geral Diluidora

O propósito que se tem em vista, ao instalar-se um sistema de ventilação geral em um ambiente de


trabalho, é o de rebaixar a concentração de contaminantes ambientais a níveis aceitáveis, mediante a
introdução de grandes volumes de ar, efetuando-se a diluição dos mesmos. Sendo assim, deduz-se que este
sistema deve estar restringido àqueles lugares nos quais o contaminante é produzido em vários lugares de um
mesmo recinto. Sua eficácia pode também ser aumentada utilizando-se correntes convectivas criadas por
corpos à temperatura elevada, facilitando a eliminação do ar contaminado. Lamentavelmente, a ventilação
geral (natural ou forçada) é recomendada de forma indiscriminada, sem se dar atenção às limitações inerentes
ao sistema. Entre outras, deve-se lembrar que não se recomenda o seu uso nos casos em que o contaminante é
disperso próximo da zona respiratória do trabalhador, pois seu efeito é nulo do ponto de vista da Higiene
Industrial.
A renovação do ar pode dar-se positivamente (insuflamento) ou negativamente (exaustão), e a decisão
deve basear-se na possibilidade de que haja escape de ar contaminado a outros recintos adjacentes. Entretanto,
qualquer que seja o método adotado, deve estar previstas as aberturas convenientes de entrada e saída do ar
insuflado ou evacuado, para que a renovação se dê satisfatoriamente. A posição de tais aberturas deve ser tal
que o ar efetue uma “varredura” do local de trabalho, especialmente eficiente nos pontos de geração de
contaminante.

F) Ventilação Geral Exaustora


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A ventilação geral exaustora é dos sistemas mais eficazes para se prevenir a contaminação do ar na
indústria. O princípio em que se baseia é o de capturar o contaminante no seu ponto de origem (ato contínuo à
sua geração), antes que o mesmo atinja a zona respiratória do trabalhador. Usando, para isso, a menor
quantidade de ar possível, o contaminante assim capturado é levado por tubulações ao exterior, ou ao sistema
de coleta do contaminante. Um sistema de ventilação local exaustora compreende várias partes básicas. A
primeira delas é a tomada de ar ou captor, que deve ter a forma mais adequada de adaptação à máquina ou
processo que gera o contaminante. Em geral, se desconhecem características intrínsecas de sistemas de
sucção, tais como a de que as superfícies isocinéticas de captura têm poder drasticamente reduzido ao nos
afastarmos da boca da tubulação. Assim, para uma boca cilíndrica, a uma distância da mesma igual ao seu
diâmetro, a velocidade do ar ingressante é de apenas 7% da velocidade na boca. Do exposto, se deduz que a
tomada de ar deve estar tão acercada quanto possível da fonte de produção de contaminante e que a
velocidade deve ser suficientemente alta para que se leve à tubulação o contaminante, mesmo quando esta
possua velocidades iniciais de geração de sentido contrário ao de captação (vapores aquecidos, partículas
projetadas de esmeril).
A parte seguinte do sistema compõe-se das tubulações ou condutos, através dos quais circula o ar
aspirado. A velocidade do ar nos mesmos deve ser calculada de modo que o contaminante não se deposite no
seu interior por sedimentação. As dimensões e características dos mesmos são de vital importância para a
eficácia do sistema, que deve, portanto, ser projetado por especialistas, ou seja, tanto a Ventilação Local
Exaustora como também a Ventilação Geral Diluidora, devem ser entregues a um profissional especializado
na área de Engenharia de Ventilação e Ar Condicionado.
Logo depois de instalados, os sistemas de ventilação devem ser verificados quanto à operação,
observando-se especificações de projeto, tais como vazões, velocidades nos dutos, pressões negativas, entre
outras. Os parâmetros de operação devem ser verificados periodicamente como medida usual de manutenção.

G) Manutenção

Rigorosamente, não se pode considerar este como um método de prevenção no sentido estrito da
palavra; porém, constitui parte e complemento especialmente importante de qualquer dos anteriores, não só
quando se trata dos equipamentos de controle de riscos ambientais, mas também de equipamentos e
instalações em geral na empresa.
É freqüente, devido ao pouco conhecimento do industrial de seus problemas ambientais, que a ação
das medidas adotadas se esterilize com o tempo, por falta de uma manutenção adequada. Programas e
cronogramas de manutenção devem ser seguidos à risca, respeitando-se os prazos propostos pelos fabricantes
de equipamentos.

F) Ordem e Limpeza

Boas condições de ordem, limpeza e asseio geral ocupam uma posição-chave num sistema de proteção
ocupacional. Basicamente, é mais uma ferramenta a adicionar-se a todas as outras já vistas aqui.
O pó em bancadas, parapeitos, rodapés e chãos, sedimentado nas horas calmas e ao longo do tempo,
pode prontamente ser redispersado na atmosfera do recinto pelo trânsito de pessoas e equipamentos, vibrações
e correntes aleatórias. O asseio é sempre importante; onde há materiais tóxicos, é primordial. A limpeza
imediata de quaisquer derramamentos de produtos tóxicos é importante medida de controle.Um programa de
limpeza periódica, usando-se aspiração a vácuo, seja por aspiradores industriais, seja por linhas de vácuo, é o
único meio realmente efetivo para se remover pó e partículas da área de trabalho. NUNCA o pó deve ser
soprado, com bicos de ar comprimido, para “efeito” de limpeza. Nos casos de pós de sílica, chumbo e
compostos de mercúrio, estas são medidas essenciais. Igualmente, no uso, manuseio e estocagem de solventes,
o asseio deve incluir a limpeza imediata de respingos ou vazamentos, por pessoal que use equipamento de
13
proteção pessoal, e o material empregado, como panos, trapos, papel absorvente, devem ser dispostos em
recipientes herméticos e removidos diariamente da local.
É impossível manter um programa efetivo de saúde ocupacional sem que se assuma a constante
preocupação com os aspectos totais de ordem e limpeza.

H) Projetos Adequados

Todas as medidas mencionadas serão, vias de regra, mais efetivas e viáveis econômica e fisicamente
se consideradas na etapa de projeto de quaisquer equipamentos, processos e suas operações. Assim, a etapa
de projeto constitui sempre a fase de ataque ideal dos problemas de Higiene e Segurança Industrial, e a
inclusão de profissionais de Segurança e Higiene nas equipes de projeto, num mesmo nível de diálogo e
decisão, constitui medida inteligente e atesta o nível de significância em que serão considerados tais
problemas, pelas direções empresariais.

5.2.5.2 – Medidas Relativas ao Pessoal

A) Equipamento de Proteção Individual

Os equipamentos de proteção individual devem ser sempre considerados como uma segunda linha de
defesa, após criteriosas considerações sobre as possíveis medidas de controle relativas ao ambiente, que
possam eventualmente ser tomadas e aplicadas prioritariamente.
Entretanto, há situações especiais, como já foi notado, nas quais medidas de controle ambientais são
inaplicáveis, total ou parcialmente; nesses casos, a única forma de proteger o pessoal será dotá-lo de
equipamentos de proteção individual.
O uso correto dos EPIs, por parte dos trabalhadores, assim como as limitações de proteção que eles
oferecem, são aspectos que o pessoal deve conhecer por meio de treinamento específico, coordenado pelo
engenheiro de segurança.

B) Educação e Treinamento

As ações de educação e treinamento, principalmente aquelas dirigidas à Segurança e Higiene do


Trabalho, devem ter lugar sempre independentemente da utilização de outras medidas de controle, sendo, na
realidade, importante complementação a qualquer uma. Tais ações, que devem ser conduzidas e coordenadas
pelo engenheiro de segurança da empresa, devem incluir, entre outros itens, a conscientização do trabalhador
(quanto aos riscos inerentes às operações, aos riscos ambientais e às formas operacionais adequadas, que
garantam a efetividade das medidas de controle adotadas), além do treinamento em procedimentos de
emergência, noções de primeiros socorros e medidas de urgência adequadas a cada ambiente de trabalho
específico, que serão desenvolvidas com a participação do médico do trabalho.

