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NATAL – RN
2018
JARDES MARTINS ALVES
NATAL/RN 2018
__________________________________________________________
Profa. Dra. Juliana M. Hidalgo – Orientadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
__________________________________________________________
Prof. Dr. Ciclamio Leite Barreto – Examinador Interno
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
__________________________________________________________
Profa. Dra. Carolina Gual da Silva – Examinador Externo
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
In the last decades, there has been a consolidation of the defense of the didactic
insertion of History and Philosophy of Science. Following this trend, textbooks have
included in their scope some historical elements related to scientific content. Despite
the intention to meet the demands of educational legislation in terms of historical
contextualization, the lack of criteria and attention to the historiography of science
ends up giving way to an inadequate insertion of historical-philosophical elements.
These misconceptions translate, for example, into the formation of simplistic views
about science. In this sense, the analysis of the content related to Torricelli's
experiment in textbooks revealed several flaws and distortions. Based on the
inadequacies observed, and on the other hand, based on reliable historiographic
texts, three historical-philosophical narratives were developed for use in Basic
Education. These narratives, which focus on the historical development of the
concept of atmospheric pressure and, in particular, the Torricelli experiment, are part
of a didactic sequence elaborated in order to collaborate with the teaching of the
mentioned scientific subjects. The educational product was applied in regular high
school classes in Natal public school, where it was satisfactory in relation to the
desired teaching objectives.
RESUMO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .iv
ABSTRACT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v
REFERÊNCIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .113
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1
A História da Ciência do tipo hagiográfica faz apologia às virtudes heroicas e grandes realizações dos
pesquisadores, retratando-os como “santos” (de onde provém o termo “hagiografia”, ou história dos
santos). A história anacrônica descreve os fatos do passado com base no que atualmente é aceito. A
história Pedigree busca precursores da ciência. Os historiadores da ciência das décadas iniciais do século
XX costumavam escrever de acordo com as referidas perspectivas (ALFONSO-GOLDFARB, 1994).
13
2
Esses parâmetros são aprofundados ao longo do Capítulo 3, que traz especificamente uma visão crítica
sobre a forma como o experimento Torricelli é apresentado em livros didáticos, bem como no decorrer
do Capítulo 4, que apresenta de modo fundamentado o produto educacional.
16
CAPÍTULO 2
2. 1 Eleatas e atomistas
O surgimento do conceito de pressão atmosférica se interliga a um
debate de longa data sobre a existência do vazio. Na Antiguidade, filósofos
discutiam sobre esse tema. Argumentos em defesa e contra a existência do
vazio eram utilizados. Platão foi um dos envolvidos nesse debate:
Nada dele é vazio. Pois aquilo que é vazio é nada. Ora, aquilo
que nada é não poderia existir. E ele não se move. Pois não
pode ceder em nenhum ponto, já que é cheio. Pois se existisse
um vazio, ele cederia no vazio; mas como o vazio não é uma
coisa que exista, ele não tem onde ceder. (Melissos, fragmento
19
3
A diferença de peso entre corpos que ocupavam o mesmo espaço era explicada com base na
quantidade de vazio em cada um daqueles corpos. Corpos de densidades diferentes possuíam
quantidades diferentes de vazio.
23
De acordo com Marsilius, uma vez que a natureza não permitia espaços
vazios, então a condensação não iria ocorrer. Francisco de Toledo, por sua
vez, discordava. Ele afirmava que o espaço deixado pela condensação não
ficaria vazio, mas sim ocupado por vapores “sutis” (MARTINS,1989, p.21).
Para explicar o ocorrido, Galileu fez uma analogia. Ao puxar a água por
um sifão, na opinião de Galileu, a coluna de água se comportava como uma
corda ao ser erguida. Se muito longa, a corda de rompia. Da mesma forma, a
coluna de água, se “quebrava”, não subindo mais. A altura limite relatada por
Galileu era de cerca de doze metros. Galileu propôs, assim, uma ação limitada
do vácuo. A altura da coluna de líquido que o “puxão” do vazio era capaz de
erguer dependia da densidade desse líquido.
27
ação limitada do vácuo na obra “Duas novas Ciências”, em 1638. Nas palavras
do personagem Salviati temos: “Isto é precisamente o que ocorre; esta
elevação fixa de dezoito cúbitos é verdadeira para qualquer quantidade de
água, seja a bomba grande ou pequena, ou mesmo tão fina quanto uma palha
[...].” (GALlLEO, apud MARTINS, 1989, p.33). Na mesma obra, Galileu cita um
experimento para defender o efeito do horror ao vácuo:
2. 5 O experimento de Torricelli
Para lidar com estes contratempos, Torricelli substituiu por mercúrio a água.
Isso possibilitou a utilização de tubos com apenas 1 metro de comprimento, os quais
podiam se fabricados com vidro, permitindo, então, a visualização do experimento. A
ideia de utilizar mercúrio no lugar de água não foi necessariamente de Torricelli. A
sugestão pode ter sido de Viviani ou próprio Galileu (MARTINS, 1989).
