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PSICOLOGIA JURÍDICA

HISTÓRIA:

A relação entre a Psicologia, o Direito e as práticas judiciárias é muito antiga, porém


pouco conhecida no Brasil.
A Psicologia só viria aparecer no cenário das ciências que auxiliam a justiça em 1868,
com a publicação do livro Psychologie Naturelle, do médico francês Prosper Despine,
que apresenta estudos de casos dos grandes criminosos (somente delinqüentes
graves) daquela época. Despine passou então a ser considerado o fundador da
Psicologia Criminal – denominação dada naquela época às práticas psicológicas
voltadas para o estudo dos aspectos psicológicos do criminoso. (LEAL, 2008).
A partir do final do século XIX, a Psicologia Criminal começou a ser dona do seu próprio
destino. Suas investigações realizaram-se com mais frequência e como um maior rigor
metodológico. A Alemanha foi o país que mais se destacou.
Em outra versão, também ocorreu no final do século XIX com o nome de “psicologia do
testemunho”, que tinha como objetivo verificar, através de estudo experimental a
fidedignidade do relato do sujeito envolvido em processo jurídico e a compreensão
dos comportamentos que poderiam ser incriminatórios, com o auxílio da aplicação de
testes, dando ao juiz subsídios para a determinação da pena (ALTOÉ, 2001).
Desta maneira, o psicodiagnóstico servia para classificar e controlar os indivíduos. Os
psicólogos eram chamados para fornecerem um parecer técnico em que, através do
uso de técnicas de avaliação psicológica, emitiam um laudo informando à instituição
judiciária, um mapa subjetivo do sujeito diagnosticado (MIRANDA JR., 1998).
Um nome de destaque nesse período é o de Myra y Lopes, defensor da cientificidade
da psicologia, para a qual contribuiu muito com a criação de vários instrumentos de
avaliação. Escreveu o “Manual de Psicologia Jurídica (1945), que ao longo de seus
dezesseis capítulos procura discutir o papel da Psicologia no campo do Direito e
oferecer conhecimentos sobre o comportamento humano que auxiliem os juristas em
suas decisões (ALTOÉ, 2001).
A demanda para essas avaliações tinha um público bem definido: menores e loucos.
Isso provocou a facilidade para a segregação e exclusão dos mais vulneráveis, não
oferecendo as garantias de liberdade e os direitos fundamentais do indivíduo, pois, na
maioria dos casos, não era ofertado tratamento, mas internação em internatos,
reformatórios ou manicômios.
No Brasil, principalmente no eixo Rio - São Paulo – Belo Horizonte, na década de 80,
intensificou-se a discussão sobre a cidadania e os direitos humanos impulsionada pela
nova Constituição brasileira e, através da mídia, pode-se ter uma noção melhor do que
acontecia com os internos da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) por
ocasião do I Ano Internacional da Criança (1979), nos presídios e manicômios (ALTOÉ,
2001).
Outra situação na qual a participação do psicólogo foi fundamental foi no começo de
1980, no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Um grupo de psicólogos
voluntários orientava pessoas que lhes eram encaminhadas pelo Serviço Social, para
apoio a questões familiares, cujo objetivo era a reestruturação e manutenção da
criança no lar. Em 1985, o presidente do Tribunal de Justiça apresentou à Assembleia
Legislativa um projeto criando o cargo de psicólogo judiciário, consolidando o posto de
psicólogo no sistema judiciário (CESCA, 2004).

OBJETIVO:

A Psicologia Jurídica tem por objetivo o estudo dos comportamentos que ocorrem ou
que possam vir a ocorrer, nos casos em que se faz necessário um inter-relacionamento
entre o Direito e a Psicologia, destacando e analisando os aspectos psicológicos dos
envolvidos, como no caso de adoções, violência doméstica, novas maneiras de atuar
em instituições penitenciárias, etc. (VIANA, 2008).
O QUE PSICOLOGIA JURÍDICA?

Constitui uma nova área de prática dos psicólogos. Consiste na aplicação dos
conhecimentos psicológicos aos assuntos relacionados ao Direito, principalmente
quanto à saúde mental, estudos sócio-jurídicos dos crimes e quanto à personalidade
da pessoa e suas subjetividades (Wikipédia, 2012).
A Psicologia Jurídica, como ciência autônoma, produz conhecimento que se relaciona
com o conhecimento produzido pelo Direito, incorrendo numa interseção (VIANA,
2008).
A função do psicólogo jurídico consiste em interpretar a comunicação inconsciente que
ocorre na dinâmica familiar e pessoal, ocultas por trás das relações processuais. O
papel do psicólogo é o de facilitador da promoção da saúde e deve garantir os direitos
fundamentais do indivíduo, visando sempre sua saúde menta e a busca da cidadania
(CESCA, 2004). Seu trabalho tem sido também o de informar, apoiar, acompanhar e
dar orientação pertinente a cada caso atendido nos diversos âmbitos do sistema
judiciário (ALTOÉ, 2001).
O psicólogo jurídico deve estar apto para atuar no âmbito da Justiça considerando a
perspectiva psicológica dos fatos jurídicos; colaborar no planejamento e execução de
políticas de cidadania, Direitos Humanos e prevenção da violência; fornecer subsídios
ao processo judicial; além de contribuir para a formulação, revisão e interpretação das
leis (LEAL, 2008).