C) Controle Médico

Exames médicos pré-admissionais e periódicos constituem medidas fundamentais, de caráter


permanente, e situam-se entre as principais atividades dos serviços médicos da empresa. Os exames pré-
admissionais apresentam características importantíssimas de seleção ocupacional, podendo-se comparar
aspectos desejados e não desejados. De acordo com a função ou atividade específica do trabalhador na
empresa, cotejam-se aspectos operacionais, de compleição, de habilidade e de destreza, de atenção e
percepção, de susceptibilidade individual, alergênicos, etc., com os requerimentos e os fatores de risco de tais
14
funções ou atividades. As características devem ser ditadas pelo médico, assessoradas de dados técnicos
específicos.
Os exames médicos periódicos dos trabalhadores possibilitam, além de um controle de saúde geral do
pessoal, a detecção de fatores que podem levar a uma doença profissional, assim como constituem uma forma
de avaliar a efetividade dos métodos de controle empregados.

D) Limitação de Exposição

A redução dos períodos de trabalho torna-se importante medida de controle onde todas as outras
medidas possíveis forem inefetivas, impraticáveis (técnica, física ou economicamente) ou insuficientes no
controle de um agente, por não se lograr, desse modo, a eliminação ou redução do risco a níveis seguros.
Assim, a limitação da exposição ao risco, dentro de critérios técnicos bem definidos, pode tornar-se uma
solução efetiva e econômica em muitos casos críticos.
São exemplos típicos desse procedimento o controle de exposição ao calor intenso, a pressões
anormais, ao ruído e às radiações ionizantes.

5.3 - EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AOS FUMOS METÁLICOS

5.3.1 - Conceitos Gerais

São formados por vapores resultantes dos metais em fusão, em processos de fundição e soldagem. Nas
operações de fundição os fumos têm basicamente a mesma composição dos metais que os originaram, às
vezes agravados com materiais que comparecem como contaminantes químicos dos metais, da matéria-prima
e fundentes. É comum haver nas áreas de fundição a presença de monóxido de carbono, dióxido de enxofre,
etc.
Na soldagem de metais, além de metais, além do material do eletrodo, do revestimento e do metal
base, poderão ser detectados, o ozônio, gases nitrosos e monóxido de carbono. Outros materiais provenientes
de proteção antiferrugem das chapas (antioxidantes) quando queimam, aumentam o potencial tóxico do ar do
ambiente.

5.3.2 – Ocorrências

Indústrias siderúrgicas, na fundição de materiais ferrosos e não ferrosos, soldagem em linhas de


produção e manutenção.

5.3.3 - Classificação das substâncias (pelos seus defeitos no organismo): Fé, Mn, Cr, Cd, Pb, Cu, Zn,
Al, Mg entre outros.

Cádmio: Problemas pulmonares graves, alterações renais, proteinúria e anemia, descoloração do colo dos
dentes e anosmia (enfraquecimento do olfato) e ósteo malacia (enfraquecimento dos ossos, fraturas, etc), é
suspeito de ser carcinogênico.

Chumbo: Fixação no tecido por afinidade, alterações no sangue e órgãos hematopoéticos, redução da
capacidade física, cólicas abdominais, arteriosclerose e esclerose renal e alterações no sistema nervoso.

Cromo: (ocorre muito na soldagem do aço inox), risco de câncer no pulmão.


15

Ferro: Risco de siderose, pneumopatias diversas.

Manganês: Pneumonia, afeta também os neurônios do sistema nervoso central, psicose mangânica, anorexia e
distúrbios neurológicos gerais.

Níquel: (solda aço inox) febre dos fumos metálicos, dermatites, é carcinogênico.

Zinco: O organismo tem uma certa tolerância ao zinco, e facilidade para eliminá-lo, porém deve estar dentro
dos limites de tolerância.

Magnésio: Está relacionado com a febre dos fumos metálicos.

Alumínio: Pouco tóxico, porém acima do L.T. está relacionado com a pneumoconiose.

5.3.4 - Avaliação da Exposição Ocupacional aos Fumos Metálicos

Legislação Brasileira: Lei nº 6514/78, portaria 3214, NR-15, anexo 11, estabelece limites de tolerância para o
chumbo – único encontrável em processos de fusão.

5.3.5 – Medidas de Controle

No Equipamento: - V.L.E. (Ventilação Local Exaustora) para sugar os fumos e vapores formados na
região de solda e lançados em local que não esteja o Homem, para que sejam diluídos naturalmente.
- Bancadas especiais com ventilação exaustora instalada ou coifas sobre a bancada de
soldagem.
- V.G.D. (Ventilação Geral Diluidora) soprando os poluentes formados para fora do campo
respiratório do soldador, diluindo os fumos e vapores tóxicos, podendo em ambientes fechados utilizar a
ventilação combinada insuflação-exaustão.

No Ambiente: - Para trabalhos a céu aberto, recomenda-se ao soldador de maneira que os ventos afastem
o material poluente da sua zona respiratória, podendo neste caso, auxiliar a movimentação do ar com
ventilador industrial, tendo o cuidado de não lançar os contaminantes sobre outros trabalhadores, inclusive o
ajudante do soldador.

No Homem:
- no soldador – Uso de EPI completo de soldador, ou seja, máscara com tonalidade adequada ao
trabalho (de 10 a 14), proteção para a cabeça, óculos de segurança (batimento de escória), luvas, mangotes,
aventais, perneiras, botinas de segurança, proteção auditiva se necessário.
- Uso de EPR (Equipamento de Proteção Respiratória) de acordo com a instrução normativa nº
1 de 11 de abril de 1994, que estabelece regulamento técnico sobre o uso de equipamento para a proteção
respiratória.

- nos operadores de fornos – Protetor facial (dotado de tela de ventilação para calor intenso), avental,
mangotes, luvas, botina (Chanca) e capacete de celeron.
16
5.4 – EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AOS AERODISPERSÓIDES

5.4.1 - Conceitos Gerais

- Aerodispersóides: são partículas sólidas ou líquidas dispersas no ar possuindo certa instabilidade de


suspensão, com dimensão ou diâmetro entre 0,5 e 20 mícrons, desagregadas por processos físicos. Ex:
poeira mineral, poeira de madeira, névoa de óleo ou de pinturas, neblinas, fumos metálicos e fumaças.

- Nevoas: pequenas partículas de líquido em suspensão no ar, geradas por condensação do líquido por
processos mecânicos tais como: atomização, ebulição, pressão (spray). A dimensão das partículas
varia de 0,01 a 10 mícrons e parte delas podem ser vistas a olho nu.

- Neblinas: (Bruma, Fog Londrino) pequenas gotas de líquido em suspensão no ar, vistas a olho nu,
formadas por condensação do estado gasoso. A dimensão das partículas varia entre 2 e 60 mícrons e
muitas vezes a neblina é confundida com as névoas.
- Fumos metálicos: vapores de metais em fusão que resfriam e se solidificam formando partículas
metálicas sólidas.

- Fumaça: resultante da queima incompleta de material orgânico tais como combustíveis líquidos e
sólidos.

- Poeira: aerodispersóide composto de partículas sólidas dispersas no ar possuindo certa instabilidade de


suspensão, cuja dimensão ou diâmetro aerodinâmico está entre 0,5 e 20 mícrons (poeira mineral).
Quando se trata de asbesto, algodão, etc., são consideradas fibras quando o comprimento tem no
mínimo quatro vezes o diâmetro da partícula.

5.4.2 - Ocorrências da Poeira

Poeira mineral: encontra-se na indústria extrativa mineral, construção civil, indústria de vidro, siderurgia,
cerâmica e de refratários. As operações que mais expõe o trabalhador são: perfuração de rochas, britagem,
peneiramento, jateamento, moagem de rochas, aparelhamento de pedras.

Poeira orgânica: encontra-se na indústria de madeira, movelaria, alimentícia, têxtil, açúcar e álcool, em
operações de corte e beneficiamento de cereais, manuseio de bagaço de cana, etc.

5.4.3 - Doenças Causadas pela Inalação de Poeiras

PNEUMOCONIOSES – origem grega: Pneumon = Pulmão; kenis = poeira; ose = ação.

Algumas doenças pulmonares:


- Sílica livre cristalizada – silicose
- Fibra de asbesto – asbestose
- Bagaço de cana – bagaçose
- Algodão – bissinose
- Ferro – siderose
- Poeira de fumos de berílio – beriliose
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- Poeira de óxido de estanho – estanose

Destas doenças a mais conhecida é a silicose devido à grande ocorrência de quartzo na extração das matérias
primas para as industrias.

5.4.4 - Legislação Brasileira – Lei 6514/77, portaria 3.214/78, NR-15, anexo nº 12.