CAPÍTULO 3
4
Os resultados apresentados nesse capítulo fazem parte de artigo do qual o mestrando é
um dos autores: HIDALGO, J. M.; ALVES, J. M.; SOUZA, F. A.; QUEIROZ, D. M. Queiroz “A
história da ciência (distorcida ou ausente) em livros didáticos: o conteúdo sobre o
‘experimento de Torricelli’ como estudo de caso”. ALEXANDRIA: Revista de Educação em
Ciência e Tecnologia, v. 11, n. 1, p. 101-124, maio. 2018.
5
Para as análises foi utilizada uma amostra de livros do Ensino Médio, usualmente
disponíveis no mercado editorial. Não houve a pretensão de contemplar todos os livros
aprovados em editais do PNLD.
6
A referência a tais inadequações não significa adotar a perspectiva de que existe “a real
história da ciência” a ser confrontada com “a história fictícia dos livros didáticos”. Não se
assume aqui uma visão “objetivista” da realidade histórica.
34
7
O mesmo texto aparece em edição anterior da obra, de 2005.
35
8
Livros didáticos costumam mencionar a subida do líquido no canudo, mas apenas a
explicação atual é apresentada: “A pressão atmosférica atua na superfície do líquido,
fazendo-o subir” (MÁXIMO; ALVARENGA, 2011, p. 241); “[...] devemos sugar o ar que
existe no canudo. Feito isso, a ação da pressão atmosférica sobre a superfície líquida atua
empurrando o líquido” (SANT’ANNA et al., 2010, p. 321; esse trecho se assemelha ao
contido na edição de 2013 da mesma obra); “Então, você não chupa o refresco, como
muitas pessoas pensam. É a pressão atmosférica que o empurra para sua boca” (MÁXIMO;
ALVARENGA, 2003, p. 93); “O que fazemos é aumentar levemente o volume de nosso tórax
[...] a pressão atmosférica torna-se maior que a pressão do ar dentro dos pulmões e o
líquido é empurrado para cima no canudinho” (SAMPAIO; CALÇADA, 2008, p. 199). O
exemplar mais antigo analisado nessa pesquisa traz, além do canudo, o funcionamento de
uma seringa como “Aplicações da experiência de Torricelli” (PARANÁ, 1999, p. 403).
37
10,3m, e não mais que isso. Durante muito tempo esse fato ficou
sem explicação. No século XVII, Torricelli resolveu o problema
através da seguinte experiência [...]. (PARANÁ, 1999, p. 402-403;
grifo nosso)
[...] estamos no fundo de sua imensidão [do ar] e não sentimos nem
seu peso nem sua compressão que há por todos os lados [...]. Esse
peso é muito grande, mas não infinito – e, portanto, determinado.
Com força proporcional a ele, seria possível superá-lo e assim
causar o vácuo. (BALIANI apud MARTINS, 1989a, p. 28)
9
Os comentários citados nessa análise se aplicam também à edição de 2010 da mesma
obra.
39
A forma como o livro se expressa sobre a proposta de Galileu (“um limite para
a compreensão da existência o vácuo”) é obscura. Mesmo os trabalhos acadêmicos
de historiadores da ciência são mais acessíveis em suas explicações: “Galileu
admitia a existência de uma certa resistência à formação do vácuo; mas supunha
que essa resistência era finita, mensurável; e que, portanto, o vazio podia ser
formado por uma força finita” (MARTINS, 1989a, p. 32). Também trabalhos
acadêmicos caracterizados como subsídios para o ensino de Física trazem
referências mais adequadas ao episódio histórico (LONGHINI; NARDI, 2002, p. 66).
Nas seções seguintes analisaremos mais detalhadamente, do ponto de vista
histórico, outras informações encontradas11.
10
Os comentários citados nessa análise se aplicam também à edição de 2010 da mesma
obra.
11
Do ponto de vista historiográfico outros pontos poderiam ser mencionados sobre os
trechos transcritos nessa seção. De forma anacrônica, os pesquisadores são ditos “italianos”
em época na qual a Itália não existia como país, isto é, não era unificada. De forma análoga,
é inadequado escrever: “O físico alemão Otto von Guericke foi um árduo defensor da
existência do vácuo” (KAZUHITO; FUKE, 2013, p. 304; grifo nosso). Apontar esses casos de
anacronismo não se reduz a um mero preciosismo histórico. Salvo melhor juízo, considera-
se aqui o relacionamento coerente entre as disciplinas escolares. O estudante do Ensino
Médio estuda os processos de unificação da Itália e da Alemanha ocorridos no século XIX.
40
12
Em imagem apresentada na edição de 2012 de obra dos mesmos autores, registra-se o
termo “vazio Torricelliano” em referência ao alto do tubo invertido (NICOLAU et al., 2012, p.
243).
