Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/228963031
Article
CITATIONS READS
5 89
3 authors, including:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
The National Urban Mobility Policy and its use in processes of local policies, mobility plans and management for Urban Transport in Brazil. View project
All content following this page was uploaded by Francisco Giusepe Donato Martins on 25 June 2014.
Enilson Santos
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal (RN), Brazil
enilson@interjato.com.br
Francisco Giusepe Donato Martins
Tribunal de Contas da União, Brasília (DF), Brazil
franciscogd@tcu.gov.br
RESUMO
Neste artigo, os autores se propõem a abordar a indústria de ônibus interestaduais no Brasil do ponto de vista da
estruturação de sua oferta. Consiste de uma exploração de bases de dados oficiais sobre os serviços prestados sob
a égide do conceito de serviço público, o que se traduz no arcabouço legislativo nacional em uma presença
formalmente intensa do setor público federal regulador enquanto organismo de tutela. A provisão dos serviços é
totalmente feita por empresas, sob permissão da ANTT – Agência Nacional de Transporte Terrestre, órgão
criado em 2001, no bojo da reforma do estado brasileiro. Os dados disponíveis oficialmente foram trabalhados
por tipo de serviço e por mercado – intra-regional e inter-regional, procurando verificar em que medida a
concentração observada no conjunto nacional da indústria se rebate territorialmente e se propicia o aumento da
ocupação média dos ônibus. As conclusões apontam para o fato de que as variações entre esses mercados no que
tange ao grau de concentração (medido pelo CR4, CR8 e IHH) são significativas e guardam relação com a
importância da demanda efetiva, medida na produção de passageiros-quilômetros anuais em cada um deles, e, no
âmbito das empresas que mantêm vínculos de interdependência econômica entre si, com o índice de ocupação
dos ônibus, correspondente à razão entre a quantidade de passageiros transportados e o número de assentos
ofertados.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados apontam claramente que a estrutura da indústria brasileira de transporte
rodoviário interestadual de passageiros é acentuadamente concentrada, inclusive com a
formação de grupos econômicos, o que demonstra a superação já vigente de uma mera
concentração no plano das empresas operadoras. A participação em grupos societários, além
de aumentar o nível de concentração, permitiu que 17 empresas superassem o índice de
ocupação de 68% adotado como referência pela ANTT e propiciou o aumento da ocupação
dos ônibus para 21 empresas de um total de 46 que mantiveram vínculos de interdependência
econômica em 2003.
O rebatimento geográfico desses níveis de concentração demonstrou que há significativas
variações nos índices de concentração, embora revelando uma tendência de maior
concentração nos mercados menos atrativos economicamente. Da mesma forma, há
concentração mais significativa nos segmentos de menor itinerário da produção, em especial o
serviço convencional com banheiro prestado nos mercados intra-regionais do Sudeste e do Sul
e o serviço semi-urbano ofertado no mercado intra-regional do Centro-Oeste.
No que tange à regulamentação, as modificações e alterações operacionais dos serviços,
especificamente, a implantação de seções e de serviço diferenciado atende o interesse das
empresas em expandir sua área de atuação e aumentar sua produção, o que favorece o
aumento dos níveis de concentração, principalmente para as empresas que exploram mercados
onde se registra crescimento da população e da renda per capita. Além disso, destaca-se o
estabelecimento de uma tarifa quilométrica uniforme para os serviços públicos convencional
com banheiro e semi-urbano, na medida em que torna ainda mais atraentes os mercados de
menor itinerário.
Percebe-se, também, que a manutenção de níveis uniformes de exigência quanto à
constituição empresarial ao longo de todo o território nacional induz uma baixa oferta de
serviços entre estados de regiões mais pobres do país, o que contrasta com a necessidade de
uma regulação socialmente dinamizadora e includente em prol dos usuários.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Banco Mundial. (1999) Impact and Benefits of Deregulation. Disponível em www.worldbank.org. Acesso em
25/6/2004.
Brasil. (1998) Decreto 2.521, de 20 de março de 1998. Dispõe sobre a exploração, mediante permissão e
autorização, de serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional coletivo de passageiros e
dá outras providências. Brasília. Disponível em www.senado.gov.br. Acesso em 2/5/2006.
______. (2001) Lei 10.233, de 5 de junho de 2001. Dispõe sobre a reestruturação dos transportes aquaviário e
terrestre, cria o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte, a Agência Nacional de
Transportes Terrestres, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários e o Departamento Nacional de
Infra-Estrutura de Transportes, e dá outras providências. Brasília. Disponível em: www.senado.gov.br.
Acesso em 2/5/2006.
Hoffmann, R. (2002). Estatística para Economistas. 3ª ed., São Paulo: Pioneira Thomson Learning.
Kon, A. (1999) Economia Industrial. São Paulo: Nobel.
Martins, F.G. (2004) Transporte Rodoviário Interestadual e Internacional de Passageiros: regulação e
concentração econômica. 160 f. Monografia (Especialização em Controle da Regulação de Serviços
Públicos Concedidos) - Tribunal de Contas da União, Instituto Serzedello Corrêa, Brasília.
Martins, F.G., Rocha, C.H. e Barros, A.P. (2004) Concentração na indústria de transporte rodoviário
interestadual e internacional de passageiros. Anais do XVIII Congresso da ANPET, vol. II, p. 1373-
1384, Florianópolis
Martins, F.G., Silva, F.G., Yamashita, Y., Carneiro, L.G. e Gonzáles-Taco, P.W. (2005) Diagnóstico Espacial da
Oferta de Serviços Regulares de Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros. Anais do XIX
Congresso da ANPET, vol. I, p. 68-82, Recife.
Müller, A. (2003) Regulatory Reform in Intercity Bus Transportation: impacts and issues. Argentina: Buenos
Aires University.
Orrico Filho, R. e Santos, E. (1996) Transporte Coletivo Urbano por ônibus: regulamentação e competição. In:
Orrico Filho, R. et al. Ônibus Urbano: regulamentação e mercados. Brasília: LGE.
Resende, M.; Boff, H. (2002) Concentração Industrial. In: Kupfer, D.; Hasenclever, L. Economia Industrial:
fundamentos teóricos e práticos no Brasil. Rio de Janeiro: Campus.
Rocha, C.H., Martins, F.G. e Machado, T. (2005) Brazilian Interstate Passenger Transportation Industry:
concentration and returns. CD-ROM do Tredbo 9, Lisboa, Portugal.
Santos, E. (2000) Concentração em Mercados de Ônibus no Brasil: uma análise do papel da regulamentação.
2000. 210 f. Dissertação (Doutorado em Engenharia de Transportes) - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE, Rio de Janeiro.
TCU. (2005) Tribunal de Contas da União. Interstate and International Highway Passenger Transportation in
Brazil. Brasília; TCU, Secretaria de Fiscalização de Desestatização.
McCarthy, P. (2001) Transportation Economics. Blackwell, Massachusetts.
Williams, G. (2002) Airline competition: deregulation’s mixed legacy. Ashgate, Brookfield.
White, P. Deregulation of local buses services in Great Britain: an introductory review. In: Transport Reviews,
vol.15, n. 2, p. 185-209.
White, P. What conclusions can be drawn about bus deregulation in Britain?. In: Transport Reviews, vol. 17, n.
1, p. 1-16.
Wright, C. (1992) Transporte Rodoviário de Ônibus. Brasília: Ipea.
Gonene, R.; Nicoletti, G. (2000) Regulation, market structure and performance in air passenger transportation.
OCDE. Economic Department Working Paper n. 254.