5.4.5 - Norma Internacional

ACGIH – American Conference of Governamental Industrial Hygyenists – que estabelece parâmetros


para poeira orgânica e são utilizadas pelos higienistas brasileiros devido á omissão da nossa legislação neste
aspecto, classifica na NR-9, Alínea “C”, Portaria nº 25 de 29/12/94, item 9.3.5.1, que:
“Quando o resultado das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os valores limites
previstos na NR-15 ou, na ausência destes, os valores de limites de exposição ocupacional adotados pela
ACGIH, ou aqueles que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais
rigorosos do que os critérios técnico-legais estabelecidos”.

5.4.6 - Instrumentos de Amostragem de Poeiras

São prescritos diversos equipamentos e metodologias tais como:


- Amostrador impinger (método impinger);
- Precipitador eletrostático;
- Amostrador gravimétrico – o mais usado devido à sua praticidade.
- Difração da luz.

Amostrador Gravimétrico – Compõe-se de bomba de sucção, ciclone para separação de partículas, porta
filtros e filtro, tubos e carregador de baterias. O filtro utilizado é o de PVC com 5,0 mícrons de poro.
Calibradores – as bombas de sucção (modelo “G”) dependem de instrumentos de calibração que se
compõe de bureta graduada de 1.000 ml e kitazato, além dos suportes para fixação (método da bolha de
sabão). A bomba modelo Flow Lite-Pró é calibrada com o kit calibração pelo método da bolha de sabão com
bureta graduada e possui circuito de compensação eletrônico com vazão constante.

5.4.7 - Métodos de Análise

Microscopia: é utilizada para contagem de fibras de asbestos retidas em filtro, membrana ou também
para contagem de partículas retidas em líquido, pelo método impinger, empregando amostrador gravimétrico.

Diafratometria de Raios-X: é o método para determinar a sílica livre cristalizada, na amostra de


poeira, expressa em percentual em relação ao total da poeira analisada.

Gravimetria: consiste na dessecagem e pesagem inicial e final dos filtros.

Métodos de Amostragem: a amostra ocupacional da poeira é feita por coleta individual, em pequeno
volume pelo método de poeira respirável ou total, com vazão de 1,8 LPM.
18
*Poeira Respirável: emprego do amostrador gravimétrico, com linha de amostragem acoplada a um ciclone
que seleciona a fração respirável das partículas coletadas no filtro membrana, rejeitando aquelas de tamanho
igual ou superior a 10 mícrons.

*Poeira total: emprego do amostrador gravimétrico, sem ciclone, coletando a poeira total do ambiente, a
respirável e a não respirável.

 LIMITES DE TOLERÂNCIA – NR-15, ANEXO 12.

5.4.8 - Medidas de controle:

- Na fonte: Ventilação – O despoeiramento da V.L.E. (Ventilação Local Exaustora), é o mais eficaz, se


bem projetado. Junto à fonte geradora de pó deverá ser instalado bocal de sucção, coifa ou captor, com
esses elementos ligados à linha de sucção, que por sua vez estará conectada ao grupo motor –
ventilador, devendo estar instalados na linha, os ciclones e filtros de manga, para devolver o ar limpo
ao ambiente. É necessário que o sistema de ventilação seja incluído no programa de manutenção
preventiva da empresa, para preservar a eficiência de arraste de poluentes.

- No ambiente: Estudar a umidificação da área e da matéria prima, se esta providencia não prejudicar o
processo e o produto. Pode ser utilizada nas frentes de lavra em mineração a céu aberto e subterrâneo
na operação de perfuração de rochas, britagem, carregamento, transporte, preparação de áreas,
remoção de material estéril e principalmente em vias de circulação de veículos e máquinas, na
canalização com aspersores, etc.

- No Homem: Educação e treinamento – Os trabalhadores deverão ser treinados para executar de


maneira correta e segura as tarefas, preservando a saúde com hábitos e atitudes sadias, se alimentando
de maneira racional e evitando o uso de fumo e álcool, agentes causadores de doenças e acidentes.

O SESMT da empresa deverá exercer o seu papel de sensibilização dos trabalhadores para a sua auto
proteção, quando as medidas de ordem coletiva não forem suficientes para a minimização dos riscos.
Neste caso, além dos EPIs para os demais riscos do posto de trabalho, usa-se (máscara) respirador com
filtro para agente mecânico (material particulado em suspensão), tendo cuidado de substituir o filtro
periodicamente, para que não perca sua eficiência. Para o caso de operações com madeira, usa-se protetor
facial.
Utilizar EPR (Equipamento de Proteção Respiratória), de acordo com instrução normativa de 1º de
abril de 1994, que estabelece regulamento técnico sobre o uso de equipamento para a proteção
respiratória.
19

5.5 – EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AOS GASES E VAPORES

5.5.1 – Conceitos Gerais

- Gás: denominação dada às substancias que, em condições normais de pressão e temperatura (25ºC e
760 mm Hg), estão no estado gasoso. Exemplos: hidrogênio, oxigênio, nitrogênio.
- Vapor: é a fase gasosa de uma substância que, a 25ºC e 760 mm Hg, é líquida ou sólida. Exemplos:
vapores de água, vapores de gasolina, vapores de naftalina.

A concentração de vapores de uma substância, a uma temperatura determinada, não pode aumentar
indefinidamente. Existe um ponto máximo denominado saturação, a partir do qual qualquer incremento na
concentração transformará o vapor em liquido ou sólido.
Portanto, a principal diferença entre os gases e vapores é a concentração que pode existir no ambiente.
Como, para a Higiene do Trabalho, as concentrações que interessam são pequenas, normalmente situando-se
abaixo da concentração de saturação, não se torna necessário distinguir os gases dos vapores, sendo ambos
estudados de uma só vez.
Comparando com os aerodispersóides, é importante destacar que os gases não sedimentam nem se
aglomeram, chegando a sua divisão ao nível molecular, permanecendo, portanto, intimamente misturados com
o ar sem separarem-se por si mesmos.

5.5.2 – Classificação Fisiológica dos Gases e Vapores

Os gases e vapores podem ser classificados segundo a sua ação sobre o organismo humano. Assim,
podem ser divididos em 3 grupos:
- Irritantes;
- Anestésicos;
- Asfixiantes.

Uma substância classificada em um dos grupos acima não implica que não possua também
características dos outros grupos. Esta classificação baseia-se no efeito mais importante, mais significativo,
sobre o organismo.
Será visto a seguir, que a maioria dos solventes orgânicos é classificado como anestésico. No entanto,
qualquer pessoa que já esteve exposta a um solvente destes (álcool, “thinner”, acetona) percebeu que estas
substâncias também são irritantes das vias respiratórias superiores, isto é, nariz e garganta. Mas estas
substâncias são classificadas como anestésicos porque este efeito é o mais importante, o mais danoso para a
saúde do homem.

5.5.2.1 – Gases e Vapores Irritantes

Existe uma grande variedade de gases e vapores classificados neste grupo, os quais diferem em suas
propriedades físico-químicas, mas têm uma característica em comum: produzem inflamação nos tecidos com
que entram em contato direto, tais como a pele, a conjuntiva ocular e as vias respiratórias. Esta inflamação é
produzida somente em tecidos epiteliais e deve-se à alteração dos processos vitais normais das células, que se
manifesta por coagulação, desidratação, hidrólise, etc.
Este grupo de gases e vapores irritantes divide-se em:

A - Irritantes primários: cuja ação sobre o organismo é a irritação local; de acordo com o local de ação,
distinguem-se em:
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A 1 – Irritantes de ação sobre as vias respiratórias superiores – constituem o grupo de mais alta
solubilidade em água, localizando sua ação nas vias respiratórias superiores, isto é, garganta e nariz.
Pertencem a este grupo:
- Os ácidos fortes tais como: ácido clorídrico (HCl), também denominado de ácido muriático; ácido
sulfúrico (H2SO4);
- Os álcalis fortes, tais como: amônia (NH3); soda cáustica (NaOH); formaldeído.

A 2 – Irritantes de Ação sobre os Brônquios – as substâncias deste grupo têm moderada


solubilidade em água e, por isto, quando inaladas, podem penetrar mais profundamente nas vias respiratórias,
produzindo sua irritação principalmente nos brônquios. Pertencem a este grupo:
- Anidrido sulfuroso (SO2);
- Cloro (Cl2).

A 3 – Irritantes de Ação sobre os Pulmões – estes gases têm uma baixa solubilidade na água,
podendo, portanto, alcançar os alvéolos pulmonares, onde produzirão a sua ação irritante intensa. Pertencem a
este grupo:
- Ozona (O3);
- Gases nitrosos, principalmente NO2 e sua forma dímera N2O4.