41
13
Alguns exemplares comentam sobre a possibilidade de realizar com água o experimento
de Torricelli, mas não citam que isso foi de fato realizado e o antecedeu: “Se a experiência
de Torricelli for realizada com água (ao nível do mar), a altura da coluna líquida será de
10,3m” (MÁXIMO; ALVARENGA, 2011, p. 240); “Caso reproduzíssemos o experimento
utilizando água em vez de mercúrio, a coluna no tubo teria altura 13,6 vezes maior [...]”
(SANT’ANNA et al., 2010, p. 324); “Se o mercúrio usado na experiência de Torricelli for
substituído por água [...]” (KANTOR et al., 2010, p. 238).
44
Muitos disseram que o vazio não existe, outros que de fato existe
apesar da repugnância da natureza e com dificuldade; eu não
conheço alguém que tenha dito que exista sem dificuldade e sem
uma resistência da natureza. Aceito a existência do vácuo, mas ele
ocorre com alguma resistência na natureza (TORRICELLI, Carta a
Ricci apud MAGIE, 1969, p.71).
14
No manual do professor (KAZUHITO; FUKE, 2013, p. 445-446) há o seguinte destaque:
“Atividade sugerida: o experimento de Torricelli”. O objetivo da atividade seria fazer “uso de
experimentos para auxiliar na compreensão do problema enfrentado por Torricelli, que
originou o barômetro. Para isso, os experimentos visam auxiliar na relação entre a diferença
de pressão e altura da coluna do líquido e mostrar de que modo a densidade também
influencia essa altura”. No item preparação e aplicação sugere-se a leitura do texto “A Física
na História” para discutir com os alunos “sobre o que eles entenderam da leitura” e
“estabelecer o paralelo entre a altura da coluna de mercúrio e água e as respectivas
densidades”. As indicações aos professores são vagas, não direcionando para a construção
do conhecimento. O texto histórico, em si, é pouco claro, possivelmente mesmo para o
professor. Não há indicação de fontes consultadas. Os experimentos propostos seriam, por
exemplo: 1) tomar suco com canudo maior ou menor, notando qual seria mais fácil; 2)
50
assoprar o canudo em lata contendo água e depois álcool. As indicações ao professor não
colaboram para uma problematização. Pelo contrário, sintetizam respostas únicas: “Foi mais
difícil assoprar com água ou com álcool? Justifique. Resposta possível: com a água, porque
ela possui densidade maior”.
15
Poucos exemplares citam a experiência de Magdeburg: a separação de hemisférios de
uma esfera oca necessitou de 16 cavalos (SANT’ANNA et al., 2010, p. 312; MÁXIMO;
ALVARENGA, 2003, p. 93; MÁXIMO; ALVARENGA, 2011, p. 241). Não costumam indicar
seu papel na discussão sobre o vazio.
51
16
O trecho aparece em volume único dos mesmos autores (MÁXIMO; ALVARENGA, 2003,
p. 94).
52
será possível ver que aqueles que negavam o vazio não eram tolos
ou loucos. (MARTINS, 1989a, p. 9).
54
CAPÍTULO 4
Observem o frasco e verifiquem o lacre na tampa superior. Como funciona esse tipo
de embalagem? Para que serve o lacre na tampa do produto?
Há uma orientação ao consumidor sobre como realizar a abertura da tampa? Que
orientação é essa?
Tentem abrir a embalagem sem retirar o lacre. Vocês conseguem? Por quê? Por que
a embalagem não abre se o lacre não é removido?
Retirem o lacre. O que vocês notam? Algum ruído? O que isso significa? Alguma
modificação na tampa?
Tentem agora abrir a embalagem após a retirada do lacre. Qual a diferença em
relação a quando tampa estava com lacre? Por que é necessário retirá-lo para
abrirmos a embalagem?
Será que inicialmente o lacre estava colado?
Existe alguma relação entre a parte interna e a parte externa do pote que poderia
explicar a fixação inicial do lacre? Tentem explicar como o pote é fechado, para que
serve o lacre e como ele fica preso à tampa.
Figura 4: Representação do vídeo “Máquina de embalar e selar produtos alimentares a vácuo”. Fonte:
Imagem obtida pelo autor por captura de tela.
o mercúrio, ao passo que o experimento de Berti, anterior àquele, utiliza água. Esses
dois experimentos são tratados nas narrativas históricas propostas para utilização
em etapa posterior da sequência didática.
Encham totalmente o bebedouro com água, encaixem a peça inferior de plástico e coloquem o
bebedouro na posição em que costuma ser utilizado em viveiros.
O que vocês observam a respeito da água no interior do bebedouro? Ela escoa
totalmente? Permanece água dentro do bebedouro?
O que ocorre? Por que isso ocorre? Tente explicar o que ocorre no bebedouro.
E se usássemos um bebedouro mais longo e inicialmente cheio de água... o que
ocorreria?
Se pudéssemos construir um tubo ainda mais longo ... há um limite para o
comprimento da coluna de água que pode ser sustentada?
E se outro líquido bem mais pesado que a água fosse usado?
passarinho bebe a água segura o líquido do tubo ou, ainda, o líquido não transborda
por causa do vazio no topo do bebedouro (FONSECA, 2017, p. 174 e p.177). Essa
última explicação guarda semelhança com o “puxão do vazio”, concepção histórica a
ser tratada em narrativa histórica proposta para essa sequência didática (ver
APÊNDICE 1).
