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Definição

A asma é definida como uma síndrome caracterizada por


obstrução das vias aéreas, hiperresponsividade brônquica e
inflamação das vias aéreas, que pode gerar hipersensibilidade
das vias aéreas, deixando-as mais suscetíveis a redução do fluxo
respiratório, sibilos e dispneia.

Epidemiologia
A asma pode se desenvolver em qualquer etapa da vida do
indivíduo, tendo seu pico de incidência aos 3 anos, sendo que
durante a infância o número de meninos com asma é maior do
que o de meninas, cenário que muda a partir da puberdade, fase
em que as mulheres tem um aumento significativo de casos.
Porém, na vida adulta se igualam. O número de casos em
ambientes industrializados é maior do que em ambientes rurais,
devido à quantidade de exposição à poluição.

Etiologia
A asma é uma síndrome desencadeada por causas multifatoriais,
desde fatores genéticos a fatores ambientais, possuindo
interação entre eles. Além desses, podemos citar fatores como a
idade baixa materna, a prematuridade, o baixo peso ao nascer, o
tempo em que o bebê se alimentou por aleitamento materno e a
inatividade física, que são fatores etiológicos. Os principais
fatores desencadeantes são os alérgenos e as infecções virais,
mas além deles existem o exercício, a hiper-ventilação, o ar frio,
o dióxido de enxofre, gases irritantes, fármaco (como B-
Bloqueadores e ácido acetilsalicílico), estresse, aerossóis e
outros fatores irritantes.

Em relação a predisposição genética, ela é poligênica e as


associações mais comuns são os polimorfismos dos genes do
cromossomo 5q, de interleucinas, como a IL-4, IL-5, IL-9 e IL-13
das células TH2. Existem outras associações, mas ainda não
estão bem elucidadas.
As infecções pelo vírus sincicial respiratório possuem relação
com o desenvolvimento da asma em lactantes. Parasitas
intestinais também desencadeiam a asma, principalmente os
ancilóstomos.

Fisiopatologia
A asma é desencadeada pela infiltração da mucosa das vias
aéreas, seja por eosinófilos, linfócitos T ativados e mastócitos
ativados. Na patologia dessa doença ocorre um remodelamento
que é caracterizado por algumas alterações fisiológicas
irreversíveis, como espessamento da membrana basal, sendo
essa causada pelo colágeno que é acrescentado sobre o epitélio;
obstrução do lúmen por tampões mucosos, os quais são
formados por glicoproteínas mucosas secretadas pelas proteínas
plasmáticas dos vasos brônquicos e células calciformes, além de,
vasodilatação e angiogênese.

Os processos que acontecem durante o episódio asmático são


desencadeados por alguns fatores, como, acetilcolina, histamina,
leucotrienos, lipoxinas, óxido nítrico, dentre outros. A acetilcolina
atua causando a constrição dos músculos lisos a partir dos
receptores M3. A histamina serve como um agente broncoativo
endógeno, sendo encontrada principalmente a partir dos
mastócitos ativados. Os leucotrienos, principalmente o LTC4 e
LTD4, atuam também na contração da musculatura lisa das vias
aéreas. As lipoxinas possuem o papel de infrarreguladoras nas
respostas inflamatórias. O óxido nítrico segue na linha da bronco
dilatação e controle homeostático nas vias aéreas.

Na asma ocorre inflamação das vias aéreas que estão


relacionadas com uma hiper-reatividade e a obstrução
ventilatória, que começa nas grandes vias aéreas e depois passa
para as mais periféricas, podendo também variar de acordo com
a causa da inflamação, seja ela por alérgenos, produção de IgE,
infiltrações citadas acima ou outras.

Devido às diferentes causas de inflamação, a asma possui


diferentes categorias, como, extrínseca, intrínseca, ocupacional,
pediátrica e sensível ao ácido acetilsalicílico. Essas inflamações
possuem certas resistências, o que faz com que o paciente
asmático persista com os seus sintomas ao longo da vida. Os
mastócitos atuam principalmente na fase inicial das respostas
bronco constritoras, de forma gradual e com dependência do IgE
que os ajudam a ficar mais sensíveis quando sofrem estímulos
físicos. Outro componente dependente de IgE é o macrófago, que
possui características semelhantes aos mastócitos, mas liberam
principalmente citocinas e mediadores anti-inflamatórios.

Na fase mais tardia encontramos os eosinófilos que estão


relacionados com a liberação de proteínas básicas e radicais
livres. Nos casos de asma grave, existem principalmente os
neutrófilos, pois eles possuem uma resistência aos efeitos anti-
inflamatórios. Os linfócitos T ajudam a coordenar as respostas
inflamatórias por meio de citocinas e mastócitos. Células
estruturais também possuem importância na mediação da
inflamação, principalmente por fatores lipídicos e citocinas.           

Esses processos levam a edemas, bronco constrições,


obstruções intraluminares, resistência ao fluxo do ar expiratório e
congestões vasculares, que por sua vez reduzem o volume
expiratório e aumentam a resistência nas vias aéreas, causando
a retenção de ar e aumentando o volume residual. Quando a
asma de torna mais grave, a hiperemia brônquica, perfusão e
ventilação reduzida ficam desproporcionais.

Diagnóstico
Para o diagnóstico, é necessário fazer uma anamnese onde será
investigada o histórico do paciente em relação à doença,
possíveis fatores desencadeadores e os sintomas que estão
presentes durante a crise. Além disso, é necessário o exame
físico para comprovação e avaliação da intensidade e quantidade
desses sinais e sintomas.

Atrelado a anamnese e ao exame físico, é necessário a


confirmação da suspeita de asma através de outros exames. Um
deles é a prova de função pulmonar que conta de uma
espirometria simples para ver se há redução do fluxo ventilatório,
sendo um dos exames mais utilizados e efetivos para
diagnóstico. Além desse exame, há o de reatividade das vias
respiratórias, os exames hematológicos, os exames de imagem,
os testes cutâneos e óxido nítrico exalado. Muitos desses
exames não são tão utilizados, mas podem mostrar alguns
achados que ajudam no diagnóstico.

Tratamento
O tratamento da asma tem como objetivo diminuir os sintomas
crônicos, as exacerbações, conseguir um fluxo expiratório de pico
bem próximo ao normal, entre outros objetivos específicos para
cada paciente.

Para isso, o tratamento com broncodilatadores atua na reversão


da broncoconstrição e, dentre eles temos os agonista beta2-
adrenérgicos (possuem maior eficácia), os anticolinérgicos e a
teofilina).

Também, há o tratamento controlador onde são utilizados os


corticoides inalatórios, que são os mais eficientes em relação a
asma, os corticoides sistêmicos, os antileucotrienos, as
cromonas, o anti-IgE e outras terapias. É necessário ressaltar
que esses medicamentos serão utilizados dentro de um esquema
que depende do estado do paciente, que vai desde uma crise
asmática, passando pelo manejo de asma crônica, até em casos
de asma aguda grave.

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