Os gases nitrosos reagem com a umidade do pulmão, gerando acido nítrico e produzindo uma
pneumonite química. Estes gases são produzidos no arco elétrico (solda elétrica), por combustão de nitratos,
no uso de explosivos, no uso industrial de acido nítrico.

A 4 – Irritantes Atípicos – estas substâncias, apesar de sua baixa solubilidade, possuem ação irritante
sobre as vias respiratórias superiores. Isto serve de advertência ao pessoal exposto, o que faz com que as
pessoas se afastem imediatamente do local. Por isso, raras vezes estas substâncias são inaladas em quantidade
suficientes para produzir irritação pulmonar. Pertencem a este grupo:
- Acroleína ou aldeído acrílico (gás liberado por motores diesel);
- Gases lacrimogênicos.

B – Irritantes Secundários: estas substâncias apesar de possuírem efeito irritante, têm uma ação tóxica
generalizada sobre o organismo. Exemplo de substância deste grupo é o gás sulfídrico (H2S).

5.5.2.2 – Gases e Vapores Anestésicos

Os gases e vapores anestésicos, também denominados narcóticos, incluem uma quantidade de


compostos de amplo uso industrial e doméstico. A maioria dos solventes orgânicos pertence a este grupo.
Uma propriedade comum a todos eles é o efeito anestésico, devido à ação depressiva sobre o sistema
nervoso central. Este efeito aparece em exposições a altas concentrações, por períodos de curta duração. No
entanto, exposições repetidas e prolongadas a baixas concentrações, caso típico da exposição industrial,
acarretam intoxicações sistêmicas, isto é, afetam os diversos sistemas de nosso corpo.

5.5.2.3 – Gases e Vapores Asfixiantes

Chama-se asfixia o bloqueio dos processos vitais tissulares, causado por falta de oxigênio. A falta de
oxigênio pode acarretar lesões definitivas no cérebro em poucos minutos.
Os gases e vapores asfixiantes podem ser subdivididos em:
21
A – Asfixiantes Simples – estas substâncias têm a propriedade de deslocar o oxigênio do ambiente. O
processo de asfixia ocorre, então, porque o trabalhador respira um ar com deficiência de oxigênio. Sabemos
que o ar precisa ter, no mínimo, 18% de O2, para que a vida humana seja mantida sem risco algum.
Para que a concentração do oxigênio seja reduzida de forma considerável no ambiente, é necessário
que o asfixiante simples esteja em alta concentração e que o local não possua boa ventilação. Portanto, quando
estivermos em presença de um processo de operação que desprenda asfixiante simples para o ambiente,
devemos avaliar a concentração do oxigênio, já que o fator limitante para causar danos ao homem é função
desta substância e não do asfixiante simples em si. Exemplos de substâncias deste grupo são:
- Hidrogênio, nitrogênio, hélio (gases fisiologicamente inertes);
- Metano, etano, acetileno (também anestésicos simples, de ação narcótica muito fraca);
- Dióxido de carbono (também possuidor de outros efeitos importantes sobre o organismo e, por isso,
com limite de tolerância fixado especificamente para ele. Para esta substância, deve ser respeitado o
limite de tolerância adotado na legislação e não aquele teor mínimo de 18% de O 2, especificado para
os asfixiantes simples).

B – Asfixiantes Químicos – pertencem a este grupo algumas substâncias que, ao ingressarem no organismo,
interferem na perfeita oxigenação dos tecidos. Estas substâncias não alteram a concentração do oxigênio
existente no ambiente. O ar respirado contém oxigênio suficiente, só que o asfixiante químico, que foi inalado
junto com o oxigênio, não permite que este último seja adequadamente aproveitado pelo nosso organismo.
O monóxido de carbono (CO), a anilina e o ácido cianídrico são exemplos de asfixiantes
químicos.

5.5.3 – Avaliação dos Gases e Vapores

Os gases e vapores podem ser avaliados por meio de aparelhos que coletam e analisam a amostra no
próprio local de trabalho, denominados “aparelhos de leitura direta” e por meio de aparelhos que coletam
amostra do ar ou do contaminante, para posterior analise em laboratório, denominados “amostradores”.
Aparelhos de leitura direta são aqueles que fornecem imediatamente, no próprio local que está sendo
analisado, a concentração do contaminante. Estes aparelhos podem ser usados para a avaliação de gases e
vapores e também de alguns aerodispersóides.
Os amostradores são de dois tipos: os que coletam amostras de ar total (isto é, ar mais contaminante) e
os que coletam apenas contaminante.

5.5.4 – Eliminação / Neutralização da Insalubridade

A eliminação ou neutralização da insalubridade para gases e vapores ocorrerá com a adoção de


medidas no ambiente, tais como: substituição do produto nocivo, alteração no processo produtivo, segregação
da operação, ventilação local exaustora e geral diluidora.
Quanto à neutralização, esta será conseguida com a utilização de EPIs: respiradores com filtro
químico, luvas, aventais e outras proteções para o corpo, quando a substância fora capaz de ser absorvida por
via cutânea. Com relação aos respiradores, é importante verificar se são suficientes para reduzir as
concentrações a níveis abaixo dos limites de tolerância (conforme preceitua o art. 191, item II, da CLT). Deste
modo, sempre deverá ser verificada a proteção oferecida pelo respirador, se é efetiva a utilização e freqüente a
troca dos filtros.
22
5.6 – EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO RUÍDO

5.6.1 – Conceito de Ruído

Do ponto de vista da Higiene do Trabalho: “O ruído é o fenômeno físico vibratório com


características indefinidas de variações de pressão (no caso ar) em função da freqüência, isto é, para uma dada
freqüência podem existir, em forma aleatória através do tempo, variações de diferentes pressões”.
Esta é uma situação real e freqüente, daí utilizar-se a expressão ruído, “mas que não necessariamente
significa sensação subjetiva do barulho”.

Ruído Contínuo e Intermitente

Segundo a NR-15 da Portaria n. 3.214 e a norma da FUNDACENTRO, o ruído contínuo ou


intermitente é aquele não classificado como impacto. Do ponto de vista técnico, ruído contínuo é aquele cujo
NPS (Nível de Pressão Sonora) varia 3 dB durante um período longo (mais de 15 minutos) de observação.
Exemplo: o ruído dentro de uma tecelagem. Já o ruído intermitente é aquele cujo NPS varia até 3 dB em
períodos curtos (menor que 15 minutos e superior a 0,2 segundos). Entretanto, as normas sobre o assunto não
diferenciam o ruído contínuo do intermitente para fins de avaliação quantitativa desse agente.

Ruído de Impacto ou Impulsivo

A NR-15, anexo 2, da Portaria n. 3.214 define ruído de impacto como picos de energia acústica de
duração inferior a 1 segundo, a intervalos superiores a 1 segundo. São produzidos por operações de martelar,
por prensas, guilhotinas, quedas de matérias, etc.

5.6.2 – Limites de Tolerância

O subitem 15.1.5 da NR-15 estabelece que o Limite de Tolerância é a intensidade máxima ou mínima
relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador
durante a sua vida laboral.
Para a ACGIH (American Conference of Governamental Industrial Higienists) os limites de exposição
ao ruído referem-se aos níveis de pressão sonora e aos tempos de exposição que representam as condições sob
as quais se acredita que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta repetidamente, sem sofrer efeitos
adversos à sua capacidade de ouvir e entender uma conversação normal.
O ruído produzido por várias máquinas em conjunto mesmo sendo de impacto individualmente poderá
ser avaliado como intermitentes, se os intervalos entre os picos de energia forem inferiores a 1 segundo.
A legislação Brasileira não estipula o número máximo de impulsos por dia de trabalho, mas para a
ACGIH a contagem de impactos do ruído impulsivo é de 10.000 impactos no máximo, para 120 dB por dia de
8 horas de trabalho.

5.6.3 – Instrumentos de Avaliação do Ruído

Usualmente são: - Decibilímetro – medição de NPS (Nível de Pressão Sonora).


- Audiodosímetro – dosímetro de ruído.
- Analisador de Freqüência (banda de oitava e 1/3 de banda de oitava).
- Registrador Gráfico – usados nas áreas de pesquisa.
23

Decibilímetro (medidor de NPS) - Instrumento que mede níveis instantâneos de ruído de qualquer
natureza, dotado de vários circuitos de compensação:
- Circuito de compensação “A” para medir ruídos intermitentes e contínuos;
- Circuito de compensação “B” e “C”, são indicados para baixas freqüências, o mais empregado é o
circuito “C” para ruídos de impacto.
- Alguns instrumentos possuem o circuito “D”, indicados para determinados ruídos especiais e de alta
freqüência, tais como turbina de avião à jato.