Considerando, portanto, que o estudante pode formular explicações baseadas
em concepções alternativas para fenômenos como a sustentação da coluna de
líquido no bebedouro de passarinho, é interessante que essas sejam trazidas à tona
anteriormente ao contato com o experimento de Torricelli. E, por outro lado, caso o
estudante apresente explicações para o funcionamento do bebedouro que se
aproximem da visão científica atual, a problematização sugerida permite que essas
venham à tona de modo que nas próximas etapas possam ser relacionadas ao
experimento de Torricelli.
Em seguida aos questionamentos sobre a situação do bebedouro em si, a
mediação passa a extrapolar a situação observada inicialmente. Sugere-se cogitar a
possibilidade de utilização de outro líquido, ou ainda, solicita-se refletir sobre a
existência de um limite de comprimento para a coluna de água sustentada.
Esses momentos de extrapolação da situação inicial observada remontam à
própria construção histórica do experimento de Torricelli. Esses questionamentos
remetem a episódios históricos relacionados às pesquisas de personagens como
Gasparo Berti, Galileu e Evangelista Torricelli, que serão contempladas nas
narrativas históricas propostas para essa sequência didática. Em conjunto, as
reflexões sugeridas para essa quarta situação se relacionam, em essência, a tentar
explicar porque uma coluna, seja de água ou de outro líquido, é sustentada.
Partes Objetivo
Parte 1: Vídeo - Experimento de Torricelli Iniciar o contato com o experimento de
Torricelli e preparar o aluno para o trabalho
com o contexto histórico desse experimento,
retomar elementos da primeira etapa
Parte 2: Utilização de narrativas histórico- Problematizar o experimento de Torricelli no
filosóficas que diz respeito ao contexto histórico.
Contextualizar o experimento. Organizar
conhecimentos sobre a pressão atmosférica e
o experimento de Torricelli à luz da
contextualização histórica. Utilizar os
episódios históricos visando à aproximação
de visões mais sofisticadas da ciência.
Haverá entre os alunos de cada grupo uma discussão sobre estas questões,
sendo possível que se tenha uma eventual multiplicidade de respostas. Aqui é
esperado que os alunos reflitam sobre possíveis relações entre o fenômeno
observado no vídeo e as situações cotidianas (abertura das embalagens a vácuo e a
sustentação da coluna de água no bebedouro de passarinho) discutidas na etapa
anterior sem que considerações científicas formais sobre o experimento sejam
simplesmente fornecidas pelo professor.
O conteúdo do vídeo apresenta o experimento de Torricelli simplesmente
como uma medida da pressão atmosférica. Caso os estudantes já tenham tido
contato em sala de aula com esse experimento (e se lembrem do que estudaram),
possivelmente irão ensaiar em resposta a alguns questionamentos uma descrição
nos mesmos moldes do vídeo, já que essa visão é reforçada pelos livros didáticos.
Essa descrição simplista será, posteriormente, objeto de questionamento de uma
das narrativas históricas propostas para a sequência didática.
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TEXTO 1 – Introduz a temática do conjunto de textos. Traz trechos de livros didáticos que
comentam sobre o experimento de Torricelli. Problematiza-os, evidenciando lacunas nessas
descrições. Estimula a imaginação dos estudantes em relação a elementos ausentes nas
descrições e gera dúvidas. Abre caminho para os dois textos seguintes.
elaborar duas explicações para o que ocorre, cada uma aplicando um ponto de vista:
a visão de Beeckman sobre a pressão atmosférica e a concepção do horror ao
vácuo.
Pretende-se que, no trabalho em sala de aula com os textos, Física e História
se relacionem intrinsecamente, de modo que o ensino do experimento de Torricelli
se beneficie dessa interligação. Parte-se do princípio de que a História e a Filosofia
da Ciência contribuem para “uma compreensão melhor dos conceitos científicos por
traçar seu desenvolvimento e aperfeiçoamento” (MATTHEWS, 1995, p. 172) e que
“a compreensão dos conhecimentos físicos está intrinsicamente relacionada ao
entendimento dos problemas a que tais conhecimentos buscaram responder”
(MATTHEWS, 1994, p. 50).
Com um prego aquecido fizemos pequenos furos no fundo de uma garrafa plástica.
Em seguida, colocamos a garrafa de pé em uma bacia com água. Enchemos a garrafa
com água e a fechamos com sua tampa. Suspendemos a garrafa sobre a bacia,
segurando-a até que deixar de pingar. Mesmo com os furos no fundo da garrafa, a
água não escorre do interior da garrafa. Como poderíamos explicar que a água não
escorra de dentro de uma garrafa furada no fundo?
