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Iniciação à vida cristã

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vocação de catequista na Iniciação à Vida Cristã

' 20/08/2018 ( Ariél Philippi Machado ) Iniciação à vida


cristã

A vocação de catequista na Iniciação à


Vida Cristã
A+a-

A inspiração catecumenal restaurada pelo Concílio Vaticano II


retoma a ênfase na dimensão comunitária da fé. Na comunidade,
as pessoas eram acolhidas, ouvidas em suas necessidades e
acompanhadas durante o itinerário de sua formação na fé em
Cristo. “Eram assíduos em escutar o ensinamento dos apóstolos,
na solidariedade, na fração do pão e nas orações” (At 2,4). Assim, a
comunidade era entendida como a primeira catequista. 

Ao longo do tempo, por várias razões eclesiológicas e pastorais, a


comunidade (lugar dos membros iniciados nos sacramentos)
perdeu sua vocação genuína de lugar de educação da fé. O
aumento do número de batizados, a expansão do cristianismo nos
países vizinhos e a descoberta do Novo Mundo, fizeram a
comunidade cristã crescer em escala mundial. 

Durante a expansão da fé cristã, a Igreja reconhece a importância


significativa do catequista, enquanto pessoa que dá testemunho
do seguimento de Jesus Cristo e coloca-se à disposição para
acompanhar a caminhada de educação da fé dos membros da
comunidade, motivando para a adesão convicta à proposta do
Evangelho. 

Hoje, no contexto da Iniciação à Vida Cristã de inspiração


catecumenal, a educação da fé encontra-se diante de novos
desafios e pede posturas diferentes dos educadores da fé. Desta
forma, como identificar a vocação de catequista que responda à
urgência da ação evangelizadora? Como podemos crescer juntos
na educação da fé de adultos, jovens, adolescentes e crianças? 

A inspiração para nossas respostas pode partir da declaração do


papa Francisco, por ocasião do Ano da Fé, durante a Jornada dos
Catequistas, quando afirmou: “Quem é o catequista? É aquele que
guarda e alimenta a memória de Deus; guarda-a em si mesmo e
sabe despertá-la nos outros. É belo isto: fazer memória de Deus”. 

À luz da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, podemos


entender que a educação da fé na inspiração catecumenal dá-se
por meio de uma catequese querigmática e mistagógica. Eis aí
uma chave de leitura para compreendermos a vocação de
catequista no contexto da iniciação à vida cristã de inspiração
catecumenal. 

Catequista que faz memória de Deus. A fé é fruto de memória, de


recordações de fatos e vivências que ficaram marcadas pela
experiência com Deus. O Documento Catequese Renovada segue
explicando: “O catequista dedica-se de modo específico ao serviço
da Palavra, tornando-se porta-voz da experiência cristã de toda a
comunidade. O catequista é, de certo modo, o intérprete da Igreja
junto os catequizandos. Ele lê e ensina a ler os sinais da fé” (CR
145). 

Fazer memória e educar a fé é ajudar a identificar, na correria dos


tempos atuais, os lugares, os momentos e as iniciativas de Deus
que continuam a visitar cada pessoa, despertando-as para a
experiência de fé. 

Catequista que vive o querigma. O querigma é o anúncio do


Mistério Pascal, conteúdo central da fé: Jesus Cristo, filho de Deus,
viveu entre os homens e mulheres de seu tempo, padeceu, morreu
e ressuscitou (cf. At 10,37-43). 

Ser catequista tendo o querigma como conteúdo central da fé


significa: anunciar o amor livre e salvífico de Deus; acolher a
pessoa e sua liberdade de escolha pela fé; propor a vida e a
mensagem do Evangelho antes de qualquer pregação doutrinal ou
obrigação moral; abrir-se à proximidade e ao diálogo; e
compreender-se como instrumento da paciência de Deus que não
condena, mas quer a misericórdia (cf. EG 165). 

Catequista mistagogo. A inspiração catecumenal depende em


qualidade da experiência mistagógica. Isto é, da experiência com o
mistério divino, com aquele amor que se antecipa, que acolhe a
humanidade em todas as fragilidades. O catequista mistagogo
compreende que cada pessoa cresce progressivamente na
experiência divina e valoriza os sinais e símbolos litúrgicos da
iniciação cristã (cf. EG 166). 

A vocação de catequista mistagogo não se aprende em livros,


cursos e teorias. O catequista mistagogo deixa-se configurar pelo
Mistério Pascal e faz da própria vida um percurso de experiência e
testemunho deste mistério. Ou seja, a vida cotidiana é o lugar de
manifestação da fé, onde é possível contemplar o mistério divino e
transformar as realidades para que este mesmo mistério seja
vivido por seus interlocutores. 

Como mencionamos acima, a Igreja é rica em sua história, em


suas iniciativas e em suas metodologias eclesiais, conforme a
necessidade de cada época. O contexto atual, derivado da
renovação conciliar, exige dos formadores de catequistas e das
pessoas que estão no exercício das coordenações uma postura de
curiosidade e coragem. Curiosidade para aprender, para deixar-se
envolver pelo novo, pela mística catecumenal. E coragem para
inovar, para ressignificar as estruturas e os métodos. 

Para contribuir com a formação de catequistas nesta primavera da


inspiração catecumenal, dispomos de diversas produções
literárias, dos conceitos e orientações da Doutrina e da interação
entre Liturgia e Catequese. Além disso, a formação de catequistas
depende em muito do apoio e da integração das lideranças e
agentes de pastoral de nossas comunidades. 

Concluindo, algumas exigências podem ser apontadas para a


animação da vocação de catequista no contexto da inspiração
catecumenal. A primeira delas é dar lugar à alegria que brota do
Evangelho. Alegrar-se com a presença de Deus que nos visita em
Jesus de Nazaré. Isto significa: centralidade da Palavra de Deus na
catequese. Em segundo lugar, a exigência dos pequenos grupos,
onde a sensibilidade e o afeto dão novo sabor à liturgia (momento
de fazer memória em comunidade). E ainda, a exigência da
martyria, que significa a prática da caridade, dedicando a vida aos
menos favorecidos, às pessoas com menos oportunidades e às
realidades que precisam da novidade da ressurreição. É a vivência
da caridade que deixa as marcas da fé confessada. 

Somos catequistas do novo dia, da vida nova! 

Ariél Philippi Machado

Teólogo e Especialista em Catequese – Iniciação à Vida Cristã

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