Dosímetro de Ruído – Audiodosímetro - Instrumento útil para avaliar a exposição ao ruído por
trabalhadores itinerantes, tais como encarregado de setor de produção, pessoal de manutenção mecânica e
elétrica, que percorrem a área industrial recebendo ruído de varias máquinas e equipamentos.
O dosímetro é dotado de memória na qual acumula os dados relativos aos níveis de ruído, e medem
em percentual de dose em função do tempo, e se ele estiver calibrado para os limites de tolerância adotados no
Brasil, 100% da dose equivale a 85 dB(A) por 8 horas de exposição. Esse instrumento trabalha segundo Lei
exponencial, onde os NPS são integrados e fornecidos no visor em forma de percentual da dose equivalente ao
fator de calibração do instrumento.

Analisador de Freqüência - Permite determinar o espectro sonoro do ruído, isto é, analisar o


comportamento dos NPS em cada freqüência, pode-se comparar com as curvas de atenuação dos EPIs.

Registrador Gráfico - Registra em bobina de papel as variações da curva em decorrência dos picos
e vales conforme a performance da onda sonora.

Calibrador – Emite tom puro, e som prolongado de NPS 114 dB(A) em freqüência de 1.000 Hz.

5.6.4 – Medidas de Controle de Ruído

A remoção dos riscos de ruído, ou de pessoas de zonas de ruído, é o caminho mais correto de se alcançar a
conservação da audição, e a praticabilidade disto deve ser examinada em todos os casos. Infelizmente, o
controle de ruído de muitas máquinas, ou processos, se torna impraticável, seja pelo custo envolvido ou pela
impossibilidade de serem feitas modificações. Em muitos casos, então, esta forma de controle de ruído deve
esperar até que uma máquina possa ser dispensada ou substituída, e isto pode ocasionar um certo atraso
considerável.
Algumas máquinas ou processos são possíveis de serem enclausurados, ou de receberem outros
tratamentos locais, mas o problema de ventilação, refrigeração, acesso de materiais e pessoal, manutenção e
assim por diante, não devem ser esquecidos. Deve ser observado que medidas de controle de ruído que não
formam um ponto integral de uma máquina ou planta, são freqüentemente sujeitas a abusos por pessoas de
operação ou manutenção, especialmente em momentos de quebra ou interrupção similar da produção.
Enclausuramentos que requerem remoções freqüentes por qualquer razão, não podem ser considerados como
uma proposição prática. Medidas de controle de ruído devem ser à prova de interferências e os empregados
devem estar alertados do seu propósito.
Em alguns casos, processos ruidosos, ou grupo de máquinas ruidosas, podem ser completamente
separadas do resto da fábrica. Isto reduz ou elimina muitos problemas já mencionados e reduz o número de
pessoas expostas e um número necessário para operar o processo ou máquinas. Estas pessoas devem usar
protetores de ouvido e devem ser instruídas quanto ao seu uso adequado, assim como também devem ser
informadas do risco da exposição a ruídos. Na prática, pessoas expostas a ruídos com alto potencial de dano,
são geralmente mais flexíveis a aceitar protetores e outras medidas de conservação da audição, do que àquelas
expostas à riscos menos severos.
24

5.6.5 – Eliminação – Neutralização do Ruído

O ruído pode ser controlado de três formas: na fonte, na trajetória (medidas no ambiente) e no homem.
Deste modo, quando adotamos medidas de redução na fonte ou na trajetória – como, por exemplo, isolamento
de uma máquina – e os níveis de ruído ficam abaixo de 85 dB(A), a insalubridade está eliminada, conforme
preceitua o artigo 191, item I, da CLT.
Não sendo possível a adoção de medidas de controle no ambiente, uma das alternativas é o uso de EPI
que seja capaz de diminuir a intensidade do ruído a níveis abaixo do limite de tolerância e que, no caso, são os
protetores auriculares, encontrados de dois tipos:
- Protetores de inserção (Ex: de espuma, de silicone, moldáveis, etc.);
- Protetores circum-auriculares (Ex: concha).

Há vários tipos e marcas de protetores de audição no mercado, e há vários fatores a serem


considerados, juntamente à proteção que eles fornecem, na seleção do tipo mais adequado para cada situação.
Alguns destes fatores são: conforto, custo, durabilidade, estabilidade química, higiene e aceite pelo usuário.
Protetores devem ser fornecidos com base no pessoal, e usuários devem ser instruídos ao seu correto uso,
manutenção e limpeza. Dois ou três tipos diferentes devem estar disponíveis para dar mais escolha aos
usuários. Onde trabalhadores do sexo feminino trabalham, deve ser também considerado o tipo de cabelo e
penteado usado.
O sistema de instrução deve ainda ser reforçado através de folhetos, com base no pessoal envolvido.
Legalmente, não é suficiente ter simplesmente protetores de ouvido disponíveis para o uso. Registros de
entrega destes devem ser mantidos e devem ser obtidas assinaturas do usuário contra o recebimento, como
uma precaução. Isto não tira do empregador qualquer responsabilidade, sobre as pessoas expostas, de danos
recebidos por exposição a ruídos.

5.7 – EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO FRIO

5.7.1 – Introdução

A exposição ocupacional ao frio intenso pode constituir problema sério implicando em uma série de
inconvenientes que afetarão a saúde, o conforto e a eficiência do trabalhador. Trabalhos ao ar livre em climas
frios são encontrados em regiões a grandes altitudes, bem como em algumas zonas temperadas, no período do
inverno.
Fora das atividades realizadas ao ar livre, o frio intenso é ainda encontrado em ambientes artificiais,
como as câmaras frigoríficas de conservação, que implicam em exposição a temperaturas bastante reduzidas.

5.7.2 – Efeitos do Frio

Os efeitos causados ao organismo dependem principalmente da temperatura do ar, velocidade do ar e


da variação do calor radiante. Todos estes fatores influem no equilíbrio homeotérmico do corpo, provocando
uma seqüência de reações no organismo, com conseqüentes distúrbios.
A baixa temperatura corporal resulta de um balanço negativo entre a produção e a perda de calor. A
produção de calor diminui e a perda de calor aumenta. A vasoconstrição periférica é a primeira ação
reguladora que ocorre no organismo, quando se inicia uma excessiva perda de calor. O fluxo sanguíneo é
reduzido em proporção direta com a queda de temperatura. Quando a temperatura corpórea fica abaixo de
35ºC, ocorre diminuição gradual de todas as atividades fisiológicas: cai a freqüência do pulso, da pressão
arterial e da taxa metabólica, desencadeando um tremor incontrolável para produzir calor. No tremor, o
25
número de contrações musculares por unidade de tempo é elevado, resultando um aumento de produção de
calor e uma maior atividade muscular.
Se a produção de calor é insuficiente para manter o equilíbrio, a temperatura do corpo vai decrescendo,
resultando no fenômeno de hipotermia. Quando a temperatura do núcleo do corpo vai abaixo de 29ºC, o
hipotálamo perde a capacidade termo-reguladora e as células cerebrais são deprimidas, inibindo a atividade
dos mecanismos termocontroladores do Sistema Nervoso Central, evoluindo para sonolência e coma.

5.7.3 – Critério de Avaliação

A ACGIH recomenda valores limites de tolerância para exposição ao frio. Além da proteção das mãos
em serviços executados em ambientes frios, são recomendados os limites que levam em consideração a
temperatura do ambiente e a velocidade do vento.
A norma brasileira, em 1978, não fixou limites para exposição ao frio, estabelecendo o critério
qualitativo para a caracterização da insalubridade por esse agente.
Saliente-se, no entanto, que a falta de limite de tolerância não significa que qualquer exposição seja
insalubre. A intensidade do agente e o tempo de exposição, fatores tão importantes, deverão ser levados em
consideração, conforme os artigos 189 e 253 da CLT e a Portaria n. 3.311 do MTE.
Logo na inspeção realizada pelo perito deverá ser observada a temperatura do local, ou seja, se o
ambiente é similar à câmara frigorífica ou apresenta frio artificial, conforme estabelecido no artigo 253 da
CLT. Em seguida, deve ser analisado o tempo de exposição do empregado ao frio.