CAPÍTULO 5
Uma das salas de informática da escola foi reservada para a aplicação. Nela
estavam organizadas oito mesas com seis cadeiras cada, a fim de receber os oito
grupos de cinco integrantes. No entanto, devido a alguns contratempos com a
coordenação da escola e à falha quase generalizada dos aparelhos de ar-
condicionado da escola, utilizaram-se diferentes salas de aula no decorrer da
aplicação.
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No quadro os alunos escreveram: “Grupo 1: O ruído foi feito pela entrada de ar na
embalagem; A embalagem a vácuo é feia através da remoção do ar da embalagem. Grupo
2: Que quando abrimos o pacote o ar entrou e o conteudo do pacote ficou mole; Sim, o ar
entrando pelo furo; Quando não tem ar dentro do pacote. Grupo 3: A embalage a vacuo do
café garante a conservação do aroma e do sabor, mantendo a qualidade do produto. Grupo
4: Sim, ouvimos o ruido e aparentemente o café ficou “mole”, perdeu seu aspecto “tijolo”;
Tinha todo ar dentro do café fazendo pressão, fazendo a embalagem ficar dura, e ao
perfurar o pacote. Grupo 5: Houvi o ruído significando que saiu ar da embalagem, com o ar
o café estava comprimido e qundo houve a liberação do ar o café se espalhou. Grupo 6: Há
ruído, o pacote não está mais sobre pressão, gerada pelo vácuo, já o ar pode entrar na
embalagem. Grupo 7: É uma embalagem que não há presença de ar dentro por isso quando
se abre há o ruído da entrada do ar, e por isso o pacote de café ficou mais mole. Grupo 8:
Houve um ruído que significou que o ar tava entrando na embalagem. A vácuo significa que
todo o ar da embalagem e removido. Ao abrir o café o ar entrou.”.
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tempo disponível para essa aula foi exato para a aplicação da situação prevista na
primeira situação da primeira etapa. Com a exposição das respostas dos grupos,
esse momento da intervenção foi finalizado.
Alguns grupos utilizaram força bruta. Outros tentaram ensaiar alguma técnica.
Depois de algum tempo e de muita dificuldade, cinco grupos conseguiram abrir os
potes. Quando o último grupo finalmente abriu o pote houve uma salva de palmas.
Nas discussões, todos testemunharam que a remoção do lacre teria sido mais fácil,
já que houve grande dificuldade para abrir a embalagem.
19
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=GaZ55haKwME>.
80
Em geral, até então os alunos haviam respondido com mais facilidade ao que
era proposto. Sempre formulavam alguma explicação para qualquer problema
aparente. Não demonstravam dificuldades ou dúvidas. No entanto, a exibição do
vídeo trouxe informações que os fizeram lembrar as respostas às situações
precedentes e, às vezes, desafiá-las.
20
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=BSo9fSTJcEE>: acesso em 12 de
janeiro de 2018.
83
Para cada grupo foram disponibilizadas quatro cópias dos textos. Foram
estipulados dez minutos para que todos fizessem a leitura da primeira narrativa. Os
alunos foram receptivos à atividade de leitura e concluíram antes do tempo
determinado.
Uma minoria desconfiou que Torricelli deveria ter algum antecedente para
falar sobre pressão atmosférica, de modo que essa ideia não teria surgido
repentinamente, de um único autor. Seis grupos dos oito apresentaram respostas a
todas as questões propostas. As questões deixadas sem resposta pelos demais
grupos eram exatamente as que exigiam uma interpretação física das situações.
21
A paralisação se deu por conta de reinvindicações salariais e melhoria na infraestrutura
das escolas.
86
O tempo disponível nessa aula não foi suficiente para a continuidade das
discussões. A segunda narrativa foi retomada na quarta-feira, 25 de abril de 2018.
As questões remanescentes foram lembradas e os alunos deram continuidade.
Percebeu-se a necessidade de revisar os comentários sobre o caso do sifão
inoperante, já que os alunos pareciam carecer de mais algumas explicações. Com o
prosseguimento das atividades em grupos, finalmente as conclusões sobre aquela
narrativa puderam ser compartilhadas.
22
Trata-se da questão: Baliani e Galileu partiram de princípios distintos e discutiram o não
funcionamento do sifão. Que princípios foram esses?
87
23
Trata-se da questão: Sobre a aceitação de suas ideias, qual era a expectativa de
Torricelli? Por quê?
88
24
Trata-se da questão: Considerando os antecedentes do experimento de Torricelli e os
objetivos do próprio Torricelli ao realizar esse trabalho, explique como ele pode ser inserido
no contexto das discussões sobre o horror ao vazio.
89
25
Trata-se das questões: Considerando os elementos trazidos pelos três textos, reflita sobre
os seguintes temas - A concordância e a discordância entre os pesquisadores, a aceitação
de ideias e confronto entre ideias distintas; Ciência como construção individual ou coletiva;
Conhecimento científico permanente ou provisório.
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Respostas Grupos
Houve um ruído. Causado pela saída de ar. AG4; BG5
AG1; AG2; AG3; AG5; AG6;
Houve um ruído. Causado pela entrada de ar. AG7; AG8; BG1; BG2; BG4;
BG7; BG8
Houve um ruído. Causado pela saída do vácuo. BG3
Respostas Grupos
O ruído é causado pela entrada de ar, já que
AG4
o produto foi embalado sem ar.