CAMPOS DE ATUAÇÃO

• Psicologia Forense: atua nos processos criminais, nas Varas Criminais e nas Varas
Especiais da Infância e da Juventude, utilizando métodos e procedimentos para avaliar
aspectos da personalidade e o grau de periculosidade de agentes de condutas
tipificadas por lei como criminosas.
• Psicologia Jurídica: atua nos processos civis, dentro (como peritos) ou fora (como
assistentes técnicos) da instituição judiciária, analisando a dinâmica familiar das
pessoas envolvidas nos litígios nas Varas da Família e da Infância.
• Psicologia Judiciária: especificação do psicólogo jurídico que atua eminentemente
dentro do sistema judiciário.
Segundo Leal (2008), a Psicologia Jurídica abrange as seguintes áreas de atuação:
 Psicologia Jurídica e as Questões da Infância e Juventude
 Psicologia Jurídica e o Direito de Psicologia Jurídica e Direito Civil
 Psicologia Jurídica do Trabalho
 Psicologia Jurídica e o Direito Penal
 Psicologia Judicial ou do Testemunho
 Psicologia Penitenciária ou Carcerária
 Psicologia Policial e das Forças
 Mediação
 Psicologia Jurídica e Direitos Humanos
 Proteção a Testemunhas
 Formação e Atendimento aos Juízes e Promotores
 Vitimologia
 Autópsia Psicológica

O PSICÓLOGO PERITO JUDICIAL

A perícia psicológica consiste em um exame que se caracteriza pela investigação e


análise dos fatos e pessoas, enfocando os aspectos emocionais e subjetivos das
relações entre as pessoas, estabelecendo uma correlação de causa e efeito das
circunstâncias, e buscando a motivação consciente e inconsciente para a dinâmica da
personalidade dos envolvidos (ex.: casal e filhos). Praticado por especialista na matéria
que lhe é submetida com o objetivo de elucidar determinados aspectos técnicos com a
utilização de conhecimento científico para explicar as causas de um fato.
A perícia deve apresentar de forma clara e lógica seus achados e conclusões. Precisa
ser apresentada através de um laudo técnico.
O Psicólogo pode atuar como Perito Judicial nas varas cíveis, criminais, justiça do
trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e
pericias a serem anexados aos processos (Conselho Federal de Psicologia, 1995).
Legitimação do Perito (quem pode exercer as atividades de perito):
• Os peritos serão escolhidos entre os profissionais de nível universitário devidamente
inscrito no órgão de classe competente.
• Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria que deverão opinar, mediante
certidão do órgão em que estiverem inscritos.
• Nas localidades em que não houver profissionais qualificados a indicação dos peritos
será de livre escolha do juiz.
• Ainda não há qualquer determinação no Conselho Regional e Federal de Psicologia
para que um psicólogo tenha formação específica para atuar como perito, porém a
formação específica na área forense irá trazer maior credibilidade ao relatório do
perito.
• Sempre que o perito for indicado pelo juiz terá, a princípio, a obrigatoriedade de
aceitar o compromisso, ou apresentar um “motivo legítimo”. (suspeição de
imparcialidade).

LAUDO PERICIAL

A transcrição e a redação do laudo serão tão explícitas quanto possível, considerando-


se que os processos das Varas da Família e das Sucessões e das Varas de Menores
correm em "segredo da Justiça". Não se poderá, contudo, esquecer que a perícia
psicológica será destinada a leitura leiga, ou seja, de juízes, curadores e advogados.
Para tanto o CFP (Conselho Federal de Psicologia) disponibiliza em seus arquivos,
modelos de laudos e outros documentos da área psi.
A redação do laudo, além de explícita e clara, não poderá deixar de ser também
assertiva, para que não ocorram distorções interpretativas pelos não versados no
assunto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALTOÉ, S. Atualidade da Psicologia Jurídica. Revista de Pesquisadores da Psicologia no
Brasil (UFRJ, UFMG, UFJF, UFF, UERJ, UNIRIO). Juiz de Fora, Ano 1, Nº 2, julho-
dezembro 2001

CESCA, T.B. O Papel do Psicólogo Jurídico na Violência Familiar: Possíveis


Articulações. In: Revista Psicologia & Sociedade; 16 (3): 41-46 – set/dez 2004. Belo
Horizonte.

C.F.P. (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA) – Resolução 008/2010.


www.pol.org.br/pol/cms/pol/legislacao acesso em 25/01/2012.

LEAL, L. M. Psicologia Jurídica: História, ramificações e áreas de atuação. In: Revista


Diversa. Parnaíba – Ano I, nº 2 pp 171-185. jul.dez./2008.
www.ufpi.br/subsiteFiles/.../rd-ed2ano1_artigo11_Liene_Leal.PDF Acesso em
25.01.2012

MIRANDA JUNIOR, H. C. Psicologia e justiça: A Psicologia e as Práticas Judiciárias na


Construção do Ideal de Justiça. Psicologia Ciência e Profissão Brasília, v. 18, n. 1, 1998.
Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98931998000100004&lng=pt&nrm=iso acesso em 25/01/2012.

VIANA, I. Psicologia Jurídica – Atuação. (2008)


Disponível em http://artigos.psicologado.com acesso em 25/01/2012.
www.wikipedia.com.br acesso em 25/01/2012.

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