Art. 253 CLT – Para os empregados que trabalham no interior de câmaras frigoríficas e para os que
movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1 (uma) hora e 40
(quarenta) minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período de 20 (vinte) minutos de repouso,
computado esse intervalo como de trabalho efetivo.

5.7.4 – Medidas de Proteção Contra o Frio

A produtividade humana depende da integridade funcional do cérebro e das mãos do homem. Em


ambientes frios, deve-se conservar o calor do corpo para manter a temperatura do cérebro ao redor de 37ºC,
assegurando a adequada irrigação do sangue ás extremidades.

Aclimatação: Após uma longa exposição a um ambiente que apresenta condições extremas, como excesso de
calor ou frio, ocorrem alterações fundamentais nas respostas termo-reguladoras. Este fenômeno é denominado
aclimatação, que permite aos indivíduos trabalharem com eficácia, em condições que, originalmente, seriam
intoleráveis.
Indivíduos que trabalham ao ar livre, em climas frios, têm demonstrado sua aclimatação local
evidenciada para maior irrigação de sangue nas mãos, que permanecem quentes e mais funcionais do que as
de pessoas não totalmente aclimatizadas.

Regime de Trabalho: O trabalhador não deve permanecer por longos períodos em ambientes com frio
intenso. Recomendam-se períodos de trabalho intercalados por períodos de descanso para regime de trabalho.

Exames Médicos Pré-admissionais: Quando é realizada a seleção de profissionais para a execução de


trabalhos em câmaras frias, devem-se excluir os portadores de diabetes, epiléticos, fumantes, alcoólatras,
aqueles que já tenham sofrido lesões devidas ao frio, os que possuem “alergia” ao frio, os portadores de
problemas articulares e os que tenham doenças vasculares periféricas. Com este controle, reduzem-se os
índices de doenças devidas ao frio.
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Exames Médicos Periódicos: Devem-se realizar exames médicos periódicos nos trabalhadores de câmaras
frias, atentando para o diagnóstico precoce de ulcerações térmicas, dores articulares, perda de sensibilidade
tátil ou repetidas infecções das vias aéreas superiores, tais como: faringites, rinites, sinusites, amidalites, e
também a ocorrência de pneumonias. Aos que apresentarem essas alterações, recomenda-se a mudança do
setor de trabalho e um adequado tratamento médico.

Vestimentas Adequadas: Quando a exposição às intempéries é inevitável, os trabalhadores devem estar


providos de roupas de proteção, que constituam uma barreira isolante entre a superfície quente do corpo e o
meio ambiente. Quanto maior é a diferença entre a temperatura da pele e a do ar circulante, maior é o
isolamento necessário par manter o micro-clima que cerca a pele, a níveis confortáveis.
Quando o corpo de encontra em atividade, há um aumento de produção de calor, sendo necessário um
menor isolamento para manter o equilíbrio entre o calor produzido e perdido.
A discrepância entre os isolamentos necessários para períodos de trabalho e de descanso dá lugar a um
dos maiores problemas para trabalhadores que executam tarefas externas e ficam por longos períodos em
clima frio. A tendência do inexperiente é vestir-se demais. O resultado é uma intensa sudorese, tentando
manter o equilíbrio calórico do corpo, enquanto o indivíduo trabalha. A pesada vestimenta não permitirá o
suficiente esfriamento por evaporação. Uma considerável quantidade de suor é acumulada na vestimenta e
continua a evaporar durante o período de descanso subseqüente, anulando, por algum tempo, o isolamento
adequado, quando o mesmo é mais necessário.
As vestimentas de frio devidamente confeccionadas permitem a saída do excesso de calor. A retenção
excessiva de calor constitui um sério problema em ambientes frios, pois o suor produzido se acumula nas
roupas, evaporando durante o descanso, e produzindo esfriamento.
Conclui-se que a quantidade de roupa a ser vestida em um ambiente frio deve ser determinada de
forma a não criar os problemas acima citados.

Educação e Treinamento: Informar ao trabalhador quanto à necessidade do uso de vestimentas adequadas e


da troca das roupas e calçados quando estiverem úmidos, molhados ou apertados. Quando na sala de repouso,
manter-se quente, seco e em movimento, realizando exercícios freqüentes com os braços, as pernas e os dedos
das mãos e dos pés, para manter ativa a circulação periférica.
Nos intervalos de almoço, evitar exercícios violentos, como jogos coletivos, para não haver dispersão
de calor excessivo, e para evitar choques térmicos quando retornar ao trabalho.

5.8 – EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL À UMIDADE

CRITÉRIO QUALITATIVO - NR-15 - ANEXO 10

1. As atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com


unidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão
consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de
trabalho.

ACGIH e outras normas internacionais não estabelecem limites de tolerância para esse agente nem
consideram a umidade como agente de higiene industrial. Já a norma brasileira inclui a umidade como
insalubre no anexo 10, NR-15, estabelecendo como parâmetros para a caracterização que o local seja
encharcado ou alagado e capaz de produzir danos à saúde do trabalhador. Assim, a redação dada não fornece
elementos técnicos ao perito para interpretar cientificamente esse dispositivo legal.
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Analisando literalmente os parâmetros fixados, verifica-se que, segundo Aurélio Buarque de Holanda,
encharcar é “converter em charco, pântano, encher de água, alagar, inundar, molhar-se inteiro, ensopar-se”,
enquanto alagado significa “cheio de água, encharcado, pequena lagoa transitória”.
O segundo parâmetro é que a exposição seja capaz de produzir danos à saúde. Ora, essa interpretação
é totalmente subjetiva, verificando-se, no caso, abuso de alguns peritos na interpretação desse dispositivo,
visto que chegam a caracterizar insalubridade até para quem passa pano molhado em piso de banheiros.
Portanto, na caracterização da insalubridade por esse agente, o perito deve levar em consideração,
dentre outros, os seguintes fatores:
- O local deverá ter um volume de água significativo, capaz de molhar o trabalhador exposto.
- O tempo de exposição é fator importante para a ocorrência da doença ocupacional, conforme os
princípios da Higiene Industrial e o conceito de insalubridade dado pelo artigo 189 da CLT.
- Se o tipo de proteção usada é capaz de eliminar o risco, isto é, se o uso de botas de borracha, roupas
impermeáveis é capaz de impedir o contato habitual e permanente do trabalhador com a água.

5.9 – EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AOS AGENTES BIOLÓGICOS

5.9.1 – Critério Qualitativo – NR – 15 – Anexo 14

A portaria n. 12, de 12.11.79, acrescentou a esse anexo a conceito de contato permanente conforme
redação que se segue:
“Contato permanente com pacientes, animais ou material infecto-contagiante é o trabalho resultante da
prestação de serviço contínuo, decorrente de exigência permanente aos agentes insalubres”.

5.9.2 – Critérios para Caracterização da Insalubridade

O anexo 14 relacionou as atividades e operações que envolvem o contato permanente com agentes
biológicos, divididas em dois grupos e caracterizadas como insalubres de graus máximo e médio.
No grupo de insalubridade de grau máximo está o contato permanente com pacientes portadores de
doenças infecto-contagiosas e em isolamento; condição, portanto imprescindível para que se gere o adicional
de insalubridade. No mesmo grupo está o contato permanente com animais que também devem ser portadores
de doenças, nas normas reduzidas a carbunculose, tuberculose e brucelose, embora os animais possam
apresentar outras doenças contagiosas até mais perigosas.
Ainda no grupo de insalubridade de grau máximo insere-se o contato com esgoto (em galerias e
tanques) e o lixo urbano (coleta e urbanização).
No grupo de insalubridade de grau médio, a norma inscreve o contato com pacientes, animais ou
material infecto-contagiante, sem condicionar a insalubridade a pacientes portadores de doenças infecto-
contagiosas. Assim sendo, quem procura um médico ou dentista, por exemplo, é um paciente que pode ser
portador de doença infecto-contagiosa.
Quanto às atividades e operações relacionadas nesse grupo, devem-se observar as exceções que a norma
estabelece, tais como: nos trabalhos em laboratórios de análise clínica e gabinetes de autopsias, o
enquadramento é somente para o pessoal técnico. Deve-se salientar, no entanto, que tais limitações, muitas
vezes não tem razão de ser, pois o empregado fica exposto ao mesmo risco que o pessoal técnico. Deste
modo, esses casos devem ser analisados cuidadosamente durante a diligência pericial.
Outro aspecto importante a ser observado é o contato permanente. A Portaria n. 12 estabelece que o
contato deve ser obrigatório e contínuo, isto é, a exposição deve ser permanente. O contato intermitente
equivale a permanente para efeitos de caracterização da insalubridade.
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5.9.3 – Eliminação / Neutralização da Insalubridade