“Embalado a vácuo” se refere à ausência de
ar na embalagem. O ruído ocorre pela saída AG1; AG2; AG6; AG7; AG8; BG1
da pressão do pacote.
AG3; AG5; BG2; BG3; BG4; BG5; BG6; BG7;
Não respondeu.
BG8
Os grupos AG1, AG2, AG6, AG7, AG8 e BG1, que anteriormente haviam
citado a “entrada do ar” como causa do ruído, nessa questão subsequente citaram a
“saída da pressão do pacote”, como causa para esse fenômeno. Atribuir certa
“pressão”, uma espécie de sução realizada pelo vazio, faz parte do repertório de
concepções alternativas sobre esse tipo de fenômeno. Na intervenção, buscou-se
compreender melhor o que pensavam. Quando questionados sobre suas respostas,
eles não explicaram o que seria a pressão que afirmaram ter sido liberada.
Permaneceram, no entanto, reconhecendo que a embalagem a vácuo não continha
ar.
Respostas Grupos
Não, por causa da pressão. AG1; AG2; BG4; BG5; BG7; BG8
Não abriu. BG1; BG3
Não, por causa da pressão sobre a
BG2
embalagem.
Sim. Com dificuldade. AG3; AG4; AG5; AG6; AG7; AG8
94
A maior parte dos grupos não conseguiu abrir o pote sem a remoção do lacre.
Dentre os que se referiram a uma “pressão”, a maioria apontou a existência de uma
pressão dentro do pote. Os grupos se mostraram confusos diante da necessidade
de explicar o que ocorria nessa situação. BG7 e BG8 concordaram que a pressão
era causada pelo ar dentro da embalagem. O ar seria responsável por puxar a
tampa, o que deixaria de ocorrer com a remoção do lacre. De todos os grupos
presentes nas duas turmas, apenas BG2 afirmou haver uma pressão externa sobre
a embalagem. No entanto, quando seus integrantes foram questionados, um deles
afirmou que se tratava de uma pressão interna, em contradição com o que havia
sido escrito.
Respostas Grupos
A pressão suga o lacre através do buraco na
AG3; AG7
tampa
Dentro do pote há uma pressão que mantem
AG4; AG6; AG8
o pote fechado.
O lacre é mantido pela pressão do ar
AG5; BG6
tentando entrar no pote
Uma máquina aperta o lacre AG2.
O vácuo tenta puxar a borracha para dentro AG1
Não respondeu. BG1; BG2; BG3; BG4; BG5; BG7; BG8
Quadro 15 – Respostas sobre a aderência inicial do lacre na tampa “abre fácil”.
95
ocorria quando o bebedouro era montado e porque isso ocorria. A seguir estão
expostas as conclusões dos grupos.
Respostas Grupos
A água não escoa totalmente. AG1; AG3; AG6; BG2; BG6
O ar entra e empurra a água. AG2; AG7; BG7
A força gravitacional não deixa a água subir. AG4
A água não escapa por causa da pressão. AG8; BG1
Quando viramos o bebedouro subiram
algumas bolhas de pressão, fazendo assim BG3
com que o ar que restava saísse.
A água que desceu deixou o espaço interior
do bebedouro vazio e por não possuir ar não BG5
possui pressão sobre a água para ele escoar.
Tem uma rampa que exerce pressão. BG8
Uma barreira faz a água externa entrar em
AG5
equilíbrio com a água interna.
Quadro 16 – Respostas sobre o funcionamento do bebedouro de pássaros.
Cinco grupos apenas relataram por escrito o que observaram, sem tentar
explicar o fenômeno físico. Na discussão coletiva, o grupo BG6 explicou que havia
ar internamente, mas ainda assim a força interna era insuficiente para fazer descer a
coluna de água. De maneira semelhante, o grupo BG5 citou a ausência de uma
pressão sobre a coluna de água. No entanto, esse grupo divergiu do anterior ao
afirmar que havia vácuo no topo do bebedouro.
As respostas escritas dos grupos AG2, AG7 e BG7 tendiam a afirmar a ação
do ar externo sobre a água, sustentando a coluna de líquido. No entanto, ao
comentar sua resposta durante a aula, o grupo AG7 afirmou que o ar no topo do
bebedouro de passarinhos era responsável por puxar a coluna de água 26.
De acordo com as respostas escritas dos grupos AG8 e BG1, uma pressão
seria responsável por manter a água dentro do bebedouro. Porém, na discussão
coletiva das respostas os grupos divergiram quanto às explicações. O grupo BG1
26
De acordo com pesquisas empíricas realizadas com alunos do Ensino Médio, é comum
observar explicações para esse tipo de fenômeno de sustentação da coluna de líquido
remetendo exclusivamente a fatores internos ao tubo ou a interações dentro do próprio
líquido. Nesses casos, não haveria um direcionamento para fatores externos ao tubo e a
pressão atmosférica não seria citada. (FONSECA, 2017, p. 174 e p.177).