Conceito de Insalubridade: A palavra “insalubre” vem do latim e significa tudo aquilo que origina doença, e
a insalubridade é a qualidade de insalubre. Já o conceito legal de insalubridade é dado pelo artigo 189 da
CLT, nos seguintes termos:
“Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou
métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância
fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus afeitos”.
Com base nesses fatores foram estabelecidos limites de tolerância para os referidos agentes, que, no
entanto, representam um valor numérico abaixo do qual se acredita que a maioria dos trabalhadores expostos
a agentes agressivos, durante a sua vida laboral, não contrairá doença profissional. Portanto, do ponto de vista
prevencionista, não podem ser encarados com rigidez e sim como parâmetros para a avaliação e controle dos
ambientes de trabalho.
Voltando ao artigo 189 da CLT, observa-se que a insalubridade será caracterizada somente quando o
limite de tolerância for superado; isto é, a lei tratou a questão do direito ao adicional, deixando o aspecto
prevencionista a critério da regulamentação no MTE – conforme preceitua o artigo 190 da CLT – que
estabeleceu o quadro de atividades insalubres, as normas de caracterização da insalubridade, os limites de
tolerância e os meios de proteção.
A insalubridade por agentes biológicos é inerente à atividade, isto é, não há eliminação com medidas
aplicadas ao ambiente nem neutralização com o uso de EPI’s. A adoção de sistema de ventilação e o uso de
luvas, máscaras e outros equipamentos que evitem o contato com agentes biológicos podem apenas minimizar
o risco.

5.10 – EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL ÀS RADIAÇÕES NÃO-IONIZANTES

5.10.1 – Introdução

São radiações não-ionizantes as radiações eletromagnéticas cuja energia não é suficiente para ionizar
os átomos dos meios, nos quais incide ou atravessa. Entretanto, conforme a energia que possuem, podem
causar lesões sérias ao pessoal que trabalha ou é exposto a estas radiações.
Como exemplo podemos citar:
- Micro-ondas: ondas de rádio, radar, fornos eletrônicos, etc.
- Raios infravermelhos: luz solar, forjarias de ferro, fundições de vidro, etc.
- Raios ultravioletas: soldagem elétrica, aparelhos germicidas, etc.

Micro-ondas: São impulsos eletromagnéticos, originados num tubo oscilador de alta freqüência e são
emitidos ao espaço através de uma antena com freqüências que variam entre 1.000 e 30.000 MHz, nos casos
de instalações de radar, ou entre 10 e 100.000 MHz para a maioria das instalações de micro-ondas.
As micro-ondas possuem propriedades semelhantes à luz, isto é, podem ser refletidas, refratadas,
difratadas ou absorvidas. Estas propriedades permitem muita variedade de usos, entre os quais podemos citar:
- Militar: radares para detecção de aviões, submarinos, etc.
- Medicina: é absorvida através da pele e usadas para fazer aumentar a circulação do sangue e o ritmo
metabólico nos casos de osteoartrites, doenças inflamatórias, etc.
- Fornos de Micro-ondas: usado para cozimento rápido de comidas.

Raios Infravermelhos: A radiação infravermelha se produz como conseqüência da transmissão de energia


através do espaço, de um corpo quente a outro que se encontre a uma temperatura menor. Geralmente este
tipo de radiação é conhecido como calor radiante ou calor transmitido por radiação.
Quando a radiação infravermelha é absorvida, se produz no corpo aumento de temperatura, o que
constitui seu principal efeito. Também pode ser refletida, refratada ou difratada.
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Sua principal aplicação é no aquecimento dos ambientes frios, para o qual são usados inúmeros
aparelhos muito conhecidos. Também é utilizada, sem constituir um perigo, em fotografia para fins de
reconhecimento geológico ou militar. Nos últimos anos, têm-se aproveitado suas características para fazer
levantamento de zonas poluídas em lagoas ou mares.

Raios Ultravioletas: As fontes de radiação ultravioleta são principalmente artificiais. Porém o sol é uma
fonte importante, com uma proporção de 1 a 1,3% desta radiação.
As aplicações são múltiplas. Exemplos são a iluminação de diais fosforescentes, análise e síntese
industrial química, esterilização de alimentos, água e ar (lâmpadas germicidas), produção de vitaminas,
tratamentos médicos, etc.
Em outros casos, é produzida como ‘subproduto’, e geralmente são os mais perigosos. Soldagens,
especialmente soldagem a arco com gases inertes, operações com tubos eletrônicos, com cátodos de esponja
metálica, exploração foto elétrica, sopragem de vidro, operações com metais quentes (especialmente acima de
1.000ºC) etc, são exemplos de ocorrências muito comuns.

5.10.2 – Efeitos no Organismo Humano

Os efeitos sobre o organismo estão limitados à pele e aos olhos, devido ao fato que a radiação não
pode penetrar uma distância apreciável no corpo. Podemos mencionar a catarata, conhecida como “doença
dos sopradores de vidros”, e as queimaduras da pele.
No caso das micro-ondas, radiação com freqüência menor que 1.000 MHz pode ser a mais perigosa,
pois pode penetrar nos tecidos mais profundos, superaquecendo os órgãos antes que isto seja percebido pelo
cérebro. Geralmente as lesões não ocorrem de imediato, porém, a exposição crônica a níveis altos pode causar
danos sérios. Os efeitos crônicos da exposição à micro-ondas de baixa potência são: inibição do ritmo das
contrações do coração; hipertensão e baixa pressão no sangue; sistema nervoso central debilitado; diminui a
sensibilidade do sentido do olfato. No caso de pessoas que têm implantado partes metálicas em seu
organismo, deve-se tomar precauções médicas especiais.

5.10.3 – Medidas de Controle

Os métodos de engenharia para controle dos riscos incluem, principalmente, a absorção da energia que
pode escapar ao ambiente. Podem ser usadas telas de arame, vedações eletromagnéticas (de obstrução),
materiais absorvente (sólidos ou líquidos), além de dispositivos de bloqueio e de alarme. Outras medidas de
controle podem ser as seguintes:
- Periodicamente, deve-se revisar os sistemas de vedação, desligadores de segurança e condições dos
aparelhos em geral;
- O número de pessoas que podem ter acesso aos equipamentos ou às imediações, deve ser limitado ao
mínimo indispensável;
- Deve-se isolar a zona dos geradores de radiação com materiais absorventes, especialmente para evitar
que a radiação chegue a zonas adjacentes onde trabalhe pessoal que possa ser afetado;
- Não se deve permitir inspeções visuais detalhadas aos equipamentos geradores durante os períodos de
funcionamento destes;
- Quando for imperativo entrar num recinto onde exista um campo energético superior aos limites de
tolerância, deve-se obrigatoriamente usar vestimenta (de corpo inteiro), que permita reduzir a
densidade de potencia aos valores aceitos.
Para exposições permanentes ao sol, como é o caso dos trabalhadores agrícolas, recomenda-se cobrir,
geralmente mediante chapéus adequados, a parte posterior do pescoço, ombros e braços.
Nos casos em que a radiação pode ter uma alta energia, devem ser consideradas medidas adicionais
devido a possível produção de gases tóxicos (ventilação exaustora, por exemplo).
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5.11 – EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL ÀS RADIAÇÕES IONOZANTES

5.11.1 – Considerações Gerais

Qualquer radiação destrói os tecidos, isto é, constitui um perigo em potencial. Esse perigo pode advir
de uma exposição externa ou de uma exposição dos órgãos internos. Cabe ao responsável pela proteção
radiológica, avaliar os possíveis danos e por em prática os métodos de prevenção e controle desses perigos.
Para avaliar a extensão dos perigos aos quais o homem se expõe e, conseqüentemente, formular as
medidas de proteção, convém averiguar, antes de tudo, se existe um limite inferior de exposição à radiação
que não prejudique os organismos vivos.
Acredita-se que alguns dos danos somáticos sejam reversíveis, porém, os danos genéticos parecem
definitivamente cumulativos e irreversíveis. Por essa razão, a tendência atual é a de admitir que não existe
limiar mínimo de exposição que não cause dano e de procurar reduzir, de todos os modos possíveis, a
exposição do indivíduo e da população em geral à radiação.
Existem três princípios que devem ser aplicados para prevenir ou controlar a exposição pessoal às
radiações. São eles:
- Remover a fonte de radiação;
- Ter a fonte sob controle;
- Proteger aquele que trabalha com a fonte.
Esses princípios referem-se à proteção pessoal e justifica-los é muito fácil. O primeiro deles é óbvio,
muito embora nem sempre praticável. O segundo implica num estudo local, envolvendo trabalho, lugar e
aparelhagem, com a finalidade de evitar concentrações perigosas. O terceiro faz referência às medidas
necessárias para um levantamento periódico da exposição a que está sujeito quem com ela trabalha. É
evidente que a aplicação desses princípios para proteção radiológica em qualquer caso específico, só pode ser
realizada, após um exame completo das condições de trabalho, envolvendo a técnica, os meios e todos os
demais aspectos.