97
referiu-se à ação de uma pressão externa sobre o bebedouro como responsável por
não permitir a saída da água. Quando questionados sobre a natureza dessa
pressão, um integrante afirmou se tratar da pressão do ar. Outro integrante do
mesmo grupo, sentindo-se inseguro quanto a essa afirmação, preferiu afirmar o
desconhecimento da natureza da pressão. Já o grupo AG8, na discussão, preferiu
explicar a descida da coluna de água referindo-se à entrada de bolhas de ar. Essas
seriam responsáveis por fazer descer a coluna de água e ocupariam o lugar do
líquido dentro do bebedouro.
Respostas Grupos
AG; AG2; AG3; AG7; AG8; BG1; BG2; BG3;
Aconteceria a mesma coisa.
BG4; BG5; BG8
A água no bebedouro maior cairia. AG4; BG7
A água iria escorrer, pois teria mais água do
BG6
que ar.
Não vazaria, pois a base impede a saída de
AG6
muita agua.
Não respondeu. AG5
Quadro 17 – Respostas sobre o bebedouro mais longo.
27
Ainda com base na pesquisa de Fonseca (2017b), as explicações dadas pelos alunos
para o bebedouro de passarinho costumam ser do tipo: o líquido da parte em que o
passarinho bebe a água segura o líquido do tubo ou, ainda, o líquido não transborda por
causa do vazio no topo do bebedouro.
98
suposição proposta. AG4 e BG7, por outro lado, comentaram sobre o esvaziamento
do tubo. O grupo BG6 pareceu ensaiar resposta semelhante.
Respostas Grupos
Não há limite. AG1; AG2; AG6; AG7; BG1; BG7; BG8
Há um limite. AG4; BG2; BG3; BG4; BG6
Não respondeu. AG3; AG5; AG8; BG5
Quadro 18 – Respostas sobre o limite do tamanho do tubo.
Respostas Grupos
AG1; AG2; AG4; AG6; AG7; BG1; BG2; BG3;
Aconteceria a mesma coisa.
BG5; BG7; BG8
Iria escorrer pelo tubo. BG6
Iria entupir a saída de água. BG4
Não respondeu. AG3; AG5; AG8
Quadro 19 – Respostas sobre a troca por um líquido mais pesado.
Respostas Grupos
AG1; AG 3; AG4; AG5; AG6; BG1; BG2; BG3;
Sim, ocorre o mesmo.
BG4; BG8
Há uma relação/ São semelhantes. AG 2; AG7; BG5; BG6; BG7
Sim, a pressão segura o líquido. AG8
Quadro 20 – Respostas sobre a relação entre o bebedouro e o experimento de Torricelli.
Respostas Grupos
AG1; AG2; AG3; AG4; AG5; AG7; AG8; BG1;
O ar.
BG2; BG3; BG7
Fica vácuo. AG6; BG4; BG5; BG6; BG8
Quadro 21 – Respostas sobre o conteúdo do topo do tubo.
100
28
Fonseca (2017b), em sua pesquisa empírica, relata resultados observados em resposta a
questionamento a alunos do Ensino Médio. Em situação análoga ao experimento de
Torricelli, os alunos foram questionados a respeito da sustentação de coluna de água em
garrafa PET emborcada em recipiente com água. Houve referência ao vácuo interno da
garrafa impedir a descida da água por exercer algum tipo de força. Houve, ainda, a
afirmação de que a coluna de água não poderia descer para evitar a formação do vazio.
29
Na pesquisa empírica relatada por Fonseca (2017b), apenas 15% dos alunos explicaram
o fenômeno de modo mais próximo à explicação científica atual.
102
Por fim, como preparação para a contextualização histórica a ser trazida pelas
narrativas, questionou-se: “De onde teria vindo a ideia de fazer esse experimento
exatamente dessa maneira? Por que será que ele fez esse experimento na época?”.
Respostas Grupos
Estudar ou entender o vácuo. AG6
Para descoberta de um método. BG2; BG6
Provar a pressão atmosférica. BG5
AG1; AG2; AG3; AG4; AG5; AG7; AG8; BG1;
Não respondeu.
BG3; BG4; BG7; BG8
Quadro 24 – Respostas sobre a troca do mercúrio por água no experimento de Torricelli.
em pressão atmosférica? Será que ele foi o único a pensar a este respeito?”; [2]
Como Torricelli poderia propor aquela montagem experimental tão específica do
nada, sem nenhuma inspiração anterior?.
Respostas Grupos
Ele não foi o primeiro nem o único a pensar AG1; AG2; AG3; AG4; AG5; AG6; AG8; BG1;
em pressão atmosférica. BG6.
Não, pois ele teve colaboração de outros BG2; BG3.
personagens.
Ele foi o primeiro e único. BG4.
Ele foi o primeiro. BG5; BG7; BG8.
Não respondeu. AG7.