5.11.2 – Eliminação / Neutralização da Insalubridade

Para evitar a contaminação interna e externa podem ser adotadas as seguintes medidas:
- Uso de máscara para evitar a inalação de gases radioativos, luvas e roupas especiais, pois alguns
produtos podem ser absorvidos pela pele.
- Reduzir ao mínimo o tempo de permanência próxima à fonte.
- Usar blindagens adequadas para atenuar a radiação.
- Sinalizar e isolar as fontes.
No caso da radiação, no entanto, a neutralização com o uso de EPIs é muito difícil. Deve ser lembrado
que o empregado que receber dose de radiação acima do limite não poderá continuar naquela atividade, mas
deverá ser afastado, conforme as normas de proteção do CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear.
Desta maneira, o trabalhador exposto à radiação acima do limite não poderá receber adicional de
insalubridade para continuar trabalhando na mesma situação, pois estará colocando sua vida em risco.

5.12 – TRABALHO SOB PRESSÕES HIPERBÁRICAS

NR-15 – Anexo 6 – Este anexo estabelece as normas de trabalho sob pressão hiperbárica, ou seja,
trabalhos em ar comprimido e trabalhos submersos. São estabelecidas várias regras para os trabalhos sob
pressão e seu descumprimento será considerado risco grave e iminente para fins e efeitos previstos na NR-3
da Portaria n. 3.214. Deve-se salientar que, não obstante a empresa cumpra todos os itens constantes da
norma, a insalubridade será devida em grau máximo, portanto, inerente à atividade, não ocorrendo
neutralização ou eliminação. Aliás, o trabalho sob pressão hiperbárica deveria ser tratado em normas relativas
à Segurança do Trabalho, pois não se trata de agente de Higiene do Trabalho. O não-cumprimento das normas
31
estabelecidas expõe o empregado a risco de vida; para ele, segundo o autor, o devido adicional seria o de
periculosidade.

5.13 – VIBRAÇÕES

NR-15 – Anexo 8 – O anexo 8 teve nova redação dada pela Portaria n. 12/83, que passou a avaliação
das vibrações para o método quantitativo; anteriormente, o item 1 estabelecia que a caracterização da
insalubridade seria feita através de inspeção realizada no local de trabalho. Com a nova redação. O TEM
passou a exigir perícia, sendo os limites de tolerância para exposição a vibrações aqueles estabelecidos pela
ISSO 2631 e ISSO/DIS 5349.
A norma ISSO 2631 estabelece a metodologia e os limites de tolerância para as vibrações de corpo
inteiro, que ocorrem, por exemplo, em operações com tratares, enquanto a ISSO 5349 estabelece a
metodologia e limites de tolerância para vibrações transmitidas às mãos e braços, como ocorre, por exemplo,
em operações com esmerilhadoras manuais.
O anexo 8 estabelece que a insalubridade será caracterizada quando o trabalhador se expuser a
vibrações sem proteção adequada. Todavia, o tipo de proteção adequada não é nem sugerida pela norma. A
eliminação da insalubridade por exposição a vibrações pode ser conseguida com medidas aplicadas ao
ambiente, como por exemplo, o uso de materiais antivibratórios em máquinas e equipamentos. Quanto à
neutralização com o uso de EPIs, não temos conhecimento de nenhum equipamento adequado e eficiente para
tal fim, comercializado no Brasil. Portanto, a insalubridade, neste caso, poderá apenas ser eliminada.

6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

SALIBA, Tuffi M. – Insalubridade e Periculosidade – Aspectos Técnicos e Práticos – 5ª Edição Atualizada,


São Paulo – Editora LTr – 2000.

SAAD, Eduardo Gabriel, comp. Legislação de acidentes, segurança, higiene e medicina do trabalho –
Fundacentro – 1978.

Riscos Físicos – Fundacentro

Aspectos Práticos da Higiene Industrial e Avaliação dos Riscos Ocupacionais – SENAI – DR – MG – 1992.

AZEVEDO, Alberto V. – Avaliação e Controle do Ruído Industrial – Manuais CNI.

SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO – Manuais de Legislação Atlas – 46ª Edição, São Paulo –
Editora Atlas S.A. – 2000.

ROSA, Luiz Eurípedes F. – Higiene Industrial – UFG; SENAI.


32
NORMAS ISO – (International Organization for Standardization)

Origem - Da BS 5750, de 1979, originou-se em 1987 a ISO 9000, que define a Gestão da Qualidade. A BS
7750, de 1992, foi a base da ISO 14000, datada de 1995, que disciplina a Gestão Ambiental. Da BS 8800 de
1996, possivelmente, originar-se-á a ISO 18000, que terá por objetivo a prevenção de acidentes e doenças
ocupacionais, como parte integrante da cultura organizacional das empresas. Essa última fornece um
excelente guia de como implantar e manter adequada a Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho.
A BS 5750 levou 18 anos para transformar-se na ISO 9000; a BS 7750 apenas quatro anos para levar à
ISO 14000; quanto tempo demorará a BS 8800 para chegar à ISO 18000? Mesmo que ela venha ou não a ser
incorporada à ISO 14000 ou a transformar-se em uma nova ISO, constitui-se inegavelmente num modelo de
boa prática da SST. Através dela as organizações passarão a integrar os controles de qualidade, ambiental e da
Segurança e Saúde Ocupacional em sua gestão administrativa, projetando-os nas mais altas esferas de decisão.
Atender ao presente e gerar respostas setoriais e estanques passou a não ser suficiente; olhar para o futuro,
horizontalizar a análise e planejar corporativamente é o caminho natural. Finalmente é importante ressaltar a
grande responsabilidade do pessoal que integra a comunidade de Segurança na alteração do atual processo
pelo qual as empresas administram as ações de Saúde e Segurança no Trabalho. Precisamos insistir na
implantação de medidas profissionais preventivas e auxiliar as empresas a alcançar esse objetivo, implantando
na comunidade industrial a cultura de Segurança, finalidade maior da nossa atividade prevencionista.

A Série ISO 9000 - O sistema ISO 9000 contém um conjunto de normas referentes à administração da
qualidade numeradas de 9000 a 9004:

- ISO 9000 – Diretrizes para a gestão da qualidade. Conjunto de normas de 9000 a 9004:
 ISO 9001 – Modelo para garantia da qualidade em projetos, desenvolvimento,
produção, instalação e assistência técnica. Utilizada pelas empresas que necessitam
garantir todos os aspectos do ciclo de produção desde o projeto do produto até a
assistência técnica. É uma norma mais abrangente.
 ISO 9002 – Modelo para garantia da qualidade em produção e instalação.
Utilizada quando o projeto já existe e deve-se garantir os aspectos dos processos de
produção.
 ISO 9003 – Modelo para garantia de qualidade em inspeção e ensaios finais.
Utiliza-se quando se procura a capacitação em realizar inspeção e ensaios de materiais
ou de produtos.
 ISO 9004 – Gestão de qualidade e elementos do sistema de qualidade.

A Série ISO 14000 – A série ISO 14000 está relacionada com o Gerenciamento Ambiental nas empresas.
Esta norma abrange os seguintes aspectos:
- Respeito ao meio ambiente em relação a fornecedores, matérias-primas e insumos;
- Utilização dos produtos, até e após o uso;
- Nos processos, se leva em conta os subprodutos, resíduos, produtos fora de especificação e
emissões líquidas, atmosféricas e de energia.

O gerenciamento ambiental nas empresas deverá se realizar em três estágios: solução de problemas,
atendimento à legislação ambiental e gerenciamento de todos os riscos ambientais.

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