Quadro 25 – Respostas sobre a prioridade de Torricelli.
Respostas Grupos
Ele foi inspirado por alguém ou algo que viu. AG4; AG6; AG8; BG1; BG2; BG5; BG5; BG7
A inspiração veio de sua curiosidade. AG2; AG3; BG4
A inspiração veio de si próprio; BG3; BG6
Não respondeu. AG1; AG5; AG7; BG8
Quadro 26 – Respostas sobre os antecedentes de Torricelli.
Como se pode notar, boa parte dos grupos desconfiava que Torricelli havia se
inspirado em precedentes e não teria sido o primeiro nem o único. As alegações
contrárias vieram de poucos grupos.
Respostas Grupos
Porque não tem a possibilidade de entrar ar. AG1; AG2; AG4; AG5; AG6; BG7
Olhando, ele supôs que havia vácuo, ele BG8
104
Quatro grupos (BG3; BG4; BG5; BG6), por outro lado, pareciam conceber que
o experimento trazia uma resposta óbvia e clara sobre o vácuo no alto do tubo.
Outros três grupos (AG3; BG1; BG2) também se encaminharam para uma posição
empirista-indutivista, ao trazerem o experimento como fonte dessa informação e
comprovação. Já o grupo BG8 deu certo tom de interpretação e não de obviedade à
conclusão. Referiu-se a uma suposição de Torricelli (“ele supôs que havia vácuo”).
Tais elementos históricos parecem ter refletido nas concepções dos alunos
sobre a natureza da ciência, sendo essa temática contemplada nas últimas questões
sobre o terceiro texto. A primeira delas questionava: “Os três textos em conjunto
trazem informações sobre o desenvolvimento e a aceitação do conceito de pressão
107
Respostas Grupos
Como cada conhecimento se liga e evolui AG5
com o tempo.
Tudo, o horror ao vazio, a pressão BG5; BG7
atmosférica, as mudanças de experimentos
etc.
As descobertas dos pesquisadores. AG1
Como o ar pode ter uma força tão grande que AG2
segura algo pesado.
A criatividade e a genialidade do pesquisador BG1
e a curiosidade a fim de encontrar respostas
para o questionamento.
O experimento de Berti, pela forma como fez BG4
o experimento.
As discordâncias e diferentes concepções BG6
sobre o mesmo assunto e experimentos, e a
forma como eles pensavam na época.
Não respondeu. AG3; AG4; AG6; AG7; AG8; BG2; BG3; BG8
Quadro 28 – Respostas sobre aspectos que chamaram a atenção.
Metade dos grupos observados não respondeu a essa questão. Dos que
emitiram uma opinião, percebe-se que boa parte se surpreendeu exatamente com
aspectos da ciência até então desconhecidos por eles: criatividade, curiosidade,
divergências, a construção do conhecimento, etc. Um dos grupos expressou sua
admiração pelo experimento de Berti, antecedente do experimento de Torricelli.
Outro citou o horror ao vácuo e a pressão atmosférica. Em outra direção, um dos
grupos citou um efeito físico como algo que chamava a atenção. O grupo percebeu e
se surpreendeu com a relação entre o peso do ar e as situações apresentadas ao
longo da intervenção.
Respostas Grupos
Existem discordâncias. AG1; AG8; BG7.
Sempre vai existir alguém discordando. AG2; AG7.
Entre os pesquisadores existem várias
BG1.
opiniões.
Havia muita discordância entre pesquisadores
de ideias distintas e as novas ideias sempre AG5.
sofrem objeções.
Tanto há concordância, como também há
BG5; BG8.
discordância.
Quando é exposta uma nova ideia,
pensamento ou pesquisa é normal que haja
contestações da parte de outros cientistas e BG6.
pesquisadores. Isso porque á uma ideia nova,
então uma ideia pode confrontar com outra.
A concordância é que ambos tinham horror
AG4.
ao vazio.
Não respondeu. AG3; AG6; BG2; BG3; BG4.
Quadro 29 – Considerações sobre concordância, discordância, confronto e aceitação de
ideias.
Respostas Grupos
Coletiva, pois sempre teve apoio de outros
pesquisadores que concordaram com a AG1
experiência.
Coletivo. São diversos personagens e
AG2; AG3; AG5; BG1
opiniões que juntas formam a ciência.
Coletiva, pois um completa o trabalho do AG8; BG3; BG5
109
outro.
Coletiva. AG6
Construção individual. BG7
Um pouco dos dois. BG8
Não respondeu. AG4; AG7; BG2; BG4; BG6
Quadro 30 – Comentários sobre a ciência como construção individual ou coletiva.
Respostas Grupos
O conhecimento é provisório, pois ele muda AG1; AG2; AG3; AG5; AG7; AG8; BG1; BG3;
com o passar do tempo. BG6; BG8; AG6; BG7
Provisório, pois vai avançando cada vez mais. BG5
Não respondeu. AG4; BG2; BG4
Quadro 31 – Comentários sobre provisoriedade ou permanência do conhecimento científico.
REFERÊNCIAS